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SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Caderno Temático de Vigilância de Doenças CrônicasNão Transmissíveis no Paraná

CuritibaSecretaria de Estado da Saúde do Paraná

2017

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GOVERNADOR DO ESTADOBeto Richa

SECRETÁRIO DE ESTADO DA SAÚDEMichele Caputo Neto

DIRETOR-GERALSezifredo Paulo Alves Paz

SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDEJúlia Valéria Cordellini

CHEFE DO CENTRO DE EPIDEMILOGIAJoão Luis Crivellaro

CHEFE DA DIVISÃO DA VIGILÂNCIA DAS DOENÇASE AGRAVOS NÃO TRANSMISSÍVEIS

Alice Eugênia Tisserant

© É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte.Secretaria de Estado da Saúde do ParanáRua Piquiri, 170 – Rebouças - Curitiba/PRCEP: 80.230-140 Tel. (41) 3330-4545 (41) 3330-4300www.saude.pr.gov.br

Tiragem: 1500 exemplares

PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde do Paraná. Superintendência de Vigilância em Saúde.

Caderno temático de vigilância de doenças crônicas nãotransmissíveis no Paraná. – Curitiba: SESA/SVS, 2017.

100 p.

ISBN 978-85-66800-13-5

1. Vigilância em saúde pública. 2. Vigilância epidemiológica. 3. Doença crônica. 4. Promoção da saúde. I. Título.

CDD: 614.4

Catalogação na fonte: SESA/ESPP/BIBLIOTECA

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ORGANIZAÇÃO DO CADERNOAlice Eugênia Tisserant

Terezinha Maria Mafioletti

REVISÃO TÉCNICATânia Trindade Mascarenhas

AUTORES E AUTORAS DOS CAPÍTULOS

Aida Maris Peres

Alice Eugênia Tisserant

Agnes Carolina Ribeiro Pinto

Ana Paula dos Santos Bocardi Salineiro

Ana Rosa Oliveira Poletto Palácios

Antonio Carlos Figueiredo Nardi

Caroline Padanoschi

Cidete Maria Chiapetti Casaril

Cintia da Costa Marques

Cyntia Asturian Laporte

Deborah Carvalho Malta

Dora Yoko Nozaki Goto

Eva Lídia Arcoverde Medeiros

Elaine Carolina Fiel

Emerson Luiz Peres

Jéssica Monteiro

Joisy Aparecida Marchi

José Oliveira de Albuquerque

Kenia Maria Brero Del Pino

Lenice Tavares Canto

Liliana Müller Larocca

Luciana Puchalski Kalinke

Marceli de Oliveira Santos

Marta Maria Alves da Silva

Maria Aline Siqueira Santos

Maria Rita Ostrovski Martins

Natália Marchi Marques

Rosangela Treichel Saenz Surita

Taís Porto Oliveira

Terezinha Maria Mafioletti

Vivian de Fátima Blanchet Blum

Zeila Terezinha Consul Carneiro

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APRESENTAÇÃO............................................................................................................................................9

INTRODUÇÃO...............................................................................................................................................10

Parte I - A Epidemiologia das Doenças Crônicas Não Transmissíveis - DCNT no Paraná

Artigo 1

O Cenário Epidemiológico das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Paraná - 2002 a 2012...................15

Artigo 2

Balanço das Metas do Plano Nacional de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis

no Estado do Paraná e na Capital Curitiba após Três Anos da Implantação...................................................33

Artigo 3

Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE):

Uma Breve Análise ........................................................................................................................................43

Artigo 4

Análise do Sistema de Informações do Registro Hospitalar do Câncer no Estado do Paraná (Sis-RHC)........51

Artigo 5

Informações do Registro de Câncer de Base Populacional:

Um Panorama Epidemiológico da Incidência de Câncer na Cidade de Curitiba - 1998 a 2008.......................64

Artigo 6

A Academia da Saúde como Estratégia de Promoção e Cuidado da Saúde no Paraná.................................74

Parte II – Promoção da Saúde: Relatos de Experiência Sobre as Ações de Promoção da Saúde

e Programa Academia da Saúde

Artigo 7

Hortas Comunitárias em Maringá, um Estímulo ao Trabalho e à Qualidade de Vida:

Um Relato de Experiência.............................................................................................................................86

Artigo 8

Academia de Saúde em Astorga: Um Relato de Experiência.........................................................................92

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A Secretaria de Saúde do Paraná (SESA-PR) vem atuando por meio da articulação das Redes de Atenção em Saúde, como a Rede Mãe Paranaense, a Rede Paraná Urgência, a Rede de Saúde Mental, o Programa de Qualificação da Atenção Primária à Saúde (APSUS), o Programa de Qualificação da Vigilância em Saúde no Paraná (VIGIASUS), o Programa de Qualificação da Assistência Hospitalar do SUS (HOSPSUS) e o Programa de Apoio aos Consórcios Intermunicipais de Saúde (COMSUS).

Nessa perspectiva de gestão, destaca-se também a organização da Vigilância das DCNT, pela Divisão de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DVDNT) no Centro de Epidemiologia (CEPI), cujo objetivo é conhecer e vigiar a distribuição, magnitude e a tendência das doenças crônicas e seus fatores de risco, subsidiando a implementação de estratégias setoriais e intersetoriais e contribuindo na construção do cenário e diagnóstico situacional para um cuidado integral das DCNT e seus fatores de risco. Assim, esta publicação apresenta um panorama epidemiológico das principais DCNT, dos fatores de risco e proteção, do Sistema de Registro Hospitalar do Câncer, do Registro de Câncer de Base Populacional e do Programa Academia da Saúde como estratégia de promoção e cuidado. Também traz duas experiências locais de promoção da saúde como exemplos das múltiplas possibilidades de ações dos gestores.

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) constituem problema de saúde de grande magnitude no mundo e no Brasil. Representa as maiores causas de óbito na população mundial com 63% do total de mortes, sendo, 80% delas em países de média e baixa renda e 72% no Brasil. Atingem sobremaneira as camadas pobres da população, sendo que 75% dos gastos com Atenção à Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS) acontecem com os grupos vulneráveis. Atualmente, as DCNT se configuram como o problema de saúde de maior relevância no país.

As DCNT, com ênfase para as doenças do aparelho circulatório, neoplasias malignas, respiratórias crônicas e diabetes mellitus são reconhecidas como multifatoriais e relacionadas a fatores de riscos não modificáveis (como a idade, o sexo e a raça) e modificáveis como o tabagismo, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, a obesidade, as dislipidemias (determinadas principalmente pelo consumo excessivo de gorduras saturadas de origem animal), o consumo excessivo de sal, a ingestão insuficiente de frutas e verduras e a inatividade física.

Esse panorama se configura num enorme desafio para os gestores de saúde, considerando que as DCNT têm forte impacto na qualidade de vida dos indivíduos afetados, causando mortes prematuras e gerando grandes e subestimados efeitos econômicos adversos para as famílias, comunidades e sociedade em geral. Para o seu enfrentamento, destacam-se as intervenções na saúde pública que reduzam os fatores de risco e aumentem os fatores de proteção realizados de maneira integrada, abrangendo ações de promoção da saúde, de prevenção e vigilância. É fundamental o fortalecimento da atenção básica e das redes de atenção secundária e terciária associado à regulação e controle do tabagismo, álcool, produção de alimentos, garantia de medicamentos e ações de promoção da saúde, pois se apresentam como importantes estratégias de saúde para o enfrentamento do problema.

Acreditamos que a produção de artigos e relatos de experiência sobre a epidemiologia das DCNT, justifica-se como parte do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT no Paraná, subsidiando e fortalecendo as ações e políticas da área.

Michele Caputo NetoSecretário de Estado da Saúde

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INTRODUÇÃO

A Secretaria de Estado da Saúde (SESA), considerando o cenário demográfico e epidemiológico do Paraná, tem por objetivo assegurar a redução da mortalidade materno-infantil, a redução da mortalidade por causas externas e da morbimortalidade por doenças crônico-degenerativas com enfoque no risco cardiovascular global, a ampliação da longevidade e redução de incapacidades. Para tanto, tem por base: a Vigilância em Saúde, a regulação e o trabalho nas Redes de Atenção Básica de média e alta complexidade.

Para atuar na área de Vigilância em Saúde, a Secretaria de Estado da Saúde (SESA) tem em sua estrutura uma Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS), cuja missão é formular a política estadual de Vigilância em Saúde, coordenando e regulando as ações de forma articulada e integrada com os demais setores desta secretaria, com diversas instâncias do SUS, áreas governamentais e sociedade civil, garantindo a proteção e promoção da saúde da população.

A Atenção às Condições Crônicas está vinculada à Superintendência de Atenção à Saúde, sob a coordenação do Departamento de Atenção às Condições Crônicas, onde estão inseridas as políticas para: Risco Cardiovascular, Atenção à Hipertensão e Diabetes, Atenção às Neoplasias, Saúde Mental, Atenção às Pessoas com Deficiência, Comunidades Vulneráveis, Vigilância Alimentar e Nutricional, Controle do Tabagismo, Enfrentamento da Violência, Atenção à Urgência Emergência e Vigilância em Saúde.

Cada estrutura tem o desafio de estabelecer diretrizes e estratégias para o desenvolvimento de ações de prevenção das doenças e promoção da saúde que lhes são inerentes, articulando as Regionais de Saúde, outras estruturas que forem pertinentes e a Sala de Situação, unidade integradora dos sistemas de informação de vigilância em saúde e articuladora dos processos de trabalho para suporte e tomadas de decisão.

Para a investigação de agravos emergentes e reemergentes a SESA possui uma Unidade de Resposta Rápida para as atividades de campo na estrutura do Centro de Informações e Respostas em Vigilância em Saúde (CIEVS).

As ações desenvolvidas na área de Vigilância Epidemiológica têm como objetivo planejar, coordenar, acompanhar e organizar as atividades que envolvem a vigilância epidemiológica e controle de doenças transmissíveis agudas e inusitadas, a vigilância de doenças e agravos não transmissíveis, a vigilância epidemiológica dos óbitos maternos e infantis, com assessoria aos respectivos comitês, e a operacionalização do programa estadual de imunizações e dos sistemas de informações em saúde.

No ano de 2006, foi elaborado o Plano Estadual de Vigilância Epidemiológica de Doenças e Agravos Não Transmissíveis, discutido e deliberado na Comissão Intergestores Bipartite do Paraná (CIB-PR). Nele foram definidas as linhas de ação para estruturar, consolidar e implementar a vigilância epidemiológica das Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT) no estado, partindo dos municípios sedes das regionais de saúde e municípios não sede que possuíssem mais de 100.000 habitantes. Para que os objetivos do plano fossem atingidos, definiram-se estratégias distribuídas em quatro eixos:

• monitoramento da morbimortalidade e seus determinantes, bem como apoio,direcionamento, avaliação e aprimoramento dos programas de promoção de saúde, prevenção e redução de Doenças e Agravos Não Transmissíveis;

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• desenvolvimento de serviços sentinela e inquéritos como principal instrumento de monitoramento dos fatores de risco;

• fortalecimento de políticas de redução da morbimortalidade, priorizando a prevenção e promoção da saúde no âmbito das DANT;

• educação e comunicação.

Dentro dessas estratégias, a SESA criou, em julho de 2007, a Divisão de Vigilância de Doenças Não Transmissíveis (DVDNT), nesse momento, Departamento de Vigilância Epidemiológica (DEVE). Desde então, tem desenvolvido atividades de capacitação, monitoramento e planejamento na área de Vigilância das DANT, com destaque para: realização do I Seminário Estadual de Vigilância Epidemiológica de DANT e do curso de Atualização de Vigilância Epidemiológica de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (CAVE-DANT); organização de eventos de sensibilização e capacitação com ênfase na Vigilância das Doenças Crônicas, na Vigilância de Violências e Acidentes, na Promoção da Saúde; elaboração e publicação de análise de situação de saúde com ênfase nas DANT; apoio a pesquisas e inquéritos desenvolvidos pelo Ministério da Saúde (MS) e parceiros no Inquérito Vigilância de Violência e Acidentes (VIVA), VIGITEL Vigilância de Doenças Crônicas (VIGITEL) e Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE); apoio técnico às 22 Regionais de Saúde e municípios; coordenação da implantação/implementação da notificação de violências interpessoais/autoprovocadas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN-NET); divulgação e apoio técnico para a elaboração de propostas de ações para Vigilância e Prevenção das DANT e Promoção da Saúde; acompanhamento e monitoramento de projetos de municípios contemplados com financiamento de incentivo às ações de Vigilância, Prevenção das DANT e Promoção da Saúde, integrados nas ações da Vigilância em Saúde e Atenção Básica, incluindo ações relativas ao estímulo de atividade física regular nas Academias de Saúde. A SESA tem investido em diferentes ações e setores para o controle e a vigilância de DCNT e seus fatores de risco, considerando a transição demográfica, nutricional e epidemiológica que o estado vem sofrendo, enfatizando a prevenção das condições crônicas adversas a saúde e a promoção de saúde. O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT no Paraná 2012 a 2015 estrutura-se em permanente e coletiva construção, envolvendo diferentes setores da instituição. Os eixos do plano são: vigilância, monitoramento e avaliação, prevenção das doenças, promoção da saúde e cuidado integral.

A Publicação do Caderno Temático de Vigilância das Doenças Crônicas Não Transmissíveis tem por objetivos:

• fortalecer a vigilância epidemiológica das DCNT no Paraná por meio da análise da situação epidemiológica das principais doenças e agravos não transmissíveis do estado;

• subsidiar o processo de implementação da vigilância das DCNT e da política de promoção da saúde nas Regionais de Saúde e municípios do estado;

• propiciar uma melhor comunicação, divulgação e troca de experiências entre estado e municípios em ações de vigilância das DCNT e a promoção da saúde.

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Os artigos foram escritos por profissionais de saúde da gestão estadual e municipal, por pesquisadores e docentes da área.

Os conteúdos dos textos publicados são de inteira responsabilidade dos respectivos autores, cabendo a equipe organizadora o convite e a seleção dos artigos.

Esta publicação foi realizada de maneira a atender os critérios relativos à pesquisa com seres humanos e em acordo com a Resolução do Conselho Nacional n.º 466/2012 (BRASIL, 2012), de modo que as informações utilizadas e os dados secundários de Saúde foram disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), sem identificação de usuários.

O Caderno foi organizado em duas partes distintas com a finalidade de facilitar sua apresentação e leitura. A primeira parte intitula-se “A Epidemiologia das Doenças Crônicas Não Transmissíveis – DCNT no Paraná”. A segunda parte, intitulada “Promoção da Saúde - Relatos de Experiência Sobre as Ações de Promoção da Saúde e Programa Academia da Saúde” compõem-se de artigos sobre experiências em prevenção e/ou promoção da saúde de dois municípios paranaenses.

Este Caderno é voltado para profissionais e gestores de saúde, bem como de outras políticas públicas e faz parte da estratégia da SESA para fortalecer a Vigilância Epidemiológica das Doenças e Agravos Não Transmissíveis, a Promoção da Saúde e a Prevenção dos Agravos, além de apresentar a situação atual dessa Vigilância no Paraná visando a melhoria da qualidade da informação.

Júlia Valéria CordelliniSuperintendente de Vigilância em Saúde

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A Epidemiologia das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Paraná

Parte 01

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O Cenário Epidemiológico das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Paraná - 2002 a 2012

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Alice Eugênia Tisserant1

Dora Yoko Nozaki Goto2

Liliana Müller Larocca3

Terezinha Maria Mafioletti4

1 Enfermeira. Chefe da DVDNT/CEPI/SVS/SESA-PR. Especialista em Saúde Pública - [email protected] Enfermeira da DVIEP/CEPI/SVS/SESA-PR. Especialista em Gestão da Vigilância em Saúde/Mestranda do PPGENF/UFPR - [email protected] Enfermeira. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem da UFPR/Doutora em Educação - [email protected] Enfermeira da DVDNT/CEPI/SVS/SESA-PR. Mestre em Saúde Coletiva/Doutoranda do PPGENF/UFPR - [email protected]

RESUMO

Esta pesquisa, por meio de um estudo epidemiológico descritivo, avaliativo e transversal, com dados secundários de domínio público coletados no banco de dados do Sistema de Informação da Mortalidade (SIM), Sistema de Informações Hospitalares (SIH-SUS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), tem por objetivo apresentar o perfil de morbimortalidade das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Paraná no período compreendido entre 2002 a 2012, com ênfase nas doenças do aparelho circulatório, neoplasias malignas, doenças respiratórias crônicas e diabetes mellitus como instrumento de trabalho para vigilância em saúde no estado do Paraná. Destaca-se como resultado que as mortes pelo grande grupo das DCNT no sexo masculino diminuíram de 473,9/100 mil em 2002 para 415,8/100 mil em 2012. Foram 58,1 menos mortes por 100 mil homens. No sexo feminino eram 341,9/100 mil em 2002, passando para 284,2/100 mil em 2012, ou seja, 57,7 menos mortes em 100 mil mulheres. O total de mortes na faixa de 30 a 69 anos em homens e mulheres passou de 406/100 mil em 2002 para 345/100 mil, perfazendo uma diminuição de 61 mortes em 100 mil pessoas neste grupo etário considerado prematuro para morte por DCNT. Nos anos de 2008 a 2012 pode se observar que mortes por neoplasias malignas na faixa de 30 a 69 anos em homens e mulheres apresentam taxas decrescentes. Em relação ao Diabetes mellitus, a tendência de mortalidade mostrou-se estável em ambos os sexos. Sobre as doenças do aparelho circulatório, no sexo masculino observou-se tendência de mortalidade estável; já no sexo feminino há uma nítida tendência decrescente. Quanto às doenças respiratórias crônicas em 2002 a taxa foi de 36,2/100 mil passando a 26,7/100 mil em 2012, portanto uma redução de 26,3%, ou 9,5 menos mortes em 100 mil na faixa de 30 a 69 anos.

DESCRITORES: doença crônica, epidemiologia, vigilância epidemiológica.

Artigo 1

O Cenário Epidemiológico das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Paraná - 2002 a 2012

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INTRODUÇÃO

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), com ênfase para as do aparelho circulatório, neoplasias malignas, respiratórias crônicas e diabetes mellitus, são reconhecidas como multifatoriais e relacionadas a fatores de riscos não modificáveis como: idade, sexo e raça; e modificáveis: tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, obesidade, dislipidemias (determinadas principalmente pelo consumo excessivo de gorduras saturadas de origem animal), consumo excessivo de sal, ingestão insuficiente de frutas e verduras e inatividade física (BRASIL, 2012).

Neste estudo consideramos que as DCNT são doenças de longa duração e de progressão geralmente lenta (OMS, 2008) bem como são condições que não se curam uma vez adquiridas e que duram três meses ou mais (CDC, 2008).

Para além das causas biológicas, há que se considerar a determinação social reproduzida pelas desigualdades sociais, das quais se destacam: baixa renda, diferenças no acesso aos bens, consumo e serviços, baixa escolaridade e desigualdades no acesso à informação (BRASIL, 2012).

O Brasil, desde a década de 1960 e seguindo uma tendência mundial, tem passado por processos de transição demográfica, epidemiológica e nutricional, acentuados pela queda na fecundidade e aumento de idosos cujas projeções apontam sua duplicação de 8% para 15% nos próximos vinte anos.

No Paraná, em 2000, a população menor de um ano correspondia a 2% do total e em 2010 equiparou-se à população de oitenta ou mais anos com 1% cada.

Segundo dados do Ministério da Saúde (MS) (BRASIL, 2012) as DCNT atingem sobremaneira as camadas pobres da população e os grupos vulneráveis, correspondendo a 72% das causas de mortes e 75% dos gastos com Atenção à Saúde no Sistema Único de Saúde(SUS), o que configura as DCNT atualmente como o problema de saúde de maior magnitude no país.

O crescimento da renda em algumas parcelas populacionais, a industrialização e mecanização da produção, a urbanização, o maior acesso a alimentos em geral, incluindo os processados, bem como a globalização de hábitos não saudáveis, produziram rápida transição nutricional, expondo a população cada vez mais ao risco das DCNT. É de extrema relevância a elevação da prevalência de transtornos neuropsiquiátricos, alavancados pelos diagnósticos de depressão, psicoses e transtornos atribuíveis ao uso inadequado do álcool.Este panorama se configura num enorme desafio para os gestores de saúde, considerando que as DCNT têm forte impacto na qualidade de vida dos indivíduos afetados, causando mortes prematuras e gerando grandes e subestimados efeitos econômicos adversos para as famílias, comunidades e sociedades em geral.

Nesta perspectiva de gestão, destaca-se a organização da vigilância das DCNT, cujo objetivo é conhecer a distribuição, a magnitude e a tendência das doenças crônicas e seus fatores de risco; a priorização de ações voltadas para: alimentação saudável, atividade física regular, prevenção do uso do tabaco e álcool e envelhecimento ativo, a expansão da Atenção Básica em Saúde com definição de protocolos e diretrizes clínicas para as DCNT; a ampliação da atenção farmacêutica com distribuição gratuita de medicamentos para hipertensos e diabéticos; a atenção às urgências e a atenção domiciliar.

Destarte, vários são os desafios que se impõem aos profissionais de saúde, o enfrentamento das DCNT exige inovações nos modelos de gestão a partir da maximização de intervenções comportamentais, neuropsicológicas, ambientais e econômicas com um custo-efetivo que leve em consideração a criação de ambientes que possibilitem aos cidadãos escolhas de processos protetores que produzam resultados impactantes em termos de vidas salvas, doenças prevenidas e gestão financeira adequada.

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A análise da situação de saúde mundial e nacional revela que, para garantir direitos de cidadania e de melhor qualidade de vida às suas populações, são inúmeros os desafios colocados aos governos e aos gestores de saúde.

A produção técnico-científica atual aponta que melhorar a saúde de sujeitos e coletividades não conforma um gasto, nem é tão dispendioso. Ao contrário, garantir a qualidade de vida da população é investir no desenvolvimento do país e fazê-lo por intermédio de políticas públicas integradas é custo-efetivo. Assim, uma Atenção Básica fortalecida e resolutiva, que opere como parte de uma política e de um sistema de saúde público, integrado e integral, pode responder efetivamente pela dupla carga de adoecimento dos países em desenvolvimento. Nessa mesma direção, a experiência de outros países mostra que o sucesso das intervenções na saúde pública, no que se refere à redução dos fatores de risco e da prevalência das DCNT, é maior à medida que sejam realizadas de maneira integrada, abrangendo ações de promoção da saúde, de prevenção das DCNT e de seus fatores de risco (BRASIL, 2012).

O objetivo do estudo é apresentar o perfil de morbimortalidade das DCNT no Paraná no período compreendido entre 2002 a 2012, com ênfase nas Doenças do Aparelho Circulatório (DAC), Neoplasias Malignas, Doenças Respiratórias Crônicas (DRC) e diabetes mellitus como instrumento de trabalho para vigilância em saúde no estado do Paraná.

Este artigo justifica-se como parte do Plano de Ações Estratégicas para o enfrentamento das DCNT no Paraná, considerando-se que a análise e a publicação dos dados facilitam o acesso e/ou a investigação para aqueles que trabalham e trabalharão nas diretrizes necessárias para o monitoramento e prevenção.

METODOLOGIA Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, avaliativo e transversal, cujos dados referentes à morbimortalidade das DCNT em território paranaense foram coletados em bancos de dados secundários de domínio público, sendo: Sistema de Informação da Mortalidade (SIM) (dados de mortalidade); Sistema de Informações Hospitalares (SIH-SUS) (dados de internação hospitalar); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (dados populacionais) e Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES) (dados socioeconômicos). Os indicadores apresentados temporalmente são referentes ao período compreendido entre 2002 e 2012 e representam informações acerca dos agravos considerados prioritários por constituírem as principais causas de morbimortalidade segundo diretrizes do Ministério da Saúde (MS). Foram incluídos, segundo a Classificação Internacional de Doenças 10.ª revisão (CID – 10) os seguintes diagnósticos para as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT): DAC (CID I00 – I99), DRC (CID J30 – J98), neoplasias malignas (CID C00 – C98) e diabetes mellitus (CID E10-E14). A faixa etária selecionada compreende de 30 a 69 anos, mortalidade considerada por diretriz do MS como sendo morte prematura. As variáveis selecionadas foram: sexo, faixa etária e escolaridade.

CENÁRIO DO ESTUDO O Paraná é um dos 26 estados do Brasil e está situado na região sul, sendo composto por 399 municípios. Faz divisa com os estados de São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, fronteira com Argentina e Paraguai e limite com o Oceano Atlântico. Ocupa uma área de 199.880 km² (IPARDES, 2013).

Sua capital é Curitiba, sendo Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, Ponta Grossa, Cascavel, Guarapuava e Paranaguá considerados municípios de relevância estadual. Na Região Metropolitana de Curitiba, destacam-se, por sua importância econômica, os municípios de São José dos Pinhais e Araucária.

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O clima paranaense apresenta diferenças marcantes, variando de tropical úmido ao norte a temperado úmido ao sul.

A população é formada por descendentes de várias etnias: poloneses, italianos, alemães, ucranianos, holandeses, espanhóis, japoneses, portugueses e por imigrantes procedentes em sua maioria dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais.

Segundo estimativas estaduais, o Produto Interno Bruto Nacional (PIB) em 2013 teve o resultado de 4,84 trilhões de reais, sendo que o PIB/PR representa 5,98% desse total com crescimento de 2,3% no ano de 2013 (IPARDES, 2013).

No que tange aos aspectos sociais destacam-se: estimativa de densidade demográfica (2013) de 55,02 habitantes/km²; índice de idosos de 32,98 (2010); taxa de envelhecimento (2010) de 7,53%; taxa de mortalidade infantil (2011) de 11,56 por mil nascidos vivos e taxa de mortalidade em menores de cinco anos de 13,51 por mil nascidos vivos; média estadual do índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M/2010) 0,749; esperança de vida ao nascer (2010) de 74,8 anos; renda média domiciliar em 2010 de R$ 870,59 (IPARDES, 2014). O Produto Interno Bruto (PIB) per capita é de R$ 22,7 mil.

Neste cenário, a Secretaria de Estado da Saúde (SESA) se constitui como o órgão estadual responsável pela formulação, articulação e implementação de política prevenção das DCNT e pela implementação de estratégias setoriais e intersetoriais para alcançar as metas do Plano Nacional e Estadual de Enfrentamento das DCNT 2012 -2015. Também é responsável por articular e fomentar as redes de cuidado visando operar o cuidado integral das DCNT e seus fatores de risco, que se expressa na promoção da saúde, vigilância, prevenção e assistência.

A SESA é composta por uma diretoria geral, cinco superintendências, uma ouvidoria estadual, 13 hospitais próprios, uma rede de coleta de sangue e hemoderivados, uma central de transplantes e outros dez órgãos de apoio, entre laboratórios, centrais de abastecimento e transporte e uma estrutura administrativa central, que dão suporte às 22 regiões administrativas denominadas Regionais de Saúde. A Superintendência de Vigilância a Saúde (SVS), é a responsável pela Vigilância das DCNT (PARANÁ, 2014).

Na SVS encontra-se o Centro de Epidemiologia (CEPI) responsável pela coordenação das ações de Vigilância Epidemiológica a nível estadual. Ligada ao CEPI encontra-se a Divisão de Vigilância de Doenças Não Transmissíveis (DVDNT), responsável pela Vigilância Epidemiológica das DCNT. ANÁLISE DOS DADOS Por meio de estatística descritiva simples foram calculadas: taxas de internação hospitalar por 10.000 das DCNT; mortalidade proporcional na população; taxas de mortalidade por 100.000 nas 22 Regionais de Saúde do Paraná-2002 a 2012; mortalidade proporcional na população; proporção de mortes nas pessoas de 30 a 69 anos; taxas de mortalidade por 100.000 por sexo e faixa etária de 2002 a 2012 e elaborados gráficos e mapas por local de residência Paraná. Para tanto se fez uso da ferramenta Tabwin® versão 3.6 para a tabulação dos dados e cálculo de indicadores e do Programa Excel® (versão 2007) para a elaboração dos gráficos.

RESULTADOS Segundo dados do censo de 2010, a população do estado do Paraná era de 10.444.526 habitantes, sendo que 85,33% dos habitantes encontrava-se em áreas urbanas (IBGE, 2010).

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19

GRÁFICO 1Composição, por sexo e grupos de idade da população residente total. Paraná - 2000

GRÁFICO 2Composição, por sexo e grupos de idade da população residente total. Paraná - 2010

Mais de 100 anos

95 a 99 anos

90 a 94 anos

85 a 89 anos

80 a 84 anos

75 a 79 anos

70 a 74 anos

65 a 69 anos

60 a 64 anos

55 a 59 anos

50 a 54 anos

45 a 49 anos

40 a 44 anos

35 a 39 anos

30 a 34 anos

25 a 29 anos

20 a 24 anos

15 a 19 anos

10 a 14 anos

5 a 9 anos

0 a 4 anos 4,7% 4,5%

4,9% 4,7%

5,0% 4,8%

5,0% 4,9%

4,6% 4,6%

4,0% 4,2%

4,1% 4,2%

3,7% 3,9%

2,8% 2,8%

3,1% 3,3%

2,1% 2,2%

1,4% 1,4%

1,7% 1,8%

1,0% 1,1%

0,4% 0,5%

0,7% 0,8%

0,2% 0,3%

0,0%

0,0%

0,0%

0,0%

0,0%

0,0%

0,1% 0,1%

698

1.330

4.609

14.284

28.652

50.820

80.248

109.796

137.889

168.078

212.406

266.097

319.110

376.265

399.034

403.387

435.459

469.411

460.922

452.840

434.103

555

885

2.907

9.985

21.719

42.857

71.611

99.638

130.948

158.377

203.582

250.925

300.848

354.902

380.946

391.614

435.587

480.269

475.524

471.571

452.170

Homens Mulheres

Mais de 100 anos

95 a 99 anos

90 a 94 anos

85 a 89 anos

80 a 84 anos

75 a 79 anos

70 a 74 anos

65 a 69 anos

60 a 64 anos

55 a 59 anos

50 a 54 anos

45 a 49 anos

40 a 44 anos

35 a 39 anos

30 a 34 anos

25 a 29 anos

20 a 24 anos

15 a 19 anos

10 a 14 anos

5 a 9 anos

0 a 4 anos 3,5% 3,4%

3,7% 3,6%

4,4% 4,3%

4,5% 4,4%

4,3% 4,3%

3,9% 4,1%

4,2% 4,2%

3,7% 3,9%

3,2% 3,5%

3,6% 3,8%

2,7% 3,0%

1,7% 1,9%

2,2% 2,5%

1,3% 1,5%

0,6% 0,8%

1,0% 1,1%

0,4% 0,5%

0,0%

0,0%

0,0%

0,1%

0,0%

0,0%

0,1% 0,2%

620

2.538

8.998

23.876

50.561

80.272

114.342

151.451

201.289

256.686

309.977

363.723

394.269

403.019

425.939

443.557

449.593

458.869

445.519

377.509

350.925

313

1.273

4.945

15.588

36.887

64.121

99.314

133.729

180.838

231.993

282.641

336.461

372.379

384.351

410.438

436.675

451.739

469.762

463.552

390.883

363.112

Homens Mulheres

Fonte: IBGE (ANO 2010)

Fonte: IBGE (ANO 2000)

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20

A observação das pirâmides etárias de 2000 e 2010 (Gráficos 1 e 2) revelou as rápidas transformações que estão ocorrendo na estrutura etária da população paranaense. Em 2000 havia uma forma semelhante à de pirâmide, com a base alargada e ápice estreito. Já no ano de 2010, observou-se um estreitamento da base e um alargamento do ápice, refletindo a redução relativa da população jovem e o crescimento dos idosos.

Em 2000 a população paranaense de maiores de 80 anos era a metade da população de menores de um ano, em 2010, elas praticamente se igualaram com 1,39% e 1,38% respectivamente (GRÁFICO 3).

A composição de uma população é reflexo de sua dinâmica ao longo do tempo. O fator decisivo para o envelhecimento da população é a queda da fecundidade, isto é, a diminuição relativa dos contingentes populacionais nas faixas etárias mais jovens e a ampliação da população nas faixas etárias mais idosas (VERMELHO, MONTEIRO, 2005).

A partir de 1980 houve uma aceleração no processo de envelhecimento populacional no Paraná, sendo que o contingente de menores de 20 anos, que constituía mais da metade da população (57,3%) no Censo Demográfico de 2010 diminuiu para 31,8% do total. Já a população idosa, com 60 anos ou mais que representava apenas 4,4% em 1980, cresceu rapidamente, quase triplicando sua participação relativa na população paranaense (11,2%) em 2010 (IPEA,2012).

20.00

18.00

16.00

14.00

12.00

10.00

8.00

6.00

4.00

2.00

0.00

Men

or 1

ano

1 a 4

anos

5 a 9

anos

10 a

14 an

os

15 a

19 an

os

20 a

29 an

os

30 a

39 an

os

40 a

49 an

os

50 a

59 an

os

60 a

69 an

os

70 a

79 an

os

80 an

os e

mais

%

faixa etária

2000

2010

GRÁFICO 3Distribuição da população por faixa etária. Paraná - 2000 e 2010

QUADRO 1Esperança de Vida ao Nascer e Taxa de Mortalidade Infantil, e taxa Global de Fecundidade. Paraná - 1991, 2000 e 2010

FONTE: IBGE – Censo Demográfico

ANOESPERANÇA DE VIDA

AO NASCERTAXA DE MORTALIDADE

INFANTILTAXA GLOBAL DE FECUNDIDADE

(FILHOS/MULHER)

1991 65,71 32,99 2,62

2000 69,83 19,02 2,3

2010 74,8 12,03 1,86

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21

O quadro 1 mostra a evolução da esperança de vida ao nascer, da mortalidade infantil e da taxa geral de fecundidade no Paraná, no período compreendido entre 1991 a 2010. A esperança de vida ou expectativa de vida ao nascer passou de 65,71 anos em 1991, para 74,8 anos em 2010, indicando um ganho em vida média de 9,09 anos em apenas 20 anos. As investigações e as pesquisas realizadas também apontam direções para a redução dos impactos negativos das condições de vida da sociedade atual na saúde das populações (IPARDES 2013).

ANÁLISE DE MORBIDADE E MORTALIDADE POR DCNT

Analisando as mortes por todas as causas (25.915) em 2002 no Paraná na população de 30 a 69 anos, as DCNT representavam 63,2%, e em 2012 passaram a ser 57,9%, representando uma redução de 8,4%. Apesar de apresentar uma queda na mortalidade por DCNT de aproximadamente 20% nos últimos anos, a tendência é de aumento uma vez que a população paranaense tende a envelhecer, agravando esta realidade.

GRÁFICO 4Distribuição proporcional de internações por vários grupos de causas. Paraná - 2010

I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias

II. Neoplasia (tumores)

IV. Doenças Endócrinas Nutricionais e Metabólicas

V. Transtornos Mentais e Comportamentais

IX. Doenças do Aparelho Cirulatório

X. Doenças do Aparelho Respiratório

XI. Doenças do Aparelho Digestivo

XV. Gravidez Parto e Puerpério

XIX. Lesões envenenamento e algumas outrasconsequências externas

Outras

7,1%

2,3%

4,5%

20,4%

14,6%

7,5%

8,4%

16,4%

12,9%

5,9%

FONTE: SIH-DATASUS/DVDNT/CEPI/SVS/SESA-PR

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GRÁFICO 5Internações por Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) selecionadas por sexo. Paraná - 2002 a 2012

GRÁFICO 6Internações por DCNT especificadas na faixa etária de 30 a 69 anos. Paraná - 2002 a 2013*

FONTE: SIH-DATASUS/DVDNT/CEPI/SVS/SESA-PR

FONTE: SIH-DATASUS/DVDNT/CEPI/SVS/SESA-PR – * dados preliminares de 2013

900.0

800.0

700.0

600.0

500.0

400.0

300.0

200.0

100.0

0.00

taxa

s p

o 10

mll

hab

M F

NEO

T M F

DIAB

T M F

DAC

T M F

DRC

T

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

ANOS

30,0

80,0

70,0

60,0

50,0

40,0

20,0

10,0

0,0

%

NEOPLASIAS MALIGNAS

DAC

DIABETES

Bronquiolite enfisema e outras DPOC

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As internações por neoplasias malignas na faixa etária de 30 a 69 anos representaram em média 65,3% de todas as internações, e ao longo de 10 anos (2002 a 2012) vêm aumentando de 63,9% em 2002 para 65,7% em 2012. Em relação às internações por Doenças do Aparelho Circulatório (DAC), a média foi de 62,3%, mantendo-se estável. Sobre as internações por diabetes mellitus a média foi de 61,6% diminuindo de 63,3% em 2002 para 62,3% em 2012. As bronquites, enfisemas e outras DPOC representaram, em média, 48,3% das internações e vêm diminuindo, de 52,7% em 2002 para 44,4% em 2012 (redução de 12,8%).

GRÁFICO 7Distribuição proporcional de óbitos segundo grupo de causas. Paraná - 2011

FONTE: SIH DATASUS / DVDNT/DEVE/SVS/SESA-PR

GRÁFICO 8Taxas de mortalidade na faixa de 30 a 69 anos por DCNT por Regionais de Saúde. Paraná - 2002 a 2007

FONTE: SIM/DVDDNT/CEPI/SVS/SESA-PR

1400,00

120,00

1000,00

800,00

600,00

400,00

200,00

0,00

Taxa

s p

or c

em m

il

Regionais de Saúde

2002

2003

2004

2005

2006

2007

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª

11ª

12ª

13ª

14ª

15ª

16ª

17ª

18ª

19ª

20ª

21ª

22ª

PR

Neoplasias

Diabetes Mellitus

D. Ap. Circulatório

D. Ap. Respiratório

D. Ap. Digestivo

D. Inf. Parasitárias

Mal Definidas

Causas externas

Outras

28%

5%

17%16%

14%

5%

3%5%

7%

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GRÁFICO 9Taxas de mortalidade na faixa de 30 a 69 anos por DCNT por Regionais de Saúde. Paraná - 2008 a 2013*

* Dados Preliminares de 2013

FIGURA 1Distribuição espacial das taxas de mortalidade por DCNT na faixa etária de 30 a 69 anos por Regionais de Saúde. Paraná - 2002

410,6

386,1

381,6

389,0

335,2

460,4491,2

522,8

432,7

371,2

384,7

394,7

454,0442,6

508,0

479,7

409,9

396,2 448,4

362,7

374,4

446,6

PR 406,0/100mil

Taxas maiores que

o estado

FONTE: SIM/DVDNT/CEPI/SVS/SESA-PR

FONTE: SIM/DVDDNT/CEPI/SVS/SESA-PR

Em 2002 as taxas de mortalidade variaram de 335,2/100 mil na Regional de Pato Branco (7ª RS) até 522,8/100 mil na Regional de União da Vitória (6ª RS). O Paraná possuía taxa de 406,0/ 100 mil; 12, das 22 Regionais de Saúde apresentaram taxas maiores que a do estado.

600,0

500,0

400,0

300,0

200,0

100.0

0,0

Taxa

s p

or c

em m

il

2009

2010

2011

2012

2013

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª 13ª 14ª 15ª 16ª 17ª 18ª 19ª 20ª 21ª 22ª PR

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25

480,8

476,6

445,7

466,8

351,4

483,6489,0

574,5

521,0

474,4

468.4

457.9

532,1458,7

584,4

557,6

453,8

458,0 529,1

48,3

416,9

542,4

PR 473,9/100mil

Tx > que o PR

FIGURA 3Distribuição espacial das taxas de mortalidade por DCNT no sexo feminino e faixa etária de 30 a 69 anos por Regionais de Saúde. Paraná - 2002

344,2

299,2

320,0

312,6

319,7

437,2493,4

470,1

347,6

275,9

308,9

335,2

373,9426,2

435,2

403,7

368,3

339,8 367,7

241,2

279,8

355,9

PR 341,9/100mil

Tx > que o PR

FONTE: SIM/DVDDNT/CEPI/SVS/SESA-PR

(FIGURA 2 e 3): Com relação ao sexo masculino, destacaram-se as taxas da RS de Pato Branco (a menor) de 351,4/100 mil e a maior na Regional de Cornélio Procópio com 584,4/100 mil. No sexo feminino tivemos a menor taxa na RS de Cianorte, com 241,2/100 mil e a maior na RS de Irati, com 493,4/100 mil.

FIGURA 2Distribuição espacial das taxas de mortalidade por DCNT no sexo masculino e faixa etária de 30 a 69 anos por Regionais de Saúde. Paraná - 2002

FONTE: SIM/DVDDNT/CEPI/SVS/SESA-PR

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26

FIGURA 4Distribuição espacial das taxas de mortalidade por DCNT na faixa etária de 30 a 69 anos por Regionais de Saúde. Paraná - 2012

381,6

325,9

361,2

354,6

352,4

403,4397,7

403,6

372,0

302,0

353,1

335,2

373,9370,1

406,7

487,6

390,0

309,5 376,4

295,1

335,6

306,0

PR 345,6/100mil

Tx > que o PR

FONTE: SIM/DVDDNT/CEPI/SVS/SESA-PR

FIGURA 5Distribuição espacial das taxas de mortalidade por DCNT no sexo masculino e faixa etária de 30 a 69 anos por Regionais de Saúde. Paraná - 2012

452,9

399,7

431,2

423,1

399,6

431,3434,5

454,3

485,4

373,7

446,2

441,5

437,3408,3

496,6

611,8

454,6

371,3 461,9

399,4

422,6

340,8

PR 415,8/100mil

Tx > que o PR

FONTE: SIM/DVDDNT/CEPI/SVS/SESA-PR

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FIGURA 7Distribuição espacial das taxas de mortalidade (por 100.000 hab.) em menores de 70 anos por neoplasias por Regional de Saúde. Paraná - 2012

FONTE: SIM/DVDDNT/CEPI/SVS/SESA-PR

FIGURA 6Distribuição espacial das taxas de mortalidade por DCNT no sexo feminino e faixa etária de 30 a 69 anos por Regionais de Saúde. Paraná - 2012

318,2

262,6

296,2

290,3

308,0

378,3360,2

354,9

291,1

237,6

269,7

309,2

299,5331,7

323,8

372,4

331,2

257,9 296,3

196,4

268,7

275,1

PR 284,2/100mil

Tx > que o PR

FONTE: SIM/DVDDNT/CEPI/SVS/SESA-PR

Em 2012 o Paraná teve taxa de 345,6/100 mil, que variou de 295,1/100 mil na RS de Cianorte (13ª RS) a 487,6/100 mil na RS de Jacarezinho (19ª RS). No sexo masculino a maior taxa foi 611,8/100 mil na 19ª RS e a menor 340,8/100 mil na 12ª RS (Umuarama). No sexo feminino a maior taxa foi de 378,3/100 mil na 5ª RS (Guarapuava) e a menor foram 196,4/100 mil na 13ª RS (FIGURA 5 e 6).

71,5

67,0

76,3

85,0

77,8

67,4

87,0

77,4

60,8

66,3

74,3

72,9

77,874,7

73,4

72,1

75,3

66,1 70,1

40,9

77,6

54,3

PR 70,0/100mil

Tx > que o PR

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28

FIGURA 8Distribuição espacial das taxas de mortalidade (por 100.000 hab.) em menores de 70 anos por diabetes mellitus por Regional de Saúde. Paraná - 2012

FONTE: SIM/DVDDNT/CEPI/SVS/SESA-PR

FIGURA 9Distribuição espacial das taxas de mortalidade (por 100.000 hab.) em menores de 70 anos por doença do aparelho circulatório por Regional de Saúde. Paraná - 2012

FONTE: SIM/DVDDNT/CEPI/SVS/SESA-PR

13,8

15,1

12,8

8,4

10,8

11,310,3

17,6

14,1

14,1

14,6

20,5

16,314,4

19,5

22,9

11,1

15,7 16,3

17,5

11,4

16,5

14,7/100mil

Tx > que o PR

52,8

41,8

41,0

40,3

38,7

44,547,7

36,5

60,8

37,4

41,4

49,4

41,240,7

56,2

76,7

41,5

35,3 44,1

51,1

35,1

48,3

41,8/100mil

Tx > que o PR

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FIGURA 10Distribuição espacial das taxas de mortalidade (por 100.000 hab.) em menores de 70 anos por doenças respiratórias crônicas por Regional de Saúde. Paraná - 2012

FONTE: SIM/DVDDNT/CEPI/SVS/SESA-PR

FONTE: SIM/ DVDNT/CEPI/SVS/SESA-PR base 05.01.2015

Os óbitos por neoplasias malignas no Paraná, de 2008 a 2012, do sexo masculino, foram 17.654, com uma média a cada ano de 3531, sendo um número crescente. Com relação ao sexo feminino houve 14.553 óbitos por neoplasias, com uma média de 2.911 mortes anuais, de forma crescente a cada ano.

Observando as mortes ocorridas na faixa de 30 a 69 anos, que são consideradas prematuras, entre os anos de 2008 a 2012, as taxas por 100 mil tiveram variação de 17 vezes entre a menor 60,5 e a maior taxa 1038,3 nos municípios do Paraná conforme Tabela 1.

TABELA 1Taxas de mortalidade prematuras por DCNT em municípios selecionados - 2008 a 2012

ANO PARANÁ MAIOR TAXA MENOR TAXA

2008 373,1 1018,1 Santo Inácio 106,3 Esperança Nova

2009 359,1 1038,3 Guapirama 78,2 Boa Esperança do Iguaçu

2010 363,7 811,7 Lindoeste 60,7 Guaraqueçaba

2011 368,2 979,3 Mirasselva 118,7 Sulina

2012 358,7 775,2 Prado 84,7 Ariranha do Ivaí

A análise das mortes por neoplasias malignas na faixa de 30 a 69 anos permitiu observar que no sexo masculino elas representam maioria (54,8% do total) no período de 2008 a 2012, com tendência crescente a cada ano em homens e mulheres.

No Paraná, a média de mortes por diabetes mellitus no período de 2008 a 2012 foi de 721/ano em homens de 30 a 69 anos, e 683/ano nas mulheres da mesma faixa etária, com tendência estável em ambos os sexos, sendo que 51,3% das mortes por dm foram no sexo masculino.

7,7

7,3

6,9

9,0

14,6

14,111,6

5,7

9,0

4,5

6,0

5,7

4,710,2

5,7

11,4

8,0

7,1 8,1

6,6

10,4

9,3

7,8/100mil

Tx > que o PR

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Do total de óbitos referentes às doenças do aparelho circulatório, 60,9% ocorreram em homens e, ano a ano (2008 a 2012) houve uma tendência de estável a decrescente. Já nas mulheres, há uma nítida tendência decrescente ano a ano no número de mortes por esta causa.

As doenças respiratórias crônicas também mataram mais homens que mulheres na faixa de 30 a 69 anos. As mortes nos homens desta faixa, ocorridas no período de 2008 a 2012, representaram 54,9% com média de 729 mortes/ano, enquanto que nas mulheres, a média foi de 600/ano.

As mortes pelo grande grupo das DCNT no sexo masculino diminuíram de 473,9/100 mil em 2002 para 415,8/100 mil em 2012. Foram 58,1 menos mortes por 100 mil homens. No sexo feminino eram 341,9/100 mil em 2002, passando a 284,2/100 mil em 2012, ou seja, 57,7 menos mortes em 100 mil mulheres. O total de mortes nesta faixa em homens e mulheres passou de 406/100 mil em 2002 para 345/100 mil, perfazendo uma diminuição de 61 mortes em 100 mil pessoas de 30 a 69 anos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cenário investigado nos desvelou um território com níveis reduzidos de fecundidade e mortalidade, evidenciando que para além das influências das migrações campo/cidade, observou-se que a população paranaense tem sofrido forte envelhecimento bem como apresentou uma transição de população rural e jovem (década de 1970) para uma população urbana e mais envelhecida (2010).

Tal cenário corrobora a importância de conhecer e divulgar informações sobre as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Ao apresentarmos um panorama do cenário epidemiológico das DCNT no Paraná, no período compreendido entre 2002 a 2012, objetivamos fornecer subsídios para o enfrentamento do desafio de estabelecer diretrizes e estratégias para o desenvolvimento de ações de prevenção das doenças e promoção da saúde, particularmente das doenças do aparelho circulatório, neoplasias malignas, doenças respiratórias crônicas e diabetes mellitus, que impactam significativamente na morbimortalidade dos cidadãos paranaenses e consequentemente na organização dos serviços de saúde aqui estabelecidos.

Planejar, coordenar, acompanhar e organizar as atividades que envolvem a vigilância epidemiológica e o controle de doenças e agravos exige constante investigação e divulgação de conhecimentos produzidos. Para tanto foi produzido este capítulo, cujos resultados estão sendo apresentados para serem utilizados por todos os profissionais de saúde do estado do Paraná, em especial pelos técnicos da SESA que compõem as 22 Regionais de Saúde.

O Plano Estadual de Vigilância Epidemiológica de Doenças e Agravos Não Transmissíveis definiu linhas de ação para estruturar, consolidar e implementar a vigilância epidemiológica das DANT no estado, das quais destacamos a pesquisa, a educação e a comunicação.

Assim sendo, os resultados apresentados podem e devem contribuir para a consolidação da vigilância em saúde; promoção da saúde; prevenção, monitoramento e avaliação das DCNT bem como a operacionalização do cuidado integral.

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REFERÊNCIAS

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BRASIL. Ministério da Saúde. Informações de Saúde (TABNET). Sistema de Informação Hospitalar. Disponível em: <http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=02>. Acesso em: 30 jan. 2015.

BRASIL, Ministério da Saúde. Vigilância de Doenças Crônicas Não Transmissíveis, 2012. Disponível em:<http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=31877&janela=1>. Acesso em: 08 ago. 2014.

CDC. National Center for Health Statistics Definitions: health condition [web site]. Atlanta, United States Centers for Disease Control and Prevention, 2008. Disponível em: http://www.cdc.gov/nchs/datawh/nchsdefs/healthcondition.htm. Acesso em: 13 ago. 2014.

CID-10. Classificação Internacional de Doenças e Problemas - Décima Revisão. Organização Panamericana da Saúde. Organização Mundial de Saúde. São Paulo: Edusp, v. 1; 2009.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo IBGE 2010.

IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Anuário Estatístico do Estado do Paraná – 2012. Disponível em: <http://www.ipardes.pr.gov.br/anuario_2012/index.html>. Acesso em: 28 jul. 2014.

IPEA. Os Estados e as Regiões Metropolitanas Constitutivas do Observatório das Metrópolesno Censo 2010. Disponível em: ipea.gov.br/agencia/images/stories/.../Livro_perspectivasdapolitica.pdf. Acesso em: 05 jul. 2015

PARANÁ. Lei nº 8.485, de 03 de junho de 1987. Dispõe sobre a reorganização da estrutura básica do Poder Executivo no Sistema de Administração Pública do Estado do Paraná. Publicado no Diário Oficial nº. 2540 de 8 de junho de 1987. Disponível em: http://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/pesquisarAto.do?action=exibir&codAto=8360&codItemAto=77799. Acesso em: 30 jan. 2015.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde. Plano Estadual de Saúde Paraná 2012-2015. – Curitiba: SESA – Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, 2013.220 p. Disponível em: <www.saude.pr.br>. Acesso em: 30 jan. 2015.

WHO. Chronic diseases [web site]. Geneva, World Health Organization, 2008.Disponível em: <http://www.who.int/topics/chronic_disease/en>. Acesso em: 13 ago. 2014.

VERMELHO, L.L.; MONTEIRO, M.F.G. Transição Demográfica e Epidemiológica – Cap 6. In: Epidemiologia MEDRONHO, R.A. Ed. Atheneu. São Paulo, 2005.

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Balanço das Metas do Plano Nacional de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não

Transmissíveis no Estado do Paraná e na Capital Curitiba após Três Anos da Implantação

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Deborah Carvalho Malta1

Marta Maria Alves da Silva2

Taís Porto Oliveira3

Maria Aline Siqueira Santos4

Eva Lídia Arcoverde Medeiros5

1Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DVDANT), Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), Ministério da Saúde (MS), Brasília-DF; e Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte-MG - (61) 3315-7701 - [email protected] 2 Coordenação Geral de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (CGDANT), DVDANT, SVS, MS, Brasília-DF – (61) 3315-7713 - [email protected] Idem.4 Idem.5 Idem.

RESUMO

Objetivo: apresentar o monitoramento de metas nacionais do Plano de Ações Estratégicas para Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2012, no estado do Paraná e na capital Curitiba. Métodos: foram comparadas as frequências das metas do plano na sua linha de base, em 2010, com as obtidas em inquéritos populacionais em 2013 e no Sistema de Informação de Mortalidade, no último ano disponível, 2012. Resultados: ocorreu redução da mortalidade prematura (30 a 69 anos) por DCNT em 3,6% (média anual) para o estado do Paraná entre 2010 e 2012, e do consumo do tabaco (14,9%) e do álcool (9,3%) para a capital entre 2010 e 2013. Em Curitiba houve aumento no consumo de frutas e hortaliças (23,7%), níveis de atividade física no lazer (12,9%), obesidade (1,7%) e cobertura de mamografia (1,2%). Quanto à citologia oncótica foi observada redução (1,2%), mas o percentual obtido permanece dentro da meta esperada. Conclusão: seis das sete metas avaliadas foram alcançadas, a exceção foi deter a obesidade. A variação do consumo de álcool está dentro do esperado, embora ainda não se perceba tendência significativa de redução. Torna-se importante manter o monitoramento e avançar na análise desagregada dessas metas.

DESCRITORES: doenças crônicas, obesidade, hábito de fumar.

Artigo 2

Balanço das Metas do Plano Nacional de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não

Transmissíveis no Estado do Paraná e na Capital Curitiba após Três Anos da Implantação

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INTRODUÇÃO

Considerando o panorama epidemiológico e econômico das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, o Ministério da Saúde coordenou o processo de elaboração do Plano de Ações Estratégias para o enfrentamento das DCNT no Brasil 2011- 2022, publicado em 2011, que contou com a colaboração de mais de vinte ministérios, diferentes instituições acadêmicas, secretarias estaduais e municipais, sociedades científicas e organizações não governamentais, o que garantiu a inserção de ações não somente do setor Saúde, mas também dos demais setores envolvidos (BRASIL, 2011; MALTA, MORAIS, SILVA JUNIOR, 2011).

O plano brasileiro está alinhado às diretrizes da Organização Mundial de Saúde (2011) e aborda os quatro fatores de risco modificáveis (tabagismo, alimentação inadequada, inatividade física e consumo abusivo de bebidas alcoólicas) comuns aos quatro principais grupos de DCNT responsáveis por grande parte da carga de doenças: doenças cardiovasculares (DCV), cânceres, diabetes e doenças respiratórias crônicas (BRASIL, 2011; OMS, 2011).

O Plano de DCNT fundamenta-se em três principais diretrizes ou eixos: I) vigilância, informação, avaliação e monitoramento; II) promoção da saúde; e III) cuidado integral. Foram propostas nove metas nacionais para o Plano de DCNT para o período 2011-2022 e que se referem aos temas de morbimortalidade e fatores de risco de DCNT, considerando a realidade e necessidade do país (BRASIL, 2011; MALTA et al, 2011; MALTA, SILVA JUNIOR, 2013).

Globalmente, 2011 foi um ano de grande relevância para o tema das DCNT, com a convocação da reunião de Alto Nível de DCNT pela Organização das Nações Unidas, que resultou em um compromisso Global dos países e na aprovação em 2013 pela 65ª Assembléia Mundial da Saúde, das metas globais voluntárias 2015-2025 para a prevenção e o controle de doenças não transmissíveis e do plano de DCNT (ONU, 2012; OMS, 2012; OMS, 2013).

O estudo atual objetiva apresentar os resultados do monitoramento das metas nacionais acompanhadas pelo Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) e pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), após dois anos da publicação do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT (PAEEDCNT), no estado do Paraná e em Curitiba.

METODOLOGIA

O presente artigo descreve os dados disponíveis no triênio 2011-2013 referentes a nove metas estabelecidas pelo PAEEDCNT, a serem atingidas pelo país até 2022, tendo como linha de base o ano de 2010. A descrição dos indicadores e a metodologia utilizada podem ser conhecidas com detalhamento em outras publicações (BRASIL, 2011; MALTA, SILVA JUNIOR, 2013). Embora na versão do Plano de 2011 a linha de base tenha sido definida por um conjunto de diversos inquéritos e Sistemas de Informação, o estudo atual irá apresentar apenas os indicadores com dados disponíveis para o triênio estudado: aqueles monitorados pelo Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) e pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), este último apenas para as capitais.

O Vigitel é realizado anualmente com a população adulta, com 18 ou mais anos de idade, que possui telefone fixo no domicílio, residentes nas 26 capitais do Brasil e no Distrito Federal (BRASIL, 2014a). Os dados do Vigitel 2010 foram a linha de base para diversos indicadores de fatores de risco e como tem coleta anual, apóiam o monitoramento contínuo do Plano nas capitais. O atual trabalho detalha o alcance das metas segundo esse inquérito no ano de 2013 (BRASIL, 2011; BRASIL, 2014a). As demais metas do plano, cuja linha de base refere-se a outras pesquisas, como a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), Pesquisa Nacional de Saúde e outras, não serão aqui apresentadas, pois ainda não têm o seu resultado divulgado, sendo objeto de avaliações futuras (BRASIL, 2011; MALTA et al, 2011; BRASIL, 2010a; BRASIL, 2014b).

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Foram estudados os seguintes indicadores:

Mortalidade, para o estado do Paraná: 1) reduzir a taxa de mortalidade prematura (30 a 69 anos) por DCNT em 2% ao ano; considerando o que foi preconizado pela Organização Mundial de Saúde (2011) e pelo Plano de Enfrentamento das DCNT (BRASIL, 2011), foram definidos quatro grupos de causas de DCNT como prioridade de atuação: doenças cardiovasculares (I00 – I99), doenças respiratórias (J30 – J98), neoplasias (C00 – C97) e diabetes mellitus (E10 – E14). As estimativas da população foram obtidas no site do Departamento de Informática do SUS (DATASUS) (BRASIL, 2011), segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram usadas taxas padronizadas pela população mundial, bem como foi realizada a correção das taxas para sub-registros e por causas mal definidas (BRASIL, 2011; MALTA, SILVA JUNIOR, 2013).

Fatores associados às DCNT, para a capital Curitiba: 1) reduzir em 30% a prevalência de tabagismo em adultos; 2) deter o crescimento da obesidade em adultos; 3) aumentar em 10% o consumo recomendado (cinco porções diárias) de frutas e hortaliças; 4) aumentar a prevalência de atividade física no lazer em 10%; 5) reduzir em 10% a prevalência de consumo abusivo de álcool em adultos (quatro doses ou mais em mulheres e cinco doses ou mais em homens) nos últimos 30 dias; 6) aumentar a cobertura de mamografia nos últimos dois anos em mulheres entre 50 e 69 anos para 70%; 7) ampliar a cobertura de exame preventivo de câncer de colo uterino nos últimos três anos em mulheres de 25 a 64 anos para 85% (BRASIL, 2011; MALTA et al, 2011; MALTA, SILVA JUNIOR, 2013).

Alguns indicadores e resultados foram recalculados em relação aos valores apresentados na linha de base do Plano de DCNT (BRASIL, 2011). Citamos como exemplo a prevalência de atividade física no lazer, que foi recalculada em relação ao estimado em 2010, em função das mudanças conceituais do indicador (BRASIL, 2014a; OMS, 2010). Assim, conforme novos parâmetros da OMS foram considerados ativos no tempo livre os indivíduos que praticavam semanalmente 150 minutos de atividade moderada e/ou 75 minutos de atividade intensa, independente do número de dias na semana (BRASIL, 2014a; OMS, 2010).

Foram utilizados exclusivamente dados secundários, sem identificação dos sujeitos. Todos os dados analisados foram coletados e analisados segundo os princípios éticos estabelecidos na Resolução Nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.

RESULTADOS

Observa-se na tabela 1 que a taxa de mortalidade prematura (30 a 69 anos) por DCNT no estado do Paraná foi de 502,88 e 364,98 (por 100 mil habitantes) em 2010 e 2012, respectivamente. Nesse período, a queda foi de 7,0%, sendo a média de redução de 3,6% ao ano, maior que a média observada entre os anos 2000 e 2012, de 2,5% ao ano (Figura1).

QUADRO 1Acompanhamento das Metas do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011 – 2022, conforme percentual de indivíduos expostos a fatores de risco ou proteção para doenças crônicas no conjunto da população adulta de Curitiba no período de 2010 a 2013, VIGITEL.

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(*) linha de base (**) diminuição, mas meta atingida.

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As taxas observadas no estado formam uma linha semelhante àquela observada para o Brasil e superior a observada na região Sul (Figura 3). Analisando por sexo, a figura 2 aponta maiores taxas para o sexo masculino em todo o período de 2000 a 2012; e quanto aos grupos de DCNT, observam-se maiores taxas para as DCV, seguido das neoplasias.

FIGURA 1Taxas de mortalidade pelo conjunto dos quatro principais grupos de DCNT entre adultos de 30 a 69 anos de idade, segundo sexo. Paraná - 2000 a 2012

Taxa

pad

roni

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00.0

00 h

ab.)

Masculino

Feminino

Total

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650

600

550

500

450

350

300

250

2002000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

a) padronizadas por idade para a população-padrão da Organização Mundial da Saúde (OMS), corrigidas para sub-registro e com redistribuição das causas mal definidas de morte. Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)

FIGURA 2Taxas de mortalidade pelo conjunto dos quatro principais grupos de DCNT entre adultos de 30 a 69 anos de idade no estado do Paraná, na região Sul e no país, Brasil - 2000 a 2012

Taxa

pad

roni

zad

a p

o (1

00.0

00 h

ab.)

Brasil

Sul

Paraná

400

600

550

500

450

350

300

250

2002000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

a) padronizadas por idade para a população-padrão da Organização Mundial da Saúde (OMS), corrigidas para sub-registro e com redistribuição das causas mal definidas de morte. Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)

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FIGURA 3Taxa de mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis entre adultos de 30 a 69 anos de idade, por grupos principais de DCNT, para o estado do Paraná - 2000 a 2012

Taxa

pad

roni

zad

a p

o (1

00.0

00 h

ab.)

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02000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

a) padronizadas por idade para a população-padrão da Organização Mundial da Saúde (OMS), corrigidas para sub-registro e com redistribuição das causas mal definidas de morte. Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)

Neoplasias

Diabetes Melitus

Doenças Cardiovasculares

Doenças Respiratórias

Doenças Crônicas

Quanto aos fatores de risco associados às DCNT, os dados do Vigitel 2013 auto-referidos de peso e altura em adultos apontaram variação da prevalência de obesidade de 17,3% em 2010 para 17,6% em 2013, apresentando tendência de aumento no período de 2006 a 2013 (p = 0,0055) (Tabela1). Contrariamente, a prevalência de fumantes caiu de 16,1% em 2010 para 13,7% em 2013, apresentando tendência de redução (p = 0,0187). O consumo abusivo de bebidas alcoólicas em adultos que era de 12,9% em 2010 reduziu para 11,7% em 2013, mas ainda não foi encontrada tendência de variação analisando-se o período de 2006 a 2013.

Observando-se os fatores de proteção, o percentual de adultos que praticava atividade física suficiente no lazer passou de 33,1% em 2010 para 37,4% em 2013, com tendência de aumento no período de 2009 a 2013 (p = 0,0016). O consumo recomendado de frutas e hortaliças também apresentou tendência de aumento (p = 0,0341) e subiu de 21,9% em 2010 para 27,1% em 2013 (Tabela 1).

Com relação ao acesso aos serviços de saúde, os dados do Vigitel apontam que, em 2010, 81,4% das mulheres de 50 a 69 anos referiram ter realizado a mamografia nos últimos dois anos, ou seja, para essa variável Curitiba já iniciou 2010 com prevalência acima da meta nacional e ainda apresentou tendência de aumento no período de 2007 a 2013 (p = 0,041), alcançando 82,4% em 2012.

Quanto à cobertura do exame preventivo de câncer de colo uterino em mulheres de 25 a 64 anos, o percentual observado foi de 89% em 2010 e 87,9% em 2012. Mesmo com essa redução de 1,1 pontos percentuais o resultado encontrado permanece acima da meta nacional estabelecida de 85% de cobertura (Tabela 1).

DISCUSSÃO

O monitoramento, em Curitiba e Paraná, das metas do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT aponta avanços em seis das sete metas avaliadas, como a redução da mortalidade prematura (30 a 69 anos) por DCNT no estado do Paraná entre os anos 2010 e 2012. Quanto aos fatores de risco, observando-se a capital no período de 2010 a 2013, houve redução da prevalência de fumantes (14,9%) e do consumo abusivo de bebidas alcoólicas (9,3%); aumento no consumo recomendado de frutas e hortaliças (23,7%), níveis de atividade física no lazer (12,9%), obesidade (1,7%) e cobertura da mamografia (1,2%). Quanto a citologia oncótica foi observada redução (1,2%), mas o percentual obtido permanece dentro da meta esperada.

Outros inquéritos compuseram a linha de base do PAEEDCNT em 2011, porém, como estão

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em fase de publicação dos resultados ou ainda serão realizados em futuro próximo, não foi objeto do presente monitoramento (BRASIL, 2011). Entre os estudos citamos a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), que apresenta dados relevantes sobre o consumo alimentar e dados antropométricos da população brasileira e é realizada a cada cinco anos, sendo a próxima edição em 2015, com abrangência nacional (BRASIL, 2010a). A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2008, realizada pelo IBGE, foi a linha de base para indicadores como mamografia e Papanicolau (BRASIL, 2010b). A PNAD foi substituída pela Pesquisa Nacional de Saúde que foi a campo em 2013, e os resultados disponíveis em 2014 e 2015 possibilitarão o monitoramento a cada cinco anos da maioria das metas do Plano de DCNT, e também das metas do Plano Globalde DCNT (MALTA, SILVA JUNIOR, 2013; BRASIL, 2014b). A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, realizada em adolescentes do 9º ano, a cada três anos, em escolas públicas e particulares, com representatividade para Brasil, regiões e capitais, possibilitará monitorar metas junto à população dessa faixa etária (BRASIL, 2013).

A meta de redução anual da taxa de mortalidade prematura (30 a 69 anos) foi atingida nesta primeira aferição, mostrando que a tendência, entre 2000 e 2010 que já era de queda, foi acentuada e, assim, a meta de declínio de 2% ao ano foi superada (BRASIL, 2011; MALTA et al, 2011; MALTA, SILVA JUNIOR, 2013).

A redução da prevalência de tabagismo é o indicador de fator de risco que mais tem avançado no Brasil, o que pode ser atribuído às medidas regulatórias adotadas nos últimos anos, como a proibição da propaganda, aumento dos preços, figuras de advertências nos maços, entre outras (BRASIL, 2011; MALTA et al, 2011; BRASIL, 2009; MALTA et al, 2014). Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição em 1989, a prevalência no Brasil era de 34,8% 17, em 2008, a Global Adult Tobacco Survey (GATS), que no Brasil foi denominada Pesquisa Especial de Tabagismo (PETAB) apontou que 17,2% dos adultos tinham hábito de fumar e a PNS apontou 14,7% em 2013 (BRASIL, 2014b; BRASIL, 2009; MALTA et al, 2013). A meta estabelecida pela Organização Mundial de Saúde prevê uma redução de 30% do tabagismo em 10 anos, o que equivale à meta estabelecida no PAEEDCNT (BRASIL, 2011; MALTA et al, 2011; MALTA, SILVA JUNIOR, 2013; OMS, 2012; OMS, 2013). Pelos dados do Vigitel, quase metade dessa meta já foi atingida nesses primeiros anos (BRASIL, 2014a).

Deter o crescimento da obesidade em adultos e reduzir a prevalência de obesidade em crianças e adolescentes são metas ambiciosas. Os dados do Vigitel aqui mostrados assemelham-se a dados anteriores do país e também a globais, estimando a continuidade do crescimento da obesidade (BRASIL, 2014a; BEAGLEHOLE et al, 2012). A permanência dessas metas reforça o compromisso dos países em continuar na busca por soluções e estratégias para deter a obesidade no futuro. Os indicadores de prevalência de obesidade em crianças de 5 a 9 anos e adolescentes de 10 a 19 anos foram aferidos em 2008 na POF e só serão novamente medidos em 2015 (BRASIL, 2010a).

As medidas do peso e altura em adultos (18 anos ou mais) serão aferidas também em 2015 na POF, e foram coletadas em 2013 na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), podendo, assim, serem monitoradas por ambas as pesquisas (BRASIL, 2010a; BRASIL, 2014b).

O consumo recomendado de frutas e hortaliças mostrou tendência de aumento, em ambos os sexos, segundo o Vigitel 2013 (BRASIL, 2014a), mas ainda é uma prática de pouco mais de um quinto da população adulta brasileira, necessitando de esforços que visem ao aumento desse consumo, seja por meio de medidas de incentivo à produção, comunicação, entre outras (BRASIL, 2014a). Outra meta relacionada à alimentação, mas que não foi monitorada pelo Vigitel é a redução do consumo médio de sal. Em 2008, segundo a POF, esse consumo era de 12 gramas (BRASIL, 2010a), e a próxima medida está prevista para 2015. Além disto, a PNS fez a coleta da excreção urinária em 2013 e 2014. Portanto essa meta será monitorada posteriormente (BRASIL, 2014b).

As prevalências de prática de atividade física no tempo livre mostraram crescimento no país, que segundo o Vigitel 2013 ocorreu em homens e na população em geral (BRASIL, 2014a). No entanto,

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esse aumento da atividade física (AF) não tem sido observado no mundo, ao contrário, estudos globais têm identificado aumento da inatividade física (LEE et al, 2012). O Plano de DCNT tem levado este tema como ação prioritária e o programa Academia da Saúde poderá ser um importante fator para apoiar o incremento da AF populacional (BRASIL, 2011; MALTA, SILVA JUNIOR, 2012), convergindo com estudos que apontam o benefício de programas comunitários de atividade física no incremento do nível dessa prática na população (SIMOES et al, 2009).

O consumo abusivo de bebidas alcoólicas permaneceu estável no período estudado. Considera-se ousada a meta de reduzir o consumo abusivo de álcool e, para tanto, o Brasil deve avançar no marco regulatório, em especial na proibição da propaganda das cervejas (BRASIL, 2011; MALTA et al, 2011; PARRY et al, 2011).

No que se refere à cobertura de exames preventivos de câncer de mama e de colo do útero, as prevalências observadas em Curitiba já estavam acima da meta nacional desde 2010. Destaca-se que a linha de base teve como referencial a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD), pesquisa domiciliar de base populacional e abrangência nacional, que encontrou valores inferiores quando comparada ao Vigitel (BRASIL, 2014a; BRASIL, 2010b).

As coberturas de mamografia em mulheres entre 50 e 69 anos e de Papanicolau naquelas entre 25 a 64 anos foram aferidas em 2008 pela PNAD em 54% e 78%, respectivamente, e o Vigitel 2010 trouxe os valores 81,4% e 89% para os mesmos indicadores (BRASIL, 2014a; BRASIL, 2010b). Ressalta-se que os dados do Vigitel se referem as 26 capitais do país e ao Distrito Federal, com pessoas que possuem telefone fixo na residência, ou seja, locais em que há maior cobertura e procura por este exame, além de maior escolaridade da população (BRASIL, 2014a). Dados nacionais, com cobertura semelhante a PNAD, só serão conhecidos com a PNS (BRASIL, 2010a; BRASIL, 2014b).

Cabe destacar que o Ministério da Saúde tem desenvolvido estratégias para garantir aumento da oferta de mamografias em todo o país (SILVA JUNIOR, MAGALHAES, 2013), bem como garantia da qualidade deste exame, o que pode explicar o aumento da cobertura autoreferida. Já a meta de cobertura do exame de citologia oncótica (Papanicolau), nos últimos três anos, manteve-se estável segundo o Vigitel, destacando-se que as coberturas já estão elevadas (BRASIL, 2014a).

Como limites do estudo destacamos o fato de o Vigitel disponibilizar dados apenas para as capitais e da população que dispõe de telefone fixo, entretanto, os pesos de pós-estratificação ajustam as prevalências, aproximando-as das estimativas populacionais (BRASIL, 2014a). A PNS possibilitará ampliar o monitoramento das metas do plano de DCNT para toda a população brasileira, além de prover informações de base domiciliar (BRASIL, 2014b).

Apesar das limitações, o acompanhamento anual das metas nacionais nas capitais brasileiras permite o conhecimento das disparidades regionais, proporcionando uma atenção diferenciada às lacunas e dificuldades encontradas em cada localidade para que assim, os programas e ações sejam direcionados às particularidades respectivas (BRASIL, 2005).

Cabe destacar que as metas estabelecidas no plano de ações estratégicas para enfrentamento das DCNT no Brasil estão de acordo com as adotadas pelo Plano de Ação Global para a prevenção e controle das DCNT 2013-2020, conduzido pela OMS, como também com o Plano de Ação Regional de DCNT, 2013 – 2019, da Organização Pan-Americana de Saúde (OMS, 2013; OPAS, 2013). Os indicadores do Plano da OMS e da OPAS serão futuramente monitorados (OMS, 2012; OMS, 2013; OPAS, 2013).

A compatibilização dos indicadores e metas é importante, pois facilitará o monitoramento dessas doenças e de seus fatores de risco em escala global, entretanto, a comparabilidade das informações obtidas em cada país ainda é um importante desafio, uma vez que se faz necessário investir na qualidade e validade dos dados que serão monitorados, e na padronização dos inquéritos, metodologias e instrumentos, o que representa um grande desafio global (MALTA, SILVA JUNIOR, 2013; OMS, 2013).

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REFERÊNCIAS

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Terezinha Maria Mafioletti1

Aida Maris Peres2

Emerson Luiz Peres3

1Enfermeira da Divisão de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DVDNT), do Centro de Epidemiologia (CEPI), da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS), da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA-PR). Mestre em Saúde Coletiva/Doutoranda em Enfermagem UFPR – [email protected] 2 Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Paraná. Doutora em Enfermagem/Mestre em Administração – [email protected] Psicólogo da Divisão de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DVDNT), do Centro de Epidemiologia (CEPI), Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS), da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA-PR). Mestre em Psicologia da Infância e da Adolescência – [email protected]

RESUMO

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), inquérito que monitora a saúde dos escolares brasileiros do 9º ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas, inclui temas sobre fatores de riscos e proteção em adolescentes, como alimentação, atividade física, consumo de substâncias psicoativas (cigarro, álcool e outras drogas), saúde sexual e reprodutiva, acidentes de trânsito, violência dentre outros. Em 2012, 86% dos escolares que freqüentavam o 9º ano do ensino fundamental tinham 13 a 15 anos de idade. Destes 69,9% consumiram feijão, 43,4% hortaliças; 30,2% frutas frescas e 51,5% tomaram leite, enquanto 41,3% consumiram guloseimas em cinco ou mais dias na semana anterior a pesquisa; 7,3% já usaram drogas ilícitas alguma vez na vida e 28,7% dos escolares já tiveram relação sexual; 6,3% relataram que não fizeram uso do cinto de segurança quando estavam em um veículo motorizado; 18,5% declararam já ter dirigido veículo motorizado e 18,7% do total de escolares já foram transportados em veículos motorizados dirigidos por motoristas que consumiram bebida alcoólica; 6,4% disseram ter se envolvido em brigas com armas de fogo e 10,6% informaram terem sido fisicamente agredidos por um adulto de sua família. Infere-se que a pesquisa permite conhecer os fatores de risco e proteção dos adolescentes do Brasil, constituindo-se num importante instrumento para subsidiar com informações os gestores, dando sustentabilidade ao Sistema Nacional de Monitoramento da Saúde do Escolar e apoiando as políticas públicas de proteção a saúde dos adolescentes, sendo a temática de relevância e importância para o conhecimento da saúde dos escolares.

DESCRITORES: inquérito populacional, fatores de risco e proteção; adolescência, saúde do escolar.

Artigo 3

Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense): Uma Breve Análise

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INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) iniciou em 1982 um sistema de vigilância baseado em inquéritos sobre o comportamento em saúde de escolares que, hoje, integra a maior parte dos países europeus e também de outros continentes. As informações produzidas nestes inquéritos têm permitido a comparação entre os países e podem apontar intervenções adequadas dos gestores e profissionais de saúde (MALTA, et al, 2010).

O presente artigo relata os resultados da I e II Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar-PeNSE, realizadas em 2009 e 2012 no Brasil, com a finalidade de investigar fatores de risco e proteção à saúde dos adolescentes, junto aos escolares do 9º ano do ensino fundamental. Em 2009 foram coletados dados de 60.973 estudantes de escolas públicas e privadas das capitais brasileiras. Em 2012 a abrangência da pesquisa foi ampliada e o número de entrevistados foi 109.104 escolares e os diretores das escolas também integraram a amostra (IBGE, 2009, 2013).

A PeNSE compõe a Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT) da Secretaria de Vigilância em Saúde – Ministério da Saúde e tem como finalidade traçar um perfil da situação dos escolares no que tange à prevalência de fatores de risco comportamentais para doenças e agravos não transmissíveis. Seus resultados visam orientar o desenvolvimento e o planejamento de políticas públicas de promoção da saúde, ações de prevenção, assim como subsidiar os gestores na sua implementação (MALTA, et al, 2010).

Os adolescentes constituem um grupo prioritário para promoção da saúde em todas as regiões do mundo, em razão dos comportamentos que os expõem a diversas situações de riscos para a saúde (MALTA, et al, 2010).

Nessa época da vida, crescem a autonomia e independência em relação à família e é comum a experimentação de novos comportamentos e vivências.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), alguns desses comportamentos e vivências representam importantes fatores de risco para a saúde, como o tabagismo, o consumo de álcool, a alimentação inadequada, o sedentarismo e o sexo não protegido (MALTA, et al, 2010). Esses fatores aumentam o risco de acidentes e violências, além de contribuírem para o desenvolvimento futuro de doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares, diabetes e câncer.

O reconhecimento de como vivem e se comportam os escolares possibilita mensurar a magnitude e a distribuição de importantes fatores de risco e proteção à saúde atual e futura, essencial para orientar políticas públicas voltadas para a saúde dos jovens.

A divulgação dessas pesquisas permite conhecer a prevalência dos fatores de risco e de proteção nesse grupo etário, mensurar a magnitude e a distribuição desses fatores de risco e proteção, acompanhar as tendências dessas prevalências ao longo do tempo gerando evidências para orientar e avaliar as ações voltadas para a saúde dos escolares.

Desta forma, o objetivo do presente artigo é apresentar os principais fatores de risco e proteção encontrados nos inquéritos PeNSE 2009 e 2012.

METODOLOGIA

No Brasil, as duas pesquisas foram realizadas a partir de convênio celebrado entre o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístico-IBGE e Ministério da Saúde, com apoio do Ministério da Educação, nos anos de 2009 e 2012. A escolha da realização da pesquisa PeNSE no ambiente escolar ocorreu devido a maior facilidade de acesso aos adolescentes. No Brasil, o acesso à escola é de 97,4% para a população de 6 a 14 anos e de 87,7% na faixa etária de 15 e 19 anos de idade, independentemente da classe de rendimento mensal (PNAD, 2008; 2012).

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O 9º ano foi escolhido pelo fato de os alunos desta série, em sua maioria, com idade entre 13 e 15 anos, já terem adquirido habilidades necessárias para responder ao questionário autoaplicável e por já se encontrarem suscetíveis à exposição de diversos fatores de risco.

Além disso, a escolha desta série permite relativa comparabilidade com sistemas de outros países que incluem esse grupo etário e, ainda, fornece subsídios para a avaliação de ações de promoção da saúde dirigidas a essa população (MALTA, et al, 2010).

Em 2009, foi realizada uma amostra probabilística de escolares do 9º ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas das capitais dos estados brasileiros e do Distrito Federal. Coletou-se informações de 60.973 estudantes em 1.453 escolas públicas e privadas dos turnos diurnos (MALTA, et al, 2010).

O questionário da pesquisa foi dividido em módulos temáticos, abordando os seguintes temas: características sociodemográficas, alimentação, imagem corporal, atividade física, tabagismo, consumo de álcool e outras drogas, saúde bucal, antropometria, comportamento sexual, exposição à violência e acidentes e percepção dos alunos sobre a família. As análises foram realizadas com o auxílio do pacote estatístico SPSS. Foi utilizado questionário eletrônico autoaplicável em palmtop, sem a interferência do entrevistador, preservando assim a privacidade dos entrevistados (MALTA, et al, 2010).

Em 2012 houve uma ampliação da abrangência geográfica da pesquisa em relação ao ano de 2009, incluindo dados para o conjunto do Brasil, as cinco grandes regiões, além dos 26 municípios das capitais e o Distrito Federal.

Foram entrevistados 109.104 mil escolares matriculados no 9º ano do ensino fundamental em turmas regulares diurnas, sendo que 86% deles tinham 13 a 15 anos de idade (quase o dobro em relação a 2009). Os diretores ou responsáveis pelas escolas também integraram a amostra da pesquisa respondendo um questionário sobre a estrutura e o entorno da escola (IBGE, 2012a).

Foram introduzidos novos blocos temáticos em relação a 2009, como trabalho, higiene, acidentes, saúde mental, uso de serviço de saúde e prevalência de asma, entre outros. Houveram algumas perguntas adicionadas ou alteradas, para facilitar as respostas e/ou permitir comparações internacionais.

Além disso, foi introduzido um segundo questionário, sobre a estrutura e o entorno das escolas aplicado aos seus diretores ou responsáveis (IBGE, 2012a; IBGE, 2012b).

RESULTADOS

Inicialmente apresentaremos algumas características sociodemográficas dos escolares da I e II Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) realizadas nos anos de 2009 e 2012.

Em 2009, mais de dois terços (70,9%) dos escolares que frequentavam o 9º ano tinham idade menor ou igual a 14 anos, sendo 23,7% com 13 anos e 47,1% com 14 anos. Alunos de escolas privadas estavam concentrados em idades mais jovens que os alunos de escolas públicas. A distribuição dos escolares segundo a cor da pele mostrou maiores proporções de brancos (40,1%) e pardos (39,1%) para o conjunto dos alunos foi encontrada maior concentração de brancos entre os alunos de escolas privadas e de pretos e pardos nas escolas públicas (MALTA, et al, 2010).

Cerca de 25% das mães dos pesquisados apresentavam nenhuma escolaridade ou fundamental incompleto e 19,8% com superior completo, sendo que nesta categorias as escolas particulares têm cinco vezes mais mães (52,8%) em relação às escolas públicas (10,1%) (MALTA,et.al 2010).

Em 2012, 86% dos escolares que frequentavam o 9º ano do ensino fundamental tinham 13 a 15 anos de idade. A distribuição dos escolares segundo a cor de pele ou raça, no Brasil, mostra maiores proporções de pardos (42,2%) e brancos (36,8%).

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Os maiores percentuais de declaração da cor branca são da Região Sul do país (57,8%), da cor parda na Região Norte (57,3%) e da cor preta na Região Sudeste (15,6%), embora seja Salvador, na Região Nordeste, a capital com o maior percentual de escolares que informaram a cor preta (32,7%) (PeNSE, 2012).

O percentual de escolares cujas mães não possuíam qualquer grau de escolaridade ou possuíam somente o ensino fundamental incompleto foi de 34,5%, e a proporção de escolares cujas mães tinham o nível superior completo foi de apenas 8,9%. Já o percentual de escolares cujo pai não tinha qualquer grau de escolaridade ou tinha somente o ensino fundamental incompleto foi de 35,7% (PeNSE, 2012).

Destaca-se ainda que os percentuais de mães e pais com maior escolaridade encontram-se nos escolares da rede privada de ensino, corroborando com a tese de a que as desigualdades educacionais presentes na sociedade, também são decorrentes das desigualdades sociais (PeNSE, 2012).

A PeNSE 2012 revelou que 62% dos escolares responderam morar em lares com a presença de pai e mãe; 28,5% informaram morar só com a mãe e 4% dos escolares só com o pai. Os que responderam não morar nem com mãe nem com pai totalizaram 5,4%; 58,5% declararam que os pais ou responsáveis sabiam o que eles faziam no tempo livre nos últimos 30 dias; 25,8% faltaram às aulas, nos 30 dias anteriores a pesquisa, sem autorização dos pais ou responsáveis; e 45,8% informaram que os pais entendiam os seus problemas e preocupações. Os escolares do sexo masculino (47,2%) tiveram mais atenção dos pais ou responsáveis do que as meninas (44,6%) (IBGE, 2012b).

Destaca-se a seguir os principais fatores de risco e proteção a saúde dos escolares estimados na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), nos anos de 2009 e 2012.

Consumo de alimentos e Prática de Atividade Física: Em 2009, os dados da PeNSE apontaram entre os marcadores de alimentação saudável, o consumo de feijão em cinco dias ou mais da semana por 62,6% dos pesquisados, sendo que foi observado que o consumo mais elevado foi encontrado entre os escolares do sexo masculino (68,3%) e entre escolares das escolas públicas (65,8%).

Já, em relação às hortaliças, apenas 34,3% dos escolares as consumiram em cinco dias ou mais da última semana e 31,5% consumiram frutas frescas. O consumo de leite foi maior entre os escolares do sexo masculino (58,3%) do que entre os escolares do sexo feminino (49,4%), assim como foi maior entre escolares de escolas privadas (60,7%) do que entre os escolares de escolas públicas (51,7%).

Quanto ao consumo de alimentos marcadores de alimentação não saudável em cinco dias ou mais nos últimos 7 dias, 50,9% comem guloseimas e o consumo foi maior entre os escolares do sexo feminino (58,3%) e 37,2% dos escolares consumiram refrigerantes. Em relação à prática de atividade física 43,1% dos alunos são suficientemente ativos fisicamente e 79,5% gastam mais de duas horas diárias em frente a televisão. (MALTA,et.al 2010; IBGE 2009c). O recomendado para a atividade física nesta faixa etária é pelo menos uma hora de atividade moderada à vigorosa diariamente, ou 300 minutos de atividade física acumulada por semana (CURRIE et. al, 2008).

Os dados da PeNSE 2012 apontaram que 69,9% dos escolares consumiram feijão, 43,4% hortaliças, 30,2% frutas frescas e 51,5% tomaram leite, enquanto 41,3% dos escolares consumiram guloseimas em cinco ou mais dias na semana anterior a pesquisa. Nesta edição de 2012, a PeNSE incorporou o quesito sobre o hábito de tomar café da manhã (61,9% dos estudantes do 9º ano costumavam ter essa prática cinco ou mais dias da semana) e 64,0% deles costumavam comer enquanto assistiam televisão ou estudavam.

Comparando as duas pesquisas, pode-se observar um pequeno aumento de consumo dos alimentos marcadores de alimentação saudável e também uma redução do consumo de guloseimas (IBGE, 2012b).

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Nesta pesquisa foi investigada além da prática de atividade física, a atividade física acumulada e apontou que parte significativa dos adolescentes, 45,1%, foi classificada como insuficientemente ativos.

Embora a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996) determine a obrigatoriedade da prática de aulas de educação física nas escolas, a proporção de adolescentes por frequência destas aulas na semana anterior a entrevista variou de 18,3% (não frequentaram aula alguma) a 38,6% (dois ou mais dias) (IBGE, 2012b).

Também se constatou que 78% dos estudantes gastam mais de duas horas diárias em frente à televisão, sendo que a recomendação da OMS é de no máximo uma ou duas horas diárias em frente à televisão e videogame (IBGE, 2012b).

Consumo de Cigarro, Álcool e outras Drogas: Em 2009, constatou-se em relação ao uso de tabaco e drogas que 6,3% dos escolares são fumantes atuais e 71,4% dos alunos disseram já ter experimentado alguma bebida alcoólica. O consumo atual de bebida alcoólica foi de 27% e as drogas ilícitas foram usadas alguma vez na vida em 8,7% (MALTA,et.al 2010; IBGE 2009c).

Em 2012, 7,3% dos escolares já usaram drogas ilícitas alguma vez na vida, sendo que 34,5% consumiram maconha, representando 2,5% do total de escolares, sendo que os escolares residentes no Sul apresentaram o maior consumo atual de maconha, 6,4% usaram crack alguma vez nos últimos 30 dias, representando 0,5% do conjunto dos escolares.

Entre os escolares que usaram drogas antes dos 13 de idade o percentual para o conjunto do país foi de 2,6%, variando de 1,2%, no Nordeste, a 4,4%, no Sul. Dos escolares, 50,3% disseram já ter experimentado alguma bebida alcoólica. A proporção das meninas (51,7%) foi maior que a dos meninos (48,7%) e os maiores percentuais de consumo foram encontrados no Sul do Brasil.

Em relação à embriaguez, 21,8% dos escolares já sofreram algum episódio na vida. A proporção de escolares com episódio de embriaguez foi maior nas escolas públicas (22,5%) do que as escolas privadas (18,6%), sendo que 10% relataram ter tido problemas com suas famílias ou amigos, faltado às aulas ou se envolvido em brigas porque tinham bebido. O percentual de escolares que declararam esses problemas foi maior entre as meninas (10,4%) do que entre os meninos (9,5%).

Quanto ao cigarro, o número de escolares que experimentaram cigarro alguma vez na vida reduziu de 24,2% para 22,3%, entre 2009 e 2012. No entanto, 5,1% dos escolares haviam fumado cigarro nos últimos trinta dias.

Saúde Sexual e Reprodutiva: Os dados de 2009 revelaram que 30,5% dos escolares já tiveram relação sexual alguma vez, sendo 43,7% entre meninos e 18,7% meninas. Deste percentual, 33,1% refere-se às escolas públicas e 20,8% às privadas. Do total de escolares que tiveram relação sexual, 75,9% disseram ter usado preservativo na última relação sexual (MALTA,et.al).

Em 2012, os dados revelaram que 28,7% dos escolares já tiveram relação sexual alguma vez na vida, sendo 40,1%, entre os meninos e 18,3% entre as meninas, dos quais 30,9% dos estudantes eram das escolas públicas e 18% das escolas privadas. Dos 28,7% que declararam relação sexual alguma vez na vida, 75,3% disseram ter usado preservativo na última vez. Desse total, 77,1% são do sexo masculino e 71,8% do sexo feminino. Estes percentuais estão nos patamares similares aos encontrados por pesquisas semelhantes à PeNSE, realizadas pela OMS em outros países (IBGE, 2012b).

Acidentes, Violências e Segurança: Em 2009 a proporção de escolares que deixaram de ir à escola alguma vez por não se sentirem seguros no caminho da casa para a escola ou da escola para a casa foi de 6,4%, sendo que nas escolas públicas o percentual foi superior às escolas privadas, em que 5,5% deixaram de ir à escola porque não se sentiam seguros no ambiente escolar. Já 25,4% disseram ter sofrido bullying raramente ou às vezes e 5,4% na maior parte das vezes ou sempre.

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Curitiba com (35,2 %) está entre as capitais com maiores frequências de escolares que declararam ter sofrido bullyng alguma vez nos últimos 30 dias. Mais freqüente entre os escolares do sexo masculino (32,6%) do que do sexo feminino (28,3%), o bullyng teve maior ocorrência entre os escolares de escolas privadas (35,9%) em relação a públicas (29,5%).

No que se refere a brigas com arma branca, 6,1% declararam envolvimento nos últimos 30 dias, sendo mais frequente em escolares do sexo masculino (9,0%) do que nos escolares do sexo feminino (3,4%).

Boa Vista (9,4%) e Curitiba (9,2%) apresentaram as maiores frequências de escolares do sexo masculino envolvidos em brigas com arma de fogo. Em relação à agressão física praticada por algum adulto da família, 9,5% dos escolares sofreram agressão por algum adulto da família. Em relação à violência, 12,9% dos escolares informaram ter tido envolvimento em alguma briga, nos últimos 30 dias, na qual alguém foi agredido fisicamente. Sendo que a frequência de ocorrência segundo sexo é de 17,5% para os escolares do sexo masculino e 8,9% para o sexo feminino.

A capital com maior proporção de escolares que estiveram envolvidos em briga, onde houve agressão física foi Curitiba (18,1%) e também apresentou a maior frequência entre sexos 24,3%, para escolares do sexo masculino e 12,7% para escolares do sexo feminino, sendo que as maiores diferenças entre escolares de escolas públicas e privadas também foi encontrada em Curitiba.

Em relação ao uso do cinto de segurança, 6,3% dos escolares relataram que não fizeram uso quando estavam em um veículo motorizado, 18,5% declararam já ter dirigido veículo motorizado e 18,7% do total de escolares já foram transportados em veículos motorizados dirigidos por motoristas que consumiram bebida alcoólica.

Essas estatísticas referentes aos fatores de risco relacionados à segurança no trânsito reveladas pela PeNSE são relevantes, visto que os acidentes e violências estão entre as causas mais importantes de morbimortalidade entre jovens e adolescentes no Brasil (IBGE 2009c).

Em 2012, constata-se que a violência está presente no cotidiano de muitos escolares: 6,4% deles disseram ter se envolvido em brigas com armas de fogo, e 10,6% informaram terem sido fisicamente agredidos por um adulto de sua família. Este tipo de violência foi declarado por 11,5% das meninas e 9,6% dos meninos.

A violência na escola foi avaliada nas categorias: não ser bem tratado; praticar e sofrer bullyng. Cerca de um quarto dos estudantes referem não ter sido bem tratados pelos colegas, sendo esta frequência maior entre os meninos, mais velhos, de cor preta, de escolas públicas e cujas mães tinham menor escolaridade. Sofrer bullying predominou em meninos, mais jovens, pretos e indígenas e cujas mães possuíam baixa escolaridade, sendo mais frequente na região Sul e menos frequente na região Norte. A prática do bullying foi relatada por um quinto dos estudantes, predominando em meninos mais velhos, da raça/cor preta e amarela, filhos de mães com maior escolaridade, de escolas privadas, sendo mais frequente nas regiões Sudeste e Sul e menos frequente no Norte e Nordeste. Ocorreu aumento de bullying nas capitais entre 2009 e 2012 MALTA et. al, 2015).

Violência no trânsito: 27,1% declararam ter dirigido veículo motorizado nos 30 dias que antecederam a pesquisa. A proporção dos alunos que já dirigiram veículos motorizados alguma vez na vida (38,6%) era mais que duas vezes superior do que a das alunas (16,6%). Aproximadamente 16,0% dos escolares relataram não ter usado cinto de segurança nas ocasiões em que estavam em um veículo motorizado dirigido por outra pessoa. Observou-se este fato em 17,5% das meninas e 14,6% dos meninos. Tanto os resultados da PeNSE 2009 como os da PeNSE 2012 revelam que parcela significativa de alunos do 9º ano do ensino fundamental não respeitavam as leis de trânsito ou se expunham a riscos, o que corrobora com as elevadas taxas de mortalidade de jovens no país por acidentes de trânsito.

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Do total de escolares, 22,9% foram transportados em veículos motorizados dirigidos por motoristas que tinham consumido bebida alcoólicas sendo 25,8%, de escolas privadas e 22,3% de escolas públicas.

Aproximadamente 19,3% dos estudantes declararam não ter usado o capacete ao andar de motocicleta. A não utilização foi maior entre estudantes do sexo feminino (21,7%) do que no masculino (16,9%).

O envolvimento em brigas com arma de fogo foi declarado por 6,4% dos escolares, mais frequente em alunos do sexo masculino (8,8%), do que do feminino (4,3%), sendo 6,7% para estudantes de escola pública e 4,9% de escolas privadas. No que se refere às brigas com arma branca, 7,3% dos escolares declararam envolvimento nos 30 dias que antecederam a pesquisa, com maiores frequências entre alunos do sexo masculino (10,1%) do que do sexo feminino (4,8%).

A proporção de estudantes que deixaram de ir à escola, nos 30 dias anteriores à pesquisa, por não se sentirem seguros no caminho entre a casa e a escola foi de 8,8%. Este percentual foi superior entre os alunos de escolas públicas (9,5%) do que entre aqueles de escolas privadas (5,0%). A proporção de alunos que deixaram de ir à escola algum dia porque neste ambiente não se sentiam seguros, alcançou 8,0%, com frequência foi maior entre os alunos das escolas públicas (9,1%) do que das escolas privadas (4,4%).

A PeNSE também investigou o risco de violência nos arredores da escola no questionário respondido pelos diretores ou responsável e, considerando aqueles que informaram que a escola estava situada em área considerada de risco a maior parte do tempo ou todo o período nos últimos 12 meses, 17,9% dos alunos do 9º ano estudavam em escolas consideradas em áreas de risco, sendo essa proporção de 5,5% para a rede privada e de 20,4% para a rede pública (IBGE, 2012b).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Destaca-se de forma geral que a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), que monitora a saúde dos escolares brasileiros, incluiu temas sobre fatores de riscos e proteção em adolescentes, realizada em 2009 e 2012, na maioria dos fatores de risco analisados são mais acentuados nos estudantes das escolas públicas do que nas escolas privadas, sendo que nos fatores de proteção observa-se o contrário. Observa-se uma melhora relativa em 2012 de alguns fatores de proteção e uma piora em outros.

Infere-se que a pesquisa permite conhecer os fatores de risco e proteção dos adolescentes do Brasil, constituindo-se num importante instrumento para subsidiar com informações os gestores, dando sustentabilidade ao Sistema Nacional de Monitoramento da Saúde do Escolar e apoiando as políticas públicas de proteção à saúde dos adolescentes, sendo a temática de relevância e importância para o conhecimento da saúde dos escolares.

Em se tratando das doenças e agravos crônicos não transmissíveis, o conhecimento dos fatores de risco e proteção na faixa etária abrangida pela pesquisa constitui-se como importante ferramenta de subsídio para as ações de gestão na atenção primária bem como na estruturação de políticas de promoção de saúde e da cultura da paz.

As doenças crônicas não transmissíveis e os agravos como violências e acidentes de trânsito constituem-se como temáticas relevantes para o Brasil pela sua magnitude, gravidade, impacto social e capacidade de vulnerabilizar as vítimas e suas famílias.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Lei n. 9.394, 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília (DF). Seção 1, p. 833-4123; 1996.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PENSE 2012. Rio de Janeiro: IBGE; 2013. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pense/2012/default.shtm

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008/2011. v. 29/31; 2012a. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2011/default.shtm>.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Síntese de Informações da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar; 2012b. Disponível em: http://www.ecodebate.com.br/2013/06/21/pense-2012-sintese-de-informacoes-dapesquisa-nacional-de-saude-do-escolar-2012/. Acesso em: set. 2014.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2009. 140 p.; 2009. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/ populacao/pense/default.shtm

MALTA, D. C. et al. Vivência de violência entre escolares brasileiros: resultados da pesquisa nacional de saúde do escolar (PeNSE). Ciênc. e Saúde Coletiva, v. 15; 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232010000800010.

MALTA, D. C. et. al. Bullying em escolares brasileiros: análise da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE 2012) . Revista Brasileira de Epidemiologia, p. 92-105; 2014.

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Alice Eugênia Tisserant1

Terezinha Maria Mafioletti2

Luciana Puchalski Kalinke3

Marceli de Oliveira Santos4

1Enfermeira. Chefe da DVDNT/CEPI/SVS/SESA-PR. Especialista em Saúde Pública - [email protected] da DVDNT/CEPI/SVS/SESA-PR. Mestre em Saúde Coletiva, Doutoranda do PPGENF/UFPR – [email protected] Professora do Dpto de Enfermagem da UFPR. Doutora em Ciências da Saúde e membro do Grupo de Pesquisa GEMSA - [email protected]écnica da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional de Câncer, Ministério da Saúde – [email protected]

RESUMO

Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, cujo objetivo é apresentar o panorama da Vigilância do Câncer no Paraná e analisar algumas variáveis disponíveis no Sistema de Informações do Registro Hospitalar de Câncer (Sis-RHC), base de dados do Paraná. As informações foram coletadas do banco de dados do Integrador do Sistema de Informação do Registro Hospitalar de Câncer (Integrador RHC) gerenciado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA). O período de análise foi de 1998 a 2013 com um total de 136.186 casos de câncer. A frequência no sexo masculino e feminino foi de 52,9% e 47,1%, respectivamente. Os tipos de câncer mais prevalentes nas mulheres foram os de órgãos genitais, seguido de mama e pele. Nos homens também foram os órgãos genitais masculinos, seguido de pele e órgãos do aparelho digestivo. A Vigilância em Saúde tem um importante papel no processamento das informações, na construção do diagnóstico, na compreensão da magnitude e impacto dos vários tipos de câncer, além de ser um componente estratégico para o planejamento, monitoramento e avaliação do desempenho dos programas.

DESCRITORES: Vigilância do Câncer, Sistema de Registro Hospitalar de Câncer, Neoplasias malignas.

Artigo 4

Análise do Sistema de Informações do Registro Hospitalar do Câncer no Estado do Paraná Sis-RHC

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INTRODUÇÃO

O aumento da ocorrência das doenças crônicas observado nas últimas décadas está relacionado às mudanças no comportamento e estilo de vida. Melhorias na qualidade da assistência em relação às doenças infecto-parasitárias, industrialização, urbanização e outros fatores contribuíram para o envelhecimento populacional. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que em 20 anos sejam diagnosticados 20 milhões de casos novos de câncer e ocorrerão 13 milhões de óbitos, grande parte desses em países em desenvolvimento (FERLAY et. al, 2008).

No Paraná, a população de mais de 60 anos, em 2000 era de 8,2%, em 2005 correspondia a 9,2%, em 2015 as estimativas apontam para 12,7%, portanto nota-se um envelhecimento progressivo da população paranaense.

O câncer já representa a primeira causa de morte nos países desenvolvidos e com o declínio da mortalidade por doenças cardiovasculares nos países em desenvolvimento, se tornará, dentro de poucas décadas, a principal causa de morbimortalidade em todos os continentes, independentemente do nível socioeconômico (BRAY et. al, 2012).

No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimou cerca de 580 mil casos novos da doença para 2014. A maior incidência será para os cânceres de pele não melanoma (182 mil), próstata (69 mil), mama (57 mil), cólon e reto (33 mil), pulmão (27 mil) e estômago (20 mil). Excetuando-se pele não melanoma, a ocorrência será de 394.450 novos casos, sendo 52% em homens e 48% entre as mulheres (INCA 2014).

No Paraná, as estimativas para 2014 apontaram 40.010 mil casos novos de câncer. A maior incidência é de pele não melanoma (11.630 mil), próstata (4.870); mama (3.490); traquéia, brônquios e pulmão (2.210 mil); cólon e reto (2.130 mil); estômago (1.450 mil); cavidade oral (1.070 mil). Excetuando-se pele não melanoma, a ocorrência será de 28.380 novos casos, sendo 54,4% em homens e 45,6% em mulheres (Sis-RHC, 2014).

O presente cenário se mostra preocupante e nos remete à necessidade de consolidação das políticas públicas de atenção, prevenção e promoção à saúde no câncer. Conhecer o perfil das pessoas que adoecem e sua representatividade na população é de grande relevância para a sociedade, profissionais e gestores da área de saúde. Dentro desse contexto, o presente artigo tem como objetivo apresentar um panorama da Vigilância do Câncer no Paraná e analisar as informações disponíveis no Sis-RHC do Paraná.

VIGILÂNCIA DO CÂNCER COMO ESTRATÉGIA PARA O CONTROLE

A vigilância é um componente estratégico para o planejamento efetivo e eficiente, para o monitoramento e para avaliação de seu desempenho. Com a vigilância, é possível conhecer e compreender a magnitude e o impacto dos vários tipos de câncer, seus aspectos etiológicos e fatores prognósticos, bem como suas tendências, seus fatores de risco, além do efeito das ações voltadas à atenção oncológica (INCA, 2012).

O estudo da mortalidade é uma fonte essencial para a compreensão do perfil epidemiológico das doenças nas populações. No entanto, utilizar-se apenas das informações sobre o óbito para o conhecimento da ocorrência de neoplasias malignas não permite o entendimento real da magnitude do problema, uma vez que existem vários tipos de câncer com diferenças importantes que ocorrerem na mortalidade e sobrevida de cada um deles (INCA, 2010).

A mortalidade permite uma aproximação do que seria a ocorrência dos casos com pior prognóstico como os tumores de brônquios e pulmão, fato que não ocorre com os casos de melhor prognóstico como os tumores de mama diagnosticados e tratados precocemente (INCA, 2010).

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Para medir a morbidade do câncer o INCA utiliza o RCBP que permite o acesso à informação sobre incidência que é obtida com os registros de câncer de base populacional, o que é fundamental para definir o papel de fatores de risco, estabelecer prioridades na prevenção e fazer o planejamento dos programas (INCA, 2010).

No Brasil, a vigilância da ocorrência de câncer é obtida via Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP) e registro hospitalar de câncer (RHC).

O RCBP busca todos os casos novos de neoplasias malignas de um determinado território, isso permite que a partir dessas informações se construam estimativas. Atualmente está presente em 27 municípios no país, cuja maioria se concentra nas capitais. No Paraná, Curitiba tem um RCBP implantado e conta com uma série histórica de 13 anos, 1998 a 2010. O artigo 5 dessa publicação traz o panorama epidemiológico da incidência do câncer na capital.

Os RCBP possibilitaram a ampliação da qualidade e a atualização das informações, permitindo com segurança as comparações nacionais e internacionais sobre o perfil da incidência dos diversos tipos de câncer. A organização e o gerenciamento dos RCBP no Brasil são de responsabilidade do INCA que utiliza as recomendações da Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC) e as divulga, qualificando tecnicamente as equipes dos registros brasileiros (INCA, 2012).

A importância dessas estruturas foi evidenciada na resolução sobre prevenção e controle do câncer, aprovada pela 58.ª Assembléia Mundial de Saúde da OMS de 2005, e consta como estratégia do Eixo I do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), no Brasil 2011-2022, do Ministério da Saúde (MS). Essas atividades estão inseridas na agenda da vigilância das doenças e agravos não transmissíveis, sob coordenação da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do MS.

Os RCBP e o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) são os componentes da vigilância que melhor subsidiam as iniciativas de controle da doença, organização da rede de atenção oncológica e definição de prioridades baseadas no conhecimento do perfil de morbimortalidade. Esse perfil é divulgado pelo Informativo Vigilância do Câncer, que além de manter o compromisso do INCA na disseminação das informações sobre câncer, contextualiza sobre a sua magnitude em termos de incidência, mortalidade e tendência dos principais tipos de câncer no país (INCA 2012).

Os RCBP são vitais para estabelecer projeções e planejamento a longo prazo, bem como possibilitar a avaliação e o desfecho das intervenções associadas à prevenção. Suas fontes de dados são todos os serviços de diagnóstico de tumores malignos e os RHC.

Já o RHC possibilita conhecer o perfil dos casos atendidos nas unidades hospitalares que são fundamentais para o planejamento das ações locais de controle do câncer de acordo com cada região. A vigilância do câncer é realizada por meio da implantação, acompanhamento e aprimoramento dos RHC que são centros de coleta, processamento, análise e divulgação de informações sobre a doença, de forma padronizada, sistemática e contínua. Contribui de forma fundamental como fonte de dados para os RCBP, não só para o planejamento, mas para a administração hospitalar e principalmente para o atendimento qualificado do paciente (Relatório anual do INCA 2001).

Assim sendo, as informações coletadas pelo RHC, de forma padronizada e sistematizada, permitem conhecer as características dos pacientes com câncer que são atendidos na rede hospitalar, a frequência com que procuram as unidades de saúde, os recursos empregados para o diagnóstico e tratamento e a avaliação da efetividade desses procedimentos (INCA 2010).

A política de atenção oncológica estabelecida através de portarias do MS e o RHC tem sido um dos critérios para o credenciamento das instituições na rede de alta complexidade do SUS. Em todos os hospitais credenciados pela Portaria n.º 741 de 2005, que oferecem atendimento em alta complexidade de assistência ao câncer, a implantação do RHC é obrigatória (INCA, 2010).

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Com o aumento dos recursos, foi possível ampliar a rede de assistência à doença no SUS. O investimento do MS na assistência aos pacientes com câncer foi de R$ 2,4 milhões no ano 2013, crescimento de 26% em relação a 2010 (saude.gov.br acessado em 04/04/2014).

No Paraná o RHC está presente nos vinte e dois hospitais da rede de oncologia.

BASE LEGAL

Em destaque, as principais portarias publicadas na área técnica de atenção oncológica:

1993 - Portaria SAS/MS n.º 171, de 17/12/1993 - Classifica, credencia os hospitais especializados no atendimento oncológico ao Sistema de Informação para Alta Complexidade (SIPAC) – Área Câncer.

1998 - Portaria GM/MS n.º 3535, de 02/09/1998 - Criação dos Centros para Alta Complexidade em Oncologia (CACON).

1999 - Portaria SAS/MS n.º 113, de 31/03/1999 - Estabelece os critérios dos Centros Isolados de Quimioterapia e Radioterapia.

2005 - Portaria GM/MS n.º 2.439, de 08/12/2005 - Institui a Política Nacional de Atenção Oncológica, ANEXO I – (das Disposições Gerais, letra g), estabelece que as Unidades e Centros devem dispor e manter em funcionamento o Registro Hospitalar de Câncer (RHC), informatizado, segundo os critério tecnológicos operacionais estabelecidos pelo Instituto Nacional de Câncer, disponível na página do Instituto Nacional de Câncer.

2005 - Portaria SAS/MS n.º 741, de 19/12/2005 - Art.5.º- estabelece que as Unidades e Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia e Centros de Referência de Alta Complexidade em Oncologia implantem, em doze meses a partir da publicação desta Portaria, o Registro Hospitalar de Câncer – RHC, informatizado, se inexistente no hospital. Parágrafo Único – estabelece que arquivos eletrônicos dos dados anuais consolidados devam no mês de setembro de cada ano, a partir de 2007, ser encaminhados para o Instituto Nacional de Câncer, que deverá publicá-los de forma organizada e analítica.

2008 - Portaria SAS/MS n.º 146, de 11/03/2008 - Instituições credenciadas na rede de alta complexidade de assistência ao câncer no SUS – Brasil.

2014 - Portaria SAS/MS n.º 140, de 27/02/2014 - Redefine os critérios e parâmetros para organização, planejamento, monitoramento, controle e avaliação de estabelecimentos de saúde habilitados na atenção especializada em oncologia.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, cuja base de dados foi obtida do banco de dados Integrador RHC, gerenciado pelo INCA.

A análise foi feita a partir das bases de dados do Sis-RHC do Estado do Paraná, utilizando-se o tabulador de dados TabNet, extraída em 20/01/2015. Foram selecionados para avaliação, os casos classificados como analíticos1 e não analíticos2, em função do grande número de casos não analíticos existentes no banco de dados do Paraná. O período analisado refere-se aos casos de câncer de primeira consulta dos anos de 1998 a 2013.

No Paraná os RHC foram organizados a partir das habilitações dos serviços como CACON e UNACON e cada serviço tem data de habilitação diferente. Assim, observa-se que os anos bases de exportação de dados, para o INCA no Sis-RHC, aconteceram em períodos diferentes em cada serviço.

1 São definidos como analíticos os casos em que o diagnóstico, plano terapêutico, o tratamento e o seguimento são realizados pela unidade responsável pelo atendimento aos pacientes.2 São os casos em que o plano terapêutico, o tratamento e o seguimento não são realizados pela mesma unidade e sim por diversas unidades, portanto não avaliam a qualidade da assistência prestada por aquela instituição.

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É importante salientar que os anos consolidados não fazem referência ao ano em curso, e sim aos anos anteriores.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Breve panorama da vigilância do câncer no Paraná:

O Paraná conta com 22 hospitais na rede de oncologia, distribuídos nas várias regiões do Estado, conforme se observa no Quadro 1.

Observa-se na Figura 1 a lista dos hospitais habilitados, onde se encontram localizados os CACON e UNACON, distribuídos em dez Regionais de Saúde entre as 22 existentes no Paraná.

RS Município Hospital Habilitação*

2.ª

Curitiba

ClínicasUNACON com hematologia e pediatria

Santa Casa UNACON

Pequeno Príncipe UNACON pediátrico

Erasto Gaertner CACON com pediatria

São Vicente UNACON

Evangélico UNACON com hematologia

Campina Grande do Sul Angelina Caron CACON com pediatria

Campo Largo Parolin UNACON

3.ª Ponta Grossa Santa Casa UNACON

5.ª Guarapuava São Vicente de Paulo UNACON

7.ª Pato Branco Policlínica Pato Branco UNACON com radioterapia

8.ª Francisco Beltrão CEONC UNACON

9.ª Foz do Iguaçu Ministro Costa Cavalcanti CACON

10.ª CascavelUOPECCAN CACON com pediatria

CEONC UNACON com radioterapia

11.ª Campo Mourão Santa Casa UNACON com radioterapia

15.ª MaringáSanta Rita UNACON com radioterapia

Câncer de MaringáUNACON com hematologia e radioterapia

16.ªApucarana Providência UNACON

Arapongas João de Freitas UNACON

17.ª LondrinaUniversitário

CACON com hematologia e pediatria

Câncer de Londrina CACON

QUADRO 1Hospitais nas Regionais de Saúde que compõem a rede de Registro Hospitalar de Câncer. Paraná, 2015. *UNACON: Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia.

CACON: Assistência especializada em oncologia. Fonte: SESA, 2014.

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FIGURA 1Localização dos hospitais que compõem a Rede de Registro Hospitalar de Câncer. Paraná - 2015

FONTE: SESA, 2014.

A coordenação dos RHC encontra-se na Divisão de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DVDNT) da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA).

O primeiro hospital do Paraná a implantar o Sis-RHC foi o Erasto Gaertner, do estado, em novembro de 1992 quando iniciou suas atividades preenchendo retrospectivamente fichas de tumores de pacientes de 1990 e 1991. Em maio de 1993, tendo como base de dados os prontuários de 1991, foram elaborados os relatórios subsequentes e assim por diante. Em 2005 participou do III Curso de Aperfeiçoamento em RHC organizado pelo INCA adotando, a partir de então, as novas diretrizes.

Trata-se de um hospital de referência em oncologia, o mais antigo do Paraná, com sólida série histórica, contando assim com mais de duas décadas de coleta de dados e publicações, tornando-se importante fonte de informação a respeito de diagnóstico, tratamento e evolução dos pacientes atendidos (Liga Paranaense de Combate ao Câncer, 2003 e 2011).

O Hospital Infantil Pequeno Príncipe, é referência para o Estado na oncologia infantil. O sistema foi implantado em 2003, conta com bases relativas de 12 anos (1998 a 2012).

2. Campina Grande do Sul: HAC Curitiba: HC, HPP, HEG e Santa Casa3. Santa Casa de Ponta Grossa5. Hospital São Vicente de Paula - Guarapuava7. Clínica de Oncologia do Sudoeste - Pato Branco9. Hospital Min. Costa Cavalcanti - Foz do Iguaçu10. UOPECCAN - Cascavel CEONC - Cascavel11. Santa Casa de Campo Mourão15. Hospital Bom Samaritano - Maringá Hospital do Câncer de Maringá16. Hospital da Providência - Apucarana Hospital João de Freitas - Arapongas17. Hospital de Câncer de Londrina e HU de Londrina

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O Hospital Nossa Senhora Aparecida de Umuarama foi descredenciado no ano de 2013. O Centro de Oncologia (CEONC) de Francisco Beltrão e o Hospital Parolin de Campo Largo ainda não consolidaram nenhum ano de RHC por terem sido credenciados recentemente. Os demais hospitais contam com bases que variam de três a 10 anos.

Apesar de fundamentais, as bases de dados dos RHC apresentam algumas limitações tais como: inconsistências, subnotificação de registros dos tumores, falta de comissão assessora dos RHC para análise de consistência dos dados nas bases dos hospitais de origem e falta de exportação regular dos dados pelos hospitais referentes ao ano base solicitado pelo INCA, atualmente ano de 2013.

4.2. Análise das informações disponíveis no Sis-RHC do Paraná

No Paraná, a estimativa para 2014 foi de 40.010 mil novos casos de câncer distribuídos por topografias demonstradas na Tabela 1.

Divulgada a cada dois anos, a estimativa é a principal ferramenta de planejamento e gestão pública na área da oncologia, orientando a execução de ações de prevenção, detecção precoce e oferta de tratamento.

Além do tempo despendido na busca de dados, conferência e resgate de informações, o RHC deve refletir a assistência prestada ao final do primeiro tratamento e, portanto, é necessário que no ato da coleta essa informação esteja disponível.

TABELA 1Estimativa de casos novos de câncer. Paraná, 2014.

Fonte: Estimativas do INCA, 2014.

TOPOGRAFIA N.º de CASOS NOVOS %Pele não melanoma 11.630 29,0Próstata 4.870 12,2Mama feminina 3.490 8,7Traqueia, brônquios e pulmão 2.210 5,5Cólon e reto 2.130 5,3Estômago 1.450 3,6Cavidade oral 1.070 2,7Esôfago 1.040 2,6Colo de útero 1.000 2,5Glândula tireoide 990 2,5Sistema nervoso central 760 1,9Leucemias 740 1,8Bexiga 630 1,6Linfoma não Hodgking 570 1,4Pele melanoma 560 1,4Laringe 510 1,3Ovário 340 0,8Corpo de útero 330 0,8Linfoma de Hodgking 140 0,3Subtotal 34.460 86,1Outras localizações 5.550 13,9TOTAL 40.010 100

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A distribuição de casos do Paraná, Tabela 2, mostra que dos 136.186 mil casos de câncer, 52,9% (72.135) acometem pessoas do sexo masculino e 47,1% (64.051) do sexo feminino. A maior frequência de casos nas mulheres foi de órgãos genitais femininos, seguido da mama e pele.

Nos homens foram os órgãos genitais masculinos, seguido de pele e órgãos digestivos. Observa-se que câncer de lábio, cavidade oral tem maior frequência em homens, quatro vezes mais que nas mulheres; os cânceres de orofaringe, nasofaringe, rinofaringe e laringe também nos homens a frequência aparece cinco vezes mais que nas mulheres. Já os cânceres de tiroide, a frequência nas mulheres é quatro vezes maior que nos homens.

No período analisado, observou-se que os doentes atendidos no Paraná eram procedentes de 1054 municípios do país, onde 45,1% eram do Paraná, a maioria da capital paranaense, conforme dados da base do integrador SIS-RHC do INCA de 29/12/2014.

Nos grupos de localização primária no sexo feminino observa-se que a maior frequência de casos captados pelo RHC são nos órgãos genitais femininos, mama, pele e órgãos digestivos, constituindo 79,5% dos casos.

No sexo masculino 80,2% dos casos captados está nos órgãos genitais masculinos, pele, órgãos digestivos, orofaringe, nasofaringe, rinofaringe, laringe, aparelho respiratório exceto laringe, lábio e cavidade oral.

Destacamos que a neoplasia de pele é a mais frequente. No entanto o RHC registra as neoplasias malignas, explicando o encontrado nesta tabela.

Observa-se que a neoplasia de tiroide nos homens foi 0,9%, enquanto nas mulheres representou 3,0%, três vezes mais frequente nas mulheres.

Observa-se que câncer de lábio, cavidade oral tem maior frequência em homens, quatro vezes mais que nas mulheres; os cânceres de orofaringe, nasofaringe, rinofaringe e laringe também nos homens a frequência aparece cinco vezes e meia a mais que nas mulheres.

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A Tabela 3 mostra 136.195 mil casos de neoplasias registradas por grupo de localização primária distribuídos proporcionalmente por faixas etárias nos anos de 1998 a 2013 no Paraná. A medida que a idade aumenta, também aumenta o número de neoplasias. Observa-se que da faixa de 30 a 39 anos para a faixa de 40 a 49 anos praticamente dobra, de 7,7% passa para 14,4%. Os maiores números foram registrados nos grupos de 60 anos e mais com 67.109 mil casos, 49,3 %, e 28.840 mil casos no grupo de 50 a 59 anos, 21,2%. Nota-se que para cada grupo etário há um grupo de neoplasias diferentemente distribuído nas localizações primárias, repetindo somente as neoplasias de órgãos genitais femininos nos grupos de 20 a 39 anos.

Nas crianças de 0 a 9 anos observa-se as neoplasias de nervos periféricos e do sistema nervoso. Nos adolescentes de 10 a 19 anos a maior localização primária é nos ossos, articulações e cartilagens com 27,3 %. Chama atenção no grupo de 30 a 39 anos o percentual de sem informação para localização primária de 21,4 %.

As mulheres são as mais afetadas nos grupos de 20 a 49 anos com neoplasias de órgãos genitais 14,7 %; de 20 a 29 anos 20,5%; de 30 a 39 anos e de 40 a 49 anos na mama com 25,7 %. Na faixa de 50 a 59 anos, 33,1 % são neoplasias de orofaringe, nasofaringe, rinofaringe e laringe. Já no grupo de idosos com 60 anos e mais os homens são os mais atingidos pelas neoplasias nos órgãos genitais com 77,5 %.

TABELA 2Número de casos e percentual de neoplasias malignas por grupos de localização primária do tumor e sexo. Paraná - 1998 a 2013

Localização primária grupo

Feminino Masculino

Número % Número %

Órgãos genitais femininos 18.057 25,0 *6 0,0Órgãos genitais masculinos *3 0,0 14.430 22,5Mama 17.489 24,2 211 0,3Pele 13.213 18,3 13.103 20,5Órgãos do aparelho digestivo 8.688 12,0 13.003 20,3Sistema hematopoético 2.340 3,2 2.923 4,6Ap.resp, org intrat exceto laringe 2.302 3,2 3.586 5,6Tiroide e outras glândulas 2.185 3,0 572 0,9Trato urinário 1.359 1,9 2.900 4,5Linfonodos 1.320 1,8 1.662 2,6Olho, cérebro e outras partes do SNC 1.261 1,7 1.563 2,4Localização primária desconhecida 1.238 1,7 1.647 2,6Orofar, nasofar, rinofar e laringe 887 1,2 4.305 6,7Lábio, cavidade oral 668 0,9 2.936 4,6Tecido conjuntivo, subcutâneo, outros tecidos moles 486 0,7 515 0,8Ossos, articulações, cartilagens 388 0,5 424 0,7Retroperitônio e peritônio 146 0,2 135 0,2Outras localizações e localizações mal definidas 76 0,1 85 0,1Nervos periféricos e SNA 17 0,0 29 0,0Sem informação 12 0,0 16 0,0TOTAL 72.135 100 64.051 100

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195

TABELA 3Número de casos e percentual de neoplasias malignas por grupo de localização primária e faixa etária. Paraná - 1998 a 2013

Fonte: Base de dados do Paraná no integrador SIS-RHC INCA acessado em 20.01.2015.

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61

Quanto ao estadiamento dos tumores no início do tratamento conforme o grupo de localização no sexo masculino observou-se grande quantidade classificados como não se aplica 30,54% e sem informação 28,28% (Tabela 4).

Observou-se ainda, nos tumores de órgãos digestivos e aparelho respiratório exceto laringe que a classificação de estadiamento nível 4 foi o mais frequente, demonstrando diagnóstico tardio da doença, esta já em estado avançado.

Quanto ao estadiamento dos tumores no início do tratamento conforme o grupo de localização no sexo feminino observou-se grande quantidade classificados como não se aplica (estadiamento 8) 33,92% (Tabela 4). Nos tumores de órgãos do aparelho respiratório exceto laringe a classificação de estadiamento nível 4 é o mais frequente, demonstrando diagnóstico da doença já avançada também nas mulheres. Isso remete a uma necessidade de melhora de acesso aos serviços de diagnóstico e tratamento mais precoces; assim como a melhora da informação do estadiamento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A distribuição dos casos conforme localização primária das neoplasias malignas, sexo, faixa etária, procedência, estadiamento no diagnóstico, histórico entre outras informações dadas pelo RHC, constituem cada vez mais numa ferramenta importante aos gestores na decisão da aplicação de recursos para o controle da doença.

Constata-se que os serviços de oncologia estão distribuídos em todas as regiões do estado e contam com o RHC e registradores com capacitações desenvolvidas pela equipe de nível central com o apoio do INCA.

O monitoramento e avaliação têm sido realizados anualmente, em reuniões locais/regionais e reuniões em nível central.

Sobre as variáveis analisadas destacam-se que as opcionais (histórico familiar, alcoolismo e tabagismo) têm baixo percentual de preenchimento, porém, a coordenação de vigilância do câncer incentiva o seu preenchimento dado à importância epidemiológica dos fatores de risco e proteção para as neoplasias.

Com a publicação da última Portaria de 2014 acerca dos critérios, parâmetros para organização, planejamento, monitoramento, controle e avaliação de estabelecimentos de saúde habilitados na atenção especializada em oncologia no Paraná, os RHC devem se afirmar como base de dados fundamentais para o desenvolvimento não só da quantidade de serviços, mas também da qualidade.

ESTADIAMENTO* 0 1 2 3 4 8 9 Total

Todas as localizações primárias feminino

1.790 8.566 7.496 7.889 4.820 24.471 17.103 72.135

Percentual feminino 2,5 11,9 10,4 10,9 6,7 33,9 2,4 100

Todas as localizações primárias masculino

265 5.606 6.575 6.031 7.888 19.566 18.120 64.051

Percentual masculino 0,451 8,7 10,3 9,4 12,3 30,5 28,3 100

TABELA 4Número de casos e percentual por sexo e grupo de estadiamento de localização primária das neoplasias malignas. Paraná - 1998 a 2013

Fonte: Integrador do SIS-RHC, base de dados do Paraná. *Estadiamento de acordo com TNM Classificação de Tumores Malignos,7.ª edição, INCA, 2012.

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Assim espera-se a consolidação de uma rede eficaz de diagnóstico e tratamento precoce com vistas à diminuição da morbimortalidade por neoplasias malignas, ainda que pese o envelhecimento da população paranaense.

REFERÊNCIAS

BRAY, F. et. al. Global cancer transitions according to the Human Development Index (2008–2030): a population-based study. Lancet Oncol, v.13, n. 8, p. 790-801; 2012. Disponível em: www2.inca.gov.br/.../agencianoticias/.../inca_ministerio_saude_apresenta. Acesso em: 27 nov. 2013.

FERLAY, J., et al. Estimates of worldwide burden of cancer in 2008: GLOBOCAN 2008. Int J Câncer, v. 127, n. 12, p. 2893-917; 2010.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Estimativa 2006: incidência de câncer no Brasil[Internet]. Rio de Janeiro: INCA; 2005 [citado 2012 set 6]. Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2006/versaofinal.pdf.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Magnitude do Câncer no Brasil: Incidência, Mortalidade e Tendência. Rio de Janeiro: INCA, 2012.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Registros Hospitalares de Câncer: planejamento e gestão/Instituto Nacional de Câncer. 2 ed. – Rio de Janeiro: INCA, 2010.

LIGA PARANAENSE DE COMBATE AO CÂNCER. 10 anos de Registro Hospitalar de Câncer.Curitiba: LPCC, 63 p.; 2003.

LIGA PARANAENSE DE COMBATE AO CÂNCER. Registro Hospitalar de Câncer Duas Décadas de Coleta de Dados 1990 a 2009. . Curitiba: LPCC, 124 p.; 2011. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/portal-dcnt/mais-sobre-portaldcnt?start=10

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Informações do Registro de Câncer de Base Populacional: Um Panorama Epidemiológico da Incidência de Câncer na Cidade de Curitiba 1998 a 2008

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RESUMO

O Registro de Câncer de Base Populacional (RCBP) é de vital importância no fornecimento de dados e informações sobre a incidência, suas variações temporais e as características dos cânceres, auxiliando a definição de prioridades quanto à prevenção, planejamento e avaliação dos Serviços e Ações de Saúde voltadas à Atenção Oncológica. Este trabalho tem o objetivo de relatar a incidência de neoplasias malignas na cidade de Curitiba no período de 1998 a 2008 através do Sistema de Informação SISBASEPOPWEB desenvolvido pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA). Os casos de neoplasias foram detectados através de busca ativa ou passiva em prontuários de 45 Fontes de Notificação. No sexo feminino observou-se que os cinco tumores mais incidentes são mama; neoplasias malignas de pele não melanoma; carcinoma “in situ” de colo de útero; cólon e reto; e colo de útero em ordem decrescente, enquanto que em homens são próstata; neoplasias malignas de pele não melanoma; cólon e reto; traquéia, brônquios, pulmões, e estômago. Constatou-se a ocorrência de 48.631 casos neste período sendo 26.876 (55,3%) no sexo feminino, 21.753 (44,7%) casos no sexo masculino e 2 casos em que o sexo não foi referido.

DESCRITORES: câncer, registro de câncer de base populacional, incidência.

Cyntia Asturian Laporte1

Cintia da Costa Marques2

Kenia Maria Brero Del Pino3

Maria Rita Ostrovski Martins4

Vivian de Fátima Blanchet Blum5

1Dentista do Centro de Epidemiologia (CE) da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (SMS). Coordenadora do Registro de Câncer de Base Populacional (RCBP). Especialista em Saúde Publica – [email protected] Auxiliar de Enfermagem do Centro de Epidemiologia (CE) da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (SMS). Registradora de Câncer de Base Populacional (RCBP) - [email protected] Enfermeira do Centro de Epidemiologia (CE) da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (SMS). Registradora de Câncer de Base Populacional (RCBP) e responsável pelo SISCAN – [email protected] Enfermeira do Centro de Epidemiologia (CE) da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (SMS). Técnica do Registro de Câncer de Base Populacional (RCBP). Especialista em Saúde Publica – [email protected] 5 Técnica em Higiene Dental do Centro de Epidemiologia (CE) da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (SMS). Registradora de Câncer de Base Populacional (RCBP) – [email protected]

Artigo 5

Informações do Registro de Câncer de Base Populacional: Um Panorama Epidemiológico da

Incidência de Câncer na Cidade de Curitiba 1998 a 2008

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INTRODUÇÃO

O Registro de Câncer de Base Populacional exerce um papel fundamental nos programas de controle do câncer. Sua função é a manutenção de um arquivo de todos os casos de câncer que ocorram em uma população definida, na qual as particularidades pessoais do paciente com câncer e as características clínicas e patológicas de sua doença, contínua e sistematicamente coletadas a partir de várias Fontes de Notificação, são documentadas. O Registro analisa e interpreta periodicamente estes dados e proporciona informações sobre a incidência e característica de cânceres específicos em vários segmentos da população residente e sobre as variações temporais na incidência (BRASIL, 1995).

O câncer configura-se como um grande problema de Saúde Pública tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. O mapeamento da incidência e da mortalidade por câncer é de fundamental importância para o conhecimento epidemiológico, desde os aspectos etiológicos até os fatores prognósticos envolvidos em cada tipo específico de neoplasia maligna. A noção dessa distribuição pode gerar hipóteses causais e avaliar os avanços científicos quanto às possibilidades de prevenção e de cura (INCA, 2014).

O Brasil vem sofrendo mudanças em seu perfil demográfico, consequência, entre outros fatores, do processo de urbanização populacional, da industrialização e dos avanços da ciência e tecnologia. A essas novas características da sociedade brasileira unem-se os novos estilos de vida e a exposição, ainda mais intensa a fatores de risco do mundo contemporâneo. É importante registrar que muitos fatores contribuem para o crescimento do câncer no país, entre eles o envelhecimento da população, decorrente das ações de saúde que evitam mortes prematuras por doenças infecciosas ou parasitarias. O desenvolvimento socioeconômico, no entanto modifica os hábitos da população; não existe sociedade sem câncer, mas os tipos de cânceres mudam de acordo com o desenvolvimento do país, e muitos deles podem ser evitados pela conscientização (INCA, 2014).

Vale lembrar que Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 tipos diferentes de doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células anormais com potencial invasivo e sua origem se dá por condições multifatoriais (INCA, 2014).

Estima-se que em 2014, no Brasil, ocorrerão 576 mil casos novos de câncer incluindo casos de pele do tipo não melanoma. Espera-se encontrar para o sexo masculino, sem considerar os casos de pele do tipo não melanoma, 204 mil casos novos e para o sexo feminino, 190 mil casos novos. Hoje este agravo é a segunda causa de morte por doença no Brasil, ficando atrás somente das doenças do coração, e seguido das doenças cerebrovasculares (INCA, 2014).

A Organização Mundial da Saúde prioriza as ações de prevenção no cuidado com as condições crônicas, enfatizando que é possível prevenir a maioria destas condições, e que, assim, toda a interação de saúde deve incluir a prevenção (OMS, 2003).

Prevenção é definida por ações direcionadas a evitar o surgimento de doenças específicas, através do controle de transmissão e redução do risco de doenças degenerativas ou outros agravos específicos. Em contrapartida, a promoção tem um conceito mais amplo, que enfatiza a transformação das condições de vida e de trabalho, por mudanças profundas na forma de articular e utilizar o conhecimento na construção e operacionalização das práticas de saúde, visando aumentar a saúde e o bem-estar gerais, não relacionados com alguma doença específica (FIOCRUZ, 2003). Fazer a promoção da saúde é, portanto, permitir-se a um permanente e contínuo processo de reflexão sobre a articulação e coerência entre a produção discursiva e a práxis, por meio de uma postura crítica e positiva para viver e mudar posturas e ações (Guimarães, 2004).

Conceitualmente, prevenir o câncer consiste em reduzir ao mínimo ou eliminar a exposição aos agentes carcinogênicos, além de minimizar a suscetibilidade individual aos efeitos destes agentes (OMS, 1995). Este é um conceito simplificado, poderiam ser acrescentados a ele os aspectos sociais, econômicos e culturais.

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O Registro de Câncer estabelece informações que são a fonte primária não somente para pesquisa epidemiológica sobre fatores determinantes do câncer, mas também para planejar e avaliar serviços de saúde para prevenção, diagnóstico e tratamento da doença (BRASIL, 1995). O Registro de Câncer divide-se em: Registro de Câncer de Base Populacional (RCBP) e Registro Hospitalar de Câncer (RHC). O Registro de Base Populacional registra todos os casos novos de cânceres ocorridos em uma população definida (mais frequentemente uma área geográfica) e sua ênfase se dá na epidemiologia e saúde pública. O Registro Hospitalar de Câncer registra todos os casos de câncer matriculados em um determinado hospital e geralmente não considera as condições populacionais, enfatizando o cuidado médico dispensado e a administração hospitalar. O Registro Hospitalar pode formar o núcleo para o desenvolvimento de um Registro de Base Populacional (BRASIL, 1995).

METODOLOGIA

Foram realizadas buscas ativas dos casos de câncer em 45 fontes notificadoras, entre elas: Hospitais Gerais, Pediatria e de Oncologia; Clínicas de Oncologia; Clínicas de Quimioterapia e/ou Radioterapia; Laboratórios de Anatomia Patológica; Declaração de Óbito (DO) obtida através do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM); Sistemas de informação de câncer de mama e colo de útero (SISMAMA e SISCOLO) e demais locais pelos quais onde um indivíduo com câncer pudesse ser atendido. Foi realizada revisão de prontuários e efetuado o preenchimento de fichas padronizadas de coleta de dados. Os dados foram codificados com base no Código Internacional de Doenças em Oncologia 3ª edição (CIDO3) para a caracterização dos tumores, conforme a sua histologia e topografia. Utilizou-se a tabela de Classificação Brasileira de Ocupação (CBO).

As fichas foram digitadas e submetidas ao processamento dos dados, utilizando-se o software Sistema de Base Populacional (BasePopWeb), desenvolvido pelo Instituto Nacional do Câncer/Ministério da Saúde (INCA/MS). Os recursos do sistema incluem verificação de consistência desde a entrada de dados até a escolha do caso (ou casos) elegível.

Os itens verificados foram: Compatibilidade entre Topografia e Sexo; Compatibilidade entre Topografia e Morfologia; Compatibilidade entre Morfologia e Extensão da Doença; Compatibilidade entre Data de Nascimento e Data do Diagnóstico; Compatibilidade entre Topografia e Idade; Compatibilidade entre Morfologia e Idade; Compatibilidade entre Data do Óbito, quando existente, Data de Nascimento e Data de Diagnóstico.

Foram considerados todos os casos com diagnóstico de câncer confirmado no ano da coleta, sendo, os tumores malignos de localização primária, in situ ou invasores; os de localização secundária ou metastáticos e os malignos de localização incerta. Não foram coletados os tumores benignos e aqueles de comportamento incerto (se benignos ou malignos).

INFORMAÇÕES DO REGISTRO DE CÂNCER DE BASE POPULACIONAL DE CURITIBA

O Registro de Base Populacional de Curitiba foi implantado em 23 de junho de 1997 no Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal, sito à Rua Francisco Torres número 830, 1º andar no município de Curitiba.

A coleta de dados se deu a partir de 1998 e, atualmente, o período entre 1998 e 2008 está com os dados consistentes e publicados junto ao INCA (www.inca.gov.br/vigilancia) e serão apresentados a seguir. Vale ressaltar que o banco de dados é dinâmico e a cada nova publicação, dados anteriores podem ser acrescidos, excluídos ou modificados frente a informações recebidas e/ou revisadas.

O total de casos de tumores malignos em ambos os sexos, neste período foi de 48.631, sendo 26.876 (55,3%) no sexo feminino, 21.753 (44,7%) casos no sexo masculino e 2 casos em que o sexo não foi referido. O gráfico 1 mostra as taxas de incidência ajustadas por idade para homens

Homens Mulheres

310,47

213,85

286,52

279,3

250,41

245,14

211,12

201,73

201,62

191,471998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Homens Mulheres

116,33

81,61

114,94

114,7

108,8

99,68

78,67

75,46

75,61

72,761998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

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e mulheres na série histórica. A taxa ajustada por idade permite eliminar ou minimizar o efeito das diferenças etárias entre populações ou a mesma população em períodos distintos, a fim de que diferenças geográficas ou temporais não possam ser atribuídas a diferenças na estrutura etária. A taxa ajustada por idade é calculada através da razão entre a multiplicação da taxa específica por idade com a população padrão mundial na faixa etária e a população padrão mundial.

GRÁFICO 1Taxas de incidência por todas as neoplasias, ajustadas por idade, pela população brasileira. Censo de 2000, por 100.000 homens e mulheres. Curitiba -1998 a 2008

Fonte: RCBP/CE/SMS

Homens Mulheres

310,47

213,85

286,52

279,3

250,41

245,14

211,12

201,73

201,62

191,471998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

GRÁFICO 2Taxas de mortalidade por todas as neoplasias, ajustadas por idade, pela população brasileira. Censo de 2000, por 100.000 homens e mulheres. Região Sul - 1998 a 2008

Fonte: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade - SIM MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - MS/INCA/Conprev/Divisão de Vigilância

Homens Mulheres

116,33

81,61

114,94

114,7

108,8

99,68

78,67

75,46

75,61

72,761998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

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São utilizados indicadores de qualidade recomendados pela IARC (International Agency for Research on Cancer) para avaliar as informações de um registro de câncer de base populacional. Os principais são: percentual de casos registrados somente por Declaração de Óbito (SDO); percentual de localização primária desconhecida (C80); percentual de verificação histológica; e percentual de idade ignorada.

A seguir são apresentados na tabela 1 os valores recomendados pelo INCA e os valores obtidos pelo banco de registros de base populacional do município de Curitiba.

Em relação às localizações mais frequentes, os gráficos 4 e 5 mostram a distribuição dos principais tumores malignos em homens e mulheres no município de Curitiba, nos últimos cinco anos de informações consolidadas do Registro de Câncer (2004 a 2008).

GRÁFICO 3Taxas de mortalidade por todas as neoplasias, ajustadas por idade, pela população brasileira. Censo de 2000, por 100.000 homens e mulheres. Brasil - 1998 a 2008

Fonte: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade - SIM MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE

MS/INCA/Conprev/Divisão de Vigilância

Homens Mulheres

96,41

62,75

87,22

86,00

85,62

68,93

62,10

61,65

60,11

58,281998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

INDICADORES VALORES RECOMENDADOSVALORES DE CURITIBA

2004-2008

% SDO <20% 15,04%*% C80 <10% 2,9%*

% VERIFICAÇÃO HISTOLÓGICA

>70% 81,24%*

% IDADE IGNORADA <20% 0,04%*

TABELA 1Indicadores de qualidade

*Os valores são referentes a todas as neoplasias, exceto pele não melanoma e tumores “in situ”

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Homens Mulheres

96,41

62,75

87,22

86,00

85,62

68,93

62,10

61,65

60,11

58,281998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

GRÁFICO 4Distribuição percentual dos tumores malignos em homens. Curitiba - 2004 a 2008

Fonte: RCBP/CE/SMS

% casos laringe

% de casos encéfalo

% de casos localização primária desconhecida

% de casos bexiga

% de casos esôfago

% de casos traquéia, brônquios e pulmões

% de casos cólon e reto

% de casos neoplasias malignas da pele exceto melanoma

% de casos próstata

% de casos estômago

demais tumores

30,83%

18,96%16,42%

7,18%

6,77%

5,72%

3,37%

3,3%2,56%

2,52% 2,37%

Fonte: RCBP/CE/SMS

% casos mama

% de casos neoplasias malignas da pele exceto melanoma

% de casos carcinoma “in situ” do colo do útero

% de casos cólon e reto

% de casos colo de útero

% de casos traquéia, brônquios e pulmões

% de casos estômago

% de casos glândula tireóide

% de casos ovário

% de casos corpo do útero

demais tumores

26,74%

21,43%

13,47%

11,98%

6,06%

5,1%

3,99%

3,01%

2,91%2,81%

2,5%

Em relação aos tumores mais frequentes, os gráficos 6 e 7 mostram as taxas ajustadas por idade para os 10 localizações mais frequentes em homens e mulheres no período de 2004 a 2008.

GRÁFICO 5Distribuição percentual dos tumores malignos em mulheres. Curitiba - 2004 a 2008

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GRÁFICO 6Taxas de incidência ajustadas por idade por 100.000 homens. Curitiba - 2004 a 2008

Fonte: RCBP/CE/SMS

GRÁFICO 7Taxas de incidência ajustadas por idade por 100.000 mulheres. Curitiba - 2004 a 2008

Fonte: RCBP/CE/SMS

Próstata

Cólon e reto

Traquéia, brônquios e pulmões

Estômago

Bexiga

Esôfago

Localização primária desconhecida

Laringe

Encéfalo

Neoplasias malignas da peleexceto melanona

65,21%

26,82%

22,1%

18,26%

10,87%

10,62%

7,94%

7,48%

6,99%

52,77%

Neoplasias malignas da peleexceto melanona

Mama

Carcinoma “in situ” do colo do útero

Cólon e reto

Colo de útero

Traquéia, brônquios e pulmões

Estômago

Ovário

Glândula tireóide

Corpo do útero

37,66%

61,07%

29,93%

19,75%

14,22%

11,7%

8,26%

7,95%

7,69%

7,57%

Se desconsiderarmos as neoplasias de pele não melanoma devido a, provavelmente, serem subnotificadas, observa-se que os tumores mais incidentes em homens são próstata, seguido de cólon e reto e em mulheres mama, seguido de colo de útero “in situ”. Os casos “in situ” de tumores de colo de útero em Curitiba atualmente superam os invasivos e isto pode ser observado no gráfico 9, a partir das informações do ano de 2002. Curitiba foi a capital brasileira que registrou as maiores quedas nas taxas de incidência e mortalidade por câncer de colo de útero nos últimos anos.

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GRÁFICO 8Taxas de incidência para as 5 localizações primárias mais frequentes, ajustadas por idade, por 100.000 homens, 1998 a 2008

Fonte: RCBP/CE/SMS

GRÁFICO 9Taxas de incidência para as 5 localizações primárias mais frequentes, ajustadas por idade, por 100.000 mulheres, 1998 a 2008

Fonte: RCBP/CE/SMS

Próstata

Cólon e Reto

Traquéia, Brônquios e Pulmões

Estômago

Lábio, Língua, Cavidade Oral e Orofaringe

19980

10

20

30

40

50

60

70

80

90

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Mama

Carcinoma “In Situ” do Colo do Útero

Cólon e Reto

Colo do Útero

Traquéia, Brônquios e Pulmões

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

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GRÁFICO 10Taxas de incidência distribuídas por faixa etária para as 5 localizações mais frequentes em homens. Curitiba - 1998 a 2008

Fonte: RCBP/CE/SMS

GRÁFICO 11Taxas de incidência distribuídas por faixa etária para as 5 localizações mais frequentes em mulheres. Curitiba - 1998 a 2008

Fonte: RCBP/CE/SMS

Pode-se se observar a partir dos gráficos 10 e 11 que o câncer vem se desenvolvendo mais precocemente na população, principalmente nas mulheres.

Próstata

Cólon e Reto

Traquéia, brônquios e pulmões

Estômago

Lábio, Língua, Cavidade Oral

e Orofaringe

1000

900

800

700

600

500

400

300

200

100

0

85 ou +

80-84

75-79

70-74

65-69

60-64

55-59

50-54

45-49

40-44

35-39

30-34

25-29

20-24

15-19

10-14

5-9

0-4

Mama

Carcinoma “In Situ” do Colo do Útero

Cólon e Reto

Colo do Útero

Traquéia, Brônquios e Pulmões

350

85 ou +

80-84

75-79

70-74

65-69

60-64

55-59

50-54

45-49

40-44

35-39

30-34

25-29

20-24

15-19

10-14

5-9

0-4300

250

200

150

100

50

0

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

As informações de incidência da população residente em Curitiba permitem o fortalecimento da gestão local bem como o controle dos programas de rastreamento e prevenção de câncer. Também contribuem para as estimativas de câncer no Brasil, Região Sul e Paraná, sendo este representado pela cidade de maior densidade demográfica do estado.

É importante considerar que as taxas de incidência do RCBP de Curitiba estão próximas as de países desenvolvidos quando comparadas às informações publicadas pela IARC no volume 10 da publicação “Cancer in Five Continents”, que trata da incidência de câncer diagnosticada entre 2003 a 2007 de 68 países.

Espera-se que as informações apresentadas possam contribuir para que as políticas públicas de saúde sejam bem direcionadas, resultando num melhor enfrentamento do câncer e com o propósito de melhorar as condições de saúde da população.

Muito ainda há de ser feito, mas sem dúvida, deve ser mantido o esforço de garantir a continuidade do Registro de Base Populacional no município de Curitiba, oportunizando a atualização contínua dos dados, tanto para efeito de análises temporais quanto para estudos de sobrevida.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa 2014: Incidência do Câncer no Brasil, Rio de Janeiro: INCA; 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Assistência à Saúde. Instituto Nacional de Câncer, Coordenação de Programas de Controle de Câncer – Pro Onco. Registro de Câncer: Princípios e Métodos. Rio de Janeiro: Pro-Onco; 1995.

CZERESNIA D. O conceito de saúde e a diferença entre prevenção e promoção. In: Czeresnia D, Freitas CM, organizadores. Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro (RJ): Fiocruz; 2003.

GUIMARÃES M A. et al. Promoção da saúde: as conferências internacionais de promoção da saúde. [citado em 7 jun 2004]. Disponível em: URL: http://www.sobral.ce.gov.br/saudedafamilia/Publicacoes/PromoSaude/conferencias_internacionais.htm

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Cuidados inovadores para condições crônicas: componentes estruturais de ação, relatório mundial. Brasília (DF): OMS; 2003.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE LA SALUD. Programas nacionales de lucha contra o câncer – directrices sobre política y gestion. Genebra (SWT): OMS; 1995.

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Zeila Terezinha Cônsul Carneiro1 Cidete Maria Chiapetti Casaril2

1Assistente Social...especialista em Saúde pública e Vigilância em Saúde, ENSP/FIOCRUZ. Técnica da Divisão de Vigilância Doenças Crônicas Não Transmissíveis /DVDNT/CEPI/SVS - [email protected] 2Assistente Social, especialista de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde em Saúde, ENSP / FIOCRUZ. Técnica da Departamento de Promoção da Saúde /DEPS/SAS/SESA-PR – [email protected]

RESUMO

O presente artigo apresenta o panorama do Programa Academia da Saúde, nos municípios do Paraná, desde sua criação no ano de 2011 até 2014. O Programa Academia da Saúde é um ponto de atenção da Rede de Atenção à Saúde e visa contribuir para a promoção da saúde, produção do cuidado e de modos de vida saudáveis da população a partir da implantação de polos com infraestrutura e profissionais qualificados. Segue os princípios, diretrizes e objetivos da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), e da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). No estado do Paraná a participação dos municípios no 1º ciclo de 2014 foi de 64,4%, com 123 formulários preenchidos de um universo de 191 municípios com polos habilitados. Na comparação com os ciclos anteriores, foi possível perceber que a participação é maior a cada novo monitoramento, o que indica um esforço crescente dos municípios habilitados. O programa constitui-se como uma importante estratégia da Política Nacional de Promoção da Saúde.

DESCRITORES: academia da saúde, promoção e cuidado da saúde.

Artigo 6

A Academia da Saúde como Estratégia de Promoção e Cuidado da Saúde no Paraná

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INTRODUÇÃO

A inatividade física é um dos principais fatores de risco de mortalidade em todo o mundo, influenciando consideravelmente na saúde da população e na prevalência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT).

Dados recentes apontam que no mundo, o sedentarismo é responsável em media por 6% da doença arterial coronária, 7% dos diabetes tipo dois, 10% câncer de mama, 10% câncer de cólon e, além disso, por 9% de mortalidade prematura (LEE et al.,2012).

De acordo com a Organização Mundial Saúde, um pequeno conjunto de fatores de risco responde pela grande maioria das mortes por DCNT e por fração substancial da carga de doenças devido a essas enfermidades. O tabagismo, o consumo abusivo de álcool, a inatividade física, a alimentação não saudável e a obesidade estão associadas à maior probabilidade de desenvolver DCNT. A adoção de hábitos saudáveis é considerada fator de proteção para condições crônicas como doenças do aparelho circulatório, doenças respiratórias crônicas, câncer e diabetes (OMS, 2010).

O impacto dos fatores de risco e de proteção na mortalidade por DCNT pode ser medido pelo número de mortes evitáveis. Segundo estimativas da Organização Mundial Saúde, o consumo insuficiente de frutas, legumes e verduras são responsáveis anualmente por 2,7 milhões de mortes e por 31% das doenças isquêmicas do coração, por 11% das doenças cerebrovasculares e 19% dos cânceres gastrointestinais ocorridos em todo mundo. A hipertensão arterial, principal fator de risco para doenças cardiovasculares, causa cerca de 7,5 milhões de mortes/ano, 12,8% de todas as mortes (OMS, 2010).

A inatividade física, sobrepeso/obesidade, níveis sanguíneos elevados de colesterol e consumo abusivo de álcool são responsáveis respectivamente por 2,3 milhões de mortes/ano. Entretanto, a prática regular de atividade física reduz o risco de doenças cardiovasculares, incluindo hipertensão arterial, diabetes, câncer de mama e de colo/reto e depressão, além de auxiliar no controle do peso.

A atividade física regular diária é fundamental para prevenir Doenças Crônicas Não Transmissíveis, junto com uma alimentação saudável e a eliminação do habito de fumar. Pesquisas mostram que atividade física regular fornece as pessoas de ambos os sexos, de todas as idades e condições, muitos benefícios físicos, sociais e mentais (VIGITEL, 2010, 2011, 2012,2013).

De um modo geral, práticas corporais surgem na tentativa de considerar os significados culturais e sociais atribuídos a atividades de movimento humano (LAZZAROTTI et al., 2010). O glossário temático de Promoção da Saúde (BRASIL, 2012, p.28) diz que estas práticas constituem “expressões individuais ou coletivas do movimento corporal, advindo do conhecimento e da experiência em torno do jogo, da dança, do esporte, da luta, da ginástica, construídas de modo sistemático (na escola) ou não sistemático (tempo livre/laser)”.

É importante ressaltar que a definição de práticas corporais não é apenas outra forma de nomear a atividade física, mas sim, uma valorização do significado das atividades físicas para o seu praticante (FRAGA: CARVALHO; GOMES, 2013).

Neste contexto, fica evidente a importância da promoção da atividade física para a saúde pública, iniciativa esta apoiada pela OMS visando prevenir as DCNT.

O investimento em programas que passam a operar nesta lógica de cuidado, com oferta de práticas corporais territorializadas e sintonizadas com a cultura local, amplia a construção de ações que possibilitam responder às necessidades sociais em saúde, incentivando a população a restabelecer vínculos com aspectos da cultura corporal de movimento, oferecendo novos sentidos a opção por uma vida fisicamente ativa.

Entende-se, que a promoção da saúde é uma estratégia de articulação transversal na qual se confere visibilidade aos fatores que colocam a saúde da população em risco e as diferenças entre necessidades, territórios e culturas presentes, visando a criação de mecanismos que reduzam as

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situações de vulnerabilidade, defendam a equidade e incorporem a participação e o controle sociais na gestão das políticas públicas.

Dessa forma o Programa Academia da Saúde, instituído pela Portaria 719 de 07/04/11 e redefinida pela portaria 2681 de 07/11/2013, tem como objetivo principal contribuir para a promoção da saúde e produção do cuidado e de modos de vida saudáveis da população a partir da implantação de polos com infraestrutura e profissionais qualificados.

Neste sentido, o presente artigo apresenta o panorama do Programa Academia da Saúde, nos municípios do Paraná, desde sua habilitação no ano de 2011 até 2014.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo epidemiológico, constituído da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Por inquérito Telefônico - VIGITEL, além do monitoramento do programa Academia da Saúde através do Formulário Nacional FormSus e da Legislação pertinente ao tema.

A seguir serão destacados os principais fatores de risco e proteção (VIGITEL) para as DCNT nas capitais da região sul do país, nos anos de 2009 a 2013. Foram selecionados apenas alguns indicadores que são de relevância para a qualidade de vida, conforme segue: excesso de peso (Índice de Massa Corporal com valor igual ou superior a 25 Kg/m²), obesidade (Índice de Massa Corporal com valor igual ou superior a 30 Kg/m²), atividade física no tempo livre (prática de pelo menos 150 minutos semanais de intensidade leve ou 75 minutos de intensidade vigorosa),a inatividade física (indivíduos que não praticam qualquer atividade física no lazer nos últimos três meses e que não realizam esforços intensos no trabalho, não se deslocam para o trabalho ou para a escola a pé ou de bicicleta, perfazendo um mínimo de 10 minutos por trajeto por dia).

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GRÁFICO 1Percentual de adultos mais de 18 anos com excesso de peso, segundo as capitais da Região Sul do Brasil - Vigitel 2009-2013

Fonte: Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico 2009 a 2013).

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2009 2010 2011 2012 2013

Curitiba - Paraná

Florianópolis - Santa Catarina

Porto Alegre - Rio Grande do Sul

GRÁFICO 2Percentual de adultos com mais de 18 anos com obesidade, segundo as capitais da Região Sul do Brasil - Vigitel 2009-2013

Fonte: Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico 2009 a 2013).

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2009 2010 2011 2012 2013

Curitiba - Paraná

Florianópolis - Santa Catarina

Porto Alegre - Rio Grande do Sul

GRÁFICO 3Percentual de adultos com mais de 18 anos que praticam o nível recomendado de atividades física no tempo livre nas capitais da Região Sul do Brasil - Vigitel 2009-2013

Fonte: Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico 2009 a 2013).

Analisando o gráfico 01 acima, observamos o percentual de adultos com excesso de peso nas capitais da Região Sul no ano de 2009 a 2013. Esses dados variaram de 45% em Florianópolis (SC) 2009 a 55,4% em 2011 em Porto Alegre. (RGS). Porto Alegre apresentou maior percentual de excesso de peso. A região Sul apresentou tendência crescente de adultos com excesso peso nesse período.

Os dados apresentados relativos à prevalência do excesso de peso em Curitiba (PR) são alarmantes, apresentando uma tendência crescente nos últimos cinco anos, concluindo-se que a população de adultos acima de 18 anos em Curitiba está com excesso de peso.

Analisando o gráfico 02 acima, observamos que o menor índice de obesidade é de 12,7% (2009) em Florianópolis (SC), e o maior índice apresentado 19,6% (2011) em Porto Alegre (RGS). Curitiba (PR) apresentou índice de obesidade de 12,9% (2009) a 18,0% (2013) havendo aumento expressivo nos últimos cinco anos, dados considerados alarmantes. Constatado também o aumento crescente de obesidade nos últimos cinco anos nas três capitais da região sul.

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GRÁFICO 4Percentual de adultos com mais de 18 anos fisicamente inativos segundo, as capitais da Região Sul do Brasil - Vigitel 2009-2013

Fonte: Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico 2009 a 2013).

Nos dados analisados do Gráfico (3), observamos que as capitais de Curitiba e Porto Alegre no ano de 2009 a 2012, tiveram aumento crescente de adultos com mais de 18 anos que não praticam atividade física.

Neste gráfico 04 observou-se que o percentual de adultos com mais de 18 anos que não praticam atividade física variou de 10,8% (2011) em Florianópolis (SC) a 14,5% em Porto Alegre. Os maiores índices de inatividade física encontrada são em Curitiba 13,3% e Porto Alegre 14,5%. Da região sul, a capital catarinense é que mantém menores índices.

Estes gráficos demonstram a importância de se investir e ampliar o Programa Academia da Saúde visando estratégias para promover a qualidade de vida da população e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionada aos seus determinantes e condicionantes modos de vida.

Programa Academia da Saúde

O Programa Academia da Saúde, instituído pelo Ministério da Saúde (Portaria nº. 719 em 07 de Abril de 2011) e redefinido pela Portaria 2.681 de 07 de Novembro de 2013, tem como objetivo principal contribuir para a promoção da saúde e produção do cuidado e de modos de vida saudáveis da população, a partir da implantação de polos com infraestrutura e profissionais qualificados.

É caracterizado pela construção de uma estrutura física denominada polo, que são espaços públicos destinados para o desenvolvimento das ações do programa.

O Programa busca, localmente, construir políticas e espaços de promoção da saúde, reconhecendo o território e a comunidade como atores fundamentais na articulação e reconhecimento dos determinantes sociais da saúde a partir da realidade local.

A organização e o planejamento dos polos são coordenados pela Atenção Primária a Saúde e devem ser articulados com os demais pontos de atenção à saúde, além de estar vinculados a um Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) ou a uma Unidade Básica de Saúde (UBS).

Tem como eixos: práticas corporais e atividades físicas; produção do cuidado e de modos de vida saudáveis; promoção da alimentação saudável; práticas integrativas e complementares; práticas artísticas e culturais; educação em saúde; planejamento e gestão; e mobilização da comunidade.

É diretriz do Programa, configurar-se como ponto de atenção da Rede de Atenção à Saúde,

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complementando e potencializando as ações de cuidados individuais e coletivos na atenção primária à saúde; referenciar-se como um programa de promoção da saúde, prevenção e atenção das doenças crônicas não transmissíveis e ser um espaço de produção, ressignificação e vivência de conhecimentos favoráveis à construção coletiva de modos de vida saudáveis.

A Portaria nº 2.684, de 08 de novembro de 2013, redefine regras e critérios referentes aos incentivos financeiros de investimento para construção de pólos e de custeio no âmbito do Programa Academia da Saúde e os critérios de similaridade entre Programas em Desenvolvimento.

Para fins de recebimento para construção do polo, o município poderá solicitar o Programa através da abertura da adesão no sistema do Ministério da Saúde ou solicitar através de Emenda Parlamentar.

Existem três modalidades de polos e de recursos de investimento para construção de infraestrutura adequada ao funcionamento do Programa Academia da Saúde:

• Modalidade Básica - no valor R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), dimensão de 300 m², composta de espaço de vivência, espaço com equipamentos e espaço multiuso.

• Modalidade Intermediária - no valor de R$ 100.000.00 (cem mil reais), dimensão mínima de 312 m² composta de espaço de vivência com estrutura de apoio, espaço com equipamentos e espaço multiuso.

• Modalidade Ampliada - no valor de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais), dimensão de 550 m² composta de espaço de vivência com estrutura de apoio, espaço com equipamentos e espaço multiuso.

Uma vez publicada a Portaria de habilitação, o repasse do incentivo financeiro de investimento para construção será realizado pelo Fundo Nacional de Saúde ao fundo de saúde do ente federativo habilitado, nos seguintes termos:

• Primeira parcela, equivalente a 20% (vinte por cento) do valor total aprovado, será repassada após a publicação da portaria específica de habilitação;

• Segunda parcela, equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor total aprovado, será repassada mediante apresentação da ordem de inicio de serviço, fotos correspondentes às etapas de execução da obra e demais informações solicitadas no SISMOB;

• Terceira parcela, equivalente a 20% (vinte por cento) do valor total aprovado, mediante a apresentação do atestado de conclusão da obra.

Os polos são construídos na área de abrangência do estabelecimento de saúde de referência no âmbito da Atenção Primária à Saúde.

A Portaria nº 24 de 14 de janeiro de 2014, redefine o cadastramento no Sistema de Cadastro Nacional de estabelecimentos de Saúde (SCNES), estabelecimentos de tipo 74 POLO DE ACADEMIA DA SAÚDE, como serviço de apoio, caracterizando-se como espaços de livre acesso à população para o desenvolvimento de ações que contribuam para a promoção da saúde e produção do cuidado e de modos de vida saudáveis da população.

RESULTADOS

1. Panorama do Programa Academia da Saúde no Estado do Paraná

O Programa Academia da Saúde deve ser compreendido como um serviço da Atenção Primária à Saúde e por isso deve funcionar de maneira integrada à rede de atenção.

No Paraná, 195 municípios aderiram ao Programa Academia da Saúde, totalizando 224 polos. Destes, 58 estão em ação preparatória, 68 iniciaram a obra e 93 concluíram, conforme gráfico abaixo.

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O município habilitado com o Programa Academia da Saúde pode solicitar o Incentivo Financeiro de custeio ao concluir a obra, com o objetivo de garantir a realização das ações referentes à promoção da saúde e produção do cuidado e de modos de vida saudáveis da população. O recurso é repassado de duas formas:

I - Transferência regular e mensal, no âmbito do Piso de Atenção Básica Variável (PAB Variável), mediante a vinculação do polo do Programa Academia da Saúde a um NASF, no valor de R$ 3.000,00 mensais por polo, após a habilitação pelo Ministério da Saúde,

II - Transferência regular e mensal, referente às ações financiadas pelo Piso Variável de Vigilância em Saúde (PVVS), mediante a vinculação do polo do Programa Academia da Saúde a um estabelecimento da Atenção Básica, no valor de R$ 3.000,00 mensais por município (Portaria 183 de 30 de janeiro de 2014).

O Programa prevê a contratação de profissionais de nível superior, conforme Código Brasileiro de Ocupação o(s) profissional(s), com carga horária de 40 horas semanais, ou 02 profissionais de 20 horas (Portaria nº 24 de janeiro de 2014, Anexo I), garantindo o funcionamento do polo em pelo menos dois turnos diários, em horários definidos a partir da necessidade da população e do território.

Com o término da obra, o município habilitado assumirá a manutenção preventiva do respectivo polo do Programa Academia da Saúde pelo prazo mínimo de cinco anos como condição para continuar no Programa. Depois desse prazo, para receber eventuais novos recursos financeiros (Art. 17 Port. 2684 de 08 de novembro de 2013).

Salienta-se a importância do planejamento das ações pensadas e articuladas com profissionais da Atenção Primária à Saúde, inclusive aqueles que atuam na Estratégia Saúde da Família, nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família e com a rede de atenção à saúde do SUS, bem como com outros serviços sociais realizados na respectiva região. As atividades devem ser planejadas com base na situação de saúde da área da abrangência do polo e pensadas para todos os ciclos de vida.

No caso dos municípios que não possuem NASF, é importante articular as atividades do Programa ao trabalho realizado pela equipe de Saúde da Família e/ou pelos agentes comunitários de saúde.

Já para os municípios que possuem NASF, especialmente para os municípios com polo já em funcionamento, é necessário pensar em agendas compartilhadas que garantam a participação da equipe multiprofissional.

Polos Habilitados

224

58

Obras em açãopreparatória

Obras iniciadas

68

Obras concluídas

93

Polos habilitadosem 2014

5

Fonte: Programa Academia da Saúde /MS.

NÚMERO DE PROPOSTAS DE CONSTRUÇÃO POR ETAPA - PR - JAN/15

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É fundamental que as informações do território, a definição de prioridades e o planejamento das ações desenvolvidas sejam discutidos e compartilhados entre os profissionais do Programa e os demais profissionais da atenção básica, favorecendo uma maior integralidade das ações. Fator relevante ainda é utilizar os indicadores disponíveis nos sistemas de informação e realizar pesquisa qualitativa, com o objetivo de conhecer não só as condições sociais, mas como vivem o que fazem e como adoecem; bem como a existência de outras experiências de qualidade de vida na comunidade.

Entendemos que além do planejamento das ações, a ampla divulgação nos meios de comunicação existente na comunidade informando o objetivo do polo, o início das atividades, o público alvo e os horários, são imprescindíveis para o conhecimento, a participação e a adesão ao programa.

Segundo dados do 1º Ciclo 2014 de Monitoramento, dos 191 municípios contemplados com o Programa 123, ou seja, 64,4% responderam ao formulário eletrônico FormSUS.

A maioria dos municípios (78) realiza iniciativas para divulgar o Programa no território, 34 municípios adotam como principal iniciativa de divulgação do Programa as reuniões de apresentação para os profissionais e comunidade. Outros informaram capacitar os profissionais da ESF e do NASF para divulgar o Programa junto aos usuários. Quatro municípios têm divulgado o Programa por meio de panfletos, carros de som, outdoor etc. Um resultado interessante é que 14 municípios responderam utilizar outras formas de divulgação, entre elas, mídia local (rádio, internet), reuniões com grupos específicos (conselhos, grupos de convivência) e reuniões com outros profissionais da rede “(Academia da Saúde Paraná, 1º Ciclo Monitoramento, 2014).

Ressalta-se também a importância para a institucionalização do Programa Academia da Saúde a nível local, por meio de instrumentos como decretos, leis municipais, entre outros, o qual garantirá maior sustentabilidade do Programa ao longo das mudanças de gestão, favorecendo sua consolidação no território. Programas de Promoção da Saúde, por sua natureza, visam impactos de longo prazo e, portanto, a institucionalização dos mesmos contribui para assegurar a continuidade das ações.

Um dado relevante do monitoramento refere-se às parcerias e a intersetorialidade que é essencial para a ampliação das atividades e consolidação do Programa no território, considerando que aumenta o leque de atividades a serem desenvolvidas e favorece a participação de usuários com perfis diversificados. No estado do Paraná, a maioria dos municípios com polos em funcionamento respondeu possuir parceiros governamentais diretamente envolvidos no desenvolvimento do Programa Academia da Saúde, entre eles as Secretarias de Assistência Social, Educação, Esporte, Planejamento e Meio Ambiente. Quanto às parcerias não governamentais, a maioria dos municípios não possui esse tipo de parceria e outros apontam como parceiros as Associações Comunitárias, Universidades/faculdades e instituições religiosas.

2- Monitoramento do Programa Academia da Saúde no Paraná

O cenário da Academia da Saúde no Paraná se transforma rapidamente, pois a cada dia um novo polo fica pronto.

Para captar esse cenário dinâmico e em constante transformação, o estado do Paraná participa do monitoramento duas vezes ao ano, nos meses de maio e novembro, utilizando o formulário eletrônico FormSus.

O monitoramento do Programa Academia da Saúde tem o objetivo de retratar a situação geral de implantação e implementação do Programa nos municípios do Paraná. Trata-se de uma estratégia para produção de informações que subsidiem a qualificação e o fortalecimento do programa no país e no território, constituindo-se em instrumento essencial para o planejamento e avaliação das ações realizadas.

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Com as informações do monitoramento é possível saber quantos polos estão em funcionamento, como é realizada a divulgação, quais as estratégias de fortalecimento da gestão do Programa, além de verificar a existência de estratégias de educação permanente e conhecer as parcerias governamentais e não governamentais envolvidas no funcionamento do polo.

Esse conjunto dos dados mostra o panorama geral da implantação do Programa no estado, identificando as regiões, os pontos que necessitam de maior atenção, onde é necessário reforçar o apoio técnico aos municípios de forma conjunta, bem como onde o programa se adaptou e potencializou a promoção da saúde.

No estado do Paraná, a participação dos municípios no 1º ciclo de 2014, realizado em maio foi de 64,4%, com 123 formulários preenchidos de um universo de 191 municípios com polos habilitados.

Na comparação com os ciclos anteriores foi possível perceber que a participação é maior a cada novo monitoramento, o que indica um esforço crescente dos municípios habilitados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Programa Academia da Saúde é uma ação da Saúde que visa o fortalecimento da promoção da saúde como estratégia de produção do cuidado. Sua ênfase está na integralidade, na construção coletiva de capacidades locais, na gestão compartilhada dos riscos e do cuidado, no fortalecimento do controle social e no impacto positivo nos determinantes sociais da saúde. A proposta e as intervenções em saúde devem ampliar seu escopo, tomando como objeto as necessidades de saúde, seus determinantes e condicionantes, de modo que a organização da atenção e do cuidado envolva, ao mesmo tempo, as ações e os serviços que operem sobre os efeitos do adoecer. Visa também criar um espaço para além dos muros das unidades de saúde e do sistema de saúde, incidindo sobre as condições de vida e favorecendo a ampliação de escolhas saudáveis por parte dos sujeitos e das coletividades no território onde vivem e trabalham.

O Programa é um ponto de atenção de saúde significativo, considerando as 224 Academias da Saúde que estão sendo construídas nos municípios, que poderão incidir na mudança dos indicadores de saúde, em especial às doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que tem forte impacto na qualidade de vida das pessoas causando morte prematura e efeitos econômicos adversos para as famílias, para a sociedade e que se constitui em um grande desafio para os gestores e profissionais.

O programa deverá estar aberto à população buscando ações que os integrem na construção da saúde por meio de trocas intergeracionais, tendo como referência as ações previstas na Política Nacional de Promoção da Saúde.

As medidas de enfrentamento a grande carga das doenças crônicas estão focadas na redução de exposição da população aos fatores de risco e ao incentivo aos fatores protetores, visando à melhoria da qualidade de vida da população. No entanto, a mudança de comportamento e hábitos de saúde não é tarefa fácil. Assim, as ações devem ser intersetoriais e perpassar todos os ciclos de vida.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.681 de 07 de novembro de 2012. Redefine o Programa Academia da Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 2012a. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2681_07_11_2013.html.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.684, de 08 de novembro de 2013. Redefine as regras e os critérios referentes aos incentivos financeiros de investimento para construção de polos e de custeio e no âmbito do Programa Academia da Saúde e os critérios de similaridade entre Programas em Desenvolvimento no Distrito Federal ou no Município e o Programa Academia da Saúde. 2013a. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2684_08_11_2013.html

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BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 687, de 30 de março de 2006. Aprova a Política de Promoção da Saúde. 2006. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/legislacao/portaria687_30_03_06.pdf.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Saúde Brasil 2011: Uma análise da situação de saúde e a vigilância da saúde da mulher. Prevalência de fatores de risco e protetores para doenças crônicas na população adulta brasileira em 2011, p. 32; 2012b.

BRASIL. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2009: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção de Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2010: vigilância de fatores de risco e proteção paradoenças crônicas por inquérito telefônico/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção de Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2011: vigilância de fatores de risco e proteção paradoenças crônicas por inquérito telefônico/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção de Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012c.

BRASIL. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2012: vigilância de fatores de risco e proteção paradoenças crônicas por inquérito telefônico/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção de Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013b.

BRASIL. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2013: vigilância de fatores de risco e proteção paradoenças crônicas por inquérito telefônico/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção de Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014a.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção a Saúde. 1º Ciclo 2014 de Monitoramento do Programa Academia da Saúde. 2014b.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não transmissíveis e Promoção a Saúde. 2º Ciclo de Monitoramento do Programa Academia da Saúde. 2014c. Disponível em: http://www.cosemsce.org.br/v2/wp-content/uploads/downloads/2015/05/DEVOLUTIVA-NACIONAL-2%C2%BA-Ciclo-2014.pdf

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Promoção da Saúde: Relatos de Experiências Sobre as Ações de Promoção da Saúde e Programa Academia da Saúde

Parte 02

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Hortas Comunitárias em MaringáUm Estímulo ao Trabalho e a Qualidade de Vida: Um Relato de Experiência

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Ana Rosa Oliveira Poletto Palácios1

Ana Paula dos Santos Bocardi Salineiro2

Antonio Carlos Figueiredo Nardi3 Rosangela Treichel Saenz Surita4 José Oliveira de Albuquerque5

1Psicóloga; da Gerência de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Maringá - [email protected]; da Gerência de Promoção e Prevenção em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Maringá.3Odontólogo; Especialista em Gestão de Serviços e Serviços de Saúde / Secretário Municipal de Saúde de Maringá/Presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde - Conasems. 4Farmacêutica-bioquímica/Diretora da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde.5Engenheiro Agrônomo da Secretaria Municipal de Serviços Públicos / Coordenador do Programa de Hortas Comunitárias. [email protected]

RESUMO

O município de Maringá (PR) realiza várias ações voltadas à promoção da saúde, dentre as quais, as de alimentação e nutrição, por meio dos profissionais do Núcleo de Apoio da Saúde da Família nas Unidades Básicas de Saúde. De forma complementar desenvolve o Projeto Hortas Comunitárias, que por meio do plantio e venda de hortaliças torna possível o acesso a alimentos de qualidade, que promove ao mesmo tempo uma ação solidária e um instrumento de garantia da segurança alimentar, propiciando igualmente a oportunidade de trabalho e geração de renda. As ações baseiam-se em políticas integradas e intersetoriais, compondo redes de compromisso e corresponsabilidade quanto à qualidade de vida da população, onde todos os envolvidos são partícipes no cuidado com a saúde. Recursos financeiros públicos e a participação de diversos setores da comunidade (universidade, empresas privadas e associações), indicam a sustentabilidade do projeto.

DESCRITORES: alimentação, nutrição e horta comunitária.

Artigo 7

Hortas Comunitárias em Maringá Um Estímulo ao Trabalho e a Qualidade de Vida:

Um Relato de Experiência

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INTRODUÇÃO

O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT no Brasil, 2011-2022, visa preparar o Brasil para enfrentar e deter, nos próximos dez anos, as DCNT, entre as quais: acidente vascular cerebral, infarto, hipertensão arterial, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas. Como determinantes sociais das DCNT, são apontadas as desigualdades sociais, as diferenças no acesso aos bens e aos serviços, a baixa escolaridade, as desigualdades no acesso à informação, além dos fatores de risco modificáveis, como tabagismo, consumo de bebida alcoólica, inatividade física e alimentação inadequada, tornando possível sua prevenção (Brasil, 2011).

A publicação “Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas redes de atenção à saúde e nas linhas de cuidado prioritárias” define doenças crônicas como sendo o conjunto de condições crônicas, que em geral, estão relacionadas a causas múltiplas, são caracterizadas por início gradual, de prognóstico usualmente incerto, com longa ou indefinida duração. Apresentam curso clínico que muda ao longo do tempo, com possíveis períodos de agudização, podendo gerar incapacidades. Requerem intervenções com o uso de tecnologias leves, leve-duras e duras, associadas a mudanças de estilo de vida, em um processo de cuidado contínuo que nem sempre leva à cura (Brasil, 2013).

No que tange a morbidade, as doenças crônicas são responsáveis por grande número de internações, bem como estão entre as principais causas de amputações e de perdas de mobilidade e de outras funções neurológicas. Envolvem também perda significativa da qualidade de vida, que se aprofunda à medida que a doença se agrava. Além dos determinantes sociais, é importante lembrar, por outro lado, o impacto econômico que as doenças crônicas têm para o País.

Este está principalmente relacionado não só com os gastos por meio do SUS, mas também com as despesas geradas em função do absenteísmo, das aposentadorias e da morte da população economicamente ativa. Segundo estimativas, em 2025, o Brasil terá mais de 30 milhões de indivíduos com 60 anos ou mais, e a maioria deles, cerca de 85%, apresentará pelo menos uma doença (IBGE, 2010).

Entre essas doenças, as cardiovasculares constituem a grande maioria delas, sendo a hipertensão arterial sistêmica (HAS) a mais prevalente, aumentando progressivamente com a idade (PASSOS; ASSIS; BARRETO, 2006). A HAS apresenta-se como um dos problemas de saúde de maior prevalência na atualidade e, em especial, nos mais idosos (ZAITUNE et al., 2006).

As internações no ano de 2013 tiveram como causas principais: lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas externas, como gravidez, parto e puerpério, os transtornos mentais e comportamentais, além das doenças do aparelho circulatório e do aparelho respiratório.

Maringá é uma cidade polo da Macrorregião Noroeste do Paraná, ponto de convergência da região metropolitana, composta por oito municípios. Possui uma população de 385.753 habitantes (IBGE, 2012), sendo a terceira maior do estado. Na atenção à saúde, 70% da população é coberta pela Estratégia Saúde da Família (ESF), com 66 equipes e 9 Núcleos de Apoio à Saúde da Família, contando com 29 Unidades Básicas de Saúde (UBS) (MARINGÁ, 2013).

As principais causas de mortalidade observadas no município em 2011 foram doenças do aparelho circulatório, neoplasias malignas, doenças do aparelho respiratório, lesões e causas externas (IPARDES, 2013).

Dentro da área coberta pelas Equipes de Saúde da Família (ESF), de acordo com o Sistema de Informações da Atenção Básica (SIAB), em 2013 havia 27.102 usuários com HAS e 7.715 com diabetes.

A Secretaria Municipal de Saúde desenvolve ações na área da promoção, visando melhorar a qualidade de vida da população, prestando atenção especial às condições crônicas de saúde da população e não apenas ao atendimento de situações agudas (MARINGÁ, MIMEO 2010).

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Nas UBS, as ações direcionadas para o cuidado das doenças crônicas contam com apoio dos profissionais do NASF de diversas categorias (professor de educação física, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, assistente social e farmacêutico).

São desenvolvidos grupos de hiperdia com orientações sobre diversos temas, tais como alimentação saudável, dieta balanceada, importância da atividade física, importância da medicação continuada, perigo da automedicação, por meio de consultas em grupo, palestras, gincanas, bingos etc.

Ações de promoção da alimentação saudável ocorrem em todas as UBS na forma de rodas de conversa, oficinas, grupos programáticos, grupos de atividade física, como caminhada, dança ginástica, alongamento etc.

CONTEXTO POLÍTICO /SOCIAL

A PNAN, aprovada no Brasil desde 2009, atesta o compromisso público com os males relacionados à escassez de alimentos e à pobreza, sobretudo a desnutrição infantil e materna, bem como o complexo quadro dos excessos já configurado no Brasil pelas altas taxas de prevalência de sobrepeso e obesidade. É parte integrante da Política Nacional de Saúde, inserindo-se ao mesmo tempo, no contexto da Segurança Alimentar e Nutricional (PNAN, 2008).

O Seminário PNAN 10 Anos representou a preocupação de resgatar a capacidade que a saúde tem de trabalhar intersetorialmente o potencial de uma política de saúde focada na pessoa, no território e nessa construção no âmbito de promover tanto a saúde, como a segurança alimentar (Seminário Nacional de Alimentação e Nutrição no SUS, 2010).

Neste contexto, surge o projeto Hortas Comunitário financiado inicialmente com recursos próprios do município, tendo pequeno auxílio do Fundo de Alimentação e Nutrição (FAN), do governo federal. Atualmente conta com a participação de recursos do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome e do Ministério do Trabalho e Emprego, Secretaria Nacional de Economia Solidária, COPEL, Eletro Sul, além de receber auxílio esporádico de ONGs e outras instituições atuantes no município.

A EXPERIÊNCIA

Com objetivo de sensibilizar a comunidade com relação à importância de ações de prevenção de doenças e promoção da saúde foi desenvolvido o “Espaço Saúde”, financiado pelo município, realizado em finais de semana, dentro e no entorno das UBS, em parceria com Instituições de Ensino e diversos setores da sociedade.

Foi realizado em mais de 35 locais diferentes, de 2006 a 2013, reunindo cerca de 42 mil pessoas, com participação maciça dos profissionais das UBS. Foram realizadas atividades diversas, dentre as quais, orientações nutricionais e alimentação saudável em todas as fases do ciclo da vida. Em todos os eventos a alimentação e nutrição foi tema que recebe atenção especial, sendo abordado de diversas formas.

Ao longo desse período foram elaborados materiais gráficos, de suporte para o desenvolvimento de atividades educativas em todas as UBS. Esses materiais foram distribuídos de acordo com a solicitação dos profissionais (pirâmide alimentar, Cartilha Viva Mais, leques com orientações de saúde, cartilha de 10 passos para alimentação saudável, cartilha de 10 passos de prevenção da obesidade, cartilha de prevenção da obesidade infantil, folder de prevenção da obesidade infantil, folder sobre rotulagem de alimentos e gordura trans, revistas para crianças e adolescentes sobre alimentação saudável).

Alimentos fontes de fibras como frutas, verduras e legumes são de valor nutricional importante para prevenir doenças, pois são principais fontes de vitaminas, minerais e fibras provenientes da dieta. Estes alimentos devem ter o consumo incentivado para que importantes evidências epidemiológicas possam ser prevenidas. Ações de educação e orientação nutricional foram direcionadas para que

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medidas educativas e preventivas sobre consumo de uma dieta variada e equilibrada pudessem fazer parte do cotidiano dos moradores de Maringá.

A nutrição tem um papel central no combate à fome e na promoção da saúde e da dignidade humana, não somente a partir da promoção de uma alimentação adequada, mas de uma alimentação digna que produz gente digna, capaz de participar e de ser saudável.

Uma sociedade onde o alimento é visto como mercadoria, para satisfazer interesses econômicos de quem produz e de quem vende, não satisfazendo as necessidades e a dignidade das pessoas, demonstra a progressiva superação do interesse do ser humano, pela mercantilização e comercialização dos produtos.

No Brasil, estudos comprovam que a grande maioria das famílias carentes gasta até 80% da renda familiar mensal com alimentação. Além da dificuldade de proverem o alimento, essas famílias são desprovidas de conhecimento para um melhor aproveitamento no que se referem às frutas, verduras e legumes (ALBUQUERQUE, 2012).

A preocupação com a situação de carência em que vive a população em alguns bairros, aliada a crescente criminalidade existente entre os jovens, a baixa qualidade de vida e saúde em que vivem algumas comunidades, a existência de moradores da terceira idade deprimidos e com baixa autoestima motivou o desenvolvimento de um projeto de construção de hortas comunitárias, capazes de minimizar estes e outros tantos problemas, além de contribuir para a ocupação benéfica de terrenos baldios ociosos em áreas urbanas, de propriedade do município, que muitas vezes são utilizados como depósitos de entulhos e se transformam em focos de contaminação e transmissão de doenças como a dengue, protegendo e conservando estas áreas, evitando problemas sanitários e sociais (ALBUQUERQUE, 2012).

De acordo com pesquisa realizada em 2007, a população dos locais onde foram implantadas as primeiras hortas caracterizava-se por consumo insuficiente de verduras e legumes, ocorrência de DCNT, casos de depressão e outros transtornos mentais leves, além da vulnerabilidade econômica e social. Nesses locais existiam áreas pertencentes ao município, adequadas para o cultivo de hortaliças, que não estavam sendo utilizadas, além de uma população carente de atividades ocupacionais, especialmente idosos e aposentados.

As hortas comunitárias foram criadas pela Prefeitura de Maringá, por meio de diversas secretarias municipais, a partir de oficinas de discussão com a comunidade, onde foram levantados problemas e soluções para melhorar a qualidade de vida da população. Atualmente existem 22 hortas em locais diferentes da cidade. O projeto possui parcerias com a Universidade Estadual de Maringá – UEM, através do Centro de Referência em Agricultura Urbana e Periurbana - CERAUP, Eletrosul Centrais Elétricas S/A, Rotary Clube Maringá Sul, Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais - ADRA, profissionais liberais e comerciantes (ALBUQUERQUE, 2012).

O objetivo do projeto consiste em uma ação conjunta, para que, por meio do plantio e venda de produtos seja possível fornecer alimentos de qualidade, promovendo o acesso e disponibilidade dos mesmos, de forma solidária, como instrumento de garantia da segurança alimentar para a população, propiciando igualmente a oportunidade de trabalho e a geração de renda. Outros objetivos são: gerar e estimular o trabalho e a qualidade de vida; promover a inclusão social e produtiva de cidadãos em situação de vulnerabilidade econômica e de insegurança alimentar mediante iniciativas de cooperação e produção sustentável de alimentos para o autoconsumo e comercialização; contribuir no combate à fome e desnutrição de pessoas que estejam em situação de vulnerabilidade social e/ou em estado de insegurança alimentar e nutricional; contribuir para o controle das DCNT em usuários do SUS; realizar atividades de educação alimentar, nutricional e para o consumo; complementação alimentar desenvolvendo práticas e hábitos alimentares saudáveis; promover o acesso a alimentos frescos, saudáveis e a custo acessível; reduzir a marginalidade, promover a ressocialização e cidadania; promover o interesse pela agricultura, união e aconchego familiar; capacitar profissionalmente os envolvidos; garantir a participação da comunidade na gestão

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da Horta Comunitária, de forma a manter sua sustentabilidade; garantir quantidade, qualidade e regularidade da produção dos alimentos; ocupar de forma sustentável áreas públicas ociosas (ALBUQUERQUE, 2012).

O programa é coordenado pela Prefeitura Municipal de Maringá, através da Secretaria Municipal de Serviços Públicos (SEMUSP). Foi realizado contato com o presidente do bairro - ele é uma peça chave no processo - pois conhece todos os moradores e sabe quem pode vir a participar, bem como sabe onde existe um terreno público no local em que se possa instalar uma horta.

Por meio dele foi feito a primeira divulgação do projeto, no sistema ‘boca a boca’. Em seguida foi feita a divulgação do projeto nos Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) e nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), convidando a comunidade para uma reunião.

A primeira reunião teve como principal objetivo esclarecer aos interessados como funciona a projeto de Hortas Comunitárias, onde as famílias participantes do projeto foram devidamente cadastradas, em especial pessoas carentes da comunidade. Numa segunda reunião foi realizada uma excursão com todos os interessados, que visitaram as hortas já implantadas para que vissem como funcionava. Na terceira reunião foi constituído o grupo de liderança da horta: Presidente, Vice-presidente, Secretário e Tesoureiro. Nesta ocasião foi estabelecido o estatuto e uma taxa de manutenção, onde todos deveriam contribuir para a sustentabilidade da horta. Paralelamente a horta foi sendo construída pela Prefeitura e numa última reunião os canteiros foram distribuídos às famílias por meio de um sorteio. Feito isto, a comunidade executou as atividades de produção e manutenção dos canteiros.

A SEMUSP é responsável pela infraestrutura, de forma a garantir a implantação e manutenção da horta com o fornecimento de máquinas e implementos, preparo do terreno através das operações mecânicas de aração e gradagem, subsolagem, cercamento do local, formação dos canteiros para o plantio e a limpeza do terreno, fornecimento e transporte do adubo orgânico, contratação de empresa para perfuração de poço artesiano e/ou solicitação de serviços do sistema de abastecimento da Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) para captação de água para irrigação dos canteiros, fornecimento de sementes e assistência técnica, além da aquisição de insumos, atividade esta realizada em parceria com a Secretaria de Saúde, que promove a compra de parte destes, como mudas, sementes, adubo e material para irrigação com recursos do Fundo de Alimentação e Nutrição, com base em diretriz da Política Nacional de Alimentação e Nutrição que dispõe sobre o “estímulo às ações intersetoriais com vistas ao acesso universal aos alimentos.”

O projeto conta com a efetiva participação de 600 famílias, beneficiando cerca de 2.400 pessoas, com uma produção anual estimada em 200 toneladas de verduras e legumes, que passaram a compor a dieta alimentar desses produtores. Importante também é a contribuição financeira da comercialização da produção excedente ao consumo, que em alguns casos chegou a ter uma significativa participação na renda familiar.

As pessoas estão experimentando uma melhora sensível em sua saúde: há relatos de pessoas que estavam com depressão e que estão se sentindo muito melhor participando das atividades na horta, as quais funcionam também como terapia ocupacional para pessoas com problemas psicológicos, pois estão se sentindo mais úteis e passam a ter uma ocupação durante o dia. Com isso, a autoestima melhora sensivelmente pelo trabalho que realiza ao ver as plantas se desenvolverem e, por ocasião da colheita, a sensação agradável de colher aquilo que foi plantado. Relatam que após participarem do projeto estão se alimentando melhor, têm sono mais profundo, pois a atividade física na horta as deixa predisposta ao descanso noturno de pelo menos 8 horas.

A experiência tem sido acompanhada diretamente por um engenheiro agrônomo do município e outros profissionais contratados através de projetos financiados pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS), com assessoria técnica do Departamento de Agronomia da Universidade Estadual de Maringá.

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Anualmente é realizado encontro entre os produtores de todas as hortas para troca de experiências, capacitação e avaliação do trabalho. Nesta oportunidade também foram desenvolvidas atividades de educação em saúde, como informações sobre dengue, HIV/AIDS, uso racional de plantas medicinais por meio do Programa Hora do Chá, vacinação, orientações sobre doenças crônicas como diabetes, inclusive com teste de glicemia capilar, hipertensão e saúde bucal.

Toda a produção é isenta de agrotóxicos e segue um padrão de qualidade e higiene. A população de diversas regiões da cidade tem solicitado a implantação de hortas em seus bairros. Entre participantes do projeto houve relato de melhoras na saúde física e mental, diminuição do consumo de medicamentos e aumento da sociabilidade. A experiência foi premiada entre 454 práticas governamentais com o Prêmio Rosani Cunha de Desenvolvimento Social, instituído pelo MDS, premiação que visa reconhecer e valorizar as boas práticas nas áreas de assistência social, segurança alimentar e nutricional transferência de renda e inclusão produtiva.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, J. O. Horta Comunitária - Inclusão Social e Produtiva, Paraná. Maringá, 2012. Mímeo.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília, DF, 2008. 48 p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas redes de atenção à saúde e nas linhas de cuidado prioritárias / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013a. 28 p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise deSituação de Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022/Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Brasília : Ministério da Saúde, 2011a. 160 p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Seminário Nacional de Alimentação e Nutrição no SUS – PNAN 10 anos, Relatório Final. Brasília, DF, 2011b. 80 p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2012: vigilância de fatores de risco e proteção paradoenças crônicas por inquérito telefônico /Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção de Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013b.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades. Disponível em: http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=411520. Acesso em: 30 jul. 2014.

IPARDES. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Caderno Estatísticodo Município de Maringá. Disponível em: http://www.ipardes.gov.br/cadernos/Montapdf.php?Municipio=87000. Acesso em: 30 jul. 2013.

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE. Pesquisa Viva Mais. Maringá, Secretaria Municipal de Saúde, 2007. Mímeo.

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE. Relatório Anual de Gestão. Maringá, Secretaria Municipal de Saúde, 2013. Mímeo.

PALÁCIOS, A. R. O. P. A concepção do Programa Maringá Saudável, suas ações e resultados.Divulgação em Saúde para Debate, Rio de Janeiro, n. 44, p. 34-40; 2009.

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Caroline Padanoschi1

Lenice Tavares Canto2

Agnes Carolina Ribeiro Pinto3

Elaine Carolina Fiel4

Joisy Aparecida Marchi5

Natália Marchi Marques6

Jéssica Monteiro7

1Diretora do Departamento de Saúde Municipal de Saúde de Astorga - [email protected] 2Técnica em Planejamento do Departamento Municipal de Saúde de Astorga - [email protected] Estratégia Saúde da Família (ESF) de Astorga - [email protected] Estratégia Saúde da Família (ESF) - [email protected] Estratégia Saúde da Família (ESF) - [email protected] NASF - [email protected] Física Academia da Saúde - [email protected]

RESUMO

Este artigo tem por objetivo relatar as experiências desenvolvidas pelo projeto Academia da Saúde no município de Astorga localizado no noroeste do estado do Paraná. O índice de IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) é de 0, 747 ocupando a 37º posição entre os municípios no estado. Com a implantação da Estratégia Saúde da Família (ESF) diversas atividades para promoção da saúde, prevenção e controle das Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT) foram realizadas. O Projeto Academia da Saúde teve início no ano de 2011, com atividades em grupos que envolvem prática corporal, orientações nutricionais e de fisioterapia, de acordo com as patologias existentes. Os alunos foram avaliados mensalmente pela nutricionista e pela educadora física. Através do acompanhamento realizado, detectaram-se vários casos de indivíduos que obtiveram redução de peso, melhorias em exames laboratoriais, controle da hipertensão arterial e da diabetes, nos quadros de dores corporais, insônia, entre outros benefícios.

DESCRITORES: academia da saúde, promoção da saúde e prevenção.

Artigo 8

Academia de Saúde em Astorga: Um Relato de Experiência

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INTRODUÇÃO

O município de Astorga destaca-se pela diversidade: produz desde soja a combustível. De acordo com os dados do IBGE estima-se uma população de 25.862 habitantes com uma média de 12.142 homens e 12.556 mulheres. Com terras produtivas e um povo empreendedor proporciona um crescimento econômico sustentável, com uma infraestrutura sólida. Desde a década de oitenta a população tem se mantido de maneira estável e até evoluído num crescente, porém, a migração da área rural para urbana cresceu para um percentual de 88,47% da população residente na zona urbana, o que causou aumento dos problemas sociais do município. Esses números refletem o aumento da população idosa, e também um aumento de nascimentos em relação à mortalidade, sendo que o movimento migratório tanto para fora como para dentro do município tem se revelado pequeno. De acordo ao IBGE/2014 o Produto Interno Bruto Per Capita é de R$ 14.546,00 e a Renda Média Domiciliar Per Capita R$ 869,22.

Conforme dados disponíveis no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), ocorreram 53 óbitos em residentes do município de Astorga em 2011 na faixa etária dos 30 a 69 anos por DCNT (doenças circulatórias, câncer, diabetes e doenças respiratórias). Em 2012 e 2013 esse número caiu para 39 e 35 óbitos respectivamente. O Ministério da Saúde recomenda a redução de 2% ao ano de óbitos nessas condições, porém esses dados demonstram uma redução de 26% em 2012 e 11% em 2013 neste município.

Entre os atuais desafios impostos a Atenção Básica estão às doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que são consideradas um problema de saúde global e uma ameaça à saúde e ao desenvolvimento humano (SCHMIDT, M. I. et al., 2011). Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) mais de 60% dos óbitos mundiais são devido às DCNT. Entre elas o excesso de peso e a obesidade merecem destaque, pois aumentaram consideravelmente nas últimas décadas em praticamente todos os países do mundo, inclusive no Brasil (MALTA D. C. et al., 2011).

O aumento destas patologias se deve ao desenvolvimento econômico mundial que ocasionaram alterações nos hábitos e estilos de vida, com consumo excessivo de alimentos ricos em gordura saturada associado aos baixos níveis de atividade física (MALTA D. C. et al., 2011).

A Política Nacional de Promoção à Saúde instituída pela portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011 tem como objetivo promover a qualidade de vida da população brasileira, reduzir vulnerabilidade e os riscos à saúde, considerando modos de vida, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais (BRASIL, 2011; 2014).

Ainda no ano de 2011, foi instituído pelo Ministério da Saúde o Programa Academia da Saúde (AS), uma potente estratégia da Atenção Básica, com a finalidade de promover práticas corporais e atividade física, alimentação saudável, modos saudáveis de vida, produção do cuidado, entre outros, por meio de ações culturalmente inseridas e adaptadas aos territórios locais (BRASIL, 2013; 2014).

Este programa possui alguns eixos para seu desenvolvimento: práticas corporais e atividades físicas; produção do cuidado e de modos de vida saudáveis; promoção da alimentação saudável; práticas integrativas e complementares; práticas artísticas e culturais; educação em saúde; planejamento e gestão; e mobilização da comunidade (BRASIL, 2014).

A Atenção Básica (AB) deve ser o primeiro contato dos usuários com o Sistema Único de Saúde (SUS), e constitui a principal porta de entrada para a Rede de Atenção à Saúde, contemplando ações e estratégias para sua promoção (BRASIL, 2014). Com a implantação das equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF), que inclui ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais freqüentes é possível contribuir para a redução dos números de mortes por DCNT. No município de Astorga, as equipes de ESF iniciaram suas atividades no ano de 2.009 e desde então tem contribuído para promoção da saúde e melhorias da qualidade

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de vida da população, através de atividades com grupos de hipertensos, diabéticos e controle do tabagismo.

A Academia da Saúde iniciou suas atividades no ano de 2011, com um polo básico no Centro do Idoso Castorina Vais Vila, e em agosto de 2013, foi inaugurada a Academia da Saúde Moacyr Bernardelli no distrito de Santa Zélia.

Assim, o objetivo deste artigo é relatar estas experiências desenvolvidas para a promoção da saúde nas Academias de Saúde instituídas.

CENÁRIO DA EXPERIÊNCIA

A ESF realiza diversas atividades para diminuição e controle das DCNT, exemplo disso são os eventos e grupos de hipertensos e diabéticos com entrega de medicamentos, aferição de sinais vitais, avaliação antropométrica, orientação nutricional e praticas corporal.

Também são oferecidos à população grupos de controle do tabaco para os usuários interessados em parar de fumar. O atendimento é realizado através de uma equipe multidisciplinar, distribuição de medicação e adesivos quando necessário.

Além dos grupos já citados, vem sendo realizado anualmente algumas ações em comemoração as seguintes datas: dia mundial sem tabaco, dia nacional do diabetes, dia nacional de prevenção de acidentes de trabalho, dia mundial de luta contra a AIDS, com detecção precoce de hepatites virais B, C e HIV em grupos privados de liberdade. Estas atividades foram desenvolvidas pelos profissionais das equipes de ESF em conjunto com os trabalhadores do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), através de divulgação, orientações e bate-papos no principal meio de comunicação da cidade (rádio local), bem como mobilização da população com barracas, panfletagens e exposição de peças anatômicas em locais com fluxo contínuo de pessoas. Após a realização de tais atividades, notou-se um aumento da procura pelos serviços de saúde para esclarecimentos, realização de

Imagem 1 - Hiperdia Alongamento com Educador Físico

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exames e auxílio no controle de DCNT.

No mês de agosto, comemora-se o “Agosto Azul” em que é promovida palestra para conscientização aos homens do município sobre diversos assuntos, e é oferecido aos participantes, acima de 45 anos, o exame de PSA gratuito, com intuito de detectar precocemente doenças da próstata, sendo a coleta realizada em horário alternativo para facilitar a adesão.

Para o público feminino realiza-se em março o evento “Dia da Mulher” e em outubro o evento “Outubro Rosa”, com coleta de preventivo, testes rápidos de DST, atendimento odontológico, avaliação e orientação nutricional e maquiagens, com intuito de incentivar a participação das mulheres, além de promover sua autoestima e autocuidado.

E por fim, seguindo recomendação federal e para promover a saúde dos escolares, em 2012 o município fez adesão ao Programa Saúde na Escola e desde então realiza as atividades essenciais exigidas na pactuação, bem como o encaminhamento responsável de todos os educandos detectados com alterações em qualquer das avaliações.

PRIMEIRO RELATO DA EXPERIÊNCIA: ACADEMIA DA SAÚDE PÓLO SIMILAR CASTORINA VAIS VILA

O polo similar a Academia da Saúde Castorina Vais Vila está em funcionamento desde 2011, realiza atendimento nos períodos da manhã e da tarde, de segunda a sexta-feira, e conta com aproximadamente 130 participantes. São realizadas atividades em grupos que envolvem prática corporal, orientações nutricionais e de fisioterapia, de acordo com as patologias existentes: hipertensão, diabetes, obesidade e idosos.

Os participantes são divididos em grupos e realizam atividades duas vezes por semana, com aulas de uma hora. Nestas são realizadas aulas de hidroginástica (piscina aquecida e coberta), alongamentos, grupo de incontinência urinária e aulas de dança. Eles recebem orientações sobre saúde, qualidade de vida e alimentação saudável.

Imagem 2 - Hiperdia Alongamento com Educador Físico

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Imagem 3 - Aula de Alongamento

São realizados diversos eventos sobre saúde como palestras com equipe multidisciplinar, entre eles, psicóloga, nutricionista, fisioterapeuta, médico, dentista e enfermeiro. Também eventos de conscientização como a caminhada da saúde, onde os freqüentadores divulgam a importância de hábitos saudáveis relativos à atividade física e alimentação.

De acordo com os resultados observamos que com as participações dos grupos houve uma melhora na coordenação e equilíbrio, memória, redução de peso e na qualidade de vida. Dos grupos participantes destaca-se o da terceira idade que ao freqüentar e realizar as atividades oferecidas apresentou uma melhora nas lombalgias e artralgia, anteriormente referida pelos participantes, levando a um melhor desempenho em suas atividades rotineiras.

SEGUNDO RELATO DE EXPERIÊNCIA: ACADEMIA DA SAÚDE DE SANTA ZÉLIA

No do distrito de Santa Zélia, a Academia da Saúde Moacyr Bernardelli está em funcionamento há cerca de um ano, contando com aproximadamente 100 participantes, com atendimento nos períodos manhã, tarde e noite, de segunda a sexta-feira.

São desenvolvidas atividades de prática corporal e orientações nutricionais, considerando as patologias dos participantes como: hipertensão, diabetes, obesidade, idosos, pessoas com problemas ortopédicos leves (lombalgias, desgaste ósseos, hérnias, fibromialgias, etc.), sedentarismo, além de pessoas sem nenhum tipo de problema de saúde, apenas para promover a qualidade de vida e bem estar.

Os participantes são divididos em grupos e realizam atividades duas vezes por semana, com aulas de uma hora. Nestas são realizadas caminhadas, alongamentos, trabalhos de flexibilidade, força, coordenação, equilíbrio e raciocínio. Também são oferecidas aulas de jump com coreografias, trabalhos localizados e alongamentos. Finalmente são realizadas orientações sobre saúde, qualidade de vida e bem estar e também informações nutricionais.

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Todos os alunos são avaliados mensalmente pela nutricionista e pela educadora física, onde é calculado o índice de Massa Corpórea (IMC), circunferência da cintura e quadril, peso e estatura. Com isso, podemos verificar os resultados alcançados e realizar adaptações. Exemplo disso foi o caso de um participante que inicialmente pesava 110 kg e ao final de 12 meses teve uma redução de 39 kg. Enfatizamos uma perca de peso e melhora da qualidade de vida de forma saudável e correta.

Imagem 4 Aula de Jump

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando todas as atividades desenvolvidas no Município de Astorga – PR é possível perceber que a população ao ser instigada a pensar sobre sua condição de saúde e seus hábitos de vida é suscitada a rever seus comportamentos e buscar melhorias para si. Isto reflete no aumento da demanda aos serviços e atividades propostas pelas ESF que com uma cobertura populacional de 67,46% segundo Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) vem conseguindo traçar estratégias e ressaltar políticas públicas de promoção da saúde.

Através do acompanhamento realizado, detectamos vários casos de indivíduos que obtiveram redução de peso, melhorias em exames laboratoriais, controle da hipertensão arterial e da diabetes, nos quadros de dores corporais, insônia, entre outros benefícios.

Nas Academias da Saúde observa-se que o programa tem alcançado grande adesão dos participantes, além de melhorias importantes na condição de saúde destes. Destacamos que os resultados alcançados através do programa foi possível devido ao trabalho dos profissionais das ACS em conjunto com as equipes de ESF e a comunidade.

Apesar dos resultados alcançados com tais atividades, as DCNT continuam impondo um grande desafio a ser enfrentado pelo serviço de saúde municipal e esperamos que nossas experiências sejam motivadoras a outras instâncias.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Academia da Saúde – Cartilha Informativa. Distrito Federal, 2014. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/academia_saude_cartilha.pdf.>.Acesso em: 13 ago. 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional da Atenção Básica. Portaria nº. 2.488 de 21 deoutubro de 2011. Distrito Federal, 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2488_21_10_2011.html>. Acesso em: 13 ago. 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Academia da Saúde. Portaria nº. 2.681 de 07 de novembro de 2013. Distrito Federal, 2013. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2681_07_11_2013.html>. Acesso em: 13 ago. 2014.

MALTA D. C. et al. Fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis entrebeneficiários da saúde suplementar: resultados do inquérito telefônico Vigitel, Brasil, 2008. Revista Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 16, n. 3. p. 2011-22; 2011.

SCHMIDT, M. I. et al. Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: carga e desafios atuais.Séries: Saúde no Brasil. The Lancet. Londres, 2011. Disponível em:<http://www.uniad.org.br/desenvolvimento/images/stories/pdf/brazilpor41.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2014.

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Anotações

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