Seminário Distócia de Ombro e Pelve

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    1. INTRODUO

    Este trabalho ir tratar sobre as distcias. Com foco em distcias de ombro

    (biacromial) e as manobras obsttricas no parto plvico, as quais sero simuladas

    em bonecos na parte prtica.

    Parto eutcico aquele que evolui com normalidade. J o parto distcico

    aquele com anormalidade em um ou mais fatores do parto. Distcia por definio a

    anormalidade no desenrolar do trabalho de parto, sendo apontada nos Estados

    Unidos da Amrica como a indicao mais comum de cesrea em primigestas. Tem

    como causa alteraes em um ou mais dos trs fatores determinantes para o

    sucesso do parto: o trajeto, a fora e o objeto. As dificuldades em se determinar o

    fator causal da distcia levaram utilizao da expresso falha na progresso do

    trabalho de parto, o que incluiria tanto as anormalidades na progresso da dilatao

    como as dificuldades de descida do polo ceflico. Deve-se ressaltar que a

    identificao precisa dos fatores envolvidos na ocorrncia da distcia o que

    permitir a correo das anormalidades e, assim, a evoluo para o parto vaginal,

    influenciando diretamente a proporo de cesreas (ZUGAIB, 2012).

    Durante a parturio, a presena de anormalidade em algum dos trs fatores

    citados no implica, necessariamente, a impossibilidade de ocorrer parto vaginal,

    uma vez que os fatores restantes podero intervir favorecendo sua compensao.

    Assim, presente a reduo dos dimetros da bacia, a ocorrncia de fenmenos

    plsticos ceflicos e de maior atividade miometrial poder favorecer a devida

    compensao e o consequente parto transvaginal (NEME, 2005).

    As distcias podem ser classificadas em maternas que so as sseas

    (anormalidades plvicas), as anexiais que so anormalidades no cordo, nas

    membranas e placenta. Tambm existe a funcional (anormalidades da dinmica

    uterina), a de partes moles e tambm as fetais que so as anormalidades da

    apresentao, atitude, situao e volume (NEME, 2005).

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    2. DISTCIA DE OMBRO

    2.1 Definio e Incidncia

    Distcia a anormalidade no desenvolver do trabalho de parto, podendo ter

    como causa desencadeante a fora, o trajeto ou o objeto. A distcia de ombro, ou

    biacromial, uma distcia de objeto, ocorrendo quando em apresentao ceflica h

    desprendimento do polo ceflico, porm sem avano no trabalho de parto (ZUGAIB,

    2009). Ocorre porque o dimetro biacromial excede o dimetro plvico, fazendo com

    que o ombro anterior impacte contra a snfise pbica materna. O diagnstico

    padronizado, e se d quando h tempo igual ou superior a 60 segundos desde a

    sada da cabea at o restante do corpo, ou por uso de qualquer procedimento

    auxiliar para a realizao do parto (ALSO).

    uma condio rara, porm grave (ZUGAIB, 2009), tendo sua incidncia

    muito variada conforme o peso fetal: 0,3-1% em fetos entre 2.500-4.000 gramas, e

    5-7% naqueles com peso entre 4.000 e 4.500 gramas. Apesar disso, mais de 50%das distcias de ombro ocorre em feto com peso normal e so difceis de serem

    previstas. De fato, o principal fator de risco o feto de maior peso, e condies que

    levem a tal situao so tambm potenciais fatores de risco: diabetes gestacional,

    ps-datismo, macrossomia, pequena estatura materna e anomalias anatmicas do

    trajeto. Algumas medidas podem ser realizadas na tentativa de antecipar a

    probabilidade do fenmeno (ALSO).

    2.2 Preveno e Complicaes

    Como medidas preventivas pr-natais, destaca-se o controle do ganho de

    peso materno e o rastreamento das gestantes diabticas (ZUGAIB, 2009). Nestas

    ltimas, o controle glicmico essencial, visando uma reduo no peso do feto ao

    nascimento (ALSO). Durante o parto, essencial a avaliao do tamanho do feto e a

    pelve materna (ZUGAIB, 2009). No h evidncias comprovando preveno do caso

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    quando se aplica cesrea eletiva, e nem atravs da induo do trabalho de parto na

    suspeita de macrossomia fetal em gestantes no diabticas (ALSO, 2010).

    Quando a distcia de ombro prevista, pode-se empregar uma tcnicadenominada cabea-ombro, com a continuao da exteriorizao da cabea at

    que seja possvel visualizao do ombro anterior, sem interrupo para aspirar

    orofaringe at que este ombro esteja liberado (ALSO, 2010).

    Para a me, a principal complicao a leso de tecidos moles, com maiores

    taxas de laceraes de terceiro e quarto graus (podendo at formar fstula

    retovaginal) (ALSO, 2010). Outras complicaes maternas so atonia uterina com

    hemorragia, disjuno da snfise pblica e, eventualmente, rotura uterina (ZUGAIB,2009).

    Para o feto, a principal complicao presente a leso do plexo braquial,

    ocorrendo em 7-20% dos que nascem com distcia biacromial, e podendo evoluir

    para cura em 6-12 meses (maioria dos casos) ou algumas formas de paralisia, como

    a de Erb (mais comum, atingindo C5-C6) e de Klumpke (C8-T1). Outras

    complicaes fetais so fratura de mero e clavcula (que costumam curar sozinhas,

    mas podem causar danos pulmonares e vasculares), hipxia fetal (com leso

    neurolgica permanente ou mesmo morte) e acidose no sangue materno. Aps o

    desprendimento da cabea, o cordo umbilical costuma ser comprimido entre o

    corpo do feto e a pelve da me, e o pH cai numa taxa de 0,04 pontos por minuto de

    compresso, at que o quadro seja corrigido. Assim, so sete minutos o tempo

    mximo para evitar um pH cido capaz de causar complicaes (ALSO, 2010).

    2.3 Conduta

    2.3.1 MEDIDAS PRVIAS

    Muito pode ser feito, entre preparao e adoo de medidas prvias, sefatores de risco pr-natal ou intraparto indicam possvel distcia de ombro. Uma

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    equipe preparada pode ser avisada e posta de prontido antes do parto. A paciente

    e seus familiares devem ser informados sobre possibilidade de parto difcil e

    preciso mostrar-lhes o que devem fazer se de fato ocorrer. A bexiga da paciente

    deve ser esvaziada e deve-se retirar da sala quaisquer objetos que no forem

    necessrios, para que haja espao para auxiliares e equipamentos (ALSO, 2010).

    2.3.2 DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO INSTITUCIONAL

    Na conduta emergencial na distcia de ombro importante assegurar quetoda a equipe hospitalar envolvida no processo esteja ciente de suas

    responsabilidades e papis individuais. O plano institucional deve ser organizado a

    fim de determinar papeis especficos de cada profissional e o hospital deve realizar

    treinamento de teste e simulao de tal plano (ALSO, 2010).

    2.3.3 ASSISTNCIA NO LOCAL

    Aps diagnstico de distcia de ombro, a presena de mais assistentes na

    sala de parto fundamental. Uma pessoa se responsabiliza pela anotao das

    ocorrncias, pela obteno do equipamento e do material necessrio, bem como

    pela notificao do mdico sobre os intervalos de tempo. preciso documentar as

    manobras usadas e a durao de cada uma delas, de modo a orientar o mdico na

    passagem de uma manobra para outra (ALSO, 2010).

    2.3.4 APOIO ADICIONAL

    Um plano prvio deve identificar os membros da equipe preparada para

    atender a emergncia. A equipe deve incluir um mdico da famlia ou um obstetra,

    um pediatra ou neonatologista, uma ou duas obstetrizes para auxiliar nas manobras

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    e uma enfermeira de berrio treinada para cuidados especiais. Ao menos um outro

    profissional treinado para cuidados obsttricos ou neonatais deve ser chamado

    imediatamente quando houver distcia de ombro. O anestesista deve ser chamado

    para administrar medicaes quando necessrio. Uma secretria deve estar

    disponvel para organizar previamente quem sero as pessoas envolvidas e alert-

    las sobre a ocorrncia da emergncia obsttrica (ALSO, 2010).

    2.3.5 MANOBRAS DE REDUO

    A distcia de ombro se torna evidente quando a cabea do feto, aps ter se

    exteriorizado, puxada de volta contra o perneo - fato que constitui o "sinal da

    tartaruga". Ao acontecer isso, deve-se buscar no aplicar uma fora excessiva

    cabea ou ao pescoo do feto e, tambm, evitar aplicar presso sobre o fundo

    uterino. Afinal, essas aes no so capazes de liberar a impaco e podem gerar

    leses tanto fetais quanto maternas (ALSO, 2010).

    Caso as foras habituais de trao no forem capazes de aliviar a distcia, o

    mdico deve rapidamente procurar outras manobras que o ajudem a dar seguimento

    ao parto. A famlia, bem como o grupo de enfermagem, devem ser avisados do

    diagnstico; e outros profissionais devem ser requisitados, caso haja necessidade

    (ALSO, 2010).

    O mdico que est comandando o parto dever liderar as aes, sendo

    importante que os outros profissionais escutem suas ordens. E ainda, dever haveruma pessoa na sala controlando o tempo gasto em cada manobra.

    Para dar seguimento a retirada do feto, os mdicos podem se munir do

    mnemnico ALEERTA - que ser descrito a seguir. Embora no haja indicao de

    que nenhuma destas tcnicas seja superior a outras, em conjunto elas representam

    uma ferramenta valiosa para auxiliar os mdicos a tomar decises (ALSO, 2010).

    Deve-se ressaltar que os passos do mnemnico no precisam ser dados na

    mesma ordem, sendo mais importante que eles sejam dados de maneira apropriada

    e eficiente. As manobras, que tem tempo reconhecido entre 30 a 60 segundos cada,

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    so destinadas a realizar um de trs objetivos: aumentar o tamanho funcional da

    pelve ssea; diminuir o tamanho biacromial ou alterar a relao do dimetro

    biacromial com a pelve ssea (ALSO, 2010).

    2.3.5.1 A - Alerta, Ajuda

    Esse primeiro passo consiste em comear a executar o planejamento feito

    anteriormente, sendo checados os materiais necessrios da sala de parto e,

    tambm, com o pedido de ajuda de pessoal (seja outro obstetra, enfermeira,neonatologista ou anestesiologista). Deve-se ressaltar que o material de

    ressuscitao neonatal deve ser checado (ALSO, 2010).

    2.3.5.2 L - Levantar as pernas: Manobra de McRoberts

    A Manobra de McRoberts importante devido a sua simplicidade e eficincia.

    O procedimento consiste na flexo das pernas da me, sendo, assim, posicionadas

    as coxas sobre o abdome. Tal posio possui a vantagem de aumentar o dimetro

    da via de sada (ALSO, 2010).

    Para a adequada realizao da manobra, as enfermeiras e familiares (caso

    estejam presentes) podem auxiliar segurando as pernas da me. E, caso a distcia

    de ombro seja prevista, de grande utilidade fazer uma demonstrao dessa

    manobra antes do parto (ALSO, 2010).

    A manobra de McRoberts tambm corrige a lordose lombossacral, retificando

    o promontrio sacral como uma obstruo. Ao mesmo tempo, o procedimento flete a

    coluna fetal e empurra o ombro posterior sobre o promontrio, permitindo que este

    ombro caia na concavidade do sacro. Ao ocorrer isso, a snfise pode girar sobre o

    ombro impactado. Finalmente, a direo da fora que a me imprime torna-se

    perpendicular ao plano de sada (ALSO, 2010).

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    O parto deve ser tentado nessa posio por aproximadamente 30 a 60

    segundos. Sendo que, apenas com essa manobra, quarenta por cento (40%) das

    distcias de ombro so aliviadas; porcentagem que aumenta, em dez por cento,

    quando a manobra combinada com presso suprapbica e/ou episiotomia (ALSO,

    2010).

    2.3.5.3 E - Avaliar Episiotomia

    Como a distcia de ombro uma impactao ssea, no apenas arealizao de episiotomia que ir fazer com que o ombro seja liberado. Uma vez que

    a maioria dos casos de distcia de ombro podem ser aliviados atravs da manobra

    de McRoberts e pela presso suprapbica, muitas mulheres podem ser poupadas de

    uma inciso cirrgica - a no ser que esta se faa necessria para que o mdico

    possa introduzir a mo na vagina e realizar manobras internas (ALSO, 2010).

    No entanto, como muito difcil realizar a episiotomia quando a cabea do

    feto est comprimida contra o perneo, um julgamento clnico pode determinar a

    realizao da episiotomia antes do parto (isso se houver indcios fortes da

    ocorrncia de distcia de ombro) (ALSO, 2010).

    2.3.5.4 E - Presso Suprapbica Externa

    Um assistente deve tentar fazer uma presso manual externa suprapbica

    durante aproximadamente 30 a 60 segundos, enquanto o obstetra imprime uma leve

    trao contnua. A mo suprapbica dever ser colocada sobre o ombro anterior do

    feto, sendo aplicada uma presso aos moldes da reanimao cardiopulmonar.

    Dessa forma, o ombro ir sofrer abduo ou realizar um movimento descendente

    anterior e passar sob a snfise pbica (ALSO, 2010).

    O obstetra deve conduzir o trabalho do assistente para corrigir a direo da

    presso e aumentar a eficcia da ao. Inicialmente, essa presso pode ser

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    contnua, mas se o parto no conseguir ser realizado, iniciar presso intermitente

    para deslocar o ombro atrs da snfise pbica (ALSO, 2010).

    A presso sobre o fundo do tero nunca recomendada e serve apenas parapiorar a impaco. Alm disso, esse tipo de presso capaz de gerar leses tanto

    no feto quanto na me.

    2.3.5.5 R - Retirada do Brao Posterior

    Atravs dessa manobra, o brao posterior retirado do canal de parto, o que

    diminui substancialmente o dimetro biacromial. Assim, o ombro anterior desce

    quando o feto cai na concavidade plvica, liberando a impactao (ALSO, 2010).

    Para a realizao desta manobra, o mdico deve introduzir a mo

    profundamente na vagina e tentar localizar o brao posterior. Algumas vezes, esse

    brao se encontra atrs do feto e precisa ser empurrado para frente (ALSO, 2010).

    Quando o mdico conseguir localizar o antebrao, o cotovelo deve ser fletido

    para que o antebrao possa ser liberado com um movimento de oscilao sobre a

    parte anterior do peito do feto. O brao nunca dever ser puxado diretamente, pois

    isso pode aumentar o risco de fraturas (ALSO, 2010).

    Frequentemente, o feto gira como um saca-rolha quando o brao retirado. O

    ombro anterior ento gira para trs sob a snfise pbica e sai.

    2.3.5.6 T - Toque, Realizao de Manobras Internas

    Manobras que visam girar o ombro anterior nos planos oblquos e sob a

    snfise pbica. Essas manobras so as manobras de Rubin e de Woods Screw,

    tambm chamadas de "parafuso". Para que sejam realizadas, necessita-se de

    episiotomia ampliada (ALSO, 2010).

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    2.3.5.6.1 Manobras de Rubin

    Em 1964, Alan Rubin descreveu duas manobras, conhecidas hoje como

    manobras I e II de Rubin. A primeira manobra feita balanando os ombros do feto

    de um lado para o outro uma ou duas vezes, empurrando o abdome materno

    inferior. Comumente, essa manobra consiste no componente Presso Externa do

    mnemnico ALEERTA (ALSO, 2010).

    J a manobra II, consiste na introduo dos dedos de uma das mos navagina, atrs do ombro anterior do feto, e empurrando o ombro em direo do trax

    fetal. Rubin afirmou que essa presso pe o ombro do feto em abduo ou em

    movimento descendente - reduzindo, assim, o dimetro biacromial. A manobra de

    McRoberts pode ser aplicada durante esta manobra, e pode facilitar o seu sucesso

    (ALSO, 2010).

    2.3.5.6.2 Manobra de Woods

    Se o procedimento anterior no surtir efeito, a manobra de Woods pode ser

    combinada com a manobra II de Rubin. Descrita pelo Dr. C. E. Woods, em 1943,

    esta manobra recomenda que o mdico use a mo contrria para abordar o ombro

    posterior a partir da frente do feto e girar o ombro em direo snfise, na mesma

    direo da manobra II de Rubin (ALSO, 2010).

    Dessa forma, o mdico ter dois dedos atrs do ombro anterior e dois dedos

    da outra mo na frente do ombro posterior. A manobra II de Rubin pe em aduo

    ou flexo o ombro anterior ou o posterior, ao passo que a manobra de Woods pe

    em abduo ou extenso o ombro posterior. Por isso que a combinao das duas

    mais eficaz (ALSO, 2010).

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    Essa manobra geralmente requer uma grande episiotomia ou uma

    proctoepisiotomia a fim de abrir espao para a manipulao posterior, enquanto a

    manobra II de Rubin geralmente no tem essas exigncias (ALSO, 2010).

    2.3.5.6.3 Manobra Reversa de Woods

    Se houver falha da manobra anterior, esta pode ser tentada. Nessa manobra,

    os dedos da mo introduzida so colocados sobre o ombro posterior, por trs e o

    objetivo girar o feto na direo oposta da manobra convencional de Woods(ALSO, 2010).

    2.3.5.7 A- Alterar a Posio da Paciente

    A manobra "sobre os quatro membros" ou de "Gaskin" uma tcnica segura,rpida e eficaz para reduzir a distcia de ombro. A paciente deve fazer um giro,

    saindo da posio em que se encontra e passando a apoiar-se sobre os quatro

    membros (ALSO, 2010).

    O mecanismo preciso pelo qual a manobra de Gaskin age para aliviar a

    distcia de ombro desconhecido. Os dimetros plvicos aumentam quando a

    paciente em trabalho de parto sai de decbito dorsal. Estudos radiogrficos indicam

    que os dimetros plvicos so menos favorveis para o parto na posio dorsal de

    litotomia. Atravs dessa manobra, a conjugata obsttrica aumenta mais de 10 mm, e

    o dimetro sagital da via de sada da pelve aumenta at 20 mm (ALSO, 2010).

    O ombro fetal frequentemente se desprende durante a mudana de posio, o

    que demonstra que esse movimento, por si, pode bastar para permitir uma alterao

    plvica suficiente para liberar a impaco. Ademais, completada a mudana de

    posio, as foras gravitacionais passam a ajudar na liberao dos ombros do feto

    (ALSO, 2010).

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    A manobra de Gaskin pode ser difcil para aquelas mulheres que se

    encontram exaustas ou que tenham seus movimentos limitados por acessos IV,

    monitores fetais, anestesia peridurais ou cateter de Foley. Muitas vezes, devido a

    isso, a paciente necessita de auxlio para mudar de posio (ALSO, 2010).

    Alm disso, recomendado que o mdico faa alguns partos "normais" nessa

    posio antes de encontrar uma situao que a exija. Isso porque essa posio

    tende a desorientar os mdicos no familiarizados com ela - apesar de ser

    compatvel com todas as manipulaes intra-vaginais para distcia de ombro (ALSO,

    2010).

    A ordem na qual estas manobras so realizadas varivel. No entanto, essencial a progresso lgica dos vrios esforos, de tal forma que cada um deles

    seja realizado em tempo adequado para levar ao nascimento (ALSO, 2010).

    2.3.5.8 Manobras de ltimo recurso

    Caso todas as manobras do mnemnico ALEERTA no tiverem sucesso aps

    vrias tentativas, podem ser realizadas as seguintes tcnicas (ALSO, 2010):

    1. Fratura proposital de clavcula

    Uma presso ascendente na poro mdia da clavcula do feto provocar sua

    fratura e reduzir a distncia entre os ombros.

    2. Manobra de Zavanelli

    Consiste no reposicionamento ceflico para dentro da pelve. O mecanismo

    o inverso exato da exteriorizao da cabea. Mantm-se, ento, presso ascendente

    contnua na cabea do feto at que se possa realizar a cesrea. Um auxlio valioso

    para esse procedimento a toclise.

    Todavia, antes de se pensar nessa manobra, deve-se garantir a presena da

    equipe de cirurgia, do anestesista e de mdicos capazes de realizarem uma

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    cesrea. Alm disso, a manobra de Zavanelli nunca pode ser tentada se,

    previamente, tiver sido feito um clampeamento ou corte de uma circular de cordo.

    3. Relaxamento muscular

    feita a induo do relaxamento msculo-esqueltico atravs de halotano ou

    outros anestsicos gerais. Outra possibilidade a nitroglicerina por via oral ou IV.

    4. Cirurgia abdominal e histerotomia

    Essa tcnica foi descrita como facilitadora de parto vaginal nos casos graves

    de distcia de ombro. Consiste em uma cesrea sob anestesia geral. O cirurgio

    gira o feto para a posio trans-abdominal e rodam-se os ombros. Assim, a extraovaginal realizada por outro mdico.

    5. Sinfisiotomia

    Consiste na diviso intencional da cartilagem fibrosa da snfise pbica com

    anestesia local.

    2.4 Documentao

    A documentao da conduta da distcia de ombro deve se concentrar nas

    manobras realizadas e na durao do evento. Termos como distcia de ombro leve,

    moderada ou grave do poucas informaes sobre os cuidados dispensados

    (principalmente em eventuais averiguaes legais futuras) (ALSO, 2010).

    Na documentao deve constar, tambm, a presena de outros membros da

    equipe, esclarecendo o pH do sangue venoso e arterial do cordo umbilical, se

    obtido. E em caso de desenvolvimento de leso de nervo posteriormente, til

    documentar qual foi o brao que ficou impactado contra o pbis e em qual brao

    foram realizadas manobras para retirada do feto (ALSO, 2010).

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    3. APRESENTAO PLVICA

    3.1 Definio

    A apresentao plvica caracterizada como aquela que no momento do

    parto tem como apresentao o feto longitudinalmente no tero materno, com

    ndegas situadas na rea do estreito superior e cabea no fundo do tero

    (REZENDE, 2010).

    A classificao da apresentao plvica a seguinte:

    Plvica franca: o feto apresenta a flexo dos quadris e extenso das pernas

    sobre a face anterior do corpo, ocorre em 45 a 50% das apresentaes

    plvicas.

    Plvica completa (ou inteira ou pelvicopodlica): os quadris do feto e suas

    pernas esto em flexo. Sua ocorrncia de 10 a 15% dos partos com

    apresentao plvica. Plvica em modo de ps (Agripina ou modo de ndegas): ambos ou apenas

    um dos quadris est distendido e, ambos ou apenas um dos joelhos est

    distendido. Ocorre em 35 a 45% das apresentaes plvicas.

    Fig. 1: Apresentao plvica completa (posio de ltus ou ccoras).

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    Fig. 2: Apresentao plvica franca.

    A apresentao plvica tm alguns fatores predisponentes, sendo o mais

    comum a prematuridade. Assim, a medida que o feto se aproxima do termo a

    incidncia de apresentao plvica declina, chegando a 3-4% de todos os partos

    (ALSO, 2010).

    Gestao (semanas) % apresentao plvica

    21 a 24 33

    25 a 28 28

    29 a 32 14

    33 a 36 9

    37 a 40 7

    Outros predisponentes: multiparidade (relaxamento do tero e parede

    abdominal), anormalidades uterinas, tumores plvicos, polidrminio, oligodrminio,

    vrias anormalidades fetais como hidrocefalia, macrocefalia, Sndrome de Down,macrossomia. Placenta prvia, desproporo cfalo-plvica absoluta, e parto prvio

    com apresentao plvica (ALSO, 2010).

    3.2 Diagnstico

    Os partos com apresentao plvica tm elevada mortalidade e morbidades,

    assim fundamental o seu diagnstico preciso (NETTO, 2004).

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    3.2.1 PALPAO ABDOMINAL

    No primeiro tempo da manobra de Leopold, verifica-se que o polo ceflico

    ocupa o fundo do tero, diferenciando-se do polo plvico pela sua forma

    arredondada e consistncia endurecida. O segundo tempo indica a posio do dorso

    e pequenas partes do feto. J o terceiro tempo, se a insinuao no ocorreu, a

    ndega encontrada acima do estreito superior, macia e mvel. Aps a insinuao,

    o quarto tempo mostra ndega fetal fixa, atrs da snfise pbica materna. A ndega

    identificada pela sua superfcie irregular, porm redutvel, diferenciando-se da

    cabea que irredutvel (ALSO, 2010; NETTO, 2004).

    3.2.2 TOQUE VAGINAL

    No exame vaginal, na apresentao plvica incompleta, em geral, consegue-

    se palpar as tuberosidades isquiticas, o sacro, o sulco interglteo e o nus fetal.

    Pode-se identificar a genitlia externa. Quando o trabalho de parto se prolonga as

    ndegas ficam entumefadas dificultando a sua diferenciao da parte ceflica, sendo

    o nus confundido com boca e as tuberosidades isquiticas com eminncias

    malares. Para desfazer o engano, basta verificar que a musculatura do nus mais

    resistente do que a da boca, que o crnio apresenta suturas, ausentes nas ndegas,

    alm do que ao se retirar o dedo do nus este pode estar com vestgios de mecnio,

    caso fosse a boca o feto sugaria o dedo do examinador. Na apresentao plvica, o

    nus e as tuberosidades isquiticas formam uma linha reta, j na apresentao

    ceflica a boca e as proeminncias malares formam um tringulo. Na apresentao

    plvica completa, se sente os ps do feto (ALSO, 2010; NETTO, 2004).

    Ao toque tambm se pode diferenciar ps de mos. A linha que une os dedos

    dos ps reta, j a dos dedos das mos curva; a pesquisa do calcanhar identifica

    os ps, j a pesquisa do polegar e sua aproximao do dedo mnimo identificam a

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    mo fetal. Alm disto, a mo apresenta reflexo preensor e o p no (REZENDE,

    2010).

    3.2.3 AUSCULTA FETAL

    Os fetos com apresentao plvica tero o foco mais audvel nos quadrantes

    superiores do abdome materno, acima da cicatriz umbilical (NETTO, 2004;

    REZENDE, 2010).

    3.2.4 PROPEDUTICA BIOFSICA

    A ultrassonografia deve ser rotineira e confirmatria de apresentao plvica.

    Atravs dela se percebe a atitude fetal da cabea, estima-se peso e volume do polo

    ceflico e julga os parmetros da apresentao plvica, favorecendo a deciso davia de parto adequada. Demais exames radiolgicos so pouco utilizados (NETTO,

    2004).

    3.3 Conduta pr-natal da apresentao plvica

    Durante o pr-natal deve-se buscar quatro elementos importantes para a

    conduo do parto plvico (ALSO, 2010):

    1- Saber a causa daquela apresentao, sendo a maioria percebida ao exame

    ultrassonogrfico,

    2- Tentativa com exerccios para que a apresentao se alterne de plvica para

    ceflica,

    3- Tentar a verso ceflica externa do feto,

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    4- Se a verso ceflica externa no obtiver sucesso, estuda-se qual a melhor via

    de parto.

    3.4 Procedimento postural na apresentao plvica

    Aps diagnstico de apresentao plvica pode-se realizar vrios exerccios e

    tentar de vrias posturas com o intuito de mudar a posio do feto. Os exerccios

    so simples e existem algumas verses de tentativas. Em uma das verses a

    gestante deve ficar em posio genupeitoral trs vezes ao dia por quinze minutos

    cada vez, por cinco dias aps o resultado de gestao de apresentao plvica. J

    uma outra verso aposta na posio de Trendelenburg profunda: a gestante em

    decbito dorsal deve elevar a pelve vinte e trs a trinta centmetros, por dez minutos

    uma ou duas vezes ao dia. Recomenda-se, alm disso, balanar a pelve em

    qualquer uma dessas posies. Apesar de ainda no ser comprovada a eficcia

    desses exerccios, eles no so prejudiciais e constituem atividade que ajuda at

    mesmo a diminuir a ansiedade tanto da gestante como do obstetra (ALSO, 2010).

    Fig. 3: Posio genupeitoral.

    3.4.1 VERSO CEFLICA EXTERNA (VCE)

    A verso fetal por manobras externas (VE) consiste na manipulao fetal,

    atravs da parede abdominal e do tero da me, de forma a tornar uma situaotransversa ou uma apresentao plvica numa apresentao ceflica. O

    procedimento pode diminuir o nmero de ocorrncia de cesreas, alm de ser de

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    baixo custo e no ser empregado com tecnologia avanada. A possibilidade de

    realizao da VCE deve ser feita a gestantes prximas do termo com apresentao

    plvica, e um bom fator que bem pequeno o risco de ocorrncias indesejveis. A

    taxa mdia de sucesso em vrios estudos oscila em 58% (ALSO, 2010).

    Existem vrios fatores de sucesso e insucesso para tal procedimento. Os

    fatores associados ao sucesso so: paridade, apresentao plvica franca, lquido

    amnitico normal ou aumentado e tero relaxado. Enquanto que, no insucesso,

    podemos citar os diversos fatores: placenta prvia, localizao baixa das nadgas

    do feto, obesidade, oligodrmnio e nuliparidade. A idade gestacional um fator que

    deve ser muito considerado, estima-se que a idade gestacional de 37 semanas seja

    a ideal para a VCE, pois a possibilidade de sucesso grande, tendo em vista que

    antes dessa idade o sucesso inicial bom, mas a reverso comum. Alm disso,

    com 37 semanas exatas a taxa de reverso para apresentao plvica baixa e se

    for preciso apressar o parto, o feto j estar suficientemente maduro. Outro fato que

    indica que essa idade seja o ideal que aps 37 semanas a VCE tem uma taxa

    muito menor de sucesso (ALSO, 2010).

    Apesar da taxa de sucesso ser alta, existem muitas contraindicaes, dentreelas podemos citar a gravidez mltipla, o traado da frequncia cardaca fetal no

    tranquilizador, a insuficincia uteroplacentria, anormalidades uterinas, placenta

    prvia ou sangramento inexplicado da me, tais como: DHEG ou cardiopatias

    (ALSO, 2010).

    A VE uma manobra obsttrica bastante segura, mas no isenta de

    complicaes que ocorrem em 4-6% dos casos. A bradicardia transitria fetal a

    complicao mais frequente e, na maioria dos casos, resolve rapidamente com a

    interrupo da manipulao. A hemorragia feto-materna ocorre em cerca de 4% dos

    casos, mas raramente superior a 30 ml. Outras complicaes descritas

    (hemorragia vaginal, descolamento de placenta normalmente inserida, leses

    traumticas do feto ou mesmo morte fetal) foram registadas pontualmente e muito

    provavelmente estiveram associadas ou a uma m seleo da gestao ou ao

    excesso de fora empregue para conseguir a rotao fetal (REZENDE, 2010).

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    3.5 Escolha do trajeto de exteriorizao da apresentao plvica

    O melhor trajeto de exteriorizao em caso de apresentao plvica

    assunto de muitas controvrsias. Atualmente, nos Estados Unidos, a maioria dos

    partos com apresentao plvica feita por cesrea. Entretanto, numerosos estudos

    demonstraram a segurana do parto vaginal para determinados casos de parto

    plvico, mesmo com o fato de que, cada vez mais, as residncias esto deixando de

    ensinar tcnicas de parto vaginal seguro nesse tipo de apresentao. Soma-se a

    isso o fato de que a realizao da cesrea no previne toda a morbidade infantil, j

    que em alguns casos decorrente dos mesmos problemas que causaram aapresentao anmala. Na tabela abaixo esto indicadas certas contraindicaes

    para o parto vaginal eletivo na apresentao plvica (ALSO, 2010):

    Tabela 01: contraindicaes para o parto vaginal

    Pelve materna desfavorvel

    Macrossomia

    Grande prematuridade

    Restrio do crescimento intra-uterino

    Evidncia de insuficincia placentria

    Apresentao plvica em modo de ps

    Hiperextenso da cabea do feto

    Anormalidades fetais

    Brao na nuca

    Ausncia de trabalho de parto

    Falta de mdico com experincia e habilidade necessria para o parto

    vaginal

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    Na tentativa de predio de resultados do parto vaginal com apresentao

    plvica foram criados vrios sistemas de classificao, como o ndice de Prognstico

    de Zatuchni-Andros, que mesmo apresentando vrias falhas, o mais utilizado

    (ALSO, 2010).

    Tabela 02: ndice de Zatuchni-Andros

    Somar

    0 pontos

    Somar

    1 ponto

    Somar

    2 pontos

    Paridade 0 1 2

    Idade Gestacional 39+ 38

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    compressveis, at a cabea fetal, a parte corporal menos compressvel e moldvel,

    principalmente por conta da primeira parte a estar mais orientada ser a base do

    crnio (ALSO, 2010).

    Entretanto, o trabalho de parto no muito diferente, sendo possvel permitir

    que ele continue espontaneamente desde que ocorra dilatao e descida

    progressivas e no houver comprometimento fetal ou materno (ALSO, 2010).

    Embora no crie mais espao no esqueleto plvico, a episiotomia

    frequentemente est recomendada, pois permite que o obstetra realize com mais

    facilidade vrias manipulaes (ALSO, 2010).

    Em apresentao plvica franca, a exteriorizao geralmente ocorre com o

    eixo dos quadris no plano AP, com o sacro estando direita ou esquerda. O osso

    do quadril que est em posio anterior desce at o intrito e passa por baixo da

    snfise de analogamente ao ombro anterior e, com a flexo lateral do corpo do feto, o

    osso do quadril posterior se exterioriza sobre o perneo. Nessa hora, o obstetra pode

    apoiar o perneo realizando a manobra tipo Ritgen. A rotao externa se segue

    exteriorizao da pelve, permitindo que o dorso da criana se vire anteriormente

    (ALSO, 2010).

    No se deve puxar o feto enquanto o umbigo no estiver exteriorizado, o

    parto deve ocorrer espontaneamente at que o cordo umbilical aparea no intrito.

    A trao do cordo umbilical antes da exteriorizao pode provocar a extenso da

    cabea do feto ou levar os braos a se posicionar na nuca (ALSO, 2010).

    Na apresentao plvica franca, as pernas podem ser retiradas inserindo-se o

    dedo atrs do joelho para fleti0lo e pr o quadril em abduo. A exteriorizao das

    pernas no uma etapa imprescindvel, j que pode ocorrer espontaneamente.

    Caso o profissional seja mais experiente, a exteriorizao das pernas pode ser

    obtida antes da exteriorizao da pelve (ALSO, 2010).

    Aps a exteriorizao do umbigo, pode-se imprimir trao descendente para

    exteriorizar o tronco, com os dedos do obstetra sobre a pelve fetal e obedecendo a

    um eixo descendente de 45 graus em direo ao cho. Nesse momento, til o

    obstetra adotar uma posio inferior do feto. Em seguida o tronco do feto pode

    exteriorizar-se rapidamente e sem esforo, caso contrrio pode ser necessria que

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    seja realizada a manobra de Lovsett, que consiste imprimir ao dorso do feto um

    movimento rotatrio que o faa passar de um plano oblquo anterior para o outro, o

    que tambm ajuda seus braos a se unirem junto ao peito em flexo. Manter o dorso

    para cima de extrema importncia, j que permite que a cabea do feto entre na

    pelve em posio AO, apresentando dimetros mais favorveis para a sua sada. Na

    exteriorizao dos braos, o corpo do feto girado para a posio oblqua, at a

    ponta da escpula ficar visvel, ento, o brao anterior pode ser puxado para baixo

    por sobre o peito do feto e exteriorizado pelo intrito. Para a retirada do outro

    membro feita a rotao para o plano oblquo oposto (ALSO, 2010).

    Para a exteriorizao da cabea, a parte mais difcil e arriscada, recomenda-

    se a utilizao da manobra de Mauriceau Smellie Veit (MSV) modificada. Nessa

    manobra, uma das mos colocada sobre o feto, com o dedo mdio colocado na

    regio occiptal do feto, e os dedos indicador e anular nos ombros. A outra mo

    posta por baixo do feto. No recomendado colocar um dedo na boca do feto, pois

    pode causar luxao. Uma alternativa consiste em pr um dedo sobre cada uma das

    regies malares. Um assistente deve estar preparado para aplicar presso

    suprapbica a fim de fletir a cabea e faz-la passar pela pelve. O feto ento pode

    ser envolto em uma tipia que tambm ser sustentada pelo assistente ou amarrada

    ao antebrao do obstetra. A cabea ento exteriorizada e o corpo do feto descreve

    um arco. Nessa etapa, um cuidado que deve ser tomado para evitar a

    hiperextenso do corpo do feto em relao cabea. No final da manobra, o corpo

    fetal fica de cabea para baixo (ALSO, 2010).

    A extrao do feto com apresentao plvica por cesrea exige manobras

    semelhantes s empregadas no parto vaginal.

    3.7 Frcipes de Piper

    O frceps de Piper especificadamente desenvolvido para exteriorizar a

    cabea do feto no parto plvico. Sua indicao quando a manobra de MSV falha.

    Embora no existam diretrizes exatas e estritas sobre o seu uso, pode-se dizer que

    o uso do frceps deve ser atentado, caso se passem dois ou trs minutos sem

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    progressos, sendo possvel o seu uso profiltico sempre que se acredite que o feto

    frgil, como no caso dos prematuros (ALSO, 2010).

    Para o seu uso, o feto embrulhado em uma tipia que deve ficarcuidadosamente suspensa esquerda do operador. A primeira lmina a ser aplicada

    sempre a esquerda. A lmina sempre colocada entre a mo do obstetra, que

    inserida na vagina para a proteo das paredes laterais da vagina, e a cabea. Com

    as duas lminas postas, o frceps travado para a realizao de seu movimento,

    que consiste na elevao dos cabos descrevendo um grande arco, que comea na

    horizontal e acaba na vertical ou alm dela. Quando se usa o frceps de Piper, no

    h necessidade de aplicar nenhuma das manobras de flexo de MSV (ALSO, 2010).

    A principal dificuldade que se pode encontrar na aplicao do frceps

    resultado do prprio quadro que indica o seu uso: uma cabea fetal que est

    apertada na pelve. Pode haver espao insuficiente para colocar uma mo ao longo

    da cabea. Nesse caso, a lmina dever ser aplicada s cegas com risco de lesar

    a me e o feto (ALSO, 2010).

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    4. CONCLUSO

    Com a execuo deste trabalho foi possvel concluir a relevncia do assunto

    para a prtica mdica. O quadro de distcias e suas complicaes so em tal grau

    complexos, que apenas o conhecimento slido de todos os aspectos envolvidos

    (preveno, diagnstico, assistncia local e manobras) poder munir o mdico do

    arsenal necessrio para realizao de uma conduta segura e adequada, a qual

    afasta a ocorrncia de possveis traumas, sequelas maternas e fetais e tambm

    interfere na proporo de cesreas realizadas.

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    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ALSO SUPORTE DE VIDA AVANADO EM OBSTETRCIA, 2010. Disponvel

    em:http://www.aafp.org/about/initiatives/also.html.Acesso em: 15/11/2013.

    REZENDE Filho, Montenegro; Rezende Obstetrcia Fundamental, 11 ed. Rio de

    Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

    NEME, Bussmara. Obstetrcia Bsica.3 ed. So Paulo: Sarvier, 2005.

    NETTO, Hermgenes Chaves; Obstetrcia Bsica, So Paulo: Atheneu, 2004.

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