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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CÁTIA MARIA LAVERDE
O TEATRO A VAPOR, DE ARTUR AZEVEDO: EM BUSCA DA FORMAÇÃO DE
LEITORES CRÍTICOS NO SÉCULO XXI
MARINGÁ
2012
CÁTIA MARIA LAVERDE
UNIDADE DIDÁTICA: GÊNERO DRAMÁTICO
Produção Didático-Pedagógica, constituída na
forma de Unidade Didática, apresentada como
um dos requisitos do PDE - Programa de
Desenvolvimento Educacional 2012/2013,
ofertado pela Secretaria de Estado da Educação
do Paraná, em parceria com a Secretaria de
Tecnologia e Desenvolvimento.
Orientador: Profº Dr. Alexandre Villibor Flory
(UEM - Maringá/PR)
Rondon
2012
1. FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
Título: O Teatro a Vapor, de Artur Azevedo: em busca da formação de leitores críticos
no século XXI
Autor Cátia Maria Laverde
Disciplina Língua Portuguesa
Escola de
Implementação do
Projeto
Colégio Estadual “Castro Alves” - Ensino Médio
Município da escola Rondon
Núcleo Regional de
Educação
Cianorte
Professor
Orientador
Profº Dr. Alexandre Villibor Flory
Instituto de Ensino
Superior
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Relação
Interdisciplinar
História, Arte
Resumo
A proposta de estudo neste projeto aborda, prioritariamente, as
atuais práticas do ensino de literatura no ensino médio. Temos
como finalidade a formação de leitores críticos, bem como o
desenvolvimento de práticas de leitura que articulem as
experiências de vida dos alunos com o texto literário. O
projeto será desenvolvido com alunos do 3º ano do ensino
médio e apresenta uma discussão acerca de textos do gênero
dramático, pois acreditamos ser um importante recurso para a
formação de leitores, ampliando, assim, o seu horizonte de
experiências. Além disso, o gênero dramático possui natureza
múltipla: pode ser utilizado tanto para a leitura como para a
atividade cênica. Utilizaremos, especificamente, alguns
sainetes cômicos de Artur Azevedo, reunidos na série Teatro a
Vapor. Esses minidramas foram publicados em jornal entre
1906 a 1908. São textos curtos e discutem temas do cotidiano
da época. Ainda, a estrutura dialógica dos sainetes e sua
ligação com o cotidiano fazem desses textos excelentes
exercícios de leitura e interpretação de textos, pois têm
significado histórico e, também, pela sua atualização,
permitem que se discuta com os alunos se essas questões ainda
são pertinentes, ou se já estão datadas.
Palavras-chave Leitura; literatura; sainetes; Artur Azevedo
Formato do Material
Didático
Unidade Didática
Público alvo Alunos do 3º ano do Ensino Médio - período matutino
CÁTIA MARIA LAVERDE
UNIDADE DIDÁTICA: GÊNERO DRAMÁTICO
Produção Didático-Pedagógica, constituída na
forma de Unidade Didática, apresentada como
um dos requisitos do PDE - Programa de
Desenvolvimento Educacional 2012/2013,
ofertado pela Secretaria de Estado da Educação
do Paraná, em parceria com a Secretaria de
Tecnologia e Desenvolvimento.
Orientador: Profº Dr. Alexandre Villibor Flory
(UEM - Maringá/PR)
Rondon
2012
2. APRESENTAÇÃO
A justificativa para este projeto parte do princípio de que o ensino de literatura no
ensino médio não tem alcançado os principais objetivos a que se propõe: a formação de
leitores críticos, bem como o desenvolvimento de práticas de leitura que articulem as
experiências de vida dos alunos com o texto literário.
Com base nisso, pretendemos trabalhar com a literatura a partir de uma perspectiva
divergente da abordagem tradicional. Em busca da formação de leitores críticos, temos o
intuito de discutir textos literários do gênero dramático, pois acreditamos ser um recurso
importante para a formação de leitores, ampliando, assim, o seu horizonte de experiências.
Além disso, o gênero dramático possui natureza múltipla: pode ser utilizado tanto para a
leitura como para a atividade cênica. Outro aspecto diferencial é o fato do diálogo ser o meio
preferencial da escrita teatral, visto o papel reduzido de qualquer instância narrativa.
Escolhemos, para esse fim, alguns sainetes cômicos de Artur Azevedo, reunidos na série
Teatro a Vapor, devido a vários fatores. Em primeiro lugar, por ser um gênero pouco
discutido hoje nas escolas. Um segundo motivo: Artur Azevedo é um dos autores mais
importantes no final do século XIX e início do século XX; mas pouco lido e discutido nos
dias de hoje. Ele ainda foi autor de diferentes subgêneros teatrais, entre eles a comédia de
costumes, a revista de ano, a burleta, a opereta, a paródia de peças famosas, chegando até
mesmo ao drama (sem sucesso). O subgênero escolhido foi criado para ser veiculado no
jornal, o que confere mais uma dimensão importante de sua obra. Artur Azevedo publicou
esses minidramas em jornal, entre 1906 a 1908. Os sainetes são textos curtos, feitos para
serem lidos, mas possuem estrutura dramática, discutindo temas do cotidiano da cidade do
Rio de Janeiro no início do século XX.
Outros fatores que nos motivaram a trabalhar com esse gênero devem-se à centralidade
do diálogo, bem como a descrição dos elementos cômicos utilizados por Artur Azevedo na
produção desses sainetes. Além disso, os textos pedem interpretação, devido às suas
especificidades, pois ora são irônicos, enfáticos, cômicos, insinuantes, questionadores. E,
apesar dos mais de cem anos que nos afastam deles, procuraremos mostrar o quanto sua
atualidade é gritante.
Vale ressaltar, ainda, que no caso dos sainetes, o gênero dramático apresenta-se como
um híbrido, uma vez que possibilita intertexto com outros gêneros. Com a crônica, por
exemplo, pelos fatos descritos estarem relacionados com o cotidiano. Com isso, apesar dos
diálogos, os sainetes possuem estrutura narrativa – subgênero da crônica. Sua forma ligeira a
pontual também está relacionada ao jornal, um meio que se tornara decisivo no contexto
literário por conta dos folhetins, e já pressupõe novos leitores, em novas circunstâncias,
oportunizando novas formas artísticas.
Por este viés, nesta unidade didática, os minidramas de Artur Azevedo serão utilizados
como recurso pedagógico com aporte para a discussão de temas contemporâneos, bem como
para refletir sobre a complexidade das relações humanas.
3. ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
As atividades descritas nesta unidade didática serão desenvolvidas com alunos do 3º ano
do ensino médio, período matutino, do Colégio Estadual “Castro Alves” - Ensino Médio, de
acordo com as orientações contidas nas Diretrizes Curriculares Educacionais do Estado do
Paraná.
Acreditando numa concepção de literatura em perspectiva dialógica, nossa produção
tem base teórica no Método Recepcional, de Bordini & Aguiar, nos estudos de Antonio
Candido e no conceito de dialogismo de Mikhail Bakhtin.
O trabalho está pautado pelo estudo de textos do gênero dramático, mais
especificamente, os sainetes cômicos de Artur Azevedo, reunidos na série Teatro a Vapor,
produzidos no início do século XX, totalizando cento e cinco sainetes.
Pretendemos, a partir do trabalho com esses minidramas, romper com as práticas
tradicionais de leitura, fazendo com que os alunos interpretem os textos que leem. Para esse
fim, a metodologia proposta coloca o professor como mediador, apontando novas questões e
dando subsídios para aprofundá-las, sem dirigir para uma resposta única, definitiva e
inquestionável.
Com base nisso, fizemos um recorte da obra e escolhemos dez sainetes da série Teatro a
Vapor, de Artur Azevedo, com temas diversificados e passíveis de atualização.
UNIDADE 1 - A verdade (contando mentiras - 34)
UNIDADE 2 - Um cancro (o jogo dos números, conhecido como o “jogo do bicho” - 52)
UNIDADE 3 - Quero ser freira (casamento: oposição paterna ao noivo da filha - 66)
UNIDADE 4 - A escolha de um espetáculo (pobreza dos espetáculos teatrais no Rio - 70)
A fim de facilitar a localização dos sainetes, apresentamos os títulos na ordem em
que serão trabalhados e, entre parênteses, o tópico principal a que se referem, bem
como a página em que se encontram.
UNIDADE 5 - As pílulas de Hércules (pílulas de masculinidade - 88)
UNIDADE 6 - Reforma ortográfica (reforma da ortografia portuguesa - 100)
UNIDADE 7 - Economia de genro (relação sogra e genro - 106)
UNIDADE 8 - Pobres animais (a nova sociedade protetora dos animais no Rio - 118)
UNIDADE 9 - Um moço bonito (“mocinhos bonitos” que são ladrões ordinários - 122)
UNIDADE 10 - A ladroeira (aumento dos furtos no Rio - 162)
* A obra original está disponibilizada no seguinte endereço:
http://pt.scribd.com/doc/85335502/Teatro-a-Vapor-Arthur-Azevedo-OCR
No decorrer das atividades apresentaremos elementos que possibilitem aos alunos
interpretarem o texto literário a partir do seu contexto de produção; a observarem a estrutura;
a refletirem acerca da escolha dos temas, que tendem a ridicularizar ora a situação, ora as
personagens; o seu caráter popular, destinado ao grande público. Além disso, a reconhecerem
algumas das características desses sainetes:
1) Os títulos são curtos e apresentam sempre a palavra-chave do assunto tratado nos diálogos.
2) As rubricas reforçam a rapidez da cena.
3) Os assuntos retratam o cotidiano da cidade do Rio de Janeiro (capital federal da época).
4) Uso de uma linguagem coloquial, ditados populares, gírias, neologismos e até mesmo
palavrões eram permitidos nas produções, uma vez que retratavam com fidelidade os hábitos,
as linguagens e os costumes do Rio de Janeiro do início do século XX.
5) Os nomes dos personagens apresentam singularidades: quando masculino (aparece na
forma do sobrenome, se for marido); o nome feminino (pronome de tratamento “dona”
seguido do primeiro nome, se for esposa); uso do pronome de tratamento “senhorita” ou um
“apelido” carinhoso, se for filha).
6) Os personagens são construídos a partir de estereótipos, mas não de forma profunda,
denominados personagem-tipo, pois apresentam normalmente traços e características em que
a pessoa (leitor/espectador) se reconhece. Geralmente desempenham papéis sociais na vida
privada e na vida pública.
7) Os cenários (espaços dramáticos) são descritos de forma objetiva, na maioria das vezes, na
intimidade do lar de uma família comum do Rio de Janeiro.
4. ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
Procuraremos desenvolver as atividades deste projeto em três etapas, sendo que cada
unidade corresponde a um minidrama. Independentemente da metodologia e abordagem
utilizadas, serão destacadas as características pertinentes a cada um desses minidramas.
1ª ETAPA: Expositiva
Inicialmente, os alunos serão informados sobre a proposta de estudo, o desenvolvimento
do projeto e os seus objetivos.
Em seguida, a professora apresentará um texto do gênero dramático, em vídeo,
destacando as principais características desse gênero, possibilitando aos alunos, no decorrer
das atividades, relacioná-las com a produção dos sainetes cômicos de Artur Azevedo.
Além disso, será feita a construção de uma linha do tempo com
os fatos mais importantes do final do século XIX e início do século
XX. Neste momento é necessário fazer um paralelo com os
minidramas, mostrando, assim, a contribuição de Artur Azevedo para
o patrimônio cultural do país.
Para finalizar esta etapa, haverá a apresentação de um vídeo
contendo cenas e imagens que retratam o panorama histórico da
cidade do Rio de Janeiro no início do século XX, contrastando com
imagens do Rio de Janeiro nos dias de hoje (fundamental para a contextualização da obra de
Artur Azevedo, sua importância histórica e, também, na atualidade, mostrando o quanto
mudaram os costumes).
Nas etapas seguintes, a fim de desenvolver práticas de leitura e experiências, serão
disponibilizados aos alunos diversos textos de diferentes gêneros e épocas, com o objetivo de
levá-los a perceber que os textos dialogam entre si.
2ª ETAPA: Práticas de leitura e experiências
UNIDADE 1
A atividade inicial tem como objetivo contextualizar o tema do sainete A verdade com o
universo das experiências e vivências dos alunos.
Em todos os sainetes será feita a transposição da linguagem para a linguagem
atual, a fim de facilitar a compreensão dos mesmos. É importante fazer uma
releitura desses textos que foram adaptados.
http://educacao.uol.com.br/bi
ografias/artur-azevedo.jhtm
Pedir aos alunos que façam uma leitura silenciosa do texto; em seguida, uma releitura
em grupo, de forma oral, a fim de discutir algumas questões:
- os elementos constitutivos do gênero;
- as características dos personagens e sua relação com a finalidade do texto;
- a intenção (satirizar fraquezas humanas: a mentira, a hipocrisia);
- relacionar o provérbio que aparece no texto com outros provérbios que apresentam o mesmo
significado;
- comentar o final do texto.
Após a atividade, verificar as respostas dadas e, em seguida, apontar no texto
semelhanças com a estrutura narrativa.
Discutindo ainda a mesma temática, serão apresentadas aos alunos algumas charges,
levando-os a perceber a intertextualidade, os elementos implícitos e as características do
gênero.
UNIDADE 2
Os alunos deverão ser orientados para a leitura crítica do texto Um cancro, tendo em
vista desenvolver habilidades para interpretarem as informações que aparecem implícitas,
como também reconhecer os efeitos de sentido decorrentes da escolha de certas palavras ou
expressões.
Em seguida, pedir aos alunos que procurem no dicionário os possíveis sentidos para a
palavra cancro. Então, retornar às passagens do texto em que ela aparece. Esta atividade
auxilia os alunos a encontrar a resposta mais adequada, ou seja, é necessário que eles
reconheçam o sentido da palavra naquele contexto
(fortemente ligado às questões sociais).
É importante discutir o tema do minidrama (o
jogo do bicho, moralidades), fazendo um paralelo
com “outros cancros” que estão presentes hoje em
nossa sociedade. Além disso, chamar a atenção do
aluno para a prática do jogo do bicho nos dias de hoje:
o jogo financia o carnaval, a corrupção, o
contrabando, as armas, as drogas, etc.
http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/g
aleria/uploads/3/corrupto.jpg
UNIDADE 3
Leitura do minidrama Quero ser freira. A intenção é que os alunos leiam o texto e o
relacionem com suas vivências, as quais irão contribuir para a construção do sentido da
leitura.
Depois, em pequenos grupos, comentar algumas questões relacionadas ao texto:
- o assunto tratado e os valores veiculados por ele;
- os personagens e seus estereótipos;
- as palavras e expressões desconhecidas;
- as situações em que aparecem a ironia e o humor.
Ao final desta atividade, verificar as respostas dadas, relacionando o tema com o
cotidiano.
Em seguida, entregar para os alunos diferentes textos (crônicas e contos), com a mesma
temática, para que leiam e percebam os efeitos da intertextualidade.
Ao final, exibir um clip com a música “Como nossos pais”, com Elis Regina,
contextualizando-a.
UNIDADE 4
Para esta atividade foi selecionado o minidrama As pílulas de Hércules. Solicitar aos
alunos que leiam silenciosamente o texto, a fim de identificarem o tema central e o
secundário. Depois disso, comentar as respostas dadas e fazer uma releitura do texto, em voz
alta.
Promover, posteriormente, uma discussão acerca do uso da ironia, do humor e da
ambiguidade, com o intuito de que os alunos reconheçam o caráter metalinguístico do texto
literário. A partir desses elementos, propor questionamentos sobre aspectos da realidade e
também idealização da vida.
Após a discussão, pedir aos alunos que façam uma produção textual, orientando-os a
escrever um final diferente para a história lida. Em seguida, as produções devem ser lidas para
todo o grupo.
UNIDADE 5
Apresentar aos alunos o sainete Reforma Ortográfica. Inicialmente, será feita uma
leitura silenciosa, para que os alunos anotem, no texto, os termos que “sofreram” a mudança
da reforma ortográfica. É necessário explicar a eles quais os aspectos culturais que motivam a
mudança de uma língua.
Após esta atividade, encaminhar outra abordagem para a leitura do texto, uma leitura
crítica, a fim de que os alunos percebam que um dos aspectos apresentados é a atitude de
enganar alguém, fazer alguém de bobo. Ainda, que a personagem ludibriada geralmente é a
que se acha “esperta, sabichona”, e que são muito comuns esses exemplos em nosso dia a dia:
o ladrão que é roubado/o velhaco sendo trapaceado.
Outro aspecto interessante que também deve ser comentado é o uso de alguns recursos
cômicos na construção do texto:
- profissão: barbeiro;
- uso da linguagem (as personagens falam e enfatizam a grafia defendida);
- exagero na expressão “barbeiro mais sabichão que o céu cobre”;
- tema: pretensa esperteza.
Para aprofundar o assunto a respeito da reforma ortográfica, serão mostradas, em forma
de slides, as regras do atual acordo ortográfico da Língua Portuguesa no Brasil.
Disponível em: Guia_Reforma_Ortografica_CP.pdf
Além disso, apresentar tiras que retratam situações do novo acordo ortográfico, bem
como sobre o “mau uso” da Língua Portuguesa, discutindo cada situação.
http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/4/acordo2.jpg
Ao final desta unidade serão realizados alguns jogos interativos relacionados ao novo
acordo ortográfico.
Disponível em:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br//arquivos/File/2010/objetos_de_aprendizagem/PORTUGUES/quizrefor
maortografica.swf
UNIDADE 6
Leitura do sainete A escolha de um espetáculo, abordando a temática da falta de
alternativas culturais no Rio de Janeiro (especificamente, o teatro). Organizar um debate oral
que possibilite refletir sobre a falta de alternativas culturais hoje, principalmente nas pequenas
cidades. Ainda, de que forma isso afeta a vida das pessoas.
Após o debate, propor aos alunos a apresentação de uma leitura dramática desse sainete.
Aproveitar o momento para comentar com os alunos a natureza múltipla desse gênero (texto
para leitura/texto para ser encenado), na qual os leitores leem o texto interpretando os
personagens.
Para uma melhor compreensão, pode-se apresentar aos alunos uma leitura dramática
(em vídeo), destacando a importância de uma leitura dessa natureza, uma vez que envolve o
corpo (disposição da cena), o uso da voz (entonação) e o trabalho em grupo (a leitura feita
com a participação de várias pessoas).
Além disso, é importante organizar uma oficina de leitura para estudar os personagens
e, ainda, discutir como poderá ser feita a apresentação. Nesta etapa, a experiência que os
alunos trazem de casa contribui significativamente para a interpretação. Ao final, a turma será
dividida em pequenos grupos. Então, os alunos escolhem os personagens que irão interpretar,
de acordo com o perfil de cada um. Eles terão um tempo para se apropriar do texto e preparar
o cenário. A apresentação da leitura dramática será feita em sala de aula.
UNIDADE 7
Propor aos alunos que façam a leitura silenciosa do minidrama Economia de Genro,
observando o tema e a construção do enredo.
Após a leitura, dar um tempo para que eles conversem sobre o texto lido. Comentar com
a turma sobre alguns elementos importantes presentes no texto, como, por exemplo, as
semelhanças com a crônica, discutindo assuntos do cotidiano; no caso deste minidrama, a
relação conturbada entre genro/sogra. Ainda, chamar a atenção dos alunos para a atitude do
genro em relação ao estado de saúde da sogra: ele não se preocupa se ela está bem ou não;
para ele, “o ideal seria a morte dela”. Em seguida, iniciar uma discussão apontando algumas
questões.
- O genro não gostava da sogra? Havia um motivo para que ele desejasse a morte dela?
- Como a esposa reagia diante das palavras/atitudes do marido?
Levar os alunos a perceber os efeitos cômicos utilizados na construção dos personagens.
O genro é um personagem-tipo (sovina, avarento), o ‘típico genro’, no sentido pejorativo,
como aparece no texto.
Este seria o momento ideal para mostrar aos alunos como são construídos os
personagens nos minidramas de Artur Azevedo, a partir de tipos (em sua maioria),
denominados personagens-tipo, pois apresentam normalmente traços e características que a
pessoa (leitor/espectador) reconhece. Neste contexto, comentar com os alunos que a relação
genro e sogra pode suscitar o riso nas pessoas até os dias atuais, por meio de charges,
crônicas, programas de TV, piadas, entre outros gêneros.
Como entretenimento, preparar uma dinâmica. Numa caixa serão colocadas inúmeras
piadas com o mesmo tema do sainete: a relação entre genro/sogra. Antes de iniciar, fazer uma
roda de conversa para descobrir se há “contadores de piadas” na sala. Se houver, incentivar a
contar piadas para o grupo, abordando o mesmo assunto. Em seguida, realizar a dinâmica da
caixa, retirando as piadas selecionadas e apresentando-as à turma.
NOTA: É importante ressaltar que sempre houve problemas relacionados à convivência
tumultuada entre sogras/genros/noras. Entretanto, não temos a intenção aqui de criticar esse
tipo de relação, pelo contrário: desejamos apontar o preconceito contido nas avaliações
sumárias feitas de lado a lado.
UNIDADE 8
A sala será organizada em pequenos grupos. Então os alunos farão uma leitura crítica do
texto Pobres Animais.
Em seguida, abrir a discussão para o grande grupo. Esta atividade tem como objetivo
levar os alunos a interpretar o texto, como também, a identificar os elementos implícitos: o
gesto como convenção social (pertencer a uma agremiação); a incoerência entre a fala e a
ação, podendo ser expressa pelo ditado popular “Faça o que eu falo, mas não faça o que eu
faço”; o ato do Silva (animalesco) e a atitude de hipocrisia (tema básico).
Também devem ser mostradas as estratégias utilizadas para suscitar o riso: o uso de
jogos verbais (pobres animais); argumentos (“sou defensor dos animais que não me
incomodam”); o uso do corpo (chuta o cão embaixo da mesa, durante a refeição/atira num
gato que vivia no telhado).
É importante comentar com os alunos o quanto é atual o assunto que o texto nos
apresenta e, ainda hoje, é muito comum ocorrerem outras situações de maus tratos aos
animais. Inclusive, foram criadas ONGs, associações, delegacias, até mesmo leis de proteção
aos animais, entre elas - a Declaração Universal dos Direitos dos Animais - que diz: “Os
direitos do animal devem ser defendidos pela lei como os direitos do homem”. (UNESCO,
27/01/1978, Artigo 14º, capítulo II).
Disponível em: www.apasfa.org/leis/leis.shtml
Com o intuito de conscientizar a turma em defesa da proteção dos animais, trazer para a
sala recortes de notícias que apresentem relatos de maus tratos.
Pode ser citada a música “Atirei o pau no gato”, como exemplo; censurada pelos
politicamente corretos, tornou-se “Não atire o pau no gato”, etc.
UNIDADE 9
Distribuir aos alunos o minidrama Um Moço Bonito e, em seguida, pedir que leiam
silenciosamente o texto. Depois, alguns alunos lerão o texto para a sala, em voz alta,
representando os personagens do sainete (a mãe, a filha, o moço bonito, o marido).
Depois, retomar o texto para refletir sobre algumas questões.
- a atitude estranha do rapaz: o motivo da sua pressa e de suas advertências.
- a coincidência: o ladrão do guarda-chuva socorre a
esposa e a filha de uma de suas vítimas. O próprio
bandido as aconselha a não se deixarem levar pelas
aparências.
- tema: a insensatez feminina (as estratégias do riso). O
moço era bonito, portanto, seria bom.
- o ditado popular: “As aparências enganam”.
Ao final, serão apresentados textos de fábulas
tradicionais, bem como dois vídeos com versões
contemporâneas que apresentam elementos em comum
com a situação retratada no minidrama.
http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules
/galeria/uploads/9/corvo.jpg
UNIDADE 10
Entregar aos alunos o texto A ladroeira e pedir que façam uma leitura silenciosa,
individualmente. Em seguida, uma leitura em voz alta, em pequenos grupos,
concomitantemente.
Ao dar início a esta atividade, levar os alunos a refletir sobre o assunto tratado no texto
e sua relação com o cotidiano, discutindo, especialmente, a atualidade do sainete. Depois, em
pequenos grupos, eles devem estabelecer relações e identificar os principais elementos
utilizados para a construção do sentido global da obra, interpretando-a:
- os elementos constitutivos do gênero: interlocutores, propósito, suporte, contexto de
produção;
- caracterização dos personagens (estereótipos) e sua relação com a finalidade do texto;
- as estratégias para suscitar o riso: jogos verbais, os argumentos e o uso do corpo;
- o uso da ironia e do humor (presentes no decorrer do diálogo entre o ladrão e sua vítima);
- os efeitos da intertextualidade.
Fazer a divulgação das respostas dadas pelos alunos e chamar sua atenção para um
elemento em comum entre a leitura do sainete com a leitura social da crônica: a capacidade de
nos fazer parar para pensar na própria vida.
Por se tratar de um tema cotidiano e que suscita discussão, polêmica e crítica, ao final
desta unidade, propor aos alunos uma produção de paródias. Para isso, pedir aos alunos que
procurem, com antecedência, uma música para fazer referência à paródia. O trabalho será
feito em duplas, com orientação da professora. Ao final, as paródias serão apresentadas em
sala de aula, para todo o grupo. Posteriormente, o trabalho será apresentado para todos os
alunos do colégio.
3ª ETAPA: Avaliação
Nossa intenção é avaliar o processo como um todo. Para isso, levaremos em conta a
participação dos alunos no decorrer das atividades. Além disso, observaremos o resultado
desta proposta de trabalho ao longo do ano, com o intuito de verificar se contribuiu realmente
para o desenvolvimento de práticas de leitura.
5. REFERÊNCIAS
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CEREJA, William Roberto. Ensino de literatura: uma proposta dialógica para o trabalho
com literatura. 5. ed. São Paulo: Atual, 2009.
JAPIASSU, Ricardo. Metodologia do ensino de teatro. 4. ed. Campinas, SP: Papirus, 2001.
MARCHI, Diana Maria; FILIPOUSKI, Ana Mariza Ribeiro. A formação do leitor jovem:
temas e gêneros da literatura. Erechim, RS: Edelbra, 2009.
MARTINS, Ivanda. A literatura no ensino médio: quais os desafios do professor? In:
BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia (Orgs.). Português no ensino médio e formação
do professor. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 83-102.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação do. Diretrizes Curriculares da Educação
Básica: Arte. Curitiba, SEED, 2008.
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PEIXOTO, Fernando. O que é teatro. 3ª reimpressão. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 2005.
Coleção Primeiros Passos.
RIBEIRO, Juscelino Batista. A contribuição do teatro à educação. In: MACHADO, Irley [et
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ZILBERMAN, Regina. A leitura na escola. In: ZILBERMAN, Regina. Leitura em crise na
escola: as alternativas do professor. 7. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986. p. 9-22.