16
GRATUIT Fr FRANCE Edition O jornal das Comunidades lusófonas de França, editado por CCIFP Editions, da Câmara de Comércio e Indústria Franco Portuguesa Entrevista com Carlos Vinhas Pereira, Presidente da CCIFP Edition nº 335 | Série II, du 09 mai 2018 Hebdomadaire Franco-Portugais 07 Como viveram os Portugueses os acontecimentos de Maio/68? 50 anos depois, quatro “ativistas” contam como viveram esse mês 08 Salão do imobiliário e do turismo português em Paris CCIFP Militantes socialistas no estrangeiro apresentam Moção em Congresso para defender voto pela internet 03 Pedro Santos CPLP. O Embaixador de França em Portugal, Jean-Michel Casa, apresentou candidatura da França a Membro Observador da CPLP 03 Champigny. O monumento português ao ex-Maire de Champigny foi vandalizado e roubaram uma das quatro mãos que suportam o monumento 04 Greve. Os Trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos conti- nuam em greve há cerca de três semanas e a tensão aumenta contra a Direção 06 15 Campeão. Sérgio Conceição deixou o Nantes para levar a equipa do Futebol Clube do Porto à vitória no Campeonato de futebol da 1ª Divisão PUB PUB

Salão do imobiliário e do turismo português FPIC em Paris · ordinária expressão «Quem não está bem muda-se» relativamente a funda - das questões postas por professores

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Salão do imobiliário e do turismo português FPIC em Paris · ordinária expressão «Quem não está bem muda-se» relativamente a funda - das questões postas por professores

GRATUIT

FrF R A N C EEdition

O jornal das Comunidades lusófonas de França, editado por CCIFP Editions, da Câmara de Comércio e Indústria Franco Portuguesa

Entrevista com Carlos Vinhas Pereira, Presidente da CCIFP

Edition nº 335 | Série II, du 09 mai 2018 Hebdomadaire Franco-Portugais

07

Como viveram os Portuguesesos acontecimentos de Maio/68?50 anos depois, quatro “ativistas” contam como viveram esse mês 08

Salão do imobiliário edo turismo portuguêsem ParisC

CIF

P

Militantes socialistas no estrangeiroapresentam Moção em Congressopara defender voto pela internet 03

Pedro Santos

CPLP. O Embaixador de França emPortugal, Jean-Michel Casa,apresentou candidatura daFrança a Membro Observadorda CPLP

03

Champigny. O monumento português aoex-Maire de Champigny foivandalizado e roubaram umadas quatro mãos que suportam omonumento

04

Greve. Os Trabalhadores da CaixaGeral de Depósitos conti-nuam em greve há cerca de três semanas e a tensão aumenta contra a Direção

06

15 Campeão. Sérgio Conceição deixou oNantes para levar a equipado Futebol Clube do Porto àvitória no Campeonato de futebol da 1ª Divisão

PUB

PUB

Page 2: Salão do imobiliário e do turismo português FPIC em Paris · ordinária expressão «Quem não está bem muda-se» relativamente a funda - das questões postas por professores

02 OPINIÃO Le 09 mai 2018

LusoJornal. Le seul jornal franco-portugais d’information | Édité par: CCIFP Editions SAS, une société d’édition de la Chambre de commerce et d’industrie franco-portugaise. N°siret: 52538833600014| Représentée par: Carlos Vinhas Pereira | Directeur: Carlos Pereira | Collaboration: Alfredo Cadete, Angélique David-Quinton, António Marrucho, Céline Pires, Clara Teixeira, Cindy Peixoto (Strasbourg),Conceição Martins, Cristina Branco, Dominique Stoenesco, Eric Mendes, Gracianne Bancon, Henri de Carvalho, Inês Vaz (Nantes), Jean-Luc Gonneau (Fado), Joaquim Pereira, Jorge Campos (Lyon),José Paiva (Orléans), Manuel André (Albi) , Manuel Martins, Manuel do Nascimento, Marco Martins, Maria Fernanda Pinto, Mário Cantarinha, Mickaël Fernandes, Nathalie de Oliveira, Nuno GomesGarcia, Padre Carlos Caetano, Ricardo Vieira, Rui Ribeiro Barata (Strasbourg), Susana Alexandre | Les auteurs d’articles d’opinion prennent la responsabilité de leurs écrits | Agence de presse: Lusa| Photos: António Borga, Luís Gonçalves, Mário Cantarinha, Tony Inácio | Design graphique: Jorge Vilela Design | Impression: Corelio Printing (Belgique) | LusoJornal. 7 avenue de la porte de Vanves,75014 Paris. Tel.: 01.79.35.10.10. | Distribution gratuite | 10.000 exemplaires | Dépôt légal: mai 2018 | ISSN 2109-0173 | [email protected] | lusojornal.com

Pergunta dos leitores

Pergunta:

Caro Diretor,[...] Leio o LusoJornal quase desdeo início e adapto-me bem à versãodigital que leio todos os dias noMetro, quando regresso a casa de-pois do trabalho. [...]Admiro porque vocês têm faladoda greve dos trabalhadores daCaixa Geral de Depósitos. Estebanco é vosso cliente e vocês po-diam não falar desta greve. [...] Omeu irmão trabalha no banco eestá de greve. Temos falado muitodeste assunto. Sem vocês, muitagente nem sabia que eles estavamem greve, nem sabiam porquê.Parabéns. [...] E continuem sem-pre assim.Carla Rodrigues(Paris)

Resposta:

Cara leitora,Obrigado por nos ter escrito e porser uma fiel leitora.Isso aumenta ainda mais a nossaresponsabilidade.Se a greve dos trabalhadores dobanco público português emFrança não for notícia para nós,então o que seria a notícia?Nós sabemos distinguir a respon-sabilidade que temos para com osnossos compromissos comerciaise a que temos com os nossos lei-tores.Para com os nossos clientes, onosso compromisso é o de fazer omelhor possível o nosso trabalho,para ter cada vez mais leitores.Quantos mais leitores tivermos, amais longe chega a publicidadeque os nossos clientes nos com-pram.Para tal, temos de fazer bem onosso trabalho, respeitando sem-pre as regras deontológicas e ou-vindo as duas partes. Quando umadas partes não fala, é difícil ouviras duas partes, mesmo assimtemos conseguido, graças à nossacolaboração com a agência Lusa,obter declarações da sede daCGD, em Lisboa.Quando o trabalho for bem feito,sem tomar partido, não há qual-quer problema.Esperamos, contudo, que a grevepossa cessar em breve. Seria sinalque as duas partes do conflito en-contraram um acordo.Quanto aos outros pontos que le-vanta, já respondemos por mail.Boa leitura.

Carlos Pereira, Diretor do LusoJornal

Envie as suas perguntas para: [email protected]

A Secção PS de Paris reuniu-se no do-mingo 22 de abril para festejar o 25de abril com alguns dias de antece-dência e abordar o 22° Congresso Na-cional que ocorrerá no 25, 26 e 27 demaio na Batalha.Foi também a ocasião para o cama-rada Luís Fernandes apresentar aosmilitantes presentes as medidas to-madas pelo Governo de AntónioCosta que tiveram repercussões po-sitivas para a sociedade portuguesasem deixar de contrapor com as doanterior Governo de Pedro PassosCoelho que tiveram incidências de-sastrosas para o país.Portugal vem de obter os défices maisbaixos da sua democracia nestes últi-mos anos contrariando as políticas deausteridade de um PSD que preconi-zava, de maneira autocrática comoúnica saída da crise, o caminho daausteridade.O PSD afirmava de forma categóricaque a economia nacional não pode-

ria suster aumentos salariais, poisbem, passados 2 anos, a «gerin-gonça» aumentou os ordenados anoapós ano e no entanto a economianunca se portou tão bem como setem portado até agora.O desemprego que foi o maior flageloda governação de Direita e que abriusequelas profundas ainda percetíveisnos dias de hoje chegando a atingir os17,3% no primeiro trimestre de 2013.As políticas ativas e estimulantes desteGoverno permitiram reduzir drastica-mente o desemprego para númerosque fariam cair de inveja muitos dosvizinhos europeus…Muitos ainda se devem rememorar asdeclarações de um Primeiro-Ministroalvitrando aos Portugueses de se exi-larem e a partir daí assistiu-se à saídade quatro Portugueses em cada dez deforma contínua a partir de 2012 e2013. Esse número, para espanto dealguns, tem vindo a decrescer deforma acelerada desde então…

O ensino superior bateu novos máxi-mos com um substancial aumento deestudantes a ingressarem nas univer-sidades e que só na primeira fase su-perou os 45.000 ou seja um aumentode 5% face ao ano anterior e dessemodo foi demonstrado uma vez maiso contrário do que a Direita nos queriafazer acreditar…Quanto à saúde, ultimamente algunsdefensores da tão saudosa austeridadetem propalado a ideia que o SNS (Ser-viço Nacional de Saúde) é o parentepobre da governação das esquerdas…Nada é mais falso, e para espanto demuitos, o orçamento subiu de 700 mi-lhões desde a última legislatura per-mitindo à maioria dos Portugueses depoderem beneficiar de um médico defamilia. Abertura de novos centros desaúde/USF plano trienal de reequi-manto dos hospitais públicos, contra-tação de pessoal para os quadros(enfermeiros, médicos…), planos demodernização de hospitais (Évora, Sei-

xal, Sintra).Maior investimento na coesão territo-rial (transportes descarbonizados,autocarros elétricos/gás) na áreametropolitana de Lisboa e Porto,na ferrovia (renovação das linhascompletando o Portugal logístico)maior investimento no ordenamentoterritorial (cadastro simplificado, forçasde Bombeiros de primeira intervenção,formação de mais Sapadores/GIPS, arecente lei das bases de habitação…)Reforço do investimento nas relaçõesexteriores, reforço da contratação deAdidos, abertura de novos mercadospara novos produtos…Mais justiça e melhor administraçãocom o relançar do programa SIMPLEX,descentralização das competências,contratação de guardas prisionais res-tabelecimento de julgados da paz.Portanto, Senhor Primeiro Ministro,podemos e devemos crer num futurosustentável feito de trabalho, de espe-rança e de confiança…

Portugal melhor! Um futuro sustentável…Opinião de Luís Fernandes, Militante da Secção PS de Paris

Mais um 25 de Abril, claro.Muito festejado em Portugal, aqui eali festejado nas Comunidades portu-guesas, embora na verdade os Portu-gueses no estrangeiro não tenhamfortes motivos para os citados festejos,pois, concretamente, os chamados«valores ou conquistas de Abril» cor-rem cada vez mais o perigo de cair emesquecimento no estrangeiro.O feriado do 25 de Abril é, tradicio-nalmente, usado pelos políticos,sejam eles o Presidente da Repúblicaou qualquer um Deputado, para invo-car os direitos constitucionais, a de-mocracia em geral, o direito àexpressão individual e à opinião pró-pria.Muito lamentavelmente, em tudo oreferente ao Ensino do Português noEstrangeiro (EPE), e aos seus profes-sores, alunos e pais dos mesmos,esses direitos são, cada vez mais, letramorta.Embora a Constituição da RepúblicaPortuguesa, resultado direto da Revo-lução de Abril, preconize como deverdo Estado os cursos de Língua e Cul-tura Portuguesas para os filhos dostrabalhadores portugueses no estran-geiro, a atual tutela, personificada noMinistério dos Negócios Estrangeirose no Instituto Camões, continua muitopouco interessada nos lusodescen-dentes, aos quais persiste em extor-quir a indecente «Propina» por umensino muito falho de qualidade, paracontinuar a proporcionar aos alunosestrangeiros em França, Espanha eAlemanha um ensino gratuito, dequalidade aceitável e onde até a cer-tificação, que deveria ser paga para osalunos isentos da tal «Propina», é, naverdade, também gratuita.

Segue-se o princípio de: «Para os es-trangeiros, tudo. Para os Portugueses,nada!». Ou muito pouco, na melhordas hipóteses.Esse procedimento é revoltante?Claro! É inconstitucional? Sem dú-vida! Alguém se preocupa? Ninguém.Inclusive o Exmo Senhor Presidenteda República Portuguesa, por inerên-cia o mais alto Magistrado da Nação,que tem conhecimento destes desva-rios mas nada faz para os modificar. Eé pena. Afetos muitas vezes não che-gam. São precisas ações. E ao EPEainda não chegaram ações nenhu-mas. Positivas, claro, porque negati-vas já há e de sobra.Entre as ações negativas é também derealçar o clima de terror criado entreos professores no estrangeiro pelosresponsáveis das Coordenações deEnsino, que utilizam o processo deavaliação dos professores, do qual de-pende a renovação da comissão deserviço, para subjugar e aterrorizar osmesmos, estando implícito que quem

se atrever a reclamar ou protestar po-derá ser «recompensado» com o de-semprego.Inclusive, há poucos dias, numa açãode formação que teve lugar na Alema-nha, usou o Coordenador de Ensino aordinária expressão «Quem não estábem muda-se» relativamente a funda-das questões postas por professoressobre o processo de certificação.E assim ficou tudo dito. É simples: oute calas ou vais para a rua.As Coordenadoras e Coordenadorestêm poderes supremos, o Instituto Ca-mões mais supremos ainda, porquepermite todos os abusos de poder etrata os professores como inferiores,manifestando, do alto da sua arrogân-cia, total indiferença pelos problemasdos mesmos, permitindo até que osditos professores sejam fortementediscriminados relativamente aos seuscolegas em Portugal, tanto no respei-tante aos concursos para as escolasem território nacional, como no res-peitante às leis de proteção à mater-

nidade e à família que, dizem, nãosão para o EPE. Claro que são. Mas osprofessores discriminados não recla-mam. Porquê? A explicação constanas linhas anteriores.Os professores vivem aterrados e coa-gidos, a bem da conservação dos seuspostos de trabalho, a aceitarem tudo,seguindo, infelizmente, os péssimosexemplos da tutela, ameaçando ospais de encerramento de cursos casoos mesmos não paguem atempada-mente a odiosa Propina, ou recusandoencomendar o manual para os alunoscom a citada «em dívida».Exatamente o mesmo princípio de hápouco. Para os professores é: «Se pro-testas, arriscas-te ao desemprego».Para os pais é: «Se não paga, o seufilho não tem livro».O que se passa no EPE é uma vergo-nha para o nosso país? Certamente.Mas porque será que, por exemplo, oSr. Presidente da República ou o Sr.Primeiro Ministro não intervêm? Des-conhece-se a razão, mas é evidenteque não o fazem. Porque se o fizes-sem já esta vergonha teria terminado.Estarão a proteger alguém? Não é im-possível. Mas será esse tal «alguém»tão poderoso que justifique o acordotácito para a degradação total de umsistema que até 2010 funcionou acei-tavelmente e para o vergonhoso trata-mento da maioria das crianças ejovens lusodescendentes?Tantas perguntas, como sempre semresposta.Agora vem aí o 1° de Maio, Dia do Tra-balhador. Outra vez a democracia.Outra vez os direitos dos trabalhado-res. Que, no caso dos docentes doEPE, não são minimamente respeita-dos.

Lá se passou mais um…Opinião de Teresa Soares, Secretária Geral do sindicato dos professores SPCL

Page 3: Salão do imobiliário e do turismo português FPIC em Paris · ordinária expressão «Quem não está bem muda-se» relativamente a funda - das questões postas por professores

lusojornal.com

POLÍTICA 03

A França apresentou oficialmente a sua candidatura à CPLPA França apresentou oficialmente asua candidatura à Comunidade dosPaíses de Língua Portuguesa (CPLP),no passado dia 27 de abril.O Embaixador de França em Portugal,Jean-Michel Casa, entregou à Secre-tária executiva da Comunidade dosPaíses de Língua Portuguesa (CPLP),Maria do Carmo Silveira, uma carta doMinistro francês dos Negócios Estran-geiros, Jean-Yves Le Drian, anun-ciando a candidatura da França paraaceder ao estatuto de «Estado obser-vador associado» à CPLP.A carta do Ministro dos Negócios Es-trangeiros, Jean-Yves Le Drian, anun-ciando oficialmente a candidatura daFrança, assim como o plano geral deatividades e o plano de ação para apromoção do ensino do português emFrança, que servem de apoio a estacandidatura, foram entregues, emmãos, à Secretária executiva da CPLP,no dia 27 de abril em Lisboa, dandoassim seguimento ao compromissoassumido pelo Ministro francês dosNegócios Estrangeiros, durante o Se-minário diplomático dos Embaixado-res portugueses, a 4 de janeiro último.Este encontro foi também uma oca-sião para invocar diferentes assuntosde interesse comum que a França, aCPLP e a Organização Internacionalda Francofonia (OIF) partilham.A candidatura francesa é especial-mente motivada pela presença deuma importante Comunidade portu-guesa e lusodescendente em França,estimada em cerca de um milhão emeio de pessoas, a mais importantedas Comunidades portuguesas domundo fora de Portugal, mas tambémpela partilha da mais longa fronteiraterrestre francesa com o Brasil (regiãoda Guiana francesa) ou ainda pela im-portância das relações da França com

os países africanos membros daCPLP, como por exemplo em matériade formação e ajuda ao desenvolvi-mento como em Angola ou em Mo-çambique, ou de segurança regionalespecialmente no Golfo da Guiné.Segundo uma nota da Embaixada deFrança em Portugal, esta candidaturafoi recebida com entusiasmo pela Se-cretária executiva da CPLP que agra-deceu o interesse da França pelalusofonia e pelo mundo lusófono.Além da candidatura francesa à CPLP,este encontro foi para o Embaixadoruma ocasião para abordar o projectode adesão de Portugal à OrganizaçãoInternacional da Francofonia, quecontribuirá seguramente para o re-forço dos laços entre a francofonia e alusofonia.A este respeito, a Secretária executiva

Maria do Carmo Silveira e o Embaixa-dor Jean-Michel Casa concordaramque «a cooperação entre estas duasorganizações deve ser reforçada,tendo em conta, que numerosos paí-ses membros da CPLP, são tambémmembros da OIF como Cabo Verde, aGuiné-Bissau, São Tomé e Príncipe oua Guiné Equatorial e que as possibili-dades de cooperação são muito varia-das, como por exemplo nos domíniosda luta contra as alterações climáticasou a cooperação económica. A OIF ea CPLP partilham igualmente mesmoobjetivo de promoção do multilin-guismo e da diversidade cultural nomundo».As próximas etapas do processo deadesão da França enquanto Estadoobservador conduzirão a uma análiseda candidatura pelas diferentes ins-

tâncias da CPLP antes de uma reco-mendação formal, que a França es-pera seja favorável a esta adesão,durante a Conferência dos Chefes deEstado e do Governo da CPLP - ondeserá tomada uma decisão por unani-midade -, a ter lugar na Ilha do Sal emCabo Verde, nos dias 17 e 18 de julhopróximos, e na qual a França poderáser convidada a participar.

Rebelo de Sousaacolhe «de abraçosabertos»O Presidente da República, MarceloRebelo de Sousa reagiu à candidaturafrancesa afirmando que Portugal aacolhe de braços abertos e conside-

rando que esta comunidade está a ga-nhar peso no mundo.«Aumentou o peso político da CPLPno mundo. Países europeus, países la-tino-americanos, países asiáticos, paí-ses africanos. Essa expectativa, que jáexistia, a concretizar-se por parte daFrança é muito, muito importante, enós acolhemo-la, naturalmente, debraços abertos», declarou Marcelo Re-belo de Sousa.A Secretária Executiva da Comuni-dade de Países de Língua Portuguesa(CPLP), Maria do Carmo Silveira, con-siderou que a adesão de França e ou-tros Estados ao estatuto de paísesObservadores Associados da CPLP é«um contributo valioso» para organi-zação.«O envolvimento desses países nanossa organização será um contributovalioso e poderá reforçar as relaçõesque existem já entre os nossos paísese esses Estados e abre a possibilidadede aprofundar a cooperação em váriasoutras áreas», destacou a responsávelda CPLP, à margem da sessão deabertura das comemorações do Dia daLíngua Portuguesa e da Cultura.Maria do Carmo Silveira sublinhouainda que «este interesse revela a vi-sibilidade crescente que a CPLP temvindo a conquistar» e dá maior visibi-lidade à língua portuguesa.Itália e o principado de Andorra for-malizaram igualmente as suas propos-tas de adesão à CPLP em janeiro.Atualmente, dez países têm o estatutode Observador Associado da CPLP:Geórgia, Hungria, Japão, RepúblicaCheca, Eslováquia, ilhas Maurícias,Namíbia, Senegal, Turquia e Uruguai.Integram a CPLP Angola, Brasil, CaboVerde, Guiné-Bissau, Guiné Equato-rial, Moçambique, Portugal, São Tomée Príncipe e Timor-Leste.

Na qualidade de País Observador

Le 09 mai 2018

Socialistas vão apresentar Moção em Congresso defendendo o voto através da internetUm grupo de militantes socialistasquerem que o Partido avance com pro-posta para permitir votar através da In-ternet.Com a apresentação de uma moçãosectorial ao próximo Congresso do Par-tido Socialista, que decorre na Bata-lha, nos próximos dias 25, 26 e 27 demaio, este grupo de militantes socia-listas pretende que o Partido avancecom uma proposta de alteração da leieleitoral que permita a todos os Portu-gueses votar através da Internet.A moção sectorial justifica esta pro-posta com o facto de os números daabstenção continuarem a subir, comos recentes avanços tecnológicos ecom a necessidade de modernizar oprocesso de votação. O primeiro subs-critor do texto, Pedro Santos, afirmaque esta é uma forma de tratar «todosos eleitores de uma forma igualitária»e que permite «acompanhar a evolu-ção dos hábitos da nossa sociedade».Pedro Santos, que é o Secretário-Coor-denador da Secção de Bruxelas doPartido Socialista, lembra que estasolução irá beneficiar todos os eleito-res portugueses, mas que é especial-

mente importante para os residentesnas Comunidades portuguesas no es-trangeiro onde o ato de votar é quasesempre mais difícil. Tal como está es-crito na Moção, «os eleitores recensea-dos no estrangeiro têm muitas vezes deviajar centenas de quilómetros parapoder votar, com despesas muito supe-riores às dos votantes em Portugal».A moção, que é subscrita por váriosmilitantes de diferentes Secções doPartido Socialista em Portugal e no es-trangeiro, lembra que desde a primeiraeleição para a Assembleia Constituinteem 1975 e as últimas eleições legis-lativas, em 2015, a abstenção cresceumais de 500% e que este é o mo-mento de tentar inverter esta tendên-cia. «Hoje em dia os Portugueses jáusam a Internet para tratar de quasetodos os seus assuntos e interesses fis-cais, 365 dias por ano, no site das fi-nanças. Se durante um dia, de 4 em4 anos, lhes fosse permitido utilizar aInternet para eleger os seus represen-tantes, iriam com certeza fazê-lo, nãosó de forma mais ágil como acima detudo em maior número».«Este é um assunto importante, espe-

cialmente para as Comunidades por-tuguesas no estrangeiro, pois os nú-meros da abstenção continuam aaumentar e com as últimas notícias,relativas ao recenseamento automá-tico através das atualizações do Cartãode Cidadão, podem tornar-se aindapiores» explicou Pedro Santos ao Lu-soJornal.A proposta é muito clara: «O Partido

Socialista deve, o mais rapidamentepossível, apresentar uma proposta dealteração da Lei Eleitoral, que permitaao Governo preparar a implementaçãode um sistema de voto via Internet» eacrescenta que «o Partido Socialistadeve pugnar para que esta possibili-dade esteja disponível já nas próximaseleições legislativas, em 2019, pelomenos no círculo eleitoral das Comu-

nidades portuguesas no estrangeiro,tendo em conta que estes são os elei-tores mais prejudicados pelo sistemaactual».Para os subscritores «este sistema devotação deve ser tendencialmente in-tegrado em todas as votações da Re-pública Portuguesa, procurandomodernizar um processo que corres-ponda às necessidades de todos oseleitores de forma igualitária eacompanhar a evolução dos hábitosda nossa sociedade».Embora Pedro Santos seja Secretário-Coordenador da Secção de Bruxelasdo Partido Socialista, explicou ao Lu-soJornal que «esta Moção, emboraseja subscrita por alguns camaradasda Secção de Bruxelas do Partido So-cialista, é apresentada apenas emnome dos seus subscritores».Os subscritores são Pedro DanielPalma dos Santos, Tomé Andradede Sousa, Rui Lage, Francisco Xa-vier Calçada, Teresa Pereira, PedroRupio, Joana Benzinho Santos, Ber-nardo Aguiar, João Ramalhete Car-valho, Afonso Abreu, Jorge Carvalhoe José Alberto Alves.

Pedro Santos, primeiro subscritor da MoçãoLusoProduções / Tony da Silva

Page 4: Salão do imobiliário e do turismo português FPIC em Paris · ordinária expressão «Quem não está bem muda-se» relativamente a funda - das questões postas por professores

lusojornal.com

Academia doBacalhau deRouen entregouapoios aosBombeiros de Coimbrões,Valadares eAguda

O ex-Presidente da Academia do Ba-calhau de Rouen, Joaquim Monteiro(na foto) deslocou-se no dia 20 deabril, a Portugal e participou, naQuinta da Boucinha, em Vila Nova deGaia, num jantar de gala para entregade um donativo da Academia do Ba-calhau de Rouen aos Bombeiros Vo-luntários de Coimbrões, Valadares eAguda.Aquela Academia do Bacalhau éagora presidida por Maria Helena Oli-veira, mas como as ações de recolhade fundos para estas corporações debombeiros foram realizadas duranteo mandato de Joaquim Monteiro, foio ex-Presidente que se deslocou paraa entrega do donativo.A Academia do Bacalhau do Portotambém se associou a esta operaçãoe recolheu 2 mil euros para os Bom-beiros dos Carvalhos, «uma quantiaidêntica às ajudas feitas pela Acade-mia de Rouen às outras corporações»explicou Joaquim Monteiro ao Luso-Jornal.O «Compadre» de Rouen afirma queo jantar foi transformado «numa lindafesta de amizade entre todos os Pre-sidentes e Comandantes de Corpora-ções, com Comadres, Compadres eAmigos de Rouen e do Porto».O jantar foi animado pelos artistas Cé-sario Freitas e Mafalda.Depois deste evento, Joaquim Mon-teiro passou definitivamente a Presi-dência da Academia do Bacalhau deRouen para Maria Helena Oliveira,Presidente, e para José Stuart, Vice-Presidente. «Fico descansado, pois aComadre Maria Helena e o Compa-dre José Stuart estão desde a funda-ção desta Academia do Bacalhau deRouen, estando assim a nossa Aca-demia em muitas boas mãos» disseao LusoJornal.Depois deste último ato, JoaquimMonteiro agradeceu a todos os«membros da Direção que durante 7anos contribuiram para que estanossa Academia de Rouen ajudasseos mais necessitados, realizandoassim lindas e memoráveis ações,tanto em Portugal como em França».Depois citou uma frase «de um Com-padre e amigo do Porto»: «Uma vidaa ajudar, é uma vida que vale a penaviver».

04 COMUNIDADE

História da Emigração em França destacaenvio de trabalhadores e xenofobiaOs emigrantes portugueses em Françaforam alvo de xenofobia durante osanos 1930 sendo que milhares foramdespedidos dos locais de trabalho, ex-pulsos e impedidos de regressar, disseà Lusa o historiador Victor Pereira.«Temos aquela ideia dos Portuguesesintegrados na sociedade francesa. Masos Portugueses foram das principaisvítimas da xenofobia dos anos 1930,tal como os Polacos, Espanhóis ou Ita-lianos. Nessa época, devido à crise nãohavia trabalho, muitos foram expulsose muitos não conseguiam papéis e nãopuderam voltar a território francês»,disse à Lusa Victor Pereira.O investigador da Universidade de Pauet des Pays de l’Adour, em França,autor do livro «A Ditadura de Salazar ea Emigração» está a preparar um novolivro sobre a História da emigração por-tuguesa em França.A nova investigação que começa naPrimeira Guerra Mundial e que se pro-longa até à atualidade deve estar con-cluída no final de 2018 e vai serpublicada em França.O novo livro é «uma tentativa de sín-tese» sobre a emigração portuguesaem França, da Primeira Guerra Mun-dial até aos nossos dias e que realçaas consequências do Acordo de Traba-lho firmado entre Lisboa e Paris nomesmo ano em que os militares por-tugueses são enviados para territóriofrancês. «Eu começo em 1916.Pensa-se muito nos 50 mil soldadosportugueses que foram combater emFrança, mas em 1916 quando Portu-

gal começou a desenvolver esforçospara entrar no conflito os Francesespediram mão-de-obra», recorda o his-toriador.No conjunto das negociações sobre aentrada de Portugal no conflito Lisboaaceitou um Acordo de Mão-de-Obra,«a contragosto», e o envio de entre a15 a 20 mil operários com contratosde seis meses, sobretudo para fábri-cas. «Consegui encontrar cartas, foto-grafias desse período que foi o inícioda emigração portuguesa em França.Os Portugueses nessa altura iam parao Brasil ou para a Venezuela. A Françanão era vista como um país de emigra-ção», afirma o historiador.

O investigador destaca também quenos anos 1920 mais de 75 mil Portu-gueses vieram para França - a maiorparte homens oriundos do norte dePortugal - e que encontram empregona construção civil em cidades comoReims, destruída durante a GrandeGuerra, e em Paris.«Estou a dedicar-me muito aos dadosde 1920 e 1930 porque há aindapouca investigação sobre esse períodoem que os Portugueses se começam afixar nos bairros de lata, na periferia deParis», explica o historiador que está aconsultar novas fontes nos dois paísesassim como tenta recolher fotografiasda época e a registar memórias na pri-

meira pessoa. «Eu tenho, por exemplo,depoimentos de uma lusodescendentede 88 anos, filha de um desses traba-lhadores portugueses que emigrarampara França nesse período», refere.Segundo o historiador, em 1931 havia49 mil Portugueses em França, masem 1936 o número desce para 28 mildevido à crise e ao desemprego e àsconsequências da xenofobia contra ostrabalhadores estrangeiros. «Quandochega a crise, a Administração fran-cesa não distingue os Portugueses emuitos deles não conseguem ficar emFrança por falta de trabalho», frisa.Entre outros aspetos, a nova investiga-ção de Victor Pereira investiga tambéma presença de Portugueses peloCampo de concentração de Gurs, em1941 e 1942, perto da cidade dePau.O campo tinha sido instalado para«acolher» parte de membros das Bri-gadas Internacionais que apoiaram osRepublicanos durante a Guerra Civilde Espanha (1936-1939) e que se re-fugiaram em França após a vitória dasforças franquistas.O historiador consultou para o efeitomuitas das cartas que os prisioneirosportugueses enviavam para Portugal,mas que eram aprendidas pela políciapolítica do Estado Novo (PVDE).«Pelo Campo de Gurs passaram maisde 300 Portugueses. Durante a ocu-pação nazi muitos Judeus estiveramno mesmo Campo incluindo a filósofaalemã Hannah Arendt», indica o his-toriador.

Historiador Victor Pereira prepara novo livro

Monumento português de Champigny foi vandalizado

O monumento ao antigo Senador-Mairede Champigny-sur-Marne, Louis Tala-moni, inaugurado com pompa e cir-cunstância no dia 11 de junho de2016 pelo Presidente da RepúblicaPortuguesa Marcelo Rebelo de Sousae pelo Primeiro Ministro António Costa,foi vandalizado e roubaram uma dasmãos que suportam os livros da obrarealizada pelo escultor Louis Molinari.«Estamos indignados» diz ValdemarFrancisco, Presidente da associação«Les Amis du Plateau», que decidiu er-guer este monumento em Champigny,perto do sítio onde esteve o maior «bi-donville» da Europa, nos anos 60, eonde aliás viveu Valdemar Francisco emilhares de outros Portugueses.O monumento presta homenagem aoantigo Maire de Champigny, por terajudado a Comunidade portuguesa queresidia no «bidonville», mas tambémpresta homenagem à Comunidade por-tuguesa que ali viveu.«Para que servirão as mãos que foramvandalizadas e roubadas?» perguntaValdemar Francisco. «Digam-nos ondeestão as mãos para nós passarmos re-cuperá-las. Fariam uma boa ação».Não muito longe daquele monu-mento, já o então Embaixador de Por-tugal em França, António Monteiro,tinha inaugurado um outro monu-mento de homenagem aos Portugue-

ses que emigraram para França. Omonumento foi criado pelo escultorRui Chafes e poucos dias depois deter sido inaugurado, também foi van-dalizado e teve de ser reparado.Na altura as autoridades municipaisainda alegaram que o monumento era«frágil» e caiu com o vento, mas na Co-munidade portuguesa os comentáriosde que teria sido vandalizado foramunânimes.

Les Amis du Plateauapresentam queixaA associação Les Amis du Plateauapresentou uma queixa na Polícia deChampigny-sur-Marne (94), pelo roubode uma mão do monumento que osPortugueses construíram em homena-gem ao ex-autarca francês.

Uma das quatro mãos de 30 quilosque rodeia a escultura central foi rou-bada na noite de sábado, depois deuma primeira tentativa de furto «há 12dias», disse à Lusa Valdemar Fran-cisco, Presidente da associação LesAmis du Plateau.«Há 12 dias já tinham arrancado umamão mas não tiveram tempo de a levarporque passou lá alguém. Agora esta-mos a repará-la. De sábado para do-mingo arrancaram outra mão e destavez levaram-na. Estamos indignados edececionados porque aquela mão temum valor para nós, é um valor simbó-lico», afirmou Valdemar Francisco.O dirigente associativo e empresárioconsiderou que se deve tratar «de umsimples roubo e não de um ato de ra-cismo ou xenofobia contra os Portu-gueses», porque houve outros furtosnaquele parque e disse que vão ser co-locados dentro das mãos dispositivosde geolocalização no caso de havernovo roubo.Valdemar Francisco acrescentou que omonumento deverá estar reconstituídoaté 10 de junho, «dia de Portugal emque a associação vai fazer a Festa dascrianças e a Festa da sardinha».À sua volta, há oito colunas feitas comtijolos que foram autografados por emi-grantes, pelo Presidente da República,pelo Primeiro Ministro, pelo cantorPedro Abrunhosa, entre várias outraspersonalidades.

Por Carlos Pereira

Por Carlos PereiraHistoriador Victor Pereira

LusoJornal / Carlos Pereira

Le 09 mai 2018

Page 5: Salão do imobiliário e do turismo português FPIC em Paris · ordinária expressão «Quem não está bem muda-se» relativamente a funda - das questões postas por professores

Deputados doPSD queremsaber quantosfuncionáriosserão contratadospara ConsuladosOs Deputados do PSD eleitos peloscírculos da emigração perguntaramna semana passada ao Ministro dasFinanças quantos funcionários prevêcontratar este ano para os Consula-dos portugueses, que afirmam estarnuma «dificílima situação».Os Deputados Carlos Gonçalves (cír-culo da Europa) e José Cesário e Car-los Páscoa (fora da Europa) afirmamque «a generalidade dos Postos con-sulares tem hoje dificuldades que seagravam de mês para mês, comequipamentos essenciais para o seufuncionamento avariados há imensotempo, com carências crescentes depessoal, sem chefias intermédias e,em vários casos, sem capacidadepara concretizar o indispensávelplano de permanências consulares».O PSD refere que, nos últimos doisanos, a rede externa sofreu «uma re-dução real de mais de 200 colabora-dores», gerando «o gritante aumentodas dificuldades de atendimento».Esta situação «penaliza fortemente asComunidades portuguesas no estran-geiro, que em certos países são obri-gadas a esperar largos meses pelosimples atendimento para atos admi-nistrativos simples», enquanto os es-trangeiros que pretendem visitarPortugal «muitas vezes veem-se im-pedidos de obter os respetivos vistosem tempo útil, com graves implica-ções para a economia» nacional.No requerimento, pedem ao Minis-tro Mário Centeno, enquanto «res-ponsável pela gestão orçamental detodo o Governo, incluindo o Minis-tério dos Negócios Estrangeiros, epela política de administração dosrecursos humanos da rede diplo-mática e consular», que informesobre quantos funcionários técnicose administrativos serão recrutadoseste ano e em que postos serão co-locados.«Quando ocorrerão os sucessiva-mente anunciados concursos paraChefes de Chancelaria para os pos-tos que neste momento não pos-suem chefias intermédias?»,perguntam ainda os Deputados so-cial-democratas.Por fim, o PSD quer saber quantosnovos funcionários foram admitidosdesde 2016 para os serviços exter-nos do Ministério dos Negócios Es-trangeiros.

COMUNIDADE 05

La Journée de Langue Portugaise et de laCPLP fêtée à l’Ambassade du Brésil à Paris

La Journée de la Langue Portugaise etde la Communauté des Pays de LanguePortugaise (CPLP) a été fêtée vendredidernier, le 4 mai, à l’Ambassade duBrésil à Paris, en présence notammentde Pedro Saldanha, Ministre conseillerde l’Ambassade du Brésil, Hércules doNascimento Cruz, Ambassadeur duCap Vert en France et Jorge Torres Pe-reira, Ambassadeur du Portugal enFrance, ainsi que des Attachés culturelset linguistiques des pays de la CPLP.Parmi les invités figuraient principale-ment des responsables institutionnelsou associatifs liés au monde culturel lu-sophone.Prenant la parole, Jorge Torres Pereira,Ambassadeur du Portugal, a soulignél’importance de la langue portugaisedans le monde et les atouts qu’elle re-présente pour la lusophonie, dans plu-sieurs domaines, comme l’économie, lapolitique ou la culture. Par ailleurs, il aégalement insisté sur la nécessité decontinuer à développer l’enseignementdu portugais à l’étranger. En guise detransition avec la deuxième partie decette Journée, l’Ambassadeur du Por-tugal a cité l’exemple, dans le domainemusical, de «l’extraordinaire capacité

de synthèse entre la musique euro-péenne et africaine que l’espace cultu-rel de langue portugaise permet deréaliser».Un très bel interlude musical a eulieu au cours de cette Journée de laLangue Portugaise. Tout d’abord avecla participation du groupe «Canta-dores de Paris», qui a permis à l’as-sistance d’entendre des chantstraditionnels de la province de l’Alen-

tejo. Puis ce fut le tour du chanteuret compositeur angolais Lulendo,avec son inséparable quissanje (ins-trument à lamelles métalliques) et,enfin, le duo brésilien Luiz de Aquino(guitare) et Véronique Le Berre (voix)qui, à travers une fusion musicaleparfaite, nous a offert quelques mor-ceaux célèbres inspirés de Villa-Lobos, Chiquinho Gonzaga et autresmélodies populaires brésiliennes.

Rappelons que la Communauté desPays de Langue Portugaise (CPLP) aété créée en juillet 1996, qu’elle in-tègre les pays suivants: l’Angola, leBrésil, le Cap Vert, la Guinée Bissau,la Guinée Equatoriale, le Mozam-bique, le Portugal, São Tomé et Prín-cipe et le Timor-Est, et que la Francevient tout récemment de solliciter sonadhésion à cet organisme commemembre observateur.

Par Dominique Stoenesco

Embaixada do Brasil acolheu o II Encontrode Professores Lusófonos em FrançaTeve lugar na semana passada, na Em-baixada do Brasil em Paris, o II Encon-tro de Professores de Língua,Literaturas e Culturas Lusófonas emFrança, juntando professores e pesqui-sadores lusófonos que lecionam emuniversidades públicas francesas.

A experiência portuguesaNa conferência de abertura, a Coorde-nadora para o ensino do português emFrança na Embaixada de Portugal,Adelaide Cristóvão, fez um resumosobre «o que faz Portugal para apoiar oensino do português em França». Indi-cou que o ensino da língua é apoiadopelo Estado português em 15 univer-sidades francesas.Adelaide Cristóvão explicou que, aonível do primeiro ciclo até ao ensino se-cundário, há 25 Secções internacio-nais portuguesas nas escolas francesase que também há professores contra-tados pelo Estado português no âmbitodos cursos de Ensino de língua viva es-trangeira (ELVE) e de Ensino interna-

cional de línguas estrangeiras (EILE),ao nível do primeiro ciclo.A responsável lamentou que o Estadofrancês abra «pouquíssimas vagas»para docentes de português nos con-cursos de professores, um problemaque «parte muitas vezes dos estabele-cimentos de ensino» que se orientam,também pelo que «as famílias pedem»porque «não há muitas a pedir portu-guês» a não ser as que são de origemportuguesa. «Esta nossa tentativa queo português seja encarado como umalíngua internacional, seja visto comoaquilo que é, que é uma língua inter-nacional, com um peso cultural impor-tante, com um peso económicoimportante, ainda há passos a dar naprópria mentalidade francesa porque,depois, as opções são feitas pelospais», acrescentou.

Cartografia dos estudos luso-brasileirosDaniel Rodrigues, Diretor do Departa-

mento de estudos portugueses e brasi-leiros da Universidade Clermont Au-vergne, quer criar uma cartografia dosestudos luso-brasileiros nas Universi-dades em França, uma rede ‘online’que possa ser consultada «por todos»,desde estudantes, a investigadores,professores e empresários. «É umbanco de dados onde você poderáprocurar que instituições ensinamportuguês, como ensinam português,se ensinam outras matérias ligadas aomundo lusófono. Essa é a primeiraparte. Depois, qual a equipa, como éformada», explicou à Lusa Daniel Ro-drigues.O docente universitário explicou que«a necessidade de uma cartografia»foi constatada na primeira edição doEncontro de Professores de Língua,Literaturas e Culturas Lusófonas emFrança, há um ano, quando não seconseguiu um número exato de pro-fessores universitários de estudosluso-brasileiros em França. «Nós nãotemos uma ideia precisa desse nú-mero. Nós pensamos que sejamos emtorno de 200, 250 professores no en-sino universitário francês a trabalhar

de alguma maneira com estudos re-lacionados com o mundo lusófono»,afirmou.O projeto, que deverá estar pronto «nofinal de 2018» e ficar disponível noportal online da Cooperação Educa-cional Franco-Brasileira [educ-br.fr]«no começo de 2019», está a serapoiado pela Embaixada do Brasil eDaniel Rodrigues gostaria de contarcom o apoio de outras Embaixadas,incluindo a portuguesa.Adelaide Cristóvão, Coordenadora doEnsino de Português em França,disse à Lusa que «há imenso inte-resse» no projeto e que gostaria de vera cartografia disponível também napágina da internet da Coordenação doEnsino. «Há imenso interesse. Nóssomos contactados muitas vezes poralunos, alguns dos alunos que se-guem o ensino de português, e é sem-pre difícil encontrar onde é que elespodem procurar, a continuidade queeles pretendem. É extremamente im-portante uma cartografia dos cursos,dos perfis de professores para aquelesque estão a estudar e pretendemfazer mestrado», afirmou.

Vendredi dernier

Le 09 mai 2018

PUB

LusoJornal / Dominique Stoenesco

Page 6: Salão do imobiliário e do turismo português FPIC em Paris · ordinária expressão «Quem não está bem muda-se» relativamente a funda - das questões postas por professores

06 EMPRESAS

Grevistas proibidos de entrar na CGD fizeram Assembleia Geral na ruaNa quinta-feira da semana passada,no 17° dia de greve, a intersindicalFO-CFTC dos trabalhadores da CaixaGeral de Depósitos França acusarama Direção Geral da Sucursal de não oster deixado entrar nas instalações da-quela instituição bancária, na rue deProvence, em Paris, e dizem que tive-ram de fazer a Assembleia Geral deTrabalhadores na rua.«A CGD França ainda não abriu nego-ciações com os representantes dostrabalhadores em greve e enveredapela via da intimidação colocando se-guranças e oficiais de justiça à en-trada e nos recintos da instituição,numa nítida tentativa de criminaliza-ção dos trabalhadores» diz um comu-nicado da Intersindical. «Hoje aDirecção Geral da Sucursal deu umnovo passo no sentido da intimidaçãodos trabalhadores grevistas proibindo-lhes o acesso à instituição e aos locaisda Comissão de Trabalhadores, emcompleta violação da lei francesa. Sobpretexto de assegurar a segurança, oque os dirigentes da CGD França pre-tendem, é intimidar os trabalhadoresgrevistas, impedindo-os de se reuni-rem em Assembleia Geral».A intersindical FO-CFTC representa-tiva dos trabalhadores em greve, con-sidera «provocatória» a atitude daDirecção da Sucursal francesa e infor-mou que «vai apresentar queixa pordelito de entrave ao livre acesso dos

trabalhadores grevistas aos locais daComissão de Trabalhadores, junto doposto de polícia e da Procuradoriageral da República».O tom tem subido e a IntersindicalFO-CFTC tem sido mais crítica da Di-reção da Sucursal da CGD em França.Considera que «ao fim de seis anos dedesgoverno da Sucursal, a sabotagemda instituição em França continua,como o comprova sobejamente o factode, ao fim do 17° dia de greve, os di-

rigentes da CGD (de Lisboa como deParis), continuarem a não abrir reu-niões de negociação com a instânciade negociação legitimada pela Assem-bleia Geral de Trabalhadores, conti-nuando a organizar simulacros dereuniões».No comunicado enviado às redações,a Intersindical FO-CFTC diz que fez aAssembleia Geral de Trabalhadores narua, em frente ao prédio da institui-ção, e que votou «por unanimidade»

a recondução da greve. Diz tambémque «na ausência da abertura ime-diata de negociações, não terá outraalternativa senão dirigir-se ao Governoportuguês».

CGD explica que quer assegurar «direito ao trabalho»

Até agora não foi possível ao LusoJor-nal, entrar em contacto com Rui Soa-res, o Diretor Geral da Sucursal deFrança da CGD. Mas a CGD em Lis-boa explicou ter proibido a realizaçãode Assembleias Gerais dos Trabalha-dores nas instalações do banco queestão em greve na sucursal de França,mas garante que «o direito à manifes-tação está a ser respeitado».Numa nota escrita enviada à Lusa,fonte oficial da Caixa Geral de Depó-sitos (CGD) afirmou que «a Intersin-dical [que integra os sindicatos ForceOuvrière (FO) e CFTC, apoiantes dagreve na sucursal francesa da Caixa]tem tido, desde o início, uma posturaperturbadora das negociações, orga-nizando Assembleias Gerais diáriasnas instalações do banco com siste-mas de som que dificultam o trabalhodos colaboradores que não estão emgreve».Neste contexto, o banco deliberouproibir a realização destas reuniõesdentro das instalações da instituição.«O direito à manifestação está a serrespeitado, mas o direito ao trabalhopor parte de quem não aderiu a estagreve, que são cerca de dois terçosdos colaboradores, fica deste modogarantido», sustentou.A intersindical FO-CFTC denunciou aproibição do acesso dos grevistas àsede do banco e aos locais da Comis-são de Trabalhadores, em Paris.

Greve entra na terceira semana

Natixis francês tem Centro tecnológico com 350 colaboradores no PortoO banco de investimento francês Nati-xis vai instalar no Porto o seu Centrotecnológico. O anúncio foi feito pelaresponsável do Natixis em Portugal,Nathalie Risacher, durante um al-moço/debate organizado pela Câmarade Comércio e Indústria Luso-Francesa(CCILF) em parceria com a AssociaçãoNacional de Jovens Empresários(ANJE), intitulado «Le Portugal, ‘hub’des Centres de compétences: le cas deNatixis».

Portugal foi escolhido pela proximidadegeográfica e cultural com França, peloscustos financeiros, pela qualificação ecultura internacional dos trabalhadorese pelo «ecossistema empresarial» dopaís, com um elevado número de ‘star-tups’ em fase de desenvolvimento.Na corrida estavam também a Romé-nia e a Espanha. Mas Portugal foi opaís escolhido.Inaugurado formalmente no passadodia 07 de março, numa cerimónia

onde participaram o Presidente doConselho de Administração da em-presa Laurent Mignon, e o Primeiro Mi-nistro português António Costa, oCentro tecnológico do Natixis no Portoestá em operação há já cerca de umano e emprega atualmente quase 350colaboradores, sendo o objetivo atingiros 700 no fim do próximo ano.O Natixis é a divisão internacional debanca empresarial e de investimento,gestão de ativos, seguros e serviços fi-

nanceiros do Groupe BPCE - BanquePopulaire & Caisse d’Epargne, atual-mente o segundo maior grupo bancárioem França, com presença em 38 paí-ses.O Governo português decidiu aprovar aconcessão de incentivos financeiros aoNatixis para instalação do Centro tec-nológico do Porto, com um investi-mento de 23,5 milhões de euros,prevendo-se que em 2026 o valor acu-mulado (desde 01 de janeiro de 2017)

de vendas e prestação de serviços e ovalor acrescentado bruto do projetoatinja cerca de 317,1 e 240,7 milhõesde euros, respetivamente.Apresentada como um «Centro de ex-celência em IT», a unidade do Portofornece «soluções inovadoras de su-porte às operações do Natixis em todoo mundo», apoiando quatro unidadesprincipais: banca empresarial e de in-vestimento, banca de retalho, infraes-trutura e segurança e funções de apoio.

Le 09 mai 2018

PUB

Page 7: Salão do imobiliário e do turismo português FPIC em Paris · ordinária expressão «Quem não está bem muda-se» relativamente a funda - das questões postas por professores

DESTAQUE 07

lusojornal.com

O Salão do imobiliário já ajudou a vender mais de dois mil milhões de euros de bens imobiliários

A sétima edição do Salão do imobiliá-rio e do turismo português em Parisvai ter lugar nos dias 18, 19 e 20 demaio, no Hall 5 do Parque de Exposi-ções de Paris Porte de Versailles.O evento é organizado pela Câmara decomércio e indústria franco-portu-guesa (CCIFP), presidida por CarlosVinhas Pereira, que acedeu responderàs perguntas do LusoJornal.

Quais são as novidades para a ediçãodo Salão deste ano?Pela primeira vez vamos fazer umaconferência institucional, logo naabertura do Salão, para interessar osinstitucionais franceses pelo investi-mento imobiliário e turístico em Por-tugal. Habitualmente, o Salão estavamais dirigido para os investidores par-ticulares, mas este ano estamos a dar-lhe uma tendência institucional.

Que tendências se destacam atual-mente no mercado imobiliário portu-guês?Portugal, neste momento, continua ater uma progressão de 3% de transa-ções imobiliárias, e os Franceses têmuma grande parte - pelo menos 20%- dessas transações. E nós temosconstatado que há uma carência deimobiliário novo, de construção. Háuma grande oferta de reabilitação,mas o que faz falta são os programasde imobiliário novo.

A Silver economia continua de atuali-dade?Sim, claro. Constatamos que os refor-mados continuam a querer investir emPortugal e estão a criar associações lá.Estou a pensar numa grande associa-ção no Algarve, com mais de mil as-sociados e estas associações falamnas redes sociais e incentivam os ami-gos que ficaram em França e queainda não tinham idade de se refor-mar, mas que hoje querem investir,apostando em construções novas.

Esses procuram tranquilidade...Também há uma grande tendência naconstrução verde, que respeite o am-biente. Está muito na moda. Estamos

cada vez mais a observar a construçãode casas novas, que respeitem aspreocupações ambientais. E os Portu-gueses têm muita sensibilidade nestaárea. Constatamos por exemplo quehá cada vez mais Franceses que que-rem comprar casas de madeira, em sí-tios não forcosamente perto da praiaou das grandes cidades, mas em lo-calidades do interior, em meio ruralque está a atrair cada vez mais Fran-ceses.

Também se nota a compra de residên-cias secundárias em Portugal?Cada vez há mais Franceses, que emvez de investirem numa residência se-cundária em Bordeaux, Toulouse ouMontpellier, investem em Portugal,porque os preços estão abordáveis,num país onde começa a haver ummercado do arrendamento, que nãohavia antes, e onde o RnB desenvol-veu-se muito. Há pessoas que com-pram casas em Portugal e financiamo crédito da compra com o aluger noRnB. Todos sabemos que há falta de

hotéis em Portugal e esse é tambémum dos assuntos que queremos pôrem destaque, mas enquanto nãoforem construídos estes hotéis, estasempresas do tipo RnB têm dias felizespela frente.

Mas, o mercado português não co-meça a ficar saturado?Não. O mercado português continuamuito ativo. Todas as semanas há ar-tigos, há compras, agora há cada vezmais ofertas públicas,... e há um pro-fissionalismo que antigamente estavamais reservado aos setores dos refor-mados e das residências secundárias,ou até para atrair artistas com valoracrescentado, mas atualmente esta-mos a constatar cada vez mais profis-sionalismo na área do imobiliário emgeral e do turismo. A única coisa quefalta é mesmo uma oferta ligada àconstrução nova. Aliás, o facto dehaver pouca oferta, pode fazer au-mentar os preços, o que pode ser ne-gativo em termos de evolução futuradeste mercado. Mas estamos a cons-

tatar que cada vez há mais promotoresimobiliários franceses ou franco-por-tugueses que querem investir em Por-tugal, e estamos a chamar a tençãopara esta falta de oferta. Temos estadoa convidar profissionais para construi-rem em Portugal, no Algarve, noPorto, em Lisboa, mas também nasgrandes cidades do interior de Portu-gal que estão a atrair cada vez maisFranceses, pelo preço, pela tranquili-dade, mas também pela qualidade devida. Não estou pois preocupado coma continuação deste mercado.

O turismo em Lisboa cresceu muito.Tem havido sinais de especulaçãoimobiliária e o turismo está a esvaziara cidade em termos de habitantes.Isto pode ser negativo?Podia ser negativo se nada aconte-cesse. É necessário novas infraestru-turas turísticas e devíamos favorecero desenvolvimento de novas unidadeshoteleiras na períferia de Lisboa, paranão acontecer o que está a dizer nocentro da cidade. Há certos sítios

onde há especulação. No Chiado, porexemplo, na baixa, na avenida da Li-berdade, onde se atingem preçosquase como em Paris, mas isso já sa-bíamos que ia acontecer, porque sãoos melhores sítios. Mas o que deve-mos fazer é construir hotéis fora da ci-dade, na períferia, para evitar que osapartamentos do centro sirvam ape-nas para turismo e para evitar que Lis-boa seja em grande parte invadidapelos turistas. Temos todos, o Go-verno, nós também, de incentivar in-vestimentos nos arredores de Lisboa,com preços razoáveis, para haver ar-bitragem entre os quartos de hotel noscentros da cidade e nos hotéis nos ar-redores.

O salão assume-se como um ele-mento importante no desenvolvi-mento de turistas e compra deimobiliário pelos Franceses?Diria mesmo que foi a Câmara de Co-mércio que lançou esta tendência, em2012. Até ali nada era feito para sal-var o setor do imobiliário em Portugal,que estava em crise - uma crise daprocura. Pouca coisa era feita em ter-mos turísticos. Os Franceses iam parao Magrebe, para o Egíto, para a Gré-cia, e Portugal era um pouco esque-cido. Nós invertemos esta tendência,contribuímos todos os anos para au-mentar o número de Franceses que vi-sitam Portugal e conseguimosmediatizar esta oferta.

Sabem quantos bens imobiliários jáajudaram a vender?Sabemos que vamos ultrapassar osdois mil milhões de euros de vendasde bens imobiliários por intermédio dosalão. E o facto da França ser o pri-meiro comprador de bens imobiliáriosem Portugal, deve-se à Câmara de Co-mércio. Não temos nenhum problemaem o afirmar e ninguém nos pode tirareste mérito de ter popularizado ou de-mocratizado o destino Portugal. Nãohavia, da parte institucional, ne-nhuma iniciativa e foi este Salão quepermitiu realçar este investimento quese pode alcançar em Portugal.

Leia a entrevista completa em: https://lusojornal.com

Por Carlos Pereira

Carlos Vinhas Pereira, Presidente da CCIFP

Le 09 mai 2018

LusoPress: Prémios Portugueses de Valor 2018foram entregues em Figueira da FozA lista de dez premiados do prémioPortugueses de Valor 2018 - escolhi-dos por um júri de entre um grupo de100 nomeados, na iniciativa anualdo magazine LusoPress que decorreuna Figueira da Foz - inclui sete emi-grantes e um lusodescendente resi-dentes em França, um emigrante nosEUA e o padre Delmar Barreiros, 80anos, natural de Trancoso, que é co-nhecido como o Padre dos Emigran-tes ou o Padre do Benfica.A lista de galardoados, disponibili-zada à Lusa, inclui ainda o lusodes-cendente Tiago Martins, Diretorcomercial da companhia de aviaçãoAigle Azur, Suzette Fernandes, natu-ral do Sabugal (Guarda) e ativista,

em França, numa associação quefundou pelo fim das vacinas com alu-mínio, e o açoriano António Teixeira,emigrante nos EUA, país onde pre-side à Fundação Faialense.A lista de premiados na iniciativa dogrupo de comunicação sediado cercade 20 quilómetros a sudeste da ca-pital francesa inclui ainda ArmindoFreire, natural de Pombal e gerentede uma empresa em que 90% dosfuncionários são Portugueses, Joa-quim Barros, natural de Viana doCastelo e empresário do setor daconstrução na região de Paris, e Isa-bel da Ponte, engenheira, natural deValença do Minho e a residir emFrança.

Os restantes três emigrantes emFrança premiados com o galardãoPortugueses de Valor 2018 são o for-mador na área da hotelaria VictorFerreira, natural de Lisboa, Luís Gon-çalves, oriundo do concelho de Gui-marães e empresário na área doaquecimento, e Henrique Costa, nas-cido no concelho de Ansião (Leiria) eempresário de telecomunicações.A comitiva «Portugueses de Valor»,constituída por cerca de 150 pes-soas, entre promotores do galardão,premiados, nomeados e familiares,foi recebida na autarquia da Figueirada Foz pelo Presidente João Ataíde,que classificou os emigrantes portu-gueses e os lusodescendentes como

os «maiores embaixadores de Portu-gal em qualquer parte do mundo» elhes pediu que fossem «embaixado-res da Figueira da Foz».Na ocasião, João Ataíde apresentouà plateia as oportunidades de inves-timento neste município do litoral dodistrito de Coimbra em áreas como aagroalimentar ou ligadas à floresta eeconomia do mar, entre outras, evi-denciando igualmente os mecanis-mos da autarquia ao dispor depotenciais interessados, como o ga-binete de apoio ao investidor, a incu-badora de empresas ou o laboratórioMarefoz, constituído em parceriacom a Universidade de Coimbra.O presidente da Câmara destacou

ainda a indústria hoteleira e de lazer,nomeadamente as cerca de três milcamas disponíveis e equipamentospara a realização de reuniões e con-gressos e atividades ligadas ao surf,desportos de aventura e caminhadas«opções saudáveis que permitemuma estadia agradável», frisou.O autarca evidenciou ainda que noconcelho residem cerca de 40 famí-lias francesas, número que «tem ten-dência para crescer» afirmou JoãoAtaíde. De acordo com os promotoresda iniciativa, a comitiva devia ter sidorecebida na terça-feira, já depois dofecho desta edição do LusoJornal,pelo Presidente da República, Mar-celo Rebelo de Sousa.

Carlos Vinhas Pereira, Presidente da CCIFP

Page 8: Salão do imobiliário e do turismo português FPIC em Paris · ordinária expressão «Quem não está bem muda-se» relativamente a funda - das questões postas por professores

lusojornal.com

08 MAIO/68

Maio/68: O Português que liderou a greve numa estação de metro em Paris

José Batista de Matos ajudou a cons-truir 23 estações de metro em Paris echefiou centenas de homens, mas emmaio de 68 associou-se aos protestose tornou-se num dos instigadores dagreve numa estação da capital fran-cesa.O Português da aldeia de Alcanadas,na Batalha, chegou ao ‘bidonville’ deChampigny em abril de 1963 para«fugir à ditadura», deixando para trásas «idas de bicicleta à Marinha Grandepara ir buscar o Avante» e as escutasclandestinas, em casa, da rádio Voz daLiberdade e da Rádio Moscovo.Com 84 anos, José Batista de Matosconta entusiasmado «a visão apocalíp-tica» que teve quando, no início demaio de 68, durante a pausa de traba-lho das obras do metro de Charles deGaulle-Étoile, viu «o largo ao lado doArco do Triunfo cheio de jovens senta-dos», foi falar com eles e sentiu «o ger-minar da vontade» de participar nomovimento.Depois, foi à Universidade da Sor-bonne e integrou uma Comissão de es-tudantes-trabalhadores, a partir daqual organizou a greve junto dos seuscolegas operários, mesmo sendo eleChefe de obras de uma equipa. «Fize-mos reuniões na Sorbonne e tenteicom outros amigos - alguns Franceses,um ou dois Portugueses - parar o‘chantier’ na Étoile, em que havia 60,70 e tal pessoas. E conseguimos pararaquilo. O trabalho parou completa-mente», recordou, descrevendo o mo-

mento como «uma vitória muitogrande».José Batista de Matos começou a par-ticipar nas manifestações e ia às reu-niões na Sorbonne do ‘Comitéouvriers-étudiants’ porque aquele mêsfoi para ele «o sonho de um mundomelhor» e «ao fim de 28 dias» conse-guiu um aumento de 35 francos porsemana», tudo «recordações fabulosas,não só a parte material mas a cons-ciencialização das pessoas».«Nós combinávamos os sítios das ma-nifestações e qual o sentido dessa ma-nifestação em République, Nation,Porte d’Italie, Étoile… Quando sabía-mos que havia uma fábrica em grevelá íamos para incitar as pessoas a nãoirem abaixo», continuou, enquanto amulher, Ascenção de Matos, recorda a«angústia» de o ver sair «de Vespa di-reto a Paris» quando na televisão «pa-recia que era a guerra».Como «não havia gasolina nenhumapara ninguém, nem para os ricos», Ba-tista de Matos conhecia um Portuguêsnuma gasolineira «que tinha à parteum ou dois bidões de gasolina» e en-cheu-lhe o depósito da moto «uma vezou duas».O Português participou nas manifesta-ções de rua porque «tudo se pode ven-cer com o número de pessoas», viumuita gente «a mandar até botas e‘pavés’ à polícia» mas diz que nuncamandou nenhuma pedra às autorida-des nem andou «a descalçar Paris»,ainda que tenha tido de «fugir à frenteda polícia» com o filho de sete anos.«Todas as manifestações que havia, eu

ia a todas. Não falhava uma sequerporque eu pensava que a minha pre-sença podia ser benéfica para os ou-tros, não para mim», sublinhou,apontando que nessa altura «ganhavabem» mas ia por uma «questão de res-peito pelos outros e por solidariedade».Ainda que houvesse «uma solidarie-dade bestial» entre os estudantes e ostrabalhadores, chegou a haver umareunião em que os operários, incluindoBatista de Matos, forçaram a entradana Sorbonne e também no teatroOdéon. «Foi a primeira vez, na minhavida de homem, que no Odéon os se-nhores professores, doutores, se trata-vam todos por tu. Não havia você, não

havia senhor doutor. Aquilo transfor-mou-me», contou o autor de «Umavida de militância cívica e cultural»,acrescentando que na sua boca tinhasempre a palavra «liberdade».Batista de Matos recorda, ainda, terparticipado na ocupação da Casa dePortugal na Cidade Universitária deParis, onde comeu «à vontade que es-tava tudo cheio porque eram só filhosde ricos portugueses» e como havia«malta da LUAR e alguns antigos pre-sos políticos ninguém se atreveu a cha-mar a polícia».O Português continua a ser o rosto daemigração lusa no Museu Nacional daHistória da Imigração em Paris, onde

há um desenho a ilustrar o momentoem que ele e dois companheiros pen-duraram uma bandeira vermelha numagrua em protesto contra a manifesta-ção de apoio ao General de Gaulle, queiria pôr fim ao ímpeto do maio de 68.«Há três anos, um senhor telefonou-me para minha casa porque foi aoMuseu e viu essa fotografia. No dia 27de maio, ele ia na manifestação dos‘gaullistas’ e houve um ‘gaullista’ queergueu a pistola para lá para cima paramandar para a gente», contou.Do outro lado da linha, o senhor disse-lhe: «Ainda bem que você está aí por-que houve um ‘gaullista’ que o queriamatar a você e aos outros dois».Batista de Matos recorda o maio de68 como «o catalisador» e «a essên-cia» da sua vida, acredita que «é pre-ciso maio de 68 em permanênciapara combater as desigualdades por-que 2% da população do mundo temtanto como 98% do mundo» e dizque na sua vida associativa sempre sebateu para «ressuscitar um pouco omaio de 68».«Eu hoje sinto o maio de 68 como aemancipação de uma camada de ho-mens e mulheres que se bateram paraa liberdade deles e dos outros e essaliberdade expressei-a pessoalmentequando em 1982 inaugurámos, comum Militar de Abril, um Monumento ao25 de Abril em Fontenay-sous-Bois»,concluiu o fundador da AssociaçãoPortuguesa de Fontenay-sous-Bois(93) que foi, também, Conselheiro dasComunidades Portuguesas durante oitoanos.

José Batista de Matos

Por Carina Branco, Lusa

Le 09 mai 2018

Maio/68: Português recorda «delírio coletivo a enterrar o velho mundo»

Fernando Medeiros era estudante evivia em pleno Quartier Latin, em Paris,quando começaram as manifestaçõese barricadas do maio de 68, um mo-mento histórico em que viveu num«delírio coletivo a enterrar o velhomundo».Depois de uma adolescência em Mo-çambique e de ter iniciado a universi-dade em Portugal, Fernando veio paraFrança em 1961, com 20 anos, por-que «não queria ir para as matanças»das guerras coloniais.Em 1968, com 25 anos, viveu, emParis, «uma experiência absoluta-mente empolgante» não só em termosda «perspetiva histórica» mas pelo«prazer de participar» nesse «movi-mento social de grande envergadura».«Aquilo foi uma explosão de criativi-dade absolutamente espetacular, im-pressionante. A gente estava numacerta forma de delírio coletivo a enter-rar o velho mundo», descreveu o entãoestudante em Sociologia e Psicologia.O «enterro festivo do velho mundo»custou a Fernando o seu Renault 4Lque ardeu numa noite de barricadas,assim como «todos os carros que esta-vam nessa rua», quando começaramas manifestações a pedir a libertação

de estudantes já detidos.Nessa noite, a rua Gay-Lussac, ondevivia, viu-se «descalçada» e as pedrasserviram de arremesso contra as forçasde ordem, numa «violência em cres-cendo», na qual Fernando e os compa-nheiros viram-se obrigados a fugir parao seu apartamento, no prédio número13 da Gay-Lussac que serviu de abrigoa dezenas de manifestantes. «Aquela

rua foi literalmente, inteiramente des-nudada. Eu fui lá para cima [quintoandar] até porque a coisa começoumesmo a degenerar. Fui para casa,mas não fui sozinho. Naquela rua,todas as casas serviram de abrigo. Sólá no meu pequeno apartamento éra-mos, pelo menos, uns vinte e tal», re-cordou, acrescentando que no grupohavia um cineasta que filmou os con-

frontos a partir da sua varanda.A partir daí, Fernando Medeiros parti-cipou «em praticamente todas as ma-nifestações» e entrou num Comité deação de Glacière, no 13º bairro deParis, que se reunia numa «espécie deassembleia-geral na Universidade deCensier» e que «se transformou numaespécie de quarteirão-geral dessa pers-petiva de luta de união estudantes-tra-balhadores da contestação da ordemvigente».«No fundo, coordenavam-se lutas:apoios concretos a ocupações de fábri-cas, a ocupações de escolas, a inicia-tivas de criação de atividades lúdicasou sociais, como creches e escolas al-ternativas. Aquilo era acompanhar osacontecimentos, estar ativos em maté-ria de mobilizações para manifestaçõese para contestações de toda a ordem efeitio», descreveu.O movimento também passava pela«libertação da palavra como se umachapa de chumbo tivesse saltado» e,por isso, «o que ocupava mais tempo»eram as próprias relações sociais e «adescoberta que havia imensas coisaspor descobrir, por fazer, por averiguar».Fernando Medeiros ainda participouem reuniões de comités de «solidarie-dade para com as lutas de libertaçãonacional», um meio que conhecia bem

depois de ter frequentado a Casa dosEstudantes do Império, em Lisboa, ede ter contactado com a União dos Es-tudantes Moçambicanos (UNEMO) emParis.Antes de 1968, o português foi cofun-dador da revista e grupo de reflexão Ca-dernos de Circunstância (1967-1970),andou em comités contra a guerra noVietname, e esteve, em 1965, nas elei-ções da União de Estudantes Portu-gueses em França, numa lista em claracisão com o Partido Comunista.Depois de 68, «a ressaca foi forte» evoltar ao «quotidiano fastidioso não erapossível porque havia que estar à alturados acontecimentos».Fernando Medeiros terminou, então, alicenciatura, foi recrutado pelo ensinouniversitário francês graças à aberturade concursos a estrangeiros (na se-quência do maio de 68) e, em 1975,viveu «uma aventura neo-rural» comuma «tentativa de ocupar uma aldeiaabandonada no sul de França com trêscasais amigos».«Essas utopias continuaram a trabalharna sociedade, sobretudo na maltajovem, durante muito tempo», con-cluiu o Português que continua a viverem França e que, 50 anos depois, rei-tera que «o maio de 68 marcou pro-fundamente esta sociedade».

Fernando Medeiros

Por Carina Branco, Lusa

Lusa / Carina Branco

Lusa / Carina Branco

Page 9: Salão do imobiliário e do turismo português FPIC em Paris · ordinária expressão «Quem não está bem muda-se» relativamente a funda - das questões postas por professores

MAIO/68 09

Maio/68: A vida de um Português entre um Comité deação de bairro e a Renault

Vasco Martins dava aulas de francêspara emigrantes na Renault quando afábrica entrou em greve, em maio de68, e participou na criação de um Co-mité no 14º bairro de Paris que coorde-nava ações para apoiar «o movimento».O Português chegou a França, em1961, escondido num camião de os-tras, «com uma mochila às costas, umamanta e alguma fruta», e sete anos de-pois viveu um movimento de «expres-são livre» que associa ao espírito daletra «É preciso avisar a malta», deZeca Afonso.O seu «maio de 68» começou em finaisde 1967, quando entrou num Comitécontra a guerra no Vietname, e emmarço de 1968, quando assistiu às pri-meiras manifestações de estudantes ecargas policiais, no Quartier Latin, naaltura em que trabalhava na livraria Ey-rolles, no boulevard Saint Germain.Em maio, quando a Renault entrou emgreve, Vasco já lá dava algumas horasde alfabetização para emigrantes e con-seguiu um cartão para entrar na fábricaocupada, onde ia, por vezes, comer aorefeitório, conversar com operários por-tugueses e assistir ao que por lá se pas-sava, como «o voto para continuar ounão a greve».«Eu não ia lá com um espírito missio-nário de politizar. Era tentar dar a minha

opinião sobre por que é que estávamoscá fora. Portugal era para nós terra ma-drasta porque havia um Governo queexplorava e aproveitava a nossa igno-rância», contou o homem que integra oprimeiro tomo do livro «Exílios - Teste-munhos dos Exilados e Desertores Por-tugueses na Europa (1961 e 1974)».Uma «recordação fantástica», que «pa-rece um filme», foi quando percorreuParis num «autocarro dos antigos, complataforma», com um grupo de mani-festantes, a entoarem «palavras deordem, canções revolucionárias e outraspopulares», depois de uma manifesta-

ção no Quartier Latin contra a expulsãodo líder estudantil Daniel Cohn-Bendit.A viagem continuou pela margem di-reita do rio Sena até à fábrica da Re-nault-Billancourt, onde o portuguêsgritou: «Continuemos o combate» e«Viva a unidade entre os trabalhadoresfranceses e os trabalhadores emigran-tes».O seu «grande mergulho no ativismo»e a sua «escola primária na política» -que o influenciou «para sempre» - foi aparticipação no Comité de ação do 14ºbairro de Paris, que fazia ações militan-tes junto de operários e que organizou

a pintura, a vermelho, de um dos sím-bolos de Paris, o leão da rotunda daPraça Denfert-Rochereau.«Realmente era impressionante ver oleão todo vermelho. Vermelho porqueera a cor da revolução. Para uns, a re-volução socialista, para outros a revolu-ção comunista, para outros a revoluçãodas ideias. Toda a gente tinha direito afalar da sua revolução ou daquilo queconcebia como revolução», recordou oportuguês de 76 anos.Ainda que fosse a várias manifestações,Vasco só se lembra de ter ajudado, umavez, a «fazer um embrião de barricada»,já que «havia o receio de ser apanhado»e, de facto, meses depois, a PIDE emi-tiu um mandato de captura contra elepor ter fugido à guerra colonial.No «Comité de Ação de Paris 14»,Vasco era conhecido como «Manuel» efoi como Manuel que se deslocou decamião ao distrito de Loire «para buscarcoelhos, alfaces, couves e distribuir,pelo mesmo custo, aos grevistas de pe-quenas fábricas e ateliês».Vasco também levou «coelhos, alfaces,cenouras e batatas» ao estaleiro da de-molição da antiga Gare de Montpar-nasse, onde havia muitos Portuguesescom quem falou sobre as greves por-que, para a maior parte, as ocupaçõeseram «uma situação completamenteinédita».«Tive a oportunidade de falar com al-

guns, não só lá mas em muitos sítios, eera tentar compreender a situação.Havia uma tentativa de explicar o por-quê da greve, o porquê da ocupação, oporquê dessa agitação social que an-dava à volta e dizer ‘não há que termedo’», lembrou.Graças ao Comité de bairro, Vascoainda colou cartazes a apoiar as grevese participou na edição do boletim «AntiMythe», no qual se publicavam notíciasdas ocupações e se dava a palavra aoshabitantes e aos grevistas do quartei-rão.Vasco Martins também foi ao grandeanfiteatro da Sorbonne, onde ouviu, porexemplo, os líderes estudantis RolandCastro e Jacques Sauvageot, assimcomo o filósofo Jean-Paul Sartre, numambiente animado porque «o direito decontestar era interno ao movimento,não era só contestar contra uma ideo-logia dominante cá fora».«Para mim, o espírito do maio de 68 é‘prendre la parole’, quer dizer, é que aspessoas se exprimam. É a coisa maismaravilhosa no maio de 68. ‘É precisoavisar a malta’, mas é preciso tambémque as pessoas se exprimam. Por vezes,a participação numa greve ou numamanifestação também faz criar um es-pírito na pessoa que a leitura de deze-nas de panfletos não dá», concluiu ohomem que vive em Paris há mais de50 anos.

Por Carina Branco, Lusa

Vasco Martins

Le 09 mai 2018

lusojornal.com

Maio/68: Entre a ocupação da Casa de Portugal e as barricadas

O argumentista e realizador Carlos Sa-boga viveu o Maio de 68 entre euforiae receio de ser expulso para Portugal,depois de ter participado na ocupaçãoda Casa de Portugal e de ter sido «sol-dado raso» nas barricadas.O homem que viria, mais tarde, a tra-balhar com os realizadores António-Pedro Vasconcelos, Mário Barroso eRaúl Ruiz, também participou num Co-mité de ação português de trabalhado-res-estudantes, e foi obrigado a fugirpara Itália, em junho de 68, face a umrumor de expulsão de Portugueses.Carlos Saboga tinha saído de Portugalcom uma equipa de cinema francesa,em 1965, e atravessou os Pirenéus apé, porque a sua família tinha «umalonga história de oposição ao regime deSalazar»: o pai passou 15 anos preso eele próprio esteve atrás das grades.Em maio de 68, quando era assistentena estação de televisão pública de te-levisão ORTF, «toda a gente estava emgreve» e ele teve «toda a disponibili-dade» para participar no movimento decontestação, tendo entrado num Co-mité de trabalhadores-estudantes delíngua portuguesa, ao lado, por exem-plo, do artista Vasco de Castro. «Fazia-se pouca coisa, falava-se muito. Acirculação da palavra era intensiva,mas, de resto, não havia grandes ações,à parte as manifestações, barricadas,etc.. Aquilo que se falava muito era darevolução, de coisas teóricas, ideológi-

cas. Falava-se do perigo iminente doataque do Ocidente, dos grupos neofas-cistas que ameaçavam vir libertar a Sor-bonne», recordou à Lusa oargumentista de 81 anos.Carlos Saboga andava sempre «de umlado para o outro», porque «queria vertudo», mas acabou «por estar metidono Comité da ocupação» da Casa dePortugal na Cidade Universitária deParis, onde «assistia às reuniões, dis-cutia, falava evidentemente».«Havia grandes assembleias em que sefalava de revolução, em que uns se to-mavam por Lenine, outros por Trotsky,outros por isto e aquilo, mas não me re-cordo assim de nada, à parte ajudar osBrasileiros a ocupar a Casa do Brasil,porque eles eram poucos e vierampedir-nos uma aliança para ir ocupar aCasa do Brasil, de resto, sem violên-cia», recordou.O episódio não escapou à PIDE, a polí-cia política da ditadura portuguesa que,a 01 de abril de 1969, colocou CarlosAlberto Saboga entre os «nomes de al-guns dos principais responsáveis pelosdistúrbios verificados na Casa dos Es-tudantes Portugueses na Cidade Uni-versitária de Paris», assim como ocantor José Mário Branco e ArmandoRibeiro, um dos fundadores da Liga deUnidade e Acção Revolucionária(LUAR). O documento está guardadona Torre do Tombo, em Lisboa.O realizador de «Photo» e «A Uma HoraIncerta» também participou na «noitedas barricadas», a 10 de maio, em que

esteve essencialmente na rua Gay-Lus-sac. «Participei até de manhã, mas erasoldado raso, não tomei nenhuma de-cisão de comando. Ajudei a construiras barricadas. Quando se chegava lá,estavam filas a arrancar paralelepípe-dos e a dar uns aos outros e a amontoarcoisas e eu ajudei», lembrou, subli-nhando, com um sorriso, que não lan-çou pedras às autoridades.Foi uma «noite impressionante"»: ospolícias, «todos de preto à espera domomento de atacar», avançaram ehouve «os que se bateram até ao últimominuto e foram mesmo presos» e ou-tros - como Saboga - que «escaparam»,entre fumo, gás lacrimogéneo e portasabertas pela população que também

«atirava água das janelas» para ajudar«a dissipar a fumarada».A «enorme greve operária» é outra dasrecordações marcantes de Carlos Sa-boga, que chegou a ir a manifestaçõesà Renault, onde milhares de trabalha-dores pararam de trabalhar e ocupa-ram as instalações. «Aí intervimpouco, porque a CGT [ConfederaçãoGeral de Trabalhadores] não deixavacontactar com operários. Fui a mani-festações à Renault, mas não se en-trava e, às vezes, pediam-nos paratraduzir aos operários portugueses oque estava a acontecer, porque elesnão percebiam que havia uma greve.Quer dizer, levaram tempo a perce-ber», contou.

Grande parte dos Portugueses, queemigraram para França para trabalhar,«não tinham a cultura da greve e daslutas operárias», algo que Carlos Sa-boga constatou nos bairros de lata,onde chegou a ir «para tentar conven-cer os trabalhadores portugueses afazer greve».«Recordo-me de termos ido a um ‘bi-donville’ e, na paragem de autocarro,estavam imensos Portugueses à es-pera. Ora, não havia autocarros, maseles estavam à espera para ir trabalhar.Eles perceberam o que se passava,mas não sabiam muito bem qual a ati-tude tomar», continuou.Ainda que tenha participado «em coi-sas estritamente portuguesas», CarlosSaboga também assistiu a debates noanfiteatro Richelieu da Sorbonne e noThéâtre de l’Odéon, e «pensava que oque se estava a passar aqui não tinhanada a ver com Portugal», mesmo queimaginasse que «uma revolução seriainternacional».A dada altura, começou a circular orumor de que as autoridades estavama expulsar Portugueses e, como os ser-viços de informações franceses «ti-nham fotografado os ocupantes daCasa de Portugal», Carlos Saboga de-cidiu partir para Itália, em finais domês de junho.Regressou para Paris sete anos depois,uma cidade onde vive até hoje e deonde recordou à Lusa «o aconteci-mento histórico mais importante» aque assistiu: o Maio de 68.

Por Carina Branco, Lusa

Carlos Saboga

Lusa / Carina Branco

Lusa / Carina Branco

Page 10: Salão do imobiliário e do turismo português FPIC em Paris · ordinária expressão «Quem não está bem muda-se» relativamente a funda - das questões postas por professores

lusojornal.com

Portugal épaís de honrano Festivaldes Cultureset Musiquesdu Monde deCréteil

A 7a edição do Festival des Cultureset Musiques du Monde de Créteil(94) terá lugar, este ano, de 12 a 19de maio. Cada edição pretende dardestaque a uma região do mundo,como as Antilhas, Cordilheira dosAndes, países do Caúcaso e Irão, aCabília, África, Índia e Indonésia,este ano o Festival será dedicadoao tema «Escale au Portugal».O objetivo do Festival, segundo aorganização, é o de tornar a culturaacessível ao maior número ofere-cendo uma programação ambi-ciosa e exigente, reunindo artistasconfirmados e com potencialida-des.A originalidade do projeto reside nainteração dos habitantes, dos ato-res socioculturais locais e dos artis-tas a partir de ações que favorizemo interesse pelas artes, as culturase a expressão coletiva, através dacriação de um espírito de encontroe de partilha entre artistas e habi-tantes.O programa inclui iniciativas diáriasem parceria com o ConservatórioMarcel-Dadi de Créteil, a Maison dela Solidarité, a MPT des Bleuets-Jean Ferrat, a Mediateca NelsonMandela, o Comité de geminação,a U.I.A., o Cinéma du Palais e aADIAM94 (Association départe-mentale d’information et d’actionsmusicales).De salientar, durante toda a dura-ção do Festival a exposição-leiturano Conservatório Marcel-Dadi depoemas de António Aleixo.No sábado, dia 12 de maio, na Me-diateca Nelson Mandela, focosobre o fundo documentário à voltade Portugal com webdocs e reali-dade aumentada.No domingo, dia 13, danças e can-tos, nomeadamente com o grupode Cante Alentejano de Paris.No dia 14, concerto da fadista Te-reza Carvalho no ConservatórioMarcel-Dadi, às 20h00.Dia 15, conferência sobre o fado deJean-Luc Gonneau, às 19h00, noConservatório Marcel-Dadi e no diaseguinte, concerto da cantora Be-vinda na Mediateca Nelson Man-dela, às 20h00.Na sexta-feira, dia 18, às 20h00,no Cinéma du Palais, projeção dofilme «Menina» de Cristina Pi-nheiro.O festival encerra dia 19 de maiocom um concerto de Dan Inger dosSantos, mas haverá ainda no sá-bado seguinte, dia 26 de maio,uma prolongação do Festival coma projeção do filme de José Vieira«Os imigrantes» e um concerto defado com a cantora Tânia RaquelCaetano e os guitarristas Philippede Sousa e Nuno Estevens.

10 CULTURA

Paulo Branco ameaça estragar festa deencerramento do Festival de Cinema de CannesA tenção entre o produtor portuguêsPaulo Branco e a Direção do Festivalde Cannes está no máximo. Em causaestá o facto do Festival ter progra-mado para a sessão encerramento, aprojeção do filme «O homem quematou D. Quixote» do realizador TerryGilliam.Ora, Paulo Branco e Terry Gilliamestão em tribunal.Quando Paulo Branco soube da pro-gramação do filme interpôs uma açãode interdição, através da produtora Al-fama Films.«O homem que matou Dom Quixote»,um projeto antigo de Terry Gilliam, éuma coprodução entre Portugal, Es-panha, França, Bélgica e Inglaterra,com um orçamento de cerca de 16milhões de euros, que teve filmagensem Portugal.

Paulo Branco começou a produzir o filmeO projeto chegou a contar com produ-ção de Paulo Branco, mas Terry Gil-liam acabou por não concretizar aparceria, alegadamente por problemasde financiamento, optando por traba-lhar com outra produtora portuguesa,a Ukbar Filmes.Terry Gilliam pediu a anulação do con-trato de produção com a produtora Al-fama Films, de Paulo Branco, mas, noano passado, o Tribunal de GrandeInstância de Paris declarou queaquele continua válido. «Continuo ater os direitos sobre o filme e será di-fícil que a situação seja revertida. Adecisão de 15 de junho, que foi co-municada, não resolve nada. Há aindaum processo no Reino Unido», dissePaulo Branco à Lusa no passado dia04 de abril.

«O Festival de Cannes esquece assimque sem os produtores, que assumemos riscos financeiros, nem os filmes,nem o Festival existiriam. Durante 16anos, de 2000 a 2016, Terry Gilliamnão arranjou um único produtor quetenha aceite retomar este projeto. Seo filme existe hoje, é graças ao traba-lho e aos investimentos realizadospela Alfama Films Production e PauloBranco, quando já ninguém acredi-tava neste projeto», acrescentou o co-municado do produtor.À Lusa, Paulo Branco recordou que«os direitos do filme ainda pertencemà Alfama Films» e disse estar há pelomenos dois anos «disposto a sentar-se à mesa» para negociar com o rea-lizador.Pandora da Cunha Telles, da UkbarFilmes, explicou à Lusa que este pro-cesso «não inviabiliza nem a explora-ção comercial nem a circulação dofilme».Está marcada para 15 de junho umaaudiência no Tribunal de Recurso emParis na qual será conhecida a sen-tença sobre a possível indemnizaçãodo cineasta ao produtor português, porcausa de direitos sobre o filme.

Festival de Cannes atacou Paulo BrancoEntretanto, a Direção do Festival deCinema de Cannes saiu em defesa dorealizador Terry Gilliam e do filme «Ohomem que matou D. Quixote», dei-xando duras críticas ao produtor PauloBranco por causa da disputa judicialque pode comprometer a exibição dofilme, incluindo no encerramento dofestival que se realiza entre 08 e 19de maio.Num comunicado conjunto do Presi-dente do Festival de Cannes, PierreLescure, e do Delegado-geral, ThierryFrémaux, é estabelecido o paraleloentre a situação de Terry Gilliam e ade realizadores como a queniana Wa-nuri Kahiu, que viu o seu filme serproibido no país de origem.«Afirmamos firmemente que estamosdo lado dos realizadores e, em parti-cular, do lado de Terry Gilliam. Sabe-mos como este projeto, que passoupor tantas provações e tribulações, éimportante para ele», afirmaram oPresidente do Festival de Cannes,

Pierre Lescure, e o Delegado-geral,Thierry Frémaux, num comunicadoconjunto.«O Festival de Cannes, apesar de estarao corrente de todos os processos, de-cidiu ignorar as decisões dos Tribunaise foi por essa razão alvo de um pro-cesso de interdição. É indecente, paranão dizer abjeto, que o Festival deCannes, para se justificar, compare asituação de Terry Gilliam, que se re-cusa a respeitar decisões judiciaisnum Estado de Direito, à dos realiza-dores vítimas de repressão e censuranos seus países», realçou Branco.

«Paulo Branco mostrou a verdadeira cara»No comunicado, a Direção do Festivalrecorda que está planeada a estreia dofilme em pelo menos 300 salas emFrança, mas garante que respeitará adecisão do tribunal. De permeio, cri-tica duramente o produtor PauloBranco, recordando que usou o Festi-val «ao longo da sua carreira paraconstruir a sua própria reputação».No entender do Festival, com aquelaação judicial, Paulo Branco «mostroua verdadeira cara de uma vez portodas» ao ameaçar, através do advo-gado, «com uma derrota humilhante».«Derrota seria sucumbir às ameaças»,escreveram.No comunicado assinado pela advo-gada Claire Hocquet, que o representae à Alfama Films, em reação à tomadade posição pelos dirigentes do Festi-val, Paulo Branco rejeitou que utilizequalquer «método de intimidação aorecorrer à justiça para fazer valer osseus direitos» e afirmou que «a viru-lência e agressividade do tom do Fes-tival de Cannes não mudarão nada».

Produtor português meteu o Festival em Tribunal

Chantiers d’Europe: por uma Europa das artesO Festival Chantiers d’Europe, a de-correr de 14 a 30 de maio, em Paris,vai voltar a destacar artistas portugue-ses e é um «manifesto» por uma Eu-ropa das artes e da paz, de acordo como Diretor.Em entrevista à Lusa, Emmanuel De-marcy-Mota, fundador do Festival, ex-plicou que o «Chantiers d’Europe é ummomento em que se trabalha contra aideia da xenofobia» para «não deixaralguns povos voltarem a uma noção deidentidade ligada ao nacionalismo».«O Chantiers d’Europe é como ummanifesto para dizer que a Europa -aliás o título em francês ‘chantier’ querdizer estaleiro - é uma coisa que nuncaestá acabada, mesmo se a Europa foiconstruída depois da Segunda GuerraMundial para conseguir a paz entre ospovos e as nações dentro do espaçoeuropeu», afirmou, apontando que osnacionalismos são uma ameaça à pazeuropeia conquistada desde 1945.Face às eleições europeias de 2019 eà ameaça da extrema-direita de Ma-rine Le Pen em França, o Diretor do

Théâtre de la Ville adiantou que, nopróximo ano o Festival se vai chamar«Chantiers d’Europe-Chantiers duMonde» porque vão ser trabalhadostemas que questionam «a relaçãoentre a Europa e o mundo».O encenador defendeu que o Chan-tiers d’Europe não é apenas um festi-val de teatro, dança e música, mas umespaço de reflexão em que o Théâtrede la Ville, em ligação com teatros deoutras cidades constrói, «um pensa-mento aberto sobre o mundo» e, porisso, este ano, os fluxos migratóriossão o tema central.«Em muitos espetáculos há este temada migração, do movimento, do aco-lhimento, de como viver com as dife-renças. Este ‘Chantier’ também é,para mim, a preparação do próximo -no qual já estou a trabalhar - que ésobre a questão Europa/Mundo, querdizer, a Europa é só um espaço brancoe católico ou também é feita de umespaço diferente?», declarou.Emmanuel Demarcy-Mota sublinhou,ainda, que o Festival foi criado, em2010, a partir da ideia que a «Europatem de ser construída por uma ação

artística e cultural e não só de umponto de vista económico» e, por isso,pretendia ajudar os «artistas a circulare não ficarem fechados em países queestavam economicamente numa crisemuito forte», tendo, desde o início,apostado em artistas portugueses.No ano em que se celebra o 20° ani-versário do Acordo de Amizade Paris-Lisboa, no qual se vai promover umaprogramação cultural cruzada entre asduas cidades, Emmanuel Demarcy-Mota reivindicou a «paternidade aonível artístico» dessa circulação de ar-tistas pela qual tem vindo a lutar háanos, lembrando, por exemplo, queem 2013 convidou mais de 20 nomesportugueses para o Festival, do fado àdança contemporânea e ao teatro.Com esse trabalho, o luso-francês temtentado «mostrar que Portugal tam-bém tem uma vitalidade artística, quenão é só um país de sol e de férias,que não é só um país mais barato quea França, onde as pessoas são simpá-ticas», que «é um país que tambémtem uma visão de futuro e não é só umpaís que está atrás do sistema francêsou alemão dentro da construção euro-

peia».No cartaz deste ano, o concerto inau-gural «Lisbonne Paris», a 14 de maio,vai juntar Camané e a realizadora, atrize cantora francesa Agnès Jaoui numa«criação inédita e concerto único», noThéâtre de la Ville-Espace Cardin.O Espace Cardin vai acolher tambéma companhia Hotel Europa, que juntao português André Amálio e a checaTereza Havlíková, com o espetáculo«Portugal não é um país pequeno», a14 e 15 de maio, e a coreografia emvídeo «Um Saco e uma Pedra - peçade dança para ecrã» de Tânia Carva-lho, a 16 de maio.A 17 de maio, no Théâtre des Abbes-ses, Pedro Penim, do coletivo TeatroPraga, vai apresentar o espetáculo«before».A 21 e 22 de maio, no Espace Cardin,a Companhia de Música Teatral vaiapresentar «Babelim», destinado àscrianças dos 18 meses aos sete anos.Durante o festival, o compositor DiogoAlvim vai estar em residência na CitéInternationale des Arts para criar ‘DeskJob’ e a fotógrafa Estelle Valente vaiestar em residência no Espace Cardin.

Por Carina Branco, Lusa

Le 09 mai 2018

Por Luísa Semedo

Lusa Tiago Petinga

Page 11: Salão do imobiliário e do turismo português FPIC em Paris · ordinária expressão «Quem não está bem muda-se» relativamente a funda - das questões postas por professores

CULTURA 11

lusojornal.com

Uma obra de Paulo Silva no European Art Museum

O European Art Museum adquiriu umaobra do artista plástico português resi-dente em Paris, Paulo Silva, para a suacoleção permanente. «Hors beating» éo título do quadro adquirido, de 55 cmde largura e 46 cm de altura, em tonsde amarelo, azul, vermelho, verde ebranco.O Museu abriu as suas portas em2016, em Copenhaga, e pretende teruma amostra do que melhor se faz naarte europeia durante um período de25 anos, de 2000 a 2025.O fundador e curador do Museu, LeifNielsen, é um artista que expôs umpouco por todo o mundo e que defendeque o objetivo do museu é ter todos ospaíses representados porque cada umtem impacto sobre os outros, e porque«a arte, é como o tempo, não há fron-teiras nacionais». O museu dinamar-quês pretende, assim, expor todos osestilos artísticos para mostrar a diver-

sidade do que se faz na Europa. A re-presentar Portugal estão, igualmente,obras de Leonor Sousa e Cristina MayoCaetano.Paulo J. Saraiva da Silva, nasceu em1974 em Possacos, uma Freguesia deValpaços. Viveu até aos 22 anos umavida rural e é diplomado em engenha-ria agrícola, não tendo chegado a exer-cer a profissão. «Os meus pais têmbastantes terras, mas percebi que eraimpossível trabalhar com eles» con-fessa ao LusoJornal. Daí ter decididovir para Paris.O artista afirma ter sido sempre «umamante e um fazedor de arte» desde asua infância. Passava o tempo a ilustraros seus cadernos na escola para ex-pressar os seus sentimentos e situa-ções da vida - «aliás até cheguei a serpunido por ter os cadernos todos dese-nhados» explica ao LusoJornal - tendomais tarde realizado os décors de teatroda Associação Cultural de Possacosenquanto ainda estudava agronomia.Em 1996 descobre Paris, onde fica a

residir durante quatro anos, estuda ar-quitetura e decoração francesa e fre-quenta o Olivier Debre Studio Art.«Mas não seguia nada o que o profes-sor me dizia» diz com um sorriso. Porisso diz-se sobretudo autodidata e as-sume ser «um inventor».Em 2000, parte para Washington DCe trabalha no Kennedy Center forPerformance and Arts enquanto es-pecialista da iluminação cénica, no-meadamente na criação de sombras.Nos Estados Unidos realiza obras emacrílico e óleo em vários suportes, ecomeça a expor a partir de 2001 nasgalerias Longview Gallery, WatergateGallery, Toro Mata Gallery.Em 2006 volta para Paris, onde resideaté hoje, e continua o seu trabalho depintura e desenho, sobretudo de figu-ras geométricas e de animais. Tendo,depois, experimentado um trabalho in-fluenciado pela pedra e esculturas empapel machê baseado na expressão eo comportamento dos humanos e dassituações da vida.

Paulo Silva diz considerar-se «um ar-tista expressionista, que expressa al-guns dos sentimentos e situações quetodos podem ser ou sentir na e sobre avida». Desde 2016 tem um atelier emParis 7, não muito longe da FundaçãoCalouste Gulbenkian e «desde essa al-tura, produzo muito mais».O artista tem várias das suas obras ex-postas em coleções privadas e institu-tos em Portugal, França, EstadosUnidos, Reino Unido, Itália, BuenosAires e Espanha. «As galerias parisien-ses começaram por nem querer ver aminha obra. Praticamente deram-meum pontapé no trazeiro» diz comhumor. «Agora já começam a interes-sar-se pela minha obra» diz ao Luso-Jornal.Vai regularmente a Lisboa e envia mui-tas das obras que realiza para Portugal.«Lisboa tornou-se um centro muito in-teressante, onde há vida, há arte, equem vai a Lisboa, encontra-se facil-mente nos circuitos de arte. É muitointeressante», confessa.

Por Luísa Semedo, com Carlos Pereira

Casa de Portugal em Paris vai expor artista portuguesa Cristina Valadas

A Casa de Portugal - Residência Andréde Gouveia, na Cidade Universitária deParis, vai expor pinturas da artista por-tuguesa Cristina Valadas, de 19 demaio a 30 de junho.A mostra, intitulada «Viagem ao quartoescuro», vai trazer a obra de CristinaValadas a Paris pela primeira vez,numa cidade onde viveu quando eracriança e que a marcou desde então.«Paris foi meu lar por uns tempos e po-deria ter sido para sempre. Paris é paramim uma hipótese de projeção parafora e é um sonho que consegui con-cretizar», disse à Lusa a artista de 43anos.A exposição vai ter cerca de 20 traba-lhos concebidos para esta exposição,entre pinturas em acrílico sobre papel‘craft’, de grandes e pequenos forma-tos, e «caixas de luz» que são peque-nos cenários de teatro com figuras

oníricas.Cristina Valadas contou que a exposi-ção começa com «um mundo imagi-nário nas caixas de luz» que prepara oespetador para a «viagem ao quarto es-curo», a qual é representada em pin-

turas figurativas que ilustram um uni-verso introspetivo e com «muito sen-tido de humor».«Há muito sentido de humor. As pin-turas brincam, brincam, brincam masfalam muito sério porque são coisas do

foro do inconsciente e, como o títuloindica, é aquele sítio onde a gente nãoquer ir, que está todo desarrumado,que tem a ver com o nosso passado ecom aquilo que nos magoa», descre-veu a artista.Cristina Valadas, que venceu o PrémioNacional de Ilustração, em 2007, e oGrande Prémio Gulbenkian de Litera-tura para Crianças e Jovens, em 2000,também faz ilustrações para livros,tendo desenhado para obras de ValterHugo Mãe, Manuel Alegre, Luísa Da-costa e José Jorge Letria, entre outros.A artista tem exposto maioritariamenteem Portugal, mas esteve várias vezesrepresentada na Feira Internacional deArte Contemporânea de Madrid(ARCO) e participou na exposição co-letiva Prémio Baviera de Pintura, naCasa de Serralves, no Porto, em 2000,ano em que representou Portugal noPrémio Internacional de Arte Contem-porânea de Monte Carlo.

Por Carina Branco, Lusa

Artista está radicado em Paris desde 2006

Le 09 mai 2018

«Quilombos»,de Flávio dosSantos Gomes

À l’occa-sion dela paru-tion de«Quilom-bos -Commu-nau t é sd ’ e s -claves in-soumisau Bré-sil», de

Flávio dos Santos Gomes, aux édi-tions L’Échappée, une rencontre or-ganisée par l’association AutresBrésils aura lieu, le 17 mai prochain,à la Maison de l’Amérique Latine(Paris) en présence du traducteur del’ouvrage, Georges da Costa, de l’édi-teur, Cédric Biagini, ainsi que duchercheur Guilherme Mansur quiproposera une réflexion sur les défisde la régularisation des territoires qui-lombolas dans le Brésil contempo-rain.L’histoire des quilombos est toujoursd’actualité. «Elle correspond - ap-prend-on dans l’avant-propos du livre- à une période tumultueuse qui a vunaître d’innombrables îlots de résis-tance, d’abord constitués d’esclavesnoirs fugitifs (ainsi que d’Indiens et dedéserteurs) puis d’esclaves affran-chis. Aujourd’hui, sur l’ensemble duterritoire brésilien, et parfois mêmedans les banlieues des grandes villesou en plein cœur des zones urbaines,vivent des communautés noires ru-rales issues des quilombos, ces re-groupements d’esclaves marronsdont les origines remontent au XVIesiècle. Elles incarnent la continuitéd’un long processus apparu avec l’es-clavage et qui s’est maintenu pendantplusieurs décennies après son aboli-tion».Bien que la Constitution brésiliennede 1988 garantisse la propriété défi-nitive des terres occupées par lescommunautés quilombolas, leur ré-gularisation a été très lente. Actuelle-ment, selon les données de laCommission Pro-indienne de SãoPaulo, seulement 250 communautésquilombolas sur les 3.000 quecompte le Brésil, possèdent le titre depropriété de leurs terres. Outre lesobstacles politiques et institutionnels,les défis sont également liés aux pres-sions du marché sur les terres qui-lombolas, en particulier dans lessecteurs de l’agro-industrie et desmines.Les douze chapitres de «Quilombos»sont accompagnés de plusieurscartes, d’un lexique, d’une chronolo-gie et d’une brève bibliographie.Flávio dos Santos Gomes est profes-seur d’histoire à l’Université de Rio età l’Université Fédérale de Bahia.

DominiqueStoenesco

Un livre par semaine

LusoJornal / Carlos Pereira

Page 12: Salão do imobiliário e do turismo português FPIC em Paris · ordinária expressão «Quem não está bem muda-se» relativamente a funda - das questões postas por professores

lusojornal.com

Festival LeiriaDancefloorconfirma Tujamo no dia28 de julho

No dia 28 de julho, sobe ao palco doestádio municipal Dr. Magalhães Pes-soa, em Leiria, uma das maiores re-ferências da dance music: Tujamo. Oprodutor alemão junta-se, assim, aofestival Dancefloor e a um line-up deluxo, onde já constam nomes comoBlasterjaxx, Auditricz e Borgore, nomesmo dia.Tujamo iniciou a sua carreira na suaterra natal, mas não tardou a que ra-pidamente conquistasse fãs em todoo mundo.Já marcou presença nos maiores fes-tivais do seu género, incluindo Tomor-rowWorld nos Estados Unidos,Tomorrowland na Bélgica, Cream-fields no Reino Unido e Summatronicna Índia, até aos mais lendários clubscomo o Webster Hall e o Pacha, emNova York, o prestigiado Wynn Resortem Las Vegas e o Green Valley (Top100 Clubs #1) no Brasil, chegando,agora, também a Portugal.Após os lançamentos de «BootyBounce», «Drop That Low (When IDip)», «Keep Pushin» e «BOOM!», oartista reuniu mais de 450 milhões deplays no Spotify, convertendo-se numdos artistas mais populares da EDMa nível mundial, e um disruptivo cria-dor de tendências para muitos.Cada um dos seus singles invadiu otop 5 do Beatport e obteve a posiçãonúmero 1 em diversos tops dos maisdiversos géneros musicais.Depois da admirável edição de 2017,o festival Dancefloor, organizado apartir de Paris pela 2Mevent de TiagoMartins, chega à sua quarta ediçãoprometendo «o melhor cartaz de mú-sica eletrónica do país, com o objetivode colocar Portugal no circuito inter-nacional de festivais de musica ele-trónica».

«Ensemble Barbara Furtuna- Voix Corses»atuou em Bejapara homenagearMichel GiacomettiNo sábado passado, em Beja, o«mais destacado ensemble corso daatualidade», o Barbara Furtuna - VoixCorses, atuou no Festival Terras SemSombra, dedicado à memória do et-nomusicólogo Michel Giacometti.O concerto chamou-se «O Canto naIlha da Liberdade: Vozes Corsas» eteve lugar na igreja do Convento deSão Francisco, em Beja.

12 CULTURA

Eve Savanah, a cantora lusodescendente quese inspirou de Piaf, Amália e Linda de Suza

Sandra do Couto, aliás Eve Savanah,nasceu em Lyon no início dos anos no-venta. É lusodescendente e reside emMiribel (69), nos arredores de Lyon.Muito jovem descobriu o amor pelamúsica. Frequentou escolas de pianoe o Conservatório de Música de Lyon.Os pais de Sandra do Couto vieram daPóvoa de Lanhoso, perto de Braga, nosanos 70, com o objetivo de se fixaremnesta região, durante a vaga de emi-gração que trouxe milhares de Portu-gueses para França.Eve Savanah - o nome artístico queadotou - é autora e compositora. «Façoos meus arranjos ao piano e com oThomas Delarceu, que também é mú-sico, finalizamos as criações».«O que me fascinou na música - edesde ai passou a ser como uma se-gunda natureza para mim - foi ouvircantar Piaf, Amália Rodrigues e Lindade Suza naquela época, elas desper-taram em mim este desejo de cantare de criar canções» contou ao Luso-Jornal. «O meu estilo é o romantismo,mas também viajo muito no ‘Gla-mour’. As minhas criações tambémfalam de fé e de amor» confessou Eve

Savanah. «Eu comecei verdadeira-mente a cantar em festas de família eem outras ocasiões, quando tinha ape-

nas oito anos de idade».Eve Savanah já participou em progra-mas de televisão em Portugal - na

RTP1 e no Porto Porto - e na TLM emLyon, mas assume que não vive só damúsica. «Tenho três filhos e a minhaverdadeira profissão é contabilista.Mas a maior parte do meu tempo épara cantar e fazer espetáculos».A cantora lusodescendente já escreveue compôs cerca de 25 temas e editouum CD com doze canções, ao qualchamou «Glamorosa», que em breveestará à venda nas bancas.Na região de Lyon e no estrangeiro,Eve Savanah foi convidada para cantarem salas de espetáculos e em Pianos-Bar a partir dos 15 anos de idade eafirma que foi sempre muito aplaudidapelo público que rapidamente captoue fidelizou.No início retomava canções de outrosartistas, mas pouco a pouco optoumais pelo seu registo pessoal. Sãocanções escritas em português ou emfrancês, duas línguas que domina to-talmente, com um «lindo pequeno so-taque» quando canta em português,que não deixa o público indiferente aocharme.A artista tem uma página nas redes so-ciais - Savanah Eve - onde vai divul-gando canções, contactos e agenda deconcertos.

Radicada em Miribel, na região de Lyon

Por Jorge Campos

Projeto Portugal Maior vai inventariar músicose associações portugueses no estrangeiroUm inventário dos músicos profissio-nais portugueses e dos grupos e as-sociações culturais com dimensãomusical com atividade regular no es-trangeiro junto das Comunidadesportuguesas vai ser realizado no âm-bito do projeto Portugal Maior.De acordo com uma resolução doConselho de Ministros, publicadaontem em Diário da República, foicriada uma estrutura de missão parao Projeto Meridiano, nome entretantoalterado para Portugal Maior, para«conceber e testar o uso das novastecnologias e plataformas de infor-mação e comunicação para divulgaras criações, na diplomacia pública ena ação cultural externa».

Esta estrutura de missão vai ser coor-denada pelo músico e compositorJoão Gil, que avançou à Lusa a mu-dança do nome do projeto de Meri-diano para Portugal Maior.O projeto pretende responder à ne-cessidade de «definir e pôr em prá-tica novos modos de ligação doscriadores e intérpretes que se expri-mem em português, entre si e comos diversos públicos que constituemou podem constituir a sua procura».«Precisamos de usar melhor o ativoque eles representam para a afirma-ção internacional de Portugal e a di-vulgação da sua marca e do seu valoracrescentado para o mundo de hoje»,lê-se no texto da resolução.

Na dependência do Ministro dos Ne-gócios Estrangeiros, a estrutura demissão para o projeto Portugal Maiorpretende, entre outros objetivos,«contribuir para o conhecimento, asalvaguarda e a divulgação do patri-mónio e da criação musical portu-guesa, na pluralidade das suasexpressões».Além de um inventário dos músicosprofissionais portugueses e dos gru-pos e associações culturais com di-mensão musical que tenham ativi-dade regular no estrangeiro e, emparticular, junto das Comunidadesportuguesas», será criada e gerida«uma plataforma digital».Esta plataforma deverá preservar e

divulgar, incluindo através da consti-tuição de uma rádio online, esse in-ventário e facilitar a «comunicação ecooperação entre os músicos e gru-pos inventariados, assim promovendoo seu trabalho em rede e a sua proje-ção nacional e internacional».O projeto vai ainda apoiar a organiza-ção e realização de digressões, resi-dências artísticas, espetáculos eoutras formas de apresentação pú-blica de tais músicos e grupos, assimpermitindo a obtenção de ganhos deescala na promoção das formas eagentes musicais da Diáspora portu-guesa».O mandato da estrutura agora criadatermina no final de 2020.

Bruno Brazete da Ópera Paris Bastille assinalou 44º anos do 25 de Abril na GuardaA Biblioteca Municipal EduardoLourenço (BMEL), da Guarda, co-memorou o 44º aniversário do 25de Abril de 1974 com iniciativasque visam «refletir sobre a evoluçãoou transformação» que o aconteci-mento provocou em vários âmbitos.A BMEL associou-se à efeméride«através de um conjunto de inicia-tivas, nomeadamente exposições,uma conferência, uma tertúlia e ou-tras manifestações artísticas quevisam refletir sobre a evolução outransformação que este aconteci-mento provocou na literatura, nosmeios de comunicação, nas artes ena sociedade».As iniciativas dedicadas ao 25 de

Abril terminaram na semana pas-sada, no dia 27, com o espetáculode dança contemporânea «Projeto44. Por Abril», interpretado porBruno Brazete. «O corpo e o movi-mento, suportado em imagens ma-nipuladas, são o canal decomunicação que o performerBruno Brazete utiliza para criar umprocesso de ligação entre arte, de-mocracia e liberdade», refere o mu-nicípio da Guarda.Bruno Brazete integra desde 2013a Ópera nacional de Paris-Bastille,trabalhando em produções como«Gioconda», «Enlevement au Se-rail», «Samson et Dalila», entremuitas outras, segundo a fonte.

Le 09 mai 2018

LusoJornal / Jorge Campos

Page 13: Salão do imobiliário e do turismo português FPIC em Paris · ordinária expressão «Quem não está bem muda-se» relativamente a funda - das questões postas por professores

ASSOCIAÇÕES 13

Exposition sur l’histoire du fado et un jumelage en vue?

Le Fado, patrimoine immatériel del’humanité s’expose à Seclin à l’initia-tive de l’Association Ibérica, CentreCulturel Ibérique des Hauts de France,sous l’impulsion de son Président fon-dateur, David Vasconcelos.Exposition qui se veut, aussi, commeune étape marquante des 10 ans del’Association Ibérica - déjà 10 ans! -10 ans de promotion de la culture Ibé-rique, entre le Portugal et l’Espagne.Conviés par le Maire de Seclin, Ber-nard Debreu et l’Adjoint à la Culture,Didier Serrurier, le vernissage de l’ex-position a eu lieu vendredi dernier, le4 mai, à 19h00 à l’hôtel de ville, rueRoger-Bouvry.Cette exposition, qui d’une certainefaçon prend la relève des expositionsqui terminent sur le Centenaire de laBataille de La Lys, sera visible dans lehall de la Maire jusqu’au 26 mai.En partenariat avec le Centre CulturelCamões qui a prêté l’exposition, voilàune belle manière de faire connaîtrecet art bien portugais.Le Fado, le chant de la «saudade»,sentiment bien portugais. Ce bien cul-turel... bien portugais qui de plus enplus s’expose, s’exporte avec des so-

norités qui ont tendance à évoluer,mélangeant parfois un peu du jazz, dela musique brésilienne, africaine, dufolklore traditionnel portugais… Il n’ya pas un Fado, mais des Fados.Les différents tableaux de l’expositiontracent l’histoire du Fado, de la cen-sure qu’il a souffert sous la dictature,évoquent quelques personnages mar-quants dans l’histoire passée et ac-tuelle du Fado.Pendant l’inauguration, ont pris la pa-role le Maire de Seclin, l’Adjoint délé-gué à la Culture et le Présidentd’Ibérica.

Il a été question de la liaison entre lePortugal et Seclin, avec la présencedès les années 70 d’immigrés venusnotamment de l’île de Madeira. L’Ad-joint à la Culture, Didier Serrurier, aévoqué l’idée d’un jumelage avec uneville du Portugal.En conversation le Maire, il nous in-dique que Seclin a des jumelages avec3 villes européennes et une en Afriqueet que pour l’instant beaucoup dechoses sont «au point mort». Pour quedes échanges se fassent et qu’ellessoient profitables, il faut avoir des par-tenaires dynamiques et il faut par ail-

leurs pouvoir intéresser les jeunes,selon le Maire.Sur le même thème, le Consul Hono-raire du Portugal, Bruno Cavaco,ajoute que «le jumelage, il ne faut plusle voir comme dans le passé, mais plu-tôt comme un moyen d’échanger desexpériences aux niveaux économiquesen créant une dynamique entre desacteurs d’ici et de là-bas».Autre thème abordé par David Vascon-celos: le nerf de la guerre, le nerf de lapromotion de la culture, l’écono-mique.Pour faire et promouvoir la culture, il

faut «des sous», car généralement, àpremière vue, la culture n’est pas éco-nomiquement rentable. «Où allerchercher ces sous?»Difficiles d’en avoir. Les agents écono-miques, les Mairies, mettent biend’autres priorités en avant.Promouvoir la culture, faire de la cul-ture, est souvent un parcours du com-battant. Ibérica et David Vasconcelosdonnent l’exemple en organisant tousles ans, des expositions, des soirées demusique d’Espagne et du Portugal, enorganisant des cours…Le manque de moyens, le type d’acti-vités pratiquées, le manque de béné-volat fait que des 100 associationsportugaises existant dans la région,nombreuses ont disparues et d’autressont en passe de disparaître.Pour colmater cela et donner une nou-velle vigueur, voir une nouvelle orien-tation, David Vasconcelos a annoncéla création d’une structure sur Lillepour fédérer et organiser la promotionde la culture lusitanienne dans la ré-gion Haute de France.Ibérica organisera une exposition surl’Espagne en septembre et les 4èmesrencontres Ibériques auront lieu débutnovembre.Manifestations à suivre!

Par António Marrucho

Hommage au père d’Altina Ribeiro: débat émouvantsur l’immigration à Champigny«L’immigré inconnu», l’hommagerendu samedi 28 avril au père d’AltinaRibeiro, a fait salle comble au restau-rant «Canto das Saudades» à Cham-pigny-sur-Marne (94).Après avoir accueilli une centaine depersonnes, les maîtres des lieux, sesont vus contraints de refuser dumonde. L’évènement a été organisépar la SALF (Société des Auteurs Lu-sophones de France), dont l’auteur estmembre co-fondatrice, en collabora-tion avec l’association «MémoireVive», le soutien du CIC Iberbanco etla présence de Christian Fautré, nou-veau Maire de Champigny-sur-Marne, son collaborateur, FrançoisMarazanof, mais aussi Anne Dous-

sin, Conseillère municipale chargéedes questions de la paix, Corinne Mi-cheneau, Conseillère municipale etJean-Jacques Guignard, Maire ad-joint chargé des projets de rénova-tion urbaine et Laurent Jeanne,Conseiller régional.Les élus ont été honorés de participerà cette soirée. Le Maire a salué l’ini-tiative d’un tel évènement et a ex-primé le souhait de soutenir lesmembres de SALF lors de prochainesrencontres qu’il a vivement encoura-gées.Les personnes présentes ont pu assis-ter à la projection du film de JoséVieira «Les émigrés», tourné en 2006,à São Vicente da Raia, au nord-est duPortugal, dont les parents d’Altina Ri-beiro sont les principaux protago-nistes.Le film a amusé mais surtout ému lesspectateurs qui ont pu échanger avecJosé Vieira et Altina Ribeiro à l’issuede la projection. Le débat s’est révélépassionnant car l’immigration est unsujet sensible et la façon de l’aborderest très différente en fonction de laperception de chacun.L’émotion était palpable dans la sallecar beaucoup d’hommes et defemmes ont retrouvé une partie deleur histoire dans ce documentairetouchant et fort. Les représentants dela mairie ont également été touchéspar le film et les personnages tousplus attachants les uns que les au-tres. Le Maire de Champigny et sesAdjoints ont participé activement audébat et ont été très satisfaits decette soirée qu’ils ont accompagnéedu début jusqu’à la fin.Après le débat, les quatre auteursprésents de la SALF – Inês Oliveira,Ana Fernandes, Manuel do Nasci-

mento et Altina Ribeiro – ont pré-senté et dédicacé leurs ouvrages.À l’issue du repas, la soirée a été clô-turée par un concert de Dan Ingerdos Santos, accompagné de son fi-dèle guitariste Red Mitchell et dumulti-instrumentaliste Jean-LucPani, une occasion de découvrir sonnouvel album.Pour fêter cette compilation 20 ans,Altina Ribeiro et le musicien ont co-écrit sa biographie «Trois notes deblues pour un fado», que les auteursont pu dédicacer lors de cette soirée.Dominique Adenot, ancien Maire deChampigny-sur-Marne, avait parti-cipé à une soirée organisée par SALFen 2012 sur le thème du bidonvillede Champigny. Il avait exprimé lesouhait de participer à ce nouvel évè-nement. Il avait précisé à Altina Ri-beiro lors de plusieurs échanges avecl’auteur, mi-mars: «J’avais grande-ment apprécié la qualité de la soiréede 2012, ses contenus et témoi-gnages pleins de sens humain précissur la France de l’époque et les ‘am-bigüités’ de son accueil. Je seraistrès content de participer à cettenouvelle rencontre si ma santé dujour me le permet. L’initiative quevous prenez a tout mon soutien etplusieurs autres membres de la mu-nicipalité seraient également honorésd’y participer. En prenant bien encompte le fait que c’est un hommageà votre père, la ville trouvera lesformes à votre gré pour valoriser sareconnaissante».«Malheureusement, la maladie a euraison de lui et il nous a quittés le 5avril dernier» dit Altina Ribeiro auLusoJornal. «Nous avons eu une pen-sée toute particulière pour lui ce 28avril au Canto das Saudades».

À Seclin

Le 09 mai 2018

PUB

lusojornal.com

LusoJornal / Luís Gonçalves

Rose Nunes

Page 14: Salão do imobiliário e do turismo português FPIC em Paris · ordinária expressão «Quem não está bem muda-se» relativamente a funda - das questões postas por professores

lusojornal.com

Dijon: A ULFEorganiza a 21aSemana Cultu-ral PortuguesaDe 19 a 27 de maio, a União Luso-Francesa-Europeia (ULFE) de Dijon,organiza na sua «Casa de Portugal»,a 21ª edição da Semana Cultural Por-tuguesa que tem lugar todos os anos.Este evento, que vai contar com apresença de várias personalidades(governamentais, consulares, regio-nais e associativas), visa promover acultura e a gastronomia portuguesajunto dos «dijonnais».Exposições, noites de fado e festivalfolclórico, tendo o bacalhau como reida mesa.O convidado de honra do festival fol-clórico, que encerrará esta SemanaCultural, vem de Portugal e é o Ran-cho Folclórico de Baião.

32º Festivalde folcloreportuguês emBourgoin-Jallieu

No passado sábado, dia 28 deabril, a Associação Folclórica Por-tuguesa «Estrelas Douradas» deBourgoin-Jallieu (38) organizou oseu 32º Festival folclórico, para ce-lebrar também o seu 32º aniversá-rio e contou com a participação degrupos oriundos de diferentes re-giões, como Rosas da Primaverade Rives, Verde Minho de Ternay,Províncias de Portugal de Brignais,Alegria do Minho de Tullins, Ju-ventude Alto Minho de St. Priest,Associação de Rillieux-la-Pape,além da atuação do grupo organi-zador.Centenas de espetadores encherama sala polivalente de Bourgoin-Jal-lieu numa grande manifestação dacultura popular portuguesa, numafesta que começou pelas 14h00 eque pelo serão foi animada porMário Amaral.Ao final do dia, e perante a ausênciaforçada do Presidente da Direção,Adolfo do Vale, foi a Vice-PresidenteChristine que mostrava a sua grandesatisfação pelo forma ordenadacomo tinham decorrido as ativida-des, salientando a grande entregade toda a equipa de voluntários quepermitiram proporcionar este dia àComunidade portuguesa.Evidenciou igualmente a presençade ilustres convidados que abri-lhantaram a festa, como a equipada Rádio Já que efetuou a apre-sentação do evento, do represen-tante das Comunidades ManuelCardia Lima e do Banco SantanderTotta que se fez representar peloDiretor Comercial Internacional,António Silva, que tendo-se deslo-cado desde Lisboa para visitar oEscritório de Representação emLyon, não prescindiu de marcarpresença neste evento e juntodesta Comunidade.

14 ASSOCIAÇÕES

Jantar dos Sócios na associação de Bron

A associação portuguesa «Colombede la Paix» de Bron (69), nos arredo-res de Lyon, organizou um «jantar desócios» no sábado dia 21 de abril, nassalas da sede daquela coletividade,animado pelo espetáculo do ilusio-nista «Fakir Kirokaia».Da ementa destaca-se a Feijoada àmoda do Porto, que agradou à cen-tena de pessoas que partilhou ojantar.«Tinhamos este jantar agendado já hámuito tempo, mas não sabiamos qualseria a animação e finalmente esco-lhemos este artista de circo. O públicopresente ficou muito contente» con-firmou Isolina Santos.

Isolina Santos é Secretária da Direçãoe disse ao LusoJornal que o Festivalde folclore da associação está previstopara o sábado, dia 7 de julho. «Játemos tudo preparado, com oito gru-pos de folclore, e participará tambémum grupo que virá da Suíça».O grupo de folclore da associaçãochama-se «Flores de Portugal» e osdois responsáveis por esta ativi-dade são Jorge Santos e JoaquimCorvas. O grupo ensaia todos os sá-bados à noite, a partir das 21h00«até ficarmos cansados», garanteIsolina Santos.No sábado passado o grupo não en-saiou para poder participar no jantarde confraternização com os sócios daassociação. Mas em maio tem uma

saída agendada a Loreto Del Mar, deautocarro. «Seremos cinquenta pes-soas» explicou Isolina Santos ao Lu-soJornal.O Presidente da Direção é Paulo daSilva, o Vice Presidente é Alberto Mo-reira, a Secretária é Isolina Santos, oVice Secretário é Francisco Moço, aTesoureira é Sandra Alves e o Vice Te-soureiro é Paulo de Macedo.«Fakir Kirokoia», o artista de circo queanimou a noite, chama-se RicardoCaster e é o proprietário do RicardoCircus, em Guimarães, com capaci-dade para 400 pessoas. O circo temestado inativo porque «metade domaterial está alugado, pois a crise nãopermitia o seu funcionamento».«Não podia continuar porque as recei-

tas não cobriam as despesas, e tam-bém porque não havia apoios. Entãodecidi fazer espetáculos pela Europafora e hoje resido em Vallon, naFrança. Faço espetáculos de ilusio-nismo na Europa, quando sou solici-tado, mas também tenho outraprofissão, na construção, o que mepermite de viver melhor» contou aoLusoJornal. «Tive todo o prazer de viraqui a Bron. As pessoas foram muitosimpáticas e tive um bom público».Bron faz parte do grande Lyon esitua-se a este da cidade, ondedesde os anos sessenta a Comuni-dade portuguesa - hoje muito nume-rosa - se fixou. Esta associação éuma das primeiras a ser fundada naregião de Lyon.

Associação portuguesa Colombe de la Paix

Por Jorge Campos

Futsal: le Sporting Club de Paris participeraaux play-offs

Dimanche dernier, le 06 mai, le Spor-ting Club de Paris se déplaçait à Rou-baix dans l’espoir d’assurerdéfinitivement sa 4ème place syno-nyme de participation aux play-off.Pour cette rencontre disputée au vé-lodrome Stablinski de Roubaix, les 2équipes étaient privées chacune deleur joueur emblématique: Haroun(suspendu) côté roubaisien et Teixeira,côté parisien.Pour les spectateurs présents, cematch ne figurera probablement pasau panthéon des matchs intenses etspectaculaires de cette saison. Lafaute à une rencontre disputée aupetit trot et dans une ambiance feu-trée (la salle certes jolie n’est pas vrai-ment adaptée au futsal, car la piste decyclisme éloigne trop le public du ter-rain).Face à une équipe diminuée, les Pa-risiens ont toutefois assuré l’essentiel

en remportant aisément cette rencon-tre 7 buts à 0.La première mi-temps fut la pluséquilibrée de ce match. Un tir lointain

de Tchapchet à la 9ème minute et unsecond but de Chaulet (16 min) surune mauvaise relance du gardien, per-mirent néanmoins aux Parisiens de

mener 2-0 à la mi-temps.A noter que les Roubaisiens ont tou-ché par 2 fois les poteaux du butgardé par Pichard.La seconde période fut plus nette-ment à l’avantage du Sporting Club deParis qui domina les débats en inscri-vant 5 nouveaux buts par Camara (22et 29 min), Mayulu (24 min), Mebille(32 min) et le jeune Robi Makiadi (36min).Cette victoire signe la qualification duSporting Club de Paris aux play-offs.Dans le vestiaire, la joie était indes-criptible et la communion avec lesjeunes U9 / U11 et U15 Parisiens(gentiment invités par Djamel Ha-roun à venir disputer des rencontrescontre des équipes locales) étaitbelle à voir.Pour sa première saison sur le bancparisien, l’entraîneur Juanito a ma-gnifiquement réussi à qualifier cetteéquipe en reconstruction dans le der-nier carré. Il reste maintenant 2matchs pour aller reconquérir le titrede Champion de France.Samedi prochain, place à la dernièrejournée de Championnat, qui verras’affronter le Sporting Club de Pariset Béthune pour un match sansenjeu, et qui désignera l’adversairedes Parisiens pour la demi-finale desplay-offs du 26 mai prochain: leKremlin Bicêtre ou Toulon.

Par RDAN

Le 09 mai 2018

Por Manuel Lopes

Roubaix AFS 0-7 Sporting Club de Paris

Buteurs du Sporting Club de Paris:Camara (x2), Tchapchet, Chaulet,Mayulu, Mebille et Makiadi

LusoJornal / Jorge Campos

Page 15: Salão do imobiliário e do turismo português FPIC em Paris · ordinária expressão «Quem não está bem muda-se» relativamente a funda - das questões postas por professores

FC Porto Campeão: Adeptos nos Champs ElyséesAlguns adeptos com bandeiras e ca-checóis azuis e brancos foram até àAvenida dos Campos Elísios, em Paris,para festejar o título de Campeão por-tuguês de futebol do FC Porto, no do-mingo à noite.Eram «poucos mas bons», repetiramos cerca de 20 Portugueses com ca-checóis e bandeiras do FC Porto, reu-nidos perto do Arco do Triunfo, depoisde terem deixado o café onde viram ojogo contra o Feirense e de terem per-corrido algumas ruas de Paris a buzi-nar e a entoar alguns cânticos.A noite começou no café «Le PetitMarquis», no 17º bairro da capitalfrancesa, onde o grupo se juntou para

ver o jogo em que os «dragões» ergue-ram o troféu de campeões da edição2017/18 da I Liga.Ainda que o Campeonato tenha ficadodecidido no sábado, com o empateentre o Sporting e o Benfica, estesadeptos preferiram festejar no do-mingo, dia do «título justo», explicouOtílio Sousa, a viver em França há 23anos.«Para mim, o título ontem [sábado] foioferecido, o título justo é hoje [do-mingo]. Sabe melhor hoje. A festa énos Champs Elysées que é onde todosse encontram, é a Avenida dos Alia-dos», afirmou, a sorrir, o português de44 anos.

«Poucos mas bons» foi também afrase escolhida por André Peixoto, de19 anos, para descrever o pequenogrupo, acrescentando que a celebra-ção é nos Campos Elísios porque é «osalão de festas» para onde foi quandoPortugal foi Campeão europeu de fu-tebol.Vestido a rigor e com uma moto de-corada com dois cachecóis e umabandeira do FCP, Fábio Moutinho,de 30 anos, também foi para a Ave-nida dos Campos Elísios «para fazera festa» já que não se pode juntar àfesta no Porto, onde nasceu e quetrocou por França há seis anos.Também Pedro Feijó, que nasceu «àbeira do Estádio do Dragão» há 40anos, escolheu ir festejar o títulojunto ao Arco do Triunfo onde cele-brou o triunfo da Seleção noEuro2016. «Sou portista de raça.Este Campeonato era merecido paranós. Gostava mais de estar no Porto,mas como não posso, vamos fazer afesta aqui em Paris», afirmou o por-tuguês de 40 anos.André Esteves nasceu em Paris, há20 anos, e ainda que o clube fran-cês que apoie seja o Paris Saint Ger-main, o seu clube de sempre é o FCPorto e só se desloca aos CamposElísios para festejar o título dos«dragões» e não o faz para celebraros títulos do PSG.Questionado porque decidiu festejarno domingo, e não no sábado, o lu-sodescendente justificou que «hojeé que era o dia do jogo do Porto», noqual recebeu o troféu no Estádio doDragão, pelo que não ia «estar à es-pera que o Benfica empatasse como Sporting, estava à espera que oPorto ganhasse em casa».

DESPORTO 15

lusojornal.com

Le 09 mai 2018

PUB

Dona IsabelPura Vidente Portuguesa - 35 anos de experiência

DONS HEREDITÁRIOSTrata vários casos: Bruxaria, Inveja, Blocagem, ajuda na saúde, amor etc.

EU TENHO O DOM DE DESTRUIR O MAL QUE LHE FIZERAM

RESPONDE PESSOALMENTE A TODOS OS PEDIDOS

PARIS 17, proche Gare St-Lazare (Mº Gare St Lazare)VIRY-CHATILLON (91) 148, av. Général de Gaulle N. 7 (09h/20h)

01 69 05 35 27 ou 06 65 44 29 07

Dona Isabel faz rezas na sua presença

contra a magia negra e problemas pessoais

Livra-vos do malque vos fizeram

PUB

Sérgio Conceição saiu do Nantes para ser Campeãocom o FC PortoSérgio Conceição dedicou o seu pri-meiro título de Campeão na carreiraaos seus pais, falecidos, distribuindoos méritos com os futebolistas, o staffdo clube e o presidente Pinto daCosta. «Na minha apresentação tinhadito que no fim desta época iria agra-decer a duas pessoas que iriam estarmuito contentes, que são os meuspais [falecidos]. Para eles este tí-tulo», disse, emocionado, em curtaconversa com os jornalistas, inter-rompida pelo entusiasmo dos feste-jos.O FC Porto sagrou-se Campeão por-tuguês de futebol pela 28ª vez, aobeneficiar do empate a zero entre oSporting e Benfica, em jogo da 33ªe penúltima jornada da I Liga, e de-pois ao bater, em casa, o Feirense.Na luta pela segundo lugar e comum encontro por jogar, o Sporting,que dá acesso à pré-eliminatória daLiga dos Campeões, passou a tervantagem no confronto direto em re-lação ao Benfica.Sérgio Conceição escusou-se a assu-mir o protagonismo do êxito, parti-lhando-o com todos: «Não sou oTreinador, somos mais do que oscinco da equipa técnica, é o depar-tamento médico e toda a estrutura.Merecem e estão de parabéns. Uma

palavra para o Presidente que medeu a oportunidade de trabalharnum clube que me diz muito e estoumuito feliz por isso».O Treinador agradeceu à esposa e fi-lhos que consigo «sofreram» - «nãoé fácil levar um barco destes para afrente, sendo exigente comigo pró-prio e com os seus» - num ano queclassificou de «fabuloso».«Há muita gente atrás deste título,sou apenas a pessoa, o líder que dáa cara, mas muita gente está de pa-rabéns. O principal responsável doêxito é o FC Porto», reforçou.

Sérgio Conceição revelou que já tevea «oportunidade de agradecer aos jo-gadores, incansáveis esta época, sobuma liderança muito exigente, muitorigorosa».«Tiveram grande capacidade de tra-balho, grande humildade e reconhe-ceram que tinham de trabalharmuito para sermos felizes. Foram osverdadeiros obreiros. Tal como [osAdjuntos] o Vítor Bruno, o SiramanaDembélé, o Diamantino Figueiredo,o Eduardo Oliveira, toda a estrutura.E o nosso presente que foi muito im-portante», concluiu.

Pinto da Costadestaca «trabalho notável»O Presidente do FC Porto, JorgeNuno Pinto da Costa, destacou o«trabalho notável» de Sérgio Con-ceição na obtenção do título deCampeão de futebol, alcançado«contra muita gente».Pinto da Costa agradeceu a todos osque tornaram possível ao fim de 36anos na presidência do clube pu-desse festejar mais um título, emespecial equipa técnica, dirigentes,jogadores, sócios, adeptos, claquese simpatizantes. «O momento Hpara o arranque da nossa vitória,desta conquista, foi a assinatura docontrato de Sérgio Conceição comotreinador desta equipa de futebol»,disse Pinto da Costa, em conversatelefónica ao canal televisivo oficial‘azul e branco’.O Presidente disse que sempreacreditou que Sérgio Conceiçãohavia de levar o clube à reconquistado título que fugia há quatro épocase considerou que o treinador foi «ogrande vencedor e o principal im-pulsionador deste mar azul».

A aposta ganha deSérgio ConceiçãoSérgio Conceição assumiu há umano uma aposta pessoal muito forte,ao sair do Nantes para ir treinar aequipa de futebol do FC Porto, oque implicava perder dinheiro e ar-riscar a boa imagem deixada emFrança.Mas ganhou, e aos 43 anos projeta-se como um técnico francamentecobiçado por grandes emblemas daEuropa, ao mesmo tempo que é jáum dos símbolos dos ‘dragões’ - é oterceiro português a sagrar-se Cam-peão como jogador e treinador noclube, sucedendo a nomes tão ilus-tres como José Maria Pedroto e An-tónio Oliveira e Augusto Inácio [quesubstituiu interinamente BobbyRobson].Em França, deixou o Nantes no sé-timo lugar, magnífico para as ambi-ções do clube, e prescindiu dequatro milhões de euros por ano,para ir para o clube do coração porum pouco menos de metade, maisprémio por objetivos. Agora, recebemais um milhão e vê o seu nomeentrar nas listas de prováveis declubes como o Inter Milão.

Pinto da Costa destacou “trabalho notável”

Lusa / Homem de Gouveia

M o n s i e u r B a r a k a m a

Aux dons héréditaires de père en fils, il est capable de transformervotre vie dans le bon sens! Chance, amour, fidélité entre 2 person-nes, retour iminent de l’être aimé, désenvoûtement et protectiondéfinitive.Travail sérieux et efficace, résultat surprenant et garanti dans lasemaine, discrétion assurée! Déplacement possible et reçoit surRDV de 08h à 21h.

Tél.: 06 20 91 93 46

PUB

MARABOUTMEDIUM

GRAND VOYANT

Carina Branco

Page 16: Salão do imobiliário e do turismo português FPIC em Paris · ordinária expressão «Quem não está bem muda-se» relativamente a funda - das questões postas por professores

PUB