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Rodrigo Andrade de Almeida ROTEIRO DE ESTUDOS Direito Empresarial Volume 3 Contratos Empresariais Versão 1.0 | 2018.1 www.rodrigoandrade.pro.br

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Rodrigo Andrade de Almeida

ROTEIRO DE ESTUDOS

Direito Empresarial

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3 Contratos

Empresariais

Versão 1.0 | 2018.1 www.rodrigoandrade.pro.br

Rodrigo Andrade www.rodrigoandrade.pro.br

www.direitolevadoaserio.com.br

ROTEIRO DE ESTUDOS

Direito Empresarial

Volume 3

Contratos Empresariais

Versão 1.1 2018.1 Atualizado em 15/04/2018

APRESENTAÇÃO

Este material foi desenvolvido pelo Prof. Rodrigo Andrade, para ser utilizado duran-te as aulas presenciais de Direito Empresarial II.

Como o próprio nome o indica, trata-se de um roteiro de estudos: sua finalidade é di-namizar as aulas, deixando já à sua mão os slides utilizados pelo professor e os dispositivos normativos correlatos, de modo a que você possa se concentrar em fazer suas anotações e esclarecer eventuais dúvidas, ao invés de se preocupar em copiar o que está na lousa.

Ao longo das aulas, o professor projetará diversos slides. Cada infográfico neste ro-teiro corresponde a um slide projetado durante os encontros presenciais.

Abaixo de cada infográfico, você encontrará a transcrição dos dispositivos constitu-

cionais, legais e jurisprudenciais relacionados ao assunto ali tratado. Eventualmente, po-dem constar excertos doutrinários ou outras informações complementares.

Em meio aos assuntos, haverá exercícios que deverão ser realizados em sala, durante as aulas. No momento adequado, o professor o instruirá a respeito deles. Esses exercícios têm como objetivo auxiliá-lo ou auxiliá-la na adequada compreensão da matéria, bem co-mo facilitar o processo de aprendizagem, sempre que possível, através de atividades de natureza lúdica.

Ao final de cada bloco de assuntos, você encontrará exercícios de fixação, que deve-rão ser respondidos em casa, e levados para as aulas de revisão em sala, onde serão corri-gidos.

Sempre que possível, haverá também, ao final de cada unidade, questões de concur-sos públicos, para que você possa desenvolver a habilidade de responder a questões de múltipla escolha e já possa ir se preparando para provas, como o Exame de Ordem e con-cursos das mais variadas carreiras.

Para que tenha melhor proveito deste material, sugere-se que você o imprima, enca-derne e leve para todas as aulas. Assim, poderá facilmente acompanhar o desenvolvimen-to dos assuntos ao longo do período letivo, o que facilitará sobremaneira seus estudos.

É óbvio que este material não substitui o estudo dos livros da melhor doutrina, que será oportunamente indicada ao longo do texto, nem dispensa sua presença nas aulas pre-senciais: é indispensável que você estude com afinco as lições dos grandes mestres, e leve suas inquietações para os encontros presenciais, a fim de que você, seus colegas e seu pro-fessor possam, juntos, construir o conhecimento.

Com isso, o Prof. Rodrigo Andrade espera que você possa aproveitar ao máximo o convívio e as atividades propostas neste Roteiro de Estudos.

Salvador, 12 de março de 2018.

RODRIGO ANDRADE DE ALMEIDA

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................ 2

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 4

O que são Contratos Empresariais ...................................................................................... 4

Metodologia .......................................................................................................................... 4

INTRODUÇÃO AOS CONTRATOS EMPRESARIAIS ................................................................... 5

1.1 Regimes Jurídicos dos Contratos Celebrados pelo Empresário ................................ 5

1.2 Princípios dos Contratos Empresariais ........................................................................ 8

COMPRA E VENDA EMPRESARIAL ......................................................................................... 10

2.1 Conceito e Elementos ................................................................................................. 10

2.2 Deveres das partes .......................................................................................................13

2.3 Cláusulas Adjetas ..........................................................................................................15

COMISSÃO MERCANTIL .......................................................................................................... 20

REPRESENTAÇÃO COMERCIAL (AGÊNCIA) ........................................................................... 22

CONCESSÃO MERCANTIL ....................................................................................................... 28

FRANQUIA (FRANCHISING) ..................................................................................................... 34

ARRENDAMENTO MERCANTIL OU LEASING ......................................................................... 37

INTRODUÇÃO

O que são Contratos Empresariais

Contratos Empresariais (ou Mercantis) são aqueles celebrados por empresá-rios, no exercício de sua atividade econômica. Dada a diversidade de disciplinas ju-rídicas, a depender da natureza jurídica do vínculo, seu estudo é de importância basilar para a melhor compreensão da atuação empresarial.

Tal fato demonstra a necessidade de um estudo sério sobre a matéria, o que se pretende levar a cabo ao longo do período letivo.

Metodologia

Além do clássico método expositivo, o presente estudo dos Contratos Empre-sariais será abordado por meio dos mais diferenciados métodos, sempre com o in-tuito de proporcionar, para o estudante, a melhor e mais eficiente experiência de aprendizagem. Assim, por exemplo, este Roteiro de Estudos é composto por inú-meros exercícios, que contemplam desde questões de concursos públicos a ativida-des lúdicas, como caça-palavras, palavras cruzadas, exercícios de associação e ques-tões discursivas, a serem resolvidas durante os encontros em sala de aula, indivi-dual ou coletivamente.

A abordagem do conteúdo programático do componente curricular Contratos Empresariais contemplará, ainda, o emprego de metodologias ativas, aqui enten-didas como o processo de ensino e aprendizagem cuja principal característica é a inserção do estudante como principal agente responsável por sua própria aprendi-zagem, comprometendo-se ativamente com o desenvolvimento das competências cognitivas, técnicas e comportamentais indispensáveis à sua formação.

Dentre as inúmeras ferramentas disponíveis, serão especificamente emprega-dos o método do Estudo de Caso, a Aprendizagem Baseada em Problemas ou PBL (acrônimo para Problem-Based Learning) e a Metodologia para Projetos.

Introdução aos Contratos Empresariais

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Anotações

Unidade 1

INTRODUÇÃO AOS CONTRATOS EMPRESARI-AIS

1.1 Regimes Jurídicos dos Contratos Celebrados pelo Empresário

INFOGRÁFICO 1: REGIMES JURÍDICOS DOS CONTRATOS CELEBRADOS PELO EMPRESÁRIO-

Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei nº 5.452/1943)

Art. 2º. Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. §1º Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. §2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. §3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes.

Art. 3º. Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não even-tual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único. Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho in-telectual, técnico e manual.

Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990)

Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. §1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. §2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remu-neração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorren-tes das relações de caráter trabalhista.

Regimes Jurídicos dos Contratos Celebrados pelo Empresário

Contratos de Trabalho

Regime jurídico celetista

Contratos Administrativos

Regime jurídico da Lei nº

8.666/1993

Contratos de Consumo

Regime jurídico do CDC

Contratos Empresariais

Regime jurídico do CC

Regime jurídico do CDC

Introdução aos Contratos Empresariais

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Anotações

Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Lei nº 8.666/1993)

Art. 1º. Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinen-tes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Po-deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autar-quias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Art. 2º. As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permis-sões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessaria-mente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei. Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Ad-ministração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vín-culo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.

Jornadas de Direito Comercial do Conselho da Justiça Federal

Enunciado 20. Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor aos contratos celebrados entre empresários em que um dos contratantes tenha por objetivo suprir-se de insumos para sua ativi-dade de produção, comércio ou prestação de serviços.

Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça

REsp 541.867/BA. Competência. Relação de consumo. Utilização de equipamento e de serviços de crédito prestado por empresa administradora de cartão de crédito. Destinação final inexisten-te. – A aquisição de bens ou a utilização de serviços, por pessoa natural ou jurídica, com o escopo de implementar ou incrementar a sua atividade negocial, não se reputa como relação de consu-mo e, sim, como uma atividade de consumo intermediária. Recurso especial conhecido e provido para reconhecer a incompetência absoluta da Vara Especializada de Defesa do Consumidor, para decretar a nulidade dos atos praticados e, por conseguinte, para determinar a remessa do feito a uma das Varas Cíveis da Comarca (Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, Rel. p/ Acórdão Min. Bar-ros Monteiro, 2.ª Seção, DJ 16.05.2005, p. 227).

CC 64.524/MT. Conflito positivo de competência. Medida cautelar de arresto de grãos de soja proposta no foro de eleição contratual. Expedição de carta precatória. Conflito suscitado pelo juízo deprecado, ao entendimento de que tal cláusula seria nula, porquanto existente relação de consumo. Contrato firmado entre empresa de insumos e grande produtor rural. Ausência de pre-juízos à defesa pela manutenção do foro de eleição. Não configuração de relação de consumo. – A jurisprudência atual do STJ reconhece a existência de relação de consumo apenas quando ocor-re destinação final do produto ou serviço, e não na hipótese em que estes são alocados na práti-ca de outra atividade produtiva . (...) (Rel. Min. Nancy Andrighi, 2.ª Seção, DJ 09.10.2006, p. 256).

CC 92.519/SP. Conflito de competência. Sociedade empresária. Consumidor. Destinatário final econômico. Não ocorrência. Foro de eleição. Validade. Relação de consumo e hipossuficiência. Não caracterização. 1 – A jurisprudência desta Corte sedimenta-se no sentido da adoção da teo-ria finalista ou subjetiva para fins de caracterização da pessoa jurídica como consumidora em eventual relação de consumo, devendo, portanto, ser destinatária final econômica do bem ou serviço adquirido (REsp 541.867/BA). 2 – Para que o consumidor seja considerado destinatário econômico final, o produto ou serviço adquirido ou utilizado não pode guardar qualquer cone-xão, direta ou indireta, com a atividade econômica por ele desenvolvida; o produto ou serviço deve ser utilizado para o atendimento de uma necessidade própria, pessoal do consumidor. 3 – No caso em tela, não se verifica tal circunstância, porquanto o serviço de crédito tomado pela pessoa jurídica junto à instituição financeira de certo foi utilizado para o fomento da atividade empresarial, no desenvolvimento da atividade lucrativa, de forma que a sua circulação econômi-ca não se encerra nas mãos da pessoa jurídica, sociedade empresária, motivo pelo qual não resta caracterizada, in casu, relação de consumo entre as partes. (...) (Rel. Min. Fernando Gonçalves, 2.ª Seção, DJe 04.03.2009).

REsp 1.132.642/PR. Direito Civil. Produtor rural. Compra e venda de sementes de milho para o plantio. Código de Defesa do Consumidor. Não aplicação. Precedentes. Reexame de matéria-fático probatória. Óbice da Súmula 7/STJ. Recurso especial improvido. I – Os autos dão conta

Introdução aos Contratos Empresariais

7

Anotações

tratar-se de compra e venda de sementes de milho por produtor rural, destinadas ao plantio em sua propriedade para posterior colheita e comercialização, as quais não foram adquiridas para o próprio consumo. II – O entendimento da egrégia Segunda Seção é no sentido de que não se con-figura relação de consumo nas hipóteses em que o produto ou o serviço são alocados na prática de outra atividade produtiva. Precedentes. (...) (Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. p/ Acórdão Min. Massami Uyeda, 3.ª Turma, DJe 18.11.2010).

REsp 1.025.472/SP. Recurso especial. Fornecimento de água. Consumidor. Destinatário final. Relação de consumo. Devolução em dobro dos valores pagos indevidamente. Aplicação dos arti-gos 2.° e 42, parágrafo único, da Lei n.° 8.078/90 . I – “O conceito de ‘destinatário final’, do Códi-go de Defesa do Consumidor, alcança a empresa ou o profissional que adquire bens ou serviços e os utiliza em benefício próprio” (AgRg no Ag n.° 807.159/SP, Rel. Min. Humberto Gomes de Bar-ros, DJ de 25.10.2008). II – No caso em exame, a recorrente enquadra-se em tal conceituação, visto ser empresa prestadora de serviços médico-hospitalares, que utiliza a água para a manu-tenção predial e o desenvolvimento de suas atividades, ou seja, seu consumo é em benefício próprio. III – A empresa por ser destinatária final do fornecimento de água e, portanto, por se enquadrar no conceito de consumidora, mantém com a recorrida relação de consumo, o que torna aplicável o disposto no artigo 42, parágrafo único, da Lei 8.078/90 . IV – Recurso especial conhecido e provido (Rel. Min. Francisco Falcão, 1.ª Turma, DJe 30.04.2008).

RMS 27.512/BA. Processo Civil e Consumidor. Agravo de instrumento. Concessão de efeito suspensivo. Mandado de segurança. Cabimento. Agravo. Deficiente formação do instrumento. Ausência de peça essencial. Não conhecimento. Relação de consumo. Caracterização. Destinação final fática e econômica do produto ou serviço. Atividade empresarial. Mitigação da regra. Vulne-rabilidade da pessoa jurídica. Presunção relativa. (...) – A jurisprudência consolidada pela 2.ª Se-ção deste STJ entende que, a rigor, a efetiva incidência do CDC a uma relação de consumo está pautada na existência de destinação final fática e econômica do produto ou serviço, isto é, exige-se total desvinculação entre o destino do produto ou serviço consumido e qualquer atividade produtiva desempenhada pelo utente ou adquirente. Entretanto, o próprio STJ tem admitido o temperamento desta regra, com fulcro no art. 4.°, I, do CDC, fazendo a lei consumerista incidir sobre situações em que, apesar do produto ou serviço ser adquirido no curso do desenvolvimen-to de uma atividade empresarial, haja vulnerabilidade de uma parte frente à outra . – Uma inter-pretação sistemática e teleológica do CDC aponta para a existência de uma vulnerabilidade pre-sumida do consumidor, inclusive pessoas jurídicas, visto que a imposição de limites à presunção de vulnerabilidade implicaria restrição excessiva, incompatível com o próprio espírito de facilita-ção da defesa do consumidor e do reconhecimento de sua hipossuficiência, circunstância que não se coaduna com o princípio constitucional de defesa do consumidor, previsto nos arts. 5.°, XXXII, e 170, V, da CF. Em suma, prevalece a regra geral de que a caracterização da condição de consumidor exige destinação final fática e econômica do bem ou serviço, mas a presunção de vulnerabilidade do consumidor dá margem à incidência excepcional do CDC às atividades empre-sariais, que só serão privadas da proteção da lei consumerista quando comprovada, pelo forne-cedor, a não vulnerabilidade do consumidor pessoa jurídica. – Ao encampar a pessoa jurídica no conceito de consumidor, a intenção do legislador foi conferir proteção à empresa nas hipóteses em que, participando de uma relação jurídica na qualidade de consumidora, sua condição ordiná-ria de fornecedora não lhe proporcione uma posição de igualdade frente à parte contrária. Em outras palavras, a pessoa jurídica deve contar com o mesmo grau de vulnerabilidade que qual-quer pessoa comum se encontraria ao celebrar aquele negócio, de sorte a manter o desequilíbrio da relação de consumo. A “paridade de armas” entre a empresa-fornecedora e a empresa-consumidora afasta a presunção de fragilidade desta. Tal consideração se mostra de extrema relevância, pois uma mesma pessoa jurídica, enquanto consumidora, pode se mostrar vulnerável em determinadas relações de consumo e em outras não. Recurso provido (Rel. Min. Nancy An-drighi, 3.ª Turma, DJe 23.09.2009).

Introdução aos Contratos Empresariais

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Anotações

1.2 Princípios dos Contratos Empresariais

INFOGRÁFICO 2: TUTELA ESTATAL DOS CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS ANTES D0 CC/2002

INFOGRÁFICO 3: TUTELA ESTATAL DOS CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS APÓS O CC/2002

Jornadas de Direito Comercial do Conselho da Justiça Federal

Enunciado 21. Nos contratos empresariais, o dirigismo contratual deve ser mitigado, tendo em vista a simetria natural das relações interempresariais.

• Código Civil (1916)

• Contratos Civis

• Intervenção Estatal

• Prévia: dirigismo contratual

• Posterior: revisão contratual

Direito Civil

• Código Comercial (1850)

• Contratos Comerciais (Empresariais)

• Simetria Natural entre as partes

• Livre iniciativa e livre mercado

Direito Empresarial

Unificação do Direito Privado

Revogação da 1ª Parte do Código Comercial

Disciplina jurídica única

Intervenção Estatal

Introdução aos Contratos Empresariais

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Anotações

Enunciado 23. Em contratos empresariais, é lícito às partes contratantes estabelecer parâme-tros objetivos para a interpretação dos requisitos de revisão e/ou resolução do pacto contratual.

Enunciado 25. A revisão do contrato por onerosidade excessiva fundada no Código Civil deve levar em conta a natureza do objeto do contrato. Nas relações empresariais, deve-se presumir a sofisticação dos contratantes e observar a alocação de riscos por eles acordada.

Enunciado 28. Em razão do profissionalismo com que os empresários devem exercer sua ativi-dade, os contratos empresariais não podem ser anulados pelo vício da lesão fundada na inexpe-riência.

Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça

REsp 936.741/GO. Direito Empresarial. Contratos. Compra e venda de coisa futura (soja). Teo-ria da imprevisão. Onerosidade excessiva. Inaplicabilidade. 1. Contratos empresariais não devem ser tratados da mesma forma que contratos cíveis em geral ou contratos de consumo. Nestes admite-se o dirigismo contratual. Naqueles devem prevalecer os princípios da autonomia da von-tade e da força obrigatória das avenças. 2. Direito Civil e Direito Empresarial, ainda que ramos do Direito Privado, submetem-se a regras e princípios próprios. O fato de o Código Civil de 2002 ter submetido os contratos cíveis e empresariais às mesmas regras gerais não significa que estes contratos sejam essencialmente iguais [...] (Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, 4ª Turma, julgado em 03/11/2011).

INFOGRÁFICO 4: PRINCÍPIOS GERAIS DOS CONTRATOS EMPRESARIAIS

Código Civil

Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de aconte-cimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato.

Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosi-dade excessiva.

Jornadas de Direito Comercial do Conselho da Justiça Federal

Enunciado 27. Não se presume a violação à boa-fé objetiva se o empresário, durante as nego-ciações do contrato empresarial, preservar segredo de empresa ou administrar a prestação de informações reservadas, confidenciais ou estratégicas, com o objetivo de não colocar em risco a competitividade de sua atividade.

Princípios Gerais dos Contratos Empresariais

Autonomia Privada

Limitada pela função

social

Atipicidade dos

Contratos Empresariais

Consensualismo Relatividade

Obs.: teoria da aparência

Força obrigatória

Exceção: teoria da

imprevisão

Compra e Venda Empresarial

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Anotações

Unidade 2

COMPRA E VENDA EMPRESARIAL

2.1 Conceito e Elementos

INFOGRÁFICO 5: ELEMENTOS DA COMPRA E VENDA

Código Civil

Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domí-nio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.

Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço.

INFOGRÁFICO 6: CONSENSO

Código Civil

Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.

Art. 220. A anuência ou a autorização de outrem, necessária à validade de um ato, provar-se-á do mesmo modo que este, e constará, sempre que se possa, do próprio instrumento.

Compra e Venda Mercantil

Conceito (art. 481) Elementos (art. 482)

Consenso Coisa Preço

Consenso

Exceções

Contratos Solenes

Contratos Reais

Casos Especiais

Venda de ascendente para descendente (496)

Venda entre cônjuges (499)

Venda de imóvel por pessoa casada (1.647)

Venda de bem em condomínio (504)

Impedimentos Legais (497)

Compra e Venda Empresarial

11

Anotações

Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Parágrafo único. Em ambos os ca-sos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória.

Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública: I - pe-los tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou ad-ministração; II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta; III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou di-reitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade; IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados. Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.

Art. 498. A proibição contida no inciso III do artigo antecedente, não compreende os casos de compra e venda ou cessão entre co-herdeiros, ou em pagamento de dívida, ou para garantia de bens já pertencentes a pessoas designadas no referido inciso.

Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.

Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte vendida os comproprietários, que a quiserem, deposi-tando previamente o preço.

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imó-veis; II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação. Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada.

Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.

Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal. Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou particular, autenticado.

Art. 1.650. A decretação de invalidade dos atos praticados sem outorga, sem consentimento, ou sem suprimento do juiz, só poderá ser demandada pelo cônjuge a quem cabia concedê-la, ou por seus herdeiros.

Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presen-tes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte.

Art. 1.668. São excluídos da comunhão: I - os bens doados ou herdados com a cláusula de in-comunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de in-comunicabilidade; V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.

Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente não se estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento.

Lei nº 8.245/1991 (Lei do Inquilinato)

Art. 27. No caso de venda, promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de direitos ou dação em pagamento, o locatário tem preferência para adquirir o imóvel locado, em igualdade de condições com terceiros, devendo o locador dar-lhe conhecimento do negócio mediante noti-ficação judicial, extrajudicial ou outro meio de ciência inequívoca. Parágrafo único. A comunica-ção deverá conter todas as condições do negócio e, em especial, o preço, a forma de pagamento,

Compra e Venda Empresarial

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Anotações

a existência de ônus reais, bem como o local e horário em que pode ser examinada a documen-tação pertinente).

Art. 28. O direito de preferência do locatário caducará se não manifestada, de maneira inequí-voca, sua aceitação integral à proposta, no prazo de trinta dias.

Súmula da Jurisprudência Dominante do Supremo Tribunal Federal

Enunciado 494 (03/12/1969 – tornada sem efeito pelo Código Civil de 2002). Ação para Anular Venda de Ascendente a Descendente Sem Consentimento dos Demais - Prescrição. A ação para anular venda de ascendente a descendente, sem consentimento dos demais, prescreve em vinte anos, contados da data do ato, revogada a Súmula 152.

INFOGRÁFICO 7: COISA

Código Civil

Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório.

Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem. Parágrafo único. Preva-lece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato.

Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se de-terminar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões da-das, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço. §1º. Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exce-der de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio. §2º Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso. §3º Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus.

Coisa

Características

Móvel, semo-vente ou imóvel

Presente ou futura (art. 483)

No comércio

Venda por amostras

Venda de imóvel (art. 500)

Ad corpus

Dimensões meramente enunciativas (§3º)

Presumida, em caso de divergência de até 1/20 (§1º)

Ad mensuram

Complemento ou devolução da

área

Abatimento do preço

Resolução do contrato

Compra e Venda Empresarial

13

Anotações

Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título. Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, a partir dela fluirá o pra-zo de decadência.

Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas.

INFOGRÁFICO 8: PREÇO

Código Civil

Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa.

Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar.

Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que susce-tíveis de objetiva determinação.

Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua determina-ção, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço corren-te nas vendas habituais do vendedor. Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversi-dade de preço, prevalecerá o termo médio.

Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço.

Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço.

2.2 Deveres das partes

INFOGRÁFICO 9: DEVERES DO COMPRADOR

Código Civil

Preço

Fixação pelas partes ou por

terceiro

Critérios objetivos para

estipulação

Taxa de mercado ou

bolsa

Índices ou parâmetros

objetivos Regra supletiva

Vedação da fixação

unilateral

Exceção de contrato não

cumprido

Deveres do Comprador

Pagar o preço ajustado

Pagar as despesas de escritura e registro

Compra e Venda Empresarial

14

Anotações

Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.

INFOGRÁFICO 10: DEVERES DO VENDEDOR

Código Civil

Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.

Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador. §1º. Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coi-sas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste. §2º. Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se estiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados.

Art. 493. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á no lugar onde ela se en-contrava, ao tempo da venda.

Art. 494. Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por sua conta correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-la, salvo se das instruções dele se afastar o vendedor.

Art. 495. Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes da tradição o comprador cair em in-solvência, poderá o vendedor sobrestar na entrega da coisa, até que o comprador lhe dê caução de pagar no tempo ajustado.

Art. 502. O vendedor, salvo convenção em contrário, responde por todos os débitos que gravem a coisa até o momento da tradição.

INFOGRÁFICO 11: INCOTERMS

Deveres do Vendedor

Entregar a coisa vendida,

no local pactuado

Regra suple-tiva: art. 493

Pagar as despesas de

tradição

As partes po-dem estipular diversamente

INCOTERMS

Suportar os riscos da coisa até a tradição

(art. 491)

Exceções

Caso fortuito quando a coi-

sa estava à disposição do

comprador (§1º)

Perecimento ou deteriora-ção durante

mora do com-prador (§2º)

Coisa expedi-da para lugar diverso, se-

gundo ordens do compra-

dor (art. 494)

Responder pelos débitos até a tradição

(art. 502)

Compra e Venda Empresarial

15

Anotações

2.3 Cláusulas Adjetas

INFOGRÁFICO 12: CLÁUSULAS ADJETAS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA

INFOGRÁFICO 13: CLÁUSULA DE RETROVENDA

Cláusulas Adjetas

Retrovenda Venda a contento e sujeita a prova

Preempção ou Preferência Venda com reserva de domínio

Venda sobre documentos

Compra e Venda Empresarial

16

Anotações

Código Civil

Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do com-prador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escri-ta, ou para a realização de benfeitorias necessárias.

Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor, para exer-cer o direito de resgate, as depositará judicialmente. Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor restituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador.

Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários, poderá ser exercido contra o terceiro adquirente.

Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel, e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, prevalecendo o pac-to em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja integral.

INFOGRÁFICO 14: CLÁUSULA DE VENDA A CONTENTO OU VENDA SUJEITA A PROVA

Código Civil

Retrovenda

Conceito

Direito de retomar o

imóvel vendido

Natureza Jurídica

Direito potestativo

Cessível e Transmissível

Oponível con-tra terceiro adquirente

Prazo

Decadencial de 3 anos

Obrigações do vendedor

Restituir o preço

recebido

Reembolsar despesas

Reembolsar benfeitorias necessárias

Reembolsar benfeitorias autorizadas

Pluralidade de vendedores ou sucessores (art.

508)

Venda a contento e sujeita à prova

Conceito

Venda a Con-tento (art. 509)

Sob condição sus-pensiva, de agradar

ao comprador

Venda sujeita à prova (art. 510)

Sob condição sus-pensiva, de ter as

características anunciadas

Efeitos

Até aceitação ou recusa, o compra-dor será equipa-rado ao como-

datário (art. 511)

Prazo

Definido no contrato ou

mediante notificação judicial

ou extrajudicial (art. 512)

Compra e Venda Empresarial

17

Anotações

Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensi-va, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.

Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensiva de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se destina.

Art. 511. Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que recebeu, sob condição suspen-siva, a coisa comprada, são as de mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la.

Art. 512. Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor terá di-reito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável.

INFOGRÁFICO 15: CLÁUSULA DE PREEMPÇÃO OU PREFERÊNCIA

Código Civil

Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao ven-dedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto. Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de prefe-rência não poderá exceder a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.

Art. 514. O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação, intimando o comprador, quando lhe constar que este vai vender a coisa.

Art. 515. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a perder, obrigado a pagar, em condições iguais, o preço encontrado, ou o ajustado.

Art. 516. Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará, se a coisa for móvel, não se exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos sessenta dias subseqüen-tes à data em que o comprador tiver notificado o vendedor.

Art. 517. Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais indivíduos em comum, só pode ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se alguma das pessoas, a quem ele toque, perder ou não exercer o seu direito, poderão as demais utilizá-lo na forma sobredita.

Art. 518. Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter dado ao ven-dedor ciência do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem. Responderá solidariamente o adquirente, se tiver procedido de má-fé.

Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa.

Art. 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros.

Preferência Convencional

Conceito

Art. 513

Características

Direito subjetivo

personalíssimo (art. 520)

Prazo máximo de vigência da cláusula (art. 513, p. ún.)

Prazo decadencial

para exercício do direito (art.

516)

Direitos do Vendedor

Notificar o comprador do interesse em

exercer o direito de

preferência (art. 514)

Ser indenizado em caso de

descumprimento da cláusula

(art. 518)

Deveres do vendedor

Pagar, em igualdade de condições, o

preço ajustado ou encontrado

(art. 515)

Exercer o direito em

relação à coisa, como um todo

(art. 517)

Compra e Venda Empresarial

18

Anotações

INFOGRÁFICO 16: CLÁUSULA DE VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO

Código Civil

Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago.

Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende de registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros.

Art. 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa insuscetível de carac-terização perfeita, para estremá-la de outras congêneres. Na dúvida, decide-se a favor do tercei-ro adquirente de boa-fé.

Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço es-teja integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, a partir de quan-do lhe foi entregue.

Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio após consti-tuir o comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial.

Art. 526. Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover contra ele a competente ação de cobrança das prestações vencidas e vincendas e o mais que lhe for devido; ou poderá recuperar a posse da coisa vendida.

Art. 527. Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao vendedor reter as presta-ções pagas até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, as despesas feitas e o mais que de direito lhe for devido. O excedente será devolvido ao comprador; e o que faltar lhe será co-brado, tudo na forma da lei processual.

Art. 528. Se o vendedor receber o pagamento à vista, ou, posteriormente, mediante financia-mento de instituição do mercado de capitais, a esta caberá exercer os direitos e ações decorren-tes do contrato, a benefício de qualquer outro. A operação financeira e a respectiva ciência do comprador constarão do registro do contrato.

Venda com Reserva de Domínio

Conceito (art. 521)

Objeto

Coisa Móvel

Coisa passível de caracterização perfeita

(art. 523)

Eficácia contra

terceiros (art. 522)

Direitos do vendedor (art. 526)

Cobrar as prestações vencidas e vincendas, mais encargos

moratórios (art. 527)

Recuperar a posse da coisa vendida

Deveres do vendedor

Constituir o comprador em mora (art. 525)

Devolver os valores pagos, depois de deduzidos os

prejuízos (art. 527)

Sub-rogação de Insti-tuição Fi-nanceira (art. 528)

Compra e Venda Empresarial

19

Anotações

INFOGRÁFICO 17: CLÁUSULA DE VENDA SOBRE DOCUMENTOS

Código Civil

Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu tí-tulo representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos. Parágrafo único. Achando-se a documentação em ordem, não pode o comprador recusar o pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o defeito já houver sido comprovado.

Art. 530. Não havendo estipulação em contrário, o pagamento deve ser efetuado na data e no lugar da entrega dos documentos.

Art. 531. Se entre os documentos entregues ao comprador figurar apólice de seguro que cubra os riscos do transporte, correm estes à conta do comprador, salvo se, ao ser concluído o contra-to, tivesse o vendedor ciência da perda ou avaria da coisa.

Art. 532. Estipulado o pagamento por intermédio de estabelecimento bancário, caberá a este efetuá-lo contra a entrega dos documentos, sem obrigação de verificar a coisa vendida, pela qual não responde. Parágrafo único. Nesse caso, somente após a recusa do estabelecimento bancário a efetuar o pagamento, poderá o vendedor pretendê-lo, diretamente do comprador.

Venda sobre Documentos

Conceito (art. 529)

Lugar e data do pagamento

Entrega dos documentos

(art. 530)

Riscos pela perda ou

deterioração

Vendedor, até a tradição da coisa em

si, mesmo tendo ocorrido a tradição

dos documentos

Exceção: contrato de seguro (art. 531)

Intermediação de Banco

Art. 532

Comissão Mercantil

20

Anotações

Unidade 3

COMISSÃO MERCANTIL

INFOGRÁFICO 18: COMISSÃO MERCANTIL VS. MANDATO

INFOGRÁFICO 19: COMISSÃO MERCANTIL

Código Civil

Art. 693. O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissá-rio, em seu próprio nome, à conta do comitente.

Art. 694. O comissário fica diretamente obrigado para com as pessoas com quem contratar, sem que estas tenham ação contra o comitente, nem este contra elas, salvo se o comissário ce-der seus direitos a qualquer das partes.

Art. 695. O comissário é obrigado a agir de conformidade com as ordens e instruções do comi-tente, devendo, na falta destas, não podendo pedi-las a tempo, proceder segundo os usos em casos semelhantes. Parágrafo único. Ter-se-ão por justificados os atos do comissário, se deles houver resultado vantagem para o comitente, e ainda no caso em que, não admitindo demora a realização do negócio, o comissário agiu de acordo com os usos.

Art. 696. No desempenho das suas incumbências o comissário é obrigado a agir com cuidado e diligência, não só para evitar qualquer prejuízo ao comitente, mas ainda para lhe proporcionar o lucro que razoavelmente se podia esperar do negócio. Parágrafo único. Responderá o comissá-rio, salvo motivo de força maior, por qualquer prejuízo que, por ação ou omissão, ocasionar ao comitente.

Comissão Mercantil

Conceito (art. 693)

Deveres do Comissionário

Seguir as orientações do comitente

Agir com cuidado e diligência (art. 696)

Remuneração

Livremente estipulada

Regra supletiva: usos e

costumes do lugar (art. 701)

Remuneração proporcional

Riscos do negócio

Regra: comitente

Exceção: cláusula del

credere

Comissão Mercantil

21

Anotações

Art. 697. O comissário não responde pela insolvência das pessoas com quem tratar, exceto em caso de culpa e no do artigo seguinte.

Art. 698. Se do contrato de comissão constar a cláusula del credere, responderá o comissário solidariamente com as pessoas com que houver tratado em nome do comitente, caso em que, salvo estipulação em contrário, o comissário tem direito a remuneração mais elevada, para com-pensar o ônus assumido.

Art. 699. Presume-se o comissário autorizado a conceder dilação do prazo para pagamento, na conformidade dos usos do lugar onde se realizar o negócio, se não houver instruções diversas do comitente.

Art. 700. Se houver instruções do comitente proibindo prorrogação de prazos para pagamento, ou se esta não for conforme os usos locais, poderá o comitente exigir que o comissário pague incontinenti ou responda pelas conseqüências da dilação concedida, procedendo-se de igual mo-do se o comissário não der ciência ao comitente dos prazos concedidos e de quem é seu benefi-ciário.

Art. 701. Não estipulada a remuneração devida ao comissário, será ela arbitrada segundo os usos correntes no lugar.

Art. 702. No caso de morte do comissário, ou, quando, por motivo de força maior, não puder concluir o negócio, será devida pelo comitente uma remuneração proporcional aos trabalhos realizados.

Art. 703. Ainda que tenha dado motivo à dispensa, terá o comissário direito a ser remunerado pelos serviços úteis prestados ao comitente, ressalvado a este o direito de exigir daquele os pre-juízos sofridos.

Art. 704. Salvo disposição em contrário, pode o comitente, a qualquer tempo, alterar as instru-ções dadas ao comissário, entendendo-se por elas regidos também os negócios pendentes.

Art. 705. Se o comissário for despedido sem justa causa, terá direito a ser remunerado pelos trabalhos prestados, bem como a ser ressarcido pelas perdas e danos resultantes de sua dispen-sa.

Art. 706. O comitente e o comissário são obrigados a pagar juros um ao outro; o primeiro pelo que o comissário houver adiantado para cumprimento de suas ordens; e o segundo pela mora na entrega dos fundos que pertencerem ao comitente.

Art. 707. O crédito do comissário, relativo a comissões e despesas feitas, goza de privilégio ge-ral, no caso de falência ou insolvência do comitente.

Art. 708. Para reembolso das despesas feitas, bem como para recebimento das comissões de-vidas, tem o comissário direito de retenção sobre os bens e valores em seu poder em virtude da comissão.

Art. 709. São aplicáveis à comissão, no que couber, as regras sobre mandato.

Representação Comercial ou Agência

22

Anotações

Unidade 4

REPRESENTAÇÃO COMERCIAL (AGÊNCIA)

INFOGRÁFICO 20: REPRESENTAÇÃO COMERCIAL (1)

INFOGRÁFICO 21: REPRESENTAÇÃO COMERCIAL (2)

Código Civil

Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem víncu-los de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a realiza-ção de certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a distribuição quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada. Parágrafo único. O proponente pode conferir po-deres ao agente para que este o represente na conclusão dos contratos.

Art. 711. Salvo ajuste, o proponente não pode constituir, ao mesmo tempo, mais de um agen-te, na mesma zona, com idêntica incumbência; nem pode o agente assumir o encargo de nela tratar de negócios do mesmo gênero, à conta de outros proponentes.

Representação Comercial

Conceito (art. 1º)

Representante

Pessoa Física ou Jurídica, sem vínculo de emprego

Sem poderes para concluir o negócio (sem mandato)

Registrado no Conselho Re-gional dos Representantes

Comerciais (art. 2º)

Cláusulas Con-tratuais Ne-

cessárias (art. 27)

Deveres do Representante

Informação e dedicação (art. 28)

Seguir a orientações do representado (art. 29)

Exercer a representação em juízo, mediante mandato (art.

30)

Deveres do Representado

Pagar a co-missão do Re-presentante

(arts. 32 e 33)

Respeitar a cláusula de

exclusividade de zona

Representação Comercial ou Agência

23

Anotações

Art. 712. O agente, no desempenho que lhe foi cometido, deve agir com toda diligência, aten-do-se às instruções recebidas do proponente.

Art. 713. Salvo estipulação diversa, todas as despesas com a agência ou distribuição correm a cargo do agente ou distribuidor.

Art. 714. Salvo ajuste, o agente ou distribuidor terá direito à remuneração correspondente aos negócios concluídos dentro de sua zona, ainda que sem a sua interferência.

Art. 715. O agente ou distribuidor tem direito à indenização se o proponente, sem justa causa, cessar o atendimento das propostas ou reduzi-lo tanto que se torna antieconômica a continua-ção do contrato.

Art. 716. A remuneração será devida ao agente também quando o negócio deixar de ser reali-zado por fato imputável ao proponente.

Art. 717. Ainda que dispensado por justa causa, terá o agente direito a ser remunerado pelos serviços úteis prestados ao proponente, sem embargo de haver este perdas e danos pelos prejuí-zos sofridos.

Art. 718. Se a dispensa se der sem culpa do agente, terá ele direito à remuneração até então devida, inclusive sobre os negócios pendentes, além das indenizações previstas em lei especial.

Art. 719. Se o agente não puder continuar o trabalho por motivo de força maior, terá direito à remuneração correspondente aos serviços realizados, cabendo esse direito aos herdeiros no caso de morte.

Art. 720. Se o contrato for por tempo indeterminado, qualquer das partes poderá resolvê-lo, mediante aviso prévio de noventa dias, desde que transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto do investimento exigido do agente. Parágrafo único. No caso de divergência entre as partes, o juiz decidirá da razoabilidade do prazo e do valor devido.

Art. 721. Aplicam-se ao contrato de agência e distribuição, no que couber, as regras concer-nentes ao mandato e à comissão e as constantes de lei especial.

Lei nº 4.886/1965

Art. 1º. Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou a pessoa física, sem relação de emprêgo, que desempenha, em caráter não eventual por conta de uma ou mais pes-soas, a mediação para a realização de negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para, transmití-los aos representados, praticando ou não atos relacionados com a execução dos negócios. Parágrafo único. Quando a representação comercial incluir podêres atinentes ao man-dato mercantil, serão aplicáveis, quanto ao exercício dêste, os preceitos próprios da legislação comercial.

Art. 2º. É obrigatório o registro dos que exerçam a representação comercial autônoma nos Conselhos Regionais criados pelo art. 6º desta Lei. Parágrafo único. As pessoas que, na data da publicação da presente Lei, estiverem no exercício da atividade, deverão registrar-se nos Conse-lhos Regionais, no prazo de 90 dias a contar da data em que êstes forem instalados.

Art. 3º. O candidato a registro, como representante comercial, deverá apresentar: a) prova de identidade; b) prova de quitação com o serviço militar, quando a êle obrigado; c) prova de estar em dia com as exigências da legislação eleitoral; d) fôlha-corrida de antecedentes, expedida pelos cartórios criminais das comarcas em que o registrado houver sido domiciliado nos últimos dez (10) anos; e) quitação com o impôsto sindical. §1º O estrangeiro é desobrigado da apresentação dos documentos constantes das alíneas b e c dêste artigo. §2º Nos casos de transferência ou de exercício simultâneo da profissão, em mais de uma região, serão feitas as devidas anotações na carteira profissional do interessado, pelos respectivos Conselhos Regionais. §3º As pessoas jurídi-cas deverão fazer prova de sua existência legal.

Art. 4º. Não pode ser representante comercial: a) o que não pode ser comerciante; b) o falido não reabilitado; c) o que tenha sido condenado por infração penal de natureza infamante, tais como falsidade, estelionato, apropriação indébita, contrabando, roubo, furto, lenocínio ou cri-mes também punidos com a perda de cargo público; d) o que estiver com seu registro comercial cancelado como penalidade.

Art. 5º. Sòmente será devida remuneração, como mediador de negócios comerciais, a repre-sentante comercial devidamente registrado.

Representação Comercial ou Agência

24

Anotações

Art. 27. Do contrato de representação comercial, além dos elementos comuns e outros a juízo dos interessados, constarão obrigatoriamente: a) condições e requisitos gerais da representação; b) indicação genérica ou específica dos produtos ou artigos objeto da representação; c) prazo certo ou indeterminado da representação; d) indicação da zona ou zonas em que será exercida a representação; e) garantia ou não, parcial ou total, ou por certo prazo, da exclusividade de zona ou setor de zona; f) retribuição e época do pagamento, pelo exercício da representação, depen-dente da efetiva realização dos negócios, e recebimento, ou não, pelo representado, dos valôres respectivos; g) os casos em que se justifique a restrição de zona concedida com exclusividade; h) obrigações e responsabilidades das partes contratantes: i) exercício exclusivo ou não da repre-sentação a favor do representado; j) indenização devida ao representante pela rescisão do con-trato fora dos casos previstos no art. 35, cujo montante não poderá ser inferior a 1/12 (um doze avos) do total da retribuição auferida durante o tempo em que exerceu a representação. §1° Na hipótese de contrato a prazo certo, a indenização corresponderá à importância equivalente à média mensal da retribuição auferida até a data da rescisão, multiplicada pela metade dos meses resultantes do prazo contratual. §2° O contrato com prazo determinado, uma vez prorrogado o prazo inicial, tácita ou expressamente, torna-se a prazo indeterminado. §3° Considera-se por pra-zo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de seis meses, a outro contrato, com ou sem determinação de prazo.

Art. 28. O representante comercial fica obrigado a fornecer ao representado, segundo as dis-posições do contrato ou, sendo êste omisso, quando lhe fôr solicitado, informações detalhadas sôbre o andamento dos negócios a seu cargo, devendo dedicar-se à representação, de modo a expandir os negócios do representado e promover os seus produtos.

Art. 29. Salvo autorização expressa, não poderá o representante conceder abatimentos, des-contos ou dilações, nem agir em desacôrdo com as instruções do representado.

Art. 30. Para que o representante possa exercer a representação em Juízo, em nome do repre-sentado, requer-se mandato expresso. Incumbir-lhe-á porém, tomar conhecimento das reclama-ções atinentes aos negócios, transmitindo-as ao representado e sugerindo as providências acau-teladoras do interêsse dêste. Parágrafo único. O representante, quanto aos atos que praticar, responde segundo as normas do contrato e, sendo êste omisso, na conformidade do direito co-mum.

Art. 31. Prevendo o contrato de representação a exclusividade de zona ou zonas, fará jus o re-presentante à comissão pelos negócios aí realizados, ainda que diretamente pelo representado ou por intermédio de terceiros. Parágrafo único. A exclusividade de zona ou representações não se presume, na ausência de ajuste expresso.

Art. 31. Prevendo o contrato de representação a exclusividade de zona ou zonas, ou quando este for omisso, fará jus o representante à comissão pelos negócios aí realizados, ainda que dire-tamente pelo representado ou por intermédio de terceiros. Parágrafo único. A exclusividade de representação não se presume na ausência de ajustes expressos.

Art. 32. O representante comercial adquire o direito às comissões quando do pagamento dos pedidos ou propostas. §1° O pagamento das comissões deverá ser efetuado até o dia 15 do mês subseqüente ao da liquidação da fatura, acompanhada das respectivas cópias das notas fiscais. §2° As comissões pagas fora do prazo previsto no parágrafo anterior deverão ser corrigidas mo-netariamente. §3° É facultado ao representante comercial emitir títulos de créditos para cobran-ça de comissões. §4° As comissões deverão ser calculadas pelo valor total das mercadorias. §5° Em caso de rescisão injusta do contrato por parte do representando, a eventual retribuição pen-dente, gerada por pedidos em carteira ou em fase de execução e recebimento, terá vencimento na data da rescisão. §6° (Vetado). §7° São vedadas na representação comercial alterações que impliquem, direta ou indiretamente, a diminuição da média dos resultados auferidos pelo repre-sentante nos últimos seis meses de vigência.

Art. 33. Não sendo previstos, no contrato de representação, os prazos para recusa das propos-tas ou pedidos, que hajam sido entregues pelo representante, acompanhados dos requisitos exi-gíveis, ficará o representado obrigado a creditar-lhe a respectiva comissão, se não manifestar a recusa, por escrito, nos prazos de 15, 30, 60 ou 120 dias, conforme se trate de comprador domi-ciliado, respectivamente, na mesma praça, em outra do mesmo Estado, em outro Estado ou no estrangeiro. §1º Nenhuma retribuição será devida ao representante comercial, se a falta de pa-

Representação Comercial ou Agência

25

Anotações

gamento resultar de insolvência do comprador, bem como se o negócio vier a ser por êle desfeito ou fôr sustada a entrega de mercadorias devido à situação comercial do comprador, capaz de comprometer ou tornar duvidosa a liquidação. §2º Salvo ajuste em contrário, as comissões devi-das serão pagas mensalmente, expedindo o representado a conta respectiva, conforme cópias das faturas remetidas aos compradores, no respectivo período. §3° Os valores das comissões para efeito tanto do pré-aviso como da indenização, prevista nesta lei, deverão ser corrigidos monetariamente.

Art. 40. Dentro de cento e oitenta (180) dias da publicação da presente lei, serão formalizadas, entre representado e representantes, em documento escrito, as condições das representações comerciais vigentes. Parágrafo único. A indenização devida pela rescisão dos contratos de repre-sentação comercial vigentes na data desta lei, fora dos casos previstos no art. 35, e quando as partes não tenham usado da faculdade prevista neste artigo, será calculada, sôbre a retribuição percebida, pelo representante, nos últimos cinco anos anteriores à vigência desta lei.

Art. 41. Ressalvada expressa vedação contratual, o representante comercial poderá exercer sua atividade para mais de uma empresa e empregá-la em outros mistéres ou ramos de negó-cios.

Art. 42. Observadas as disposições constantes do artigo anterior, é facultado ao representante contratar com outros representantes comerciais a execução dos serviços relacionados com a re-presentação. §1° Na hipótese deste artigo, o pagamento das comissões a representante comerci-al contratado dependerá da liquidação da conta de comissão devida pelo representando ao re-presentante contratante. §2° Ao representante contratado, no caso de rescisão de representa-ção, será devida pelo representante contratante a participação no que houver recebido da repre-sentada a título de indenização e aviso prévio, proporcionalmente às retribuições auferidas pelo representante contratado na vigência do contrato. §3° Se o contrato referido no caput deste arti-go for rescindido sem motivo justo pelo representante contratante, o representante contratado fará jus ao aviso prévio e indenização na forma da lei. §4° Os prazos de que trata o art. 33 desta lei são aumentados em dez dias quando se tratar de contrato realizado entre representantes comerciais.

Art. 43. É vedada no contrato de representação comercial a inclusão de cláusulas del credere.

Art. 44. No caso de falência do representado as importâncias por ele devidas ao representante comercial, relacionadas com a representação, inclusive comissões vencidas e vincendas, indeni-zação e aviso prévio, serão considerados créditos da mesma natureza dos créditos trabalhistas. Parágrafo único. Prescreve em cinco anos a ação do representante comercial para pleitear a re-tribuição que lhe é devida e os demais direitos que lhe são garantidos por esta lei.

Art. 45. Não constitui motivo justo para rescisão do contrato de representação comercial o im-pedimento temporário do representante comercial que estiver em gozo do benefício de auxílio-doença concedido pela previdência social.

Art. 46. Os valores a que se referem a alínea j do art. 27, o §5° do art. 32 e o art. 34 desta lei serão corrigidos monetariamente com base na variação dos BTNs ou por outro indexador que venha a substituí-los e legislação ulterior aplicável à matéria.

INFOGRÁFICO 22: MANIFESTAÇÃO DO REPRESENTADO

Manifestação do Representado

Prazo

Contratual Legal (supletiva)

Mesma Praça: 15 dias

Mesmo Estado: 30 dias

Outro Estado: 60 dias

Exterior: 120 dias

Ausência de Recusa por Escrito

Representado é obrigado a pagar a

respectiva comissão

Representação Comercial ou Agência

26

Anotações

Lei nº 4.886/1965

Art. 33. Não sendo previstos, no contrato de representação, os prazos para recusa das propos-tas ou pedidos, que hajam sido entregues pelo representante, acompanhados dos requisitos exi-gíveis, ficará o representado obrigado a creditar-lhe a respectiva comissão, se não manifestar a recusa, por escrito, nos prazos de 15, 30, 60 ou 120 dias, conforme se trate de comprador domi-ciliado, respectivamente, na mesma praça, em outra do mesmo Estado, em outro Estado ou no estrangeiro. §1º Nenhuma retribuição será devida ao representante comercial, se a falta de pa-gamento resultar de insolvência do comprador, bem como se o negócio vier a ser por êle desfeito ou fôr sustada a entrega de mercadorias devido à situação comercial do comprador, capaz de comprometer ou tornar duvidosa a liquidação. §2º Salvo ajuste em contrário, as comissões devi-das serão pagas mensalmente, expedindo o representado a conta respectiva, conforme cópias das faturas remetidas aos compradores, no respectivo período. §3° Os valores das comissões para efeito tanto do pré-aviso como da indenização, prevista nesta lei, deverão ser corrigidos monetariamente.

INFOGRÁFICO 23: RESOLUÇÃO DO CONTRATO

Lei nº 4.886/1965

Art. 34. A denúncia, por qualquer das partes, sem causa justificada, do contrato de representa-ção, ajustado por tempo indeterminado e que haja vigorado por mais de seis meses, obriga o denunciante, salvo outra garantia prevista no contrato, à concessão de pré-aviso, com antece-dência mínima de trinta dias, ou ao pagamento de importância igual a um têrço (1/3) das comis-sões auferidas pelo representante, nos três meses anteriores.

Art. 35. Constituem motivos justos para rescisão do contrato de representação comercial, pelo representado: a) a desídia do representante no cumprimento das obrigações decorrentes do contrato; b) a prática de atos que importem em descrédito comercial do representado; c) a falta de cumprimento de quaisquer obrigações inerentes ao contrato de representação comercial; d) a condenação definitiva por crime considerado infamante; e) fôrça maior.

Art. 36. Constituem motivos justos para rescisão do contrato de representação comercial, pelo representante: a) redução de esfera de atividade do representante em desacôrdo com as cláusu-las do contrato; b) a quebra, direta ou indireta, da exclusividade, se prevista no contrato; c) a fixação abusiva de preços em relação à zona do representante, com o exclusivo escopo de impos-sibilitar-lhe ação regular; d) o não-pagamento de sua retribuição na época devida; e) fôrça maior.

Art. 37. Sòmente ocorrendo motivo justo para a rescisão do contrato, poderá o representado reter comissões devidas ao representante, com o fim de ressarcir-se de danos por êste causados e, bem assim, nas hipóteses previstas no art. 35, a título de compensação.

Resolução do Contrato

Motivada

Justo Motivo do Representante: art.

36

Justo Motivo do Representado: art.

35

Imotivada

Contrato >6 meses

Pré-aviso de 30 dias ou

Pagamento de 1/3 das comissões nos 3 meses anteriores

Contrato ≤6 meses

Desnecessários pré-aviso e indenização

Representação Comercial ou Agência

27

Anotações

INFOGRÁFICO 24: FORO COMPETENTE

Lei nº 4.886/1965

Art. 39. Para julgamento das controvérsias que surgirem entre representante e representado é competente a Justiça Comum e o foro do domicílio do representante, aplicando-se o procedi-mento sumaríssimo previsto no art. 275 do Código de Processo Civil, ressalvada a competência do Juizado de Pequenas Causas.

Foro Competente

Art. 39

Justiça Comum

Foro do domicílio do Representante

STJ admite foro de eleição

Inexistindo hipossuficiência

Não obstaculizar acesso à justiça

EC45/2004

Justiça do Traba-lho é incompe-tente (relação empresarial)

Concessão Mercantil

28

Anotações

Unidade 5

CONCESSÃO MERCANTIL

INFOGRÁFICO 25: CONCESSÃO MERCANTIL

INFOGRÁFICO 26: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Lei nº 6.729/1979

Art. 1º A distribuição de veículos automotores, de via terrestre, efetivar-se-á através de con-cessão comercial entre produtores e distribuidores disciplinada por esta Lei e, no que não a con-trariem, pelas convenções nela previstas e disposições contratuais.

Art. 2° Consideram-se: I - produtor, a empresa industrial que realiza a fabricação ou montagem de veículos automotores; II - distribuidor, a empresa comercial pertencente à respectiva catego-ria econômica, que realiza a comercialização de veículos automotores, implementos e compo-nentes novos, presta assistência técnica a esses produtos e exerce outras funções pertinentes à atividade; III - veículo automotor, de via terrestre, o automóvel, caminhão, ônibus, trator, moto-cicleta e similares; IV - implemento, a máquina ou petrecho que se acopla o veículo automotor, na interação de suas finalidades; V - componente, a peça ou conjunto integrante do veículo au-

Concessão Mercantil

Conceito

Contrato pelo qual o Concessionário se

obriga a comercializar produtos fabricados

pelo Concedente

Disciplina Jurídica

Concessão Comercial em Geral

Contrato Atípico

Concessão Comercial de Veículos Automo-

tores Terrestres

Lei nº 6.729/1979

Concessão Mercantil

Subordinação

Acentuada

Venda de Produtos Assistência Técnica aos consumidores

Cláusulas Essenciais

Exclusividade de Distribuição

Exclusividade de noza ou

territorialidade

Concessão Mercantil

29

Anotações

tomotor ou implemento de série; VI - máquina agrícola, a colheitadeira, a debulhadora, a trilha-deira e demais aparelhos similares destinados à agricultura, automotrizes ou acionados por tra-tor ou outra fonte externa; VII - implemento agrícola, o arado, a grade, a roçadeira e demais pe-trechos destinados à agricultura; VIII - serviço autorizado, a empresa comercial que presta servi-ços de assistência a proprietários de veículos automotores, assim como a empresa que comercia-liza peças e componentes. §1° Para os fins desta lei: a) intitula-se também o produtor de conce-dente e o distribuidor de concessionário; b) entende-se por trator aquele destinado a uso agríco-la, capaz também de servir a outros fins, excluídos os tratores de esteira, as motoniveladoras e as máquinas rodoviárias para outras destinações; c) caracterizar-se-ão as diversas classes de veícu-los automotores pelas categorias econômicas de produtores e distribuidores, e os produtos, dife-renciados em cada marca, pelo produtor e sua rede de distribuição, em conjunto. §2° Excetuam-se da presente lei os implementos e máquinas agrícolas caracterizados neste artigo, incisos VI e VII, que não sejam fabricados por produtor definido no inciso I.

Art . 3º Constitui objeto de concessão: I - a comercialização de veículos automotores, imple-mentos e componentes fabricados ou fornecidos pelo produtor; Il - a prestação de assistência técnica a esses produtos, inclusive quanto ao seu atendimento ou revisão; III - o uso gratuito de marca do concedente, como identificação. §1º A concessão poderá, em cada caso: a) ser estabe-lecida para uma ou mais classes de veículos automotores; b) vedar a comercialização de veículos automotores novos fabricados ou fornecidos por outro produtor. §2º Quanto aos produtos lan-çados pelo concedente: a) se forem da mesma classe daqueles compreendidos na concessão, ficarão nesta incluídos automaticamente; b) se forem de classe diversa, o concessionário terá preferência em comercializá-los, se atender às condições prescritas pelo concedente para esse fim. §3º É facultado ao concessionário participar das modalidades auxiliares de venda que o con-cedente promover ou adotar, tais como consórcios, sorteios, arrendamentos mercantis e planos de financiamento.

Art . 4º Constitui direito do concessionário também a comercialização de: I - implementos e componentes novos produzidos ou fornecidos por terceiros, respeitada, quanto aos componen-tes, a disposição do art. 8º; II - mercadorias de qualquer natureza que se destinem a veículo au-tomotor, implemento ou à atividade da concessão; III - veículos automotores e implementos usados de qualquer marca. Parágrafo único. Poderá o concessionário ainda comercializar outros bens e prestar outros serviços, compatíveis com a concessão.

Art. 5° São inerentes à concessão: I - área operacional de responsabilidade do concessionário para o exercício de suas atividades; II - distâncias mínimas entre estabelecimentos de concessio-nários da mesma rede, fixadas segundo critérios de potencial de mercado. §1° A área poderá conter mais de um concessionário da mesma rede. §2° O concessionário obriga-se à comerciali-zação de veículos automotores, implementos, componentes e máquinas agrícolas, de via terres-tre, e à prestação de serviços inerentes aos mesmos, nas condições estabelecidas no contrato de concessão comercial, sendo-lhe defesa a prática dessas atividades, diretamente ou por intermé-dio de prepostos, fora de sua área demarcada. §3° O consumidor, à sua livre escolha, poderá proceder à aquisição dos bens e serviços a que se refere esta lei em qualquer concessionário. §4° Em convenção de marca serão fixados os critérios e as condições para ressarcimento da conces-sionária ou serviço autorizado que prestar os serviços de manutenção obrigatórios pela garantia do fabricante, vedada qualquer disposição de limite à faculdade prevista no parágrafo anterior.

Art. 6° É assegurada ao concedente a contratação de nova concessão: I - se o mercado de veí-culos automotores novos da marca, na área delimitada, apresentar as condições justificadoras da contratação que tenham sido ajustadas entre o produtor e sua rede de distribuição; II - pela ne-cessidade de prover vaga de concessão extinta. §1° Na hipótese do inciso I deste artigo, o con-cessionário instalado na área concorrerá com os demais interessados, em igualdade de condi-ções. §2° A nova contratação não se poderá estabelecer em condições que de algum modo pre-judiquem os concessionários da marca.

Art . 7º Compreende-se na concessão a quota de veículos automotores assim estabelecida: I - o concedente estimará sua produção destinada ao mercado interno para o período anual subse-qüente, por produto diferenciado e consoante a expectativa de mercado da marca; II - a quota corresponderá a uma parte da produção estimada, compondo-se de produtos diferenciados, e independentes entre si, inclusive quanto às respectivas quantidades; Ill - o concedente e o con-

Concessão Mercantil

30

Anotações

cessionário ajustarão a quota que a este caberá, consoante a respectiva capacidade empresarial e desempenho de comercialização e conforme a capacidade do mercado de sua área demarcada. §1º O ajuste da quota independe dos estoques mantidos pelo concessionário, nos termos da pre-sente Lei. §2º A quota será revista anualmente, podendo reajustar-se conforme os elementos constantes dos incisos deste artigo e a rotatividade dos estoques do concessionário. §3º Em seu atendimento, a quota de veículos automotores comportará ajustamentos decorrentes de even-tual diferença entre a produção efetiva e a produção estimada. §4º É facultado incluir na quota os veículos automotores comercializados através das modalidades auxiliares de venda a que se refere o art. 3º, § 3º.

Art. 8° Integra a concessão o índice de fidelidade de compra de componentes dos veículos au-tomotores que dela faz parte, podendo a convenção de marca estabelecer percentuais de aquisi-ção obrigatória pelos concessionários. Parágrafo único. Não estão sujeitas ao índice de fidelidade de compra ao concedente as aquisições que o concessionário fizer: a) de acessórios para veículos automotores b) de implementos de qualquer natureza e máquinas agrícolas.

Art 9º Os pedidos do concessionário e os fornecimentos do concedente deverão corresponder à quota de veículos automotores e enquadrar-se no índice de fidelidade de componentes. §1º Os fornecimentos do concedente se circunscreverão a pedidos formulados por escrito e respeitarão os limites mencionados no art. 10, §§ 1º e 2º. §2º O concedente deverá atender ao pedido no prazo fixado e, se não o fizer, poderá o concessionário cancelá-lo. §3º Se o concedente não aten-der os pedidos de componentes, o concessionário ficará desobrigado do índice de fidelidade a que se refere o art. 8º, na proporção do desatendimento verificado.

Art. 10. O concedente poderá exigir do concessionário a manutenção de estoque proporcional à rotatividade dos produtos novos, objeto da concessão, e adequado à natureza dos clientes do estabelecimento, respeitados os limites prescritos nos §§ 1º e 2º seguintes. §1º É facultado ao concessionário limitar seu estoque: a) de veículos automotores em geral a sessenta e cinco por cento e de caminhões em particular a trinta por cento da atribuição mensal das respectivas quo-tas anuais por produto diferenciado, ressalvado o disposto na alínea b seguinte; b) de tratores, a quatro por cento da quota anual de cada produto diferenciado; c) de implementos, a cinco por cento do valor das respectivas vendas que houver efetuado nos últimos doze meses; d) de com-ponentes, o valor que não ultrapasse o preço pelo qual adquiriu aqueles que vendeu a varejo nos últimos três meses. §2º Para efeito dos limites previstos no parágrafo anterior, em suas alíneas a e b , a cada seis meses será comparada a quota com a realidade do mercado do concessionário, segundo a comercialização por este efetuada, reduzindo-se os referidos limites na proporção de eventual diferença a menor das vendas em relação às atribuições mensais, consoante os critérios estipulados entre produtor e sua rede de distribuição. §3º O concedente reparará o concessioná-rio do valor do estoque de componentes que alterar ou deixar de fornecer, mediante sua recom-pra por preço atualizado à rede de distribuição ou substituição pelo sucedâneo ou por outros indicados pelo concessionário, devendo a reparação dar-se em um ano da ocorrência do fato.

Art. 11. O pagamento do preço das mercadorias fornecidas pelo concedente não poderá ser exigido, no todo ou em parte, antes do faturamento, salvo ajuste diverso entre o concedente e sua rede de distribuição. Parágrafo único. Se o pagamento da mercadoria preceder a sua saída, esta se dará até o sexto dia subseqüente àquele ato.

Art. 12. O concessionário só poderá realizar a venda de veículos automotores novos direta-mente a consumidor, vedada a comercialização para fins de revenda. Parágrafo único. Ficam excluídas da disposição deste artigo: a) operações entre concessionários da mesma rede de dis-tribuição que, em relação à respectiva quota, não ultrapassem quinze por cento quanto a cami-nhões e dez por cento quanto aos demais veículos automotores; b) vendas que o concessionário destinar ao mercado externo.

Art. 13. É livre o preço de venda do concessionário ao consumidor, relativamente aos bens e serviços objeto da concessão dela decorrentes. 1° Os valores do frete, seguro e outros encargos variáveis de remessa da mercadoria ao concessionário e deste ao respectivo adquirente deverão ser discriminados, individualmente, nos documentos fiscais pertinentes. 2º Cabe ao concedente fixar o preço de venda aos concessionários, preservando sua uniformidade e condições de paga-mento para toda a rede de distribuição.

Concessão Mercantil

31

Anotações

Art . 15. O concedente poderá efetuar vendas diretas de veículos automotores. I - independen-temente da atuação ou pedido de concessionário: a) à Administração Pública, direta ou indireta, ou ao Corpo Diplomático; b) a outros compradores especiais, nos limites que forem previamente ajustados com sua rede de distribuição; lI - através da rede de distribuição: a) às pessoas indica-das no inciso I, alínea a , incumbindo o encaminhamento do pedido a concessionário que tenha esta atribuição; b) a frotistas de veículos automotores, expressamente caracterizados, cabendo unicamente aos concessionários objetivar vendas desta natureza; c) a outros compradores espe-ciais, facultada a qualquer concessionário a apresentação do pedido. §1º Nas vendas diretas, o concessionário fará jus ao valor da contraprestação relativa aos serviços de revisão que prestar, na hipótese do inciso I, ou ao valor da margem de comercialização correspondente à mercadoria vendida, na hipótese do inciso Il deste artigo. §2º A incidência das vendas diretas através de con-cessionário, sobre a respectiva quota de veículos automotores, será estipulada entre o conceden-te e sua rede de distribuição. Art. 16. A concessão compreende ainda o resguardo de integridade da marca e dos interesses coletivos do concedente e da rede de distribuição, ficando vedadas: I - prática de atos pelos quais o concedente vincule o concessionário a condições de subordinação econômica, jurídica ou administrativa ou estabeleça interferência na gestão de seus negócios; II - exigência entre concedente e concessionário de obrigação que não tenha sido constituída por escrito ou de garantias acima do valor e duração das obrigações contraídas; III - diferenciação de tratamento entre concedente e concessionário quanto a encargos financeiros e quanto a prazo de obrigações que se possam equiparar.

Art. 17. As relações objeto desta Lei serão também reguladas por convenção que, mediante so-licitação do produtor ou de qualquer uma das entidades adiante indicadas, deverão ser celebra-das com força de lei, entre: I - as categorias econômicas de produtores e distribuidores de veícu-los automotores, cada uma representada pela respectiva entidade civil ou, na falta desta, por outra entidade competente, qualquer delas sempre de âmbito nacional, designadas convenções das categorias econômicas; II - cada produtor e a respectiva rede de distribuição, esta através da entidade civil de âmbito nacional que a represente, designadas convenções da marca. §1º Qual-quer dos signatários dos atos referidos neste artigo poderá proceder ao seu registro no Cartório competente do Distrito Federal e à sua publicação no Diário Oficial da União, a fim de valerem contra terceiros em todo território nacional. §2º Independentemente de convenções, a entidade representativa da categoria econômica ou da rede de distribuição da respectiva marca poderá diligenciar a solução de dúvidas e controvérsias, no que tange às relações entre concedente e concessionário.

Art. 18. Celebrar-se-ão convenções das categorias econômicas para: I - explicitar princípios e normas de interesse dos produtores e distribuidores de veículos automotores; Il - declarar a en-tidade civil representativa de rede de distribuição; III - resolver, por decisão arbitral, as questões que lhe forem submetidas pelo produtor e a entidade representativa da respectiva rede de dis-tribuição; IV - disciplinar, por juízo declaratório, assuntos pertinentes às convenções da marca, por solicitação de produtor ou entidade representativa da respectiva rede de distribuição.

Art . 19. Celebrar-se-ão convenções da marca para estabelecer normas e procedimentos relati-vos a: I - atendimento de veículos automotores em garantia ou revisão (art. 3º, inciso II); II - uso gratuito da marca do concedente (art. 3º, inciso IlI); III - inclusão na concessão de produtos lan-çados na sua vigência e modalidades auxiliares de venda (art. 3º § 2º, alínea a ; § 3º); IV - Comer-cialização de outros bens e prestação de outros serviços (art. 4º, parágrafo único); V - fixação de área demarcada e distâncias mínimas, abertura de filiais e outros estabelecimentos (art. 5º, inci-sos I e II; § 4º); VI - venda de componentes em área demarcada diversa (art. 5º, § 3º); VII - novas concessões e condições de mercado para sua contratação ou extinção de concessão existente (art. 6º, incisos I e II); VIII - quota de veículos automotores, reajustes anuais, ajustamentos cabí-veis, abrangência quanto a modalidades auxiliares de venda (art. 7º, §§ 1º, 2º, 3º e 4º) e incidên-cia de vendas diretas (art. 15, § 2º); IX - pedidos e fornecimentos de mercadoria (art. 9º); X - es-toques do concessionário (art. 10 e §§ 1º e 2º); XI - alteração de época de pagamento (art. 11); XII - cobrança de encargos sobre o preço da mercadoria (art. 13, parágrafo único); XIII - margem de comercialização, inclusive quanto a sua alteração em casos excepecionais (art. 14 e parágrafo único), seu percentual atribuído a concessionário de domicílio do comprador (art. 5º § 2º); XIV - vendas diretas, com especificação de compradores especiais, limites das vendas pelo concedente sem mediação de concessionário, atribuição de faculdade a concessionários para venda à Admi-

Concessão Mercantil

32

Anotações

nistração Pública e ao Corpo Diplomático, caracterização de frotistas de veículos automotores, valor de margem de comercialização e de contraprestação de revisões, demais regras de proce-dimento (art. 15, § 1º); XV - regime de penalidades gradativas (art. 22, § 1º); XVI - especificação de outras reparações (art. 24, inciso IV); XVII - contratações para prestação de assistência técnica e comercialização de componentes (art. 28); XVIII - outras matérias previstas nesta Lei e as que as partes julgarem de interesse comum.

Art. 20. A concessão comercial entre produtores e distribuidores de veículos automotores será ajustada em contrato que obedecerá forma escrita padronizada para cada marca e especificará produtos, área demarcada, distância mínima e quota de veículos automotores, bem como as condições relativas a requisitos financeiros, organização administrativa e contábil, capacidade técnica, instalações, equipamentos e mão-de-obra especializada do concessionário.

Art. 21. A concessão comercial entre produtor e distribuidor de veículos automotores será de prazo indeterminando e somente cessará nos termos desta Lei. Parágrafo único. O contrato po-derá ser inicialmente ajustado por prazo determinado, não inferior a cinco anos, e se tornará automaticamente de prazo indeterminado se nenhuma das partes manifestar à outra a intenção de não prorrogá-lo, antes de cento e oitenta dias do seu termo final e mediante notificação por escrito devidamente comprovada.

Art. 22. Dar-se-á a resolução do contrato: I - por acordo das partes ou força maior; Il - pela ex-piração do prazo determinado, estabelecido no início da concessão, salvo se prorrogado nos ter-mos do artigo 21, parágrafo único; III - por iniciativa da parte inocente, em virtude de infração a dispositivo desta Lei, das convenções ou do próprio contrato, considerada infração também a cessação das atividades do contraente. §1º A resolução prevista neste artigo, inciso III, deverá ser precedida da aplicação de penalidades gradativas. §2º Em qualquer caso de resolução contratual, as partes disporão do prazo necessário à extinção das suas relações e das operações do concessi-onário, nunca inferior a cento e vinte dias, contados da data da resolução.

Art. 23. O concedente que não prorrogar o contrato ajustado nos termos do art. 21, parágrafo único, ficará obrigado perante o concessionário a: I - readquirir-lhe o estoque de veículos auto-motores e componentes novos, estes em sua embalagem original, pelo preço de venda à rede de distribuição, vigente na data de reaquisição: II - comprar-lhe os equipamentos, máquinas, ferra-mental e instalações à concessão, pelo preço de mercado correspondente ao estado em que se encontrarem e cuja aquisição o concedente determinara ou dela tivera ciência por escrito sem lhe fazer oposição imediata e documentada, excluídos desta obrigação os imóveis do concessio-nário. Parágrafo único. Cabendo ao concessionário a iniciativa de não prorrogar o contrato, fica-rá desobrigado de qualquer indenização ao concedente.

Art. 24. Se o concedente der causa à rescisão do contrato de prazo indeterminado, deverá re-parar o concessionário: I - readquirindo-lhe o estoque de veículos automotores, implementos e componentes novos, pelo preço de venda ao consumidor, vigente na data da rescisão contratual; II - efetuando-lhe a compra prevista no art. 23, inciso II; III - pagando-lhe perdas e danos, à razão de quatro por cento do faturamento projetado para um período correspondente à soma de uma parte fixa de dezoito meses e uma variável de três meses por quinqüênio de vigência da conces-são, devendo a projeção tomar por base o valor corrigido monetariamente do faturamento de bens e serviços concernentes a concessão, que o concessionário tiver realizado nos dois anos anteriores à rescisão; IV - satisfazendo-lhe outras reparações que forem eventualmente ajusta-das entre o produtor e sua rede de distribuição.

Art. 25. Se a infração do concedente motivar a rescisão do contrato de prazo determinado, previsto no art. 21, parágrafo único, o concessionário fará jus às mesmas reparações estabeleci-das no artigo anterior, sendo que: I - quanto ao inciso III, será a indenização calculada sobre o faturamento projetado até o término do contrato e, se a concessão não tiver alcançado dois anos de vigência, a projeção tomará por base o faturamento até então realizado; Il - quanto ao inciso IV, serão satisfeitas as obrigações vincendas até o termo final do contrato rescindido.

Art. 26. Se o concessionário der causa à rescisão do contrato, pagará ao concedente a indeni-zação correspondente a cinco por cento do valor total das mercadorias que dele tiver adquirido nos últimos quatro meses de contrato.

Concessão Mercantil

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Anotações

Art. 27. Os valores devidos nas hipóteses dos artigos 23, 24, 25 e 26 deverão ser pagos dentro de sessenta dias da data da extinção da concessão e, no caso de mora, ficarão sujeitos a correção monetária e juros legais, a partir do vencimento do débito.

Art. 28. O concedente poderá contratar, com empresa reparadora de veículos ou vendedora de componentes, a prestação de serviços de assistência ou a comercialização daqueles, exceto a distribuição de veículos novos, dando-lhe a denominação de serviço autorizado. Parágrafo único. Às contratações a que se refere este artigo serão aplicados, no que couber, os dispositivos desta lei.

Art. 29. As disposições do art. 66 da Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965, com a redação dada pelo Decreto Lei nº 911, de 1º de outubro de 1969, não se aplicam às operações de compra de mercadorias pelo concessionário, para fins de comercialização.

Art. 30. A presente Lei aplica-se às situações existentes entre concedentes e concessionários, sendo consideradas nulas as cláusulas dos contratos em vigor que a contrariem. §1º As redes de distribuição e os concessionários individualmente continuarão a manter os direitos e garantias que lhes estejam assegurados perante os respectivos produtores por ajustes de qualquer nature-za, especialmente no que se refere a áreas demarcadas e quotas de veículos automotores, res-salvada a competência da convenção da marca para modificação de tais ajustes. §2º As entidades civis a que se refere o art. 17, inciso II, existentes à data em que esta Lei entrar em vigor, repre-sentarão a respectiva rede de distribuição.

Art. 31. Tornar-se-ão de prazo indeterminado, nos termos do art. 21, as relações contratuais entre produtores e distribuidores de veículos automotores que já tiverem somado três anos de vigência à data em que a presente Lei entrar em vigor.

Art. 32. Se não estiver completo o lapso de três anos a que se refere o artigo anterior, o distri-buidor poderá optar: I - pela prorrogação do prazo do contrato vigente por mais cinco anos, con-tados na data em que esta Lei entrar em vigor; II - pela conservação do prazo contratual vigente. §1º A opção a que se refere este artigo deverá ser feita em noventa dias, contados da data em que esta Lei entrar em vigor, ou até o término do contrato, se menor prazo lhe restar. §2º Se a opção não se realizar, prevalecerá o prazo contratual vigente. §3º Tornar-se-á de prazo indeter-minado, nos termos do art. 21, o contrato que for prorrogado até cento e oitenta dias antes do vencimento dos cinco anos, na hipótese do inciso I, ou até a data do seu vencimento, na hipótese do inciso II ou do § 2º, deste artigo. §4º Aplicar-se-á o disposto no art. 23, se o contrato não for prorrogado nos prazos mencionados no parágrafo anterior.

Art. 33. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em con-trário.

Franquia (Franchising)

34

Anotações

Unidade 6

FRANQUIA (FRANCHISING)

INFOGRÁFICO 27: FRANQUIA

Lei nº 8.955/1994

Art. 2º A Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o di-reito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício.

INFOGRÁFICO 28: OBJETO DO CONTRATO DE FRANQUIA

Franquia

Conceito

Lei nº 8.955/1994, art. 2º

Franqueador

Expande seus negócios e divulga suas marcas sem investir na construção de novos pontos de negócio

Franqueado

Empreende, aproveitando a forma e experiência

administrativas do Franqueador

Objeto do Contrato

Cessão de uso de marca ou patente

Serviços de organização empresarial

Engineering Management Marketing

Distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços

Franquia (Franchising)

35

Anotações

INFOGRÁFICO 29: OBJETO DO CONTRATO DE FRANQUIA

Lei nº 8.955/1994

Art. 6º O contrato de franquia deve ser sempre escrito e assinado na presença de 2 (duas) tes-temunhas e terá validade independentemente de ser levado a registro perante cartório ou órgão público.

Lei nº 9.279/1996

Art. 211. O INPI fará o registro dos contratos que impliquem transferência de tecnologia, con-tratos de franquia e similares para produzirem efeitos em relação a terceiros. Parágrafo único. A decisão relativa aos pedidos de registro de contratos de que trata este artigo será proferida no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data do pedido de registro.

INFOGRÁFICO 30: CIRCULAR DE OFERTA DE FRANQUIA

Lei nº 8.955/1994

Art. 3º Sempre que o franqueador tiver interesse na implantação de sistema de franquia em-presarial, deverá fornecer ao interessado em tornar-se franqueado uma circular de oferta de franquia, por escrito e em linguagem clara e acessível, contendo obrigatoriamente as seguintes informações: I - histórico resumido, forma societária e nome completo ou razão social do fran-queador e de todas as empresas a que esteja diretamente ligado, bem como os respectivos no-mes de fantasia e endereços; II - balanços e demonstrações financeiras da empresa franqueadora relativos aos dois últimos exercícios; III - indicação precisa de todas as pendências judiciais em que estejam envolvidos o franqueador, as empresas controladoras e titulares de marcas, paten-tes e direitos autorais relativos à operação, e seus subfranqueadores, questionando especifica-mente o sistema da franquia ou que possam diretamente vir a impossibilitar o funcionamento da franquia; IV - descrição detalhada da franquia, descrição geral do negócio e das atividades que serão desempenhadas pelo franqueado; V - perfil do franqueado ideal no que se refere a experi-ência anterior, nível de escolaridade e outras características que deve ter, obrigatória ou prefe-rencialmente; VI - requisitos quanto ao envolvimento direto do franqueado na operação e na administração do negócio; VII - especificações quanto ao: a) total estimado do investimento ini-

Contrato de Franquia

Requisitos de Validade

Forma Escrita 2 testemunhas

Eficácia perante terceiros

Registro no INPI

Circular de Oferta de Franquia (COF)

Obrigatoriedade de entrega com

antecedência mínima de 10 dias

Requisitos

Informações sobre o Franqueador

Informações sobre o negócio

Informações sobre os produtos e serviços

Franquia (Franchising)

36

Anotações

cial necessário à aquisição, implantação e entrada em operação da franquia; b) valor da taxa ini-cial de filiação ou taxa de franquia e de caução; e c) valor estimado das instalações, equipamen-tos e do estoque inicial e suas condições de pagamento; VIII - informações claras quanto a taxas periódicas e outros valores a serem pagos pelo franqueado ao franqueador ou a terceiros por este indicados, detalhando as respectivas bases de cálculo e o que as mesmas remuneram ou o fim a que se destinam, indicando, especificamente, o seguinte: a) remuneração periódica pelo uso do sistema, da marca ou em troca dos serviços efetivamente prestados pelo franqueador ao franqueado (royalties); b) aluguel de equipamentos ou ponto comercial; c) taxa de publicidade ou semelhante; d) seguro mínimo; e e) outros valores devidos ao franqueador ou a terceiros que a ele sejam ligados; IX - relação completa de todos os franqueados, subfranqueados e subfran-queadores da rede, bem como dos que se desligaram nos últimos doze meses, com nome, ende-reço e telefone; X - em relação ao território, deve ser especificado o seguinte: a) se é garantida ao franqueado exclusividade ou preferência sobre determinado território de atuação e, caso po-sitivo, em que condições o faz; e b) possibilidade de o franqueado realizar vendas ou prestar ser-viços fora de seu território ou realizar exportações; XI - informações claras e detalhadas quanto à obrigação do franqueado de adquirir quaisquer bens, serviços ou insumos necessários à implan-tação, operação ou administração de sua franquia, apenas de fornecedores indicados e aprova-dos pelo franqueador, oferecendo ao franqueado relação completa desses fornecedores; XII - indicação do que é efetivamente oferecido ao franqueado pelo franqueador, no que se refere a: a) supervisão de rede; b) serviços de orientação e outros prestados ao franqueado; c) treinamen-to do franqueado, especificando duração, conteúdo e custos; d) treinamento dos funcionários do franqueado; e) manuais de franquia; f) auxílio na análise e escolha do ponto onde será instalada a franquia; e g) layout e padrões arquitetônicos nas instalações do franqueado; XIII - situação perante o Instituto Nacional de Propriedade Industrial - (INPI) das marcas ou patentes cujo uso estará sendo autorizado pelo franqueador; XIV - situação do franqueado, após a expiração do contrato de franquia, em relação a: a) know how ou segredo de indústria a que venha a ter aces-so em função da franquia; e b) implantação de atividade concorrente da atividade do franquea-dor; XV - modelo do contrato-padrão e, se for o caso, também do pré-contrato-padrão de fran-quia adotado pelo franqueador, com texto completo, inclusive dos respectivos anexos e prazo de validade.

Art. 4º A circular oferta de franquia deverá ser entregue ao candidato a franqueado no mínimo 10 (dez) dias antes da assinatura do contrato ou pré-contrato de franquia ou ainda do pagamen-to de qualquer tipo de taxa pelo franqueado ao franqueador ou a empresa ou pessoa ligada a este. Parágrafo único. Na hipótese do não cumprimento do disposto no caput deste artigo, o franqueado poderá argüir a anulabilidade do contrato e exigir devolução de todas as quantias que já houver pago ao franqueador ou a terceiros por ele indicados, a título de taxa de filiação e royalties, devidamente corrigidas, pela variação da remuneração básica dos depósitos de pou-pança mais perdas e danos.

Arrendamento Mercantil (Leasing)

37

Anotações

Unidade 7

ARRENDAMENTO MERCANTIL OU LEASING

INFOGRÁFICO 31: ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING)

Lei nº 6.099/1974

Art. 1º O tratamento tributário das operações de arrendamento mercantil reger-se-á pelas dis-posições desta Lei. Parágrafo único - Considera-se arrendamento mercantil, para os efeitos desta Lei, o negócio jurídico realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa física ou jurídica, na qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para uso próprio desta.

INFOGRÁFICO 32: ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING)

Lei nº 6.099/1974

Art. 5º Os contratos de arrendamento mercantil conterão as seguintes disposições: a) prazo do contrato; b) valor de cada contraprestação por períodos determinados, não superiores a um se-mestre; c) opção de compra ou renovação de contrato, como faculdade do arrendatário; d) preço para opção de compra ou critério para sua fixação, quando for estipulada esta cláusula. Parágra-fo único - Poderá o Conselho Monetário Nacional, nas operações que venha a definir, estabelecer que as contraprestações sejam estipuladas por períodos superiores aos previstos na alínea b des-te artigo.

Leasing

Conceito

Lei nº 6.099/1974,

art. 1º

Características

Locação

Móvel ou imóvel

Promessa de Venda da

arrendadora

Opção do arrendatário

Renovar a locação

Devolver o bem

Comprar o bem, pagando o valor residual

Requisitos do Contrato

Prazo de Duração

Bens de vida útil de até 5

anos

Mínimo de 2 anos

Bens de vida útil superior a

5 anos

Mínimo de 3 anos

Leasing Operacional

Mínimo de 90 dias

Valor do aluguel

Faculdade ao arrenda-tário pela opção de

compra ou renovação

do contrato

Preço da opção ou critérios para sua fixação

Arrendamento Mercantil (Leasing)

38

Anotações

Decreto-Lei nº 911/1969

Art. 2º. No caso de inadimplemento ou mora nas obrigações contratuais garantidas mediante alienação fiduciária, o proprietário fiduciário ou credor poderá vender a coisa a terceiros, inde-pendentemente de leilão, hasta pública, avaliação prévia ou qualquer outra medida judicial ou extrajudicial, salvo disposição expressa em contrário prevista no contrato, devendo aplicar o pre-ço da venda no pagamento de seu crédito e das despesas decorrentes e entregar ao devedor o saldo apurado, se houver, com a devida prestação de contas. §1º O crédito a que se refere o pre-sente artigo abrange o principal, juros e comissões, além das taxas, cláusula penal e correção monetária, quando expressamente convencionados pelas partes. §2º A mora decorrerá do sim-ples vencimento do prazo para pagamento e poderá ser comprovada por carta registrada com aviso de recebimento, não se exigindo que a assinatura constante do referido aviso seja a do próprio destinatário. §3º A mora e o inadimplemento de obrigações contratuais garantidas por alienação fiduciária, ou a ocorrência legal ou convencional de algum dos casos de antecipação de vencimento da dívida facultarão ao credor considerar, de pleno direito, vencidas tôdas as obriga-ções contratuais, independentemente de aviso ou notificação judicial ou extrajudicial. §4º Os procedimentos previstos no caput e no seu §2º aplicam-se às operações de arrendamento mer-cantil previstas na forma da Lei no 6.099, de 12 de setembro de 1974.

Art. 3º. O proprietário fiduciário ou credor poderá, desde que comprovada a mora, na forma estabelecida pelo §2º do art. 2º, ou o inadimplemento, requerer contra o devedor ou terceiro a busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente, a qual será concedida liminarmente, po-dendo ser apreciada em plantão judiciário. §1º Cinco dias após executada a liminar mencionada no caput, consolidar-se-ão a propriedade e a posse plena e exclusiva do bem no patrimônio do credor fiduciário, cabendo às repartições competentes, quando for o caso, expedir novo certifi-cado de registro de propriedade em nome do credor, ou de terceiro por ele indicado, livre do ônus da propriedade fiduciária. §2º No prazo do §1º, o devedor fiduciante poderá pagar a inte-gralidade da dívida pendente, segundo os valores apresentados pelo credor fiduciário na inicial, hipótese na qual o bem lhe será restituído livre do ônus. §3º O devedor fiduciante apresentará resposta no prazo de quinze dias da execução da liminar. §4º A resposta poderá ser apresentada ainda que o devedor tenha se utilizado da faculdade do §2º, caso entenda ter havido pagamento a maior e desejar restituição. §5º Da sentença cabe apelação apenas no efeito devolutivo. §6º Na sentença que decretar a improcedência da ação de busca e apreensão, o juiz condenará o credor fiduciário ao pagamento de multa, em favor do devedor fiduciante, equivalente a cinqüenta por cento do valor originalmente financiado, devidamente atualizado, caso o bem já tenha sido alie-nado. §7º A multa mencionada no §6º não exclui a responsabilidade do credor fiduciário por perdas e danos. §8º A busca e apreensão prevista no presente artigo constitui processo autôno-mo e independente de qualquer procedimento posterior. §9º Ao decretar a busca e apreensão de veículo, o juiz, caso tenha acesso à base de dados do Registro Nacional de Veículos Automoto-res - RENAVAM, inserirá diretamente a restrição judicial na base de dados do Renavam, bem co-mo retirará tal restrição após a apreensão. §10. Caso o juiz não tenha acesso à base de dados prevista no §9º, deverá oficiar ao departamento de trânsito competente para que: I - registre o gravame referente à decretação da busca e apreensão do veículo; e II - retire o gravame após a apreensão do veículo. §11. O juiz também determinará a inserção do mandado a que se refere o §9º em banco próprio de mandados. §12. A parte interessada poderá requerer diretamente ao juízo da comarca onde foi localizado o veículo com vistas à sua apreensão, sempre que o bem estiver em comarca distinta daquela da tramitação da ação, bastando que em tal requerimento conste a cópia da petição inicial da ação e, quando for o caso, a cópia do despacho que concedeu a busca e apreensão do veículo. §13. A apreensão do veículo será imediatamente comunicada ao juízo, que intimará a instituição financeira para retirar o veículo do local depositado no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas. §14. O devedor, por ocasião do cumprimento do manda-do de busca e apreensão, deverá entregar o bem e seus respectivos documentos. §15. As dispo-sições deste artigo aplicam-se no caso de reintegração de posse de veículos referente às opera-ções de arrendamento mercantil previstas na Lei no 6.099, de 12 de setembro de 1974.

Arrendamento Mercantil (Leasing)

39

Anotações

INFOGRÁFICO 33: ESPÉCIES DE LEASING

INFOGRÁFICO 34: LEASING FINANCEIRO OU BANCÁRIO

Lei nº 6.099/1974

Art. 11. Serão consideradas como custo ou despesa operacional da pessoa jurídica arrendatária as contraprestações pagas ou creditadas por força do contrato de arrendamento mercantil. §1º A aquisição pelo arrendatário de bens arrendados em desacordo com as disposições desta Lei, será considerada operação de compra e venda a prestação. §2º O preço de compra e venda, no caso do parágrafo anterior, será o total das contraprestações pagas durante a vigência do arrenda-mento, acrescido da parcela paga a título de preço de aquisição. §3º Na hipótese prevista no pa-rágrafo primeiro deste artigo, as importâncias já deduzidas, como custo ou despesa operacional pela adquirente, acrescerão ao lucro tributável pelo imposto de renda, no exercício correspon-dente à respectiva dedução. §4º O imposto não recolhido na hipótese do parágrafo anterior, será devido com acréscimo de juros e correção monetária, multa e demais penalidades legais.

Art. 12. Serão admitidas como custos das pessoas jurídicas arrendadoras as cotas de deprecia-ção do preço de aquisição de bem arrendado, calculadas de acordo com a vida útil do bem. §1º Entende-se por vida útil do bem o prazo durante o qual se possa esperar a sua efetiva utilização econômica. §2º A Secretaria da Receita Federal publicará periodicamente o prazo de vida útil admissível, em condições normais, para cada espécie de bem. §3º Enquanto não forem publica-dos os prazos de vida útil de que trata o parágrafo anterior, a sua determinação se fará segundo as normas previstas pela legislação do imposto de renda para fixação da taxa de depreciação.

Resolução nº 2.309/1996, do Banco Central do Brasil

Art. 5º. Considera-se arrendamento mercantil financeiro a modalidade em que: I - as contra-prestações e demais pagamentos previstos no contrato, devidos pela arrendatária, sejam nor-malmente suficientes para que a arrendadora recupere o custo do bem arrendado durante o prazo contratual da operação e, adicionalmente, obtenha um retorno sobre os recursos investi-dos; II - as despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos a operacionalidade do bem arrendado sejam de responsabilidade da arrendatária; III - o preço para o exercício da opção de compra seja livremente pactuado, podendo ser, inclusive, o valor de mercado do bem arrendado.

Formas (espécies) de leasing

Leasing Financeiro ou Bancário Leasing Operacional

Lease-Back Self-Leasing

Arrendamento Mercantil (Leasing)

40

Anotações

INFOGRÁFICO 35: LEASING OPERACIONAL

Resolução nº 2.309/1996, do Banco Central do Brasil

Art. 6º. Considera-se arrendamento mercantil operacional a modalidade em que: I - as contra-prestações a serem pagas pela arrendatária contemplem o custo de arrendamento do bem e os serviços inerentes a sua colocação a disposição da arrendatária, não podendo o valor presente dos pagamentos ultrapassar 90% (noventa por cento) do custo do bem; II - o prazo contratual seja inferior a 75% (setenta e cinco por cento) do prazo de vida útil econômica do bem arrendado; III - o preço para o exercício da opção de compra seja o valor de mercado do bem; IV - não haja previsão de pagamento de valor residual garantido. §1º As operações de que trata este artigo são privativas dos bancos múltiplos com carteira de arrendamento mercantil e das socie-dades de arrendamento mercantil. §2º No cálculo do valor presente dos pagamentos deverá ser utilizada taxa equivalente aos encargos financeiros constantes do contrato.

Art. 13. As operações de arrendamento mercantil contratadas com o próprio vendedor do bem ou com pessoas a ele coligadas ou interdependentes somente podem ser contratadas na modali-dade de arrendamento mercantil financeiro, aplicando-se a elas as mesmas condições fixadas neste Regulamento.§1º As operações de que trata este artigo somente podem ser realizadas com pessoas jurídicas, na condição de arrendatárias. §2º Os bancos múltiplos com carteira de inves-timento, de desenvolvimento e/ou de crédito imobiliário, os bancos de investimento, os bancos de desenvolvimento, as caixas econômicas e as sociedades de crédito imobiliário também podem realizar as operações previstas neste artigo.

Art. 28. Às sociedades de arrendamento mercantil e às instituições financeiras citadas no art. 13 deste Regulamento e vedada a contratação de operações de arrendamento mercantil com: I - pessoas físicas e jurídicas coligadas ou interdependentes; II - administradores da entidade e seus respectivos cônjuges e parentes ate o segundo grau; III - o próprio fabricante do bem arrendado.

INFOGRÁFICO 36: LEASE-BACK

Arrendamento Mercantil (Leasing)

41

Anotações

Lei nº 6.099/1974

Art. 9º. As operações de arrendamento mercantil contratadas com o próprio vendedor do bem ou com pessoas jurídicas a ele vinculadas, mediante quaisquer das relações previstas no art. 2º desta Lei, poderão também ser realizadas por instituições financeiras expressamente autorizadas pelo Conselho Monetário Nacional, que estabelecerá as condições para a realização das opera-ções previstas neste artigo. Parágrafo único - Nos casos deste artigo, o prejuízo decorrente da venda do bem não será dedutível na determinação do lucro real.

INFOGRÁFICO 37: LEASING FINANCEIRO OU BANCÁRIO

INFOGRÁFICO 38: VALOR RESIDUAL GARANTIDO (VRG)

Súmula da Jurisprudência Dominante do Superior Tribunal de Justiça

Enunciado (Súmula) 293. A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não desca-racteriza o contrato de arrendamento mercantil.

Valor Residual Garantido (VRG)

Conceito

Valor fixado para compra do bem, em

caso de opção

Diluição nas parcelas dos aluguéis

Não descaracteriza o leasing (STJ)

Implicações meramente tributárias