12
SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA A INTRODUÇÃO DA ESTATÍSTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL” Luciana Castoldi [email protected] UPF Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática Mestrado Passo Fundo Rio Grande do Sul Ocsana Sônia Danyluk [email protected] Prof.ª Drª - Orientadora Universidade Passo Fundo BR 285, São José Resumo: A Estatística é um conteúdo dentro da disciplina de Matemática, de grande utilização por meios de comunicação, principalmente suas formas de representação, tudo isso devido a sua grande importância para a compreensão de fenômenos, sendo assim este artigo tem por finalidade demonstrar os resultados obtidos de uma sequência didática para a introdução do ensino da estatística e o objetivo principal para a realização desta proposta de ensino é a leitura e compreensão das diferentes linguagens matemáticas utilizadas pela mídia. Como demais objetivos estão a importância de bem compreender o processo de apresentação de dados em suas diferentes formas de representações, como tabelas e gráficos. A metodologia utilizada nessa pesquisa foi de cunho qualitativo tendo como tipo de abordagem adotada o estudo de caso. Os resultados obtidos foram satisfatórios para o tempo de aplicação, tendo os alunos participado de todos os momentos da pesquisa e assim construído um conhecimento mais significativo. Palavras-chave: Estatística, Sequência didática. Linguagem Matemática 1 INTRODUÇÃO A matemática, bem como a estatística, acompanhara os indivíduos por muitas etapas da sua vida e, nesse contexto, se faz necessário analisar se de fato entender os conceitos básicos da estatística torna-se eficaz para que o aluno possa fazer uma melhor leitura do mundo e das exigências da sociedade. Sendo perceptível a necessidade de demonstrar ao estudante sentido no que lhe é ensinado, até como forma de que os mesmos compreendam mais facilmente e claramente o bombardeio de informações que a mídia oferece, o ensino da Estatística vem como uma ferramenta importante na formação do indivíduo, mas, principalmente, na inserção do mesmo na malha social, que está cada vez mais exigente. Diante destas informações, recai sobre o professor e a escola, a responsabilidade de ensinar da melhor maneira possível os conteúdos a fim de dar ao menos o mínimo de

SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA A INTRODUÇÃO DA …sinect.com.br/anais2014/anais2014/artigos/ensino-de-estatistica/... · A sequencia didática é uma outra modalidade organizativa que

Embed Size (px)

Citation preview

“SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA A INTRODUÇÃO DA

ESTATÍSTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL”

Luciana Castoldi – [email protected]

UPF – Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática – Mestrado

Passo Fundo – Rio Grande do Sul

Ocsana Sônia Danyluk – [email protected]

Prof.ª Drª - Orientadora

Universidade Passo Fundo

BR 285, São José

Resumo: A Estatística é um conteúdo dentro da disciplina de Matemática, de grande

utilização por meios de comunicação, principalmente suas formas de representação, tudo

isso devido a sua grande importância para a compreensão de fenômenos, sendo assim este

artigo tem por finalidade demonstrar os resultados obtidos de uma sequência didática para a

introdução do ensino da estatística e o objetivo principal para a realização desta proposta de

ensino é a leitura e compreensão das diferentes linguagens matemáticas utilizadas pela

mídia. Como demais objetivos estão a importância de bem compreender o processo de

apresentação de dados em suas diferentes formas de representações, como tabelas e gráficos.

A metodologia utilizada nessa pesquisa foi de cunho qualitativo tendo como tipo de

abordagem adotada o estudo de caso. Os resultados obtidos foram satisfatórios para o tempo

de aplicação, tendo os alunos participado de todos os momentos da pesquisa e assim

construído um conhecimento mais significativo.

Palavras-chave: Estatística, Sequência didática. Linguagem Matemática

1 INTRODUÇÃO

A matemática, bem como a estatística, acompanhara os indivíduos por muitas etapas da

sua vida e, nesse contexto, se faz necessário analisar se de fato entender os conceitos básicos

da estatística torna-se eficaz para que o aluno possa fazer uma melhor leitura do mundo e das

exigências da sociedade. Sendo perceptível a necessidade de demonstrar ao estudante sentido

no que lhe é ensinado, até como forma de que os mesmos compreendam mais facilmente e

claramente o bombardeio de informações que a mídia oferece, o ensino da Estatística vem

como uma ferramenta importante na formação do indivíduo, mas, principalmente, na inserção

do mesmo na malha social, que está cada vez mais exigente.

Diante destas informações, recai sobre o professor e a escola, a responsabilidade de

ensinar da melhor maneira possível os conteúdos a fim de dar ao menos o mínimo de

condições para que o estudante consiga utilizar tais conhecimentos de forma mais

significativa e útil.

Esta pesquisa, ou produto mais especificamente, foi desenvolvida com o objetivo

principal de trabalhar com alunos em sala de aula, de uma maneira diferente, mais dinâmica e

significativa, sendo elaborada como uma atividade da disciplina de Tópicos de Matemática I

do Programa de Pós Graduação Em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade de

Passo Fundo; o público alvo foram as séries finais do Ensino Fundamental levando em

consideração os conhecimentos básicos do estudante.

A metodologia utilizada para a realização desta pesquisa foi de cunho qualitativo.

Segundo (SILVEIRA & MIOLA 2008, p.97-98) este tipo de abordagem tem como uma de

suas principais características tentar dar sentido ou interpretar os fenômenos de acordo com os

significados que as pessoas trazem para ele. Na realização desta pesquisa o método adotado

foi o estudo de caso, o qual se dá por recolhas de dados a partir de fontes diretas. Este

trabalho foi desenvolvido com o 9ª ano do Ensino Fundamental, com o objetivo de que os

alunos adquirissem conhecimentos básicos visando melhor interpretar as informações cedidas

pelas mídias, tais como gráficos, tabelas e dados estatísticos.

2 QUAL A IMPORTÂNCIA DE SE ESTUDAR ESTATÍSTICA?

Professores se perguntam sobre o porquê de ensinar alguns conteúdos e alunos se

questionam, sobre qual seria realmente a justificativa de aprender matemática. Qual o

professor que nunca ouviu: “para que isso, onde vou usar?”. Uma boa resposta para isto é que

a matemática é necessária em atividades que envolvem aspectos quantitativos ou de

contagem, ou até mesmo que a matemática desenvolve o raciocínio lógico, hoje tão necessário

para a resolução de problemas em qualquer área. A justificativa de se ensinar matemática é

enfatizada por Ávila (2010, p. 27) que afirma: “A razão mais importante para justificar o

ensino da Matemática é o relevante papel que essa disciplina desempenha na construção de

todo o edifício do conhecimento humano”.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) vêm ao encontro da ideia descrita por

Ávila, no sentido de que o estudo da matemática passou a ter como uma de suas funções a de

preparar os discentes para serem cidadãos críticos, criativos, solidários, capazes de interpretar,

de buscar meios de resolver questões corriqueiras do dia a dia e principalmente de agir de

forma consciente numa sociedade complexa, como pode ser visto no seguinte trecho:

[...] A constatação da importância da matemática apoia-se no fato de que a mesma

desempenha papel decisivo, pois permite resolver problemas da vida cotidiana. Do

mesmo modo interfere fortemente na formação de capacidades intelectuais, na

estruturação do pensamento e na agilização do raciocínio dedutivo do aluno.

(BRASIL, 1997, p.12)

Concordamos que saber Matemática é indispensável para qualquer área do conhecimento;

porém, aprender Matemática implica em associar um objeto a esquemas mentais, baseados em

pesquisas, investigações, solução de problemas, e não em fórmulas e definições já prontas.

Com o objetivo de preparar e auxiliar os jovens surge o professor como responsável pela

mediação do processo ensino aprendizagem. A nossa realidade educacional exige que o

professor tenha sólidos conhecimentos tanto da Matemática como de outras áreas de ensino,

para corresponder o que a sociedade e o sistema da educação esperam, sendo que a cada dia

que se passa as exigências em torno da educação aumentam, sejam exigências do mercado de

trabalho por profissionais qualificados ou pelos governantes, devido aos índices que

envolvem a educação.

A matemática surgiu pela necessidade da contagem, porém hoje pode ser considerada

uma ciência base para muitas outras, sendo que muitas vezes em sala de aula se questiona

sobre os conteúdos que são ensinados e essas indagações, além de rondarem os professores,

também levam os alunos a questionarem qual a sua aplicabilidade no cotidiano, o que reforça

a falta de vontade em estudar, ou seja: não querem estudar pelo fato de o estudo não ter um

sentido prático e claro para eles. Ainda podemos destacar a ideia preconizada no Referencial

Curricular do Rio Grande do Sul, que afirma:

Desenvolver tais conceitos, procedimentos e formas de pensar constitui o objetivo

da área da matemática, das diferentes disciplinas matemáticas que se inter-

relacionam intimamente e que se relacionam com as outras áreas do currículo da

Educação Básica. (REFERENCIAL CURRICULAR – RS. 2009, p. 37).

Entre esses conceitos citados encontra-se a Estatística, a Análise Combinatória e a

Probabilidade, que podem ser compreendidas como excelentes ferramentas de auxílio para

quaisquer outras áreas do conhecimento.

A mídia impressa utiliza muitas vezes gráficos ou tabelas para noticiar vários assuntos,

usando-os, principalmente, como ferramenta para defender argumentos jornalísticos, sendo

que isso muitas vezes se torna um problema de leitura e interpretação para as pessoas.

A estatística se torna indispensável para a formação global do aluno. Isto é enfatizado por

Carvalho quando diz:

Cada vez mais se acentua a importância da Estatística, das Probabilidades e das suas

aplicações no mundo onde a criança vive, assistindo – se simultaneamente a um

ensino que procura o abandono da memorização de formulas e algoritmos para se

focar nas conexões entre a Estatística e o mundo. Ter a possibilidade de resolver

problemas que lhe estão próximos leva o aluno a ser mais persistente no que esta a

fazer. (2003, p. 35-36)

As necessidades cotidianas fazem com que os alunos desenvolvam a capacidade de

identificar e reconhecer problemas matemáticos, buscando formas de solucioná-los. Cabendo

à escola e ao professor potencializar essa capacidade. O significado do que se aprende em

matemática torna-se mais fácil a partir do momento em que o aluno consegue relacionar os

conceitos aprendidos com seu dia a dia Vygotski (1996, p. 71), afirma que “cada conceito

surge relacionando com todos os restantes e uma vez formado vem a determinar, por assim

dizer, seu lugar no sistema de conceitos anteriormente conhecidos”. Reforçando essa

afirmação temos ainda:

O conceito surge quando uma série de atributos que tenham sido abstraídos se

sintetiza de novo quando a síntese abstrata conseguida desse modo se converte na

forma fundamental do pensamento, através da qual a criança percebe e atribui

sentido a realidade que a rodeia. (VYGOTSKI, 2001, p.169)

Dessa maneira, através dos conceitos apreendidos, o estudante relaciona-os com seu dia a

dia, e compreende o sentido do que aprende. Estabelecendo essa relação, o aluno compreende

efetivamente os conteúdos Estatísticos, passando assim a mostrar mais interesse em aprender

e consequentemente os conteúdos desenvolvidos se tornam uma ferramenta eficaz para

resolução de situações problemas e para a aprendizagem da matemática de maneira eficaz.

2.1 Sequência Didática para ensino da Educação Estatística

Faz-se necessário que o conteúdo de Probabilidade e Estatística (que devem ser

abordados no currículo da Matemática), sejam trabalhados de forma específica, para que o

aluno visualize a importância de aprendê-lo, e não a obrigação em fazê-lo. Essa ideia é

enfatizada por Batanero quando diz

“[...] é preciso experimentar e avaliar métodos de ensino adaptados à natureza

específica da estatística, pois a ela nem sempre se podem transferir os princípios

gerais do ensino da matemática”. (2001, p.06)

Concordando com este pensamento, a proposta por uma pedagogia que se utiliza de

sequências didáticas na construção do conhecimento, deve visar desenvolver instrumentos de

indagação e questionamentos nos alunos, bem como a problematização de situações que vão

ao encontro do interesse deles, porém de uma forma orientada e organizada pelo professor

mediador.

Validando este pensar encontramos na fala de Panutti a seguinte afirmação:

A sequencia didática é uma outra modalidade organizativa que se constitui numa

série de ações planejadas e orientadas com o objetivo de promover uma

aprendizagem especifica e definida. Estas ações são sequencias de forma a oferecer

desafios com o grau de complexidade crescente, para que as crianças possam

colocar em movimento suas habilidades, superando-as e atingindo novos níveis de

aprendizagem. (2003, p.04)

Ainda de acordo com este pensamento o conceito de sequência didática segundo Zabala é

aqui assumido como:

“[...] um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a

realização de certos objetivos educacionais, que tem um princípio e um fim

conhecidos, tanto pelos professores como pelos alunos”. (1998, p.18)

Fazendo uso da Teoria das Situações Didáticas compreende-se a sequência didática como

uma articulação em “situações didáticas” e situações a-didáticas, ou seja, situações que

servem para ensinar e situações cujo âmbito da intenção de ensinar não é revelado ao aluno,

no entanto é concebida pelo professor objetivando criar condições favoráveis para apropriação

de um novo saber. Isso visa criar um meio adequado ao desenvolvimento, onde o aluno

interage com o objeto de pesquisa de forma que o desafie a encontrar respostas para as

situações problemas.

Deve-se levar em conta em um sequência didática a importância das intenções

educacionais, sendo que alguns critérios para analisar uma sequência reportam as sequências a

três dimensões: “[...] dimensão conceitual – o que se deve saber; dimensão procedimental – o

que se deve saber fazer; e dimensão atitudinal – como se deve ser?” (ZABALA, 1998 p. 31).

Com esta compreensão a proposta de uma estrutura de sequência didática para o

ensino da Estatística é apresentada na seguinte tabela:

Tabela 1 – Estrutura de uma Sequencia Didática para o ensino da Estatística

Etapa Pressupostos

1. Questionário

Questionário simples para preenchimento por parte de alunos que dê subsídios para o professor conhecer o grau de entendimento que os mesmo obtém do que venha a ser a “Estatística”

2. Primeiro contato Permitir que o aluno tenha um primeiro contato com a linguagem estatística, seja na visualização desta por meios de livros didáticos, mídias impressas, internet, etc..

3. Definição do tema Tendo os alunos já obtido contato com a linguagem

estatística que se encontra com muita facilidade nas mídias, nortear um tema para pesquisa, preferencialmente que seja do cotidiano dos alunos e que os leve a ter interesse em criar situações possíveis de investigação

4. Levantamento de questões para investigação

Elaborar questões para a investigação

5. Definição de um instrumento para a coleta dos dados

Orientar de que forma e como será feito o levantamento dos dados para análise

6. Organização dos dados a modo dos alunos

Permitir que os alunos organizem os dados obtidos, da forma como eles considerem ser uma melhor visualização para os demais, os deixá-los fazer livremente sem regras.

7. Conceitos da Estatística Trabalhar os conceitos de estatística, de modo que os alunos possam avaliar o que eles mesmos fizeram anteriormente.

8. Refazendo a organização dos dados

Solicitar que os alunos refaçam os dados organizados anteriormente, porém tentando seguir o que foi aprendido.

9. Análise e interpretação Conclusões obtidas pelos alunos

Fonte: Elaboração própria

2.2 A pesquisa como coleta de dados

Desde os primeiros anos da vida escolar o educando está acostumado a estudar apenas o

que é necessário para as provas, ou para passar de ano, não se habituando a pensar, menos

ainda a desenvolver um raciocínio mais lógico ou habilidades de argumentação, tão pouco

fazer uso do que aprende para tomar decisões. Domina as tecnologias, até onde compreende o

que ela apresenta, porém se as mesmas oferecem uma linguagem diferente da qual estão

acostumados (representações de gráficos ou tabelas, por exemplo) os mesmo não

compreendem nem tão pouco sabem fazer uma leitura adequada das informações ali contidas.

Buscando uma mudança neste contexto, o uso da pesquisa em sala de aula é uma forma

de instigar o aluno a deixar de ser um homem objeto e passar a ser um homem sujeito que, de

acordo com Freire é os alunos se conscientizarem e se engajarem na transformação da

sociedade. Isto pode ser enfatizado por sua fala quando diz:

“Por isso mesmo, a conscientização é um compromisso histórico. É também

consciência histórica: é inserção crítica na história, implica que os homens assumam

o papel de sujeitos que fazem e refazem o mundo. Exige que os homens criem sua

existência com um material que a vida lhes oferece. A conscientização não está

baseada sobre a consciência, de um lado, e o mundo, de outro; por outra parte, não

pretende uma separação. Ao contrário, está baseada na relação consciência-mundo.”

(FREIRE, 1980 p. 26 e 27).

Oportunizar que o aluno participe do processo de ensino pode ser uma forma de fazer

com que o mesmo veja significado no que está aprendendo, pois parte-se da premissa de que

o mesmo está em busca de maiores conhecimentos. Torna-se imperativo, assim destacar a

importância dos alunos nesse processo, uma vez que é possível verificar que os mesmo

tendem a ultrapassar a condição de seres passivos, meros receptores de conhecimentos

acabados e prontos, para serem sujeitos ativos capazes de coletar dados e buscarem respostas

para resolver situações que por ventura possam vir a surgir.

Neste processo o professor é de fundamental importância, pois cabe a ele criar condições

para que os alunos se sintam capacitados a irem em busca de conhecimentos, sentindo-se

seguros de que o mesmo dará o norte necessário para que eles busquem respostas para seus

possíveis questionamentos. Esta metodologia tem como propósito ultrapassar o que é

trabalhado até então, tendo o professor como mediador do conhecimento e não apenas como

transferidor do mesmo; assim viabiliza-se uma nova forma de ensinar, havendo uma troca de

conhecimentos com objetivo de induzir o aluno na busca por mais e assim de fato

aprendendo. Isto é enfatizado por Freire, quando diz: “Só assim podemos falar realmente do

saber ensinado, em que o objeto ensinado é apreendido na sua razão de ser e, portanto,

apreendido pelos educandos.” (1980, p.29).

A pesquisa em sala de aula, em qualquer área, tende a mostrar ao aluno, uma vez que se

parte da premissa de que ele vai buscar respostas para questionamentos provindos de dúvidas

sobre um tema de seu interesse. É necessário oportunizar ao educando contato com este tipo

de abordagem, até para que o mesmo se torne um sujeito pesquisador, e busque respostas e

não apenas espere recebê-las de forma pronta e acabada. Ao encontro dessa colocação,

Martins tem o seguinte pensamento sobre a pesquisa em sala de aula.

É um instrumento pedagógico destinado a melhorar a qualidade da aprendizagem

[...], a romper a monotonia do enfadonho blábláblá diário e a tornar a sala de aula

um espaço dinâmico, no qual os alunos sejam participantes ativos de sua própria

formação. (MARTINS, 2002, p.75)

Sendo assim percebe-se que a pesquisa torna-se um instrumento pedagógico permitindo

que o aluno busque, se informe, compare, questione, critique e confronte diversas informação,

cabendo ao professor permitir que isso aconteça assumindo o papel de educador por meio da

pesquisa.

3 SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Sequência desenvolvida com o 9º ano do ensino Fundamental, para a introdução do Ensino

da Estatística.

3.1 Sequência de Aula 1

Competências

•Interpretar informações de natureza científica e social obtidas na leitura de gráficos e tabelas.

Objetivos

•Reconhecer qual o conhecimento prévio dos alunos no que se refere à Estatística;

•Identificar elementos estatísticos como gráficos e tabelas, em jornais e revistas;

•Determinar um tema de interesse dos alunos, visando a pesquisa e coleta de dados.

Desenvolvimento

O início da aula deverá ser feito distribuindo-se jornais ou revistas aos alunos, a fim de

que os mesmos analisem tal material e recortem notícias que contenham elementos que eles

julgam ser de Estatística. Após isto será entregue um questionário com perguntas que visam

analisar qual o conhecimento prévio que os alunos têm sobre o conteúdo em questão.

Questionário

1.Nome:

2.Série:

3.O que você considera ser importante aprender em Matemática?

4.No que você considera que a Matemática e seus conteúdos podem te auxiliar?

5.O que você entende por Estatística?

6.Você considera importante aprender conteúdos específicos, como Estatística, por exemplo?

Por quê?

Após os recortes feitos pelos alunos, instigá-los a escolher um tema que os mesmo

tenham interesse em fazer uma pesquisa e, a partir daí, nortear uma pesquisa investigativa

para que os mesmo possam colher dados e pensar sobre eles.

3.2 Sequência de Aula 2

Competências:

•Interpretar dados obtidos em pesquisa.

Objetivo:

•Tabular os dados coletados sobre o tema de interesse dos alunos.

Desenvolvimento:

De posse dos dados coletados pelos alunos, solicitar que os mesmo os distribuam de uma

forma simples para a visualização das demais pessoas pertencentes à escola. Deixar que os

alunos trabalhem e construam essa visualização a sua maneira.

3.3 Sequência de Aula 3

Competências

•Interpretar informações de natureza científica e social obtidas na leitura de gráficos e tabelas.

Objetivo

•Caracterizar elementos de tabelas e gráficos estatísticos.

Desenvolvimento

Já realizado o primeiro contato com o que os alunos que recortaram as revistas e jornais e

de posse do que eles consideram serem elementos Estatísticos, esta aula se dará no ensino de

conceitos básicos sobre tabelas e gráficos em Estatística.

Sequência de desenvolvimento da aula:

•Trabalhar conceitos de Estatística, em folhas xerocadas.

A Estatística está presente em todas as áreas da ciência que envolve planejamento, coleta

e análise de dados; sendo assim, de certa forma, ela pode ser pensada como a ciência de

aprendizagem a partir de dados.

É uma ciência exata que visa fornecer subsídios ao analista para coletar, organizar,

resumir, analisar e apresentar dados. Quando se aborda uma problemática envolvendo

métodos estatísticos, estes devem ser utilizados mesmo antes de se recolher a amostra; isto é,

deve-se planejar a experiência que nos vai permitir recolher os dados, de modo que,

posteriormente, se possa extrair o máximo de informação relevante para o problema em

estudo, ou seja: para a população de onde os dados provêm.

Quando de posse dos dados, procura-se agrupá-los e reduzi-los, sob forma de amostra,

deixando de lado a aleatoriedade.

Tabelas: é um quadro que resume informações, tendo-se em vista que a tabela deverá ser uma

forma objetiva de apresentar o comportamento de variáveis, o que se deve buscar são

representações simples que possibilitem ao observador a compreensão do fenômeno em

estudo.

Elementos de uma tabela:

Título – indica o assunto tratado ou pode ter a função de chamar a atenção do leitor,

deve constar nele, a época e o local em que ocorreu o evento.

Subtítulo ou texto explicativo – explicita o tema da tabela e contextualiza a situação.

Cabeçalho e colunas indicadoras – correspondem aos títulos dos conteúdos das

colunas e linhas, respectivamente.

Corpo – os dados da tabela.

Fonte – é a indicação da entidade responsável pelo levantamento de dados.

As tabelas podem se apresentar em sala de aula em muitas oportunidades. Assim como é

comum aparecer em tabelas em textos didáticos, elas também podem ser produzidas a partir

de pesquisas realizadas pelos próprios alunos, como ainda podem ser encontradas com muita

facilidade em mídias impressas. Na mídia as tabelas assumem forma mais complexa e sua

leitura muda em função da informação que buscamos.

Leitura de tabelas

Uma das melhores formas de organizar dados são as tabelas. Ao desenvolver as

habilidades de analisar tabelas, sejam elas de simples ou dupla entrada, o aluno deve

encontrar nelas informações que permitam responder questões do tipo: “quantos”, “qual”,

“qual o maior” ou “qual o menor”. É uma linguagem muito utilizada pela mídia para

apresentar dados, pois a mesma se configura como uma forma prática, organizada e objetiva

para o leitor.

Tabela simples – é o tipo mais comum de tabela, utilizado para representar os valores

correspondentes a uma serie estatística. A disposição pode ser feita tanto por linhas

quanto por colunas. Exemplos de tabelas simples:

Tabela de dupla entrada – é utilizada para representar dados de duas séries

combinadas.

Gráficos: um gráfico estatístico é uma forma de apresentação de dados, cujo

objetivo inicial é o de produzir uma interpretação mais rápida do fenômeno em estudo. A

representação gráfica deve obedecer a certos requisitos fundamentais:

Simplicidade – o gráfico deve ser destituído de detalhes de importância secundária,

que possam levar o observador a uma análise equivocada.

Clareza – o gráfico deve possibilitar uma correta interpretação dos valores

representativos do fenômeno em estudo.

Veracidade - o gráfico deve sempre expressar a verdade sobre o fenômeno em estudo.

Elementos de um gráfico:

Título – em geral na forma de frase curta e chamativa, para despertar o interesse do

leitor.

Subtítulo ou texto explicativo – essencial para a compreensão do gráfico. Nele

encontramos o assunto de que trata o gráfico, onde e quando foi feita a pesquisa.

Identificação do órgão ou instituição que fez a pesquisa de dados.

Analisando Gráficos

Trabalhar com gráficos é muito importante na disciplina de matemática, pois além de

serem muito utilizados pelos meios de comunicação, eles são uma forma de apresentação dos

dados estatísticos, com objetivo de produzir em quem os vê uma impressão mais rápida e

compreensível do fenômeno estudado. Devido a isso, é importante que o aluno tenha contato

com essa forma de organizar as informações.

Um fato que deve ser destacado ao trabalharmos com gráficos é a interpretação e a

construção dos mesmos, com base em informações de textos jornalísticos e científicos. Os

gráficos oferecem diferentes graus e complexidade no que se refere à leitura e à construção,

porém devem ser compostos com simplicidade, clareza e autenticidade, ou seja: devem

expressar a verdade e possibilitar um claro entendimento ao público alvo.

O gráfico bem construído pode substituir, de uma forma mais clara e objetiva, dados de

difícil compreensão na forma tabular. Alguns dos gráficos mais utilizados na estatística são:

gráfico de linhas, gráfico de barras ou coluna, gráfico de setores.

Gráfico de Linhas - é utilizado, em geral, para representar a evolução dos valores de

uma variável no decorrer do tempo.

Gráfico de Setores - É utilizado para representar séries geográficas ou específicas.

Gráfico de Barras ou Colunas - é utilizado, em geral, para representar dados de uma

tabela de frequências associadas a uma variável qualitativa. Nesse tipo de gráfico,

cada barra retangular representa a frequência ou a frequência relativa da respectiva

opção da variável.

3.4 Sequência de Aula 4

Objetivo:

Tabular os dados coletados sobre o tema de interesse dos alunos de acordo com o aprendizado

adquirido.

Desenvolvimento

Solicitar que os alunos reconstruam as tabelas feitas da pesquisa, porém, dentro das normas

Estatísticas

3.5 Sequência de Aula 5

Competências:

Habilidades básicas em informática

Objetivo:

Realizar a construção das tabelas e gráficos no computador.

Desenvolvimento

Com o objetivo de trabalhar se uma forma diferente, interagindo com a tecnologia, levar os

alunos ao laboratório de informática para que os mesmos possam fazer as tabelas e,

consequentemente, os gráficos no computador.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

O Trabalho desenvolvido com a turma foi com um tempo pré-determinado de apenas

cinco aulas; porém, acredita-se ter sido bem aproveitado cada período. Finalizando esta

atividade foi solicitado aos alunos que fizessem uma memória do que foi trabalhado, lendo o

que foi escrito e observando o desempenho das aulas; acredita-se que o trabalho atingiu seu

objetivo. Dizemos isso pois durante as observações e na memória solicitada aos alunos os

mesmos perceberam que não se deve esperar que o professor ensine tudo, e isto nos faz

pensar que os alunos devem passar de seres apenas receptores de ensinamentos prontos e

acabados, para tornarem-se sujeitos ativos na construção do seu próprio conhecimento,

evidenciando, assim, a importância de se trabalhar em sala de aula com propostas que

permitam ao estudante essa mudança, o que nos remete a um pensamento de Freire, no qual

ele diz:

“educação que desvestida da roupagem alienada e alienante, seja uma força de

mudança e de libertação. A opção por isso teria de ser também, entre educação para

a “domesticação”, para alienação, e uma educação para a liberdade.” Educação para

o homem objeto ou educação para o homem sujeito”. (FREIRE, 1994, p.45).

O trabalho com esta sequência didática nos permitiu observar que quando os alunos

participam da construção do seu próprio conhecimento, eles passam a demonstrar mais

interesse em aprender, pois veem sentido no que estão aprendendo; isso fica evidenciado

quando os próprios alunos dizem que é necessário pesquisar e buscar soluções para as coisas

sem esperar tudo pronto e acabado. Essa colocação dos alunos nos remete a uma fala de Freire

quando o mesmo afirma que: “Ensinar não é transferir conhecimento. [...] ensinar é uma

especificidade humana: como os demais saberes, este demanda do educador um exercício

permanente (1996, p.11/52).

A memória elabora pelos alunos como forma de avaliar o trabalho desenvolvido foi muito

importante, até como reflexão para a própria professora em questão analisar seus métodos de

ensino e buscar aperfeiçoá-los a fim de trabalhar a matemática de forma mais objetiva e com

maior finalidade para os alunos. Eles dizem num trecho de sua memória que “a matemática

ajuda muito a pensar”. Assim esta disciplina de forma mais objetiva e prática é reinventar

uma nova forma de ensinar, com mais clareza e significado para os alunos. Freire também

enfatiza que:

“só assim podemos falar realmente do saber ensinado, em que o objeto

ensinado é aprendido na sua razão de ser e, portanto aprendido pelos

educandos.” (FREIRE, 1996, p. 29).

Tendo como base de ensino a organização a partir da realidade social, e as novas

perspectivas para a educação, as aulas onde esta proposta possam ser empregadas passam a

considerar o aluno não apenas como mero receptor de conhecimento, mas também como

“alunos – professores” que assumem como tarefa a elaboração coletiva de propostas possíveis

de serem implantadas e realizadas fazendo, assim, um vínculo entre os conteúdos

programáticos com os de interesse dos alunos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Até o início do século XVIII, a estatística servia apenas para assuntos de estado e

limitava-se a uma simples técnica de contagem, traduzindo numericamente fatos ou

fenômenos observados. Ainda no final do século XVIII, no entanto iniciou-se uma nova fase

de desenvolvimento da estatística, passando a ser feita a análise dos dados observados e não

apenas a sua representação. Ao longo do século XIX, ela desenvolveu-se muito, ao ser

associada ao cálculo das probabilidades e, atualmente, deixou de ser uma simples forma de

contagem de fenômenos, para se transformar num poderoso instrumento científico, a serviço

dos diferentes ramos do saber.

É notório e indiscutível que as crianças devem estudar Matemática desde os primeiros

anos escolares, o desafio é descobrir que Matemática se ensinar para que a criança adquira a

cultura básica e necessária para viver em sociedade.

Porém, há esperanças e perspectivas que permeiam um novo modo de ensinar, ou

melhorar o ensino da matemática. A partir do momento em que a escola assume sua função

como principal meio de instrução e prepara o indivíduo para a realidade, estará ensinando

uma matemática que transpassa as barreiras da escola e que permite ir além do que

simplesmente memorizar fórmulas e tabuada.

A proposta elaborada neste projeto não é única e imutável, sendo apenas uma sugestão

de atividades a serem desenvolvidas como forma de trabalhar com um método diferente

durante as aulas de Matemática. O objetivo começa a ser atingindo quando os alunos

reconhecem que, partindo deste método de ensino, compreendem de maneira mais eficaz os

conteúdos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ÁVILA Geraldo. Objetivos do Ensino da Matemática – RPM 27. Goiana - GO - 2010.

Disponível em: <http://www.ime.usp.br/~pleite/pub/artigos/avila/rpm27.pdf> Acesso em 03

Julho. 2014

BATANERO, C. Didática da Estatística. Universidade de Granada, 2001. BRASIL. Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional: lei nº. 9394/96. Brasília: MEC, 1996

BRASIL Parâmetros Curriculares Nacionais: temática. Brasília: MEC/SEF, 1997.

CARVALHO, C. Literacia Estatística. In: Anais do I Seminário de Ensino de Matemática –

14ª COLE. Campinas/SP, 2003.

FREIRE, Paulo. Conscientização: Teoria e Prática da Libertação uma Introdução ao

Pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Morais, 1980.

MARTINS, J. S. O Trabalho com projetos de pesquisa: do ensino fundamental ao ensino

médio. Campinas: Papirus, 2002.

PANNUTI, M.R.V. Caminhos da prática pedagógica. TVE Brasil. Rio de Janeiro, jun.2004.

disponível em: http://tvebrasil.com.br/SAUTO/boletins2004/ei/text1.htm. Acesso em 15 de

julho de 2014.

RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Estado da Educação. Referenciais Curriculares do

Estado do Rio Grande do Sul: Matemática e suas tecnologias. Secretaria de Estado de

Educação. Porto Alegre: SE/DP, 2009.

SILVEIRA, Everaldo, MIOLA, Rudinei José. Metodologia do Ensino de Matemática e

Física. Professor Pesquisador em Educação Matemática. Curitiba: v.3, p. 90-103, 2008

VIGOTSKY, Lev Semiónovich. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo –

SP. Editora Martins Fontes, 2001

ZABALA, A. A pratica educativa. Porto Alegre: ARTMED, 1998.

“EDUCATIONAL SEQUENCE FOR THE INTRODUCTION OF

STATISTIC IN THE BASIC TEACHING”

Abstract: The Statistic is a content inside the discipline of Mathematics, of great use for

media, mainly his forms of representation, all that due to his great importance for the

phenomena understanding, due to this this article has since finality demonstrates the obtained

results of an educational sequence for the introduction of the teaching of the statistic, the

main objective for the realization of this proposal of teaching is the reading and

understanding of the different mathematical languages used by the media. And like too many

objectives the importance to understand as well as there present data in the different forms of

representations, like charts and printers. The methodology used in this inquiry was of

qualitative hallmark having like type of approach adopted the case study. The obtained

results were satisfactory for the application time, having the pupils announced of all the

moments of the inquiry and so building a more significant knowledge.

Key- words: Statistic, Educational Sequence, Language Mathematical.