Sebrae guia pratico_para_sustentabilidade[1]

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  • 1. Ferramentas para o desenvolvimento territorial e fomento criao de negcios inovadores e sustentveis Sustentabilidade nos Pequenos Negcios GuiaPrtico para Gesto responsvel, estmulo ao desenvolvimento local e sustentabilidade esto na pauta dos gestores pblicos e j se tornaram fatores essenciais para a vantagem competitiva das empresas. Este guia prtico foi desenvolvido para gestores pblicos, empresrios de pequenos negcios e sociedade civil, e vem contribuir com informaes sobre as principais polticas pblicas nacionais, as demandas e oportunidades geradas, alm de apresentar casos de sucesso nacionais e internacionais. O momento requer caminhos inovadores e parcerias entre os setores pblico e privado, a fim de inaugurar um novo paradigma no desenvolvimento econmico com o equilbrio que requer os conceitos da sustentabilidade. www.sustentabilidade.sebrae.com.br GuiaPrticoparaSustentabilidadenosPequenosNegcios apoio realizao FundoMultilateraldeInvestimento MembrodoGrupoBID capa_OK.indd 1 3/27/14 4:44 AM

2. Guia Prtico para Sustentabilidade nos Pequenos Negcios: Ferramentas para o desenvolvimento territorial e fomento criao de negcios inovadores e sustentveis / Centro Sebrae de Sustentabilidade, Sebrae em Mato Grosso e Sebrae em Mato Grosso do Sul Cuiab: Sebrae/MT, 2014. 128 p. il. ISBN 978-85-7361-054-3 1. Sustentabilidade. 2. Gesto de resduos. 3. Pequenos negcios. 4. Biodiversidade. 5. Reciclagem. 6. Administrao municipal. 7. Polticas pblicas. 8. Ttulo. CDU: 502.131.1 3. SEBRAE NACIONAL SERVIO BRASILEIRO DE APOIO S MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Presidente do Conselho Deliberativo Nacional Roberto Simes Diretor Presidente Luiz Eduardo Pereira Barretto Diretor Tcnico Carlos Alberto dos Santos Diretor de Administrao e Finanas Jos Cludio dos Santos EQUIPE TCNICA Unidade de Acesso Inovao e Tecnologia nio Pinto e Glucia Zoldan SERVIO DE APOIO S MICRO E PEQUENAS EMPRESAS EM MATO GROSSO Presidente do Conselho Deliberativo Estadual Jandir Milan Diretor Superintendente Jos Guilherme Barbosa Ribeiro Diretora Leide Garcia Novaes Katayama Diretora Eneida Maria de Oliveira EQUIPE TCNICA Centro Sebrae de Sustentabilidade Sunia Sousa e Renata Taques SERVIO DE APOIO S MICRO E PEQUENAS EMPRESAS EM MATO GROSSO DO SUL Presidente do Conselho Deliberativo Estadual Eduardo Corra Riedel Diretor Superintendente Cludio George Mendona Diretora de Operaes Maristela de Oliveira Frana Diretor Tcnico Tito Manuel Sarabando Bola Estanqueiro EQUIPE TCNICA Ana Carla Albuquerque de Oliveira, Leandra Oliveira da Costa, Rodrigo Maia Marcelo Pirani, Sandra Amarilha e Vitor Gonalves Faria APOIO TCNICO Fundo Multilateral de Investimentos (FOMIN) Representao no Brasil Ismael Gilio Especialista Setorial Snior do Fundo Multilateral de Investimentos (FOMIN/BID) EDIO Giral Viveiro de Projetos Direo Tcnica Mateus Mendona Edio Carolina Rolim e Joo Mello Bourroul Redao Joo Mello Bourroul, Carolina Rolim, Jlia Luchesi e Victor Hugo Mathias Reviso Joo Mello Bourroul Projeto Grfico Luciano Arnold Diagramao e infografia Start Digital 4. 5 Apesar de pequenos no tamanho, as micro empresas, os empreendimentos de pequeno porte e os microempreendedores individuais so gigan tes quando falamos de sua importncia para o crescimento econmico brasileiro. De acordo com uma pesquisa feita pelo Sebrae em parceria com o Dieese (2011), eles representam 99% das empresas do pas em quantidade, movimentando aproxima damente um quarto de nosso PIB. So eles quem asseguram o trabalho de cerca de 60% dos brasi leiros com empregos formais, segundo dados do prprio Sebrae (2013). Nossa populao continua crescendo, ao mes mo tempo em que aumenta o poder de compra. Isso significa cada vez mais gente consumindo em maior variedade e quantidade. Para o empreendedor, esse um cenrio de oportunidades promissoras. No podemos esquecer que, ao mesmo passo em que se aumenta a demanda por produtos e ser vios, cresce tambm a presso sobre a natureza. Tudo o que consumimos vem dela, seja em forma de gua, energia, minrios, insumos vegetais, ani mais ou outros. Ao mesmo tempo, conforme avan am os padres de consumo, aumenta tambm a gerao de resduos. Hoje, j sabemos que o volu me de lixo produzido no Brasil cresce mais rpido que a populao. J no novidade: todo o mundo est per cebendo que impossvel continuarmos crescendo sem mudar a forma de fazermos negcios. A palavra sustentabilidade est em voga no por acaso, mas porque realmente precisamos aprender a empreen der considerando que os recursos naturais de nosso planeta so finitos. Com uma srie de novas leis e programas, o governo brasileiro est acompanhando essas ten dncias de mudana. para responder a esses desa fios que foram criadas, por exemplo, a Poltica Na cional de Resduos Slidos e a Poltica Nacional do Meio Ambiente. Em seu conjunto, essas leis esta belecem novos paradigmas na maneira como lidar com os temas da sustentabilidade. primeira vista, isso pode soar como novas restries e mais buro cracia para criar um negcio ou promover o desen volvimento econmico do seu municpio. Mas, na verdade, essas leis vm criar novos parmetros para que o crescimento dos pequenos negcios, dos mu nicpios e do Brasil como um todo possa se dar em novas bases, garantindo melhores condies de vida para as atuais e futuras geraes. Ao estudarmos as leis que regulamentam impactos sobre o meio ambiente e uso dos ecossis temas, veremos uma srie de oportunidades que ainda no esto sendo bem aproveitadas, principal mente por falta de conhecimento. com esse obje tivo que foi elaborado o contedo desta publicao. Seja voc empreendedor ou gestor pblico, neste caderno voc encontrar esclarecimentos, dicas e exemplos concretos de como possvel olhar para a biodiversidade brasileira e mesmo para os res duos como uma excelente oportunidade de neg cio voltada ao desenvolvimento sustentvel. Apresentao 5. 6 POLTICA NACIONAL DE RESDUOS SLIDOS POLTICA NACIONAL DA BIODIVERSIDADE GESTO MUNICIPAL MICRO E PEQUENAS EMPRESAS OPORTUNIDADES DE NEGCIOS DESENVOLVIMENTO LOCAL MODELO SUSTENTVEL poder de compra do municpio pode fomentar e fortalecer o mercado interno da cidade empreendedores podem criar solues com impactos positivos para toda a sociedade maior conhecimento das necessidades de contratao do municpio 6. 7 AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS E O DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTVEL Est prevista na Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas a facilitao do acesso ao mercado, inclusive quanto preferncia nas aquisies de bens e servios pelo poder pblico. Na prtica, essa orientao esti mula a parceria entre pequenos negcios e prefeituras. Se bem usado, o poder de compra do municpio pode fortalecer o mercado interno da cidade. Concentrando o oramento municipal em compras no prprio mu nicpio, cria-se um ciclo virtuoso de desenvolvimento local: mais empresas rentveis, aumento no nmero de postos de trabalho e na arrecadao de impostos, maior volume da receita pblica e, finalmente, a me lhoria dos servios sociais para a comunidade. Ao mesmo tempo, se os empreendedores tive rem maior conhecimento das necessidades de contrata o do municpio, podero oferecer produtos e servios mais apropriados s exigncias e recomendaes da lei, aumentando as chances de serem selecionados. Indo alm, o empreendedor com viso inovadora poder ofe recer produtos e servios alinhados s tendncias mun diais de sustentabilidade, buscando cada vez mais o uso racional de recursos, o manejo adequado de matrias -primas, o cuidado na contratao de fornecedores e at mesmo nas relaes com suas equipes e funcionrios. Quando o municpio escolhe contratar pro dutos ou servios que se preocupam com o meio am biente e com o desenvolvimento sustentvel de sua cidade, ele est gerando benefcios que vo alm da relao comercial, assegurando tambm a qualidade de vida das geraes futuras. Quando um empreende dor encontra formas lucrativas de resolver problemas ambientais ou aproveitar recursos da biodiversidade, est criando solues que tm impactos positivos para toda a sociedade. Mas nada disso acontece sem aces so ao conhecimento. Esse incentivo s parcerias entre poder pblico municipal e pequenos empreendimentos locais novi dade tanto para o empreendedor quanto para os gestores. Ao longo desse cader no, so apresentadas uma srie de dicas e oportunidades para facilitar essas alian as e criar parcerias de sucesso. Alm de explicaes a respeito das principais leis, voc encontrar dados sobre tendncias e novidades nesse campo, juntamente com uma srie de casos concretos que ilustram como essas ideias se traduzem na prtica. O captulo 1 se concentra em contextualizar leis e normativas que balizam os temas abordados, alm de apontar o papel estratgico das micro e pequenas empresas no desenvolvimento local em parceria com o poder pblico. J o captulo 2 lembra a importncia do planejamento de longo prazo na gesto municipal, alm de trazer esclarecimentos sobre os instrumentos disponveis para a criao de parcerias entre prefeitu ras e empreendedores. No captulo 3, o foco dado a dois grandes te mas da sustentabilidade: a gesto de resduos e a bio diversidade so abordadas a partir de uma perspecti va de oportunidades e inovao nos negcios. Casos concretos de quem j est colhendo os resultados de iniciativas inovadoras so apresentados como fonte de inspirao e referncia. O captulo 4 organiza uma srie de refern cias prticas que podem ser aplicadas realidade do municpio ou dos empreendimentos. Economia de recursos, licenciamento ambiental e obteno de certificaes so alguns dos temas abordados, assim como ferramentas para avaliar um negcio existente, repensar estratgias ou mesmo comear uma ideia do zero. Alm disso, tratamos o tema da comunicao e do controle social, discutindo como esses novos valo res e prticas podem ser comunicados, melhorando o relacionamento com clientes, fornecedores e com a sociedade como um todo. Esse documento fruto de uma parceria entre o Sebrae MS e o Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), organizao ligada ao Sebrae MT. Nele se en contram infogrficos ilustrativos para facilitar a com preenso dos conceitos apresentados, alm de dicas, atualidades e textos complementares sobre assuntos de interesse especfico. A sustentabilidade est na pauta do gestor p blico e j se tornou um item de competitividade para as empresas. O fator ambiental no pode mais ser deixado de fora da conta do crescimento econmico e, cada vez mais, os municpios ganham autonomia para fomentar o desenvolvimento em nvel local. hora de encontrar caminhos para as parcerias entre os setores pblico e privado, unindo esfor os para criar novos paradigmas de desen volvimento. Essa publicao vem contri buir com informaes teis neste sentido, mas cabe a cada leitor, seja ele empresrio ou gestor pblico, coloc-las em prtica. Em seu conjunto, inovaes nos pequenos negcios e mudanas nas prticas da ges to pblica podero gerar um amplo movi mento de mudana, fomentando o flores cimento de uma sociedade mais saudvel, justa, harmoniosa e sustentvel. Para ver o contedo disponvel online, necessrio instalar no seu smartphone um aplicativo que faa a leitura do cdigo QR. Existem vrios leitores de cdigo QR disponveis gratuitamente nas lojas de aplicativos. 7. 8 1.1 O papel dos pequenos negcios no desenvolvimento econmico local 14 Estratgias Nacionais, Aes Locais 12 2.1 Gesto com viso de longo prazo: planejamento estratgico e ordenamento territorial 30 Gesto Pblica Municipal Sustentvel e apoio ao Desenvolvimento das MPEs 28 1.2 As polticas nacionais e as oportunidades de negcio no mbito local 16 2.2 Participao de pequenos negcios nos servios prestados s prefeituras: como estimular essa parceria 34 8. 9 3.1 Oportunidades de negcios na cadeia da gesto de resduos 42 MPEs e Oportunidades de Negcios Inovadores e Sustentveis 40 4.1 Pausa para a reflexo: a gesto pblica da minha cidade sustentvel? 98 Aplicao Prtica 96 3.2 Biodiversidade e negcios 74 3.3 Financiamento: atraindo investimentos para o seu negcio 90 4.2 Identificando oportunidades: como criar um negcio inovador 102 4.3 Guia do empreendedor sustentvel: o seu negcio respeita o meio ambiente? 111 9. 10 CLUDIO GEORGE MENDONA Muito se tem falado sobre sus tentabilidade e na necessidade urgente do compromisso de todos com o pla neta. Especialistas em meio ambiente e uma extensa gama de profissionais esto buscando solues para o desti no dos resduos slidos, por exemplo, ou simplesmente opinando sobre o que seria melhor para este ou aquele pas. Mas o que realmente os pases, atravs de seus governos, esto fazendo para transformar os debates em aes concretas? Trazendo essa questo para o Brasil: como os estados e municpios esto destinando os seus resduos sli dos? E qual a responsabilidade de cada um de ns nisso tudo? Todos sabem que o cuidado com o planeta individual, mas so necess rias polticas pblicas para disciplinar as formas de manter o meio ambiente vivo para o futuro. E mais: essas pol ticas devem contemplar alternativas de gerao de renda e melhoria da quali dade de vida das comunidades. Por isso, o Sebrae edita a segun da verso deste caderno de sustentabi lidade, que traz informaes qualifica das sobre oportunidades de negcios advindas dos resduos slidos, sempre com foco no desenvolvimento territo rial. uma viso pragmtica do que pode ser criado nos municpios a par tir das matrias primas que, primeira vista, seriam apenas lixo. Diretor Superintendente. Servio de Apoio s Micro e Pequenas Empresas em Mato Grosso do Sul. MARISTELA DE OLIVEIRA FRANA A discusso no mais sobre o conceito de sustenta bilidade ou sobre onde atuar, o desafio posto como agir de forma sistmica e integrada, convergindo os setores p blico e privado, instituies e sociedade civil organizada, em prol da sustentabilidade do planeta. O Sistema Sebrae tem atuado de forma articulada e organizada na promoo de um ambiente favorvel para os pequenos negcios em todo o pas. Nesse contexto, vem construindo, junto aos governos e principalmente aos municpios, aes estru turadas voltadas promoo do desenvolvimento terri torial de forma ordenada. Para tanto, o alinhamento e a implementao das polticas publicas nas trs esferas fe deral, estadual e municipal tem sido o maior desafio. Tendo a Lei Geral co mo alicerce, outras iniciativas vem sendo implementadas atravs dos programas nacio nais, a exemplo do SebraeTec e do programa Agente Local de Inovao (ALI), que tem contribudo de forma signifi cativa para que as pequenas empresas possam ser inse ridas e atendidas quando a pauta sustentabilidade. O Sebrae tem levado informaes, conhecimento e promovido o acesso inova es e novas tecnologias aos pequenos negcios brasilei ros. O objetivo maior que os negcios existentes e nascen tes possam se estruturar de formaadequada,fazendocom que empresrios e potenciais empreendedores pensem em sustentabilidade alm de sua empresa, ampliando o olhar e posicionando o seu negcio no ambiente do desenvolvi mento do seu bairro, munic pio, estado e pas. A cartilha que est em suas mos traz uma srie de informaes pertinentes ao tema, destacando todo o ar cabouo legal e colocando em pauta oportunidades de ne gcios inovadores e sustent veis, revelando a sustentabi lidade como oportunidade de gerao de novos negcios. Diretora de Operaes. Servio de Apoio s Micro e Pequenas Empresas em Mato Grosso do Sul. 10. 11 JOS GUILHERME BARBOSA RIBEIRO de fundamental im- portncia que os gestores p- blicos voltem a ateno para a eminente realidade da sus- tentabilidade e enfrentem este paradigma como uma grande oportunidade de crescimento e desenvolvimento local. Uma srie de requisitos e critrios estabelecidos pelo Tribunal de Contas da Unio convoca o poder pblico a rea- lizar um esforo conjunto com as empresas, gerando a ne- cessidade de reformulao da antiga forma de pensar a com- petitividade. A Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas e a Poltica Nacional de Resduos Slidos so exemplos prticos de que esta realidade emer- gente e improrrogvel. A partir do estabeleci- mento de um cenrio propcio, tornamo-nos aptos a diversi- ficar parcerias e fortalecer os pequenos negcios, nos apo- derando desta nobre tarefa e trabalhando por um ambiente mais justo, competitivo e for- talecido pelos valores da sus- tentabilidade. Diretor Superintendente. Servio de Apoio s Micro e Pequenas Empresas em Mato Grosso. ISMAEL GILIO O tema da sustentabili- dade alcanou uma dimenso para alm da condicionalida- de ambiental e da viabilidade econmica, incorporando, com mrito, a finalidade social. As micro e pequenas empresas, pelo seu potencial de escala e presena marcante em todo e qualquer contexto socioecon- mico, adquirem extraordinria relevncia pela capacidade de permitir a aplicao, em escala mundial, de novas tecnologias simples e padronizadas, mas eficazes no ambiente da ino- vao em produtos e servios, processos, negcios e gesto. Sem a contribuio dos peque- nos negcios, a Economia Ver- de que almejamos ser sempre incompleta. Especialista Setorial Snior. Fundo Multilateral de Investimentos, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (Fomin/BID) LEIDE GARCIA NOVAES KATAYAMA Sustentabilidade reme- te fundamentalmente gera- o de redes e parcerias. Estas, por sua vez, devem ser forma- das por pessoas conscientes de sua importncia no processo de construo de um ambiente sustentvel e igualmente com- petitivo. Este caderno uma contribuio para que cada um dos envolvidos poder pbli- co, pequeno negcio e socieda- de civil possa conscientizar- -se das suas possibilidades, tomar atitudes e iniciar o seu prprio caminho nessa busca global por um desenvolvimen- to sustentado. Diretora. Servio de Apoio s Micro e Pequenas Empresas em Mato Grosso. 11. Estratgias Nacionais, Aes Locais 12. 14 1.1 As micro e pequenas empresas possuem papel fundamental no de senvolvimento das cidades brasileiras e, consequentemente, no crescimento do prprio Brasil. A energia que movi menta e fortalece a economia local vem do empreendedor, que muitas vezes no percebe como a sua loja ou o seu restau rante de bairro pode impactar algo to complexo e distante como o PIB do pas, mas justamente por meio das peque nas iniciativas que uma comunidade, um bairro e uma cidade se desenvolvem. O crescimento nacional depende direta mente do fortalecimento local. De acordo com a pesquisa Glo bal Entrepreneurship Monitor, realizada pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP, 2011), o brasileiro considerado um dos povos com mais aptido ao pe queno negcio. Os dados revelam que 17,5% da populao entre 18 e 64 anos est envolvida com algum tipo de novo empreendimento, o que representa mais de 21 milhes de pessoas. O nico pas do mundo que supera o Brasil em nmeros absolutos de empreendedores a China, quepossuiumapopulaoquaseseisvezes maior que a nossa. Essa pesquisa foi reali zada em 2010, mesmo ano em que a eco nomia brasileira cresceu 7,5%, uma mar ca histrica. Especialistas garantem que isso no uma coincidncia: se a pequena empresa vai bem, o pas segue o ritmo. Apesar desses nmeros, ainda h muito espao para a simbiose entre empreendedorismo e setor pblico ser fortalecida, podendo atingir outros pa tamares, ainda mais elevados. No Brasil, ainda no h a cultura de tornar os pe quenos negcios os principais fornece dores das prefeituras, o que geraria um enorme volume de emprego e renda nas cidades. Quando o gestor pblico pas sar a enxergar o empreendedor como parceiro, o volume de emprego e renda nas cidades ir aumentar consideravel mente segundo o Sebrae (2006), 80% dos pequenos negcios brasileiros atuam no setor de servios e comrcio, um seg mento de grande interesse para a admi nistrao de todo municpio. Dentro desse contexto, essencial 1.1 O papel dos pequenos negcios no desenvolvimento econmico local A importncia dos pequenos negcios para a economia local inquestionvel: quanto mais o gestor pblico se aproximar do empreendedor, mais as comunidades, os municpios e o pas iro se desenvolver de maneira sustentvel 13. 15 1.1 Segundo o Ministrio do Trabalho (2009), no primeiro semestre de 2009, logo aps a crise financeira mundial de 2008, as micro e pequenas empresas brasileiras criaram 450 mil empregos, enquanto as mdias e grandes eliminaram 150 mil postos de trabalho. BOM SABER das empresas brasileiras 1 da fora de trabalho urbana do setor privado 2 Os pequenos negcios representam da massa salarial do pas 1 do PIB nacional 1 99% 51,6% 40% 25% que o Estado crie mecanismos de est mulo ao pequeno negcio. Ao facilitar o acesso ao crdito e simplificar a burocra cia, os gestores pblicos estabelecem um ambiente propcio no s para o surgi mento, mas tambm para a permann cia de novos empreendimentos no pas. Nos ltimos anos, uma srie de leis e po lticas pblicas de apoio ao empreende dor passaram a vigorar no Brasil. Algu mas especificamente direcionadas a esse pblico, como a Lei Geral da Micro e Pe quena Empresa, outras mais abrangen tes, mas com mltiplas oportunidades de negcio para o setor, como o caso da Poltica Nacional de Resduos Slidos. Veja a seguir como empresrios e gesto res pblicos podem tirar proveito desse cenrio, fortalecendo a sustentabilidade, as empresas e a economia local. Fonte 1 Sebrae e Dieese, 2011 2 Sebrae e Instituto de Economia da Unicamp, 2013 14. 16 1.1 LEI GERAL DA MICRO E PEQUENA EMPRESA Simples Nacional A Lei Geral da Micro e Pequena Empresa estabelece normas especficas para o setor. Um dos pontos fortes dessa lei est relacionado apurao e recolhi mento dos impostos e contribuies da Unio, estados e municpios mediante regime nico de arrecadao. Esse sis tema chamado de Simples Nacional. A facilidade do Simples comea na hora de acessar os benefcios do sistema: mesmo que o empresrio esteja em d bito com o INSS ou com a Fazenda ele pode dividir sua dvida em at 100 par celas mensais. Os negcios cadastrados no Sim ples ficam dispensados do pagamento das demais contribuies estabelecidas pela Unio, inclusive das contribuies para as entidades privadas de servio social. Lei Geral A Lei Geral tambm prev a faci litao do acesso ao crdito e ao merca do, dando preferncia s MPE nas aqui sies de bens e servios realizados pelas vrias instncias da gesto pblica fato que pode ser rapidamente reconhecido como uma oportunidade de negcio para os empreendedores. Alm de fomentar o pequeno negcio, essa ao cria um ci clo virtuoso de desenvolvimento local, gerando aumento de receitas pblicas, que por sua vez podero ser revertidas na melhoria dos servios pblicos e em programas sociais para a comunidade. Uma das peas centrais da Lei Geral a figura do Agente de Desen volvimento. Responsvel pela aplicao da Lei Geral na cidade, sua funo ar ticular aes que fortaleam o micro e pequeno empreendimento no seu mu nicpio de atuao. O Agente deve ser o principal interlocutor entre as autorida des municipais e o setor privado, sendo encarregado de implantar um Plano de Trabalho que siga as diretrizes da Lei Ge ral, mas que tambm v alm dela, pro pondo todo tipo de ao que estimule o 1.2 As polticas nacionais e as oportunidades de negcio no mbito local Fomentar a micro e a pequena empresa no apenas uma obrigao da gesto pblica: uma forma de fazer o pas crescer. Confira as principais ferramentas oferecidas pelo Estado para apoiar o seu negcio e o de milhes de brasileiros que apostam no empreendedorismo 15. 17 desenvolvimento local. As prefeituras de vrias cidades pequenas contam com um espao fsico chamado Sala do Empreen dedor nessa sala que o Agente de De senvolvimento trabalha, organizando, por exemplo, cursos e oficinas, muitas vezes em parceria com o prprio Sebrae. Tambm papel do Agente a formao de grupos de trabalho e a mobilizao de lideranas pblicas, privadas e comuni trias para o contnuo progresso do em preendedorismo local. POLTICA NACIONAL DE RESDUOS SLIDOS O objetivo da Poltica Nacional de Resduos Slidos (PNRS) criar me canismos que possibilitem a preveno, reduo, reutilizao, reciclagem e tra tamento dos resduos slidos em escala nacional. Dessa forma, a PNRS refora os princpios da hierarquia para gesto de resduos, um conceito que, em ordem de prioridade, segue as seguintes dire trizes: no gerao; reduo; reutiliza o; reciclagem; tratamento e disposi o final. Todos os planos e programas implantados em territrio nacional de vem seguir essa lgica, de modo a aper feioar o aproveitamento dos resduos e consequentemente diminuir o impacto ambiental das atividades humanas. A ideia que, atravs das normas impostas pela Poltica, resduos que sem pre foram encarados pela sociedade ape nas como lixo passem a ser destinados de maneira adequada, gerando uma re lao mais responsvel com o meio am biente e novas oportunidades de negcio para os setores pblico e privado, alm de fortalecer as cooperativas de recicla gem que garantem uma fonte de renda para milhares de brasileiros pas afora. O objetivo que, at 3 de agosto de 2014, o Brasil no tenha mais nenhum depsito de lixo a cu aberto o lixo dever ser extinto do pas, como smbolo de uma nova fase de gesto racional de resduos. Para se enquadrar como microempresa, a receita bruta no pode ser maior que R$ 360 mil/ano. J no caso de pequenas empresas, esse valor tem que ficar entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhes/ano. O Microempreendedor Individual (MEI) tambm pode se beneficiar da desburocratizao oferecida pelo Simples: essa categoria vlida para empresrios cuja receita bruta no ultrapasse R$ 60 mil/ano. BOM SABER Lei Geral da Micro e Pequena Empresa Muitos gestores pblicos e empreendedores ainda desconhecem grande parte dos benefcios da Lei Geral. Em abril de 2013, seis meses aps a lei entrar em vigor, somente 850 das mais de cinco mil cidades brasileiras haviam se enquadrado nas normas legais, ou seja, passaram a priorizar os pequenos negcios nas compras pblicas e contratos de parceria. Essa falta de informao acaba prejudicando o empreendedor e o municpio como um todo: quando o prefeito escolhe comprar de uma empresa de fora, a riqueza vai embora e perde-se uma oportunidade de dinamizar a economia local. Um dos captulos da lei diz que licitaes municipais de at R$ 80 mil devem ser concedidas exclusivamente a pequenos negcios, alm de 30% de participao nos contratos firmados entre prefeitura e grandes empresas, que costumam gerar subcontrataes. Para se ter uma ideia do tamanho do mercado a ser explorado, o Ministrio do Planejamento estima um total de R$ 400 bilhes gastos todo ano em compras pblicas atualmente, apenas R$ 15 bilhes so direcionados s empresas de pequeno porte. 1.2 DE OLHO NA OPORTUNIDADE 16. 18 1.2 Catadores A integrao dos catadores de ma teriais reciclveis est listada como um dos princpios da lei. O objetivo pos sibilitar a emancipao econmica des se grupo, que costuma ser formado por pessoas de baixa renda. O poder pblico poder instituir linhas de financiamento para suprir a demanda de novas asso ciaes de catadores e o fortalecimento das j existentes a cidade que investir na coleta seletiva atravs do estmulo aos catadores ser priorizada na hora de acessar os recursos pblicos. Em uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geo grafia e Estatstica (IBGE, 2011), gesto res pblicos de 30% das cidades brasilei ras afirmaram que sabem da existncia de cooperativas de catadores em seus municpios, mas s 15% das prefeituras realizam uma parceria formal com essas organizaes. Uma das propostas da lei justamente reverter esse quadro. Coleta seletiva Com a lei, a coleta seletiva passa a ser obrigatria. As prefeituras deveriam ter encaminhado seus planejamentos at agosto de 2012 o municpio que no aprovou seu plano dentro desse pra zo ainda pode prepar-lo, sob o risco de ficar impossibilitado de solicitar recur sos federais para a limpeza urbana. Sem a coleta seletiva, a recicla gem fica inviabilizada e uma quantida de enorme de resduos que poderia no vamente se tornar matria-prima acaba indo parar nos lixes. A coleta seletiva o primeiro passo para a implementao da logstica reversa. DEIXAR DE REALIZAR A COLETA SELETIVA E A LOGSTICA REVERSA NO IMPLICA APENAS EM SANES OU DESRESPEITO AO MEIO AMBIENTE: SIGNIFICA QUE O EMPREENDEDOR E O GESTOR PBLICO ESTO DESPERDIANDO DINHEIRO At 2020, o Brasil dever ter toda a es trutura necessria para destinar adequa damente qualquer resduo slido. Consrcios Intermunicipais De acordo com a lei, o governo es tadual deve incentivar a criao de con srcios intermunicipais. Como o Brasil tem mais de 5.500 municpios a maio ria de pequeno porte muitos no tero condies estruturais de cumprir as exi gncias, fazendo com que parcerias entre as cidades se tornem a opo mais vivel: quanto mais gente atendida, menor o gasto com instalao e manuteno de estruturas fixas. Outra vantagem que solues consorciadas tero prioridade na hora de obter recursos federais. Coleta seletiva por regio 5,1% 6,0% 7,1% BRASIL 19,2% 25,9% 41,3% Fonte IBGE, 2012 17. 19 1.2 Logstica reversa Quando o assunto gesto de resduos slidos, um dos mtodos mais aceitos pelos especialistas e incentivados pelos gestores pblicos a chamada lo gstica reversa. A ideia bsica desse con ceito transformar a tradicional lgica matria-prima fabricante vendedor consumidor descarte em um sis tema circular que, ao chegar ltima etapa, volte para o incio, ou seja, para a indstria. O melhor exemplo de su cesso de logstica reversa a reciclagem de latinhas de alumnio no Brasil. Uma pesquisa feita pela Associao Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reci clabilidade (Abralatas, 2012) revelou que, em 2012, mais de 267 mil tonela das de latas foram recicladas. Esse n mero significa que 97,9% das latas em circulao no pas foram reaproveitadas de mero descarte se tornaram mat ria-prima novamente. De acordo com a Poltica Nacio nal de Resduos Slidos, empresas e po der pblico devem realizar um esforo conjunto para que a cadeia da logstica reversa seja implementada com sucesso. Dependendo do produto fabricado ou comercializado, o empresrio deve pro mover a logstica reversa sem o auxlio do Estado. o caso de agrotxicos e suas embalagens e resduos, pilhas e baterias, pneus, lmpadas fluorescentes e produ tos eletroeletrnicos. Todos os partici pantes dos sistemas de logstica reversa devero fornecer ao rgo municipal competente informaes e atualizaes sobre as aes que esto sendo realizadas rotineiramente. Em ltima anlise, dei xar de realizar a coleta seletiva e a logs tica reversa no implica apenas em san es ou desrespeito ao meio ambiente: significa que o empreendedor e o gestor pblico esto desperdiando dinheiro. Plano Municipal de Gesto Integrada de Resduos Slidos As autoridades pblicas devem elaborar um planejamento detalhando como iro gerir os resduos slidos pro duzidos em sua cidade. A PNRS servir como eixo estru turante na elaborao de Planos Muni cipais que, por sua vez, orientaro a apli cao da Poltica a nvel municipal. Cada Plano ser elaborado a partir de um diag das latinhas de alumnio foram recicladas no Brasil em 201297,9% O Plano Municipal de Gesto Integrada para municpios com menos de 20 mil habitantes poder ser mais simples do que nas demais cidades. FIQUE LIGADO Gestores pblicos de 30% dos municpios sabem da existncia de cooperativas Apenas 15% das prefeituras realizam parcerias Fonte IBGE, 2011 Fonte Abralatas, 2012 18. 20 nstico com a identificao dos princi pais atores e atividades, alm de proje o de metas nas atividades de gesto, tratamento, coleta, reciclagem e dispo sio final de resduos slidos urbanos (RSU), industriais (RSI), hospitalares (RSS), eletroeletrnicos (REEE) e de construo e demolio (RCD). Dentre todos os aspectos que tm de ser contemplados pelo plano, alguns devem ser destacados: D diagnstico sobre volume, caracteri zao e destinao ambientalmente adequada dos resduos gerados no municpio; D indicadores de desempenho opera cional e ambiental dos servios p blicos de limpeza urbana e de mane jo de resduos slidos; D regras para o transporte e outras eta pas do gerenciamento de resduos slidos; D programas e aes de educao am biental para cooperativas, associaes e tambm para o pblico em geral; D mecanismos para a criao de neg cios, emprego e renda por meio da valorizao dos resduos slidos; D metas de reduo, reutilizao, cole ta seletiva e reciclagem tendo como objetivo a diminuio no volume de rejeitos encaminhados para disposi o final, ainda que essa seja am bientalmente adequada; D definio dos limites da participa o do poder pblico local na coleta seletiva e na logstica reversa. De acordo com o texto da lei, percebe-se que o governo brasileiro est abordando o universo dos resduos com uma perspectiva empreendedora. Muito mais do que meras obrigaes, cada um dos itens mencionados pode ser explorado em termos de oportu nidades de negcios para o fortaleci mento dos municpios. Ao longo deste caderno, veremos dicas e casos de su cesso demonstrando caminhos para aproveitar de maneira produtiva as novas regras impostas pela lei. Para um municpio organizar seu Plano Municipal de Gesto Inte grada de Resduos Slidos (PMGIRS) recomenda-se a criao de dois f Voc sabe o que responsabilidade compartilhada, princpio do poluidor pagador e responsabilidade estendida? 1.2 A PNRS define trs metas principais: reduo no uso de recursos, valorizao dos recursos materiais ps-consumo e destinao correta dos materiais aps reutilizao. A responsabilidade compartilhada foi a forma encontrada de dizer que todo mundo tem que participar: setor pblico, empresas privadas e sociedade civil devem realizar um esforo conjunto para atingir esses objetivos. Com a ideia do poluidor pagador foi possvel perceber que todos so responsveis pela forma que os recursos so empregados e os resduos destinados, o que no quer dizer que todos devem pagar a mesma quantia. Grandes geradores, ou grandes indstrias produtoras de bens de consumo (como embalagens plsticas e de papel, potes de vidro, garrafas de gua, latas de alumnio, entre outros), tm um papel diferenciado. A responsabilidade estendida, tambm chamada de responsabilidade ps-consumo, diz que fabricantes, distribuidores e comerciantes tm de se responsabilizar pelo destino dos produtos que fabricam, mesmo depois dos artigos j terem sido adquiridos pelo consumidor. Isto quer dizer que eles devero construir e informar o melhor caminho para o descarte do produto consumido. As empresas no faro este trabalho de maneira isolada, mas sim por meio de acordos setoriais, se aproximando de outros empreendimentos que atuam no mesmo segmento. Os setores contemplados pela PNRS so: embalagens plsticas, garrafas de vidro, medicamentos, eletroeletrnicos, pilhas e baterias, embalagens de agrotxicos, pneus, embalagens de leo lubrificante, lmpadas fluorescentes, embalagens de higiene pessoal, perfumaria e cosmticos e materiais de limpeza. 19. 21 runs: o Comit Diretor e o Grupo de Sustentao. O primeiro deve ser repre sentado pelos principais gestores e tc nicos dos rgos municipais envolvidos no tema eles iro coordenar a elabora o do Plano, alm de divulgar informa es sobre o andamento dos trabalhos e viabilizar os espaos para a realizao das reunies. J o Grupo de Sustentao tem a funo de garantir o debate com a participao de todos os envolvidos du rante os encontros, contribuindo para a efetivao do Plano Municipal. O Grupo deve contar com representantes da so ciedade civil e de segmentos relaciona dos aos resduos slidos. A elaborao de um diagnstico dos cenrios futuros, a definio de dire trizes e o estabelecimento de metas, pro gramas e recursos necessrios so fato Tipos de resduos TIPO ORIGEM Resduos domiciliares Atividades domsticas em residncias urbanas Resduos de limpeza urbana Varrio, limpeza de vias pblicas e outros servios de limpeza urbana Resduos slidos urbanos Resduos domiciliares e de limpeza urbana Resduos industriais Processos produtivos e instalaes industriais Resduos de servios de sade Servios de sade Resduos da construo civil Construes, reformas, reparos e demolies de obras de construo, includos os resultantes da preparao de terrenos Resduos agrossilvopastoris Atividades agropecurias e silviculturais (cultivo de madeira), includos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades Resduos de servios de transportes Portos, aeroportos, terminais alfandegrios, rodovirios, ferrovirios e passagens de fronteira Resduos de minerao Atividade de pesquisa, extrao ou beneficiamento de minrios 1.2 res essenciais na hora do gestor pblico preparar o Plano Municipal de Gesto Integrada de Resduos Slidos. Uma boa referncia para esse tema a carti lha do ICLEI Brasil, Planos de Gesto de Resduos Slidos: Manual de Orien tao Apoiando a Implementao da Poltica Nacional de Resduos Slidos: do Nacional ao Local. Plano de Gerenciamento de Resduos Slidos para Micro e Pequenas Empresas Assim como o gestor pblico tem uma srie de obrigaes, o mesmo acontece com o empresrio. Ele tem de apresentar um plano de gerencia mento de resduos slidos, explicando como a empresa ir lidar com os diver sos tipos de resduos gerados em sua cadeia produtiva. No caso da micro e pequena empresa, esse relatrio no obrigatrio, a no ser que as opera es envolvam a gerao de resduos perigosos, ou seja: material inflamvel, corrosivo, reativo ou txico o suficiente para colocar em risco a sade pblica ou a qualidade ambiental. Apesar de no ser obrigatrio, recomendvel que o empresrio realize esse diagns tico junto a uma consultoria ambien tal, de modo a detectar processos que estejam contribuindo para a degrada o do meio ambiente. Aindaqueoempresrionotenha umplanodegerenciamentoderesduos, ele no poder descartar seus resduos de qualquer maneira. Uma boa dica entrar em contato com a associao responsvel pelo setor do seu negcio, descobrir se eles tm um plano de ge renciamento estabelecido e como seu empreendimento poderia se encaixar nesse cenrio. Conversar com empre sas recicladoras e cooperativas de cata dores de materiais reciclveis tambm uma opo, mas preciso averiguar se eles tm as licenas ambientais ne cessrias e se operam com o tipo de re sduo descartado pela sua empresa. Uma alternativa interessante entrar em contato com o Sebrae e buscar uma consultoria atravs do Programa Sebraetec, que permite que Cartilha Gesto de Resduos Slidos 20. 22 1.2 produtores rurais e micro e pequenas empresas de qualquer segmento te nham acesso subsidiado a servios de inovao e tecnologia. O Plano de Ge renciamento de Resduos Slidos, por exemplo, pode ser elaborado por um es pecialista com subsdio de at 80% se o Sebraetec estiver envolvido. PLANO NACIONAL DE SANEAMENTO BSICO O objetivo do Plano Nacional de Saneamento que, entre 2014 e 2030, sejam investidos mais de R$ 508 bi lhes em obras de abastecimento de gua potvel, coleta e tratamento de esgoto, aes de drenagem e limpeza urbana no Brasil. A ideia que o Plano foque nas reas ocupadas por popula es de baixa renda. Assim como a Poltica Nacional de Resduos Slidos, o Plano Nacional de Saneamento Bsico aposta no fim dos lixes a cu aberto, alm de pro curar garantir acesso universal gua potvel e extinguir os esgotos sem tra tamento o escoamento de esgotos no meio ambiente, uma das grandes fontes de contaminao de rios e crregos, no ser mais permitido. Os servios previstos no Plano tambm devem vislumbrar a salubri dade ambiental das populaes rurais e de pequenos ncleos urbanos isolados, bem como a dos povos indgenas e ou tras populaes tradicionais, trazendo solues compatveis com suas caracte rsticas socioculturais. Em relao ao abastecimento de gua potvel, a previso que todas as reas urbanas sejam beneficiadas at 2023. J na rea de coleta e trata mento de esgoto, a meta que nos pr ximos 20 anos 93% das cidades sejam atendidas. A ideia que o conjunto de processos que compem o conceito de saneamento bsico abastecimento de gua, esgotamento sanitrio, limpeza urbana e manejo dos resduos slidos seja realizado de forma adequada no s sade pblica, mas tambm ao pr prio meio ambiente. Tendo em vista os nmeros do Brasil, essa uma rea que tem muito a avanar: hoje em dia, 33% da populao brasileira no tem acesso gua de qualidade e s metade das ci dades do pas trata o esgoto , segundo dados do Plano Nacional de Saneamen to Bsico (2013). Para o gestor pblico e os empre endedores com viso de oportunidade, esse cenrio que pode parecer desolador ao olhar comum oferece nichos promis sores para o desenvolvimento de novos servios e negcios. Cada vez mais, no Brasil e no mundo, esto sendo cria das solues inovadoras para os desa fios do saneamento bsico, atendendo a questes bsicas de sade pblica, respeitando o meio ambiente e para fechar a conta gerando receita para seus investidores. da populao brasileira no tem acesso gua potvel33% Veja alguns cases no captulo 2.2 Para algumas cidades, o PMGIRS pode estar inserido no plano de saneamento bsico. O municpio no precisa realizar um novo documento, s aproveitar o plano de saneamento bsico j elaborado e fazer as devidas alteraes. BOM SABER Fonte Plano Nacional de Saneamento Bsico, 2013 21. 23 1.2 Ambiente. As Unidades de Conservao (UCs) so reas de proteo ambiental designadas pelo poder pblico seja ele municipal, estadual ou federal para ga rantir a preservao da biodiversidade brasileira. O Sistema Nacional de Unida des de Conservao (SNUC) foi concebi do para fortalecer as UCs, fomentando e regulamentando a interao entre socie dade civil, Estado e meio ambiente. As Unidades de Conservao so divididas em dois grupos: as de proteo integral e as de uso sustentvel. Como o prprio nome diz, as reas de proteo integral so destinadas principalmente preser vao da natureza, enquanto as de uso sustentvel permitem o estabelecimento de atividades econmicas e produtivas associadas conservao do meio am biente. Apesar deste caderno ter seu foco em oportunidades de negcios, devemos abordar tambm as reas de proteo in tegral, j que elas podem ser utilizadas POLTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE A Poltica Nacional do Meio Am biente (PNMA) foi criada para garantir uma relao harmoniosa entre desen volvimento socioeconmico e equilbrio ecolgico. A partir desse objetivo prin cipal, os rgos pblicos definem re as prioritrias de ao governamental, estabelecem critrios e padres de qua lidade ambiental e normas relativas ao uso e manejo de recursos naturais. O desenvolvimento de pesquisas e de tec nologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais tambm uma das prioridades, assim como a di fuso das tecnologias de manejo do meio ambiente, a divulgao de dados e infor maes ambientais e a formao de uma conscincia pblica a partir de aes de educao ambiental. Qualquer iniciativa pblica ou privada que explore ou apresente poss veis riscos ao meio ambiente deve seguir as diretrizes da PNMA. Se o empreendi mento poluidor no recuperar ou indeni zar os danos causados, ele estar sujeito a penalidades administrativas (multas, perda de benefcios fiscais, suspenso de linhas de financiamento) ou criminais (recluso de at trs anos). Alm dos j citados, os principais componentes da PNMA so: a definio de padres de qualidade ambiental; o fo mento produo e instalao de equi pamentos que preservem essa qualidade; o zoneamento ambiental; e o licencia mento de atividades poluidoras. Sistema Nacional de Unidades de Conservao A criao de espaos territoriais protegidos pelo Estado foi uma das es tratgias da Poltica Nacional do Meio O SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAO FOI CRIADO PARA CONSERVAR A RIQUEZA NATURAL BRASILEIRA E ORIENTAR SEU USO SUSTENTVEL, GERANDO INMERAS OPORTUNIDADES PARA NEGCIOS INOVADORES A PNMA obriga toda empresa potencialmente poluidora a registrar suas atividades no Cadastro Tcnico Federal que, atravs do Ibama, rene atividades e instrumentos de defesa ambiental. FIQUE LIGADO 22. 24 1.2 Unidades de Proteo Integral CATEGORIA OBJETIVO USO Estaes Ecolgicas Preservao e pesquisa Visitao pblica com objetivos educacionais, alm de pesquisas cientficas Reservas Biolgicas (REBIO) Preservao animal e vegetal, sem interferncias e modificaes ambientais Visitao pblica com objetivos educacionais, alm de pesquisas cientficas Parque Nacional (PARNA) Preservao de ambiente natural com grande relevncia ecolgica e beleza natural Desenvolvimento de atividades de educao e interpretao ambiental, recreao em contato com a natureza e turismo ecolgico, alm de pesquisas cientficas Monumentos Naturais Preservao de stios naturais raros, singulares ou de grande beleza natural Visitao pblica Refgios de Vida Silvestre Proteger ambientes naturais e assegurar a existncia ou reproduo da flora ou fauna Visitao pblica com objetivos educacionais, alm de pesquisas cientficas rea de Proteo Ambiental (APA) Proteo biodiversidade, regulando o processo de ocupao e assegurando a sustentabilidade do uso dos recursos naturais A propriedade privada deve se atentar s normas e restries estabelecidas rea de Relevante Interesse Ecolgico (ARIE) Proteo do ambiente natural e regulao do uso dessas reas A propriedade privada deve respeitar os limites constitucionais, normas e restries para a sua utilizao Floresta Nacional (FLONA) Utilizao sustentvel dos recursos florestais para a pesquisa cientfica, com nfase em mtodos para explorao sustentvel de florestas nativas Visitao pblica com objetivos educacionais e pesquisas cientficas Reserva Extrativista (RESEX) Proteo das formas de subsistncia e cultura das populaes extrativistas tradicionais Visitao, extrativismo vegetal, agricultura de subsistncia e criao de animais de pequeno porte Reserva de Fauna (REFAU) Preservao das populaes animais de espcies nativas, terrestres ou aquticas Pesquisas cientficas Reserva de Desenvolvimento Sustentvel (RDS) Preservao da natureza, assegurando as condies necessrias para a reproduo e melhoria dos modos e da qualidade de vida das populaes tradicionais Explorao sustentvel, visitao e pesquisas cientficas Reserva Particular do Patrimnio Natural (RPPN) Conservao da diversidade biolgica Visitao pblica, turismo e pesquisas cientficas 23. 25 para atividades educativas e so um ex celente ativo quando pensamos em em preendimentos no setor do turismo. Ao longo deste caderno, veremos como esses recursos da biodiversidade brasileira podem ser vistos como ex celentes oportunidades de negcios empreendimentos que so bons no s para o bolso, mas tambm para as futu ras geraes. POLTICA NACIONAL DA BIODIVERSIDADE (PNB) Em uma pesquisa feita pelo Mi nistrio do Meio Ambiente (2008), constatou-se que o Brasil conta com mais de 70 espcies de mamferos amea ados de extino e outras 100 espcies de aves se encontram na mesma situa o. A Mata Atlntica, uma das reas flo restais com maior riqueza de biodiversi dade da Terra, teve 91% de seu territrio original dizimado, conforme divulgado na pesquisa realizada pelo Instituto Na cional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Fundao SOS Mata Atlntica (2012). A Floresta Amaznica, segundo o IBGE (2010), por enquanto j teve 15% de sua rea diminuda. Os exemplos de uso precrio dos recursos naturais no so poucos e o avano industrial aponta do como o principal protagonista desse cenrio. nesse contexto que a Poltica Nacional da Biodiversidade (PNB) sur ge. A proposta da Poltica mostrar que a diversidade biolgica tem importncia real independente do valor atribudo pelo homem, ao mesmo tempo em que a erradicao da pobreza passa pela con servao da biodiversidade. A lei diz que todos tm direito 1.2 a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, fazendo com que seja de ver do poder pblico e da sociedade civil preserv-lo para as presentes e futuras geraes. Nenhum ecossistema poder ser administrado acima dos seus limites de funcionamento, seja em relao ao manejo dos solos, das guas ou dos re cursos biolgicos A importncia da relao entre biodiversidade e setor privado citada vrias vezes ao longo do texto da PNB. obrigao do poder pblico criar e fortalecer mecanismos de incentivo para empresas privadas que desenvol vem projetos de conservao de espcies ameaadas e que utilizem os recursos naturais de forma sustentvel. A inte rao entre agentes da Poltica Nacional da Biodiversidade e empresrios tam bm deve ser fomentada, a fim de iden tificar novas oportunidades de negcio para o empreendedor. LEI DE GESTO DE FLORESTAS PBLICAS O Brasil um dos pases com mais florestas em todo o mundo. De acordo com o Servio Florestal Brasilei ro (2013), so 463 milhes de hectares de rea florestal, o que representa cer ca de 54% do territrio nacional. Para preservar a incomensurvel riqueza de recursos desse patrimnio, uma srie de aes vem sendo tomada pelo poder p blico, com destaque para a Lei de Gesto de Florestas Pblicas, criada em 2006. A lei traz uma srie de princpios norteadores que orientam como deve ser feita a gesto e uso das florestas brasilei ras, sejam elas naturais ou cultivadas, na O contrato de concesso no inclui acesso ao patrimnio gentico, comercializao de crditos de carbono, explorao dos recursos hdricos, minerais, pesqueiros ou de fauna silvestre. A terra continua sendo do governo durante todo o perodo da concesso, sendo permitido apenas o direito de realizar o manejo orestal na rea. BOM SABER 24. 26 Amaznia ou em outras regies. Dentre esses princpios, destaca-se o objetivo de conservar a floresta, respeitar as co munidades tradicionais que l vivem, o apoio pesquisa e o fomento s ativida des produtivas que contribuam para a manuteno da floresta. Em uma das modalidades de ges to permitidas pela lei, a explorao da floresta pode ser feita pelo setor privado. Para decidir quem vai usar uma deter minada floresta, feita uma licitao. Quem oferecer ao mesmo tempo a me lhor proposta tcnica considerando as pectos ambientais, sociais, de eficincia e de agregao de valor -, assim como o melhor preo, ser o selecionado. Peque nas, mdias e grandes empresas, coope rativas e comunidades podem participar A servio da floresta Criado no contexto da poltica de concesses florestais, o Servio Florestal Brasileiro (SFB) o principal rgo de gerenciamento de florestas pblicas no Brasil. Ligado ao Ministrio do Meio Ambiente, sua meta conciliar uso e conservao dos recursos naturais de reas florestais. O SFB responsvel pela concesso de florestas pblicas, oferecendo a possibilidade do empreendedor extrair madeira e produtos no madeireiros, alm de oferecer servios de turismo, sempre de maneira regularizada e sustentvel. A ideia que a rea concedida gere empregos para a comunidade local e tambm oferea produtos de qualidade populao, com a garantia que o meio ambiente no foi explorado de maneira precria durante o processo. 1.2 AS PROPOSTAS DE UTILIZAO DA FLORESTA DEVEM PROVAR QUE OS RECURSOS PODEM SER UTILIZADOS POR TEMPO INDETERMINADO, OU SEJA, QUE SO SUSTENTVEIS das licitaes. Um ponto fundamental que as propostas de utilizao da floresta devem provar que os recursos vo poder ser utilizados por tempo indeterminado, ou seja, que so sustentveis. Quem quiser empreender na flo resta dever apresentar tambm o cha mado Plano de Manejo Florestal Sus tentvel (PMFS), um documento que detalha os procedimentos da empresa no que diz respeito obteno de benef cios econmicos de maneira sustentvel naquela rea florestal. A obrigatoriedade do PMFS vantajosa no apenas para a fauna e flora locais os recursos so mais bem aproveitados, a atividade se torna mais rentvel e o risco de acontecer um acidente de trabalho diminui, ou seja: o empreendedor tambm sai ganhando quando o meio ambiente respeitado. O Governo Federal definiu trs formas de compensao para o empre endimento que utiliza o manejo de flo restas pblicas como fonte de renda: imposto sobre o faturamento, taxa nica de acesso e imposto sobre o lucro. Parte do dinheiro arrecadado vai para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal, que deve direcionar seus recursos para o aprimoramento das atividades florestais sustentveis no Brasil e para a promoo de inovao tecnolgica na rea. Licitao um tipo de concorrncia para ver quem oferece as melhores vantagens para o uso da floresta 25. Gesto Pblica Municipal Sustentvel e apoio ao Desenvolvimento das MPEs 26. 30 Uma gesto municipal sustentvel no pode acontecer de maneira isolada a prefeitura precisa encontrar solues que estejam em harmonia com diretrizes e estratgias da esfera nacional, estadual e com outros municpios de seu territrio. Se o desenvolvimento econmico de uma cidade prejudica os habitantes do muni- cpio vizinho, o crescimento no susten- tvel e deve ser repensado. Planejamento com viso territorial e de longo prazo so instrumentos essenciais para uma gesto eficiente e sustentvel. Apesar da existncia de uma srie de procedimentos e instrumentos para o planejamento territorial e de longo prazo na gesto pblica municipal, essa prtica ainda incomum nas cidades brasileiras. A criao e o devido cumprimento do Pla- no Diretor, do permetro urbano e do zo- neamento do territrio ferramentas que sero detalhadas a seguir so suficientes para otimizar a ocupao do solo, mas a falta de informao ainda um empecilho, fazendo com que a ausncia de critrios de ordenamento causem problemas dif- ceis de serem revertidos. Exemplo disso a situao habitacional atual em diversos municpios brasileiros. A ausncia de uma gesto planejada e atuante permite a ocor- rncia de loteamentos irregulares, uma imagem recorrente nas paisagens urbanas do Brasil. As consequncias da falta de pla- nejamento se refletem na distoro do cha- mado permetro urbano, fazendo com que as reas delimitadas pelos municpios se- jam ultrapassadas indiscriminadamente. Para evitar o crescimento desordena- do e criar condies para que o municpio se desenvolva em bases sustentveis, o uso de instrumentos de planejamento com viso de longo prazo essencial. Algumas dessas ferramentas so bastante conhecidas, mas pouco usadas na prtica do dia a dia da ges- to. hora de revisar os planos e avaliar: estamos crescendo de forma sustentvel? PLANO DIRETOR O Plano Diretor uma lei munici- pal que estabelece diretrizes para a organi- zao do espao fsico da cidade, definindo 2.1Gesto com viso de longo prazo: planejamento estratgico e ordenamento territorial Administrar a ocupao e a expanso de uma zona urbana no tarefa fcil. Veja as ferramentas que a legislao brasileira oferece para que o gestor pblico possa garantir que a populao da sua cidade viva bem e em harmonia com o meio ambiente 27. 31 2.1 parmetros para o crescimento e funcio- namento tanto da rea urbana quanto da rea rural do municpio. Esse planeja- mento deve ser coordenado pela prefei- tura, mas no de responsabilidade ex- clusiva dela. Toda a sociedade civil deve participar, j que o Plano deve respeitar as necessidades dos cidados e, em lti- ma anlise, refletir aquilo que seus mo- radores consideram como a cidade ideal. A elaborao do Plano Diretor obrigatria para todos os municpios com mais de 20 mil habitantes. Se a po- pulao inferior a esse nmero, mas a cidade pertence a uma regio metropoli- tana, uma rea de interesse turstico ou ento est realizando obras que colocam em risco o meio ambiente, o Plano tam- bm se faz necessrio. O documento pre- cisa conter as diretrizes oramentrias e o oramento anual, alm de apontar as prioridades relativas aos gastos pblicos. ESTATUTO DA CIDADE Uma das funes do Plano Diretor dizer como o Estatuto da Cidade ir fun- cionar no municpio. O Estatuto uma lei criada em 2001 para garantir que o aces- so s oportunidades oferecidas pela vida urbana seja um direito de absolutamente todas as pessoas. Combater a especulao imobiliria, criar mecanismos para que a populao de baixa renda possa viver em regies dotadas de infraestrutura e pre- venir que reas ambientalmente vulner- veis sejam ocupadas so alguns dos prin- cpios bsicos da lei que criou o Estatuto da Cidade a sustentabilidade ambiental foi estabelecida como uma das diretrizes a serem seguidas na hora de elaborar e conduzir o planejamento urbano. As Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) so reas delimitadas para receber assentamentos habitacionais para a populao de baixa renda. Como esse tipo de rea prevista no Plano Diretor, h respaldo da prefeitura e os moradores no correm o risco de serem despejados. LEI DO PERMETRO URBANO A Lei do Permetro Urbano a responsvel por delimitar quais regies fazem parte da rea urbana e quais fa- zem parte da rea rural de uma cidade. Essa diviso essencial para a elabora- o de polticas pblicas que sero dire- cionadas para cada regio do municpio. O PLANO DIRETOR DEVE RESPEITAR AS NECESSIDADES DOS CIDADOS E REFLETIR AQUILO QUE SEUS MORADORES CONSIDERAM COMO A CIDADE IDEAL Com informaes sobre diretrizes oramentrias, o Plano Diretor um importante instrumento para identificar oportunidades de negcios e parcerias entre o setor pblico e privado. FIQUE LIGADO A depender da classificao da rea de acordo com a lei, as regras para alvars e licenciamento mudam. Ou seja, se o empreendedor pretende construir seu negcio na zona rural, as exigncias sero diferentes da zona urbana. Informe-se junto prefeitura da sua cidade antes de planejar o projeto. BOM SABER 28. 32 2.1 PLANEJAMENTO E ORDENAMENTO TERRITORIAL DESENVOLVIMENTO ECONMICO CONSERVAO DO MEIO AMBIENTE QUALIDADE DE VIDA CRESCIMENTO SUSTENTVEL P A R T I C I P A O P A R T I C I P A O D A S O C I E D A D E D O G O V E R N O 29. 33 Os municpios que pretendem am- pliar o seu permetro urbano aps a data de publicao da lei devem elaborar um projeto especfico. O documento precisa indicar a demarcao dos novos limites, deixando claro quais os trechos com res- tries urbanizao. A ocupao do solo tambm um ponto importante da lei, que exige que os parmetros de ocupao devem promover a diversidade de usos e contribuir para a gerao de emprego e renda, alm de auxiliar na instalao de reas para habitao de interesse social, por meio da demarcao das ZEIS e de outros instrumentos de poltica urbana. LEI DE ZONEAMENTO A Lei de Zoneamento visa otimi- zar o aproveitamento do espao pblico, dividindo a ocupao da cidade de acor- do com a finalidade de cada construo. Tradicionalmente, essa diviso era feita a partir de zonas comerciais, residen- ciais, industriais e mistas, mas hoje exis- tem outros padres de regulao. Como essa lei pode favorecer o de- senvolvimento local sustentvel em um municpio? As possibilidades so muitas e vo variar de acordo com o perfil da cidade e suas principais vocaes cultu- rais e econmicas. O zoneamento pode ser pensado, por exemplo, de maneira a integrar empreendimentos que possuem sinergias, ou seja, que atuam em conjun- to, criando polos produtivos especiais. Se o municpio possui belezas cnicas not- veis, o zoneamento pode valorizar esses ativos, criando reas de lazer que possam tambm ser exploradas comercialmente. A Poltica Nacional do Meio Am- biente instituiu a modalidade conhecida como Zoneamento Ecolgico-Econmi- co (ZEE) ou Zoneamento Ambiental, que tem como objetivo compatibilizar o desenvolvimento socioeconmico com a conservao ambiental. O ZEE esta- belece diretrizes legais para cada zona identificada, estimulando aes volta- das mitigao ou correo de impactos ambientais danosos. Esse planejamento pode ser um excelente instrumento para prefeituras interessadas em promover o desenvolvimento sustentvel em seu municpio. Por ser competncia compar- tilhada das trs esferas governamentais Unio, estados e municpios as pre- feituras devem buscar se informar sobre o andamento do ZEE de seu estado, con- tribuindo com sua construo ou uti- lizando os instrumentos j disponveis para conduzir os planos e aes estrat- gicas de desenvolvimento do municpio. Para os gestores pblicos, o ZEE um importante instrumento de pro- moo da articulao entre diferentes esferas do governo e outros atores da so- ciedade. fundamental conhecer as pos- sibilidades de dilogo institucional para fazer parcerias que possam beneficiar o municpio. Se sua cidade est localizada em rea de interesse ambiental especial, como Parques Nacionais e outras Unida- des de Conservao, ainda mais impor- tante se engajar no ZEE do estado. 2.1 O ZEE mais um canal de comunicao entre o Governo e todos os setores da sociedade, como comunidades tradicionais, grupos da sociedade civil organizada, empresas e gestores pblicos. Ele deve assegurar condies para promover a qualidade de vida da populao com desenvolvimento econmico e conservao do meio ambiente ou seja, deve ser capaz de conciliar interesses dos diferentes setores. BOM SABER Com a tendncia de descentralizao de processos administrativos trazida pela nova Poltica Nacional do Meio Ambiente, alguns municpios esto saindo na frente e elaborando seus ZEE em nvel local. Esse um sinal de que, cada vez mais, os municpios brasileiros esto assumindo as rdeas de seu desenvolvimento com viso de sustentabilidade e participao social. BOM SABER 30. 34 1.1 A cooperao entre gesto p- blica municipal e pequenos empreen- dimentos privados a receita de suces- so do desenvolvimento local. Para essa parceria dar certo, preciso conhecer e divulgar os mecanismos legais existen- tes alm de, claro, colocar o esprito empreendedor para funcionar e criar solues inditas, como esto fazendo muitas prefeituras Brasil afora. Veja as dicas deste captulo e se inspire para fa- zer a diferena em seu municpio. NEGCIO LEGAL: FORMALIZAR O PRIMEIRO PASSO A realizao de um mapeamento da informalidade no municpio um ex- celente primeiro passo. Assim que esse trabalho de pesquisa reunir dados sufi- cientes, o gestor pode promover campa- nhas pblicas de incentivo formaliza- o, aumentando a gama de pequenas empresas aptas a participarem de licita- es pblicas. A prefeitura deve promover di- versos programas de capacitao sobre criao e gesto de pequenos negcios. Quanto mais informao de qualidade for divulgada, mais empreendedores em potencial iro surgir na cidade o mes- mo vale para os gestores pblicos, que devem receber uma formao adequada para lidar com o tema. Muitos empreendedores ocupam feiras, praas e outros espaos pblicos de maneira desordenada. Cabe ao gestor pblico organizar e estruturar esses am- bientes, buscando solues criativas ao invs de medidas punitivas. INCENTIVO AO EMPREENDEDOR O acesso ao crdito deve ser facili- tado. Os gestores pblicos devem buscar parcerias com entidades representativas das micro e pequenas empresas e com as instituies bancrias a fim de identifi- 2.2Participao de pequenos negcios nos servios prestados s prefeituras: como estimular essa parceria A parceria entre prefeitura e pequenos negcios vantajosa para os dois lados. Entenda como a gesto pblica deve incentivar essa interao, mostrando ao empreendedor mecanismos que j esto previstos na lei, mas que nem todo mundo conhece 31. 35 A prefeitura de Porto Alegre (RS) encontrou uma soluo bastante eficaz para estimular a formalizao dos empreendimentos da cidade: a Linha da Pequena Empresa, um nibus que funciona como unidade mvel de atendimento. Essa oficina itinerante d informaes sobre gesto, microcrdito e licenas municipais, alm de formalizar micro e pequenos negcios na hora, ainda dentro do veculo. car as melhores opes de financiamento para o empreendedor. Um caminho in- teressante a divulgao de alternativas menos conhecidas, como as cooperativas de crdito, as instituies de microcr- dito e tambm os fundos de avais que compem as garantias juntamente com as empresas, como o Fundo de Aval s Micro e Pequenas Empresas (Fampe), as Sociedades de Garantia de Crdito (SGC) e o Fundo Garantidor de Opera- es (FGO). Algumas prefeituras isentam o pagamento de IPTU do empreendedor que usa o endereo da prpria residncia para registrar sua empresa, fazendo com que novos negcios surjam e a arrecada- o de impostos aumente a longo prazo. As prefeituras devem intermediar e fomentar a relao entre proprietrios de pequenos empreendimentos rurais e as entidades de pesquisa cientfica e tecno- lgica. A troca de conhecimentos permite que o agricultor passe a utilizar solues ecoeficientes em sua rotina de traba- lho, aumentando a sustentabilidade e as chances de crescimento de seu negcio. COMPRAS PBLICAS SUSTENTVEIS Na maioria das vezes em que a prefeitura de uma cidade precisa com- prar um produto ou um servio, ela rea liza uma licitao para selecionar seu fornecedor. Esse processo de compras pblicas pode significar mais uma opor- tunidade de negcios para o empreen- dedor, que deve ficar sempre atento s chamadas dos editais. Assim como um empresrio no pode criar um negcio sustentvel sem Para incentivar a formalidade, as prefeituras devem aderir REDESIM, um sistema online que simplifica a abertura e a legalizao das empresas. Para saber como utilizar o sistema, procure a Junta Comercial do seu estado. FIQUE LIGADO Guia do Prefeito Empreendedor Este guia do Sebrae traz uma srie de dicas e experincias de sucesso para a gesto municipal 2.2 ser extremamente criterioso com a es- colha dos fornecedores, a administrao pblica tem o dever de observar a res- ponsabilidade ambiental dos empreen- dimentos antes de concluir as compras pblicas, criando assim mais um ciclo virtuoso: as micro e pequenas empresas se tornam parceiras do setor pblico ao mesmo tempo em que a preservao do meio ambiente incentivada. A Lei Geral das MPEs criou uma srie de mecanismos para que o empre- endedor venda seus produtos e servios para a o setor pblico. Para que essas oportunidades possam ser aproveitadas, papel do municpio divulgar essas in- formaes e faz-las chegar populao. 32. 36 Os gestores devem se manter atualizados sobre as novas polticas e suas exigncias para as aquisies p- blicas. A justificativa de que produtos sustentveis so mais caros e, portan- to, menos competitivos j no encontra tanto respaldo na realidade. J est com- provado que os benefcios a longo prazo de uma cadeia produtiva sustentvel su- peram eventuais gastos maiores em um primeiro momento. Outra prova disso que at a viso geral do Governo Federal em relao ao assunto est mudando: a Poltica Nacional de Resduos Slidos exige que as compras pblicas de produ- tos como pneus, lmpadas, cartuchos de impressoras e computadores devam ser efetuadas apenas de fornecedores que promovam a logstica reversa, destinan- do seus resduos adequadamente. A compra pblica sustent- vel pode ser aplicada em praticamente qualquer necessidade do setor pblico. A aquisio de merenda para as escolas pblicas municipais um bom exemplo. Na hora de comprar os alimentos que sero utilizados na merenda, os adminis- tradores pblicos devem dar preferncia a pequenos empreendimentos locais, es- timulando o crescimento econmico da cidade e tambm gerando uma refeio de mais qualidade para as crianas, j que o produtor no dever usar agrotxi- cos em seu cultivo. O Programa Nacional de Alimentao Escolar (PNAE) solicita A cidade de Penedo (AL) um timo exemplo de como aliar o Plano Diretor da cidade com o incentivo ao pequeno negcio. Ao tombar prdios histricos, revitalizar a orla do rio So Francisco e reformar a feira livre local, a prefeitura aumentou o potencial turstico do municpio, alavancando diversos empreendimentos de pequeno porte na regio e aquecendo a economia local. 2.2 Compras Governamentais Essa cartilha do Sebrae ensina os caminhos para se informar sobre editais e licitaes, alm de dar dicas de como se habilitar para ser fornecedor da prefeitura de sua cidade PARA CONDUZIR O PROCESSO DE UMA LICITAO PBLICA, O GESTOR MUNICIPAL OBSERVA UMA SRIE DE CRITRIOS. NO APENAS A QUALIDADE DA PROPOSTA TCNICA QUE LEVADA EM CONTA: A MENOR TARIFA, A MAIOR OFERTA DE SERVIO E A VIABILIDADE FINANCEIRA DO PROJETO TAMBM SO FATORES IMPORTANTES 33. 37 2.2 A adoo desse processo contribui para o DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL DO MUNICPIO O PLANO DIRETOR traz diretrizes oramentrias e orienta as compras pblicas As COMPRAS PBLICAS so um dos principais mecanismos de incentivo aos pequenos negcios Os EMPREENDIMENTOS LOCAIS devem observar as orientaes trazidas pelo Zoneamento Ambiental 34. 38 2.2 que as escolas das redes pblicas passem a utilizar produtos de pequenos empre- endimentos agrcolas nas merendas, es- tabelecendo que pelo menos 30% dos recursos disponibilizados aos municpios para o PNAE deva ser direcionado agri- cultura familiar, sem que haja a necessi- dade de licitao. CONCESSO E PERMISSO DA PRESTAO DE SERVIOS PBLICOS A concesso de servio pblico funciona a partir de uma lgica parecida com a das compras pblicas. A diferena est no objeto do contrato: no caso das compras, so produtos; j nas conces- ses, a gesto pblica est adquirindo um servio. Se o municpio precisa realizar uma obra, por exemplo, a prefeitura abre uma licitao para que as empreiteiras interessadas apresentem suas propostas, sendo que a empresa selecionada deve dar garantias de que tem condies de realizar o trabalho no prazo estipulado e sob as condies expostas no contrato. Para conduzir o processo de uma licitao pblica que ir contratar um servio privado, o gestor municipal ob- serva uma srie de critrios para que a concorrncia seja o mais justa possvel. No apenas a qualidade da proposta tcnica que levada em conta: a menor tarifa, a maior oferta de servio e a viabi- lidade financeira do projeto tambm so fatores importantes. Se houver igualda- de de condies, a preferncia da em- presa brasileira. PARCERIA PBLICO PRIVADA Existem duas modalidades de parceria pblico privada: a concesso pa- trocinada e a concesso administrativa. Na primeira, alm da tarifa prevista no contrato, o setor pblico deve realizar um pagamento adicional empresa, j na se- A cidade de Ponta Grossa (PR) realizou uma pesquisa com as micro e pequenas empresas do municpio para mapear a participao desses empreendimentos nas compras efetuadas pelo setor pblico. Durante o ano de 2012, R$ 470 milhes foram movimentados pelos rgos pblicos municipais, estaduais e federais na aquisio de produtos e servios oferecidos por empresas de pequeno porte de Ponta Grossa. O resultado da pesquisa revela que a esfera municipal o melhor caminho para o empreendedor que deseja se tornar parceiro dos rgos pblicos: das 140 empresas consultadas, 78% venderam para a prefeitura, enquanto os governos estaduais e federais ficaram com 35% e 24% das vendas respectivamente. Do total de empreendimentos que responderam pesquisa, 74% no mantiveram nenhum tipo de relao comercial com rgos pblicos em 2012 o principal motivo alegado foi a falta de informao sobre as licitaes, alm do fato de muitos empreendedores no acreditarem que a estrutura de seu negcio grande o suficiente para atender um cliente do setor pblico. Apesar desse receio, os nmeros comprovam que a aposta vale a pena: metade das empresas que participaram de licitaes aumentaram o faturamento e 27% ampliaram o seu quadro de funcionrios. A pesquisa faz parte do Programa Compra Ponta Grossa, que tem como objetivo articular parcerias, levantar informaes e capacitar empreendedores da regio.38 35. 39 A Prefeitura de Capito Enas (MG) vem realizando uma srie de aes para popularizar o conhecimento da Lei Geral e engajar micro e pequenos empreendimentos nas compras pblicas. Com um forte trabalho de divulgao da Lei, focado na organizao de palestras e na distribuio de cartilhas pela prefeitura, em 2011 foram gerados R$ 4 milhes para pequenos empreendimentos do municpio, que conta com apenas 14 mil habitantes. Os gestores pblicos de Capito Enas trabalham para que, no futuro, 100% dos fornecedores de produtos e servios da cidade sejam micro e pequenos empreendimentos. gunda, a administrao pblica usuria direta ou indireta do servio prestado. De acordo com a legislao brasileira, toda parceria pblico privada deve ser basea- da em um contrato de pelo menos cinco anos de durao e com um valor mnimo de R$ 20 milhes. A contratao de parcerias entre o setor pblico e privado tambm realiza- da mediante concorrncia por licitao, sendo observados aspectos tcnicos e fi- nanceiros no momento da seleo: pre- ciso garantir que as despesas criadas no afetaro as metas de resultados fiscais previstas, fazendo com que a parceria re- sulte no aumento permanente de receita ou na reduo constante da despesa. O objeto contratado deve estar previsto no plano plurianual e os con- tratos do edital devem estar disponveis para consulta pblica, sendo divulgados na imprensa oficial, em jornais de gran- de circulao e na internet. As chamadas Microalianas P blico-Privadas (Micro APPs) vm ga- nhando espao e j comeam a ser ado- tadas em algumas cidades brasileiras coleta seletiva, limpeza urbana e ges- to de resduos slidos so alguns dos segmentos que mais se encaixam nesse formato de parceria. CONSRCIO A formao de consrcios uma alternativa recorrente para empresas in- teressadas em participar de licitaes e concesses pblicas: o elevado grau de complexidade e os altos custos envolvi- dos no contrato muitas vezes exigem esse tipo de soluo. Um dos benefcios da participa- Os rgos pblicos devem exigir dos empreendimentos envolvidos a comprovao de que suas licenas ambientais esto em dia. FIQUE LIGADO 2.2 o de consrcio nos editais pblicos o aumento da competitividade entre as empresas concorrentes, j que o poder pblico ter mais opes disponveis para decidir a melhor proposta. Apesar da existncia do consrcio implicar em uma relao horizontal entre as empresas participantes, uma delas deve possuir um maior grau de liderana. A ideia no que os outros envolvidos sejam subordinados a ela, mas sim que o rgo contratante tenha uma referncia durante o desen- volvimento do projeto. Em alguns casos, o rgo contratante pode exigir que as empresas consorciadas criem um CNPJ unificado para celebrao do contrato. 36. MPEs e oportunidades de negcios inovadores e sustentveis 37. 42 No mundo todo, e em especial no Brasil, est mudando a forma como as pessoas, empresas e rgos pblicos se relacionam com aquilo que nos acos- tumamos a chamar de lixo. O univer- so dos resduos extenso e pode ser dividido em resduos slidos, efluentes lquidos e emisses atmosfricas. Os resduos slidos podem ser subdivididos e classificados conforme a tabela ao lado. O planeta d sinais de esgota- mento de recursos e preciso agir: hoje em dia consenso que o homem no pode mais simplesmente descartar es- ses materiais de forma irresponsvel. Assim como extensa a gama de resduos, so amplos os desafios do processo de gerenciamento: coleta, se- gregao, triagem, reaproveitamento e reciclagem, bem como o tratamento e a disposio eficiente e adequada dos rejeitos. Uma das ideias centrais nes- te novo cenrio pode ser resumida em uma frase: resduo oportunidade. Uma imensa parcela do que nos habituamos a descartar pode ser totalmente reaprovei- tado e reintegrado em sistemas produti- vos. A reciclagem vem ganhando espao, reduzindo a presso por matrias-pri- mas, otimizando custos de processos produtivos e abrindo novas oportunida- des de negcios antes inexploradas. Implantar sistemas de educao ambiental, separao na fonte, coleta seletiva, bem como estabelecer as ca- deias de reciclagem em todos os muni- cpios brasileiros e polos regionais deve ser uma das estratgias centrais para implementao efetiva da Poltica Na- cional de Resduos Slidos. Mas essa no a nica oportu- nidade no setor. Nesse captulo voc vai conferir como os novos requisitos da lei abrem uma srie de possibili- dades de servios que sero cada vez mais necessrios na sua cidade, regio e estado. Entenda esse cenrio e veja ideias que podem inspirar e orientar novos negcios como tambm regula- rizar e repaginar empreendimentos j existentes luz de uma nova economia de baixo carbono. 3.1 Oportunidades de negcios na cadeia da gesto de resduos Com a promulgao da nova Poltica Nacional de Resduos Slidos, oportunidades adormecidas despertam para as micro e pequenas empresas. Entenda as novas demandas e descubra como lidar com os resduos gerados e ao mesmo tempo alavancar sua empresa 38. 43 3.1 QUANTO ORIGEM Resduos slidos urbanos D Resduos domiciliares (orgnicos, reciclveis e no reciclveis/rejeitos) D Resduos de limpeza urbana D Resduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de servios Resduos dos servios pblicos de saneamento bsico Resduos industriais Resduos de servios de sade Resduos da construo civil e demolio Resduos agrossilvopastoris Resduos de servios de transportes Resduos de minerao QUANTO PERICULOSIDADE Resduos no perigosos Resduos perigosos (inertes e no inertes) Uma pesquisa da Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos Especiais (Abrelpe, 2013) revelou que cada brasileiro gera, em mdia, 1 kg de resduos slidos urbanos por dia. Segundo a ONU (2012), todos os anos, no mundo inteiro, as cidades geram 1,3 bilho de toneladas de resduos slidos. Segundo recente pesquisa da Associao Internacional de Resduos Slidos (em ingls, ISWA, 2013), apenas metade da populao atendida pela coleta desses resduos. Os nmeros do relatrio impressionam. Calcula-se que apenas a etapa de coleta demande investimentos da ordem de US$ 40 bilhes, sem contar os volumes de recursos necessrios para a reciclagem e compostagem da frao orgnica dos resduos. BOM SABER Leia mais sobre a PNRS no captulo 1.2 deste caderno 39. 44 Criao de programas de educao ambiental D Orientao para participao dos cidados em programas de coleta seletiva D Realizao de palestras para promoo do consumo consciente no dia a dia: uso inteligente da gua, vantagens dos alimentos orgnicos, incentivo ao uso de transporte pblico e bicicleta, entre vrios outros aspectos D Sensibilizao de cidados para o desenvolvimento do sentido de apropriao do homem como parte da natureza e no o contrrio D Consultoria para criao de programas especficos de educao ambiental e de Lixo Zero Para qual segmento posso oferecer esse servio? Escolas, comunidades (casas, condomnios e associaes de bairro, por exemplo), estabelecimentos comerciais, empresas e rgos pblicos. DE OLHO NA OPORTUNIDADE EDUCAOAMBIENTAL E PROGRAMAS DE LIXO ZERO A Poltica Nacional de Educao Ambiental (PNEA) e os Programas Mu- nicipais de Lixo Zero esto alinhados s diretrizes atuais da PNRS e tambm ge- ram oportunidades de negcio. A PNEA voltada promoo de aes educativas para a recuperao e preservao de recursos naturais, bus- cando incentivar o desenvolvimento e aplicao de ferramentas direcionadas conscientizao do cidado, no sentido de promover um relacionamento mais saudvel entre as aes humanas e o meio ambiente. 3.1 Em 1981, a Poltica Nacional do Meio Ambiente estabeleceu a necessidade de incluir a disciplina de educao ambiental na grade curricular das escolas brasileiras. BOM SABER 40. 45 Programas de Lixo Zero Economia de servios A gesto pblica de resduos slidos de So Francisco, cidade localizada no norte da Califrnia, nos EUA, serve de inspirao para gestores que procuram programas eficientes para tratar e destinar adequadamente o lixo de seu municpio. O eixo central do programa a diminuio da gerao de resduos a partir de estratgias de aproveitamento mximo, com a reinsero dos recursos na cadeia produtiva antes que eles se tornem rejeitos. Dessa maneira, o volume de lixo encaminhado aos aterros sanitrios reduzido, com a ambiciosa meta de gerao zero de resduos. Segundo o San Francisco Zero Waste Program (2012), a cidade j aproveita 80% dos resduos, ou seja: apenas 20% do que produzido em seu territrio vai parar em um aterro sanitrio a ideia chegar aos 100% em 2020. Os bons resultados e a proposta ambiciosa da cidade norte-americana so explicados pela estratgia de operao construda pela prefeitura municipal. A coleta, o tratamento e a destinao final dos resduos so realizados por meio de parcerias pblico-privadas, que j provaram ser a opo mais eficiente diante da complexidade do tema e das solues tecnolgicas exigidas por ele. A empresa Recology a responsvel pela coleta municipal dos resduos. Seus servios envolvem limpeza, transporte, triagem, recuperao, compostagem e gesto de aterros sanitrios. J o Clean World, outro empreendimento de gesto de resduos, opera uma usina de gerao de biogs e compostagem, funcionando como uma alternativa interessante para que donos de restaurantes e outros comerciantes possam destinar seus resduos orgnicos adequadamente, por meio da compostagem pela digesto anaerbica. O biogs gerado pela Clean World abastece a indstria automobilstica, enquanto o composto orgnico vendido para agricultores locais. Um dos diferenciais da Napa Recycling, outra empresa parceira da prefeitura de So Francisco, a reciclagem de resduos de demolio e construo civil (RDC). No Brasil, este segmento ainda incipiente, mas tudo indica que tem potencial para se converter em um mercado lucrativo nos prximos anos. Muitos especialistas afirmam que vivemos em uma sociedade guiada pela cultura do descarte. Logo que um produto comprado, ele rapidamente jogado fora, desaparecendo dos olhos do consumidor assim que o saco de lixo deixado do lado de fora da porta. Na maioria dos casos, no se sabe como o produto foi fabricado e muito menos qual ser o seu destino depois que ele foi usado. Mudar esse paradigma essencial para que a meta do Lixo Zero seja alcanada. Uma alternativa que vem ganhando forma e mobilizando cada vez mais empresas ao redor do mundo a economia de servios. Ao invs da clssica relao de compra, venda, uso e descarte dos produtos, nessa nova lgica prope-se a celebrao de contratos de prestao de servios. Um exemplo palpvel: empresas de telecomunicaes j esto se apropriando desse formato, comercializando pacotes de servio de entretenimento que incluem a instalao do televisor, segundo a marca escolhida pelo usurio. Assim que os aparelhos se tornam obsoletos, a prpria empresa os substitui, se responsabilizando pela destinao adequada dos meios que ela utiliza para distribuir os seus servios. Uma empresa norte-americana, a Interface, outro exemplo do sucesso da economia de servios. O empreendimento trabalha com carpetes e, em vez de vender o produto, passou a apostar na instalao e manuteno. Por meio de visitas peridicas aos seus clientes, a Interface detecta partes do carpete que precisam ser trocadas e o material retirado no descartado, mas reinserido como novo insumo na cadeia de produo. Assim o ciclo se fecha, j que nada perdido e os recursos so reutilizados ao mximo possvel. 3.1 41. 46 ELABORAO DE PLANOS DE GESTO E GERENCIAMENTO DE RESDUOS SLIDOS Plano Municipal de Gesto Integrada de Resduos Slidos (PMGIRS) O PMGIRS um instrumento de pla- nejamento e gesto que deve estabelecer, guiar e auxiliar a avaliao das atividades de gerenciamento de resduos slidos nos muni- cpios brasileiros. O horizonte temporal a ser considerado de pelo menos 20 anos, com a previso de revises peridicas que devem ser submetidas consultas pblicas a cada quatro anos. A elaborao do plano obriga- tria para que os municpios possam acessar os recursos federais reservados promoo da melhoria das condies de gesto de res- duos slidos no pas. A PNRS aponta diretrizes e apresenta um contedo mnimo que dever ser conside- rado na elaborao dos PMGIRS. Uma reco- mendao para os gestores municipais que sejam contratados profissionais capacitados e treinados para planejamento e elaborao participativa do estudo. O planejamento dever prever e deta- lhar metas, aes, mecanismos de controle e fiscalizao e estratgias de reduo, reutili- zao e reciclagem dos resduos. O processo de elaborao do plano dever contemplar a consulta e validao de todos os grupos so- ciais interessados, como cidados, empreen- dedores da catao informal, cooperativas e associaes de catadores, empresas de coleta e triagem de reciclveis, escolas, entre outros. O olhar da gesto pblica tambm deve focar no fortalecimento das cooperati- vas e associaes de catadores, incentivando a contratao dos catadores para operao da coleta seletiva e implementao de siste- mas de logstica reversa no municpio. Essa alternativa, alm de proporcionar soluo para uma parte dos desafios dos resduos s- lidos urbanos, ainda pode ser assumida como genuno espao de gerao e distribuio de renda a partir dos servios prestados e pro- dutos comercializados. Alguns municpios saram na frente e j comearam a elaborar o seu plano, mas muitos ainda precisam finalizar o documento. Desenvolvimento de solues consorciadas intermunicipais para a gesto de resduos slidos e elaborao do PMGIRS D Produo de diagnstico de origem, classificao e opes de destinao para os resduos D Elaborao de indicadores de desempenho operacional e ambiental dos servios de limpeza e gesto urbana D Execuo de programas de apoio s cooperativas e associaes de catadores D Elaborao de sistema de clculo de prestao dos servios pblicos de limpeza e gesto de resduos D Desenvolvimento de ferramentas para controle e fiscalizao na implementao dos planos de gerenciamento de resduos slidos e sistemas de logstica reversa no municpio Para qual segmento posso oferecer esse servio? Setores pblicos em todo o territrio nacional. DE OLHO NA OPORTUNIDADE 3.1 Depois do PMGIRS pronto, o gestor pblico deve consultar profissionais do Sistema Nacional de Informaes sobre a Gesto de Resduos Slidos (Sinir) e cadastrar sua proposta no sistema. FIQUE LIGADO 42. 47 Servios de consultoria para elaborao de Planos de Gerenciamento de Resduos Slidos D Descrio da atividade e diagnstico dos resduos gerados ou administrados, contendo a origem e caracterizao dos resduos, alm de seus respectivos impactos ambientais D Desenhar etapas e apontar responsveis pelo gerenciamento D Estabelecer medidas de monitoramento D Construir aes preventivas D Estabelecer metas e procedimentos relacionados minimizao da gerao de resduos D Prestar consultoria para o gerenciamento de resduos slidos Servios de consultoria para cadastramento e atualizao do Plano de Gerenciamento no Sinir D Cadastramento e atualizao do Plano de Gerenciamento no Sinir Para qual segmento posso oferecer esses servios? Todas as empresas produtoras de bens de consumo e geradoras de resduos slidos. Encontre em detalhes a caracterizao das empresas no captulo V do Plano de Gerenciamento de Resduos Slidos. DE OLHO NA OPORTUNIDADE Plano de Gerenciamento de Resduos Slidos A elaborao de Planos de Gerencia- mento de Resduos Slidos mais uma opor- tunidade de negcio para empreendedores. O primeiro passo entrar em contato com a Secretaria de Meio Ambiente do municpio e do estado. Uma boa fonte de informao tambm pode ser o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), que informa sobre a ne- cessidade de apresentao de Planos de Ge- renciamento por diferentes tipos de empreen- dimentos comerciais e industriais de grande porte havendo a obrigatoriedade, preciso contratar um profissional e realizar um diag- nstico e um plano de gerenciamento. O Plano dever descrever as etapas produtivas, a origem, a composio gravim- trica e os mtodos de destinao dos resdu- os, alm de medidas de aprimoramento dos processos de reduo do uso de matria-pri- ma e reutilizao de recursos. preciso iden- tificar os responsveis e outros envolvidos em cada atividade descrita no documento. Recomenda-se que as metas do Plano sejam validadas e disseminadas com todos os fun- cionrios da empresa antes da submisso aos rgos competentes e ao Sistema Nacional de Informaes sobre a Gesto dos Resduos Slidos (Sinir). 3.1 As micro e pequenas empresas tambm devem elaborar Planos de Gerenciamentos de Resduos Slidos, porm os procedimentos e contedos so simplificados. As orientaes podem ser encontradas no artigo 3 da Lei Complementar n 123, de 14 de dezembro de 2006. Consulte o Sebraetec para mais informaes sobre os Planos e eventuais subsdios oferecidos pelo programa. Para os empreendimentos e atividades que no necessitem de licenciamento ambiental, a aprovao do plano ser de responsabilidade da autoridade municipal. BOM SABER 43. 48 Consultoria para orientao, planejamento, implantao e manejo de composteiras e minhocrios D Servios de educao ambiental para sensibilizao do cidado em relao separao do resduo orgnico D Planejamento e instalao de composteiras e minhocrios em ambientes domsticos e de trabalho D Capacitao sobre as tcnicas de manejo de composteiras e minhocrios D Servios de manejo e monitoramento das composteiras e minhocrios D Comercializao de composto orgnico para floriculturas, mercados, servios de jardinagem e agricultores D Fabricao e comercializao de kits de composteira e minhocrio Para qual segmento posso oferecer esse servio? Empresas, escolas, universidades, comrcios, comunidades (casas, condomnios, associaes de bairro, entre outros) e rgos pblicos. DE OLHO NA OPORTUNIDADE 3.1 TECNOLOGIAS PARA O TRATAMENTO DE RESDUOS Orgnicos Compostagem e Vermicompostagem A PNRS valida as atividades de compostagem, citando-as como alter- nativa vivel: os gestores dos servios pblicos de limpeza urbana so os res- ponsveis pela implantao de sistemas de compostagem de resduos slidos orgnicos, devendo articular potenciais empreendedores para a utilizao do composto produzido. A compostagem o processo de decomposio natural da matria vege- tal e animal. Resduos vegetais e ani- mais (midos), como restos de alimento, podem ter o seu processo de decompo- sio acelerado se forem manejados da maneira correta. Uma das tcnicas de tratamento mais populares a vermicompostagem, na qual a decomposio da matria or- gnica se torna alimento para minhocas que vivem em um minhocrio, um dis- positivo bastante simples de ser cons- trudo. O resultado final do trabalho das minhocas o hmus que ajuda a garantir uma terra muito mais frtil e nutritiva. A ateno destinada ao mate- rial orgnico no deve ser menor que o cuidado dispensado aos materiais reci- clveis. preciso pensar na separao e destinao correta dos materiais, pro- cesso que pode ser feito at domestica- mente, por meio de recipientes especfi- cos para cada tipo de resduo, e com a instalao de sistemas de compostagem domiciliar aes que podem se conver- ter em mais uma oportunidade de neg- cio para o empreendedor brasileiro. Voc tambm pode instalar uma composteira ou um minhocrio no seu ambiente de trabalho. Alm de dar destino adequado aos seus resduos orgnicos, voc ter uma produo constante de hmus, que pode ser aproveitado em seu jardim ou na sua horta. BOM SABER 44. 49 A Organoeste, empresa de Campo Grande (MS), coleta resduos orgnicos para compostagem de indstrias de alimentao, fbricas de refrigerantes, frigorficos, restaurantes e atividades do agronegcio. O produto vendido para essas empresas o adubo orgnic