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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - UEPG PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

ARTIGO FINAL PDE 2010

O DIRETOR DA ESCOLA PÚBLICA E A GESTÃO DEMOCRÁTICA LIMITES E

POSSIBILIDADES NO CONTEXTO DO ENSINO PÚBLICO

Professor PDE, Pedro Rogério de Paiva.

Orientadora, Profª Ms Graciete Tozetto Góes.

RESUMO:

Durante a experiência na direção de Escola em Ponta Grossa, sempre houve discussão entre os diversos segmentos sobre a importância da gestão democrática. Porém, por vezes fica- um vácuo em termos do que fazer para concretizar de maneira satisfatória as ações desta mesma gestão dita democrática. Os principais objetivos deste estudo foram questionar as ações no interior da escola para buscar possíveis soluções que possam oferecer subsídios ao diretor e comunidade escolar, de métodos e formas para minorar os questionamentos e conflitos e seus reflexos, de maneira mais clara e objetiva, sem tirar a autonomia do Diretor, e ao mesmo tempo proporcionar-lhes meios de fazer de forma democrática a gestão no ambiente escolar. Para tanto, foram realizados encontros e entrevistas com os diversos segmentos da escola para traçar um perfil do atual contexto da política educacional. Ao analisar os questionários e entrevistas dos diversos segmentos da escola identificamos alternativas de administração, envolvendo o diretor e a comunidade escolar de outras formas de gestão democrática, de forma a atender os segmentos representativos da escola.

Palavras Chaves: gestão democrática, participação,autonomia

1 INTRODUÇÃO

Muita gente acredita que democracia é apenas uma forma de governo

federal e, por isso não se aplica a escolas e outras instituições sociais.

Muitos também acreditam que a democracia seja um direito dos adultos,

não dos jovens. E alguns pensam que democracia simplesmente não

funciona em escolas. (APPLE; BEANE, 2001, p.17-18).

A concepção de gestão democrática na escola pública do Estado do Paraná,

passa pelo entendimento individual e coletivo dos diversos segmentos que compõe

a instituição Escolar. Tal concepção se revela pelo cumprimento de leis que regem o

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sistema e de regras construídas no interior da escola com a participação dos

diversos segmentos na sua construção. Desta forma é importante e necessário que

a normatização de regras e condutas tenha o aval de todos os segmentos

envolvidos que formam a comunidade escolar. Ao pensarmos nesta construção de

pensamento coletivo optamos por montar uma cartilha que teve como objetivo,

subsidiar os gestores e segmentos da escola numa construção mais participativa da

comunidade, na construção de uma escola mais justa e solidaria. Para construção

da cartilha procuramos conhecer o pensamento de cada segmento que compõe a

instituição escolar e identificar quais as angustias e dificuldades eles encontram e

que gostariam que fossem resolvidas. Para tanto foram utilizados questionários com

perguntas fechadas e perguntas abertas que expressem as ideias dos diversos

segmentos da escola.

Este material foi apresentado à comunidade escolar não com o objetivo dar

uma solução definitiva aos problemas da gestão democrática, no interior da Escola,

mas de fornecer subsídios para que direção e comunidade escolar pudessem ter

parâmetros concretos que apontassem meios de administrar a escola, com a

participação da maioria dos representantes da comunidade escolar, elevando desta

forma a qualidade do ensino público no estado do Paraná.

A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 205 define a educação como

direito e atribui ao Estado e à família esse dever quando estabelece:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988, p.34).

Os princípios que regem o ensino ofertado também estão claros na Constituição Federal: (BRASIL, 1988, p.34 ):

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

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VII - garantia de padrão de qualidade.

Não é objetivo deste trabalho fazer uma discussão sobre o conteúdo destes

dois artigos, que, se cumpridos em sua essência, permitiriam que a educação não

estivesse passando pelas dificuldades tão conhecidas por nós, mas vamos

ressaltar o Art. 206 no item VI “gestão democrática do ensino público, na forma da

lei”. Este item não especifica de que forma deverá ser implantada a gestão

democrática nas instituições de ensino, no entanto abre caminhos para criação de

leis federais e estaduais que dêm suporte à gestão democrática nas escolas

públicas do Brasil. E, reiteramos a lei 9394/96 em seu Art. 3º diz que:

O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I- igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II- liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; (BRASIL, ano,p.4)

Martins (1994, p.7) reforça que: “Não há um conceito que defina política

educacional de maneira completa. Na verdade, não é apenas um conceito que

permite compreende-la, já que ela é em si um processo que engloba vários outros

processos e conceitos”. Mais uma vez conforme podemos notar, esta lei não dá

subsídios prontos para implementação do que seja uma gestão democrática, que

possa ser aplicada nas escolas públicas, mas deixa caminhos para uma discussão

na sociedade de que forma se dará esta administração democrática do ensino

público.

Conforme indicamos inicialmente para desenvolvimento dessa temática a

investigação foi realizada no Col.Est. Profº Eugênio Malanski – EFM com os diversos

segmentos que compõe a escola, com os levantamentos de dados apurados após a

aplicação de questionários.

O Colégio Estadual Professor Eugenio Malanski tem como princípios

norteadores a Constituição Federativa do Brasil de 1988, LDB n.o 9394/96, nas

Diretrizes Curriculares Nacionais/98, Diretrizes Estaduais, na Deliberação nº 14/99

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CEE, Deliberação 007/99, e explicita como objetivo: ‘contribuir para a manutenção e

aperfeiçoamento da qualidade na educação’.

Todas estas leis e diretrizes que norteiam o trabalho escolar, mas também

não dão subsídios suficientes e prontos para uma administração chamada de

democrática. E por não encontrarmos parâmetros já prontos buscamos através de

textos e discussões uma forma mais adequada que pudesse atender aos anseios

desta Escola.

Lück aponta que:

Em organizações democraticamente organizadas – inclusive escolas – os funcionários são envolvidos no estabelecimento de objetivos, na solução e problemas, na tomada de decisões no estabelecimento e manutenção de padrões de desempenho e na garantia de que a sua organização esta atendendo adequadamente às necessidades do cliente. Ao se referir a escolas e sistemas de ensino, o conceito de gestão participativa envolve, além dos professores e outros funcionários, os pais, os alunos e qualquer outro representante da comunidade que esteja interessado na escola e na melhoria o processo pedagógico.” (LÜCK, 1998, p.15).

Os fundamentos expressos pelas palavras de Lück (1998) levam a questionar

como estabelecer um elo entre a teoria e a prática dos processos administrativos em

nossa atualidade. Essa é uma das tarefas mais complexas, uma vez que a dicotomia

entre teoria e prática é bastante forte no meio educacional. Observamos que os

conceitos sobre a autonomia e gestão democrática são complexos e de difícil

apropriação. No entanto, há um saber tácito produzido no interior da escola uma vez

que a mesma vive e sobrevive em meio a todos os conflitos em seu interior.

Assim, mais que questionar a dicotomia entre teoria e prática dos processos

administrativos e nas relações de poder no interior da escola, é preciso analisar a

visão de autonomia no que está instituído, a força de seu discurso e a possibilidade

de que uma instituição pública venha a se constituir democrática no seio de uma

sociedade que ainda se caracteriza por ser excludente.

Souza (2003, p.43) destaca que: “ A autonomia somente existe na proporção

que ela acontece nas relações sociais e por este caminho ela é construída. Tanto no

plano individual, como no plano coletivo ou institucional”.

Souza citando Rios (1995, p.17) reafirma que a escola autônoma não é

aquela com “possibilidade de agir independentemente daqueles que estão á [sua]

volta (...),significa justamente agir levando-os em consideração”.

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Este estudo buscou estabelecer parâmetros para a conquista da autonomia

por parte da escola pública, para que os processos de gestão democrática viessem

a se efetivar no seu interior imprimindo à escola pública qualidade administrativa e

de ensino. Portanto, ao avaliar os processos de gestão da escola pública podemos

apontar caminhos para a superação do senso comum aproximando a teoria e a

prática para a construção de uma escola mais solidária, autônoma, democrática e

para todos.

2– VISÃO DOS DIVERSOS SEGMENTOS NA ESCOLA.

Nesta etapa buscamos saber e entender o que pensa os diversos segmentos

que compõe a Escola, a partir da sua realidade e do seu entendimento.

2.1 – VISÃO DOS PAIS NA ESCOLA.

Entendemos a gestão democrática como sendo a forma pela qual temos a

participação de todas as pessoas envolvidas, direta ou indiretamente, com a escola,

pois, todas têm as suas aspirações e angustias. Também a possibilidade da

construção dos ideais de liberdade e solidariedade humana elencados nos princípios

da LDB 9394/96. Observamos, no entanto, que a presença dos pais na escola é

quase nula diante das necessidades que seus filhos e comunidade escolar

apresentam. Diante dos questionamentos feitos aos pais, os mesmos disseram que

não participam mais da vida escolar de seus filhos por falta de tempo, uma vez que

quase todos trabalham. A suas participações se resumem na busca de boletins e

reuniões promovidas pela escola. Desta forma podemos associar participação e

democracia.

Desta forma podemos associar participação e democracia “Participação e

democracia são, na realidade, dois conceitos estritamente associados. No

contexto dessa associação, impõe-se a necessidade de construir genuínas

perspectivas democráticas de gestão da educação como processo de

participação cidadã.” (SANDER, 1995, p. 112)

A Gestão Democrática necessita da participação de todos os segmentos

envolvidos de maneira direta ou indireta para que ela se concretize no ambiente

escolar. Não havendo esta participação toda decisão tomada no ambiente escolar

não atenderá as necessidades da maioria. Entender a importância de sua

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participação, no processo de Gestão Escolar e compreender que, sem a sua

participação não será possível alcançar os anseios da maioria em efetivar uma

escola cidadã e de qualidade.

Assim, podemos afirmar que sem a presença dos pais, o autoritarismo dentro

do ambiente escolar permanecerá. Autoritarismo este tão conhecido em nossa

sociedade capitalista, o qual dita regras e costumes de acordo com a vontade de

quem detém o poder monetário e político sobre os demais.

A não participação dos pais na Gestão Escolar leva-os a desconhecerem a

realidade em que seus filhos estudam. Muitas vezes são em escolas sem a mínima

estrutura física, que propicie um aprendizado melhor, salas com número excessivo

de alunos, falta de professores e funcionários em números suficientes para atender

o bom andamento das atividades escolares. Esse desconhecimento leva os pais a

colocar a administração destes problemas exclusivamente sob o encargo da direção

da escola, e estas muitas vezes tem que usar de criatividade, para resolvê-los.

Porém, se tivesse a participação mais efetiva dos pais, os problemas seriam bem

mais fáceis de serem solucionados. Conhecer a realidade da Escola no seu

cotidiano facilita o entendimento dos diversos segmentos e criam condições de

facilitadores destas relações onde estão envolvidos Pais, Alunos, Professores,

Direção e Funcionários. Todos buscando de maneira saudável melhorar o ensino

público no estado do Paraná.

O discurso de muitos Diretores e Professores contrários a esta participação

dos pais no cotidiano escolar, mostra uma visão distorcida da realidade hoje

apresentada. A qualidade de ensino passa pela participação cada vez mais

frequente dos pais na escola e quando esta participação se mostrar mais efetiva,

poderemos vislumbrar uma escola mais cidadã e para todos.

.2 – VISÃO DO DIRETOR NA ESCOLA.

Ao pensar no diretor da escola pública e nas formas de gestão,

implicitamente, estamos também nos reportando á questão da autonomia da escola.

Assim, ao falarmos dos processos de administração da escola pública temos duas

dificuldades: primeiro a de entendê-la e em segundo a de fazê-la, pois a

administração escolar tem suas peculiaridades.

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Dizemos isso em função da dualidade existente no discurso a respeito da

autonomia e da gestão democrática, produzido pelas leis instituídas e a entendida

por seus instituintes no interior das escolas.

No entanto temos o Estado enquanto entidade mantenedora da escola

pública que, à sua maneira, diz dar à escola autonomia e meios para se tornar

democrática e ágil na busca de maior qualidade de ensino e eficiência

administrativa.

Assim de forma prática o artigo 14 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDB 9394/96) prevê que “os sistemas de ensino definirão formas de

gestão democrática do ensino público na educação básica”, e o nosso entendimento

de que o processo de gestão democrática está intimamente ligado ao processo de

autonomia é decorrente do disposto no artigo 15, onde fala a LDB dos “progressivos

graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira”.

Sendo assim, vemos que a discussão a respeito da gestão democrática

caminha lado a lado com a busca de autonomia da escola e isso se demonstra nas

colocações de Lück (1998) quando afirma: “Gestão escolar, autonomia escolar,

processo decisório escolar são todos termos para descrever a abordagem

participativa para a questão descentralizada do sistema de ensino” (1998, p. 26- 27).

Desta maneira entendemos a gestão democrática como sendo a forma pela qual

temos a participação de todas as pessoas envolvidas, direta ou indiretamente, com a

escola, pois, todas têm as suas aspirações e angustias e na construção dos ideais

de liberdade e solidariedade humana elencados nos princípios da LDB 9394/96.

O papel do Diretor no ambiente escolar é fundamental. É ele que direciona as

tomadas de decisões, que assume as responsabilidades escolares, mesmo sendo

eleito democraticamente, situação impar no estado do Paraná. O Diretor é

considerado pela comunidade escolar (Pais) como a maior autoridade dentro da

escola, mesmo sabendo que ele divide esta sua autoridade com o Conselho Escolar,

que representa na escola o órgão superior. É contraditório o papel do Diretor na

escola, pois ao mesmo tempo em que foi eleito de forma democrática para

representar a vontade da maioria, ele representa também o Governo Estadual, que

através de sua Secretaria de Educação é a mantenedora da escola.

Nos questionamentos feitos ao diretor o mesmo pondera que para realizar

sua gestão, precisa ter conhecimento de administração, pois o mesmo deverá gerir

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os parcos recursos que a escola recebe quer seja do Governo Federal ou do

Governo Estadual, insuficientes para manter a estrutura física. Conhecimento

pedagógico para que possa atender de forma satisfatória tanto a comunidade

escolar, quanto a mantenedora que coloca no Diretor todas as responsabilidades

relacionadas ao fracasso escolar todas estas angustias o levam a se perguntar que

autonomia é esta? Evidenciamos que essa autonomia não possibilita ao Diretor

apresentar a sua comunidade escolar, uma linha pedagógica adequada que atenda

as reais necessidades dos seus alunos. Como ser um administrador moderno,

empreendedor, altivo e de ideais pedagógicos que atendam as necessidades dos

alunos? O diretor não consegue no cotidiano escolar, resolver as coisas mais

simples e que atendam as próprias determinações oriundas do Governo. Exemplo

disso é a necessidade de atender de forma digna a inclusão escolar por falta de

recursos financeiros. Essa falta de autonomia gera no interior da escola, um clima de

incertezas onde os que mais são prejudicados na visão dos diretores são os alunos.

Mas para o sistema é importante, o Diretor na escola seja de autoridade máxima,

confundindo a sua imagem com a inoperância do estado. Nos questionamentos

aferidos dos diretores se constatou a importância de administrar em conformidade,

com as instâncias colegiadas, porém cumprindo e fazendo cumprir as leis que

regem Educação.

2.3 – A VISÃO DO PROFESSOR NA ESCOLA

O Professor entende que é necessária a sua participação, em toda a

organização da escola. Tal participação ocorre desde a confecção do conteúdo

pedagógico, a ser trabalhado com os alunos, até aos assuntos da administração

escolar, uma vez que é a partir da administração escolar no entendimento dos

professores, que se norteiam os princípios pedagógicos da escola e na busca da

excelência da educação, que propicie aos alunos esta qualidade conforme as

palavras de Saviani:

Professores que assumam, não abdiquem, não abram mão da sua

autoridade e façam com que seus estudantes ascendam a um nível elevado

de assimilação da cultura da humanidade. (SAVIANI, 2006, p. 48-9).

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Diante destas considerações os professores cobram da Direção da escola,

uma maior autonomia pedagógica que permita a sua independência de

posicionamento, com relação aos alunos, no processo ensino-aprendizagem. Os

professores por terem no diretor o seu representante cobram deste um

posicionamento que venha a atendê-los, e quando isto não acontece cria-se no

ambiente escolar, certo clima de insegurança e medo.

Ao serem questionados sobre a melhor maneira de administrar, os

professores a maioria apoia a existência das instâncias Colegiadas, como

representante maior na escola. No entanto, apresentam uma contradição quando

cobram somente da direção a solução para os problemas imediatos que necessitam

de solução rápida. Mas, contrário a este posicionamento, temos Lück que diz:

O entendimento do conceito de gestão já pressupõe, em si, a idéia de participação, isto é, do trabalho associado de pessoas analisando situações, decidindo sobre seu encaminhamento e agindo sobre elas em conjunto. Isso porque o êxito de uma organização depende da ação construtiva conjunta de seus componentes, pelo trabalho associado, mediante reciprocidade que cria um “todo” orientado por uma vontade coletiva. (LÜCK,1996, p. 37)

Entendem que Professores Pedagogos e Diretores devem agir com

cumplicidade. Ora, se estão dentro da escola, eles que conduzem a educação não

só onde estão inseridos, mas em todo sistema educacional do qual fazem parte. E,

por isso mesmo, devem agir de forma coordenada, que possam dar respostas e

soluções pedagógicas positivas no interior da escola.

2.4 – A VISÃO DO ALUNO NA ESCOLA. (Representado pelo Grêmio Estudantil).

O grêmio é uma organização sem fins lucrativos que representa o interesse

dos alunos e que tem fins cívicos, culturais, educacionais, desportivos e sociais. É o

órgão máximo de representação dos estudantes da escola. Atuando nele, os alunos

defendem seus direitos e interesses, bem como aprendem ética e cidadania na

prática. Os Grêmios Estudantis compõem uma das mais duradouras tradições da

nossa juventude. Podemos afirmar que no Brasil, com o surgimento dos grandes

Estabelecimentos de Ensino secundário, nasceram também os Grêmios Estudantis,

que cumpriram sempre um importante papel na formação e no desenvolvimento

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educacional, cultural e esportivo da nossa juventude, organizando debates,

apresentações teatrais, festivais de música, torneios esportivos e outras

festividades. As atividades dos Grêmios Estudantis representam para muitos jovens

os primeiros passos na vida social, cultural e política. Assim, os Grêmios contribuem,

decisivamente, para a formação e o enriquecimento educacional de grande parcela

da nossa juventude. Em 1985, por ato do Poder Legislativo, o funcionamento dos

Grêmios Estudantis ficou assegurado pela Lei 7.398, como entidades autônomas de

representação dos estudantes. (Lei nº 7.398/85). Os objetivos do Grêmio Estudantil

consistem em congregar e representar os estudantes da escola; defender seus

direitos e interesses; cooperar para melhorar a escola e a qualidade do ensino;

Incentivar e promover atividades educacionais, culturais, cívicas, desportivas e

sociais. Realizar intercâmbio e colaboração de caráter cultural e educacional com

outras instituições de caráter educacional. Diante desta exposição e de acordo com

as resposta dos alunos ao questionário estes compreendem que, a sua participação

nas decisões da escola, é muito pequena e que as suas atividades se resumem

somente no estudar. Os alunos questionados sugeriram que a escola como um todo,

deve dar a eles mais espaço de decisão e participação, nos caminhos que a escola

trilha, uma vez que são os maiores interessados na qualidade de ensino ofertado, e

que dependem desta qualidade para atingirem os seus objetivos educacionais e

profissionais. Sugerem que Direção, Professores, Funcionários e até mesmo seus

pais, antes de tomarem qualquer medida educacional na escola, sejam consultados,

para que possam também contribuir no processo ensino aprendizagem.

2.5 – A VISÃO DOS FUNCIONARIOS NA ESCOLA

Os funcionários devem ser participativos e estarem envolvidos no processo

pedagógico, no direcionamento das ações educativas. São integrantes no processo

de desenvolvimento e sucesso escolar, devem dar sugestões e cooperar

assiduamente para que o sucesso dos alunos seja alcançado. Entendemos aqui que

funcionário da Escola é todo aquele que atua nos setores de atendimento ao

público, secretaria, auxiliar de limpeza, merendeira (cozinheira), bibliotecária,

inspetor de aluno, auxiliar de laboratório. Todos, nestes setores fazendo parte de um

coletivo, para que se atinjam os objetivos educacionais da escola. Ao responderem

os questionários muitos deixaram as respostas abertas em branco. Em entrevista

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com estes funcionários os mesmos demonstraram certo receio de colocar no papel

as suas impressões a respeito da escola em que atuam mesmo não tendo que se

identificar.

Em quase todas as escolas públicas, do Paraná com a expansão do Ensino

Fundamental e Médio abre-se uma nova relação no interior dos sistemas de ensino

entre os diversos segmentos que compõe a organização da Escola. Neste espaço

estão inseridos os funcionários que devem buscar de todas as formas propiciar

neste ambiente, um lugar onde a democracia e a cidadania sejam fortificadas. Isto

vai acontecer se estes funcionários compreenderem e se qualificarem para melhor

desempenharem as suas funções. Com esta concepção de formação e instrução

voltada para os funcionários, concretiza-se no ambiente escolar, um lugar ideal para

se demonstrar na prática o fortalecimento de ambientes propícios para construção

de uma educação transformadora da sociedade e de inclusão, onde os maiores

beneficiados serão os alunos.

2.6 – A VISÃO DA EQUPE PEDAGÓGICA NA ESCOLA.

A atribuição prioritária da equipe pedagógica é prestar assistência

didático-pedagógica aos professores em suas respectivas disciplinas;. promover o

respeito ao trabalho interativo com os alunos, transformando o seu ambiente de

trabalho uma forma de interação e democracia, num constante entendimento entre

os professores e alunos. Para ilustrar essa concepção destacamos o pensamento

de Paulo Freire no qual torna público que é possível pensar desta maneira e

contrariar o que preconiza o neoliberalismo. Freire diz:

Um desses sonhos para que lutar, sonho possível mas cuja concretização demanda coerência, valor, tenacidade, senso de justiça, força para brigar, de todas e de todos os que a ele se entreguem, é o sonho por um mundo menos feio, em que as desigualdades diminuam, em que as discriminações de raça, de sexo, de classe sejam sinais de vergonha e não de afirmação orgulhosa ou de lamentação puramente cavilosa. No fundo, é um sonho sem cuja realização a democracia de que tanto falamos, sobretudo hoje, é uma farsa (FREIRE, 2001, p.25).

Para os pedagogos questionados, a resposta a respeito da democracia não é

uma questão nova no ambiente escolar, mas de extrema importância uma vez que

no entendimento deste segmento da escola, tudo passa por entendimento entre a

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maioria, para que o ensino aprendizagem se efetive com maior qualidade no seio da

escola, levando-se em conta que os principais beneficiados neste processo são os

alunos.

3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não buscamos com aplicação do Projeto e do Material na escola, dar uma

solução pronta e única para os problemas e conflitos dentro ambiente escolar, mas

uma opção de avaliar a gestão democrática no interior da escola. Assim,

acreditamos que ao questionar todos os segmentos juntos se possa traçar um

caminho mais seguro e transparente, para cobrar do estado melhores condições de

trabalho e uma educação de melhor qualidade para os alunos.

A Escola Democrática é escola aberta e para que haja esta abertura é

necessária a participação de todos os segmentos envolvidos no processo. Juntos

devem escolher qual a melhor maneira de se executar as ações e projetos na escola

com a participação de todos. Nessa perspectiva podemos realmente construir uma

escola autônoma entendo que:

...a autonomia da escola não é autonomia dos professores. Ou a autonomia dos pais, ou a autonomia dos gestores. A autonomia (...) é o resultado do equilíbrio de forças (...)entre os detentores de influencia (externa e interna)(...). Deste modo, a autonomia, afirma-se como expressão da unidade, que é a escola e não preexiste à ação dos indivíduos. Ela é um conceito construído social e politicamente, pela interação dos diferentes atores [sujeitos] organizacionais em uma escola. Isto significa que não existe (...) uma “autonomia decretada”, contrariamente ao que subjacente às mais diversas estratégias “reformista” neste domínio. O que se pode decretar são normas e regras formais que regulam a partilha de poderes e a distribuição de competências entre os diferentes níveis de administração, incluindo o estabelecimento de ensino (BARROSO, 1996, p.186 apud SOUZA, 2003, p.43)

Para que os objetivos da escola sejam alcançados é necessária a

continuidade, do processo democrático, onde direção, professores, equipe

pedagógica, alunos, funcionários e pais não abram mão da suas opiniões e ações.

Somente com estas determinações e compactuados nelas diminuiremos as mazelas

educacionais e ampliaremos a qualidade do ensino dentro da escola.

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4 - REFERÊNCIAS

APPLE, M.; BEANE, J. (org). Escolas democráticas. 2. ed. São Paulo: Cortez,

2001.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei 9394/96. Curitiba:

APP Sindicato, 1997.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: Brasília Congresso Nacional, Texto promulgado em 05 de outubro de 1988. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/em_cena.pdf

LÜCK, Heloisa(et al. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. 2. ed Rio

de Janeiro: DP&A, 1998.

MARTINS, Clélia. O que é política educacional. 2. ed. São Paulo : Editora

Brasiliense, 1994.

SANDER, Benno. Gestão da educação na América Latina. Campinas: Autores

Associados, 1995.

SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia, curvatura da vara, onze teses sobre a

educação política. 38. Ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2006 (Coleção

Polêmica do Nosso Tempo: vol.5).

SOUZA, A. R. Reforma educacionais: descentralização, gestão e autonomia escolar.Educar, Curitiba, n. 22, p. 17-49, 2003.