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UFCD 3553 – SAÚDE MENTAL NA TERCEIRA IDADE Setembro 2014 Formador: Ana Cardoso

Saúde Mental 3ª Idade

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Page 1: Saúde Mental 3ª Idade

UFCD 3553 – SAÚDE MENTAL NA TERCEIRA IDADE

Setembro 2014

Formador: Ana Cardoso

Page 2: Saúde Mental 3ª Idade

Objetivos

Identificar as questões relacionados com a saúde mental em geral e com a saúde mental da pessoa idosa em particular.

Enunciar as noções de psicopatologia da pessoa idosa.

Diferenciar os recursos comunitários de apoio à pessoa idosa com doença mental.

Page 3: Saúde Mental 3ª Idade

Saúde mental e recursos

A saúde mental na 3.ª idade o Definição o Promoção o Saúde mental e comunidade

Conteúdos

Page 4: Saúde Mental 3ª Idade

Psicopatologia da pessoa idosa

O normal e o patológico o Conceito de doença mental

Envelhecimento normal e patológico Depressão na pessoa idosa Psicopatologia do delírio Perturbações sensoriais e delírio

Conteúdos

Page 5: Saúde Mental 3ª Idade

Recursos comunitários de apoio

Respostas sociais à velhice Saúde e comunidade O hospital e o seu papel face à pessoa idosa Outros recursos

Família Apoio domiciliário Lares

Conteúdos

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“O envelhecimento é um processo dinâmico e

progressivo, responsável por alterações

morfológicas, bioquímicas e psicológicas, na

qual implicam uma perda da capacidade do

indivíduo ao meio ambiente, bem como uma

maior vulnerabilidade aos processos

patológicos que acabam por torná-lo

dependente e levá-lo à morte.”

(Filho e Alencar, 1998)

Envelhecimento

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O envelhecimento é um fenómeno

biológico, psicológico e social que atinge

o ser humano na plenitude da sua

existência, modifica a sua relação com o

tempo, o seu relacionamento com o

mundo e com sua própria existência.

Envelhecimento

Page 8: Saúde Mental 3ª Idade

Todas as modificações morfológicas,

fisiológicas, bioquímicas e psicológicas que

aparecem como consequência da acção do

tempo sobre os seres vivos, a estas podem-se

ainda acrescentar a mudanças de atitudes e

de interacções com o meio ambiente.

Envelhecimento

Page 9: Saúde Mental 3ª Idade

O envelhecimento é um processo irreversível, a que todos estamos sujeitos, e

deverá ser melhor compreendido principalmente numa época, em que o

nosso país arca com um crescente número da população idosa, e que junto a isto

possui uma sociedade muito mal preparada praticamente em todas as suas esferas para

lidar com esta realidade.

Envelhecimento

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A população idosa forma uma faixa etária mais sujei ta a problemas de saúde, com isto pode-se esperar um aumento intenso de enfermidades crónicas todas elas com baixa letalidade e alto grau de incapacitação produz indo, assim, onerosos gastos numa área já tão carente de recursos .

Envelhecimento

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Diante destes factos fica claro a necessidade de uma maior atenção a esta população em franca expansão. As equipas que lidam com os idosos devem zelar para que este consiga aumentar os hábitos saudáveis, diminuir e compensar as limitações inerentes da idade. Deve ainda estimular o autocuidado, actuando na prevenção e na não complicação das doenças inevitáveis .

Envelhecimento

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Gerontologia – estudo do processo do envelhecimento em todos os aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais. Estuda a vivência do ser humano que envelhece e interessa-se tanto pelas pessoas saudáveis como doentes.

Gerontologia

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Geriatria – cuidados a prestar aos idosos. É o estudo clínico da velhice. Compreende a prevenção e o tratamento das doenças associadas ao processo do envelhecimento. Trata dos aspectos médicos, psicológicos e sociais da saúde e doença do Idoso, no âmbito da prevenção, no diagnóstico e no tratamento nas mesmas, assim como na sua recuperação e reinserção na sociedade.

Geriatria

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IDOSO

SEGUNDO A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU) E A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS), IDOSO É TODO O INDIVÍDUO QUE TEM MAIS DE 65 ANOS DE IDADE. NO ENTANTO, SURGIU UMA NOVA DEFINIÇÃO:

Pré-Idosos (entre 55 e 64 anos);

Idosos jovens (entre os 65 e 79 anos);

Idosos de idade avançada (com mais de 80 anos)

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Envelhecimento da População Mundial

O mundo está no centro de uma transição do processo

demográfico única e irreversível que irá

resultar em populações mais velhas em todos os

lugares.

Page 16: Saúde Mental 3ª Idade

O número de pessoas idosas em todo o mundo está a aumentar. O envelhecimento demográfico é uma realidade que carateriza o século XXI. A ONU prevê que entre 2000 e 2050 a percentagem de idosos (>65 anos) atinja 22% do total da população mundial, igualando a percentagem de crianças dos 0 aos 14 anos.

Prevê-se que em 2050 a população idosa em todo o mundo ronde os 6 biliões, contra os 600 milhões actualmente.

Envelhecimento da População Mundial

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• O envelhecimento da população mundial é um fenómeno novo ao qual mesmo os países mais ricos e poderosos ainda estão a tentar adaptar-se.

• Na maioria dos países, o número de pessoas acima dos 80 anos deve quadruplicar para quase 400 milhões até 2050.

• Embora o fenómeno do envelhecimento demográfico tenha uma escala mundial, existem diferenças entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento, já que os mecanismos que levam a tal envelhecimento são distintos. • Nos países desenvolvidos o envelhecimento demográfico está a crescer rapidamente.

Envelhecimento da População Mundial

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Envelhecimento da População Mundial

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Envelhecimento da População Portuguesa

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Pirâmide Etária em 2000 e prospecções para 2050

Portugal

85+80 - 8475 - 7970 - 7465 - 6960 - 6455 - 5950 - 5445 - 4940 - 4435 - 3930 - 3425 - 2920 - 2415 - 1910 - 145 - 90 - 4

2.000 2050

Homens Mulheres

,0 ,2 ,4 ,6 ,8 ,10,0,2,4,6,8,10

•Comparando os anos 2000 e 2050, observa-se uma redução das classes mais jovens em detrimento das mais idosas, gerando uma pirâmide invertida.

•Como consequência assiste-se a um decréscimo da natalidade e envelhecimento da população.

Envelhecimento da População Portuguesa

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Envelhecimento da População Portuguesa

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Fecundidade em PortugalDiminuição Acentuada

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Relação Nascimentos/Óbitos

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Esperança Média de Vida em Portugal

79 anos para

ambos os sexos

76,43 para os homens

82,30 para as

mulheres

Page 27: Saúde Mental 3ª Idade

RELAÇÃO ENTRE A POPULAÇÃO IDOSA E A

POPULAÇÃO EM IDADE ATIVA, DEFINIDA

HABITUALMENTE COMO O QUOCIENTE

ENTRE O NÚMERO DE PESSOAS COM 65 OU

MAIS ANOS E O NÚMERO DE PESSOAS COM

IDADES COMPREENDIDAS ENTRE OS 15 E

OS 64 ANOS

Índice de Dependência de Idosos

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Índice de Dependência de Idosos em Portugal

Índice de Dependência de Idosos

24,1

20,3

29,6

22

34,9

27,8

0

5

10

15

20

25

30

35

Número

1Local de Residência

Portugal

    Norte

    Centro

    Lisboa

    Alentejo

    Algarve

•É no Alentejo que se verifica um maior número de idosos dependentes da população activa. Por sua vez, no Norte esta tendência é mais diminuta. •O aumento do Índice de Dependência de Idosos conduz a uma sobrecarga da Segurança Social.

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29

Em suma…

• Redução da Mortalidade;• Diminuição da Natalidade e Fertilidade;

• Melhoria das condiçõs de vida e avanços na medicina;• Controlo parcial de doenças evitáveis, através de

vacinas;• Prevenção da doença e promoção de saúde;

• Aumento da esperança de vida;• Estreitamento da pirâmides de idades;

ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO

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Um olhar sobre a velhice...

Portugal é um país cada vez mais envelhecido. Actualmente, os idosos são o grupo etário

predominante na nossa sociedade. Apesar da esperança média de vida estar a aumentar, as pessoas mais velhas mantêm-se saudáveis e produtivas durante muito mais tempo.

Uma das mudanças mais significativas da velhice é a reforma, pois além de implicar muito mais tempo livre, implica ainda a aceitação de novos papéis e a adaptação a uma nova realidade física, económica e social.

Se o idoso possuir uma pensão satisfatória, um bom estado de saúde, não vivenciar uma situação forçada de reforma e se encarar o dia-a-dia como um constante desafio, poderá viver esta nova fase de uma maneira bastante satisfatória.

Page 31: Saúde Mental 3ª Idade

Síntese

Estes ganhos em anos de vida produzem alterações na existência humana, presente e no futuro, e exigem novos comportamentos, estilos de vida, expetativas e valores obrigando a um questionamento sobre representações sociais estereotipadas e a ter em conta a explosão de singularidades, no âmbito do direito inclusivo.

Page 32: Saúde Mental 3ª Idade

Síntese

As pessoas idosas em situação de pobreza e, ou exclusão social, têm de ter especial atenção.

Se, por um lado, existem pessoas idosas autónomas, que participam ativamente na vida familiar, comunitária e social, por outro, há pessoas que estão condicionadas pelas situações de pobreza, incapacidade, doença e, ou isolamento.

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Síntese

As iniciativas devem abranger estas diferentes dimensões e a proteção social deve prioritariamente, responder às situações de maior vulnerabilidade.

Para o agravamento da desigualdade é possível que concorra a evolução da estrutura demográfica, com peso crescente da população mais idosa, porém tal significa uma oportunidade para reimaginar a sociedade.

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VIVER MAIS TEMPO IMPLICA

ENVELHECER. MAIOR LONGEVIDADE NÃO É UM FATALISMO OU UMA

AMEAÇA. É UMA VITÓRIA DA HUMANIDADE E UMA OPORTUNIDADE

DE POTENCIAR O «PATRIMÓNIO IMATERIAL» QUE SIGNIFICA O

CONTRIBUTO DAS PESSOAS MAIS VELHAS.

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Segundo a OMS a Saúde é a medida em que um indivíduo ou grupo é capaz, por um lado, de realizar aspirações e satisfazer necessidades e, por outro, de lidar com o meio ambiente. A saúde é, portanto, vista como um recurso para a vida diária, não o objetivo dela; abranger os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas.

“O estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de

doença”

Saúde

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“Nível de qualidade de vida cognitiva e/ou emocional ou a ausência de uma doença mental”

Capacidade de um indivíduo de apreciar a vida e procurar um equilíbrio entre as actividades e os esforços para atingir a resiliência psicológica.

Saúde Mental

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Saúde Mental

Equilíbrio psíquico que resulta da interacção da pessoa com a realidade. Essa realidade é o meio circundante que permite à pessoa desenvolver as suas potencialidades, bem como a satisfação das necessidades humanas.

É sentirmo-nos bem connosco próprios e na relação com os outros. É sermos capazes de lidar de forma positiva com as adversidades. É termos confiança e não temermos o futuro.

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DEFINIÇÃO: Processo de capacitar as pessoas para aumentarem o controlo sobre a sua saúde e para a melhorar.

Promoção da Saúde

Page 41: Saúde Mental 3ª Idade

Os problemas de saúde mental representam um grave problema de saúde pública (custos diretos (despesas assistenciais) e indiretos (p.ex. baixas por doença) da perturbação mental)

Promoção da Saúde

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Falsos Conceitos sobre a Doença Mental

As pessoas afectadas por problemas de saúde mental são muitas vezes incompreendidas, estigmatizadas, excluídas ou marginalizadas, devido a falsos conceitos, que importa esclarecer e desmistificar, tais como:

o As doenças mentais são fruto da imaginação;

o As doenças mentais não têm cura;

o As pessoas com problemas mentais são pouco inteligentes, preguiçosas, imprevisíveis ou perigosas.

Page 43: Saúde Mental 3ª Idade

Estes mitos, a par do estigma e da discriminação associados à doença mental, fazem com que muitas pessoas tenham vergonha e medo de procurar apoio ou tratamento, ou não queiram reconhecer os primeiros sinais ou sintomas de doença.

O tratamento deverá ser sempre procurado, uma vez que a recuperação é tanto mais eficaz quanto mais precoce for o tratamento.

Promoção da Saúde

Page 44: Saúde Mental 3ª Idade

Ao longo da vida, todos nós podemos ser afectados por problemas de saúde mental, de maior ou menor gravidade.

Algumas fases, como a entrada na escola, a adolescência, a menopausa e o envelhecimento, ou acontecimentos e dificuldades, tais como a perda de familiar próximo, o divórcio, o desemprego, a reforma e a pobreza podem ser causa de perturbações da saúde mental.

Factores genéticos, infecciosos ou traumáticos podem também estar na origem de doenças mentais graves.

Saúde Mental e comunidade

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de 30% da população mundial sofre de alguma doença mental.

Desse total, 154 milhões de indivíduos sofrem de depressão e 25 milhões de esquizofrenia.

Sensivelmente, 40 mil mortes são atribuídas às patologias psiquiátricas, como depressão bipolar, esquizofrenia e stress pós-traumático.

Saúde Mental e comunidade

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De acordo com a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, 5% da população nacional já teve um episódio de depressão grave.

A doença bipolar é a perturbação com maior incidência, em Portugal, afectando cerca de 200 mil pessoas, seguida pela esquizofrenia com 100 mil indivíduos.

Saúde Mental e comunidade

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A doença mental, tal como a maioria das doenças, resulta da combinação de diferentes factores. Assim é na conjugação da nossa base genética com o meio que nos envolve e seus momentos ou períodos importantes (facilitadores/desencadeadores) que a doença pode surgir, repentinamente ou de forma mais insidiosa.

Doença Mental

Page 49: Saúde Mental 3ª Idade

Popularmente há tendência para se julgar a sanidade da pessoa, de acordo com o seu comportamento, com a sua adequação às conveniências sócio-culturais como, por exemplo, a obediência aos familiares, o sucesso no sistema de produção, a postura sexual, etc.

Medicamente, a Doença Mental pode ser entendida como uma variação mórbida do normal, variação esta capaz de produzir prejuízo na performance global da pessoa (social, ocupacional, familiar e pessoal) e/ou das pessoas com quem convive.

Conceito de Doença Mental

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De acordo com a NAMI (Aliança Nacional de Doenças Mentais americana):

o As doenças mentais são distúrbios graves que causam alterações biológicas no cérebro e são debilitantes em diferentes graus.

o Os sintomas de doenças mentais tipicamente começam a aparecer na adolescência ou idade adulta jovem. A doença mental atinge cerca de 5% dos adultos e 9% das crianças e dos adolescentes nos Estados Unidos.

Doença Mental

Page 51: Saúde Mental 3ª Idade

Há muitos equívocos a respeito das doenças mentais. Isto infelizmente contribui para o facto de muitas pessoas não procurarem tratamento.

Não tratada, a doença mental pode resultar em desemprego, abuso de substâncias psicoactivas, deterioramento das relações interpessoais, e nos casos mais graves , isolamento e suicídio.

Doença Mental

Page 52: Saúde Mental 3ª Idade

A fim de conquistar o estigma da doença mental, é importante compreender que estas condições não estão relacionadas com o carácter, inteligência, ou vontade.

Doenças mentais são doenças como quaisquer outras, e com intervenções modernas, são altamente tratáveis.

Doença Mental

Page 53: Saúde Mental 3ª Idade

Problemas de Saúde Mental Mais Frequentes

Ansiedade

Mal-estar psicológico ou stress continuado

Depressão

Dependência de álcool e outras drogas

Perturbações psicóticas, como a esquizofrenia

Atraso mental

Demências

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A delimitação entre o normal e o patológico é, por vezes, extremamente difícil de estabelecer.

Esta delimitação baseia-se geralmente em critérios estatísticos, considerando-se normal o comportamento mais frequente e concordante com os valores estabelecidos e aceites em determinada sociedade.

Envelhecimento normal e patológico

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À medida que crescemos é suposto interiorizarmos regras e normas que facilitam a nossa adaptação na sociedade, a nossa comunicação e a sermos aceites pelos outros. Mas vários autores consideraram o conceito de normalidade muito limitativo para a existência individual, colocando de lado a experiência de vida que cada um de nós tem e causadora de angústia para aqueles que não estão de acordo com a suposta regra social.

Envelhecimento normal e patológico

Page 56: Saúde Mental 3ª Idade

É impossível que pessoas com histórias de vida diferentes tenham os mesmos comportamentos e os mesmos sentimentos. E tendo em conta que a noção de normalidade está ligada ao conceito social e cultura, não poderemos esquecer que as sociedades não são todas iguais e cada uma tem também a sua própria noção do que é ou não aceite como normal. Por isso aquilo que é normal numas culturas já não o é noutras.

Envelhecimento normal e patológico

Page 57: Saúde Mental 3ª Idade

Envelhecimento normal VS Envelhecimento patológico

Page 58: Saúde Mental 3ª Idade

As alterações biológicas e psicológicas devidas ao envelhecimento ocorrem normalmente de forma gradual, ao longo de anos ou décadas, daí que não existe uma idade determinada em que as pessoas possam ser consideradas velhas. Os gerontologistas, especialistas no domínio da 3ª idade consideram que: Velhos-jovens (abaixo dos 75 anos de idade)Velhos-velhos (acima dos 75 anos de idade)

Velhos-mais velhos (85 anos de idade ou mais)

Envelhecimento normal e patológico

Page 59: Saúde Mental 3ª Idade

Na 3ª idade ocorrem mudanças/perdas de papéis, estatuto educacional, laboral e financeiro, casamento e viuvez, ao nível da participação da família, dos amigos e de grupos.

Por tudo isto é que estar socialmente envolvido e dependente de outros parece ser importante para se envelhecer com êxito.

A este nível, revela-se essencial e necessário identificar fontes de apoio social, bem como facilitar contactos plenos de sentido para os que carecem de redes sociais e promover a reciprocidade na ajuda.

Envelhecimento normal e patológico

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Enquanto uma pessoa envelhece, o seu organismo passa por diversas alterações na sua estrutura e funções. Este processo normal, conhecido por senescência, ocorre de forma gradual e expressa-se com manifestações características.

Envelhecimento Normal

Page 61: Saúde Mental 3ª Idade

Características do Envelhecimento Normal

Lentificação motora; Diminuição da capacidade de retenção de

informação nova; Dificuldade para evocar nomes; Diminuição da flexibilidade mental; Manutenção da linguagem; Manutenção da memória remota.

Page 62: Saúde Mental 3ª Idade

Características do Envelhecimento Normal

Perturbações do equilíbrioPostura encurvadaLentificação da marcha, com passos mais

curtosMaior sensibilidade à luz intensa e menor

adaptação ao escuroSurdez variável, especialmente para sons

agudosDiminuição do gosto e do olfactoRedução da velocidade e potência

musculares

Page 63: Saúde Mental 3ª Idade

Alteração e deterioração da memória para registar, armazenar e recuperar informação nova;

Perda de conteúdos referentes à família e passado;

Alteração e deterioração do pensamento e raciocínio com redução do fluxo de ideias e diminuição da atenção, etc.

Défice significativo nas diversas áreas que permitem a execução de tarefas da vida diária (vestir, comer, etc.);

Alterações da linguagem;Alteração da “Consciência clara”;Sintomatologia presente durante pelo menos 6

meses.

Características do Envelhecimento Patológico

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Page 66: Saúde Mental 3ª Idade

As Demências são classificadas como um transtorno cognitivo, pois apresentam múltiplos défices cognitivos (incluindo a memória, a linguagem e a inteligência) decorrentes dos efeitos fisiológicos de uma condição médica geral, dos efeitos de uma substância ou de múltiplas causas.

Demências

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A doença de Alzheimer, é uma doença degenerativa actualmente incurável mas que possui tratamento. O tratamento permite melhorar a saúde, retardar o declínio cognitivo, tratar os sintomas, controlar as alterações de comportamento e proporcionar conforto e qualidade de vida ao idoso e sua família.

Na doença de Alzheimer há uma diminuição do tamanho geral do cérebro, em resultado da perda de neurónios.

Demência de Alzheimer

Page 68: Saúde Mental 3ª Idade

Factores de riscoIdade;História Familiar;Um baixo nível de educação (a actividade

intelectual parece exercer um efeito protector);TabagismoInactividade Física Depressão HipertensãoObesidadeDiabetes

Demência de Alzheimer

Page 69: Saúde Mental 3ª Idade

Demência de Alzheimer

Page 70: Saúde Mental 3ª Idade

Demência de Alzheimer

Page 71: Saúde Mental 3ª Idade

A doença de Alzheimer tem início com pequenos esquecimentos, evoluindo até a pessoa ficar completamente dependente. Esta evolução acontece, em média, durante 8 anos mas em alguns casos pode levar até 20 anos para acontecer.

Na fase precoce, os idosos começam a ter perda de memória e, frequentemente, esquecem-se da comida no forno, onde deixaram as chaves, a carteira e outros objectos pessoais. Além disso, aparecem sinais da dificuldade em reconhecer amigos, pessoas da família e lugares conhecidos.

Demência de Alzheimer

Page 72: Saúde Mental 3ª Idade

Já na fase moderada, a perda de memória é mais evidente, a capacidade de decisão fica alterada e, na maioria dos casos, a pessoa não percebe essas mudanças. A desorientação, tanto de espaço quanto de tempo, torna-se um risco, pois o idoso pode se perder facilmente na rua.

Após algum tempo, as transformações na linguagem também ficam mais evidentes. A dificuldade de nomeação evolui para perdas de identidade, compreensão e capacidade de conversar.

Na fase severa, todas as funções mentais estão prejudicadas, o problema de fala progride até à perda total, e as pessoas tornam-se dependentes em todas as actividades do dia-a-dia, inclusive nas mais simples, como comer, tomar banho, trocar de roupa e andar.

Demência de Alzheimer

Page 73: Saúde Mental 3ª Idade

Não existe cura para o Alzheimer, no entanto, existem cuidados a ter para manter a qualidade de vida do idoso. Existem quatro tipos principais de terapias: Terapia da orientação para a realidade: trabalha

os aspectos cognitivos e intelectuais, memória etc.

Terapia física: melhora e manutenção das condições físicas, motoras e respiratórias.

Terapia ocupacional: maximiza o desempenho para as actividades da vida diária.

Terapia ambiental: sugere e indica mudanças e adaptações ambientais no domicílio e nas instituições, com o propósito de facilitar o dia-a-dia e prevenir acidentes.

Demência de Alzheimer

Page 74: Saúde Mental 3ª Idade

PrevençãoAlguns estudos mostraram que manter

actividades intelectuais como a leitura, jogos que exercitam o cérebro, assim como exercer alguma actividade física (caminhada, etc.) tem um forte efeito positivo sobre o Alzheimer.

Tratar a hipertensão, colesterol, diabetes, não fumar, assim como manter uma alimentação rica em frutas constituem também um meio eficaz de prevenir demências como o Alzheimer.

Demência de Alzheimer

Page 75: Saúde Mental 3ª Idade

A Doença de Parkinson é uma doença degenerativa de Progressão lenta que afecta principalmente a mobilidade. Uma das alterações não-motoras mais comuns na doença de Parkinson é a demência.

Doença de Parkinson

Page 76: Saúde Mental 3ª Idade

Sintomas

Doença de Parkinson

Page 77: Saúde Mental 3ª Idade

Doença de Parkinson

Page 78: Saúde Mental 3ª Idade

Outros sintomasBradicinesia: Lentidão dos movimentos

causada pelo atraso na transmissão de instruções do cérebro para o resto do corpo;

DepressãoAnsiedadeInstabilidade PosturalBradifrenia: Pensamento lento

Doença de Parkinson

Page 79: Saúde Mental 3ª Idade

O doente fica susceptível e fraco, aumentando o

risco de infecções e outros episódios com

potencial mortal.

Doença de Parkinson

Page 80: Saúde Mental 3ª Idade

A Demência Vascular é a segunda causa mais comum de Demência. Tende a apresentar um início mais precoce que a Doença de Alzheimer e, ao contrário da Doença de Alzheimer, os homens são mais frequentemente afectados que as mulheres, contudo, muitas vezes ela é confundida com a doença de Alzheimer.

Demência Vascular

Page 81: Saúde Mental 3ª Idade

O início da Demência Vascular é tipicamente súbito, seguido por um trajecto flutuante e gradual, caracterizado por rápidas alterações no funcionamento, ao invés de uma progressão lenta

Caracteriza-se por múltiplos acidentes vasculares cerebrais (AVC) que vão ocorrendo no cérebro ao longo da vida. Às vezes, são pequenos episódios em que o indivíduo fica indisposto mas vai melhorando e não chega a ter conhecimento de que a causa daquela indisposição foi uma pequena isquemia, um pequeno derrame cerebral.

A prevenção da demência vascular pode ser feita por meio de procedimentos simples, como controle de tensão arterial e dos níveis de colesterol no sangue, evitar gorduras e excesso de sal.

Demência Vascular

Page 82: Saúde Mental 3ª Idade

Enquanto o Alzheimer é uma doença degenerativa que leva à morte dos neurónios, a demência vascular é uma doença dos vasos sanguíneos do cérebro que, quando afectados, não conseguem compensar esse órgão de oxigénio e nutrientes e, assim, as conexões entre os neurónios se degeneram.

Os sintomas clássicos são discretamente diferentes, pois a doença de Alzheimer apresenta perda de memória progressiva e a demência vascular, perda de memória em ‘degraus’.

Demência Vascular

Page 83: Saúde Mental 3ª Idade

Actualmente, a depressão é uma problemática subdiagnosticada e por conseguinte, subtratada porque apenas 35% dos idosos que têm depressão estão a tomar um antidepressivo.

Este aspecto deve-se, muitas vezes, à crença de que os sintomas de depressão são normais ou expectáveis dada a idade do doente, as circunstâncias sociais (incluindo perdas recentes) e o estado médico e também porque os sintomas como perda de energia, falta de apetite e as perturbações do sono, são muitas vezes associados ao processo normal de envelhecimento.

Depressão na pessoa idosa

Page 84: Saúde Mental 3ª Idade

A depressão é “um distúrbio da área afetiva ou do humor, com forte impacto funcional em qualquer faixa etária e com repercussões para a vida: redução da capacidade para pensar, sentir, interagir com o meio, trabalhar e etc…”

Depressão na pessoa idosa

Page 85: Saúde Mental 3ª Idade

Tristeza Vs Depressão

A depressão é um sentimento semelhante a tristeza, mas poderá não ter uma causa especifica inicialmente.

A tristeza é a reação que temos perante as perdas afetivas na nossa vida;

A perda de alguém por morte é tristeza e não depressão

O Funcionamento comportamental do organismo mantém-se e não existem riscos de suicídio.

Page 86: Saúde Mental 3ª Idade

Humor depressivo durante a maior parte do dia;Diminuição do interesse em quase todas as actividades;Perda/aumento de peso, diminuição/aumento do apetite; Insónia/hipersónia quase todos os dias; Agitação ou lentificação psicomotora;Fadiga ou perda de energia; Sentimentos de desvalorização ou culpa excessiva ou

inapropriada;Diminuição da capacidade de pensamento ou da

concentração;Pensamentos recorrentes acerca da morte (não somente

acerca do medo de morrer), ideação suicida ou um tentativa de suicídio;

Depressão na pessoa idosa

Page 87: Saúde Mental 3ª Idade

CausasDesconhece-se a causa da maioria das

depressões no idoso; Vulnerabilidade genética; Determinada

medicação e Doenças como hipotiroidismo.Os declínios do vigor físico, da função sexual

e da saúde em geral associados à sensação de desamparo passivo.

Depressão na pessoa idosa

Page 88: Saúde Mental 3ª Idade

Causas“ Remédios para os sintomas.

Diálogo para os problemas.” Psicoterapia Farmacoterapia Associação das duas (ideal) (religião, suporte familiar,

atividade física)

Depressão na pessoa idosa

Page 89: Saúde Mental 3ª Idade

Ao falarmos de 3ª idade, é também essencial abordar a temática do “Luto”. O luto normal pode apresentar algumas ou todas as características da depressão, excepto ideias suicidas, psicose, perda grave da auto-estima e de funcionalidade e lentidão psicomotora.

Depressão (maior concentração em si próprio e no seu papel na perda, culpa e auto-estima reduzida);

Luto (centração no objecto perdido);

Depressão na pessoa idosa

Page 90: Saúde Mental 3ª Idade

Reflexão

“…o olhar triste e cansado procurando alguém, e a gente passa ao seu lado a olhá-lo com

desdém… sabes, eu acho que todos fogem de ti para não ver a imagem da solidão que irão

viver quando forem como tu, um resto de tudo o que existiu quando forem como tu, um velho

sentado num jardim…”

Page 91: Saúde Mental 3ª Idade

FASES DO LUTO

1. As primeiras semanas após a morte de uma pessoa querida... Entorpecimento, choque, incredulidade e sensação de vazio, frequentemente acompanhados por ansiedade intensa, perturbação do sono e queixas somáticas

2. O 1º ano após a morte de um ente querido... Período de adaptação durante o qual ocorre o trabalho de elaboração cognitiva e afectiva, através de um processo de rememoração, fantasia e racionalização; termina com a aceitação da perda;

3. Depois do primeiro ano pós-perda... Inicia-se uma fase de recuperação, durante a qual se dá uma redefinição do Eu sem a pessoa amada perdida

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DEPRESSÃO VS LUTO TRAUMÁTICO

Sintomas de sofrimento de separação (pensamentos sobre a pessoa falecida, ânsia e procura da pessoa falecida e sentimento de solidão que se segue à perda);

Sofrimento traumático (ausência de finalidade ou futilidade face ao futuro; sentimento de desligamento; “a vida não tem qualquer sentido”)

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O delírio é uma disfunção cerebral global caracterizada por alterações da consciência e cognitivas ao nível da atenção, pensamento, memória, percepção, discurso, emoções, comportamento psicomotor e do ciclo sono-vigília.

PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

Page 94: Saúde Mental 3ª Idade

O delírio tem prevalência alta nos doentes internados, o que contribui significativamente para a morbilidade e a mortalidade.

Aproximadamente 15 a 25% dos doentes com cancro e 10 a 56% dos doentes idosos desenvolvem delírio durante o internamento.

PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

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Na maioria dos casos, o delírio é secundário a uma doença física grave, intoxicação medicamentosa e abstinência a sedativos, álcool ou outra droga de abuso.

O delírio, muitas vezes, não é reconhecido ou é diagnosticado de forma errada.

Na maioria das vezes é confundido com depressão, demência ou psicose.

PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

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Diversos estudos mostram que 57 a 80% dos pacientes idosos com distúrbios cognitivos não são diagnosticados pelos clínicos na admissão hospitalar e, tratando-se de delírio, essa falha pode chegar a 70%.

O delírio pode ser a única manifestação clínica consequente a um enfarte agudo do miocárdio, pneumonia, septicemia, distúrbios metabólicos e hidroeletrolíticos em idosos hospitalizados.

PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

Page 97: Saúde Mental 3ª Idade

O seu reconhecimento conduz à imediata investigação, no sentido de se identificar precocemente a causa básica, salvando vidas.

De outra forma, desperdiça-se tempo, com aumento nas taxas de morbilidade e mortalidade, nos custos hospitalares e na utilização de serviços médicos e de enfermagem.

PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

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A primeira característica do delírio é o distúrbio da consciência, que envolve alteração do nível de percepção do ambiente e redução da capacidade para se concentrar, manter ou mudar a atenção.

O paciente idoso usualmente mostra-se desatento, letárgico, sonolento, incapaz de obedecer a ordens complexas ou manter raciocínio sequenciado, distraindo-se com muita facilidade.

Aspectos clínicos do delírio

PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

Page 99: Saúde Mental 3ª Idade

Por norma o doente com delírio não apresenta hiperactividade, agitação ou agressividade, excepto no delírio por abstinência ao álcool, benzodiazepínicos ou anti-depressivos tricíclicos.

O paciente não estabelece contacto com o olhar e parece ignorar o ambiente e as pessoas, olha vagamente, sem direcção, e às vezes dorme enquanto está a ser examinado.

Aspectos clínicos do delírio

PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

Page 100: Saúde Mental 3ª Idade

A segunda característica do delírio é a presença de distúrbios cognitivos muito além do que se poderia esperar de uma demência preexistente ou em evolução.

Neste caso, as manifestações vão da perda evidente de memória, desorientação e alucinações até distúrbios leves de linguagem e percepção.

Aspectos clínicos do delírio

PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

Page 101: Saúde Mental 3ª Idade

Nos pacientes com delírio, a fala é arrastada e desconexa, a compreensão falha e a escrita é quase impraticável.

A resposta à primeira pergunta geralmente é dada à segunda ou terceira, denunciando a dificuldade que esses pacientes apresentam para concentrar e mudar a atenção.

Aspectos clínicos do delírio

PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

Page 102: Saúde Mental 3ª Idade

Podem ocorrer ilusões e alucinações, no entanto, entre os idosos, são mais comuns erros de interpretação e identificação (por exemplo, a enfermeira que entra no quarto pode ser tomada por um agressor potencial ou o cônjuge por um impostor).

Aspectos clínicos do delírio

PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

Page 103: Saúde Mental 3ª Idade

A terceira característica do delírio é a sua instalação aguda e o seu curso flutuante.

Desenvolve-se em horas ou dias, característica de grande importância cronológica no diagnóstico diferencial com a demência.

Os sintomas do delírio tornam-se mais intensos durante a noite.

Aspectos clínicos do delírio

PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

Page 104: Saúde Mental 3ª Idade

Num paciente com delírio são frequentes as oscilações.

É possível que o médico ao retornar à enfermaria poucas horas, ou mesmo minutos, após ter avaliado um paciente que se encontrava relativamente sonolento e apático, deparar-se com o mesmo inquieto, agitado, gritando, batendo, cuspindo, tentando sair do leito, querendo ir para casa ou fugir de visões e alucinações, muitas vezes aterrorizantes, em curso naquele momento.

Aspectos clínicos do delírio

PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

Page 105: Saúde Mental 3ª Idade

A quarta característica do delírio é a presença de uma ou mais doenças clínicas ou de toxicidade medicamentosa.

Os idosos são susceptíveis ao desenvolvimento de delírio como consequência de uma grande variedade de factores orgânicos que podem actuar isolados ou, com maior frequência, em associação (por exemplo, no pós-operatório de fractura do fémur o delírio pode dever-se a anemia e/ou toxicidade oriunda da medicação anestésica).

Aspectos clínicos do delírio

PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

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Os mais idosos e em particular os demenciados têm maior tendência a desenvolverem delírio como complicação de praticamente qualquer doença física ou do uso de medicamentos comuns, mesmo em doses terapêuticas.

O delírio costuma ocorrer devido à retirada brusca de medicação sedativa ou droga de abuso.

PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

Page 107: Saúde Mental 3ª Idade

Frequentemente, o delírio associa-se a um distúrbio do ciclo sono-vigília.

Alguns pacientes podem mostrar-se sonolentos durante o dia e, à noite, ficarem agitados e com dificuldade para dormir.

Eventualmente, podemos observar completa reversão do ciclo sono-vigília.

PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

Page 108: Saúde Mental 3ª Idade

As alterações do comportamento psicomotor podem também estar presentes.

Muitos pacientes ficam inquietos, tentam levantar-se inoportunamente do leito, arrancando equipamento endovenoso, cateteres, sondas etc.

No entanto, é mais comum o paciente mostrar redução da actividade psicomotora, com lentidão nas respostas.

PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

Page 109: Saúde Mental 3ª Idade

Também se verificam distúrbios emocionais como ansiedade, medo, depressão, irritabilidade, raiva, disforia ou apatia.

Mudanças súbitas e imprevisíveis de um estado emocional para outro podem ocorrer em alguns pacientes, enquanto outros se mantêm estáveis.

A maioria dos estudos mostra que em geral, durante a noite, os sintomas emocionais e a actividade psicomotora são mais intensos ou evidentes.

PSICOPATOLOGIA DO DELÍRIO

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O curso do delírio é variável e dependente de diversos factores.

A gravidade e a importância da causa determinante, as condições de saúde, a idade e o estado mental prévio do paciente são decisivos para o curso e prognóstico.

O delírio é considerado por muitos autores como uma condição transitória, entretanto, crescem evidências de que tenha um curso mais grave em populações mais enfermas e idosas com elevada mortalidade em curto prazo.

PROGNÓSTICO

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Os efeitos cognitivos do delírio desaparecem lentamente ou perpetuam-se.

Em alguns pacientes, após a resolução do delírio, a demência torna-se evidente; discute-se se a demência estava ou não presente antes da instalação do delírio ou presente sem ter sido reconhecida.

PROGNÓSTICO

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Os sintomas bipolares em idosos são semelhantes àqueles de adultos mais jovens e incluem euforia, humor expansivo e irritável, necessidade de sono diminuída, fácil distracção, impulsividade e, frequentemente, consumo excessivo de álcool.

Pode haver um comportamento hostil e desconfiado.

O tratamento deve ser feito com medicação cuidadosamente controlada pelo médico.

Perturbação bipolar

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Incluem perturbações de pânico, fobias, ansiedade generalizada, de stress agudo e de stress pós-traumático. Desses, os mais comuns são as fobias.

As perturbações de ansiedade começam no início ou no período intermediário da idade adulta, mas alguns aparecem pela primeira vez após os 60 anos.

Em idosos a fragilidade do sistema nervoso autónomo pode explicar o desenvolvimento de ansiedade após um acontecimento stressante. A perturbação de stresse pós-traumático é, frequentemente é mais severa nos idosos que em indivíduos mais jovens em vista da debilidade física concomitante nos idosos.

Perturbação de ansiedade

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As obsessões (pensamento, sentimento, ideia ou sensação intrusiva e persistente) e compulsões (comportamento consciente e repetitivo como contar, verificar ou evitar ou um pensamento que serve para anular uma obsessão) podem aparecer pela primeira vez em idosos, embora geralmente seja possível encontrar esses sintomas em pessoas que eram mais organizadas, perfeccionistas, pontuais e parcimoniosas.

Tornam-se excessivos desejo por organização, rituais e necessidade excessiva de manter rotinas.

Podem ter compulsões para verificar as coisas repetidamente, tornando-se geralmente inflexíveis e rígidos.

Perturbação de ansiedade

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Perturbações somatoformes

São um grupo de perturbações que incluem sintomas físicos (por exemplo dores, náuseas e tonturas) para os quais não pode ser encontrada uma explicação médica adequada e que são suficientemente sérios para causarem um sofrimento emocional ou prejuízo significativo à capacidade do paciente para funcionar em papéis sociais e ocupacionais. Nestas perturbações, os factores psicológicos contribuem para o início, severidade e a duração dos sintomas. Não são resultado de simulação consciente.

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Exames físicos repetidos são úteis para garantirem aos pacientes que eles não têm uma doença fatal. A queixa é real, a dor é verdadeira e percebida como tal pelo paciente. Ao tratamento, deve dar-se um abordagem psicológica e/ou farmacológico.

Perturbações somatoformes

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Perturbações por uso de álcool e outras substâncias

Os pacientes idosos podem iniciar um quadro de dependência a uma droga ou um remédio, devido à automedicação.

A dependência de álcool, geralmente, apresenta uma história de consumo excessivo que começou na idade adulta e frequentemente está associada a uma doença médica, principalmente doença hepática. Além disso, a dependência ao álcool está claramente associada a uma maior incidência de quadros demenciais.

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A dependência de substâncias como hipnóticos, ansiolíticos e narcóticos é comum. Os pacientes idosos podem abusar de ansiolíticos para o alívio da ansiedade crónica ou para garantirem uma noite de sono. A apresentação clínica é variada e inclui quedas, confusão mental, fraca higiene pessoal, depressão e desnutrição.

Uma particularidade de tais dependências nesses pacientes é que tanto os medicamentos sedativos quanto o álcool estão relacionados com maior número de quedas e fracturas, o que reduz significativamente a expectativa de vida do idoso após o incidente.

Perturbações por uso de álcool e outras substâncias

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RESPOSTAS SOCIAIS AO IDOSO

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Dentro da família a pessoa é vista como sendo ela mesma, independentemente da utilidade económica, política ou social, ela é única, sem máscaras, na sua intimidade, faz parte da família sempre.

O idoso é visto como o principal membro da comunidade familiar, pois ele representa uma história de vida, a história daquela família, como se codificasse um gene, a biografia.

FAMÍLIA

Page 122: Saúde Mental 3ª Idade

É na família que o idoso necessita de cuidados, apresenta as suas manias e acaba por envolver a família em torno de si, leva os mais jovens a olhar não só para si como também para tudo à sua volta.

É neste momento que observamos o carinho dos netos ou mesmo de um filho para a sua avó querida.

FAMÍLIA

Page 123: Saúde Mental 3ª Idade

A família pode vir a deparar-se com o idoso saudável ou com o idoso doente, onde existe um comprometimento de alguns órgão e que acabam por levar o idoso a um grau de dependência , sendo o apoio familiar de suma importância.

É indispensável para a família saber tudo que se passa com o idoso, nomeadamente se apresenta alguma doença que leva à toma de medicação e produz alteração nas actividades de vida diária.

FAMÍLIA

Page 124: Saúde Mental 3ª Idade

É no seio familiar que é decidido como o idoso vai ser cuidado e quem irá ser o responsável.

É através do convívio familiar que muitas doenças são relatas, quando bem observados os costumes e o dia-a-dia do idoso.

Por ex. se o doente se apresenta confuso, com febre, devido a um quadro de infecção urinária, não é o paciente que relata os sintomas, mas sim o familiar.

FAMÍLIA

Page 125: Saúde Mental 3ª Idade

Nem todos os idosos se adaptam facilmente a mudanças no ambiente , onde as alterações podem levar a uma incapacidade de aceitar a situação.

Por ex: no caso de viuvez em que além das alterações psíquicas, existem alterações financeiras. Ao ir morar com um outro filho, perde a sua individualidade e algumas vezes, surge o sentimento de inutilidade e de peso para o familiar.

FAMÍLIA

Page 126: Saúde Mental 3ª Idade

A reforma, as perdas funcionais e sociais levam muitas vezes o idoso a desenvolver um quadro depressivo.

Nem todas as famílias possuem estrutura imediata para receber um idoso debilitado, nem todos tem uma família grande.

Por vezes, encontramos idosos que vivem sozinhos, porque não têm a quem recorrer, pois não tiveram filhos, ou estão zangados há anos com a família, ou todos já se foram de sua vida.

FAMÍLIA

Page 127: Saúde Mental 3ª Idade

Muitos idosos, têm capacidade e oportunidade e conseguem formar novos elos.

Os seus vizinhos e os seus amigos acabam por se tornar cuidadores, dando carinho e apoio.

Porém, a falta da estrutura familiar fica como uma marca.

FAMÍLIA

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Quem cuida durante um período de tempo prolongado, tem tendência a apresentar sinais de stress que devem, de igual forma, ser tidos em conta e alvo de atenção por parte destes e de quem os rodeia.

FAMÍLIA

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FAMÍLIA

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Atitudes a tomar para reduzir o stress do cuidador

Apreender mais sobre a Doença de Alzheimer e tornar-se num cuidador informado;

Ser realista quanto a si próprio e reconhecer as suas limitações como cuidador;

Aceitar os seus sentimentos - O cuidador pode sofrer um misto de sentimentos no seu dia-a-dia e que podem ser confusos, mas é importante não esquecer que são reacções normais e que está a dar o seu melhor nos cuidados ao doente.

Partilhar informações e sentimentos com familiares e amigos.

Page 131: Saúde Mental 3ª Idade

Durante o internamento, a pessoa idosa passa a estar ao cargo de uma equipa multidisciplinar de saúde, que tudo faz para que esta atinja o mais rapidamente possível, um estado máximo de saúde.

Quando um idoso é internado, surgem frequentemente dúvidas e insegurança em todos os membro da família.

O HOSPITAL

Page 132: Saúde Mental 3ª Idade

É um momento de tomada de decisões que podem ser fáceis ou não.

Para tentar ultrapassar este momento menos favorável, as pessoas precisam de ajuda, apoio moral, alguém com que possam esclarecer dúvidas.

HOSPITAL

Page 133: Saúde Mental 3ª Idade

É importante existir uma boa relação entre a rede familiar e os técnicos de saúde a fim de melhorar quer o estado emocional da pessoa internada, quer para aumentar a sua interacção no seu processo de cura, bem como a integração da família neste processo.

O hospital desempenha assim um papel importante na informação e preparação da doença, bem como a melhor forma de lidar com a mesma.

HOSPITAL

Page 134: Saúde Mental 3ª Idade

Os Centros de Dia são importantes pois poderão integrar os doentes crónicos, tendo uma função de protecção de dia em relação aos indivíduos dependentes, e também um centro de actividades que têm como finalidade manter senão mesmo melhorar o estado destes utentes.

CENTROS DE DIA

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A institucionalização dos idosos provoca receios para o próprio idoso que, de repente, tem o sentimento de ser abandonado pelos familiares e, muito particularmente, pelos filhos que os levam para um lugar desconhecido para eles.

Estes receios podem provocar agressividade, o que é culturalmente inaceitável, sobretudo se o idoso começa a manifestar sinais de demência que podem ser interpretados como a extremização do mau carácter do familiar e não como uma doença que se instala, por vezes lentamente.

LAR

Page 136: Saúde Mental 3ª Idade

Para evitar desgastes desnecessários, programas de informação sobre esta doença degenerativa deveriam ser implementados de uma forma sistemática, assim como reuniões entre os familiares para eles poderem identificar-se também com as vivências dos outros intervenientes.

Isto evita sentimentos de culpabilidade nos próprios filhos e eventuais desgastes em termos de saúde, sobretudo para aquele que se ocupa do doente.

LAR

Page 137: Saúde Mental 3ª Idade

O apoio domiciliário é importante, sobretudo para idosos que mantém uma certa autonomia mas necessitam de um determinado apoio, pois encontram-se isolados, por vezes em zonas rurais, ou mesmo em zonas urbanas.

Eles necessitam de alguém que os acompanhe aos serviços de saúde e aos serviços públicos e os apoie na aquisição dos bens de primeira necessidade.

APOIO DOMICILIÁRIO

Page 138: Saúde Mental 3ª Idade

É fundamental conhecer os idosos, nomeadamente as suas características pessoais, os valores, os seus princípios, a sua cultura, capacidades e dificuldades e ainda os seus gostos pessoais. A nível institucional, devem conhecer-se bem os horários, o funcionamento, os espaços disponíveis, os recursos materiais, financeiros e humanos acessíveis, bem como as prioridades o os objectivos da direcção.

É ainda essencial conhecer a comunidade local, em particular, a sua cultura, modos de vida, as outras instituições, equipamentos, organizações sociais e culturais.

Page 139: Saúde Mental 3ª Idade

Na medida em que falamos de saúde e bem-estar do idoso, falamos de um envelhecimento com qualidade de vida, um envelhecimento que na literatura especialiszada é designado como ENVELHECIMENTO ACTIVO. Facilmente se depreende que o alargamento das redes sociais, que na maioria dos idosos estão apenas associadas à família e aos vizinhos, é uma das medidas que devem ser tidas em conta ao nível da promoção da qualidade de vida. Para isto muito contribuem toda uma série de instituições como seja os centros de convívio, os serviços de saúde, os centros de dia, e outras associações e instituições.

Page 140: Saúde Mental 3ª Idade

Atendendo às instituições dedicadas à prestação de serviços de saúde é inevitável falar da necessidade de humanizar estes serviços de saúde que se tornaram demasiado mecanizados e parecem esquecer-se que a substância do seu trabalho é um ser humano que precisa de cuidados, de carinho, de protecção, daí que mais do que um acto, o cuidado deve ser uma atitude.

É essencial que ao nível da prestação de serviços a utentes idosos, os serviços de saúde adoptem uma postura de integralidade, marcada por um tratamento digno e respeitoso, com qualidade, acolhimento e vínculo.