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Roberto gerencer sentença

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Cliente Périsson Andrade Advogados. Justiça considerou ilegal reajuste por faixa etária.

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Page 1: Roberto gerencer sentença

T RIBUN A L D E JUST I Ç A D O EST A D O D E SÃ O PA U L OCOMARCA DE SÃO PAULO

FORO CENTRAL CÍVEL7ª VARA CÍVEL

PRAÇA JOÃO MENDES S/Nº, 7º ANDAR - SALAS Nº 707/709, CENTRO - CEP 01501-900, FONE: 2171-6096, SÃO PAULO-SP

0065244-47.2012.8.26.0100 - lauda 1

C O N C L USÃ OAos 10/06/2013, promovo a conclusão destes autos ao Dr(a). Antonio Carlos de F iguei redo Negrei ros, MM(ª). Juiz(a) de Direito da 7ª Vara Cível Central. Eu, _________, Escrevente, subscrevi.

SE N T E N Ç A

Processo nº: 0065244-47.2012.8.26.0100Classe - Assunto Procedimento O rdinário - Planos de SaúdeRequerente: Roberto G erencerRequerido: Sul Amér ica Seguro Saúde S.A .

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Antonio Carlos de Figueiredo Negreiros

Vistos,

R O B E R T O G E R E N C E R ajuizou ação DECLARATÓRIA DE NULIDADE

DE CLÁUSULA CONTRATUAL cumulada com PEDIDO DE REPETIÇÃO EM DOBRO DO

INDÉBITO em face de SU L A M É RI C A SE G UR O SA ÚD E S/A . Alega em apertada síntese que

a ré aplicou um reajuste abusivo de quase 100% no mês seguinte ao do 59º aniversário do autor,

numa clara intenção de burlar o Estatuto do Idoso que proíbe qualquer majoração do prêmio por

mudança de faixa etária para os idosos e flagrante ofensa ao princípio da boa-fé processual.

Requereu a concessão de tutela antecipada para imediata exclusão dos reflexos do referido

aumento nas prestações atualmente pagas pelo autor, bem como para que a ré se abstenha de

promover qualquer apontamento de inadimplência ou restrição ao uso do seguro saúde até o

julgamento definitivo da ação e, a final, a condenação da ré à restituição em dobro do que a autora

pagou em excesso no período. Juntou os documentos de fls. 18/39.

A tutela antecipada foi indeferida pela decisão de fls. 40.

A ré ofereceu a contestação de fls. 125/145. Alega que o aumento foi praticado

com observância das regras que estabelecem de idade para fixação de reajuste do prêmio por

alteração de faixa etária; que é necessário o reajuste do prêmio em percentual mais expressivo na

última faixa de reajuste permitida por lei, tendo em vista que são os idosos os segurados que mais

utilizam os serviços médico-hospitalares, evitando-se assim a transferência da integralidade do

custo por esse aumento de sinistralidade aos segurados mais jovens. Subsidiariamente requer seja

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FORO CENTRAL CÍVEL7ª VARA CÍVEL

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a redução do prêmio limitada ao percentual de 50%, mínimo razoável para evitar um completo

desequilíbrio do contrato; que não há dever de repetição em dobro do que foi cobrado em regular

cumprimento da cláusula do contrato. Requereu a improcedência do pedido. Juntou os

documentos de fls. 95/124.

O autor se manifestou em réplica (fls. 126/132).

Não houve conciliação das partes em audiência (fls. 139/140).

É a síntese do necessário.

D E C ID O .

Anote-se que o autor é beneficiário da prioridade na tramitação do processo.

O julgamento no estado se impõe porque as questões controvertidas são

exclusivamente de direito.

O reajuste por faixa etária previsto para o mês seguinte ao do 59º aniversário

do segurado não causa qualquer ofensa ao estatuto do idoso.

Não há se falar em má-fé pelo fato de a Seguradora protelar até o final do

prazo o último reajuste do plano, protelando assim o momento em que o segurado sofrerá o

impacto com o último reajuste por faixa etária, que determinará o valor-referência do prêmio até

o encerramento do contrato, com expectativa de vigência por mais duas, três ou mais décadas,

diante do vertiginoso aumento da longevidade do ser humano.

A princípio, a previsão do reajuste na faixa de 59 anos de idade é favorável ao

consumidor que pode se beneficiar de um seguro saúde mais compatível com a sinistralidade de

sua faixa etária por mais tempo.

Por outro lado, tem razão o autor quando reclama do exagero do reajuste de

89% praticado pela ré.

Com efeito, em uma economia com inflação contida em percentual inferior a

7% ao ano, um reajuste de tamanha desproporção representa, indiretamente, uma forma de

desestimular o contratante de manter o vínculo contratual, negando assim o legítimo acesso do

contratante à saúde.

Nunca é demais salientar que o contrato em questão foi celebrado na vigência

do Estatuto do Idoso, o que faz presumir que a ré já teria mecanismos atuariais para diluir o

impacto da sinistralidade da terceira idade entre as diferentes faixas etárias, para que o último

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reajuste não se transforme em uma armadilha contratual, mecanismo de exclusão natural daqueles

contratantes que passam a representar um maior risco de utilização do plano.

Nestes termos e considerando os limites adotados pela Jurisprudência do E. TJ

na intervenção no contrato para assegurar uma justa remuneração e, ao mesmo tempo, não

inviabilizar a manutenção do contrato aos idosos (vide precedente reproduzido a fls. 120/123)

entendo razoável um reajuste pela alteração da última faixa etária em 50%, conforme requereu a

ré, subsidiariamente, em sua contestação.

Afasto, todavia, a pretendida repetição em dobro, haja vista que não configura

má-fé contratual a aplicação de um reajuste por mudança de faixa etária no percentual previsto no

contrato coletivo ao qual o autor aderiu.

Ante o exposto, JU L G O PA R C I A L M E N T E PR O C E D E N T E o pedido para

D E C L A R A R a A BUSI V ID A D E do R E AJUST E pela mudança de faixa etária do autor e,

consequentemente, R E DU Z IR o aumento praticado em setembro/2010 para o percentual de

50% .

Diante do acolhimento desta parte do pedido e do evidente risco de dano de

difícil reparação inviabilidade financeira de o autor continuar a pagar o valor atualmente

exarado C O N C E D O a A N T E C IPA Ç Ã O de T U T E L A para D E T E R M IN A R que a imediata

REVISÃO do valor da mensalidade para adequá-la ao acima determinado a conta da mensalidade

co vencimento em julho/2013, sob pena de multa de R$ 2.000,00 por ato de descumprimento.

Sem prejuízo da intimação da ré pelo DJE, expeça-se mandado para sua

intimação pessoal, providenciando o autor a impressão e o encaminhamento do expediente.

Condeno a ré, ainda, à repetição do indébito verificado após a revisão do

contrato, com acréscimo de correção monetária a contar de cada desembolso e juros legais de

mora desde a citação.

Por fim, a ré sucumbente em parte maior do pedido arcará com honorários

de sucumbência, que fixo em 10% do total da condenação pecuniária.

P.R.I.

São Paulo, 10/6/2013.

D O C U M E N T O ASSIN A D O DI G I T A L M E N T E N OS T E R M OS D A L E I 11.419/2006, C O N F O R M E I MPR ESSÃ O À M A R G E M DIR E I T A

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