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Saúde Faculdade Santa Emília de Rodat ANO III - Nº 9 - JUNHO/2012 ISSN 2177-9082 M : IELOMA MÚLTIPLO UMA ANÁLISE EXPLICATIVA DA SINTOMATOLOGIA A : SSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE DIALÍTICO UMA REVISÃO DE LITERATURA

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SaúdeFaculdade Santa Emília de Rodat AN

O II

I - N

º 9

- JUN

HO/2

012

ISSN

217

7-90

82M :IELOMA MÚLTIPLO UMA ANÁLISE EXPLICATIVA DASINTOMATOLOGIA

A :SSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE DIALÍTICOUMA REVISÃO DE LITERATURA

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Sum

ário

Artigo 03PAG. 18

D :IABETES MELLITUS E SAÚDE BUCAL

,CUIDADOS INDISPENSÁVEIS

CONDUTAS E REPERCUSSÕES

CLÍNICAS

Artigo 05PAG. 31

ENTEROPARASITOS E ANEMIA EMCRIANÇAS DE EM UMA ESCOLA DO

P – PBMUNICÍPIO DE ATOS

C :ÂNCER DE MAMA MASCULINO

,PREVALÊNCIA ASPECTOS

, ,EPIDEMIOLÓGICOS CLÍNICOS

TERAPÊUTICO E ASSISTÊNCIA DE

ENFERMAGEM

PAG. 12

Artigo 02

M :IELOMA MÚLTIPLO UMA ANÁLISE

EXPLICATIVA DA SINTOMATOLOGIA

PAG. 04Artigo 01

Artigo 04PAG. 24

TRABALHADOR DE ENFERMAGEM E:O PROCESSO SAÚDE DOENÇA UMA

REVISÃO NARRATIVA

NORMAS PAG. 49

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

Artigo 06PAG. 40

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO:PACIENTE DIALÍTICO UMA REVISÃO

DE LITERATURA

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O câncer sempre foi um problema de saúde pública,

e n t re ta n t o n o s ú l t i m o s a n o s e sta p a t o l o g i a ,

principalmente no Brasil vem ganhando relevância pelo

perfil epidemiológico que essa doença vem apresentando,

sendo de extrema necessidade o conhecimento de todos

os profissionais de saúde sobre a situação dessa doença,

buscado, de forma individual e coletiva, soluções para o

atendimento humanizado dos pacientes vítimas desta

patogênese tão agressiva. Tendo este aspecto em mente a

Revista InSaúde traz até você leitor, informações sobre dois

tipos de câncer raros, mas de agressividade ímpar, e que

merece o conhecimento de toda as classes de saúde.

Esperamos que o conhecimento aqui presente seja de

grande valia na sua vida profissional e acadêmica.

Uma boa leitura e bom aprendizado.

Prof Ms Pedro Marcos Carneiro da Cunha Filho

Editorial Direção AdministrativaProf Maria da Glória Uchôa dos Santosa

EnfermagemMestra em Administração Sanitária eHospitalar (Suficiência Investigatória ‐ UNEXEspanha)

Prof Ana Cristina de Oliveira Borba Paulinoa

AdministraçãoMestra em Administração Sanitária eHospitalar (Suficiência Investigatória ‐ UNEXEspanha)

Prof Maria Zilene Mendonça do Pradoa

EnfermagemMestra em Enfermagem – UFRJ

Coordenação TécnicaProf Pedro Marcos Carneiro da Cunha Filhoo

Zootecnia – Mestre

Corpo EditorialAna Flávia de Oliveira Borba CoutinhoCíntia Bezerra AlmeidaElry Medeiros Vieira NetoFernandes Antônio Brasileiro RodriguesGlaydes Nely Sousa da SilvaGustavo Gomes AgripinoIdeltônio José Feitosa BarbosaIsabela Albuquerque PassosJaqueline Oliveira de Paiva FerreiraJosé Carlos da SilvaLuciana Teles CarneiroMaria Carmen de Araújo Melo JardimMaria Clemilde de SousaMaria de Fátima Gabino SiqueiraMaria de Fátima de Oliveira CoutinhoMaria do Carmo Braga AlvarizaMaria Eliane de Araújo MoreiraMarinei GrottaRovênia Maria de Oliveira ToscanoWilma Dias Fontes

Projeto GráficoGleryston Farias

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0304 ANO III - Nº 9 - JUNHO/2012

M :IELOMA MÚLTIPLO UMA ANÁLISE EXPLICATIVA DASINTOMATOLOGIA

Multiple Myeloma: an explanatory analysis of the symptomatology

Pedro Marcos Carneiro da Cunha Filho¹; Nieje Barbosa deAlmeida².

1 . P r o f M s I m u n o l o g i a F A S E R([email protected]);

2. Discente de Enfermagem FASER ( )[email protected]

RESUMO

O Mieloma Múltiplo é um câncer originado na medula óssea, decorrente do crescimento acentuado de plasmócitos,células responsáveis pela produção de conteúdos que irão ocasionar toda sintomatologia da doença em foco.Presentemente tem acometido de forma vultosa a massa mais jovem da população, fato incomum, visto queanteriormente apenas idosos expunham a doença. Diante do exposto, o estudo tem por objetivo, identificar naliteratura conexa ao tema a casuística da sintomatologia resultante do Mieloma Múltiplo. O método utilizado para odesenvolvimento da temática em discussão é decorrente de um apanhado de caráter bibliográfico efetivado no acervobibliográfico da Faculdade Santa Emilia de Rodat ‐ FASER, como também em revistas alusivas ao conteúdo abordado einformações adquiridas em sites de credibilidade, no período de 03 de abril a 14 de Maio de 2012; posteriormente osdados coletados foram analisados e interpretados à luz da literatura concernente ao tema. A mencionada bibliografiaaborda que o mieloma múltiplo não pode ser considerado uma doença, mas um conjunto, isso porque alguns pacientesapresentam predominantemente anemia, outros, maior incidência de lesões ósseas, enquanto outros manifestamalterações nas análises laboratoriais. O acúmulo na medula óssea de clones de plasmócitos neoplásicos resulta naprodução maciça de uma imunoglobulina monoclonal, que extingue o osso, invade estruturas adjacentes acarretandoao individuo uma maior reabsorção óssea contribuindo para o surgimento de sintomas como dor intensa e fraturasespontâneas. A insuficiência renal existente possui etiologia multifatorial, sendo agravada por fatores comohipercalcemia e desidratação. Há maior vulnerabilidade às infecções, devido à deficiência do sistema imunológico emresponder satisfatoriamente a tais processos. O individuo com mieloma múltiplo apresenta fraqueza, dispnéia ecomplicações cardiovasculares, que podem prejudicar a capacidade funcional, bem como sua qualidade de vida emvirtude da presença de anemia crônica. Ao término da elaboração desse estudo pode‐se concluir que o mielomamúltiplo é uma doença maligna da medula óssea, que ocasiona manifestações de sintomas que podem gerar umprognóstico sombrio devido ao desconhecimento de suas causas, sendo, portanto de suma importância oesclarecimento dos sintomas bem como os mesmos ocorrem, para a fixação de uma assistência mais cientifica,humanizada e não apenas tecnicista.

Palavras chave: Mieloma múltiplo.

ABSTRACT

Multiple myeloma is a cancer originating in bone marrow, resulting in growth too much of plasma cells, responsible forproducing content that will cause any symptoms of the disease focus. At present it has affected so a bulky mass of theyounger population, uncommon, whereas previously only the elderly exposed to disease. Given the above, the studyaims to identify the literature related to the theme of the series resulting symptoms of multiple myeloma. The methodused to exploit the issue under discussion is due to a handful of bibliographical bibliographic effected in the College ofSanta Emilia Rodat ‐ FASER as well as in magazines depicting the content covered and information on sites acquired

Artigo 01

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credibility in the period April 3 to May 14, 2012; subsequently collected data were analyzed and interpreted in the lightof the literature concerning the topic. The aforementioned literature that deals with multiple myeloma can not beconsidered a disease but a whole, it predominantly because some patients have anemia, other, higher incidence of bonelesions, while others manifest changes in laboratory tests. The accumulation in the bone marrow of clones of neoplasticplasma cells results in the mass production of a monoclonal immunoglobulin, which extinguishes the bone, invadesadjacent structures leading to increased bone resorption individual contributing to the emergence of symptoms such aspain and spontaneous fractures. Existing renal failure has a multifactorial etiology, which is aggravated by factors such ashypercalcemia and dehydration. There is greater vulnerability to infections, due to deficiency of the immune system torespond satisfactorily to such processes. The individual with multiple myeloma shows weakness, dyspnea, andcardiovascular complications, which may impair the functional capacity and quality of life due to chronic anemia. At theend of the preparation of this study can be concluded that multiple myeloma is a malignant disease of the bone marrow,which leads to manifestations of symptoms that can lead to a poor prognosis due to ignorance of its causes, andtherefore of the utmost importance to clarify the symptoms as well as they occur, for setting a more scientific assistance,humanized and not only technical approach.

Keywords: Multiple myeloma.

Introdução

O Mieloma Múltiplo (MM) é denominado como um câncer da medula óssea, uma patologia progressiva emaligna. A medula óssea é um órgão de defesa responsável pela produção das células sanguíneas, eritrócitos, leucócitose plaquetas. O plasmócito, um tipo de glóbulo branco, é responsável pela produção de anticorpos, também designadosde gamaglobulinas ou imunoglobulinas. O mieloma múltiplo é resultante da propagação exasperada de plasmócitos ecom isso, comumente há produção exagerada de um tipo peculiar de gamaglobulinas gerando posteriormente todoquadro sintomático da doença.

O MM corresponde a 1% de todas as neoplasias malignas e a 15% das neoplasias hematológicas. Sua ocorrênciasuprime a hematopoese normal além de provocar uma destruição óssea. É frequentemente encontrado em indivíduosna sexta e na sétima décadas de vida, exibindo leve predileção pelo gênero masculino. Essa doença apresenta‐secomumente disseminada, envolvendo múltiplos sítios do esqueleto, e afeta preferencialmente o crânio, as costelas, oesterno e os ossos longos .⁽¹,²⁾

Considera‐se que o MM não é uma simples doença, visto que seu acometimento é variável, pois enquantoalguns doentes apresentam anemia, outros tem como características as lesões ósseas, outros ainda manifestamsobretudo alterações nas análises realizadas a nível laboratorial. .⁽³⁾

Ante a escassez de esboços sobre a aludida entidade, a proposição do presente trabalho foi discorrer umaavaliação com foco na explicação do processo do surgimento da sintomatologia da enfermidade em tese, em virtude dasuma importância que há em ter ciência de como se deve proceder perante o quadro clínico de MM, para assimviabilizar‐se por parte do profissional de enfermagem a consumação de uma assistência efetuada de maneira eficiente ede qualidade.

Objetivo

Diante do exposto, o estudo tem por objetivo, identificar na literatura conexa ao tema a casuística dasintomatologia resultante do Mieloma Múltiplo.

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06 ANO III - Nº 9 - JUNHO/2012

Procedimentos Metodológicos

O método utilizado para o desenvolvimento da temática em discussão é decorrente de um apanhado de caráterbibliográfico realizado no acervo bibliográfico da Faculdade Santa Emilia de Rodat ‐ FASER, como também em periódicosreferentes ao conteúdo abordado e informações adquiridas nas bases científicas do SCIELO, LILACS e MEDLINE, noperíodo de 03 de abril a 14 de Maio de 2012, posteriormente os dados coletados foram analisados e interpretados à luz daliteratura concernente ao tema.

Metodologia

O Mieloma Múltiplo, também conhecido por Doença de Kahler, é uma neoplasia maligna da linhagemlinfoplasmocitária, caracterizada pela proliferação monoclonal de plasmócitos. O plasmócito é uma célula, da família doslinfócitos, que tem a seu cargo a função de produzir umas proteínas especiais, que são as imunoglobulinas. Porémtambém possui outras funções: é o plasmócito que produz uma citocina (cito de célula e cina “movimento”) que sedenomina de Fator Ativador dos Osteoclastos (FAO), tendo este por ação ativar os osteoclastos, que são caracterizadoscomo células de remodelação, causando lesões localizadas no osso .(1,3)

No MM os plasmócitos aumentam em número, de forma não controlada, e vão infiltrar a medula óssea (figura 1).São eles os responsáveis pelo aumento da produção das imunoglobulinas, bem como de seu acúmulo no sangue e naurina, é por isso que nos exames de sangue se detecta um aumento das proteínas .(3)

O MM é uma doença de etiologia idiopática, ou seja, se desconhece sua gênese. Os indicadores de risco agregadosabarcam doenças imunes crônicas, exposição à radiação ionizante, exposição ocupacional a inseticidas, benzeno e outrossolventes orgânicos. A doença óssea presente no Mieloma Múltiplo é resultado da liberação de citocinas que sãoeliminadas pelo clone plasmocitário que leva a um aumento da atividade osteoclástica sem uma compensaçãoproporcional na ação dos osteoblastos levando a aceleração de uma reabsorção óssea, isso porque enquanto ososteoclastos desgastam o osso, os osteoblastos não conseguem remineralizá‐lo. (figura 3) .(5,6)

O aumento da taxa de plasmócitos na medula óssea acarretará uma gama de sintomas como a anemia presente

Fonte: Cachaço (4).

Figura 1: Imagem de plasmócitos desenvolvidos de forma descontrolada na presença deMieloma Múltiplo.

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em 70% dos casos, caracterizada pela palidez, fraqueza, fadiga, indisposição e dificuldade respiratória, que é resultante daação das imunoglobulinas nas hemácias e hemoglobinas (pigmento que dá cor as hemácias e transporta oxigênio para ascélulas), marcando‐as como agentes estranhos ao corpo (antígenos), e com isso os macrófagos vêm e as destroem.Fragilidade óssea, causada pela reabsorção óssea acelerada pela ação dos osteoclastos, ocasionando fraturasespontâneas, e dor óssea intensa, insuficiência renal pela presença de proteínas em excesso nos túbulos resultando assimem alterações séricas e urinárias no individuo, como mostra a figura 2 .(2)

O MM é uma doença de etiologia idiopática, ou seja, se desconhece sua gênese. Os indicadores de risco agregadosabarcam doenças imunes crônicas, exposição à radiação ionizante, exposição ocupacional a inseticidas, benzeno e outrossolventes orgânicos. A doença óssea presente no Mieloma Múltiplo é resultado da liberação de citocinas que sãoeliminadas pelo clone plasmocitário que leva a um aumento da atividade osteoclástica sem uma compensaçãoproporcional na ação dos osteoblastos levando a aceleração de uma reabsorção óssea (figura 3) .(4,5)

Fonte: Bellesso( 7)

.Figura 2: Esquema da sintomatologia do Mieloma Múltiplo.

Fonte: Portal de Oncologia Português( 8)

.Figura 3: Esquema ilustrativo representando o plasmócito em seu

funcionamento normal (imagem superior), e em seu funcionamentoprejudicado na presença de Mieloma Múltiplo (imagem inferior).

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08 ANO III - Nº 9 - JUNHO/2012

O MM é caracterizado por acometer pacientes idosos, geralmente com pico de incidência entre os 60 a 65 anos,exibindo média de idade ao diagnóstico de 65 anos. Incide em todas as raças e localizações geográficas tendo umaprevalência superior em homens e em negros, e raramente agride pessoas abaixo de 40 anos, sendo sua incidênciaacrescida com a idade. Comumente é classificado quanto ao tipo de Ig ou cadeia leve produzida pelos plasmócitos,sendo o tipo mais comum no MM o IgG, responsável por 50 a 60% dos casos, seguido pelo tipo IgA com 21% dos casos.Os tipos IgD, IgE e IgM são menos comuns .(6)

Os corpos vertebrais, o crânio, a bacia, a caixa torácica bem como a porção proximal do fêmur e úmeros, são ossítios mais comumente acometidos pelo Mieloma Múltiplo, em virtude da intensa hematopoese realizada por taisestruturas. Dor óssea, particularmente torácica e lombar, está presente em aproximadamente 60% dos casos, fraturaspatológicas, principalmente colapso de corpos vertebrais, podem gerar compressão medular ou radicular e redução daaltura do paciente, às vezes em vários centímetros .(5)

No Mieloma Múltiplo a presença de um clone de plasmócito neoplásico na medula óssea, produz umaimunoglobulina monoclonal, usualmente IgA ou IgG, que destrói o osso, invade estruturas adjacentes causando dor efraturas espontâneas como ilustrados na figura 4 .(9)

Na presença de suspeita de Mieloma Múltiplo, desejando‐se a confirmação do diagnóstico da mesma, fazem‐seanálises ao sangue e à urina para provar a existência do aumento das imunoglobulinas através da dosagem simples deIgG, IgA, IgM, IgD e IgE, ou de parte delas, as cadeias leves. As manifestações clínicas presentes no MM são consequênciadireta da infiltração neoplásica medular e da presença da proteína monoclonal no sangue e/ou na urina .(3,6)

A anemia de doença crônica, diminuição da eritropoetina, infiltração medular e efeito mielossupressivo daquimioterapia são os principais mecanismos fisiopatológicos que contribuem para o desenvolvimento da anemia noMM. A anemia leva a sintomas tais como fraqueza, dispnéia (dificuldade respiratória) e complicações cardiovasculares,que podem prejudicar a capacidade funcional, a qualidade de vida e a sobrevida desses pacientes .(6)

A presença de hipercalcemia (aumento da taxa de cálcio no sangue) ocorre com manifestações de fraqueza,anorexia, náuseas, vômitos, obstipação intestinal, rebaixamento da consciência, além de contribuir para lesão renal. A

Fonte: Pinheiro; Bellesso (10).

Figura 4: Primeira ilustração mostrando imagem radiológica de fratura de úmero provocada por

mieloma múltiplo. Segunda ilustração mostrando imagem representativa de dor lombar provocadapor Mieloma Múltiplo.

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insuficiência renal no MM é caracteristicamente multifatorial, ou seja, causada por mais de um fator, devendo‐seprincipalmente à precipitação de cadeias leves de imunoglobulina nos túbulos renais e bexiga, (figura 5) todavia sendoagravada por hipercalcemia, desidratação, hiperuricemia, além do uso comum de antiinflamatorios não hormonais,inibidores de ECA e contrastes radiológicos .(5)

Disfunções imunitárias, humoral e celular são comumente observadas no paciente com MM. Ocorre maiorsusceptibilidade às infecções por bactérias capsuladas, devido à diminuição da produção de anticorpos normais econsequentemente de Igs funcionais, como também por redução de neutrófilos, linfócitos CD4/CD8 e da ativação docomplemento o que prejudica o processo de opsonização, bem como os torna especialmente vulneráveis a infecçõespor S. pneumoniae e outros germes encapsulados. O comprometimento da imunidade celular leva a um aumento daincidência de herpes zoster, pneumonia e outras patologias infecciosas .(6)

Fonte: Portal de Oncologia Português (11 ).

Figura 5: Imagem ilustrando o processo do surgimento do comprometimento renal gerado peloMieloma Múltiplo.

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A destruição óssea progressiva é responsável pela maioria dos sintomas e repercussões clínicas no MM. O sítiomais frequente é a coluna vertebral. O Mieloma Múltiplo pode provocar dor intratável e instabilidade na colunavertebral. O padrão de acometimento osteolítico pode ser isolado (plasmocitoma) ou difuso como ilustrado na figuraacima .(7)

Considerações finais

Após o término desse estudo percebeu‐se que o Mieloma Múltiplo é uma neoplasia progressiva e incurável decélulas B, caracterizada pela proliferação clonal de plasmócitos na medula óssea, que produzem e secretamimunoglobulina monoclonal ou fragmento dessa, chamada proteína M, que progressivamente desencadeiam noindividuo à anemia, a insuficiência renal, destruição óssea, caracterizada pelas fraturas patológicas e presença de doróssea intratável e supressão imunológica, ocasionando assim como resultado as infecções.

A presença de sintomas inespecíficos e da alta prevalência de dor óssea, fraqueza, cansaço físico e perda de pesopodem levar a hipóteses equivocadas se o profissional atuante da área de saúde não considerar o MM como opção nodiagnóstico diferencial, resultando em intervenções desnecessárias e postergando o diagnóstico correto. É sumamenteimportante que o profissional de enfermagem saiba como discernir as manifestações clínicas presentes no MielomaMúltiplo de outras patologias existentes, com sintomas semelhantes. Saber o quadro clínico presente no MielomaMúltiplo favorece a assistência prestada ao individuo portador que contará com o auxílio técnico, cientifico e humanodo profissional que está a lhe prestar cuidados.

Referências

1.SILVEIRA, et al. Mieloma múltiplo: análises epidemiológicas e clínicas. Rev Odontol UNESP. 2007: 34(2): 61‐5.

2.FERREIRA, F.C.M; CONTE, B. Mieloma Múltiplo em Pacientes com Imunodeficiência Secundária ao Vírus HIV‐ Relatode caso. Revista Brasileira de Cancerologia 2008; 54(2): 153‐156.

3.PEREIRA, A.M. Mieloma múltiplo. 2 ed. Editora: Celgene. Porto Salvo – Portugal, 2009.

4 . C A C H A Ç O , I . I m a g e m i l u s t r a t i v a d e p l a s m ó c i t o s . D i s p o n í v e l e m : h t t p : / / d o e n c a s ‐

paranoias.blogspot.com.br/2011/05/mieloma‐multiplo.html. Acesso em: 06 de Abril de 2012.

5.PIMENTA, A. Mieloma múltiplo: diagnóstico e manejo inicial. Prática Hospitalar. Ano IX n 52, jul‐ago/2007.

6.SILVA, R.O.P. Mieloma múltiplo: estudo prognóstico e verificação do conhecimento da doença em médicos que atuamna atenção primária à saúde. Belo Horizonte, 2007.

7 . B E L L E S S O , P. M . I m a g e m i l u s t ra t i v a d e d o r l o m b a r. 2 0 1 0 . D i s p o n í v e l e m : h t t p : / / h e m o ‐

blog.blogspot.com.br/2010/05/mieloma‐multiplo.html. Acesso em: 03 de Abril de 2012.

8.PORTAL DE ONCOLOGIA PORTUGUÊS. Esquema ilustrativo representando o plasmócito em seu funcionamentonormal, e em seu funcionamento prejudicado na presença de mieloma múltiplo. Disponível em:http://www.pop.eu.com/index.php?mact=Calendar,m7,default,1&m7year=2011&m7month=2&m7returnid=209&page=209&calendarmonth=2&calendaryear=2011. Acesso em: 09 de Abril de 2012.

9.AVANZI, O. et al. Mieloma múltiplo da coluna: avaliação do tratamento cirúrgico. Rev. Coluna. São Paulo Coluna, 2009;n 8(3): p. 254‐259.

10.PINHEIRO, E; BELLESSO, P.M. Esquema da sintomatologia do mieloma múltiplo. 2010. Disponível em: http://hemo‐

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blog.blogspot.com.br/2010/05/mieloma‐multiplo.html. Acesso em: 10 de Abril de 2012.

11.PORTAL DE ONCOLOGIA PORTUGUÊS. Imagem ilustrando o processo do surgimento do comprometimento renalg e r a d o p e l o m i e l o m a m ú t i p l o . D i s p o n í v e l e m :http://www.pop.eu.com/index.php?mact=Calendar,m7,default,1&m7year=2011&m7month=2&m7returnid=209&page=209&calendarmonth=2&calendaryear=2011. Acesso em: 09 de Abril de 2012.

12.SILVEIRA, E.G.D. Imagem ilustrativa de uma radiografia de coluna mostrando lesões osteolíticas difusas. Disponívelem: Acesso em: 15 de abril de 2012.http://rou.hostcentral.com.br/PDF/v34n2a01.pdf

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12 ANO III - Nº 9 - JUNHO/2012

Artigo 02

C : ,ÂNCER DE MAMA MASCULINO PREVALÊNCIA ASPECTOSEPIDEMIOLÓGICOS CLÍNICOS TERAPÊUTICO E ASSISTÊNCIA DE, ,

ENFERMAGEMMale breast cancer: prevalence, epidemiological, clinical, therapeutic

and nursing care

Pedro Marcos Carneiro da Cunha Filho¹; Ályda Mayara Clementino Da Silva²; Cibelle KátiaCosta Barreto²; Rebekka Teixeira de Carvalho L. Guimarães²

1.Prof. Ms Imunologia FASER ([email protected]);

2 . D i s c e n t e d e E n f e r m a g e m F A S E R ( ) ;a l y d a m a y a r a _ @ h o t m a i l . c o m( ); ( )[email protected] [email protected]

Resumo

O câncer de mama no homem é de ocorrência rara e, por este motivo, pouco relatada: A taxa de mortalidade para os casos de câncermamário é de aproximadamente 400 casos por ano. Este artigo tem como objetivo investigar na literatura, a prevalência, aspectosepidemiológicos, clínicos, terapêuticos do câncer de mama masculino e a assistência de enfermagem. Para a realização do presenteartigo foi realizada revisão bibliográfica em bibliotecas, artigos, e sites indexados da internet. Estima‐se que, para cada 100 novoscasos de câncer mamário feminino, apenas um caso, ou menos, de câncer masculino será encontrado, correspondendo a 0,8% até1,0% do total dos casos de câncer mamário. Assim como nas mulheres, o caso mais comum é a variedade ductal infiltrativa. Por causada escassa quantidade de massa mamária no homem, a malignidade infiltra‐se rapidamente pela pele e parede torácica, a ulceraçãoé rara. Os fatores epidemiológicos diferem quando comparados aos femininos, pois os homens não sofrem alterações hormonaiscomo as mulheres. A média de idade também difere, entre os homens é mais elevada, cerca de 67 anos de idade e por causa daspeculiaridades das mamas masculinas pode ser diagnosticada precocemente, apesar disto o índice de diagnósticos tardioscontinuam sendo significativos. Há ainda muito preconceito e discriminação por parte dos homens, e a falta de conscientizaçãocontinua sendo uma das principais causas de ocorrência de óbitos por esta neoplasia. A Enfermagem deve valorizar essaproblemática, identificando ações de prevenção, educação e cuidado. O ensinamento prático, com linguagem apropriada,ressaltando a necessidade de efetuar o auto‐exame das mamas de modo regular, cuidadoso e completo, parece ser a melhorabordagem. Pode‐se concluir com este trabalho que é necessário maior cuidado e atenção na detecção e tratamento desta patologiapara que haja melhoria na qualidade de vida de homens com câncer de mama.

Palavras‐chave: câncer de mama; homem; enfermagem.

Abstract

Breast cancer in men is rare and, therefore, rarely reported: The mortality rate for cases of breast cancer is approximately 400 casesper year. This article aims to investigate the literature, the prevalence, epidemiological, clinical, treatment of male breast cancer andnursing care. For the realization of this Article literature review was performed in libraries, articles and web sites indexed. It isestimated that for every 100 new cases of male breast cancer, only a case or less of male cancer is found, corresponding to 0.8% to1.0% of cases of breast cancer. And women is the most common infiltrating ductal variety. Because of the small quantity of breastmass in humans, the malignant infiltrates rapidly through the skin and chest wall, ulceration is rare. The epidemiologic factors differwhen compared to women because men do not suffer from hormonal changes like women. The average age also differs between menis higher, about 67 years old and because of the peculiarities of the male breasts can be diagnosed early, despite this the rate of

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delayed diagnosis remain significant. There is still much prejudice and discrimination by men, and lack of awareness remains amajor cause of occurrence of deaths from this neoplasm. Nursing should value this problem, identifying prevention, education andcare. The practical teaching, with appropriate language, emphasizing the need to perform self‐breast examination on a regular,careful and thorough, seems to be the best approach. You need extra care and attention in detection and treatment for this diseasethat there is improvement in quality of life for men with breast cancer.

Key Words: breast cancer; man; nursing.

Introdução

O câncer de mama é uma doença frequente na população feminina mundial e ocupa, atualmente, o primeirolugar em incidência, dentre as neoplasias que acometem a mulher. O câncer de mama no homem, entretanto, éocorrência rara e, por este motivo, pouco relatada na literatura: estima‐se que, para cada 100 novos casos de câncermamário feminino, apenas um caso, ou menos, de câncer masculino será encontrado, correspondendo a 0,8% até 1,0%do total dos casos de câncer mamário. A taxa de mortalidade para os casos de câncer mamário é de aproximadamente400 casos por ano .(1,2)

Apesar da raridade da doença, as publicações mostram que a incidência desta neoplasia vem aumentando: nosEstados Unidos, por exemplo, na década de 70, relatavam‐se cerca de 700 novos casos anuais de câncer masculino e,atualmente, 1.500 novos casos são relatados anualmente; no Brasil, porém, não temos dados seguros sobre estaincidência .(3,5)

O diagnóstico no homem ocorre mais tardiamente, em torno dos 60 anos; ou seja, aproximadamente dez anosmais tarde do que a idade média em que ocorrem tais diagnósticos para as mulheres. Em relação a esta doença, nohomem, outro dado importante relatado na literatura com bastante consistência, é o fato de que o tempo decorridodesde os primeiros sinais e sintomas da doença até a procura de atendimento médico é mais demorado, quandocomparado com os casos do câncer feminino. Isto leva a um retardamento do diagnóstico, o qual se realiza em estádiosmais avançados da doença, geralmente, após um período que varia entre 19 e 37 meses desde o início dos primeirossintomas .(6,8)

Os principais fatores de risco identificados são: antecedente familiar, insuficiência hepática por causas diversas ‐

incluindo alcoolismo e doenças endêmicas ‐, tratamentos hormonais prolongados, tumores de testículo, orquite,traumas testiculares, tumores de próstata, obesidade, alterações de cariótipo (Síndrome de Klinefelter), assim como apresença de ginecomastia. Esta última, apesar de não ser considerado isoladamente um fator de risco para o câncer demama em homens, apresenta frequente associação com a mesma .(9)

A escolha da temática partiu do fato de existir um grande aumento no câncer de mama em homens, queultimamente vem crescendo devido a má qualidade de vida levada por eles. O estudo justifica‐se por contribuir para aampliação do conhecimento e produção de literatura acerca deste evento pouco comum quem vem crescendopaulatinamente e na qualidade de vida bem como temática para discutir, compreender e buscar melhorias na qualidadede vida junto aos profissionais de saúde.

Com base nestes aspectos, este trabalho teve por objetivo investigar a prevalência, aspectos epidemiológicos,clínicos, terapêuticos do câncer de mama masculino e a assistência de enfermagem.

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Metodologia

Trata‐se de uma pesquisa bibliográfica de natureza descritiva. Este tipo de pesquisa oferece melhores condiçõesao pesquisador em tornar o problema mais específico; já que esta pesquisa foi desenvolvida através de materiaisanteriormente elaborados, em que as informações foram retiradas de artigos e revistas científicas, livros e periódicos .10

O presente artigo foi realizado em bibliotecas de universidades públicas e privadas da cidade de João Pessoa ‐

PB, revistas especializadas, periódicos através de consultas às bases de dados LILACS, BDENF e SCIELO, utilizando comodescritores: câncer de mama; homem; enfermagem, sites indexados e manuais do Ministério da Saúde. No período defevereiro a maio do corrente ano.

Discussão

Câncer de mama é decorrente do desenvolvimento anormal das células do seio. Estas células crescem esubstituem o saudável.tecido

É uma doença tratável, porém a descoberta precoce é a chave para sobreviver à doença. O câncer normalmentecomeça com um pequeno que, com o tempo pode crescer e se espalhar para áreas próximas, como os músculosnóduloe pele, assim como nódulo de sob o braço. Principalmente o pode se espalhar para órgãos vitais como fígado,pus tumorcérebro, pulmão e espinha .(4)

O corpo é constituído de muitos tipos de células. Normalmente as células crescem, dividem e produzem maiscélulas necessárias para manter o corpo saudável. Porém, algumas vezes esse processo dá errado e as células ficamanormais formando mais células de maneira descontrolada. Essas células extra formam uma massa de tecido, chamadatumor. O tumor pode ser benigno, o que significa que não é canceroso, ou maligno, que significa canceroso. O câncer demama ocorre quando há formação de tumor maligno no tecido da mama .(5)

O câncer de mama masculino é uma doença incomum representando cerca de 1% de todos os cânceres demama, menos de 1% de todos os cânceres que ocorrem em homens, sendo responsável somente por menos de 0,1% dasmortes em homens. Para o ano de 2005, foram estimados 1.690 novos casos de câncer masculino nos Estados, com 460casos fatais. A média da idade dos pacientes ao diagnóstico é de 60 a 70 anos na maioria dos estudos, sendo relatado queo câncer de mama em homens tende a ser diagnosticado em idade mais avançada do que em mulheres. Sabe‐se que aprevalência do câncer de mama em homens aumenta com a idade, sendo rara antes dos 30 anos .(11)

A frequência dos casos por idade apresenta uma curva unimodal, com um pico aos 71 anos e, neste aspecto, ocarcinoma de mama masculino se comporta de modo similar ao carcinoma de mama de mulheres pós‐menopáusicas.Nos estudos dos casos dos Estados Unidos, a taxa de ocorrência em homens negros tende a ser de 48% a 60% maior queem homens brancos. As taxas de prevalência do câncer de mama em homens variam geograficamente, sendo maioresna África, em países como Zâmbia e Egito (variando entre 5 e 15 casos a cada 100 mil habitantes), onde causasinfecciosas endêmicas causam dano hepático e hiperestrogenismo secundário .(12)

No Brasil vem sendo percebido um aumento desta neoplasia desde 1994 e a estimativa de sobrevida é de 80%em cinco anos. A maior incidência ocorreu nas Ilhas Britânicas e na América do Norte, nos EUA, calcula‐se que 1.400homens serão atingidos pela doença e 400 deverão morrer em decorrência dela. No Brasil, o estado onde ocorreu maiorincidência foi São Paulo. A estimativa em 2000 era que cerca de 185 homens seriam acometidos pela doença .(19)

O câncer de mama masculina responde a um caso entre cem casos de câncer de mama feminina. Como nasmulheres o caso mais comum é a variedade ductal infiltrativa. Por ser uma doença mais comum entre as mulheres, na

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maioria dos casos masculinos só é detectada em um estágio avançado, o que dificulta o tratamento, por isso os homensnão devem ignorar esta doença .(13)

Por causa da escassa quantidade de massa mamária no homem, a malignidade infiltra‐se rapidamente pela pelee parede torácica, a ulceração é rara. Estes tumores tendem a exibir uma desmoplasia, que tem a qualidade menos durae cirrosa que o carcinoma ductal invasivo na mulher. Em cerca de metade dos casos há o acometimento dos gânglioslinfáticos axilares por ocasião da descoberta da lesão. São comuns metástases distantes para cérebro, ossos, pulmões efígado .(14)

Na mama masculina foram encontradas todas as variedades de carcinomas encontrados nas mulheres, exceto ocarcinoma lobular, por causa da falta de tecidos lobulares .(13)

Os fatores epidemiológicos diferem quando comparados aos femininos, pois os homens não sofrem alteraçõeshormonais como as mulheres. A média de idade também difere, entre os homens é mais elevada, cerca de 67 anos deidade e por causa das peculiaridades das mamas masculinas pode ser diagnosticada precocemente, apesar disto oíndice de diagnósticos tardios continuam sendo significativos .(15)

Entre os homens os casos predominantes são de acometimento da mama esquerda, mas são raros os casos deacometimento bilateral. Os fatores hereditários não são tão relevantes como no sexo feminino, mas verifica‐se que hámaior incidência em pacientes acometidos pelo câncer de próstata submetidos à terapia estrogênica, transexuais querecebem estrógenos, obesos e portadores da síndrome de Klinefelter. A ginecomastia não é um fator predisponentepara o aparecimento do carcinoma .(16)

Os sinais mais frequentes são um nódulo, secreção (mais frequente entre os homens), retração do mamilo,inchaço da mama, vermelhidão da pele da mama. O tumor encontrado está geralmente em situação subareolar, já foitambém encontrado separado da aréola em caso de desenvolvimento a partir da ginecomastia, o que não é comum. Otumor alcança geralmente de 2 a 5 centímetros, tem a superfície dura característica dos tumores malignos, geralmente éaderido à pele, na fixação cutânea se faz sempre na região areolar. Com ou sem retração da mamila, de acordo com aintensidade da infiltração .(17)

Em suas evoluções as neoplasias podem ulcerar, raramente com dor e descarga papilar, que quando existe ésanguinolenta. O eritema de pele também pode ser uma apresentação clínica de câncer agudo .(16)

A demora para iniciar o tratamento era de 18 meses aproximadamente, em 1980, diminuindo para 10 meses nosúltimos anos, mas ainda continua mais frequente entre os homens .(13)

No câncer de mama masculina há o comprometimento linfático rápido por causa da proximidade com os plexoslinfáticos areolares. Tumores de 3 a 4 centímetros nos homens equivalem ao comprometimento total da mamafeminina, daí as altas taxas de metastatização.

No caso de metástase a terapia endócrina é a primeira opção, a orquiectomia é o tratamento inicial de escolha,entre 50% a 60% dos pacientes respondem ao tratamento. Deve‐se recorrer a quimioterapia somente em ultimocaso,sendo realizada da mesma forma que nas mulheres .(18)

Daí a necessidade de um diagnóstico precoce da doença, as formas mais eficazes para a detecção do câncer demama masculina são: o autoexame, a mamografia e o exame clínico. A mamografia é um método de estudo excelente eembora a imagem radiográfica da mama masculina seja diferente da feminina, há muitos aspectos característicos. ATermografia é um exame que mostra gradientes de maior temperatura em relação ao lado oposto e de maiorintensidade que as ginecomastias. A Ecografia permite reconhecer as características acústicas da massa palpável,estudar o comportamento dos ecos e ainda separá‐los dos tecidos adjacentes .(13)

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O tratamento preconizado para o câncer de mama no homem, na falta de protocolos próprios, sempre seguiu oestabelecido para a neoplasia de mama feminina, compreendendo, inicialmente, tratamento cirúrgico, seguido ou nãode radioterapia, quimioterapia e principalmente hormonioterapia, de acordo com as indicações clássicas já definidas naliteratura .(18)

Falta de conscientização e preconceito por parte dos homens da importância da detecção do câncer de mamatem sido considerada a principal causa de óbito. A procura do diagnóstico e tratamento precoce do câncer de mamapoderá acelerar o passo do Brasil no sentido de aumentar a sobrevida dos homens com câncer de mama. Embora osnúmeros não sejam alarmantes, um pouco de informação e menos preconceito ajudariam a evitar sofrimento e atémortes.

Esse número de homens com diagnóstico de câncer de mama exige dos profissionais de saúde e, dentre estes,os de enfermagem, valorizar essa problemática, identificando ações de prevenção, educação e cuidado. Para apopulação em geral, em função do alto custo de programas de rastreamento para o câncer de mama, tem‐se valorizadomuito o auto‐exame das mamas, que quando feito corretamente, pode levar o homem a procurar o médicoprecocemente, caso encontre alguma alteração, e talvez, em nosso país, chamar a atenção para o conhecimento dopróprio corpo. O ensinamento prático, com linguagem apropriada, ressaltando a necessidade de efetuar o auto‐examedas mamas de modo regular, cuidadoso e completo, parece ser a melhor abordagem .(20)

O enfermeiro nunca deve perder de vista durante consultas de preventivo de câncer de próstata, aoportunidade de oferecer instruções de como realizar o autoexame das mamas, a importância de todos os meses estárepetindo o exame numa data semelhante, e a importância de relatar qualquer alteração percebida que represente algoincomum ou nunca sentido antes a um profissional de saúde, esclarecendo a significância de um diagnóstico precoce .(20)

Assistência no pré‐cirúrgico; Apoio psicológico; Preparar o emocional do paciente tão logo ele seja informado dahipótese diagnostica; Informe o paciente sobre pesquisas recentes e novas modalidades de tratamento para câncer demama. Informar quanto às novas próteses, especialistas em reconstituição e outros recursos confirmam que umagrande atenção está sendo dada a novos métodos de tratamento para o câncer de mama .(20)

Assistência no pós‐cirúrgico: Avaliar a natureza, intensidade e local da dor; Administrar: Analgésicos via IM, oralou IV, como prescrito. antieméticos para náuseas e vômitos, como prescrito. Oriente a promoção de exercícios passivose, então, ativo da mão, braço e ombro do lado afetado; Sugerir aplicação de um creme, várias vezes ao dia; Instruir opaciente a contactar o médico se o braço ou local da incisão ficar doloroso, inchado ou vermelho. Estimular aparticipação ativa do paciente nos cuidados pós‐operatórios; Reduzir a tensão nas incisões elevando a cabeceira do leitoem 30° e flexionar o joelho do paciente para reduzir a tensão na incisão abdominal em caso de reconstituição mamária;Avaliar a circulação, observando a cor e temperatura da área mamária recém‐reconstituída.

Considerações finais

O câncer de mama em homens e uma doença pouco conhecida e, em razão de sua raridade, existem poucosensaios clínicos e publicações abordando‐o, porém em homens corresponde a 1% de todas as neoplasias da mama. Osfatores de risco incluem hiperestrogenismo, idade, ascendência judaica, historia familiar, síndrome de Klinefelter. Amédia da idade dos pacientes ao diagnostico é de 60 a 70 anos na maioria dos estudos, sendo relatado que o câncer demama em homens tende a ser diagnosticado em idade mais avançada do que em mulheres. Sabe‐se que a prevalênciado câncer de mama em homens aumenta com a idade, sendo rara antes dos 30 anos. Os tratamentos oferecidos aoshomens com câncer de mama baseiam‐se frequentemente nas mesmas recomendações utilizadas para as mulheres.

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Por não se tratar de uma neoplasia comum entre os homens, geralmente é detectada tardiamente. Há aindamuito preconceito e discriminação por parte dos homens, e a falta de conscientização continua sendo uma dasprincipais causas de ocorrência de óbitos por esta neoplasia. É necessário maior cuidado e atenção na detecção etratamento desta patologia para que haja melhoria na qualidade de vida de homens com câncer de mama. Aenfermagem deve tratar destes casos com muito cuidado, porque isto afeta o individuo portador, abalando seuequilíbrio e afetando seu relacionamento. É muito importante a relação doente/enfermeiro, já que a enfermagem nãovê mais um órgão doente e sim um paciente abalado emocionalmente, desencadeando emoções que fragilizam,causam dor, angústia e medo, e para o cliente a confirmação de que se tem um câncer é sempre associada à morte.

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Artigo 03

D :IABETES MELLITUS E SAÚDE BUCAL CUIDADOSINDISPENSÁVEIS CONDUTAS E REPERCUSSÕES CLÍNICAS,

Diabetes mellitus and oral health: care essentials, behaviors andclinical implications

Ludwig Tenório Cruz Gomes Amorim1

Rachel de Sá Barreto Luna Callou Cruz2

Karla Jimena Araújo de Jesus Sampaio3

1Odontólogo; Especialista em Saúde da Família pela Faculdade Integrada de Patos (FIP) ([email protected])

2Enfermeira; Mestrado em Desenvolvimento Regional Sustentável pela Universidade Federaldo Ceará (UFC) ([email protected])

3Enfermeira; Doutorado em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de São Paulo(UNIFESP); Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem da Universidade Regional doCariri (URCA). ([email protected])

ResumoDiabetes Mellitus é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia e associadas a complicações,disfunções e insuficiência de vários órgãos. Pode desencadear problemas periodontais, doenças fúngicas, cáries graves,papilas hemorrágicas, doenças da polpa, rápida perda óssea, entre outros problemas orais Objetivou‐se identificar os.cuidados necessários ao paciente diabético no consultório odontológico, esclarecendo as principais correlações dadoença em questão e suas manifestações, evidenciando as condutas a serem tomadas pelo cirurgião‐dentista, paraassim, elevar os índices de sucesso terapêutico. Trata‐se de um estudo descritivo, fundamentado em pesquisa narrativa,realizada no período de Julho a Agosto de 2010, com base em artigos e publicações, com leitura, análise e interpretaçãocrítica da literatura. Diabetes é uma doença que deve ser compreendida pelo cirurgião dentista para que se possareconhecer as manifestações clínicas e os problemas potenciais durante o tratamento odontológico. Entendemos,assim, a importância do profissional reconhecer tais alterações, bem como a terapêutica utilizada para que possaintervir nestes pacientes, proporcionando‐lhes saúde e bem‐estar.

Palavras‐chave: Diabetes Mellitus; Consultório Odontológico; Repercussões.

AbstractDiabetes Mellitus is a group of metabolic diseases characterized by hyperglycemia and associated complications,dysfunction and failure of various organs. Can trigger periodontal problems, fungal diseases, severe tooth decay,bleeding papillae, diseases of the pulp, rapid bone loss, and other oral problems. The objective was to identify thenecessary care to the diabetic patient in the dental office, explaining the main correlations of the disease in question andits manifestations, indicating the measures to be taken by the dentist, to thereby improve the rates of therapeuticsuccess. This is a descriptive study based on narrative research, carried out from July to August 2010, based on articlesand publications, with reading, analysis and interpretation of literature. Diabetes is a disease that must be understoodby a dentist to be able to recognize the clinical manifestations and the potential problems during dental treatment. Itherefore recognize the importance of professional such changes, as well as the therapies used so that you can intervene

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in these patients, providing them with health and welfare.

Keywords: Diabetes Mellitus; Consultório Dental; Implications.

Introdução

Diabetes Mellitus (DM) representa um grupo de doenças caracterizadas por hiperglicemia, como resultado dadeficiência na produção de insulina, resistência periférica à sua ação, ou ambas . De acordo com a Organização Mundial(1)

de Saúde (OMS), no ano de 2030, 300 milhões de pessoas serão diabéticas .(2)

Trata‐se de uma das principais doenças crônicas que afetam o homem moderno e sua importância nas últimasdécadas vem crescendo em decorrência de vários fatores, tais como: maiores taxas de urbanização, industrialização,sedentarismo, obesidade, aumento da esperança de vida e maior sobrevida das pessoas acometidas .(3)

O paciente diabético apresenta muitas alterações fisiológicas que diminuem a capacidade imunológica e aresposta inflamatória, aumentando a susceptibilidade às infecções . Ocorrem, ainda, distúrbios no processo de(4), (5)

cicatrização, e aterosclerose cerebrovascular, cardiovascular e de vasos periféricos .(6),(7)

Em indivíduos normais, a concentração plasmática de glicose situa‐se entre 70 e 99 mg/dL. Níveis superioresindicam graus variados de tolerância à glicose ou diabetes, cujos critérios diagnósticos foram atualizados pela AmericanDiabetes Association .(8)

Este agravo afeta 17 em cada 1.000 pessoas entre os 25 e 44 anos, e 79 indivíduos a cada 1.000, em idade acimade 65 anos. Assim, aproximadamente 3 a 4% dos pacientes adultos que se submetem a tratamento odontológico sãodiabéticos .(7)

As manifestações orais observadas nos pacientes com DM, embora não específicas dessa doença, têm suaincidência ou progressão favorecida pelo descontrole glicêmico. Os distúrbios mais freqüentes são: xerostomia,hiposalivação, síndrome de ardência bucal, glossodinia, distúrbios da gustação, infecções, ulcerações na mucosa bucal,hipocalcificação do esmalte, perda precoce de dentes, dificuldade de cicatrização, doença periodontal, hálito cetônico elíquen plano .(9),(10)

A hipossalivação pode causar glossodinia, úlceras, queilites, língua fissurada, lesões cariosas e dificuldade deretenção das próteses, com trauma dos tecidos moles, o que predispõe a infecções .(10)

Esses pacientes estão mais suscetíveis a desenvolver infecções e abscessos na cavidade bucal, podendo agravaro controle metabólico. Um estudo mostrou prevalência de 9,8% de doença periodontal em pacientes com DM1, quandocomparados a 1,6% em não diabéticos . Outro estudo evidenciou que no DM2, o risco de doença periodontal é três(11)

vezes maior do que na população em geral .(10)

A susceptibilidade para infecções orais, a exemplo da candidíase oral, é favorecida pela hiperglicemia,diminuição do fluxo salivar e alterações na composição da saliva, através de modificações em proteínas antimicrobianascomo lactoferrina, lizozima e lactoperoxidase .(10),(11)

A manifestação inicial é gengivite, e quando não cuidada, progride para doença periodontal severa, comformação de bolsas periodontais ativas, abscessos periodontais, osteoporose trabecular e destruição do suporteperiodontal .(9),(12)

No entanto, existe controvérsia sobre a associação entre diabetes e cáries . Se, por um lado, poder‐se‐ia supor(10)

maior susceptibilidade à cárie entre diabéticos (maior concentração de glicose salivar, aumento da acidez do meio bucal,aumento da viscosidade e diminuição do fluxo salivar, distúrbios salivares e periodontais), outros fatores, como menoringestão de sacarose, poderiam contribuir para diminuir sua ocorrência .(9)

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Uma emergência comum durante o atendimento odontológico nesses pacientes é a hipoglicemia, situação emque a glicemia no sangue cai abaixo de 55 mg/dl para homens e 45mg/dl para mulheres, acompanhado de sinais esintomas que, quando reconhecidos, devem ser imediatamente tratados, fazendo‐se com que o paciente ingira açúcarpuro, água com açúcar, balas ou chocolate .(13)

Os sinais e sintomas podem ser de dois tipos básicos: sintomas adrenérgicos como: desmaio, fraqueza, palidez,nervosismo, suor frio, irritabilidade, fome, palpitações e ansiedade: Sintomas neuroglicopênicos: visão turva, diplopia,sonolência, cefaléia, perda de concentração, paralisia, distúrbios da memória, confusão mental, incoordenação motora,disfunção sensorial, podendo chegar à convulsões e estados de coma .(14)

Os pacientes hiperglicêmicos com glicemias superiores a 400mg% devem ser encaminhados para o médico. Elespodem revelar sinais e sintomas característicos de cetoacidose metabólica, como a presença de hálito cetônico,náuseas, vômitos e respiração de Kussmaul .(15)

O cirurgião‐dentista deve estar atento para suspeitar previamente de um DM não diagnosticado, devendo ahistória dental incluir perguntas relativas à poliúria, polifagia, polidipsia e perda de peso .(16)

Pacientes que apresentarem história positiva devem ser encaminhados a um laboratório de análise clínica ou aomédico, para uma avaliação adicional, antes de ser iniciado o tratamento dentário. O paciente que sabe ser portador dediabetes deve informar o tipo, a terapia que está sendo empregada, o nível de controle metabólico e a presença decomplicações secundárias à doença. Deve ser questionado especificamente sobre a duração da doença, a ocorrência dehipoglicemia, a história de hospitalização pós‐cetoacidose e modificações no regime terapêutico .(7)

Dessa forma, o presente trabalho objetivou identificar os cuidados necessários ao paciente diabético,esclarecendo as principais correlações da doença em questão e suas manifestações, evidenciando as condutas a seremtomadas pelo cirurgião‐dentista, para assim, elevar os índices de sucesso terapêutico.

Metodologia

Trata‐se de um estudo descritivo, fundamentado em pesquisa narrativa, realizada no período de Julho a Agostode 2010, fundamentada em uma revisão bibliográfica de tópicos importantes a respeito do Diabetes Mellitus no campoda odontologia. Para tanto, utilizaram‐se os descritores "paciente diabético, consultório odontológico, problemaspotenciais”. Como critérios de inclusão elegeram‐se publicações em português e inglês na forma de artigos (ensaio,revisão, pesquisa, relato de experiência e estudo de caso), independentemente da formação profissional do autor.

Resultados e discussão

Recomenda‐se que o exame físico da cavidade oral deve seguir a rotina habitual. No exame supragengival,observar a presença de sangramento gengival, placa bacteriana e possíveis fatores retentivos (cálculo dental, cárie,próteses mal‐adaptadas, restaurações com falta ou excesso de material restaurador, raízes residuais, posicionamentodental atípico, hiperplasias gengivais e presença de aparelhos ortodônticos) .(11)

Dar ênfase a investigação de lesões de furca, grau de mobilidade das unidades dentais, hálito cetônico, infecçõesbucais e hiposalivação. Os pacientes com nefropatia diabética ou hipertensão arterial devem ter sua pressão arterialaferida antes do inicio dos procedimentos odontológicos. Naqueles onde a história clínica sugerir DM1 ou DM2, solicitarexames laboratoriais que comprovem o diagnóstico e, caso esse seja confirmado, encaminhar o paciente para oendocrinologista .(9)

Aqueles com diagnóstico prévio de DM deverão ter sua glicemia capilar avaliada antes do inicio do

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procedimento, para identificar e tratar uma possível hipoglicemia ou hiperglicemia . Radiografias de unidades(17)

dentárias específicas e radiografias panorâmicas estão indicadas para complementar o exame físico, quando daavaliação de doença periodontal, inserção óssea, tratamentos endodônticos, abscessos, lesões cariosas ecomprometimento ósseo .(18)

Muitos autores afirmam que pacientes diabéticos bem controlados podem ser tratados de maneira similar aopaciente não diabético na maioria dos procedimentos dentários de rotina (9). Naqueles com descompensaçãometabólica ou múltiplas complicações, o tratamento odontológico será paliativo e indicado em situações de urgência,como presença de dor e infecções. A terapia definitiva será adiada até estabilização das condições metabólicas (13).Pacientes com glicemia, em jejum, acima de 230 mg/dL, têm um aumento de 80% no risco de desenvolver infecção (11).Na data que antecede a consulta odontológica, a dieta será de acordo com o padrão usual do paciente, visto que o jejumdesnecessário é um dos fatores precipitantes para hipoglicemia. O atendimento odontológico pode ser feito emqualquer horário do dia .(9),(16)

É importante que o cirurgião‐dentista possua um glicosímetro para checar a glicemia capilar antes da consultaou durante caso se suspeite de hipoglicemia ou hiperglicemia. É preciso ajustar as doses de insulina e hipoglicemiantesorais quando houver necessidade de jejum prolongado, uso de anti‐inflamatórios não‐esteroides (AINES) oucorticóides, realização de procedimentos invasivos e antecipação de dor ou estresse importante. A prescrição dessesdois medicamentos deve ser criteriosa, sendo necessário entrar em contato com o médico responsável, para ajustar suaposologia .(13),(18)

A glicemia capilar deverá ser checada mais freqüentemente nos primeiros dias após a realização deprocedimentos dentários demorados, traumáticos ou estressantes, ou quando for necessário uso de antibióticos,AINES, corticóides ou restrição alimentar. Ansiedade e medo devem ser controlados, pois levam à liberação deadrenalina, causando aumento na glicemia . Visando reduzir essa tensão, recomenda‐se utilizar técnicas de sedação(13)

auxiliar, quando apropriadas.A sedação inalatória é relatada por alguns autores como a técnica mais segura e previsível de sedação

consciente . Os benzodiazepínicos usados para tratar ansiedade (diazepan, lorazepan), embora possam causar(13), (16)

hiposalivação, não são contra‐indicados. A dor pode ser controlada com analgésicos simples (acetaminofeno, dipirona)e AINES (nimesulida, ibuprofeno, diclofenaco). Nos casos graves, usar preparações com codeína.

A inflamação pode ser controlada com AINES, devendo‐se evitar corticóides pelo risco de hiperglicemia. O usode clorexidina durante o tratamento odontológico é recomendado para controle da placa, manutenção de flora nãopatogênica e prevenção da doença periodontal severa . A terapêutica antimicrobiana para pacientes com bom(18)

controle glicêmico é semelhante ao de não‐diabéticos, ou seja, só deve ser realizada quando existirem sinais e sintomassistêmicos de infecção .(13)

Nos pacientes com doença mal controlada, mesmo na ausência de sinais e infecção, preconiza‐se profilaxiaantibiótica nos procedimentos que geram bacteremia importante . Caso seja necessária a prescrição curativa, podem(11)

ser usados: penicilinas (amoxicilina,ampicilina), cefalosporinas (cefalexina) ou macrolídeos (azitromicina,claritromicina) . Não deve haver a preocupação em prescrever antibióticos sob a forma de suspensão oral com receio(13)

de agravar a hiperglicemia .(11)

Não existe na literatura um consenso sobre o tipo de anestésico local a ser usado no tratamento odontológico dodiabético. Em pacientes compensados, os anestésicos locais com adrenalina ou noradrenalina podem ser usados semproblemas . Os anestésicos de longa duração não constituem a melhor escolha, porque têm influência no miocárdio .(13) (9)

Em pacientes com descontrole metabólico, a indicação de anestésico com adrenalina é controversa. Algunsautores recomendam evitar uso de soluções com vasoconstrictores à base de adrenalina e noradrenalina, pois essaspromovem a quebra de glicogênio em glicose, aumentando ainda mais os níveis de glicose circulante . Nesses casos,(9), (13)

eles recomendam usar preparados sintéticos (felipressina), ou usar anestésicos sem vasoconstrictores .(13)

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A lidocaina 2%, mepivacaína 2%, articaína 4% associados à adrenalina 1:100.000, prilocaína 3% com felipressinaa 0,03 UI/mL, ou mepivacaína 3% (sem vasoconstrictor) são opções de anestésicos locais usados em pacientes com DM(12).

As radiografias, exame físico e moldagens podem ser feitos sem restrição. Exodontias, raspagem e cirurgiasperiodontais, endodontia, apicectomia, colocação de bandas ortodônticas, injeções anestésicas locaisintraligamentares e limpeza profilática . A utilização de implantes osteointegrados são contra‐indicados nos DM(9), (16), (18)

descontrolado, devido à alteração na síntese do colágeno .(9)(19)

Vale salientar que em situações como insuficiência renal não administrar drogas excretadas por via renal(gentamicina, amicacina). Os antibióticos, analgésicos ou antiinflamatórios de escolha são os metabolizados pelofígado. Os AINES devem ser usados com cautela, porque podem promover retenção de sódio e água e provocarsangramento gástrico .(20)

Nas consultas odontológicas, os pacientes deverão ser informados quanto à técnica e a freqüência de escovaçãoe do uso do fio dental, além de receberem profilaxia para cárie e periodontite com aplicação de flúor e remoção deplacas e cálculo. Devem ser orientados a procurar o dentista quando apresentarem gengiva hiperemiada, edemaciada esangrante ou tenha pus, mau hálito inexplicável, dor ao mastigar, dor de dente, boca seca, candidíase e dentes móveis,com exceção da troca de dentição decídua.

Considerações finais

Diabetes é uma doença que deve ser compreendida pelo cirurgião dentista para que se possa reconhecer asmanifestações clínicas e os problemas potenciais durante o tratamento odontológico. No caso de suspeita, o cirurgiãodentista deve solicitar exames laboratoriais para avaliar a glicemia dos pacientes, encaminhando‐o para o serviçomédico caso estes se apresentem alterados.

Pacientes já sabidamente diabéticos necessitam de cuidados especiais, sendo importante o contato com omédico que o acompanha, principalmente diante de procedimentos cirúrgicos mais complicados, que exijam boascondições metabólicas desses pacientes. É clara a relação entre a doença periodontal e o quadro clínico de diabetes,sendo importante que o diagnóstico de diabetes seja cuidadosamente determinado ou descartado.

A posologia e tipos de medicamentos, dentre eles antibióticos, analgésicos e tranquilizantes, deverão serprescritos de acordo com cada caso e principalmente a gravidade. Pacientes diabéticos bem controlados podem sertratados como pacientes normais, pacientes com descontrole metabólico deverão receber tratamento paliativo até arestauração do controle glicêmico e os pacientes com complicações crônicas serão tratados de acordo com suaslimitações.

Nos pacientes com diagnóstico prévio, o dentista deve se informar sobre o tipo da doença (DM1, DM2), duraçãoda enfermidade, terapia (dieta, insulina, hipoglicemiantes, horário da última dose desses medicamentos), horário daúltima refeição, controle metabólico, complicações (nefropatia, neuropatia, retinopatia), sintomas de hipoglicemia,história de hospitalização e cetoacidose, infecções sistêmicas (febre, mal estar, uso de antibióticos, antiinflamatórios eanalgésicos) e medicamentos para tratar complicações associadas à doença.

Entende‐se, assim, a importância do profissional reconhecer as possíveis alterações, bem como a terapêuticautilizada para que possa intervir nestes pacientes, proporcionando‐lhes saúde e bem‐estar.Por fim, espera‐se deixar clara a importância do manejo odontológico correto dos pacientes diabéticos devido a gama deproblemas causados por esta patologia. Para que se evitem complicações de fácil prevenção, basta, para tanto, aobservação dos aspectos peculiares do diabético.

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Artigo 04

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TRABALHADOR DE ENFERMAGEM E O PROCESSO SAÚDEDOENÇA UMA REVISÃO NARRATIVA:

Worker nursing and the health‐disease process: a narrative review

Mônica Sampaio Cruz Romão1; Anna Laryssa Ribeiro de Oliveira Brito1; CristinaKelly Souza Rodrigues1; Rachel de Sá Barreto Luna Callou Cruz1; Karla JimenaAraújo de Jesus Sampaio1

1. Graduandas de Enfermagem da Universidade Regional do Cariri (URCA)[email protected]. Enfermeira; Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Regional doCariri (URCA); Mestrado em Desenvolvimento Regional Sustentável (UFC)([email protected])3. Enfermeira; Doutorado em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de SãoPaulo (UNIFESP) Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem daUniversidade Regional do Cariri (URCA). ([email protected])

ResumoSaúde do trabalhador refere‐se ao campo do conhecimento que objetiva a compreensão das relações entre trabalho e oprocesso saúde‐doença; nesse enfoque, a abordagem à temática e sua propagação entre os profissionais daenfermagem mostram‐se frágeis e superficiais, diante da magnitude de riscos biológicos, físicos, químicos, fisiológicos epsíquicos que estão expostos estes profissionais, nos debruçamos sobre essa temática a fim de mostrarmos a relevânciae necessidade de difusão desses conhecimentos para os graduandos e profissionais de enfermagem. Dessa forma, oobjetivo do presente texto é promover nesses profissionais o desejo de fazerem parte desta mudança, seja exigindoseus direitos, alertando outros profissionais para tal ou realizando novas pesquisas nesta temática. Nessa perspectivacooperamos com uma pesquisa narrativa, com dados coletados no LILACS, MEDLINE, SciELO, Ministério da Saúde evias impressas, em junho e julho de 2010. Para que a equipe de Enfermagem tenha uma qualidade de vida satisfatória énecessária harmoniosa relação entre trabalhador, instituição, demais membros da equipe multidisciplinar e pacientes.

Palavras‐Chave: Saúde; Trabalhador de enfermagem; Riscos ocupacionais.

AbstractOccupational health refers to the field of knowledge that aims at understanding the relationship between work andhealth‐disease process; this approach, the approach to the topic and its spread among nursing professionals appear tobe fragile and superficial, given the magnitude of biological, physical, chemical, physiological and psychic they areexposed to these professionals, we studied this issue in order to show the relevance and need for dissemination of thisknowledge to the undergraduates and nurses. Thus, the purpose of this paper is to promote these professionals desireto be part of this change, is demanding their rights, alerting other professionals for this or doing further research on thistopic. From this perspective we cooperate with a literature search, with data collected in LILACS, MEDLINE, SciELO,Ministry of Health and hardcopies in June and July 2010. For the nursing staff have a satisfactory quality of life isnecessary harmonious relationship between workers, institution, other members of the multidisciplinary team and

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patients.

Keywords: Health; Worker Nursing; Occupational risks.

Introdução

A denominação saúde do trabalhador refere‐se a um campo do conhecimento que objetiva a compreensão dasrelações entre trabalho e o processo saúde‐doença. Contudo, ainda não se despertou o olhar necessário para percepçãoda saúde do trabalhador de enfermagem e sua conseqüente qualidade de vida, exatamente o profissional incumbido decuidar (juntamente com a equipe multidisciplinar) da saúde ocupacional dos demais trabalhadores; fato esseexplicitado pelas diminutas estratégias assistenciais voltadas a esse público alvo.

A necessidade do enfoque especial dada à qualidade de vida e saúde do trabalhador de enfermagem reside nofato desse profissional dentro da equipe de saúde ser o mais exposto a riscos ocupacionais, por seu maior contato com opaciente, maior sobrecarga de trabalho, além do acúmulo de funções domésticas (dupla jornada de trabalho, por ser aenfermagem uma profissão primordialmente feminina). Agravando esses fatos, é sabido que trabalhadores geralmenteingressam no mercado de trabalho sem ter a noção apropriada das rotinas e cuidados intrinsecamente relacionados asua profissão como membro da equipe de enfermagem, para evitarem sua exposição a riscos e seus conseqüentesproblemas de saúde. Mesmo ciente dessa realidade, a maioria das instituições não oferece ao profissional nenhumtreinamento, orientação ou informações preventivas sobre esses riscos.

A preocupação com um dos atores principais dos serviços de saúde, o trabalhador de saúde e particularmenteda Enfermagem, ainda é recente: “No Brasil somente a partir de 1.940 surgiram as primeiras inquietações com osproblemas ocupacionais. Nesse ano foi fundada a Associação de Prevenção de Acidentes de Trabalho. E em 1.943entrava em vigor a Consolidação das Leis Trabalhistas‐CLT ” . “Em 8 de junho de 1.978, o Ministério do Trabalho(1)

aprovou a Portaria 3.214 que criou 28 Normas Regulamentadoras‐NRs que orientam as obrigações das empresas emrelação ao trabalho” .(1)

Esse trabalho se justifica devido a quebra do paradigma biomédico, onde saúde não é só ausência de doença,mas o completo bem estar físico, psíquico, econômico, social e espiritual. Para que se atinja uma qualidade de vida emnível aceitável é preciso incluir no conceito biomédico de saúde as esferas das relações interpessoais, estilo de vidapessoal e experiências pessoais prévias. Sendo possível, desse modo, a graduação da qualidade de vida do indivíduo ougrupo social . Baseado nesse enfoque, a qualidade de vida passou a ser tema de debates e reivindicações nas(2)

estratégias de saúde públicas, tendo em vista que “A saúde pública é a ciência e a arte de promover, proteger e recuperara saúde física e mental por meio de medidas de alcance coletivo e de motivação da população” , considerando‐a um(1)

direito de qualquer cidadão, inclusive do trabalhador da equipe de Enfermagem.Entusiasmadas por essa percepção da saúde do trabalhador de Enfermagem como faceta indispensável da

saúde pública fomos motivadas pela professora da disciplina de Administração I, do curso de Enfermagem daUniversidade Regional do Cariri, a nos debruçarmos sobre essa temática a fim de mostrarmos sua relevância enecessidade de difusão desses conhecimentos para os graduandos e profissionais de enfermagem, objetivandofomentar nesses o desejo de fazerem parte desta mudança, seja exigindo seus direitos, alertando outros profissionais atal intento ou realizando novas pesquisas nesta temática.

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Objetivos

Difundir para os graduandos e profissionais de enfermagem os fatores relevantes para a qualidade de vida esaúde do trabalhador de Enfermagem; especificando os riscos ocupacionais e fatores e processos relacionadosdiretamente com a qualidade de vida e saúde desses profissionais.

Metodologia

Esta investigação caracterizou‐se como pesquisa narrativa, cuja coleta de dados foi realizada nas bases de dadosLILACS, MEDLINE, SciELO, Ministério da Saúde e vias não‐digitais, no período de junho e julho de 2010. Para tanto,utilizaram‐se os descritores "saúde de trabalhador, saúde de trabalhador de enfermagem, qualidade de vida da equipede enfermagem" (para a língua portuguesa). Como critérios de inclusão elegeram‐se publicações em português naforma de artigos (ensaio, revisão, pesquisa, relato de experiência e estudo de caso), independentemente da formaçãoprofissional do autor, publicadas a partir de 2000.

A avaliação inicial do material bibliográfico ocorreu mediante a leitura dos resumos, com a finalidade deselecionar aqueles que atendiam aos objetivos do estudo. De posse dos artigos completos, passou‐se à etapa seguinte,ou seja, leitura minuciosa, na íntegra, de cada artigo, visando ordenar e sistematizar as informações necessárias para aconstrução da pesquisa bibliográfica atendendo aos objetivos especificados.

Resultados e Discussão

Com o advento da progressiva e constante industrialização houve um demasiado aumento da exposição detrabalhadores a riscos. Com os trabalhadores da saúde, em particular a equipe de Enfermagem, o processo não se deudiferentemente; esses são cada vez mais expostos a diversidade de riscos: biológico, físico, químico, mecânico,fisiológico e psíquico; com intensidade e gravidade de acordo com atuação profissional.

Para que tais riscos não impossibilitassem o desenvolvimento das ciências biológicas de forma sustentávelsocial‐economicamente, mas para que pudessem ser antecipados e prevenidos, houve preciosa contribuição da higieneocupacional objetivando proporcionar ambientes de trabalho salubres, proteger e promover a saúde dostrabalhadores, proteger o meio ambiente e contribuir para um desenvolvimento sócio‐econômico sustentável atravésda antecipação, reconhecimento, avaliação e controle de riscos .(1)

Entende‐se por risco biológico a exposição ou probabilidade dessa à agentes biológicos, formas vivas ouprodutos e substâncias orgânicas presentes nos postos de trabalho e que podem provocar efeitos negativos na saúdedos trabalhadores, tais como processos infecciosos, tóxicos ou alérgicos .(1)

Nessa percepção, a enfermagem é uma das principais profissões expostas à carga biológica (3), seja por representarem agrande massa de trabalhadores nas instituições de saúde, pelo maior contato com o cliente ou pelo maior número deprocedimentos realizados na unidade. Entretanto, é importante salientar a demasiada subnotificação de acidentes detrabalho, evidenciando que possivelmente as vítimas não receberam cuidados imediatos que pudessem reduzir umapossível soroconversão para algumas infecções e não tiveram abonos trabalhistas devido ao acidente, já que nãopreencheram a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), mesmo o acidente com exposição a material biológicosendo considerado um agravo de notificação compulsória pelo Ministério da Saúde .(4)

Na prática profissional essa exposição à carga biológica dá‐se pelo contato com pacientes portadores dedoenças infecto‐contagiosas ou parasitárias e/ou suas secreções, objetos contaminados e até mesmo com animais

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(insetos, por exemplo) presentes na instituição . Os que mais se acidentam com material contaminado biologicamente(5)

são os auxiliares de Enfermagem, através do contato com as mãos, sendo o reencape de agulhas o propiciador deacidentes mais gritantes numericamente, além, do não uso dos EPI (Equipamento de Proteção Individual). Contudo, háacidentes frequentes também no descarte de bisturis, punções venosas, coletas de exames e administração demedicamentos .(6)

O risco físico é caracterizado por agentes que se apresentam sob forma de energia, possuem materialidadedissociada do corpo humano, passíveis de detecção e mensuração: ruídos (provenientes de ar‐condicionado,instrumentos de trabalho, trânsito de pessoas e reformas estruturais na instituição); temperatura (alterações bruscasentre calor e frio, umidade relativa); radiações ionizantes ( , , , nêutrons, raios X) e não ionizantes (radiação laser);α β γ

vibração; eletricidade e riscos de incêndio .(5)

É importante observar que parte das instituições não se enquadrada nos Limites de Tolerância (LT) ou Limites deExposição Ocupacional (LEO) ditados pelo governo federal. Entenda‐se por LT ou LEO [...] “concentrações de agentesquímicos ou intensidade de agentes físicos presentes no ambiente de trabalho, sob os quais trabalhadores podem ficarexpostos durante toda a vida laboral, sem sofrer efeitos adversos à sua saúde” .(1)

Os riscos químicos são encontrados na forma sólida, líquida e gasosa e classificam‐se em: poeiras, fumos,névoas, gases, vapores, neblinas e substâncias, compostos e produtos químicos, em geral, dispersos no ar.

Já o risco mecânico vitima o profissional quando esse manipula perfurocortantes, sofre quedas no ambiente detrabalho ou tem dedos e mãos presos e lesionados por algum objeto. Tal risco é um dos mais reconhecidos pelos leigoscomo acidentes de trabalho, pois são evidenciados por lesões físicas no organismo .(5)

O risco fisiológico decorre das próprias condições de trabalho da enfermagem, que implicam em multiplicidadede funções repetitivas, ritmo intenso e excessivo de trabalho, esforços físicos desgastantes (peso excessivo), longasjornadas de trabalho, monotonia, posições incômodas e antiergonômicas, trabalho em turnos exaustivos, rodízios eseparação do trabalho intelectual e manual .(7)

Na exposição a cargas fisiológicas é perceptível o sobrepeso ao transportar pacientes e ao manter‐se em posturainadequada e incômoda para protegê‐lo e pô‐lo em posição adequada, e ao trabalhar longamente de pé. A exposiçãoprolongada e constante a essas cargas pode causar doenças osteoarticulares com limitações físicas .(8)

Presume‐se que os técnicos e auxiliares são os profissionais que durante a jornada de trabalho estão maisexpostos a riscos devido à caracterização de suas atividades como a promoção da higiene e conforto do paciente,organização do ambiente de trabalho, controle de materiais, desprezo de urina, drenagens e secreções de frascoscoletores.

O risco psíquico resulta da atenção constante do trabalhador; da supervisão rigorosa; do ritmo acelerado, dotrabalho parcelado monótono e repetitivo; da dificuldade na comunicação; do trabalho predominantemente feminino;da desarticulação de defesas coletivas; da agressão psíquica; da fadiga, tensão, estresse; da insatisfação e das situaçõesque conduzem ao consumo de álcool e drogas .(5)

A exposição às cargas psíquicas é a mais referida pela equipe de enfermagem e está relacionada ao objeto detrabalho humano, que sofre, sente dor e morre – que os envolve em situações estressantes de sofrimento e tensão e,como também, às formas de organização desse trabalho, supervisão, falta de autonomia, baixos salários e duplicidadede empregos situações essas que aumentam a carga psíquica do profissional.

Evidencia‐se também que a organização do trabalho da equipe de Enfermagem tem um ritmo muito acelerado eum trabalho desgastante, imposto pela escassez ou má distribuição de trabalhadores, que acaba por não permitir osseguimentos das normas trabalhistas como, por exemplo, a falta do descanso no decorrer da jornada, sobrecarregandoainda mais o profissional que acaba atuando de maneira insatisfatória.

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Os profissionais de enfermagem são confrontados cotidianamente com situações que exigem vigilância,controle, avaliação, interação em diferentes níveis, gestão de um grande volume de informação e múltiplos eventos .(9)

Os diversos problemas e dificuldades frente às condições laborais da equipe de enfermagemlevaram‐nos a refletir na relação dialógica entre cuidar e ser cuidado: de um lado, encontrava‐

se o paciente que necessitava de assistência pela equipe de forma integral, nas suasnecessidades bio‐psico‐sócio‐espirituais; de outro, encontravam‐se os profissionais quetambém deveriam ser vistos na integralidade de suas necessidades. Segundo nossoentendimento, é necessário que o profissional de enfermagem também se sinta cuidado paramelhor cuidar .(9)

Diante da percepção da demasiada exposição a riscos que os profissionais de enfermagem e os demais da áreade saúde estão submetidos surgiram órgãos especializados em proteger a saúde desses trabalhadores. Por volta dadécada de 70, eram alarmantes os índices de acidentes de trabalho, desse modo impulsionado pela pressão estrangeira,inclusive do Banco Mundial (sob ameaças de suspensão de empréstimos), houve a regularização do artigo 164 no dia 27de julho de 1972 pelo ministro do trabalho Júlio Barata, que também publicou as portarias 3.236 (formação técnica emsegurança e medicina do trabalho) e 3.237 (regulamentação do artigo 164 da CLT, dispondo sobre a CIPA e SESMT);fazendo com que o Brasil fosse o primeiro país a ter um serviço obrigatório de segurança e medicina do trabalho .(10)

O SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho) objetiva a promoção eproteção à integridade do trabalhador no seu local de trabalho, constituindo‐se em instrumento que os trabalhadores eas empresas dispõem para tratar da prevenção de acidentes e das condições do ambiente de trabalho. Esses órgãosprotegem a integridade física do trabalhador de todos os aspectos que potencialmente podem afetar sua saúde. Éobrigatória sua manutenção em empresas nas quais os empregados mantenham vínculos regidos pela Consolidação dasleis trabalhistas (CLT) de acordo com riscos da tarefa e número de empregados, quer sejam públicas ou privadas , além(1)

da obrigatoriedade de ser registrado na regional do Ministério do Trabalho. É regulamentado pela portaria nº 3.214, de 8de junho de 1978, norma regulamentadora NR 04.

Toda empresa com mais de 20 funcionários está obrigada, por lei, a manter uma comissão de funcionários,responsável pelas discussões e deliberações de assuntos relacionados com a segurança do trabalho, saúde ocupacionale estruturas físicas da empresa, sempre objetivando a preservação da vida e saúde dos funcionários no desempenho desuas funções, ou seja, uma CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) composta de representantes doempregador e dos empregados, cujo mandato dos membros eleitos tenha a duração de um ano, permitindo‐se umareeleição.

O PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), cuja obrigatoriedade foi estabelecida pela NR 09 daportaria 3214/78, apesar de seu caráter multidisciplinar, é considerado essencialmente um programa de higieneocupacional que deve ser implementado nas empresas de forma articulada com um programa médico – o PCMSO(Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional). “Todas as empresas, independente do número de empregadosou do grau de risco de suas atividades, estão obrigadas a elaborar e implementar o PPRA, que tem como objetivo aprevenção e o controle da exposição ocupacional aos riscos ambientais, isto é, a prevenção e o controle dos riscosquímicos, físicos e biológicos presentes nos locais de trabalho” . A elaboração, implementação e avaliação do PPRA(11)

podem ser feitas por qualquer pessoa, ou equipe de pessoas que, a critério do empregador, sejam capazes dedesenvolver o disposto na norma. Além disso, cabe à própria empresa estabelecer as estratégias e as metodologias queserão utilizadas para o desenvolvimento das ações, bem como a forma de registro, manutenção e divulgação dos dadosgerados no desenvolvimento do programa.

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O PCMSO cuja obrigatoriedade foi estabelecida pela NR 07 da portaria 3214/78, é um programa médico quedeve ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho. Todasas empresas, independente do número de empregados ou do grau de risco de sua atividade, estão obrigadas a elaborare implementar o PCMSO, que deve ser planejado e implantado com base nos riscos à saúde dos trabalhadores,especialmente os riscos identificados nas avaliações previstas no Programa de prevenção de riscos ambientais (PPRA).O PCMSO deve ser coordenado por um médico, com especialização em medicina do trabalho .(11)

Considerações finais

Nesse estudo procurou‐se delinear os riscos que influem na saúde do trabalhador de enfermagem,condições que interferem na sua qualidade de vida no cotidiano, bem como alguns órgãos responsáveis por zelar pelaintegridade física e psíquica enquanto profissional de saúde.

Através da percepção da saúde como ramo empresarial capitalista, globalizado, praticante da mais‐valia e domaterialismo histórico foi possível corroborar através das pesquisas bibliográficas nossa hipótese inicial: para que aequipe de Enfermagem tenha uma qualidade de vida satisfatória é necessária harmoniosa relação entre trabalhador,instituição, demais membros da equipe multidisciplinar e pacientes.

Para que haja essa melhoria da qualidade de vida e consequentemente da saúde do profissional é preciso umesforço mútuo tanto deste (profissional), na medida em que necessita estar embasado pelo conhecimento dos seusdireitos segundo as leis trabalhistas para cobrar o que lhe é cabível; como da instituição de saúde para que cumpra seusdeveres perante o operariado, na medida em que também será beneficiada pela melhoria da satisfação profissional doempregado, tendo em vista que esse melhorará sua produtividade e qualidade da assistência.

Referências

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9. NEUMANN, Vera Nilda. Qualidade de vida no trabalho: percepções da equipe de enfermagem na organizaçãohospitalar. Dissertação (Mestrado) ‐ Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,2006.10. MAPEL JUNIOR, João Luiz. SESMT ‐ Serviço especializado em engenharia de segurança e em medicina do trabalho.Trabalho acadêmico do Curso de Engenharia de Produção Plena‐ Faculdades Integradas Espírito‐santenses,Vitória,2008. Disponível em: <http://www.monitoriadeengenharia.com.br/arquivos/TrabalhoSESMT.pdf.> Acesso em27.junho.2010.11. PENA, Paulo Gilvane Lopes. Elementos teóricos e metodológicos para a elaboração do PPRA e do PCMSO. Salvador:Faculdade de medicina/Universidade Federal da Bahia, 2000.

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Artigo 05

ENTEROPARASITOS E ANEMIA EM CRIANÇAS DE EM UMA ESCOLADO MUNICÍPIO DE ATOSP – PB

Parasites and anemia in children in a school in the city of Patos – PB

Ana Carolina da Silva Monteiro Lucena2; Allan Demetrius Leite deOliveira1

1 Mestre e Professor da Disciplina de Parasitologia Humana eHematologia da FIP2 Graduada do Curso de Biomedicina da FIP‐ Faculdades Integradasde Patos – [email protected]

ResumoOs enteroparasitos e anemia em crianças constituem um problema de saúde pública, sendo um dos principais fatoresdebilitantes da população, já que os valores da hemoglobina são reduzidos, tornando os indivíduos mais frágeis, devidoà redução de ácido fólico, vitamina B12 e ferro. Este trabalho verificou a incidência de enteroparasitos, anemia ealterações de exames laboratoriais de crianças em idade escolar. A pesquisa foi realizada com 55 crianças, de 5 a 10 anos,alunos de uma escola do município de Patos‐PB. A coleta dos dados foi realizada na própria escola, com o termo deconsentimento livre e esclarecido assinado pelos pais. A análise parasitológica das fezes ocorreu pelo método deHoffman, na busca por protozoários e helmintos. Para anemia realizou o hemograma e as alterações laboratoriaisutilizaram PCR e VSH. Das 55 amostras analisadas 42 (76.4%) continham enteroparasitos, sendo a Giardia lamblia maisfrequentes; 19 (34,4%) anemia, 16 (29,1%) eosinofilia e 33 (60,3 %) VSH acima de 10 mm. Entretanto, os enteroparasitosnão estão relacionados com associação de anemia, eosinofilia e PCR, mas demonstrou uma significância em relação aoVSH. Conforme os resultados comprova a necessidade do controle desses enteroparasitos que podem comprometer odesenvolvimento e rendimento escolar das crianças.

Palavras‐chave: Anemia, Crianças, Enteroparasitos, Alterações Hematológicas

AbstractThe intestinal parasites and anemia in children constitute a public health problem, being one of the key factorsdebilitating the population, since the values of hemoglobin are reduced, making individuals more fragile due to thereduction of folic acid, vitamin B12 and iron. This study found the incidence of intestinal parasites, anemia and changesin laboratory tests of school‐age children. The study involved 55 children, 50 to 10 years attending a school in the city ofPatos‐PB. Data collection was performed in the school, with the term of consent signed by parents. The parasitologicalanalysis of stool occurred by the method of Hoffman, the search for protozoa and helminths. Performed the blood testfor anemia and laboratory findings used PCR and VSH. 42 of 55 samples (76.4%) had intestinal parasites, Giardia lambliais the most frequent, 19 (34.4%) anemia, 16 (29.1%) eosinophilia, and 33 (60.3%) VSH above 10 mm. However, intestinalparasites are not related to the association of anemia, eosinophilia, and PCR, but showed a significance in relation toVSH. According to the results demonstrates the need to control these intestinal parasites that can hinder thedevelopment and school performance of children.

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Keywords: Anemia, Children, Parasites, Hematologic Changes

Introdução

As parasitoses intestinais são doenças causadas por protozoários ou helmintos sendo mais comum em paísesem desenvolvimento em função das precárias condições de saneamento e higiene. No Brasil as enteroparasitoses aindase encontram bastante disseminadas e com alta prevalência, principalmente nas populações de baixo nívelsocioeconômico. Em um estudo multicêntrico realizado em crianças residentes em 10 estados brasileiros, 55,3% dosestudantes foram diagnosticados com algum tipo de parasitose .(¹)

A elevada prevalência de parasitoses intestinais em países subdesenvolvidos é responsável por quadros clínicosvariáveis que podem levar os indivíduos a um quadro anêmico e as alterações na quantidade de leucócitos,principalmente nos eosinófilos no sangue periférico .(2)

Anemia é a redução de glóbulos vermelhos e da taxa de hemoglobina circulante a um valor inferior a 13g/dL,12g/dL e 11g/dL para homem, mulheres e crianças, respectivamente de acrodo com a OMS. E o aumento das célulasbrancas, em especial os eosinófilos pode ser indicativo de infecções parasitárias e/ou alérgicas no ser humano.

A presença de anemia associada aos enteroparasitos deve ser resultante da ação espoliativa (Ascarislumbricoides), da ação hematofágica (Ancylostoma sp), da ulceração das mucosas intestinais (Entamoeba hystolytica eGiardia lamblia) que pode originar pequenas mas constantes, perdas sangüíneas no individuo. Entretanto, oagravamento do quadro patológico depende diretamente da carga parasitaria, da idade, do estudo nutricional efisiológico do organismo, bem como da associação com outras espécies parasitarias patogênicas (²).

A associação entre anemia e enteroparasitos constitui um tema de crescente interesse no âmbito da SaúdePública, principalmente em crianças em idade escolar. Nesta faixa etária a presença de alguns parasitas costumadeterminar o aparecimento de anemia, em especial a ferropriva (³).

Em conseqüência da elevada incidência e ação patogênica, especialmente em parasitos em crianças, o presentetrabalho visa verificar a incidência de enteroparasitos, anemia e outras alterações de exames laboratoriais do tipo PCR eVSH, em crianças de uma escola pública do município de Patos – PB.

Metodologia

Tipo e Local de PesquisaO presente estudo trata‐se de uma pesquisa observacional de coorte analítico quantitativo realizado com

alunos de uma escola pública do município de Patos – PB e os exames foram realizados no Laboratório Escola dasFaculdades Integradas de Patos – BIOLAB.

População e AmostragemA população foi composta por estudantes do ensino fundamental I, matriculados em uma escola do município

de Patos – PB. Já a amostra foi representada por 55 % da população, totalizando 55 crianças.

Critérios de Inclusão e ExclusãoForam incluídos neste trabalho alunos de uma escola da rede municipal de Patos – PB, na faixa etária de 5 a 10 anos, queapresentaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelo responsável para realização do exameparasitológico de fezes e o hemograma.

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Foi excluído desse estudo o estudante que não trouxe o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinadodevidamente pelo seu responsável no dia da coleta, e os alunos da instituição com mais de 10 anos de idade.

Coleta e Análises de DadosAntes da coleta das amostras de fezes e de sangue, foi realizada uma palestra para pais e responsáveis dos

estudantes sobre o assunto em questão para esclarecer o uso de seus filhos nesse trabalho e como seria oarmazenamento das fezes e do jejum da criança para realizar o exame de sangue. Na ocasião os pais/responsáveis, pelacriança, assinaram o TCLE e posteriormente, a assinatura do termo, coletores específicos para a realização do exameparasitológico de fezes eram entregues aos pais.

De cada indivíduo foram coletados 5 mL de sangue através da punção venosa após jejum de 10‐12 horas. Decada amostra foi colocado em 3 mL de sangue em frasco contendo anticoagulante (EDTA) e 2 mL colocado em outro tubode ensaio para realizar os exames da Proteína C Reativa e Velocidade de Sedimentação das Hemácias. Todas as amostrasserão submetidas às seguintes análises laboratoriais: Hemograma; realizado através de equipamento automatizado(SYSMEX), onde todas as lâminas serão preparadas mediante coloração com o Panótico Rápido, e a morfologia seráavaliada em microscopia óptica, PCR e VSH. Os casos de eosinofilia serão registrados para indivíduos que possuamníveis superiores a 500 eosinófilos/mm³ e de anemia com níveis de hemoglobina inferior a 12g/dl.

Para o exame parasitológico de fezes foi usada a técnica de Hoffman, Pons e Janer (sedimentação espontânea)para diagnosticar ovos e larvas de helmintos e evidenciar cistos de protozoários. Através da análise e diagnóstico dasamostras utilizando a solução de lugol para coloração das espécies parasitária para uma melhor identificação dasmesmas e foram feitas três lâminas de cada amostra (NEVES 10).

Os resultados foram entregues a todos que participaram da pesquisa orientando a um acompanhamentomédico dos Postos de Saúde ou do Programa de Saúde Familiar (PSF) da comunidade residente.Os dados foram analisados através da freqüência relativa (%) e submetidos ao tratamento estatístico, através daestatística não paramétrica, utilizando o teste do qui‐quadrado, com nível de significância de 5%.

Procedimento ÉticoA realização deste estudo considerou a resolução 196/96 do CNS/MS que rege a pesquisa em seres humanos

que assegura a garantia de que a privacidade do sujeito da pesquisa será preservada. Este direito será assegurado TCLE(APÊNDICE A), impresso em duas vias, uma para o pesquisado e outra para o pesquisador.

Este trabalho obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa das Faculdades Integradas de Patos (CEP/FIP),sob o número 0619/2010.

Resultados e Discussão

Diante do estudo realizado, foi constatada uma elevada incidência de parasitos intestinais na populaçãoestudada. Das 55 amostras analisadas dos estudantes da Escola Nosso Lar Tio Juca na cidade de Patos‐PB, observou‐seque 42 (76,4%) destas foram positivos para enteroparasitos, sendo que em 13 (23,6%) tiveram resultados negativos paraparasitos intestinais (Tabela1). Dos resultados positivos para enteroparasitos 36 (85,7%) observou‐se umpoliparasitismo com duas ou mais espécies diferentes (Figura 1).

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Das 42 amostras analisadas observou‐se um maior parasitismo nos escolares com idade de 6 a 10 anos de idade,devido o contato com outras crianças é maior e a falta de higienização.

Este resultado enfatiza que os parasitos intestinais são um grave problema de saúde pública, principalmente empaíses de terceiro mundo devido à precariedade no saneamento básico e de higiene, além da relação direta da forma detransmissão parasitária, a oral‐fecal, que ajuda a proliferação desses parasitas. Resultados semelhantes foram obtidosem estudos anteriores realizados por outros autores em diferentes regiões do Brasil .(2,4‐7)

A questão torna‐se mais prevalente em crianças devido ao fato delas estarem mais susceptíveis ao contato comas formas infectantes, pois elas têm o hábito de brincar na terra, que possivelmente contaminado por ovos e larvas dosparasitas, e levar à mão a boca, o convívio com outras crianças com enteroparasitoses através do contato íntimo e pelaimunidade deficiente para eliminação dos parasitos .(8)

Nos escolares analisados com poliparasitismo observamos uma maior freqüência da associação da E. coli, E. nana e G.lamblia. Nessa associação a E.coli e a E. nana são protozoários comensais não patogênicos, mas sua presença é umindicativo de contaminação. Na figura 2 pode‐se observar a distribuição da ocorrência das associações parasitárias.

Tabela 1. Freqüência de enteroparasitos em estudantes da Escola Nosso Lar Tio Juca, cidade de Patos - PB

FAIXAETÁRIA

COMENTEROPARASITOS

FREQUÊNCIA- %

SEMENTEROPARASITOS

FREQUÊNCIA%

5|--6 2 3,7 1 1,8

6|--7 7 12,7 0 07|--8 9 16,4 8 14,5

8|--9 8 14,5 2 3,7

9|--10 16 29,1 2 3,6

TOTAL 42 76,4 13 23,6Fonte: Coleta de dados

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Os enteroparasitos são capazes de desenvolver nos seus hospedeiros uma série de ações fisiopatológicas comoresultante dessas alterações hematológicas que podem ser perceptíveis a partir dos exames laboratoriais feitos nesseestudo.

A associação entre parasitos e alterações hematológicas constitui um problema crescente nas discussões dasaúde publica, principalmente em escolares, devido à presença de alguns parasitos costuma relacionar o surgimento deanemia, especialmente a ferropriva, nos seus hospedeiros (3).

O exame de PCR realizado nos 55 escolares não demonstrou alteração alguma nas crianças com positividadepara enteroparasitos. Diante desses dados pode‐se observa que o exame laboratorial de PCR pode não ser um exameparalelo no diagnóstico parasitológico.Os resultados encontrados para anemia neste trabalho foram de 19 (34,4%), enquanto que 36 (65,6%) nãoapresentaram alterações nos valores da série vermelha do hemograma (Figura 3).

Figura 2: Distribuição da freqüência das associações dos parasitos encontrados em escolares com poliparasitismoda Escola Nosso Lar Tio Juca.

Fonte: Coleta de dados

32,8

19,4

11,1

8,3

5,7

5,7

5,7

5,7

2,8

2,8

0 5 10 15 20 25 30 35

ENTEROPARASITAS

E.coli+E.nana+G. lamblia

E.nana+G.lamblia

E. coli+E. nana+G.lamblia+E. histolytica

E.coli+E.nana+E.histolytica

E.coli+E.nana

E.histolytica+E.nana

G. lamblia+Iodamoeba butschilii

Hymenolepis nana+I.butschilii+E.nana+ E.coli

Ascaris lumbricoides+G.lamblia

A. lumbricoides+E.coli+E.nana+G. lamblia

35

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Entre os 19 (34,4%) indivíduos positivos para anemia observou‐se que 14 (25,4%) destes são portadores deenteroparasitos, sendo a espécie da G. lamblia e sua associação com outras espécies parasitárias, o parasita com maiorfreqüência nas amostras estudadas (Tabelas 2 e 3).

Apesar de os protozoários não serem um relevante causador de anemia em seu hospedeiro, os protozoáriosintestinais podem provocar complicações gastrointestinais com efeitos severos na nutrição e desenvolvimento dascrianças .(2)

A G. lamblia causa má absorção de ferro devido à diminuição das vilosidades intestinais provocando umaredução no número de hemoglobina que desenvolve um quadro anêmico (SOUZA et al ). Enquanto que, a anemia.9

oriunda da Entamoeba histolytica deve‐se as hemorragias geradas pelas formas patogênicas, provocando perda de ferrocirculante .(10)

As parasitoses intestinais mais comumente observados em alguns estudos responsáveis pela anemia sãoancilostomose, tricuríase, ascaridíase, dentre outras, mas neste trabalho o helminto observado foi o A. lumbricoides(CANTOS et al. ; ROCHA et al ; ALMEIDA ). A anemia oriunda do A. lumbricoide é ocasionada pela hemorragia causada4 .5 7

pelo traumatismo mecânico devido ao congestionamento de larvas nos vasos sanguíneos .(11)

Além da anemia, os parasitos intestinais podem desenvolver outras alterações hematológicas como eosinofilia,resultado da resposta imunológica contra a invasão destes agentes parasitários e o VSH. Nos resultados da eosinofilia,

Tabela 2. Freqüência de indivíduos anêmicos em crianças da Escola Nosso Lar Tio Juca, na cidade de Patos –

PB

FAIXAETÁRIA

COMENTEROPARASITO

FREQUÊNCIA -%

SEMENTEROPARASITO

FREQUÊNCIA -%

5|--6 2 3,6 1 1,8

6|--7 1 1,8 0 0

7|--8 6 11 2 3,6

8|--9 2 3,6 1 1,8

9|--10 3 5,4 1 1,8

TOTAL

14 25,4 5 9

Fonte: Coleta de dados

Tabela 3. Freqüência de parasitos intestinais em escolares anêmicos da Escola Nosso Lar Tio Juca, na

cidade de Patos – PB.

Parasitos Intestinais Número de EscolaresA. lumbricóides + E.col i+ E.nana + G. lamblia 1 (7,1%)

A. lumbricóides + E. nana 1 (7,1%)

E. coli + E. nana + G. lamblia + E. histolytica 1 (7,1%)E.coli + E. nana + G. lamblia 3 (21,5%)

E.nana + G. lamblia 4 (28,7%)

E. nana+ E. histolytica 1 (7,1%)Entamoeba histolytica 1 (7,1%)

Giardia lamblia 2 (14,3%)

TOTAL 14 (100%)

Fonte: Coleta de dados

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observou‐se que estava presente em 16 (29,1%) das amostras estudadas. Das 14 (25,5%) amostras observados comeosinofilia são de crianças portadoras de algum enteroparasito, enquanto que em 2 (3,6%) amostras positivas paraeosinofilia não foram visualizadas formas infectantes de enteroparasitos (Tabela 4).

De acordo, com o que aconteceu nos resultados de anemia, dentre as espécies parasitárias, a G. lamblia ou aassociação deste com outras espécies parasitárias, foram os parasitos intestinais mais incidentes entre os portadoreseosinofílicos que continham enteroparasitos, pois os agentes infectantes liberam substâncias que ativa o mecanismo dedefesa a estimular uma maior produção de IgE e eosinófilos no sangue periférico desenvolvendo uma respostaespecífica ao parasito e a eosinofilia nos tecidos tentando destruir ou imobilizar o parasito .(12)

A relação entre eosinofilia e protozoários não é muito descrita na literatura científica, pois nem todoenteroparasito, principalmente os que vivem na luz do intestino, são capazes de induzir um quadro de eosinofilia,entretanto pode ocorrer quando há invasão tecidual. Podendo ser um indicativo, com valor preditivo para aincorporação no tratamento conjunto com as doenças causadas por parasitos intestinais, bem como nos processosalérgicos .(13)

Outra alteração hematológica verifica nesse estudo foi o VSH que é utilizado para auxiliar no diagnóstico dedoenças inflamatórias ou infecções de fase agudas e até mesmo da condição geral de saúde ou doença .(14)

Nos resultados de alteração de VSH, acima de 10mm/h, observou‐se que 33 (60,3 %) das amostras estudadas estavamacima do valor de referência e que 22 (39,7%) estavam abaixo do valor de referência (Figura 4). As análises estatísticasdo cruzamento dos dados comprovam que existe relação de VSH alterado com enteroparasitos (x²=7,72; p>0,05).

Tabela 4. Freqüência de indivíduos eosinofílicos em crianças da Escola Nosso Lar Tio Juca, na cidade de Patos -

PB

FAIXAETÁRIA

COMENTEROPARASITOS

FREQUÊNCIA%

SEMENTEROPARASITOS

FREQUÊNCIA%

5|--6 1 1,8 0 0

6|--7 2 3,6 0 0

7|--8 4 7,4 2 3,6

8|--9 2 3,6 0 0

9|--10 5 9,1 0 0

TOTAL 14 25,5 2 3,6

Fonte: Coleta de dados

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O VSH está aumentado nos processos de infecções de fase agudas de qualquer natureza, sendo um exame oquanto inespecífico para identificar que um indivíduo seja portador de parasitos, mas nesse estudo observa‐se quecrianças apresentando valores acima de 10mm/h no VSH continham algum enteroparasito com associação ou não(Tabela 5).

Devido, independente do parasito intestinal, ocorrer um processo infeccioso desencadeando uma infecção defase aguda. Todo esse processo está relacionado com a carga parasitária encontrado em um indivíduo.

Apesar da anemia e eosinofilia correlacionada aos parasitas intestinais serem bastante abordadas na literatura,a análise estatística da correlação dos dados não verificou a existência desta associação no presente trabalho. Conformedemonstra os dados estatísticos da associação de anemia e enteroparasitos mostraram um x²= 0,01; p<0,05, e darelação de eosinofilia e enteroparasitos o x² = 0,129; p<0,05.

Rocha e colaboradores (12) descrevem que o surgimento de anemia pode ser por enteroparasitos ou presençasde outros fatores, como uma dieta inadequada e deficiente de ferro, ácido fólico e vitamina B12 nos alimentos. Daí oaparecimento de 5 (9%) crianças anêmicas não portadoras de parasitos intestinais (Tabela 2).

A eosinofilia pode estar alterada, além dos enteroparasitos, nas reações alérgicas a poeira, medicamentos,insetos, grão de pólen, entre outros. Porém para confirmação desta hipótese é adequado a realização de exames maiscriteriosos para enfatizar esta alteração hematológica.

As parasitoses intestinais e suas complicações hematológicas constituem um problema de saúde publica, poissua presença está associada às condições sociais e econômicas das classes de renda mais baixa, com alimentação esaneamento básico inadequado ou inexistente.

Essa problemática merece uma atenção a mais por parte dos governantes desse município e a direção da escolajunto aos responsáveis dessas crianças para desenvolverem um programa de erradicação dessas enfermidades, uma vezque elas podem trazer prejuízos no desenvolvimento e rendimento escolar da criança.

Portanto, o diagnóstico dos parasitos intestinais, pelo exame parasitológico, e a identificações de anemia,eosinofilia ou uma alteração nos níveis de VSH, representa uma ferramenta indispensável para avaliação clinico ‐

Tabela 5. Freqüência de parasitoses intestinais em escolares com VSH alterado da Escola Nosso Lar Tio Juca, na

cidade de Patos – PB.

PARASITAS INTESTINAIS NUMERO DE

ESCOLARES

Ascarislumbricoides+Entamoeba.coli+Endolimax.nana+Giardia. lamblia 2 (6,9%)

Ascaris lumbricoides+Endolimax. nana 1 (3,4%)Ascaris lumbricoides + Giardia lamblia 1 (3,4%)Entamoeba.coli+Endolimax. nana+Giardia lamblia+Entamoeba. histolytica 2 (6,9%)

Entamoeba.coli+Endolimax.nana 2 (6,9%)Entamoeba .coli+Endolimax.nana+Entamoeba.histolytica 1 (3,4%)

Entamoeba.coli+Endolimax.nana+Giardia.lamblia 7 (24,1%)Entamoeba.histolytica 1 (3,4%)

Entamoeba.histolytica+Endolimax.nana 2 (6,9%)Endolimax.nana+Giardia.lamblia 6 (21%)

Endolimax nana+ Entamoeba. histolytica+Giardia.lamblia 1 (3,4%)Giardia lamblia 1 (3,4%)

Giárdia lamblia + Iodamoeba butschilli 2 (6,9%)TOTAL 29 (100%)

Fonte: Coleta de dados

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laboratorial da diagnose dos enteroparasitos.

Considerações finais

A incidência de parasitos intestinais na Escola Nosso Lar Tio Juca, na cidade de Patos – PB deve estar associada às

precárias condições de vida e de higiene em que vivem os escolares em sua comunidade. Entretanto, os enteroparasitos

não estão relacionados com associação de anemia, eosinofilia e PCR, mas demonstrou uma significância em relação ao

VSH. Exames complementares deverão ser realizados para justificar o surgimento de anemia, eosinofilia e VSH

verificados nos resultados dos escolares.

De acordo com os resultados comprova que necessita de uma prevenção de controle desses parasitos uma vez

que estes parasitos intestinais podem comprometer o desenvolvimento e rendimento escolar das crianças estudadas.

Referências

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Artigo 06

A :SSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE DIALÍTICO UMAREVISÃO DE LITERATURA

Nursing care patient dialysis: aliterature review

Kyara Anselmo de Meneses2; Lenilde Dias Ramalho1; Mauri Pessoade Melo2; Nadja Soraya Gouveia da Silva21. Professora (FASER) Especialista em Saúde Pública e Mestranda em Educação([email protected]);2. Discente de Enfermagem FASER ([email protected]; maur‐

[email protected]; nadja‐[email protected]).

ResumoInsuficiência renal pode ser definida quando, os rins não são capazes, de remover os produtos de degradaçãometabólica do corpo ou de realizar as funções reguladoras. A diálise é usada para remover líquidos e produtos residuaisurêmicos do corpo quando os rins não conseguem fazê‐lo. O crescente número de doentes renais no Brasil já o tornou oterceiro mercado de hemodiálise do mundo. Esta doença atinge mais de dois milhões de brasileiros, porém 60% nãosabem.Neste sentido, o estudo objetivou descrever os cuidados de enfermagem no ambiente hospitalar a cerca dasdiversas modalidades de tratamento a pacientes dialíticos, através da literatura pertinente ao tema em destaque. Trata‐

se de uma pesquisa bibliográfica, realizada a partir de acervo pessoal, em bibliotecas de instituições de ensinosuperiores públicas e privadas da cidade de João Pessoa – PB, bem como em sites indexados à rede mundial decomputadores. O estudo revelou que um paciente submetido à diálise peritoneal é cercado de cuidados e precauçõestornando a forma de tratamento bastante eficaz no qual o enfermeiro vai atuar nesse processo de adaptação no que serefere aos aspectos físicos, emocionais, bem como na vitalidade dos pacientes. O acompanhamento da enfermagem éextremamente importante durante as sessões de diálise, pois pode haver complicações relacionadas ao paciente e, paraisto o enfermeiro precisa está atento e saber reconhecer tais complicações.Portanto conclui‐se que, as atribuições deenfermagem referem‐se à saúde como fator relevante para manter‐se em atividade constante voltada a um bomfuncionamento físico, a aspectos sociais adequados, ao estado emocional e mental satisfatórios, além da percepçãoindividual do bem‐estar de cada paciente.Palavras ‐ chave: Diálise peritoneal, Assistência de Enfermagem.

AbstractRenal failure can be defined when the kidneys are not able, to remove the products of metabolic degradation of thebody or to perform regulatory functions. Dialysis is used to remove fluid and uremic waste products from the body whenthe kidneys can not do it. The growing number of kidney patients in Brazil has already become the third hemodialysismarket in the world. This disease affects more than two million Brazilians, but 60% did not sabem.Neste sense, the studyaimed to describe nursing care in the hospital about the various modalities of treatment for dialysis patients through theliterature concerning the matter highlighted. This is a bibliographical research from personal archives, libraries ofinstitutions of public and private higher education in the city of João Pessoa ‐ PB, as well as sites indexed worldwide web.The study revealed that a patient undergoing peritoneal dialysis is surrounded precautions and care of making veryeffective form of treatment in which the nurse will act in the process of adaptation with respect to physical, emotional,and the vitality of the patients. The monitoring of nursing is extremely important during the dialysis sessions, there maybe complications related to the patient and the nurse need for it is alert and able to recognize such

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complicações.Portanto concludes that nursing assignments refer to health as a relevant factor to keep in constantactivity aimed at a good physical functioning, the appropriate social, emotional state and mental satisfactory, and theindividual perception of well‐being of each patient..Keywords: peritonealdialysis, nursing care.

Introdução

Insuficiência renal pode ser definida quando os rins não são capazes de remover os produtos de degradaçãometabólica do corpo ou de realizar as funções reguladoras . Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia(1)

(SBN), um grande número de pessoas sofre de doenças renais e outras estão a espera de um transplante.Estudos mostram que mais de 80% dos pacientes que fazem diálise, segundo informações da SBN, estão nos(2)

países desenvolvidos, os dados da SBN (2005) revelaram que o crescente número de doentes renais no Brasil já o tornouo terceiro maior mercado de hemodiálise do mundo tornando um problema de saúde publica, atingindo dois milhões depessoas e com incidência de novos paciente de 8% ao ano, sendo que 60% não sabem. De 24.000 pacientes mantidos emprograma dialítico em 1994, alcançamos 59.153 pacientes em 2004, somente no ano de 2005 foram notificados 32.329novos casos , e gasto com o programa de diálise e transplante renal no Brasil situa‐se ao redor de 1,4 bilhões de reais ao(2)

ano (8).O interesse pelo conteúdo e estudo de métodos dialíticos, mais precisamente no que se refere às atribuições de

enfermagem, deve‐se ao fato de que muitas pessoas desconhecem esse tipo de tratamento, sobretudo, quando secompara ao conhecimento à cerca da hemodiálise. Um paciente submetido à DP é cercado de cuidados e precauçõestornando esta forma de tratamento bastante eficaz.

Nesse contexto os pesquisadores justificam o interesse por este estudo, por acreditarem que, através deste,irão ampliar os conhecimentos dos profissionais de enfermagem que tiverem interesse por esta temática haja vista, estetema ser pouco informado durante as aulas na graduação, e, se faz relevante pelas contribuições que irá oferecer para oensino, pesquisa, serviço e formação acadêmica do futuro enfermeiro.

Objetivo

Descrever a luz da literatura em destaque os cuidados de enfermagem no ambiente hospitalar a cerca dasdiversas modalidades de tratamento a pacientes dialíticos.

Revisão de literatura

Fisiologia do rimCada rim contém aproximadamente um milhão de nefros, que são suas unidades funcionais. Os nefros consistem

em um glomérulo contendo as arteríolas aferentes e eferentes, cápsula de Bowman, túbulo contorcido proximal, alça deHenle, túbulo contorcido distal, e dutos coletores .(3)

A função básica dos rins é limpar o plasma sanguíneo de substâncias indesejadas ao organismo, como asproteínas finais do metabolismo, uréia, creatinina, ácido úrico e uratos, através da filtração Estas são os produtos(4).

finais do metabolismo, como, a uréia, creatinina, ácido úrico, uratos, regulação do balanço hidroeletrolítico naconstituição de água e eletrólitos como potássio, cálcio, fósforo, hidrogênio e a produção de hormônios .(4)

Os rins desempenham vários papéis essenciais para a homeostasia corporal normal. Entre outras funções estão:

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regulação do equilíbrio hidroeletrolítico e do equilíbrio ácido‐básico, regulação da pressão arterial, produção deeritropoetina (regulação da produção de eritrócitos), síntese de vitamina D e secreção de prostaglandinas .(5)

Conforme o mecanismo de passagem do líquido e sua composição é devido ao equilíbrio entre as forças quetendem a manter o líquido nos vasos e as que tendem a expulsá‐lo ( ). Os dois principais fatores são aForçasdeStarlingpressão hidrostática Pressãooncótica, que favorece a passagem de líquido do sangue para a cápula de Bowman, e a , queimpede a saída de líquidos do sangue. Após ser produzido pelo glomérulo, o filtrado glomerular segue para os túbulosrenais onde será processado o líquido finalpara dar origem à urina (6). Em cada segmento dos túbulos renais, ocorremmovimentos ativos (com gasto de energia) e passivos (sem gasto de energia) para a reabsorção de e eletrólitos.águaAlgumas substâncias, como eletrólitos e medicamentos, são secretadas do sangue para o filtrado glomerular pelostúbulos renais.

Os rins atuam na manutenção do equilíbrio ácido‐basico, regulam a concentração de bicarbonato (HCO3), oqual possui a função de tamponamento, excretando ions de hidrogênio e regula a produção de eritrócitos, através dasecreção de eritropoetina, um hormônio que estimula a síntese de eritrócitos .(4)

Considerações gerais sobre Insuficiência Renal Aguda (IRA)Entende‐se por insuficiência renal aguda (IRA) a supressão brusca e prolongada da atividade renal, com o

conseqüente transtorno na formação de urina e na regulação do meio interno.As causas da IRA renal é a decorrência de doenças como glomerulopatias, vasculites, hipertensão arterial

maligna, intoxicações por drogas como aminoglicosídeos e antiinflamatórios, intoxicação por contrastes e infecçõesgraves (sepses) podendo produzir‐se sem que exista qualquer alteração anatômica dos rins ou das vias urinárias .(7)

Considerações sobre Insuficiência Renal Crônica (IRC)A IRC ou Doença Renal Terminal (DRET), é uma doença geralmente irreversível da função renal de depuração,

no qual a um fracasso na capacidade do corpo de manter o equilíbrio metabólico e hidroeletrolítico, tendo comoresultado retenção de uréia e outros resíduos nitrogenados no sangue. Esta patologia ocorre quando os rins sãoincapazes de remover os produtos de degradação metabólica do corpo onde realiza as funções reguladoras.

As causas da insuficiência renal crônica podem ser derivadas de doenças glomerulares crônicas, como aglorulonefrite; infecções crônicas, como pielonefrite ou tuberculose anormalidade congênitas como a doença renalpolicística; doenças vasculares como nefrosclerose renal ou hipertensão processo obstrutivo como cálculos, doenças docolágeno como lúpus eritematoso sistêmico, agentes nefro tóxicos, doenças endócrinas como nefropatiadiabética .(9)

Destacam os seguintes sinais e sintomas da IRC: neurológico: fraqueza, fadiga e convulsões; tegumentares: peleseca, prurido, equimoses, púrpuras, unhas finas e quebradiças, cabelos finos e ásperos; cardiovasculares: hipertensão,pericardite, hipercalcêmica, veias cervicais ingurgitadas; pulmonares: estertores, taquipnéia, pneumoniteurêmico;gastrointestinal: odor de amônia até o fedor urêmico na respiração, anorexia, náuseas e vômitos; endocrinológicos:disfunção tireoidiana; hematológicos: anemia, trombocitopenia; reprodutivos: amenorréia, infertilidade, libidoreduzido; musculoesquelético: cãibras musculares .(5)

Tratamento DialíticoDiálise se refere à difusão de moléculas do soluto através de uma membrana semipermeável, passando do lado

de maior concentração para o de menor. O objetivo da diálise é manter a vida e o bem estar do paciente e deve serusadapara remover líquidos e produtos residuais urêmicos do corpo quando os rins não conseguem fazê‐lo .(10)

Embora não exista cura para a falência renal, estão disponíveis várias modalidades de tratamento com osmesmos princípios fisiológicos diferenciando apenas a membrana utilizada na Hemodiálise (HD): consiste na filtraçãodo sangue através de um processo extracorpóreo de depuração mediado pela membrana de um dializador, que

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funciona como um rim artificial. Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua (DPAC): permite a realização em domicíliopelo paciente e/ou responsável. Diálise Peritoneal Contínua Assistida por Cicladora – CCPD ou Diálise PeritonealAutomática – DPA: realizada a noite durante o sono do paciente, ficando este conectado a uma máquina cicladora .(11)

Comparando a hemodiálise com a diálise peritoneal observa‐se que na hemodiálise, cria‐se cirurgicamente umamembrana artificial que faz ligação entre uma artéria e uma veia (uma fístula arteriovenosa), para facilitar a extração e oretorno do sangue. O sangue flui através de um tubo ligado à fístula dentro do dialisador capilar . No interior do(4)

dialisador, uma membrana artificial separa o sangue de um líquido (o dialisado) que é semelhante aos fluídos normaisdo corpo. O líquido, os produtos residuais e as substâncias tóxicas do sangue filtram‐se através da membrana dentro dodialisado. O sangue purificado é devolvido ao corpo do paciente. Na diálise peritoneal, introduz‐se um cateter através deuma pequena incisão na parede abdominal dentro do espaço peritoneal. O dialisado drena pelo efeito da gravidade ou ébombeado através do cateter e deixado no espaço um tempo suficientemente longo para permitir que os produtosresiduais provenientes da circulação do sangue sejam filtrados através do peritonio dentro do dialisado. Depois odialisado é drenado, retirado e substituído .(12)

Para realização de hemodiálise permanente é necessário a criação de um acesso vascular, uma fístulaarteriovenosa, que será puncionada ao início de cada sessão de hemodiálise, sendo conectada por circuitos dodialisador. A máquina de diálise que mantém o fluxo de sangue no circuito na velocidade desejada, controlando o fluxo ea temperatura do banho de diálise. Durante terapia usa‐se heparina na lavagen do cateter, para evitar coagulação poisalgumas complicações como estenose venosa, hiperemia e infeçções generalizadas (sepse) e endocardite . As sessões(4)

de hemodiálise são realizadas três vezes por semana, durante quatro horas .(13)

A necessidade de um acesso para o paciente com insuficiência renal pode ser temporário ou permanente. OCateter de Duplo Lúmen (CDL) é a via de acesso temporária, é implantado com anestesia local nas veias subclávia,jugular interna e femoral, fixado por fios cirúrgicos o mononáilon, Fístula Arteriovenosa (FA) acesso permanente, queconsiste numa anastomose subcutânea de uma artéria com uma veia .(4)

Algumas complicações durante hemodiálise é bastante comum , como : sentir cãibras musculares e quedarápida da pressão arterial (hipotensão) durante a sessão de hemodiálise. Estes problemas acontecem, principalmente,em conseqüência das mudanças rápidas no equilíbrio dos líquidos e do sódio. A hipotensão pode fazer com que oindivíduo sinta fraqueza, tonturas, enjôos ou mesmo vômitos. O início do tratamento dialítico pode ser um pouco maisdifícil, pois nesta fase, o corpo está adaptando‐se a uma nova forma de tratamento. Desta forma o individuo poderáevitar muitas complicações se seguir a dieta recomendada, tomar poucos líquidos e tomar seus remédios nos horárioscorretos .(14)

Atuação de enfermagem dentro da unidade de hemodiálise se faz necessário para avaliar o estado hídrico eidentificar as fontes de desequilíbrio e promover os sentimentos positivos, fornecerem explicações para o paciente epara família em relação à doença . A diálise peritoneal é um processo útil e fácil, que aproveita a extraordinária(5)

capacidade de absorção do peritônio já que a membrana usada e a do próprio peritônio com a instalação do dialisadorpara o inferior da cavidade peritoneal sendo útil tanto para a IRA quanto para a IRC e desequilíbrios hidroeletrolíticos .(16)

Este método foi empregado pela primeira vez por Ganter (1923), sendo difundido apenas depois de 1945 .(15)

Ainda quanto a diálise peritoneal, a superfície do peritônio, que é de aproximadamente 22.000cm² atua como asuperfície de difusão. Um líquido de diálise estéril apropriado (dialisador) é introduzido, por meio de um cateterabdominal, na cavidade abdominal ).(5

Quando aguda está indicada para sobrecarga hídrica ou edema pulmonar iminente, acidose crescente,pericardite e confusão grave e também quando existe um nível alto e crescente de potássio sérico. Pode ser utilizadapara remover determinados medicamentos ou outras toxinas do sangue. A diálise crônica ou de retenção está indicada

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na insuficiência renal crônica, conhecida como doença renal em estágio terminal (DRET). Os pacientes sem função renalpodem ser mantidos por diálise durante anos .(5)

As contra‐indicações para diálise peritoneal incluem hipercatabolismo, onde é ineficaz a depuração adequadadas toxinas urêmicas, e a condição precária da membrana peritoneal devido às aderências e fibrose;a obesidade,história de ruptura de divertículo, doença abdominal, doença respiratória, malignidades abdominais, doença vasculargrave e cirurgia abdominal extensa com drenos ou tubos(16).

Há três esquemas de diálise peritoneais mais utilizados, que são: Diálise Peritoneal Intermitente (DPI); DiálisePeritoneal Ambulatorial Contínua (DPAC) e Diálise Peritoneal Contínua assistida por Cicladora (DPCC) . A diálise(4)

peritoneal intermitente é um método alternativo eficaz para tratar a IRA quando a hemodiálise não é disponível ouquando não é possível o acesso à corrente sanguínea. Ela é usada às vezes como tratamento inicial para a insuficiênciarenal, nao sendo um procedimento de diales continua como DPAC e DPCC .(16)

A diálise é realizada por 10 a 14 horas, três a quatro vezes por semana com a mesma máquina de ciclagemperitoneal adotada na DPCC. Pacientes hospitalizados podem ser deslizados por até 24 a 48 horas .(15)

A CAPD como é conhecida a diálise peritoneal ambulatorial continua funciona sobre os mesmos princípios queoutras formas de diálise peritoneal; difusão e osmose. As flutuações menos extremas nos resultados laboratoriais dopaciente ocorrem com a CAPD. Neste método de CAPD a solução de diálise está sempre presente na cavidadeperitoneal. Após um período mínimo de 4 horas e máximo de 6, a solução é trocada, ou seja, procede‐se a drenagem dolíquido que estava na cavidade e infunde‐se uma nova solução. Após 6 horas de tempo de permanência na cavidade, asolução de diálise torna‐se saturada e deve ser renovada. Apenas durante a noite para não incomodar o bem‐estar dopaciente, a solução permanece por mais de seis horas .(4)

Por ser um procedimento realizado 3 a 4 vezes por dia, justifica‐se seu nome em diálise contínua. A DiálisePeritoneal Contínua assistida por Cicladora (DPCC), também chamada de diálise peritoneal automatizada (DPA),opaciente é conectado a uma máquina cicladora, que monitora o volume e o tempo total da terapia e o volume da infusãoe drenagem,personalizando e registrando o tratamento de acordo com as características individuais de cada membranaperitoneal, permitindo maior adequação e flexibilida e periodicamente substitui a solução de diálise da cavidadeperitoneal por uma nova solução por meio da força da gravidade enquanto o paciente dorme.(4)

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A importância da terapia nutricionalO encaminhamento para nutricionista e as explicações sobre a necessidade nutricionais são valiosos para

paciente renal crônico, em virtude das inúmeras alterações necessárias na dieta. Os objetivos primários da terapianutricional são controlar os sintomas associados com a doença (edemas, hipoalbunimenia e hiperlipidemia), diminuir orisco de progressão da insuficiência renal e manter as reservas nutricionais.A prescrição dietética inclui a cuidadosaregulação da ingestão protéica, ingestão de líquida para equilibrar as perdas hídricas, ingestão de sódio para contraporas perdas de sódio e alguma restrição do potássio. Ao mesmo tempo, a ingestão calórica adequada e a suplementaçãovitamínica devem ser garantidas .(12)

Assistência de enfermagem ao paciente dialíticoO acompanhamento da enfermagem é extremamente importante durante as sessões de diálise, pois pode

haver complicações relacionadas ao paciente e, para isto o enfermeiro precisa está atento e reconhecer taiscomplicações.

As complicações da hemodiálise são as seguintes: a hipotensão, náuseas e vômitos, sudorese, taquicardia etonteira. A cãibra muscular dolorosa que pode acontecer geralmente no final da diálise,quando as linhas sanguíneas seseparam ou as agulhas de diálise são acidentalmente deslocadas. A embolia gasosa é rara, mas pode acontecer quandoo ar entra no sistema vascular.

O paciente é mantido sob hemodiálise por cerca de um mês antes que um novo cateter seja inserido. Nospacientes com peritonite fúngica, o cateter peritoneal deve ser removido, caso não haja resposta à terapia em 4 a 7 dias.As infecções do túnel e a peritonite fecal também impõem a retirada do cateter. Os antibióticos sistêmicos devemcontinuar por 5 a 7 dias depois da retirada do cateter. A desnutrição aguda e a cicatrização tardia podem sobrevir.Portanto deve‐se dar atenção para a detecção de tratamento imediato das infecções .(17)

A peritonite (inflamação do peritônio), é a complicação mais comum e mais grave, que ocorre em 60 à 80% dospacientes sob diálise peritoneal por longo prazo. Muitos episódios de peritonite resultam da contaminação porStaphylococcus epiderrmidi, que causam sintomas brandos e possuem um bom prognóstico. Já a peritonite causada porStaphylococcus aureus apresenta uma taxa de morbidade mais elevada, possuem um prognóstico mais grave e tem umaevolução mais longa

Outras complicações mecânicas foram também relacionadas com grande freqüência durante esta pesquisa ,(19)

sendo as principais delas extravasamentos ao redor do cateter, sangramento, dor e demora na drenagem.Uma complicação da DPAC importante, que ocasionalmente foi citada nas literaturas, é a prevalência da Doença

Óssea Adinâmica (DOA) que tem sido detectada em alta porcentagem de pacientes, podendo chegar a 61% dospacientes durante esta modalidade dialítica .(20)

O papel educativo do enfermeiro no processo de diálise peritonealDentro do processo de enfermagem assistir/intervir e ensinar/aprender o profissional de enfermagem deve ter

em foco a prevenção, sabendo que as condições renais crônica são dispendiosas para os indivíduos, família e sociedadee o enfermeiro precisarade um periodo com o paciente para avaliar a capacidade de manejar o seu problema de saúdetornando assim o paciente mais participativo no tratamento e proporcionando uma melhor qualidade de vida (²²). Oensinamento deve ser cuidadosamente planejado oferecendo as informações importantes para o bem estar dopaciente sem, no entanto, sobrecarregá‐lo deve tambem avaliar o conhecimento do paciente a respeito da doença e seucontrole,as fases da trajetória e com as alterações na sua vida pessoal.

O enfermeiro que trabalha com Diálise Peritoneal (DP) deve ter entre outras características uma visão holistica

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alem de um amplo conhecimento sobre a patologia possuindo paciencia, flexibilidade, humanização e não apenas,habilidade técnica. Coerência na comunicação não verbal com o paciente (falar e exigir expressando a mesma coisa)potencializa a capacidade de compreender, de se comunicar e orientar .(22)

Sendo que adoença pode influenciar no aprendizado, tais como: o paciente renal, em geral, tem umamemorização mais lenta necessitando de mais repetições; tolerando sessões de treinamento que variam no máximoentre 10 e 15 min; os pacientes necessitam que as informações sejam demonstradas de diferentes formas áudios‐

visuais, devido a alteração do sistema sensorial .(24)

O tratamento realizado por Diálise Peritoneal consiste em quatro trocas diárias da bolsa dialítica com intervalosde 4 à 6 horas. Este procedimento pode ser realizado pelo próprio paciente ou responsável .(22)

Vale destacar alguns outros cuidados importantes que devem ser orientados pelo enfermeiro ao paciente emdiálise peritoneal: relacionados ao ambiente: evitar a presença de flores e plantas no quarto do paciente, manter osvidros fechados, o ar condicionado desligado e a porta fechada durante o procedimento, higienizar o quarto com umintervalo de no mínimo 1 hora de antecedência, manter o equipo de drenagem devidamente fixado para evitardesconexão acidental, nunca deixar as bolsas de diálise dentro da caixa no chão do quarto do paciente a fim de evitarque as mesmas fiquem acumulando sujidades; relacionados ao cateter peritoneal: manter o equipo 6 polegadas semprefixado junto ao corpo do paciente para evitar tração acidental, observar e manter a pinça twist clamp fechada quando opaciente não estiver em terapia, observar aspecto e presença de sinais flogísticos no curativo da inserção do cateterperitoneal .(9)

Com uma sistematização centrado no paciente, o enfermeiro pode avaliar o que o paciente alcançou ereplanejar o cuidado quando necessário, podendo dividir as intervenções de enfermagem em três grupos: açãototalmente compensatória, onde devemos fazer tudo pelo paciente; ação parcialmente compensatória, onde emconjunto com o paciente iremos determinar quais atividades do autocuidado ele pode desempenhar e qual necessitaráde ajuda ou conhecimento para que possa realizar sozinho; ações de educação e suporte, onde o paciente temcondições de manter suas atividades de autocuidado, sendo lhe oferecido suporte educacional para o melhorentendimento da tarefa a ser desempenhada e supervisão na execução destas até que atinja a proficiência .(17)

Na primeira ação, ocorre um contato inicial entre enfermeiro e paciente que precisa desenvolver o cuidado,onde são identificados os requisitos, sistemas e demandas, diagnósticos e prescrições de enfermagem. Na segundaação, o enfermeiro cria um sistema que contempla exigências terapêuticas e formas de auxilio ao paciente. Acontinuação do cuidado é mantida com a ajuda dos membros da família ou responsáveis pelo cuidado nos momentosatuais. Avalia‐se, então, o potencial do paciente para o desenvolvimento do auto cuidado. É o momento de reconhecer,organizar e documentar o valor efetivo da enfermagem .(17)

A terceira ação, é a preparação do paciente, da família ou do responsável pelo auto cuidado para se tornarindependente da atuação do enfermeiro. Este atua como guia da prescrição. Assim, a enfermagem atua em umaassistência domiciliar preventiva, evitando complicações, e permitindo uma maior autonomia ao paciente, visto que, adiálise peritoneal proporciona alguns benefícios, dentre outros convívio familiar e social, independência e liberdadepara dieta, e líquidos, maior flexibilidade de horários para realizar a diálise, o paciente é treinado e orientado para o seuautocuidado .(17)

Considerações finais

Neste estudo, foi possível identificar diferentes fontes de demandas de atenção ao qual o paciente cominsuficiência renal crônica está exposto. Para o enfermeiro é importante conhecer tais fontes de demanda de atenção

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para buscar estratégias que as minimizem. O profissional de enfermagem deve atuar de forma humanizada, com umavisão holística, orientando e fornecendo assistência com embasamento cientifico, oferecendo ao paciente e sua famíliaeducação continuada para esclarecimento do auto cuidado.

Adaptar‐se a esse estilo de vida não é um processo tranqüilo, e o profissional da saúde deve compreender eauxiliar o indivíduo, bem como sua família, neste novo caminho. O enfermeiro como profissional de saúde podeefetivamente facilitar este processo. Neste sentido é importante ter presente que não é somente a doença e a históriapessoal de cada paciente que influencia seu diagnóstico, mas o paciente deve confiar no profissional.

Portanto concluimos que este estudo trouxe conhecimento para o enfermeiro e sua prática, rompendo compadrões de comportamento profissional que nem sempre atendem as especificações de cada patologia. Naenfermagem a educação em saúde é uma estratégia que deve ser ampla no tocante ao desenvolvimento de novaspráticas que possam contribuir com o número cada vez maior de pacientes que são acometidos por doenças crônicas,necessitando por isso de atenção e cuidados específicos.

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