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SEBENTADOCURSOONLINEDIS0210
SNCEstruturaConceptual
GUILHERMINA FREITAS
Janeirode2010
FORMAOOTOC Pgina2
Nota Prvia
O presente trabalho foi elaborado expressamente para as aces de
formao da OTOC, assim, no pretende ser um ponto de chegada, mas
apenas um ponto de partida, constituindo a procura de alguma
consistncia na forma como o tema ser abordado ao longo do Pas.
As ideias nele expressas resultam de um interesse pessoal por esta
temtica bem como da pesquisa, por vrias fontes, ao longo dos ltimos
10 anos. Algumas fontes de pesquisa encontram-se expressas nas
Referncias Bibliogrficas que acompanham este trabalho, mas,
necessariamente, no se esgotam nelas.
Num perodo em que muito se tem escrito e falado sobre o novo Modelo
Contabilstico para Portugal, concretizado no Sistema de Normalizao
Contabilstica (SNC) este trabalho, mais no do que um contributo ao
estudo da contabilidade, visando a ajuda na obteno de conhecimentos
estruturantes necessrios passagem de uma contabilidade centrada
no registo das operaes para uma contabilidade objectivando o Relato
a todos os interessados.
Dentro do mbito referido, procura-se a sensibilizao dos formandos
para a estrutura em que assenta o modelo contabilstico, apresentando
um conjunto de matrias fundamentais ao seu entendimento.
Certamente que este trabalho apresentar lacunas em funo do
objectivo proposto, pelo que desde j se agradece, a todos os leitores,
que as faam chegar ao conhecimento da autora como ponto de
melhoria para trabalhos futuros.
Nota: No permitida a utilizao deste trabalho, para qualquer outro fim que no o indicado, sem autorizao prvia e por escrito da OTOC, entidade que detm os direitos de autor
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ndice
NotaPrvia 2DireitosdePropriedade 3Sumrio 4Acrnimos 6ListadeQuadros 7BlocoFormativo1EstruturasConceptuaisemContabilidade1UmpoucodeHistria 6 1.1ParadigmaLegalista 8 1.2ParadigmaEconmico 9 1.3ParadigmaUtilitarista 102OporqudaExistnciadeumaEstruturaConceptual 16 2.1NoodeEstruturaConceptual 18 2.1.1OAmbienteEconmico 21 2.1.2FinalidadedaProduodeInformaoFinanceira 27 2.1.3RequisitosdaInformaoFinanceira 34 2.1.4ConceitosBasilaresutilizadosnatransmisso daInformaoFinanceira 37 2.1.4.1OsPrincpiosContabilsticosGeralmenteAceites 39 2.1.4.2BasedeCaixa/BasedeAcrscimo 40 2.1.4.3VantagenseInconvenientesdecadaBase 46 2.1.4.4JustificaoparaaExistnciadePrincpios 47 2.1.4.5PrincpiosContabilsticoseReconhecimento dasTransaces 51 2.2Elementosdeumaestruturaconceptual 58 2.3PanoramaInternacionalExemplosdeOutrasEstruturasConceptuais 60 2.4AopodaU.E. 62BlocoFormativoIIAestruturaConceptualdoSistemadeNormalizaoContabilsticaPortugus
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1Ainformao 66 1.1NecessidadesdeInformao 67
1.2ObjectivosdaDemonstraesFinanceiras 732BasesdaEstruturaConceptual 76 2.1Pressupostos 76 2.2CaractersticasQualitativas 78 2.3RestriesdaInformaoFinanceira 893ElementosdasDemonstraesFinanceiras 94 3.1Definio 94 3.1.1Activos 95 3.1.2Passivos 97 3.1.3CapitalPrprio 99 3.1.4Rendimentos 100 3.1.5Gastos 101 3.1.6AjustamentosdeCapital 102 3.2ReconhecimentoeMensuraodoselementosdas DemonstraesFinanceiras 103 3.2.1Reconhecimentoemensuraodos
ElementosdoBalano 103 3.2.2Reconhecimentoemensuraodoselementosda DemonstraodosResultados 1074ConceitosbaseparaapreparaodasDemonstraesFinanceiras 110 4.1Conceitofinanceiro 110 4.2ConceitoFsico 1115Concluses 1136RefernciasBibliogrficas 115
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ACRNIMOS
AAA American Accounting Association
ABDR Anexo ao Balano e Demonstrao dos Resultados
AICPA American Institute of Certified Public Accounting
ASB Accounting Standards Board
CNC Comisso de Normalizao Contabilstica
OTOC Cmara dos Tcnicos Oficias de Contas
DOAF Demonstrao de Origens e Aplicaes de Fundos
IAS International Accounting Standards
IASB Internacional Accounting Standrads Board
IFRS - International Financial Reporting Standards
NCRF Normas de Contabilidade e Relato Financeiro
OECE Organizao Europeia para a Cooperao Econmica
PCGA Princpios Contabilsticos Geralmente Aceites
POC Plano Oficial de Contabilidade
SNC Sistema de Normalizao Contabilstica
UE Unio Europeia
UEP Unio Europeia de Pagamentos
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Lista de Quadros:
Quadro 1 Condicionantes da Formao de uma Estrutura Conceptual
Quadro 2 O Ambiente envolvente Contabilidade e Divulgao
Quadro 3 Principais Documentos Sobre Objectivos da Informao Financeira
Quadro 4 Processo da Informao Financeira
Quadro 5 Hierarquia das Caractersticas Qualitativas da Informao
Financeira para o FASB
Quadro 6 Papel da Contabilidade na Produo da Informao Financeira
Quadro 7 Documentos da Prestao de Contas
Quadro 8 Formas de Avaliao de Activos
Quadro 9 Elementos de uma Estruturo Conceptual
Quadro 10 Relao Estrutura Conceptual Corpo Normativo
Quadro 11 Caractersticas qualitativas para o SNC
Quadro 12 Caractersticas Qualitativas e Restries para o SNC
Quadro 13 Comparao SNC/POC
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BLOCO FORMATIVO 1
ESTRUTURAS CONCEPTUAIS EM CONTABILIDADE
PORQU E PARA QU
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1 UM POUCO DE HISTRIA
Ao longo da evoluo humana, o registo de acontecimentos tem sido uma
preocupao, podemos ver esta preocupao concretizada nas pinturas
rupestres patentes nas paredes das grutas ocupadas pelo homem, mas
tambm na medio e registos dos factos do dia a dia, mas agora de
caractersticas econmicas encontrando-se diferentes fragmentos que de
pocas muito distantes que atestam este facto.
Hoje so conhecidos os registos contabilsticos de vrias civilizaes, mas sem
dvida, que foi a escrita que impulsionou a evoluo dos registos
contabilsticos, alguns estudiosos referem mesmo que foi a necessidade de
registos da actividade econmica que impulsionou a escrita e no o inverso, o
que em presena da clebre frase a necessidade que agua o engenho ter
toda a justificao.
Estes registos foram evoluindo com a capacidade criadora do homem certo
que formavam a base para a cobrana de impostos, j em 200 A. C., na
Repblica Romana, realidade ilustrada em algumas passagens Bblicas.
Apesar de, ao longo dos sculos, os registos contabilsticos aparecerem de
forma sistematizada e organizada permitindo a anlise dos factos s no fim da
Idade Mdia, com os comerciantes italianos, que, a contabilidade se alargou
aos negcios privados, que cresciam e se diversificavam.
O desenvolvimento desta linguagem deveu-se tambm a alguns factos
importantes, nomeadamente a disseminao da utilizao da numerao rabe
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que Leonardo de Piza tambm chamado Fibonacci trouxe para a Europa a
numerao indu-arbica que veio substituir o complicado sistema inventado
pelos romanos1. No entanto, a introduo dos numerais indu-rabes encontrou
oposio do pblico, visto que estes smbolos dificultavam a leitura dos livros
dos mercadores, mas vieram simplificar a representao de grandes
quantidades, bem como as operaes algbricas.
Com o advento da Revoluo Industrial, aumentou o volume de negcios o que
leva a necessidade de aprimoramento do sistema contabilstico. O
desenvolvimento do sistema capitalista no sculo XX, que deu origem s
grandes corporaes transaccionais, trs consigo novas exigncias do ponto
de vista do aperfeioamento da contabilidade, atendida basicamente pela
introduo do sistema de computao.
Neste contexto, v-se inserida a evoluo da contabilidade enquanto rea do
conhecimento que no se distancia de toda a rede que faz parte do processo
produtivo moderno, inserido na economia globalizada, como substncia
integrante da mistura da produo da tecnologia como principal base da
economia dinmica moderna, no sendo alheio a esta evoluo novos
trabalhos, baseados em novos conceitos e paradigmas.
Historicamente, o desenvolvimento desta disciplina esteve muito ligado
lgebra2. Dificilmente poderia ter sido de outra forma, j que as duas serviam
para a mesma funo no campo dos negcios: - as duas serviam ao
comerciante que, na sua actividade, todavia primitiva estava obrigado a fazer
numerosos, complexos e frequentes clculos como diz Tua Pereda (1988:
901).
No ser pois de estranhar que a obra do italiano Frei Luca Pacciolo -
habitualmente considerada como o nascimento da Contabilidade Digrfica3 -
1 A numerao rabe ou dcimas foi introduzida na Europa Ocidental no sc XII, a primeira referencia encontra-se em 1275 num manuscrito Francs, contudo s no sc XIV o seu uso se generaliza. 2 Podemos apontar como primeiros inventrios as contagens dos rebanhos, gravados nos cajados dos pastores em pedras ou em outro qualquer suporte, como a necessidade sentida pelos nossos antepassados de terem um controlo dos seus bens e, numa viso dinmica, poderem comparar a sua riqueza em momentos diferentes do tempo ou entre si. 3 Para alguns autores, Frei Luca Paccioli limitou-se a passar para um suporte escrito uma tcnica j utilizada anteriormente pelos mercadores italianos, no sendo ele o inventor das, hoje designadas partidas dobradas, que do corpo aos registos digrficos.
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seja, fundamentalmente, um tratado de matemticas, no qual se anexa uma
seco sobre a forma de manter os livros de escriturao.
Poderamos fazer outras associaes com outras formas de expresso da
realidade que nos envolve, e na qual se materializa o conhecimento humano,
nomeadamente, com a cincia da administrao.
Dada a maior frequncia com que as seguintes associaes tm sido feitas,
balizaremos a evoluo da contabilidade, de uma forma cronolgica, traando
o seu percurso atravs de trs paradigmas, determinados em funo do papel
primordial que esta disciplina desempenhou ao longo do tempo.
A evoluo referida baseia-se numa evoluo natural da realidade econmica
que a contabilidade procura relatar, dando resposta s diferentes solicitaes
que tm sido lanadas a este ramo do conhecimento, de acordo com o que se
espera que a contabilidade represente:
Estamos assim em presena de trs paradigmas e que podemos designar da
forma seguinte:
Paradigma Legalista
Paradigma Econmico
Paradigma Utilitarista
Podemos verificar a evoluo da contabilidade da informao probatria,
passando pelo controlo da riqueza da entidade e encontrando-se na sua funo
de informao externa das organizaes, dentro da sociedade de informao.
1.1 PARADIGMA LEGALISTA
Inicialmente, a contabilidade tinha como funo, mostrar ao proprietrio da
entidade a sua situao face a terceiros, bem como evidenciar o seu patrimnio
enquanto garante do cumprimento das suas obrigaes, numa dupla
perspectiva temporal: - a passada e a presente.
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Compreende-se assim, que a perspectiva da informao contabilstica
apontasse no sentido estritamente legalista e se centrasse na apresentao de
dados sobre bens, direitos e obrigaes que constituam garantias a terceiros.4
Neste Paradigma verifica-se a prevalncia da forma jurdica dos factos
contabilsticos sobre a substncia econmica que eles encerram, e ainda,
como refere Cravo (1991:306) a aplicao rigorosa dos critrios da
verificabilidade e da objectividade da informao financeira .
Este paradigma, baseado na avaliao objectiva dos bens direitos e
obrigaes, desmembra-se quando o modelo contabilstico deixa de reflectir a
realidade da entidade, ficando sem condies que lhe garantam o cumprimento
das respectivas funes.
Aps a I Grande Guerra e perante uma conjuntura econmica de grande
inflao os sistemas de medio5 baseados em unidades monetrias, faliram
como resultado da grande oscilao do padro utilizado.
Torna-se pois necessrio procurar outros modelos que permitam medir a
actividade das entidades sujeitas a contabilidade.
1.2 - PARADIGMA ECONMICO
De forma a minorar os problemas existentes no Paradigma anterior,
perspectiva-se uma nova viso, passando, o enquadramento da contabilidade,
a basear-se no campo econmico, relacionando-se a informao contabilstica
com o conhecimento paralelo da realidade econmica.6
Nesta fase, a principal preocupao a medio do resultado, bem como a
medio da situao patrimonial, recorrendo-se a conceitos prprios da
Teoria Econmica, (particularmente da microeconomia), na procura de uma 4 As primeiras contas de que h conhecimento, registavam apenas os movimentos entre os devedores, os credores e a entidade. 5 De uma forma geral, os padres de medio utilizados pela fsica, matemtica ou outras disciplinas, para expressar unidades, sejam elas de peso, de medida ou de fora, por exemplo, so os mesmos qualquer que seja o momento de tempo considerado. A contabilidade utiliza uma unidade de medida que no estvel ao longo do tempo. 6 Razo porque alguns autores tambm designam esta fase como paradigma do clculo do resultado.
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Verdade nica, e de uma informao contabilstica neutra e imparcial. Para tal necessrio padronizar a interpretao que dever ser dada a cada
operao e definir as determinantes dos princpios de contabilidade.7
Os problemas inerentes a esta procura rapidamente mostraram o carcter
utpico deste paradigma, dada a dificuldade em encontrar esta Verdade
nica no meio de diversas alternativas8 relacionadas com a natureza
econmico-financeira de certas transaces. Verificando-se que a sua
validade, enquanto informao financeira, fica muito distante dos objectivos
pretendidos.
Esta questo, levanta o problema da diversidade de utilizadores deste tipo de
informao que, certamente, no avaliaro da mesma forma a neutralidade e
imparcialidade do objecto produzido pela contabilidade - a Informao
Financeira.
Coloca-se agora, um novo desafio, exigindo uma nova direco no caminho
tomado, ao reconhecer-se, por um lado, a necessidade da informao
financeira para o funcionamento das modernas economias de mercado, e por
outro, a interaco entre estas economias e a contabilidade, tornando-se esta
num sistema cada vez mais aberto, capaz de influenciar e de ser influenciado
pela economia em cada momento do tempo, entendendo-se a contabilidade
como uma disciplina includa no campo das cincias da informao, que
procura conhecer a realidade passada9
1.3 - PARADIGMA UTILITARISTA
Os ltimos desenvolvimentos da Teoria Contabilstica introduzem um novo
conceito de informao financeira, balizando-a de acordo com as necessidades 7 nesta fase que surgem os primeiros planos de contas, sendo o primeiro da autoria de Schmalenbach, em finais da dcada de 30 (1927) e se desenvolve o conceito de princpios de contabilidade geralmente aceites. 8 Em contraponto a esta procura da verdade nica, a ordem actual, ligada principalmente ao entendimento Anglo-saxnico, considera a existncia de uma imagem verdadeira e apropriada e no da imagem verdadeira e apropriada. 9 Estamos a considerar a contabilidade enquanto registo de factos j ocorridos e cujo registo feito posteriormente, dando bases para possibilitar a previso ou a projeco de grandezas contabilsticas no futuro.
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dos que iro utilizar a informao produzida, de acordo com Tua Pereda
(1995:191) assumindo que a sua principal funo o apoio informativo
adequado tomada de decises.
Desta forma, a contabilidade tem, agora, que dar resposta procura de
informao por parte de um conjunto muito heterogneo10 de interesses, facto
que imprimir uma nova dinmica aos desenvolvimentos deste ramo do saber.
Todavia, a opo tomada de produzir informao indiferenciada face ao tipo de
utilizadores da informao financeira, no ser a melhor forma de assegurar a
procura da to proclamada neutralidade e imparcialidade uma vez que o que
neutral para os objectivos de uns poder no o ser para os objectivos de
outros.11
Este novo desafio vem colocar a necessidade de provocar uma alterao no
status quo, implicando evolues ao nvel dos conceitos, tornando o modelo
contabilstico mais aberto e com uma maior interaco do sistema econmico
que procura medir e representar, uma vez que a informao contabilstica se
tornou numa necessidade evidente para o funcionamento das economias
modernas.
Nestas economias, verifica-se uma envolvncia constante e crescente entre a
entidade e o meio que a rodeia, cabendo contabilidade, atravs dos seus
processos de captao, medio, avaliao e classificao dos factos
contabilsticos, a tarefa de dar a conhecer12 aos utilizadores, essa realidade,
para que estes possam tomar as suas decises.
Podemos ento considerar a contabilidade, como uma disciplina do campo das
cincias da informao.
10 Levando a questionar se o modelo actual baseado no fornecimento da informao independentemente da natureza do utilizador, no deveria evoluir para um modelo que fosse capaz de produzir informao de acordo com a natureza e objectivos das diferentes classes de utilizadores. 11 Este facto prende-se com a natureza da informao financeira, assente na formulao e predefinio de princpios contabilisticos subjacentes produo da informao, que ao ter sempre por base uma escolha, ainda que criteriosa, implicar, necessariamente, juzos de valor de acordo com a hierarquizao dos interessados na informao prestada, de forma a satisfazer as normais expectativas dos utentes. 12 Atravs das demonstraes financeiras e demais peas constantes do relato financeiro
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Estamos, assim, em presena de uma nova definio do objecto da
contabilidade, pois esta serve, apenas, como meio de transmisso da
informao aos seus utentes. A importncia da contabilidade , agora, avaliada
em funo da utilidade que a informao que veicula tem para os seus
destinatrios, constituindo estes, a pedra basilar da construo do edifcio
contabilstico.
Estamos perante uma evoluo da verdade dado que a procura do
conhecimento da riqueza positiva ou negativa da entidade, ou a procura de um
resultado econmico, se faz de uma forma abstracta, sem levar em
considerao o utilizador da informao. Passa-se, assim, da importncia dos
critrios de verificabilidade e objectividade para o critrio de relevncia como
refere Tua Pereda (1988: 920).
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2 O PORQU DA EXISTNCIA DE UMA ESTRUTURA CONCEPTUAL
Ao longo dos anos a razo da existncia de contabilidade tem sido diferente,
podemos pois questionar o carcter cientfico de uma rea do saber que, com o
passar dos anos se vai alterando.
certo que a preocupao de registo dos factos patrimoniais tem sido diferente
e em funo das respostas que pretende dar, e de quem questiona.
Assim, e centrando-nos apenas no sc XX, poderemos dizer que evolumos de
utilizadores centrados no interior da organizao para utilizadores externos s
organizaes.
Com efeito at ao incio do sculo XX so os proprietrios das organizaes os
principais utilizadores da informao contabilstica que estas produzem, assim
o simples registo dos movimentos permitia o controlo do seu patrimnio e
acompanhamento do negcio, e dada esta natureza privada, no era objecto
de divulgao a terceiros.
Com a Segunda Guerra Mundial, e em face da necessidade de recuperao e
de utilizao eficiente dos fundos injectados pelos Estados Unidos para a
recuperao europeia, recorreu-se a planos econmicos resultantes de
negociaes com a Organizao Europeia para a Cooperao Econmica
(OECE) e a Unio Europeia de Pagamentos (UEP).
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Acresce ainda o facto da aplicao de fundos ser controlada pelo Estado,
levando ao aumento do interesse pela industrializao e contraco do papel
da agricultura no crescimento econmico nacional, mas tambm ao carcter
externo da informao produzidas pelas entidades.
O aumento do nmero de entidades e das suas exigncias contabilsticas e de
informao contribui, para o aumento do interesse pela contabilidade assim, o
desenvolvimento do capitalismo financeiro imprime modificaes considerveis
na investigao e na teoria da contabilidade.
Pelas razes apontadas o centro do interesse da contabilidade deixa de ser o
simples registo dos movimentos passando para o estudo do patrimnio, a
medio econmica, e iniciando-se a sua utilidade para a Administrao da
Entidade.
Estas mudanas imprimem alteraes forma como podemos definir esta
forma de interpretao e leitura dos factos econmicos resultantes da
actividade das organizaes.
Se Monteiro, (1960:19) definiu Contabilidade como uma cincia e tcnica de
ndole econmico-administrativa que, valendo-se dum mtodo prprio, estuda e
d a conhecer a composio quantitativa e qualitativa do patrimnio dos
organismos econmicos no lucrativos e do capital das entidades, ambos na
sua expresso monetria, e bem assim, os resultados da administrao dos
primeiros e o rdito das segundas, tendo alm desta finalidade cognoscitiva,
uma misso controladora e um objectivo de informao administrativa.
Em poca mais recente Costa e Alves (1996:27) dizem-nos que contabilidade
valoriza os recursos postos disposio da empresa, as obrigaes
contradas e os meios utilizados na obteno desses recursos, bem como os
direitos assumidos e os meios obtidos na transmisso dos bens e dos servios
produzidos. E transmite sob forma adequada, aos diferentes utentes, os
resultados dessas valorizaes, que tanto podem ser histricos como
prospectivos.
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Como podemos verificar por estas duas definies a noo de contabilidade
alterou-se, passando de algo centrado na empresa para uma informao
externa e centrada no utente.
Ser pertinente questionar se estas alteraes definio de contabilidade
colocam em risco a forma como so interpretados os factos patrimoniais, ou se,
pelo contrrio, os alicerces da forma como se interpretam os factos so uma
boa base para a formao do edifcio informativo que vamos gerar.
2.1 NOO DE ESTRUTURA CONCEPTUAL
Muito se tem falado de estrutura conceptual, mas como podemos definir,
pesquisando um pouco encontramos algumas definies simples que, nos
podem ajudar a entender esta noo:
Ideias ou conceitos coerentes, organizados de tal forma que sejam fceis de comunicar
Um conjunto de pressupostos, princpios e definies que um conjunto de profissionais adopta para um trabalho conjunto
A base de pensamento sobre o que fazemos Com estas ideias muito simples, podemos dizer que falar de estrutura
conceptual, significa falar da matriz de conceitos que est na base de um
edifcio coerente e til realizao de uma qualquer tarefa.
Assim, a estrutura conceptual da Contabilidade pode-se considerar como os
alicerces desta cincia, passando pela existncia ou no de uma teoria
aplicvel aos factos que a contabilidade representa de forma a enquadrarmos,
os conceitos basilares desta disciplina, s assim as normas produzidas
podero ser coerentes entre si e entre este corpo de conceitos.
FORMAOOTOC Pgina18
Qualquer matriz de conceitos se reveste de um certo constitucionalismo, isto
um referencial, neste caso para a contabilidade, alicerando um sistema que se
pretende coerente quando se interrelacionam os fundamentos e as normas que
o operacionalizam. Desta forma a estrutura conceptual da contabilidade ter
que ser capaz de efectuar o enquadramento basilar ao corpo normativo
produzido, atravs da incluso de um referencial contabilstico de aceitao
generalizada por todos os interessados para que os factos patrimoniais de
natureza econmico-financeira relativos vida da entidade de relato, possam
ser:
* classificados,
* homogeneizados e
* relatados.
Quando nos centramos nos factos a relatar, verificamos que os mesmos so de
natureza muito diversas, podemos estar em presena de realidades dinmicas
ou estticas, que podem ocorrer com certeza ou talvez venham a acontecer,
logo certas ou probabilsticas. Temos informao sobre fluxos durante um
perodo definido, e informao sobre posies ou stocks num determinado
momento. Registamos valores de entrada, quando adquirimos bens e/ou
direitos e valores de sada quando os alienamos ou vendemos. Centramo-nos
na medio de com terceiros mas tambm de factos gerados apenas na
entidade de relato.
Quem tem interesse? O que quer saber? Para qu? Como lhe deve ser
transmitida a informao? Quais os pressupostos em que esta informao se
deve basear? Que elementos devem ser os veculos desta informao?
A resposta a todas estas questes, so diferentes em funo de vrios factores
dos quais podemos elencar os seguintes:
FORMAOOTOC Pgina19
1 O ambiente econmico em que as organizaes se encontram
Maior ou menor complexidade do ambiente econmico condiciona
as prticas e as normas em cada momento do tempo.
2 As finalidades para as quais a informao financeira produzida
se esta informao pretende abastecer de dados naturezas
distintas de utilizadores, se uma economia mais centrada em
mercados bolsistas, se pelo contrrio mais centrada em crdito
bancrio.
3 Quais os requisitos que a informao deve ter para satisfazer
aquelas finalidades quais os requisitos que os utentes impem
para conceder informao qualidade para a sua utilizao.
4 Requisitos do sistema exigindo a definio de:
4.1 - Conceitos basilares utilizados na formao dos mapas
financeiros de informao Mapas que privilegiam a
informao econmica ou a vertente financeira desta
informao, que privilegiam a posio financeira ou a
avaliao do desempenho econmico num determinado
perodo.
4.2 Critrios valorimtricos Centrados na evidenciao do
valor dispendido aquando da entrada dos bens na
entidade de relato, ou pelo contrrio devendo acompanhar
a evoluo dos preos relativos dos bens em cada
momento.
As respostas a estas questes no so fceis, a partida para a anlise
sistematizada destes problemas ser mais eficaz se a entendermos de forma
sistematizada e organizada, objectivo que a representao esquemtica desta
problemtica nos poder ajudar a adquirir.
FORMAOOTOC Pgina20
QUADRO 1
CONDICIONANTES DA FORMAO DE UMA ESTRUTURA CONCEPTUAL
Fonte: Elaborao prpria
A explicitao deste quadro leva-nos a um conhecimento mais aprofundado de
cada um dos seus elementos, tarefa a que damos corpo de seguida.
2.1.1 O AMBIENTE ECONMICO
Sendo os factos econmicos a base da contabilidade, o ambiente em que estes
se desenrolam fundamental para a definio do sistema contabilstico.
Certamente que estruturar a forma como deveremos registar os factos
econmicos numa economia incipiente13 no poder ser a mesma estrutura
para registar relaes estabelecidas em ambientes mais complexos14.
13 Por exemplo os factos ocorridos em festas ou romarias portuguesas. 14 Relaes entre entidades mes e filhas, ou a fixao de uma taxa de cmbio atravs de um contrato de futuro, so exemplos que podem ser apontados, como operaes complexas.
FORMAOOTOC Pgina21
No ser de difcil entendimento perceber que os factores que caracterizam
este ambiente econmico desempenham papel importante no desenvolvimento
das prticas de cada pas.
Dos vrios factores que interferem neste ambiente econmico podemos
salientar os seguintes:
Cultura O conjunto de valores que pautam o comportamento individual e colectivo pois as organizaes so o espelho dos indivduos que
as integram.
A forma como cada regio encara a informao financeira
condiciona o relacionamento com a riqueza e o poder.
Sistema Legal comum separar dois grandes sistemas legais O Direito Romano e o Direito Comum -.
O Direito Romano, caracteriza o sistema legal continental no qual
nos inserimos, constitudo por um conjunto de normas que
estabelecem descries muito detalhadas nas quais as situaes
reais se devem incluir.
O Direito Comum caracteriza-se pela constituio de normas e a
jurisprudncia a partir da regulamentao geral dos hbitos
individuais. constitudo por um nmero reduzido de Leis escritas
pois a norma pretende dar a uma situao concreta enquadrada
num dado momento, no valorizando o facto das leis poderem ter
efeitos no futuro.
Uma sociedade em que preside o Direito Romano tem uma
normativa contabilstica com normas muito detalhadas onde se
prescreve as actuaes que todos devem ter perante aquela
situao.
Se pelo contrrio estamos em presena de uma normativa
includa no Direito Comum, apresenta um normativo contabilstico
menos detalhado onde esto prescritos os caminhos de raciocnio
FORMAOOTOC Pgina22
para resolver a situao, sem muitas prescries nem detalhes,
muito flexvel s alteraes do ambiente envolvente em cada
momento.
Vnculos polticos e econmicos - As condies polticas e econmicas constitudas ao longo dos anos, cruzadas com a
estrutura entidade e a situao macro-econmica interferem na
definio da estrutura conceptual.
A contraface deste factor centra-se na confiabilidade e relevncia
do sistema de informao aumentando ou diminuindo o gap das
expectativas15 sentido por quem analisa a informao.
Sistema de financiamento das entidades A forma como as entidades financiam a sua actividade no indiferente para as
prticas contabilsticas, em funo do agente financiador das
organizaes os seus critrios contabilsticos podem tomar
diferentes orientaes.
Se as organizaes so financiadas principalmente pelos
accionistas, a informao tem em conta as necessidades dos
mercados de valores de forma a suprir as necessidades de
informao dos investidores.
Se as organizaes so financiadas por entidades bancrias as
suas normas tm um grande peso na gerao da informao
financeira.
Relaes entre Contabilidade e Fiscalidade as diferenas entre critrios contabilsticos e fiscais so susceptveis de criar
confuses entre os critrios aplicados a uma realidade e a outra,
havendo mesmo situaes em que os critrios fiscais se
impuseram aos contabilsticos desembocando em registos e
15 A diferena entre o que o utente quer e o que consegue saber da informao financeira pela leitura das demosntraes financeiras producidas, designa-se por gap de expectativas.
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medies baseados em aspectos que no permitem reflectir a
situao econmica da entidade, com fiabilidade.
O peso do sistema fiscal no todo econmico gera um conjunto de
prticas e de interesses que interferem com os critrios
contabilsticos.
Influncia da profisso de contabilista A influncia da profisso e o papel que desempenha na estrutura normativa contabilstica, sua
arquitectura e implementao um dos factores fundamentais na
descrio da envolvente, j que a participao destes
profissionais tem grande influncia no nvel tcnico e terico que
condiciona a coerncia de uma matriz de conceitos, operativa e
utilizvel.
A influncia da profisso contabilista mais evidente nos pases
anglo-saxnicos e bastante frgil nos pases com tradio de
direito continental europeu, j que a regulao contabilstica ,
nestes pases, muito influenciada por determinantes fiscais.
Uma das principais crticas que se fazem normalizao
materializada em documentos legais exactamente o cortar da
criatividade da soluo, esta passa a ser esttica e no
dinmica16.
Formao profissional A forma como se ensina/aprende as bases desta cincia, dependendo do enfoque centrado mais nas
tcnicas de registo ou na compreenso tcnica do modelo de
registo das transaces a relatar, condiciona o desempenho na
elaborao das tarefas. Como refere Jarne Jarne (1997:100)
estes subsistema de formao que tem de fornecer o suficiente
capital humano e intelectual para desenvolver o seu trabalho.
16 Ver a forma como as normas IASB so alteradas, o intervalo temporal que medeia entre cada actualizao, comparando com os momentos temporais em que o nosso POC foi alterdao.
FORMAOOTOC Pgina24
Os ambientes que, a nosso ver, mais nitidamente esto associados ao
ambiente contabilstico so os apresentados acima e podemos agreg-los e
justific-los cada da seguinte forma:
QUADRO 2
O AMBIENTE ENVOLVENTE CONTABILIDADE E DIVULGAO
Fonte: Elaborao prpria
Ambiente Legal - Vrios poderiam ser os exemplos apontados para a interaco deste ambiente com a contabilidade, dado que na maior parte das
vezes as determinaes contabilsticas esto inseridas no ambiente legal geral
que enquadra a actividade econmica.
Ambiente Econmico - Na medida em que estamos em presena de um maior desenvolvimento econmico, so colocados contabilidade desafios
informativos e de deciso que esta tem que dar resposta.
Ambiente social - Dificilmente poderemos ter uma viso do todo social independente do econmico que o rodeia, pelo que as necessidades de
resposta a novas questes levantadas por este ambiente, tero que ser
PRTICAS DE CONTABILIDADDE
E DE DICULGAO
ECONMICO
SOCIAL
POLTICO
LEGAL
FORMAOOTOC Pgina25
respondidas pela contabilidade, constituindo mesmo um desafio, veja-se o
caso da contabilidade social, da contabilidade ambiental entre outros.
Ambiente poltico - No podemos deixar de referir o facto das regulamentaes contabilsticas no serem indiferentes para a forma como a
informao financeira transmitida, nem para o seu contedo, estando muitas
vezes determinadas por opes polticas que condicionam a mensagem
financeira a transmitir.
So mltiplas as influncias sobre a teoria contabilstica, destacando-se as
seguintes:
1.- a contabilidade reconhece que vivemos num mundo em que os
recursos so escassos.
2.- a contabilidade reconhece que na nossa sociedade os recursos
produtivos so, principalmente, detidos por privados, mais do que por
entidades pblicas.
3.- a contabilidade reconhece que as actividades econmicas so
conduzidas por unidades identificveis individuais - entidades.
4.- a contabilidade reconhece que o sistema econmico complexo
uns (investidores e proprietrios) confiam a guarda e o controle da sua
propriedade a outros (gestores).
5.- a contabilidade reconhece que os recursos econmicos, as
obrigaes e os interesses residuais devem ser expressos em
unidades monetrias.
Como podemos concluir, procurmos apenas trazer para a contabilidade as
principais influncias da ordem financeira estipuladas pelas sociedades ditas
de mercado, onde a unidade de medida dos factos monetria, chamando-se
a ateno para as restries que tal unidade de medida impe na informao
financeira a transmitir.
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O esquema apresentado procura representar o processo de informao
financeira apresentando o papel da contabilidade na sociedade, para a
compreenso deste papel devemos procurar compreender:
* A natureza das actividades econmicas, descritas nas demonstraes
financeiras
* As premissas previamente assumidas e as tcnicas de medio que o
processo contabilstico envolve.
Podemos assim concluir, como refere Santos (2006:51) a procura de uma
adequada estrutura conceptual acompanha a evoluo da regulamentao
contabilstica desde as suas origens.
Tambm no podemos esquecer as influncias ligadas globalizao dos
mercados pela sua grande ligao s necessidades de comparao da
informao econmico-financeira produzida, como nos lembra Cravo (2000:71).
2.1.2 FINALIDADE DA PRODUO DA INFORMAO FINANCEIRA
O ponto de partida para qualquer realizao humana dever ser o saber
porqu, tambm para qualquer rea do saber se impe a colocao desta
pergunta, desembocando no necessrio estabelecimento dos limites do mbito,
bem como na definio dos seus objectivos.
Relativamente procura dos objectivos da contabilidade, encontramos dois
grandes caminhos em face dos interessados nesta informao:
* Fornecer informao independentemente da natureza destes
* Fornecer informao diferenciada em funo dos interesses de cada
um.
Se no primeiro cenrio se impe a criao de um conjunto de informao de
caractersticas gerais que, preferencialmente, atenda de forma igual a todos os
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que procurem informao financeira das entidades econmicas, no segundo
cenrio teria que se saber a funo objectivo de cada utilizador de forma a
poder estruturar o conjunto completo de informao a ser fornecida a cada um
deles.
Como pontos fundamentais da estrutura de informao, deveremos ter:
1.1 Funo objectivo a maximizar
Nem sempre fcil esta definio pois o mesmo utilizador
pode ter interesses distintos, logo diferentes objectivos.
1.2 Que informao transmitir e que caractersticas dever ter:
Informao quantitativa ou qualitativa
Se quantitativa
Critrios de valorimetria
Reconhecimento do valor no tempo
Custo histrico
Valor presente
De mercado
De valor econmico
Se qualitativa
Critrios de escolha
Definio de padres
Informao histrica ou previsional
Se Informao histrica
Simples
Que varveis relatar
Comparativa
Que variveis comparar
Qual o mbito temporal dos comparativos
Se informao previsional
mbito temporal das previses
Previses a preos constantes
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Previses a preos correntes
1.3 Que modelo seguir
Como estruturar a informao estrutural da conjuntural
Como evidenciar a liquidez e a solvabilidade
Dar nfase vertente econmica ou vertente monetria
1.4 Padronizar ou personalizar os status informativos.
Uniformizar para todas as organizaes
Dar liberdade total para a criao
Definir contedos mnimos
Os pontos anteriores no conseguem, nem pretendem esgotar as questes
que enquadram esta discusso, a forma como a informao dever ser gerada,
a periodicidade com que transmitida no consensual.
Sabemos que nesta discusso que se encontrar o objectivo da
contabilidade, como refere Srgio Iudicbus (1989:21) sobre o sistema
contabilstico este deveria ser capaz de produzir, em intervalos regulares de
tempo, um conjunto bsico e padronizado de informaes que deveria ser til
para um bom nmero de usurios, sem esgotar as necessidades destes, mas
resolvendo-lhes as mais prementes, sendo este um patamar mnimo de
satisfao das necessidades de quem recorre informao financeira para a
tomada de decises econmicas.
A evoluo deste estdio informativo impe o conhecimento das funes
objectivo de cada perfil de necessidade de tomada de deciso e no de cada
utilizador, pois estes apresentam diferentes interesses na informao
financeira.
Se tem sido esta dificuldade a levar a contabilidade para a produo de
informao de caractersticas gerais, no o sabemos dizer, mas podemos
afirmar que esta finalidade est implcita em documentos importantes, dos
quais podemos salientar:
FORMAOOTOC Pgina29
1 Para a American Accounting Association (AAA) que, em 1966, no seu documento Os Conceitos Bsicos e os Princpios Contabilsticos como
base para as Demonstraes Financeiras das Entidades escreve que:
a principal funo da contabilidade acumular e comunicar informao
econmica que permita juzos e decises informadas aos seus
utilizadores
2 - American Institute of Certified Public Association (AICPA)
definindo em 1970 contabilidade como sendo:
uma actividade de servio, cuja funo fornecer informao
quantitativa, principalmente de natureza financeira, acerca das entidades
econmicas, com o objectivo de que sejam teis para a tomada de
decises econmicas racionais entre recursos alternativos.
Documentos de importncia fundamental para a evoluo da definio dos
objectivos da Informao financeira, so vrios, se os anteriormente
mencionados aliceram as suas definies de contabilidade na satisfao das
necessidades dos utilizadores, documentos importantes como o produzido pela
AICPA em 1973 intitulado Objectivos das Demonstraes Financeiras
habitualmente designado por Trueblood reports evidencia 12 objectivos para
a produo desta informao que, vo desde as preocupaes de permitir a
deciso econmica dos agentes externos mas tambm dos gestores na
prossecuo dos objectivos da entidade, passando pela informao patrimonial
e de gesto com a preocupao de fornecer informao para o processo
preditivo.
So apenas alguns documentos que tiveram importncia para a formao das
diferentes estruturas conceptuais existentes a nvel mundial, do ponto de vista
cronolgico importante referir a dcada de 60 e a de 70 como o perodo em
que esta problemtica foi mais estudada.
Vrias so as justificaes que poderamos dar para este facto, mas
certamente que devero estar em destaque a mundializao da actividade
econmica e o papel crescente do ambiente envolvente s entidades.
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QUADRO 3
PRINCIPAIS DOCUMENTOS SOBRE OBJECTIVOS DA INFORMAO FINANCEIRA
Fonte: Elaborao prpria
No presente estdio o sistema contabilstico permite conhecer informao
histrica, comparativa de finalidades gerais, mas ao mesmo tempo capaz de
fornecer relatrios com finalidades especiais, esta foi a evoluo da
contabilidade no sc. XX continuando o seu trilho no sc. XXI.
Toda esta evoluo no alheia a factores externos designadamente a
necessidade crescente de informao por parte dos mercados e decisores
financeiros, maiores exigncias legais, maiores desenvolvimentos de reas
conexas.
O raciocnio apresentado procura representar o processo de informao
financeira apresentando o papel da contabilidade na sociedade, para a
compreenso deste papel devemos procurar compreender:
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* - A natureza das actividades econmicas, descritas nas
demonstraes financeiras
* - As premissas previamente assumidas e as tcnicas de medio que
o processo contabilstico envolve.
QUADRO 4
PROCESSO DA INFORMAO FINANCEIRA
Fonte: Elaborao prpria
O objectivo genrico para a informao financeira "proporcionar informao
til ou relevante para duas grandes finalidades", como refere Vicente
Montesinos Julv.(1993:697) para a tomada de decises e a prestao de
contas designadamente quanto ao:
* - Uso e obteno de recursos de acordo com o oramento
* - Cumprimento dos requisitos legais
* - Financiamento das actividades e origem da tesouraria
PROCESSO CONTABILISTICO
INFORMAO
CONTABILSTICA
ACTIVIDADES ECONMICAS
PROCESSO
DA INFORMAO FINANCEIRA
TOMADORES DE DECISO
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* - Capacidade de financiamento das actividades e cumprimento das
obrigaes e dos compromissos
* - Situao Financeira e suas alteraes
*- Custos, eficincia e eficcia
Quanto prestao de contas, necessrio preparar a informao financeira
baseada em dados, tanto reais como previstos, de forma a se poder avaliar a
sua gesto sobre as seguintes reas:
* Actividade financeira
* Gesto dos recursos confiados
Devendo ser regidos pelos seguintes propsitos:
1. Informao para a tomada de decises econmicas sociais ou de outra natureza;
2. Dar a conhecer os dados relativos Gesto nos seus aspectos financeiros;
3. Dar a conhecer os dados relativos Gesto nos seus aspectos Econmicos;
4. Determinar o custo e o nvel de rendimento dos bens produzidos e dos servios prestados
5. Dar a conhecer a situao patrimonial.
Assim, o actual modelo contabilstico visa auxiliar todos os que tomam
decises de crdito ou de investimento, mas que possuam um conhecimento
razovel das actividades econmicas. Pretende ainda auxiliar os investidores e
credores (presentes e potenciais) e outros utentes na previso dos cash-flows
futuros, em suma, destina-se a proporcionar informao acerca dos recursos
econmicos da entidade, as obrigaes para com as fontes destes recursos, e
os efeitos das transaces, eventos e outras circunstncias que modificam uma
situao inicial de forma a permitir a todos os utilizadores a tomada de
decises econmicas, para a utilizao de recursos alternativos.
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Vrios so os normativos internacionais que se debruam sobre esta
problemtica na impossibilidade de os analisar a todos, debruar-nos-emos
especificamente sobre Estrutura Conceptual para a Preparao e
Apresentao das Demonstraes Financeiras, do International Accounting
Standards Board que nos refere que o objectivo das demonstraes financeiras
o de proporcionar informao acerca da posio financeira, desempenho e
alteraes na posio financeira de uma entidade, que seja til a um leque
vasto de utentes na tomada de decises econmicas.
As decises econmicas dos utentes das demonstraes financeiras requerem
uma avaliao da capacidade da entidade de gerar fluxos financeiros
materializados em meios lquidos (dinheiro e seus equivalentes) e da
oportunidade e grau de certeza em que iro ser gerados de forma a determinar,
em ltima instncia, a capacidade de uma entidade de pagar aos seus
empregados e fornecedores, de satisfazer pagamentos de juros, de reembolsar
emprstimos e de fazer distribuies aos seus detentores, em suma, de
satisfazer de forma tempestiva as suas obrigaes.
De forma a permitir que os utentes estejam correctamente habilitados a avaliar
esta capacidade de gerar fluxos financeiros e seus equivalentes ter que lhes
ser proporcionada informao que apresente a posio financeira e as suas
alteraes, bem como o desempenho de um perodo previamente definido.
Se as demonstraes financeiras forem preparadas de acordo com este
propsito esto de acordo com as necessidades comuns da maior parte dos
utentes desta informao financeira.
2.1.3 REQUISITOS DA INFORMAO FINANCEIRA
Quando se preparam as demonstraes financeiras para que se transmita
informao a quem ela interesse ou possa vir a interessar, estes so os
FORMAOOTOC Pgina34
utilizadores actuais ou potenciais, o que eles pretendem da informao um
bom ponto de partida para podermos equacionar que requisitos dever ter a
informao a transmitir.
Em primeiro lugar deveremos classificar esta informao, ela histrica e
essencialmente financeira. Histrica pois reflecte acontecimentos j passados e
financeira pois estes esto referenciados em unidades monetrias.
esta a informao possvel de disponibilizar, a todos os utentes, mas com
que nvel de profundidade?
Responder a esta questo impe ter presente que saber mais informao
implica custos crescentes assim a informao disponibilizada ter um nvel de
desagregao possvel atravs da racionalizao do custo em a obter. O
patamar para a disponibilizao de informao ter que ser a materialidade da
informao disponibilizada.
Claro que para ser til ao utilizador este deve perceber a mensagem
transmitida, assim a informao transmitida deve ser possvel de ser
compreendida pelos seus utilizadores, se tal no for possvel qualquer esforo
de transmisso de informao ser intil.
De seguida teremos que pensar para que que o utilizador quer saber
determinada informao, certamente para que esta seja til na sua tomada de
deciso, assim a escolha por uma informao ou por outra assenta no critrio
da sua maior ou menor utilidade para determinada deciso.
Mas para decidir com base em determinada informao esta tem que ser capaz
de influenciar a deciso do utilizador, assim esta deve ser fivel (na medida em
que pode ser verificvel, est correctamente representada e neutra), mas
tambm deve ser relevante (pois foi conhecida atempadamente), ajuda a
prever a evoluo do facto objecto de deciso e ajuda no processo de
aprendizagem entre a previso e a posterior anlise histrica.
Como as decises entram muitas vezes em necessidades de comparao
entre as decises tomadas. O utilizador ter ainda de conseguir comparar os
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dados provenientes de vrias fontes e ter certeza da forma consistente com
que os dados foram produzidos ao longo do tempo para uma determinada
varivel.
O grfico seguinte, descreve-nos de forma esquemtica o que acabmos de
referir:
QUADRO 5
HIERARQUIA DAS CARACTERSTICAS DA INFORMAO FINANCEIRA PARA O FASB
Fonte: FASB SFAC n 2 Da anlise deste quadro, podemos constatar que a preparao da informao
financeira est condicionada pelas restries relativas materialidade e
ponderao entre o custo e benefcio de obteno dessa informao. De
seguida apresenta como caracterstica inerente a qualquer informao - a sua
compreensibilidade. As qualidades inerentes informao financeira so
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privilegiadas em funo da sua utilidade para a tomada de decises. Assim as
qualidades primrias so a relevncia e a fiabilidade, sendo consideradas
qualidades secundrias a comparabilidade e a consistncia.
2.1.4 CONCEITOS BASILARES UTILIZADOS NA TRANSMISSO DA INFORMAO FINANCEIRA
As demonstraes financeiras procuram retratar os efeitos financeiros das
operaes e de outros acontecimentos que, na prossecuo dos tempos,
alteram o patrimnio e o desempenho de uma entidade.
contabilidade est guardado um papel de classificao, mensurao e registo
de todos os factos de forma coerente e contnua atendendo ao seguinte
esquema:
QUADRO 6
PAPEL DA CONTABILIDADE NA PRODUO DA INFORMAO FINANCEIRA
SUMARIAR CLASSIFICAR RECORDAR
GERAO DE INFORMAO
CONTABILISTICA EXTRA-CONTABILISTICA
FORMAOOTOC Pgina37
Fonte: Elaborao prpria
Neste contexto, consegue-se gerar informao a diferentes nveis, dependendo
se queremos analisar a situao financeira, o desempenho da entidade a nvel
financeiro ou a nvel econmico, podendo ainda atender-se natureza dos
fluxos que as suas actividades geram ou sua funo na entidade.
QUADRO 7
DOCUMENTOS DA PRESTAO DE CONTAS
Fonte: Elaborao prpria
Assim impem-se o estudo das diferentes classes das demonstraes
financeiras, limitando-nos neste ponto a analisar os elementos que integram o
Balano e a Demonstrao dos Resultados, j que entendemos estas
PPRREESSTTAAOO DDEE
CCOONNTTAASS
DDEEMMOONNSSTTRRAAOO DDEE FFLLUUXXOOSS DDEE CCAAIIXXAA
AANNEEXXOO
DDEEMMOONNSSTTRRAAOO DDOOSS RREESSUULLTTAADDOOSS
BBAALLAANNOO
FORMAOOTOC Pgina38
demonstraes financeiras como o ponto de partida para o entendimento do
modelo contabilstico.
O estudo destes elementos centra-se na perspectiva do seu reconhecimento e
da sua mensurao, pontos muito ligados definio geralmente aceite e ao
entendimento consensual dos profissionais desta rea
2.1.4.1 OS PRINCPIOS CONTABILISTICOS GERALMENTE ACEITES
A elaborao da informao financeira, tem por base pressupostos
contabilsticos que, embora no sendo mencionados expressamente, so do
conhecimento e de aceitao geral por parte dos utilizadores da informao, de
tal forma que a sua derrogao que deve ser tornada pblica e no o facto da
informao ter sido produzida de acordo com estes Princpios Contabilsticos
Geralmente Aceites - PCGA.
Os PCGA desenvolveram-se em resultado do esforo normalizador de que tem
sido alvo a contabilidade financeira, para que a informao financeira produzida
seja til e aceite sem receios, pelos utilizadores que procura servir, mas so
tambm um corolrio lgico de um modelo que procura representar as
operaes e outros acontecimentos que a entidade realiza mostrando as
consequncias a nvel da situao financeira e do desempenho, seja este
entendido a nvel econmico, como de capacidade de gerar fluxos financeiros.
O grande desenvolvimento da actividade econmica no ltimo sculo, ainda
que com a existncia de algumas crises que geram, necessariamente, a
desconfiana dos agentes econmicos, impe o estabelecimento de
mecanismos que atestem a "sanidade" desta informao, factos que tm sido
apontados, por alguns tericos, como uma das principais razes externas para
o desenvolvimento do esforo de normalizao emergindo desse esforo o
desenvolvimento das bases conceptuais que levaram ao estabelecimento dos
PCGA.
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Neste trabalho procuramos mostrar aos nossos leitores, que expresses que
usamos de uma forma comum, no nosso discurso, apresentam realidades
polifacetadas, exigindo uma explicitao e clarificao dos seus significados e
asseres de forma a poderem ser utilizadas de uma forma mais correcta,
referimo-nos expresso por P.C.G.A.
Para o estudo destes P.C.G.A. teremos de definir previamente qual a base de
agregao dos factos Contabilsticos pois s de acordo com os pressupostos
de juno dos factos a relatar, poderemos identificar os princpios a seguir.
consensual o facto da informao financeira ter de fornecer informaes teis
para a tomada de decises a vrios nveis, nomeadamente a nvel econmico,
financeiro, poltico e social, bem como possibilitar o controlo dos meios
colocados disposio da organizao avaliando a forma como se
desenrolaram as actividades tanto do ponto de vista da eficaz como da
eficiente utilizao dos recursos disponveis.
A implementao de um sistema contabilstico que permita atingir os
objectivos, ter que ter partida a definio de uma base de agregao dos
factos contabilsticos a registar, isto , saber se damos importncia apenas aos
fluxos financeiros ou se tambm damos importncia aos fluxos econmicos. A
determinao de uma base contabilstica tem influncia ao nvel do
estabelecimento dos princpios e das polticas contabilsticas, bem como ao
tipo de informao que obtemos, suas caractersticas e, em ltima instncia, a
sua utilidade.
2.1.4.2 BASE DE CAIXA VERSUS BASE DE ACRSCIMO
Ao escolhermos uma base contabilstica, estamos a determinar quais os factos
econmicos e quais as transaces que iro integrar a informao prestada
num dado perodo de tempo, a base contabilstica que condiciona o momento
da relevao contabilstica de um determinado acontecimento ou operao17, o
momento do registo de cada uma destas vertentes est dependente da base 17 Podemos efectivamente comprar num dia, consumir algum tempo depois e pagar muito mais tarde.
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de contabilizao que estrutura o sistema de informao contabilstica, sendo
essencial, para uma correcta leitura desta informao, o conhecimento prvio
da base de referncia, pois s assim podemos retirar da informao presente
os aspectos importantes para as decises a tomar.
Sabendo que os factos patrimoniais fluem continuamente da e para a entidade,
a informao financeira tem necessidade de balizar os momentos do tempo
relativamente aos quais se coligem as transaces e outros factos dignos de
registo e que vo formar a informao financeira, como refere Cea Garcia
(1993:11), quando ou em que momento um facto ou acontecimento que afecta
a entidade deve registar-se contabilisticamente incorporando-se, em
consequncia, os seus efeitos no Balano, e mais concretamente ainda, em
que momento e de que forma deve imputar-se temporalmente Demonstrao
de Resultados.
As diferentes bases geralmente usadas como estrutura da informao
financeira so duas e habitualmente designadas da seguinte forma:
BASE DE CAIXA
BASE DE ACRSCIMO
A seleco de uma base de contabilizao determina quando cada um dos
eventos ou transaces deve ser registado, assim as bases devem estar de
acordo com a importncia dada a cada um dos fluxos que se pretende medir,
se pretendermos dar mais nfase aos aspectos econmicos avaliando os
fluxos deste tipo de recursos, devemos seguir uma base de acrscimo, se pelo
contrrio a nossa preocupao est centrada nos recursos financeiros ento
devemos consagrar a base de caixa.
Face importncia que revela a escolha de uma base de contabilizao vamos
procurar caracterizar um pouco melhor cada uma das que acabmos de referir.
- BASE DE CAIXA
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Os sistemas contabilsticos alicerados nesta base, tm por caracterstica o
facto de os registos serem feitos apenas quando se verifique uma entrada ou
uma sada de dinheiro, isto , considera-se o momento do desembolso de uma
quantia constituindo um exfluxo de um meio lquido de pagamento, e o
momento de entradas de meios lquidos de pagamento - influxos.
Neste caso o Balano d-nos apenas a comparao de valores que constituem
meios lquidos18, a informao conseguida estritamente financeira
sumariando apenas as receitas materializadas em dinheiro e os desembolsos
de um determinado perodo.
- BASE DE ACRSCIMO
O IASB define o regime contabilstico de Acrscimo como o regime sob o
qual19 "os efeitos das operaes e de outros acontecimentos so reconhecidos
quando eles ocorrem (e no quando o dinheiro ou o seu equivalente seja
recebido ou pago) sendo registadas nos livros contabilsticos e relatadas nas
demonstraes financeiras dos perodos com os quais se relacionem".
As organizaes relacionam-se com os outros agentes envolventes atravs de
um processo de troca que implica dois movimentos ou fluxos de sentido inverso
e de igual extenso em termos monetrios, um real transferncia de bens
e/ou servios - outro monetrio - transferncia de disponibilidades. Os sentidos
destes fluxos so contrrios, assim se se verifica uma "entrada" em termos
reais, dar-se- uma sada em termos monetrios e vice-versa, e podem ser
imediatos ou a prazo, segundo exista coincidncia temporal, ou no, entre
estes fluxos de natureza diferente (real ou monetria).
Em terminologia contabilstica os fluxos de entrada de disponibilidades so os
recebimentos e os fluxos de sada de disponibilidades so os pagamentos.
No decorrer da actividade econmica das organizaes os dispndios, que so
activos, vo sendo extintos porque consumidos, medida que os activos vo
18 Entendemos por meios lquidos, os valores em caixa bem como os que se encontrem guarda de instituies financeiros sobre a forma de depsitos ordem, ou de outro tipo desde que facilmente mobilizveis para fazer face s obrigaes da organizao. 19 Veja-se "Estrutura conceptual para a preparao e Apresentao das Demonstraes Financeiras" - Emitida pelo IASB.
FORMAOOTOC Pgina42
perdendo utilidade atravs do seu consumo ou do seu uso, vo sendo
"sacrificados" para a gerao de rditos20.
Podemos ento afirmar que no decorrer das suas actividades as organizaes
suportam custos com o objectivo de gerar rditos, constituindo um ciclo de
explorao (o maior ou menor espao de tempo que decorre desde que se
inicia o sacrifcio de um custo at ao momento em que se processa venda e
cobrana do bem ou servio em causa).
Se fosse possvel proceder a um corte em determinado momento na actividade
da entidade, verificaramos que esta composta por vrios ciclos de
explorao em estdios diferentes de maturao, uns em incio outros j em
fases terminais.
A existncia de uma periodicidade qual se refere a informao financeira tem
como barreira o facto anteriormente referenciado, que no possvel numa
determinada data encontrar uma organizao em que tudo se encontre
completo, para desta forma poder imputar, sem dvida, os respectivos custos e
proveitos desse perodo de forma a poder conhecer com rigor a situao
financeira naquela data e, deste modo, poder fornecer uma imagem fiel e
verdadeira, quer da posio financeira, quer do desempenho.
Tal como refere a AAA no seu Concepts and Standards "Na contabilidade
moderna os Resultados Lquidos so determinados por perodos expressos
que so tipicamente mais curtos do que a vida da entidade. Desde que a vida
til dos activos se estende frequentemente por vrios perodos e desde que as
operaes no estejam em estdios uniformes de acabamento no fim de tais
perodos, a determinao dos resultados uma operao contabilstica
complexa, que requer o uso de estimativas e o emprego do bom-senso".
Pelo anteriormente explanado a contabilidade em regime de acrscimo tem
como corolrio o princpio da especializao dos exerccios, que no Plano
Oficial de Contas Portugus (POC) enunciado da seguinte forma:
20 Os rditos ao contrrio dos ganhos, provm do decurso das actividades correntes ou ordinrias de uma organizao, constituindo, estas duas classes, os proveitos.
FORMAOOTOC Pgina43
"Os proveitos e os custos so reconhecidos quando
obtidos ou incorridos independentemente do seu
recebimento ou pagamento, devendo incluir-se nas
Demonstraes dos Resultados dos perodos a que
respeitam"
Verifica-se, por este enunciado que as operaes devem afectar os respectivos
resultados do exerccio, assim necessrio, em cada perodo, saber se um
determinado fluxo real afecta o resultado desse perodo ou se pelo contrrio
ter de ser relacionado com a actividade de outro exerccio, sendo assim
necessrio proceder ao balanceamento entre custos e proveitos em cada
perodo contabilstico.
Poderemos questionar, neste ponto, de quem a primazia neste
balanceamento, se dos custos se dos proveitos, sabendo que, de uma forma
geral o que acontece em primeiro lugar o custo e s depois o proveito.
De acordo com J. R. Braz Machado (1983:180) o determinante o momento do
reconhecimento do rdito21, por mais facilmente se identificar o perodo
contabilstico determinado, aquele em que aconteceu a troca dos bens ou
servios, e. porque a organizao pode realizar rditos no futuro em resultado
de custos incorridos no presente exerccio, devendo em cada exerccio
contabilstico correspondente fazer passar para exerccios seguintes tanto os
custos no extintos como os rditos no realizados.
"Idealmente o balanceamento deveria ser a consequncia das relaes causa-
efeito, sendo a tempestividade do reconhecimento dos rditos a base do
balanceamento dos custos extintos com os rditos realizados. Porm aquela
relao nem sempre virtualmente possvel (1983:192).
Vrios so os exemplos de despesas, que feitas unitariamente num
determinado momento do tempo, iro "aproveitar" a vrios processos de
transformao de custos em rditos, o mesmo dizer a vrios exerccios
21 Sobre este assunto ver : "Norma Internacional de Contabilidade N 18" publicada pelo Internacional Accounting Standard Board
FORMAOOTOC Pgina44
contabilsticos, so de uma forma geral afectadas a cada exerccio
contabilstico pela via da amortizao - Investimentos.
Outros casos existem em que sendo despesas num dado momento so
diferidas para outros exerccios contabilsticos atravs da figura dos stocks,
podendo ainda existir casos de despesas que no momento em que ocorrem
so custos extintos e estamos a referir-nos a ttulo de exemplo e
respectivamente a mercadorias e a custos de electricidade.
Mas casos existem em que as despesas que a entidade suporta num
determinado momento no contribuem para os rditos do perodo nem so
capitalizadas ou stockadas, por no terem existncia fsica, ou porque tendo-a,
no so objecto de um processo administrativo adequado, constituindo-se
assim em custos no extintos nesse perodo, esperando-se que venham a
produzir benefcios em operaes futuras.
Na mensurao dos custos j incorridos, podendo j estarem pagos ou ainda a
crdito das contas de terceiros adequadas, ao longo do perodo contabilstico
teremos duas parcelas:
1- A parcela do custo acrescido (extinto) do perodo contabilstico
corrente por dele j no se esperar vir a produzir benefcios futuros
para a entidade
2- A parcela do custo no extinto, porque mantm a potencialidade de vir
a produzir benefcios futuros, e que ser diferido para o(s) perodo(s)
contabilstico(s) seguinte(s).
Para o caso das receitas e proveitos a diferir ou a antecipar pode-se tambm
conceber situaes em que uma receita registada neste perodo tenha que ficar
suspensa e adiada para o perodo seguinte, altura em que se faz o seu
reconhecimento, bem como situaes em as receitas devam ser s
documentadas no futuro mas cujo rdito seja de reconhecer no presente.
Em resumo podemos elencar os elementos essenciais da base do acrscimo
como sendo:
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* Diferimento de custos no extintos considerando-os dbitos
residuais de exerccios futuros
* Diferimento dos proveitos que no correspondam ao exerccio
contabilstico em causa e que pelos mais variados motivos
sejam objecto de uma antecipao.
* Acrscimos de custos extintos como dbitos residuais do
exerccio corrente quando no vierem a beneficiar exerccios
futuros.
* Acrscimo de proveitos que pertenam ao exerccio
contabilstico mas em que a sua correspondente receita s
venha a acontecer em exerccios futuros.
Esta base de imputao considera, como j afirmmos, o registo das
operaes ou acontecimentos atendendo ao momento do tempo em que se
verifica a corrente real e no a monetria, necessitando para isso de normas de
aplicao precisas, de forma a se poder verificar a fiabilidade da informao
financeira conseguida.
2.1.4.3- VANTAGENS E INCONVENIENTES DE CADA BASE
A principal vantagem desta base de acumulao de valores a sua
simplicidade de execuo e bem assim a facilidade com que os utilizadores
menos conhecedores podem entender a informao apresentada.
No caso de no existirem diferenas materiais entre os custos incorridos num
perodo e os pagamentos deste perodo, bem como entre os proveitos do
perodo e os seus recebimentos, o facto da informao ser feita com base
numa base de caixa ou numa base de acrscimo no significativa e
complicou-se a contabilidade desnecessariamente22.
22 Podemos considerar, a ttulo de exemplo uma entidade prestadora de servios que pague todos os seus custos a pronto e receba todos os servios prestados no momento da sua utilizao pelo consumidor, e esta actividade no exija uma componente significativa de equipamento produtivo.
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Podemos ainda considerar a situao anterior mas em que a periodicidade de
pagamento dos custos e a periodicidade de recebimento dos proveitos seja
constante ao longo dos perodos, de tal forma que o efeito lquido sobre cada
uma destas variveis econmicas se atenua, pois ao no registar num perodo
a parte que deveria acrescer, tambm no difere a parte que deveria diferir e
num quadro de constncia da actividade ao longo do tempo, a diferena
encontrada entre a base de caixa e a base de acrscimo no materialmente
relevante.
De uma forma geral a base de caixa no permite um bom conhecimento da
realidade econmica de uma entidade, sendo a base de acrscimo a mais
correcta quando no se verifique correspondncia temporal entre o momento
do pagamento e da extino do custo a que este pagamento se refere, bem
como quando no existe correspondncia entre o momento em que incorre o
proveito e o seu correspondente recebimento.
Esta base permite um melhor controlo atravs da existncia de um oramento,
e este muito difcil de existir dando informaes correctas, numa base de
caixa pois pode mediar muito tempo entre o momento em que se contrai uma
obrigao e o momento em que esta se paga, o mesmo se podendo dizer entre
o momento em que se cria um direito e o momento em que este se recebe.
A base de acrscimo ainda a mais correcta quando se procura colectar toda
a informao de forma a poder medir-se o custo de um produto ou de um
servio. No possvel saber quanto custa uma determinada actividade se no
se inclurem as obrigaes no pagas. De igual forma poderemos afirmar da
impossibilidade de saber qual a rendibilidade de um servio quando no
consideramos todos os proveitos ainda que estes no se encontrem recebidos.
2.1.4.4 JUSTIFICAO PARA A EXISTNCIA DE PRINCPIOS
Todos nos seguimos por princpios, quer na vida pessoal, como na realizao
de vrias tarefas, mas porque que estes so to importantes em
Contabilidade. Para isso vamos procurar olhar mais profundamente para eles.
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JUSTIFICAO PRTICA
Como Princpio podemos definir as normas, a experincia, os usos e os
costumes normalmente utilizados por quem se dedica a determinada
actividade, no ponto seguinte procuraremos uma definio mais rigorosa para
esta expresso.
Do ponto de vista prtico, os princpios contabilsticos tiveram como factor do
seu desenvolvimento, em especial, as necessidades de racionalizao e de
homogeneidade na apresentao da informao financeira, tornando-se para
os profissionais que tm que produzir esta informao em regras ou normas
que estes tm de seguir. Ainda em consonncia com este papel dos princpios
podemos apontar a grande facilidade que trazem para a actividade dos
auditores internos e externos.
JUSTIFICAO TERICA
Quando procuramos uma justificao terica para a existncia dos P.C.G.A.
estamos perante uma definio para a palavra princpio numa acepo
diferente da utilizada anteriormente, j que para alm da significao Normas
Para a Prtica esta palavra pode ainda significar Fundamentos.
Nesta acepo podemos entender os princpios contabilsticos como a base
desta disciplina, e ainda que estes no faam parte da estrutura conceptual da
contabilidade, existe uma relao de interdependncia, dado que o seu estudo
no pode ser feito de forma independente dos objectivos da informao
financeira, devendo ter-se em conta as caractersticas qualitativas que desta
informao se espera.
Os P.C.G.A. so, nesta acepo, substitudos por conceitos racionais e
formalizados, cuja validade no depende j da aceitao generalizada, sendo,
pelo contrrio, aceites face s suas caractersticas gerais, e como nos refere
Tua Pereda (1989:74) pelos seguintes motivos:
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1. Orientao com vista ao cumprimento da finalidade prevista
2. Congruncia com o ambiente econmico em que se
desenvolve o objecto da informao financeira
3. Apoio num itinerrio lgico-dedutivo.
DEFINIO DE PCGA
Vrias so as possveis definies para o termo princpio, se tentarmos fazer
um levantamento ser extensa a lista de significados desta palavra, utilizada
em vrias acepes, desde o momento em que alguma coisa tem origem,
passando por uma causa primria ou razo base, at poder significar opinies
que o esprito admite como ponto de partida.
Quando nos referimos a princpios contabilisticos, existem trs acepes que
tm que ser expressas para podermos compreender o mbito desta expresso:
Como normas para a prtica
Como fundamentos da disciplina
Como Macroregras bsicas
COMO NORMAS PARA A PRTICA:
Os princpios contabilisticos tm como origem as regras pormenorizadas que
procuram estabelecer as prticas contabilisticas de forma homognea, como
elementos normalizadores.
Derivados destas prticas mais frequentes, so geralmente admitidos pelos
profissionais de contabilidade podendo assim dizer-se que so regras
extradas da prpria prtica avalizadas pela sua habitual utilizao e
aproveitadas por um organismo harmonizador que as torna de cumprimento
obrigatrio em funo do seu grau de difuso e aceitabilidade, como nos
ensina Tua Pereda (1989.51).
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COMO FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
Com o desenvolvimento da contabilidade a procura pela formalizao e
estabelecimento de um conjunto de alicerces capazes de explicitar a teia de
conceitos em que se baseia o conhecimento contabilstico vai-se socorrer da
existncia dos P.C.G.A. de forma a se basear neles e de os considerar as
bases conceptuais deste mesmo conhecimento.
Esta acepo vai beber a sua razo de ser ao facto de um princpio tambm
poder ser visto como uma verdade subjacente em qualquer ramo do
conhecimento e do saber a partir do qual se pode iniciar o raciocnio dedutivo,
sendo um princpio visto como uma razo, um fundamento, uma base. Assim e
de acordo com esta viso, os princpios contabilsticos so pois os
fundamentos de base do conhecimento contabilstico, os alicerces onde se
esteia a construo deste conhecimento
COMO MACRO-REGRAS
A terceira interpretao est intimamente ligada segunda mas
interpreta os princpios contabilsticos como as regras de enquadramento em
que se baseia este sistema de conhecimentos.
A lgica cientfica da contabilidade encontra a sua razo de ser nesta terceira
interpretao do significado do termo princpios contabilsticos, na medida que
deriva de um percurso simultaneamente lgico, simultaneamente dedutivo,
partindo do existente e moldando-o de forma a que os seus discursos
encadeados tenham um sequncia lgica que permita que as concluses
assim encontradas se utilizem como base de suporte a outras, em escales
superiores e sucessivos, numa espiral de concluses.
Assim consegue-se um conjunto de concluses solidamente apoiadas noutras
de forma a se poderem encontrar e aferir as regras concretas para a utilizao
prtica deste conjunto de conhecimentos que a contabilidade.
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Neste ponto podemos definir princpios contabilsticos como sendo as - regras
fundamentais e gerais, vinculadas ao prosseguimento de um objectivo definido,
provenientes da utilizao da teoria contabilstica a um caso especfico de onde
descendem as regras e princpios pormenorizados do sistema contabilstico de
acordo com Tua Pereda (1989:55).
2.1.4.5 - PRINCPIOS CONTABILISTICOS E RECONHECIMENTO DAS TRANSACES
Como temos vindo a afirmar a utilizao de um conjunto de princpios
contabilsticos a que vulgarmente se designa por P.C.G.A. tem de ter por base
a prvia identificao da base de agregao dos valores contabilsticos, nesta
perspectiva e aps a descrio das duas bases de agregao mais utilizadas
para o relato da informao financeira, dando corpo contabilidade financeira,
vamos, agora, centrar a nossa ateno nos princpios contabilsticos inerentes
utilizao da base do acrscimo
Agrupando estes princpios atendendo sua funo no reconhecimento das
transaces teremos o seguinte esquema
Princpios ligados periodizao da informao financeira
Princpio do Acrscimo - Quando
Princpio de correlao entre custos e proveitos - Como
Princpio de imputao da transaco - que componentes
Princpio de Gesto Continuada - Porqu
Princpio de Uniformidade - De que forma
Princpios relativos a modelos de custo histrico
Princpio do custo de produo ou de aquisio - Que critrio de
avaliao
Princpios utilizveis em qualquer modelo contabilstico
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Princpio da prudncia - Qual o valor em caso de incerteza
Princpio de registo Quando reconhecer um determinado
facto patrimonial
Princpio da no compensao Manuteno da
especificidade da informao
Princpio da importncia relativa Quando em conflito que
princpio privilegiar
Consideramos que quando devidamente verificados todos os princpios aqui
apontados para o reconhecimento das transaces, sendo do conhecimento
dos utilizadores da informao financeira, esto, necessariamente, verificados
os emergentes requisitos de clareza e de legalidade.
PRINCPIOS LIGADOS PERIODIZAO
Como temos vindo a referenciar uma das caractersticas do objecto da
contabilidade, a actividade econmica da entidade de que se quer transmitir a
informao financeira correspondente, a continuidade ao longo do tempo,
sendo necessrio socorrermo-nos de um artifcio para podermos dar esta
informao - a periodizao contabilstica - de uma forma geral associada a anos civis, ainda que possam acontecer algumas excepes.
Como principal objectivo da informao financeira podemos definir a
necessidade de proporcionar uma imagem verdadeira23 e apropriada da
situao financeira e do desempenho da entidade, aos utentes deste tipo de
informao, relativamente a um perodo de tempo determinado.24
Este artifcio vai permitir, juntamente com a utilizao de regras e macro-regras
determinadas encontrar a expresso quantitativa do resultado contabilstico de
um perodo, como se fosse possvel isolar a actuao da entidade no perodo
ao qual se refere este resultado, do total da sua actividade no tempo.
23 Preferimos a utilizao desta formulao em desfavor de outra alternativa a imagem verdadeira e apropriada 24 A informao financeira s far sentido com a predefinio do perodo a que respeita.
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A Gesto continuada aparece-nos pois, como a determinante para encontrar
esse resultado, o porqu de calcular a contribuio de um determinado perodo
para o desempenho global da entidade.
Assim podemos definir o princpio de gesto continuada25 da seguinte forma:
* Considera-se que a organizao opera continuamente com
durao ilimitada. Assim entende-se que no existe a inteno
nem a necessidade de reduzir significativamente o nvel de
actividade ou de entrar em liquidao, podendo ento concluir
que, a aplicao dos presentes princpios no ter como
objectivo a determinao do valor de liquidao do patrimnio.
J vimos a razo da existncia da gesto continuada, a necessidade de
periodizao da informao financeira, mas para sabermos quando se deve
reconhecer os acontecimentos ou as transaces temos que nos socorrer do
Princpio do Acrscimo26, que para alm de designar o momento em que se reconhece os factos contabilsticos, define ainda os requisitos que presidem
incorporao dos proveitos e respectivos gastos num determinado perodo.
De uma forma geral podemos enunciar este princpio do seguinte modo:
* A imputao temporal de custos e proveitos deve ser feita de
acordo com a corrente real de bens e/ou servios que os
mesmos representam, e no no momento em que se produz a
vertente monetria ou financeira resultante daquela corrente
real de bens, devendo ser includos no perodo a que
respeitam.
Este princpio resulta do tipo de base de agregao que suporta a relevao
contabilstica, e mais uma vez se referencia a imputao temporal de custos e
25 Entre ns mais conhecido por princpio da empresa em funcionamento, ou princpio da continuidade, de acordo com o Plano Oficial de Contabilidade 26 O nosso legislador designa este princpio por princpio da especializao (ou do acrscimo)
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proveitos, esquecendo-se a sua contrapartida financeira de pagamento ou de
recebimento, dando especial ateno ao momento em que ocorre o custo e o
proveito referido, estando ligado ao momento em que se d a corrente real e
no a sua contraface monetria.
Sempre que seja difcil de identificar a corrente real de bens, dever entender-
se que os custos e os proveitos tiveram lugar quando se reconheam os
incrementos de obrigaes ou de direitos, ou os valores que afectem
elementos patrimoniais.
De seguida poderemos questionar quais as componentes que deveremos
incluir na periodizao contabilstica, tendo que definir o princpio de afectao da transaco para encontrar a resposta a esta questo.
Para este princpio, os factos contabilsticos devem ser atribudos a activos,
passivos, custos ou proveitos27, de acordo com normas definidas previamente.
Questionar a forma como se processa a periodizao contabilstica implica a
considerao de dois princpios mais:
1.- Princpio da Uniformidade, com o qual se pretende garantir a comparao da informao financeira entre diferentes perodos28,
segundo o qual no se devem alterar as polticas contabilsticas de
forma discricionria, fazendo-o apenas quando existam
circunstncias que o justificam, devendo explicitar-se as alteraes
resultantes desta alterao e sempre que possvel quantific-las.
2.- Princpio da correlao entre custos e proveitos, que chama a ateno para o cuidado que se deve ter com o aspecto funcional de
cada custo e de cada proveito incorporado no resultado de um
determinado perodo, reconhecendo-se uns e outros no de forma
isolada mas sim relacionados entre si, ainda que para tal fim se
tenham que efectuar estimativas de forma a introduzir na informao
27 Podendo os Custos e os Proveitos serem anuais ou plurianuais 28 A esta formulaao podemos acrescentar ainda a comparao dentro de um mesmo periodo mas em unidades contabilisticas diferentes, neste caso estaramos a referir-nos
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financeira do perodo, em causa, toda a dimenso do facto em
presena
Este princpio est intimamente ligado ao reconhecimento de Proveitos e de
custos para que o Resultado Lquido do Exerccio reflicta de forma fidedigna as
diferenas (positivas e negativas) das actividades efectivamente
desempenhadas no perodo de anlise do desempenho.
PRINCPIOS RELATIVOS A MODELOS DE CUSTO HISTRICO
Os modelos de custo histrico no so nicos nem universais, na relevao
contabilstica, a sua escolha est dependente do tipo de informao financeira
que os diferentes utilizadores necessitam, bem como de factores exgenos ao
sistema contabilstico e que podem determinar como mais aconselhvel a
utilizao de modelos no baseados na constncia do valor da unidade
monetria utilizada como unidade de medida da informao financeira.
A ttulo de exemplo, podemos explicitar os interesses dos proprietrios ou
potenciais compradores j que estes querem saber o valor mais aproximado
possvel para a continuidade da organizao, por sua vez os prestamistas
preferem saber o valor dos activos numa perspectiva mais conservadora,
baseada no mais baixo valor de avaliao dos activos, vistos individualmente,
para poderem cobrir as hiptese de venda unidade a unidade destes activos,
numa situao de no continuidade da laborao da unidade , isto , supondo
que esta ter de terminar a sua actividade fechando as suas portas.
Contudo no mtodo de avaliao predominante na Europa, no se tem em
considerao esta pluralidade de interesses em funo dos utilizadores da
informao financeira, sendo o mtodo do custo histrico geralmente utilizado,
ainda que seja possvel, a sua derrogao, em especial em pocas de inflao
generalizada.
Os mtodos de avaliao podem ser representados esquematicamente no
seguinte diagrama de acordo com Alexander e Nobes (1995:122) de forma a
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mostrar a localizao relativa da avaliao pelo custo histrico, situando-se
este na problemtica da avaliao por activos.
Neste quadro a lgica contabilstica representada a verde e podemos verificar
que a atribuio de valor aos elementos do Balano poderia ser de vrias
outras formas, sempre possveis de justificar em funo dos objectivos
perseguidos pelos utilizadores desta informao29.
QUADRO 8
FORMAS DE AVALIAO DE ACTIVOS
Fonte: Elaborao prpria
O Princpio do custo de produo ou de aquisio aparece-nos, assim configurado numa metodologia de avaliao por activos, em que se esquece o
valor das foras sinrgicas emergentes de uma forma definida de combinao
de activos, para se dar valor a cada um dos activos de per si, avaliando-os
29 Se estivermos interessados em adquirir uma entidade econmica, verificamos que o seu valor ser diferente do evidenciado pela contabilidade pois estamos a avaliar, no os activos de per si mas a forma como esto combinados numa globalidade de negcio.
ActivoaActivo
ValorpresentedaGlobalidadedo
ValorCorrenteCustodeReposio
ValorEconmicoValorRealizvel
Custohistrico
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pelos valores histricos despendidos para a sua colocao, na entidade, em
condies de efectuar as suas funes.
Este modelo de custo histrico pode ainda ser formulado a preos correntes30
ou a preos constantes, como o legislador nacional indica na explicitao deste
princpio no mbito do POC, em vigor.
Esta possibilidade de utilizao do custo histrico a valores correntes no pode
ser vista como uma derrogao deste princpio, mas to s como uma
actualizao do padro de medida utilizado, dado que os nveis de inflao no
permitem a fixao do padro medida utilizado - a moeda de cada um dos
pases onde a informao financeira produzida.
PRINCPIOS UTILIZVEIS EM QUALQUER MODELO CONTABILISTICO
Claro que qualquer modelo contabilstico tem que se basear no princpio do registo de forma a que se consiga a coerncia interna da informao. Para este princpio todos os factos contabilsticos deve