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1 RISCOS OCUPACIONAIS E BIOSSEGURANÇA NAS CLÍNICAS DE ESTÉTICA EM ITUMBIARA-GO. Mariana Fonseca 1 Flavianne Borges de Araújo 2 Thayná Stefany Santos Borba 3 RESUMO: Os profissionais que atuam nas clínicas de estética podem ser a primeira via de contaminação se caso não possuírem conhecimentos e formação na hora da realização dos procedimentos. Tendo como visão o alto índice de má realização de procedimentos estéticos, o presente artigo pretende abordar sobre a biossegurança e os riscos ocupacionais das clínicas de estética em Itumbiara-GO. Foi realizado um questionário social sob consentimento dos responsáveis em três clínicas de estética e foi possível analisar que ainda há o que ser aplicado nesta área. Existe uma falha no cumprimento legal por falta de vistoria e além de tudo e mais ainda por ser uma área que exige muito, devido à grande procura e abertura de novos espaços estéticos. O objetivo deste artigo é informar sobre os riscos que os profissionais da estética podem enfrentar se não seguirem corretamente as normas regulamentadas para profissão e conscientizar os profissionais em buscar melhoria para suas clínicas. PALAVRAS-CHAVE: Estética; Contaminação; Riscos ocupacionais ABSTRACT: Professionals working in aesthetic clinics may be the first route of contamination if they do not have knowledge and training at the time of performing the procedures. Having in mind the high index of bad performance of aesthetic procedures, the present article intends to approach on the biosafety and the occupational risks of the aesthetic clinics in Itumbiara-GO. A social questionnaire was carried out, with the consent of those in charge, in three aesthetic clinics. It was possible to analyze that there is still something to be improved in this area. There is a failure of legal compliance due to the lack of inspection and even more, it is an area that requires a lot of attention, due to the great demand and opening spots for aesthetic spaces. The aim of this article is to inform about the risks that professionals of the aesthetic can face if they do not follow the regulated norms of their profession and aware the professionals seeking improvements for their clinics. KEY-WORDS: Aesthetics; Contamination; Occupational hazards. 1 Doutora em Química pela UNESP-SP Coordenadora do Curso de Estética da Faculdade Santa Rita de Cássia, UNIFASC. 2 Especialista em Farmácia Clínica - Professora na Faculdade Santa Rita de Cássia, UNIFASC. 3 Graduanda em Estética e Cosmética da Faculdade Santa Rita de Cássia, UNIFASC.

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RISCOS OCUPACIONAIS E BIOSSEGURANÇA NAS CLÍNICAS DE

ESTÉTICA EM ITUMBIARA-GO.

Mariana Fonseca 1

Flavianne Borges de Araújo 2

Thayná Stefany Santos Borba3

RESUMO: Os profissionais que atuam nas clínicas de estética podem ser a primeira via

de contaminação se caso não possuírem conhecimentos e formação na hora da

realização dos procedimentos. Tendo como visão o alto índice de má realização de

procedimentos estéticos, o presente artigo pretende abordar sobre a biossegurança e os

riscos ocupacionais das clínicas de estética em Itumbiara-GO. Foi realizado um

questionário social sob consentimento dos responsáveis em três clínicas de estética e foi

possível analisar que ainda há o que ser aplicado nesta área. Existe uma falha no

cumprimento legal por falta de vistoria e além de tudo e mais ainda por ser uma área

que exige muito, devido à grande procura e abertura de novos espaços estéticos. O

objetivo deste artigo é informar sobre os riscos que os profissionais da estética podem

enfrentar se não seguirem corretamente as normas regulamentadas para profissão e

conscientizar os profissionais em buscar melhoria para suas clínicas.

PALAVRAS-CHAVE: Estética; Contaminação; Riscos ocupacionais

ABSTRACT: Professionals working in aesthetic clinics may be the first route of

contamination if they do not have knowledge and training at the time of performing the

procedures. Having in mind the high index of bad performance of aesthetic procedures,

the present article intends to approach on the biosafety and the occupational risks of the

aesthetic clinics in Itumbiara-GO. A social questionnaire was carried out, with the

consent of those in charge, in three aesthetic clinics. It was possible to analyze that there

is still something to be improved in this area. There is a failure of legal compliance due

to the lack of inspection and even more, it is an area that requires a lot of attention, due

to the great demand and opening spots for aesthetic spaces. The aim of this article is to

inform about the risks that professionals of the aesthetic can face if they do not follow

the regulated norms of their profession and aware the professionals seeking

improvements for their clinics.

KEY-WORDS: Aesthetics; Contamination; Occupational hazards.

1 Doutora em Química pela UNESP-SP – Coordenadora do Curso de Estética da Faculdade Santa Rita de

Cássia, UNIFASC. 2 Especialista em Farmácia Clínica - Professora na Faculdade Santa Rita de Cássia, UNIFASC. 3 Graduanda em Estética e Cosmética da Faculdade Santa Rita de Cássia, UNIFASC.

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1 INTRODUÇÃO

As clínicas de estéticas estão em grande crescimento perante a sociedade

brasileira, as pessoas sentem cada vez a necessidade em apresentar uma boa aparência,

se cuidar e acima de tudo atentar-se a saúde, pois esta área está ligada diretamente com

o bem-estar humano. De acordo com a pesquisa realizada pela Associação Brasileira da

Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) juntamente com o

Instituto FSB Pesquisa publicado pela revista Exame Brasil, o país se tornou o terceiro

com maior mercado de estética no mundo, perdendo para os Estados Unidos (16,5%) e

China (10,3%). E até o ano de 2020 terá um aumento acumulado que chegará a 14,3%,

uma média de 2,7% a cada ano (DINO, 2018).

A exposição dos procedimentos estéticos nas redes sociais vem ocasionando

uma crescente procura e por se tratar de procedimentos não invasivos, com resultados

naturais, sem dor, rápida recuperação, preços acessíveis e um menor risco de

complicações, os pacientes evitam os tratamentos cirúrgicos. Com este fato, tendem a

ocasionar o aumento de centros estéticos e acompanhando a situação eleva a

preocupação para com os profissionais que realizam estes procedimentos, uma vez que

se trata de uma área acessível, com facilidade nos protocolos e/ou cursos (MODENA,

2017).

O presente artigo tende a expor os motivos para que os profissionais precisem

entender e conhecer dos possíveis problemas que podem enfrentar em seus

estabelecimentos. A Norma Regulamentadora N° 32 (NR 32) instituída pela Portaria

485 de 11 de novembro do ano de 2005 no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) é

a que cuida da saúde dos profissionais da área de saúde e tem por finalidade estabelecer

as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à

saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem

atividades de promoção e assistência à saúde em geral.

A biossegurança pode ser definida como ações preventivas, que minimiza ou

elimina riscos, visando à saúde do homem e preservando o meio ambiente. O termo

Biossegurança significa bio = vida e segurança = aquele que segura, ou seja, proteção

da vida através das boas práticas para evitar a contaminação por agentes patógenos

como bactérias, fungos, helmintos e vírus em spas, clínicas e centros de saúde onde a

estética esteja envolvida (VIEIRA; ANDRADE, 2017).

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Os riscos ocupacionais e a contaminação iniciam quando essa biossegurança não

é seguida corretamente ou são executadas medidas que não minimizam os riscos perante

a quantidade de agentes infecciosos disponíveis nesses locais. No decorrer do artigo

será apresentado também sobre as contaminações frequentes, tanto pelos profissionais

ou clientes, será exposto sobre a forma de assepsia e higienização das clínicas

entrevistadas, descarte dos materiais infectantes/perfurocortantes e de forma consciente

informar aos profissionais sobre a importância do processo em questão.

O presente artigo analisa a estrutura e conhecimento das clinicas que realizam

procedimentos estéticos na cidade de Itumbiara, onde a maior preocupação é a

prevenção do público atingido e de quem executa o procedimento. Atualmente, vários

estabelecimentos são conduzidos por profissionais não qualificados, que não possuem

formação na área em que atuam e/ou por pessoas que se capacitam por redes sociais. O

profissional de saúde, ao exercer sua profissão deve em obediência a princípios éticos

de sua atividade, zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho da saúde da população e

prestigio das suas respectivas profissões. Nesse sentido, a falha de um profissional e sua

equipe deve ser visto como exceção ou acontecimento isolado, sendo certo que a

responsabilidade do profissional pode gerar efeitos nas esferas ética, civil e criminal

(OLIVEIRA, MARTINS; ARAÚJO, 2018).

Conforme apresentado na Figura 1, a ficha de anamnese é uma ferramenta

utilizada na entrevista feita com o cliente servindo como primeiro contato, possui

formas corretas e técnicas de serem aplicadas e através dela que será apresentado uma

queixa principal, patologias ou disfunções e assim avaliar um possível tratamento para o

objetivo proposto. É fundamental que todas as informações apresentadas sejam

verdadeiras e que o cliente assine, pois no final do procedimento, caso aconteça algum

resultado reverso por falta de informações, o profissional será resguardado.

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Figura 1 – Ficha de Anamnese

Fonte: Autor, 2018.

Este artigo foi fundamentado em uma revisão bibliográfica para levantamento de

referências já analisadas sobre os principais riscos ocupacionais e biossegurança das

clínicas de estética e pesquisa de campo para obter informações, classificada como

exploratório-qualitativa. Os dados foram coletados por meio de um questionário com

perguntas sobre a execução da biossegurança pelos responsáveis de três clínicas de

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estética em Itumbiara, entre Agosto e Setembro de 2018. O questionário aplicado

(Tabela 3) foi respondido sob o termo de consentimento e livre esclarecido.

Inicialmente ao solicitar o preenchimento do questionário, foi informado que seria

mantido anonimato perante as informações, como apresentado nas Tabelas 1 e 2.

O termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) é documento onde se

explicita o consentimento do participante, contendo todas as informações necessárias

para que seja elucidada a pesquisa da qual se propõe participar (ASSUMPÇÃO et al,

2016). É uma forma de resguardo para com os entrevistados, transmitindo confiança e

responsabilidade perante os fatos que serão apresentados.

O questionário é composto por 11 (onze) questões relacionadas a biossegurança

e os riscos ocupacionais que podem ocorrer nos centros estéticos. A sequência utilizada

foi iniciada com cuidados dos profissionais, formação e exames periódicos, onde a

formação influência nos procedimentos aplicados e os exames nas transmissões

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esteticistas/pacientes. Seguindo, perguntas relacionadas com as contaminações como:

higienização das mãos e equipamentos, limpeza da clínica, equipamentos individuais e

descarte de materiais.

Fonte: Elaborada pelas Autoras, 2018.

É de extrema importância antes de qualquer procedimento, se atentar aos

detalhes como: escolher o profissional, saber avaliar, analisar as realizações anteriores,

histórico e a clínica que realizará seu protocolo. Por vezes um procedimento com

qualidade, aumenta o benefício de um estimado resultado e devido curso de estética

ainda não ser reconhecido mediante a sociedade, é importante continuar abordando e

questionando sobre o porquê de uma formação e quão o conhecimento tende a imunizar

os riscos enfrentados.

2 RESULTADOS E DISCUSSÕES

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a cidade

de Itumbiara possui em média 103.652 habitantes, contém aproximadamente quinze

clínicas de estética e estas apenas três se dispuseram a responder o questionário. A

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formação do profissional é a principal aliada para desenvolver e conhecer os

procedimentos estéticos. Dos profissionais entrevistados, todos são os responsáveis por

conduzir estas clínicas, realizam procedimentos estéticos e apenas 01 (um) possui

formação na área da estética e cosmética, os demais são formações com especialização,

como farmacêutico esteta e fisioterapia dermatofuncional. E atualmente por a estética

não possuir um conselho para limitar esta profissão, os demais conseguem integrar e

usufruir do espaço direcionado aos esteticistas.

Figura 2 – Modelo de clínica estética evidenciando a inobservâncias dos padrões de

biossegurança.

Fonte: https://br.depositphotos.com/129705700/stock-photo-beautician-using-ultrasound-equipment-

for.html

Os indivíduos e os equipamentos utilizados são os principais veículos em que

circulam as contaminações, ocasionando riscos que podem ser adquiridos quando não

seguem o protocolo do regulamento padrão. Tais contaminações nos centros estéticos,

podem ocorrer entre profissionais/pacientes e os maiores problemas enfrentados são

falta de esterilização, o descarte inadequado dos materiais e a má estrutura dos

estabelecimentos. Nesse sentido, compreende-se que as práticas de biossegurança bem

como os processos que antecedem a esterilização estão intimamente ligadas ao trabalho

diário do profissional que desenvolve atividades laborais na área de estética. Estes,

deverão estar cientes da existência de uma série de riscos químicos, físico, biológicos e

psicossociais referentes as atividades desta profissão, efetuando as medidas de

prevenção (QUEIROZ; EJIA, 2016).

Destaca-se os riscos ocupacionais que podem ser adquiridos nestes

estabelecimentos, como biológicos que é a capacidade de reprodução ou potencial

infeccioso (bactérias, fungos e vírus); físicos, falta do uso dos equipamentos na

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realização dos procedimentos e químicos que são pequenas lesões na pele ou fluidos

orgânicos dos clientes. Os responsáveis devem obedecer às normas sanitárias e para

diminuir os riscos incluem higienização do ambiente de trabalho, exames periódicos,

uso de equipamentos de proteção individual.

Figura 3 – Equipamentos de proteção individual do profissional

Fonte: (Moreno, 2015).

Dentre os equipamentos de proteção individual (Figura 3), estão inclusos os

materiais descartáveis, as touca, máscaras, luvas, jalecos, óculos e sapato fechado para

proteção dos profissionais e clientes contra os agentes patogênicos. No questionário

aplicado não foram realizadas perguntas referente a ficha de anamnese, porém vale

acrescentar que antes de realizar qualquer procedimento estético é necessário fazer uma

anamnese (avaliação), pois o paciente pode estar infectado e ao realizar o protocolo

ocasionar distribuição da contaminação.

Como um dos principais veículos de contaminação são os profissionais, é

importante que os mesmos conheçam sobre a padronização e proteção de ambos. Na

Figura 4, observa-se os exames que são realizados nos profissionais. Pode-se visualizar

que a clínica A realiza exames periódicos semestrais, a clínica B realizam exames

periódicos anuais e a clínica C apenas realizam exames admissionais e/ou demissionais.

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Figura 4 – Biossegurança adotada por categoria profissional.

Fonte: Elaborada pelo Autor, 2018.

Referente aos riscos ocupacionais é importante abordar sobre reutilização dos

equipamentos, onde mesmo sendo realizada a anamnese do paciente existem grandes

possibilidades de não haver verdade absoluta. E, para Alam et al. (2010); Kede e

Sabatovich, (2009); Murray et al., 2009, citado por (GARCIA; BENTO, 2012) os

principais riscos ocupacionais a que os profissionais beleza estão submetidos incluem:

as doenças infectocontagiosas e as doenças degenerativas. Nas primeiras estão viroses

como a Hepatite B, a AIDS, além das micoses oportunistas.

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Figura 5 – Higienização e assepsia dos equipamentos

Fonte: Elaborada pelo autor, 2018.

No preenchimento do questionário foram abordadas questões relacionadas à

assepsia e higiene dos equipamentos utilizados nas clínicas, incluindo alicates, pinças,

ponteiras dos aparelhos estéticos e únicos, dentre outras. Conforme evidenciado na

Figura 5, em meio às particularidades de cada uma, todas as clínicas avaliadas

demonstraram conhecimento e importância para este requisito. Cada cliente necessita de

um cuidado em relação ao procedimento que for submetido e desta forma, a

biossegurança do local/equipamentos irá assegurar a vida de ambos e pode ampliar a

clientela do estabelecimento, devido ao resguardo que a clínica tende a fornecer para

seu paciente.

No que diz respeito à desinfecção, esta é um processo físico ou químico que

elimina a maioria dos agentes patogênicos. Os produtos mais utilizados nos centros

estéticos são o álcool 70% e clorexidina. O álcool 70% possui um alto poder de

desinfecção, ação bactericida, fungicida e vermicida que ocasiona a morte dos

microrganismos, porém o mesmo não é eficaz em relação aos esporos. Os utensílios que

são utilizados nos procedimentos das cabines estéticas, necessitam de uma limpeza

vigorosa prevenindo as transmissões como: cubetas, espátulas, bancadas, alicates,

tesouras, borrifadores, entre outros (DEVILLA, 2008)

Conforme citado por (TAKEDA; STURN; TAQUES 2017) o mecanismo de

ação da clorexidina consiste na adesão das moléculas do produto na membrana

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plasmática e posterior rompimento da mesma, acarretando a morte do patógeno, tendo

ação antifúngica e bacteriostática tanto para bactérias gram positivas quanto gram

negativas. Sua ação germicida é inferior ao comparar com os álcoois, contudo ao

utilizar os dois produtos em conjunto sua eficácia é aumentada.

Outros métodos utilizados são a esterilização, que podem ocorrer por meio de

estufa ou autoclave, que são responsáveis por eliminar as contaminações por bactérias,

vírus, microrganismos e evitar transmissões de doenças como micoses, hepatites e HIV.

A estufa promove a eliminação por meio da oxidação onde acontece a desidratação das

células e é realizada por meio do calor seco. Os utensílios utilizados para este fins são:

tesouras, alicates, navalhas, entre outros. Já a esterilização por autoclave é feita pelo

calor úmido e pressão, evita a contaminação por bactérias causando a morte das células

pela desnaturação das proteínas (LABOR, 2016).

O protocolo dos esteticistas é baseado em iniciar com a proteção

individual/paciente, conhecer sobre os métodos a serem aplicados, equipamentos

estéreis e instrumentos devidamente limpos. Por fim, eliminar todo resíduo ou materiais

que estejam contaminados. É de responsabilidade do profissional realizar a separação

dos lixos contamináveis ou perfurocortantes, utilizando sempre instrumentos

adequados, como Descarpak (Figura 6).

Figura 6 – Descarpak

Fonte: http://catalogohospitalar.com.br/coletor-de-materiais-perfurocortantes.html

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Conforme a Resolução da Diretoria Colegiada, da Agência Nacional de

Vigilância Sanitária/ANVISA - RDC Nº 306, de 7 de dezembro de 2004, são

identificados pelo símbolo de substância infectante constante na NBR-7500 da ABNT,

com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos, acrescido da inscrição de

“RESÍDUO PERFUROCORTANTE”, indicando o risco que apresenta o resíduo. Os

materiais perfurocortantes devem ser descartados separadamente, no local de sua

geração, imediatamente após o uso ou necessidade de descarte, em recipientes de

paredes rígidas, resistentes à punctura, ruptura e vazamento, resistentes ao processo de

esterilização, com tampa, devidamente identificados com o símbolo internacional

de risco biológico, acrescido da inscrição de “PERFUROCORTANTE” e os riscos

adicionais, químico ou radiológico.

Figura 7 – Descarte Comum

Fonte: http://www.labdel.com.br/shop/clean-box-v-coletor-para-descarte-de-residuos-quimicos-e-

quimioterapicos-liquidos-r5-capacidade-5-litros/.

Em clínicas de estética, os utensílios de maiores contaminações são os algodões,

gazes, agulhas e ponteiras. E o acondicionamento correto desses materiais evitam

acidentes com todos os envolvidos desde o descarte, coleta, transporte e destinação dos

veículos. Preservará a população e o meio ambiente contra doenças infecciosas e

transmissíveis que ocorrem durante os procedimentos. Conforme a Resolução da

Diretoria Colegiada, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária/ANVISA - RDC Nº

306, de 7 de dezembro de 2004, os resíduos do grupo A são resíduos que possuem a

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possível presença de agentes biológicos que, por suas características, podem apresentar

risco de infecção.

Figura 8 – Descarte dos materiais infectantes/perfurocortantes

Fonte: Elaborada pelas Autoras, 2018.

Conforme a Figura 8, a clínica A e B realizam a coleta dos lixos contamináveis

através de contrato com empresas responsáveis, já clínica C entende sobre os riscos,

porém, ainda não providenciou a separação dos resíduos e utiliza de outras formas não

expostas. Além do descarte é necessário ser consciente quanto à isso para que se

amenize o risco de contaminação local e meio ambiente. Segundo a NR 32 o

empregador deve garantir a conservação e a higienização dos materiais e instrumentos

de trabalho e providenciar recipientes e meios de transporte adequados para materiais

infectantes, fluidos e tecidos orgânicos.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo como base todas as informações coletadas e todas as pesquisas realizadas,

nota-se que os profissionais que atuam em clínicas de estéticas têm papel fundamental

na manutenção dos bons procedimentos, com base nos princípios de biossegurança.

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Apesar dos riscos ocupacionais inerentes aos procedimentos estéticos, percebeu-

se que somente uma das três clinicas avaliadas realiza exames periódicos semestrais. No

entanto, todas as clínicas relataram seguir os outros padrões de biossegurança, tais como

assepsia das mãos, higienização do ambiente de trabalho e uso de EPI’s.

Percebeu-se ainda que apesar das clínicas avaliadas contarem com responsáveis

especializados em diversas áreas da saúde, alguns critérios relacionados à biossegurança

e prevenção de riscos ainda não são seguidos. Acredita-se que tal falha deve-se à falta

de fiscalização da Vigilância Sanitária ou ANVISA, o que abre portas para outros

profissionais sem qualificação e muitas vezes sem conhecimento, sendo delegado a

estes a realização dos procedimentos estéticos desenvolvidos nesses ambientes.

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7 de Dezembro de 2004. Disponível em:

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2016 Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/bioet/v24n1/1983-8034-bioet-24-1-

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2015 Disponível em: https://biomedicinaestetica.com.br/voce-faz-uma-boa-anamnese-

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