Sergio Francisc

Embed Size (px)

DESCRIPTION

o Piola-contribuicao Da Economia Da Saude Para o Sus

Citation preview

  • SRGIO FRANCISCO PIOLA

    MDICO-SANITARISTA, CONSULTOR DO IPEA E PESQUISADOR DO NCLEO DE SADE PBLICA (NESP) DA UNIVERSIDADE DE BRASLIA

    JOO PESSOA, 11 DE MARO DE 2014

    CONTRIBUIO DA ECONOMIA DA SADE PARA O SISTEMA NICO DE SADE - SUS

  • A Contribuio da Economia da Sade para o SUS

    Nesta palestra pretendo apresentar:

    1. Uma viso sumria do desenvolvimento da ES;

    2. Como, e em que pontos (alguns), a economia da sade pode contribuir com o SUS

  • Relao entre Sade e Economia e o aumento do interesse dos economistas com a sade.

    ESTUDOS RELACIONANDO SADE COM CONDIES SOCIAIS, ECONMICAS E AMBIENTAIS NO SO RECENTES; O Relatrio de Edwin Chadwick sobre a sade das classes trabalhadoras da Inglaterra ainda em 1842 um dos mais citados. O AUMENTO DO INTERESSE DOS ECONOMISTAS PELA SADE, ESPECIALMENTE COM OS SERVIOS DE SADE, NO ENTANTO, MAIS RECENTE;

    PODE-SE DIZER QUE O INTERESSE AUMENTOU COM O CRESCIMENTO DOS GASTOS COM OS SERVIOS DE SADE:

    1. NOS ESTADOS UNIDOS, POR EXEMPLO, O GASTO NACIONAL COM SADE CRESCEU DE 5,1% DO PIB EM 1960 PARA MAIS DE 17% EM 2010. MAIS DO QUE TRIPLICOU EM CINQUENTA ANOS.

    2. NO MUNDO: DE 3% DO PIB MUNDIAL EM 1948 PARA 9,2% DO PIB EM 2010 (OPAS 2013)

    3. TAMBM TEVE PAPEL IMPORTANTE A ENTRADA DOS PLANOS E SEGUROS PRIVADOS DE SADE NA CENA SETORIAL E O RECONHECIMENTO DAS ESPECIFICIDADES DO MERCADO DA SADE (ASSIMETRIA DE INFORMAO, RELAO DE AGNCIA, INDUO DA DEMANDA ETC)

  • O que explicaria o aumento dos gastos com servios de sade? (*)Income, Insurance, And Technology: Why Does Health Spending Outpace Economic Growth? (Smith, Newhouse and Freeland, Health Affairs, 28, 2009

    Estudos clssicos atribuam ao desenvolvimento da tecnologia mdica papel principal no aumento dos gastos; Estudos mais recentes*, contudo, atribuem o crescimento interao de diversos fatores como:

    (i) aumento da renda (nacional e pessoal); (ii) aumento de cobertura por sistemas pblicos e pelo

    asseguramento privado; (iii) aumento de preos na sade; (iv) efeito demogrfico; (v) demanda induzida (pela oferta); (vi) custos administrativos (Medicina defensiva)

  • O CRESCIMENTO DA ECONOMIA DA SADE NA SUA FORMA PREDOMINANTE

    DESDE A SEGUNDA METADE DO SCULO PASSADO, A ECONOMIA DA SADE CRESCEU COMO DISCIPLINA. O ARTIGO INSPIRADOR DE KENNETH ARROW DE 1963 UNCERTAINY AND WELFARE ECONOMICS OF MEDICAL CARE, AMERICAN ECONOMIC REVIEW 53; 941-73, 1963

    FIGURA, A SEGUIR, MOSTRA AS PRINCIPAIS REAS DE INTERESSE DA ECONOMIA DA SADE E OS POSSVEIS LINKS ENTRE ELAS, COM BASE NO DIAGRAMA DE WILLIAMS (ALAN WILLIAMS); Handbook of Health Economics, editado por A.J. Culyer e J.P. Newhouse em 2000.

    O CAMPO DE INTERESSE DA ECONOMIA DA SADE BASTANTE AMPLO, COMO PODERO OBSERVAR E HOJE J SE INCLUEM NOVAS REAS - Edwards, 2000 Paradigms and research programmes: is it time to move from Health Care Economics to Health Economics?

  • DIAGRAMA DE WILLIAMS (1987) - CAMPOS DE APLICAO DA ECONOMIA DA SADE

    Principais campos de aplicao da economia da sade - Fonte: Williams, 1989. Diagrama - editado por Culyer and Newhouse

    F - Avaliao microeconmica de tratamentos -anlises de custo/efetividade; custo/benefcio de

    diferentes maneiras de prover servios em todas

    as fases (promoo, diagnstico, tratamento e

    E - Anlise de MercadoPreos monetrios, preo do tempo, Lista de

    espera e no preos; racionamento, mecanismos

    de equilbrio e seus efeitos no mercado mdico e

    B - O que influencia a sade? Assistncia Sanitria

    Gentica e entorno familiar, social, amnbiental

    Risco Ocupacional, padres de consumo, nveis de

    A - O que sade? Qual o seu valor?Atributos percebidos da sade, ndicadores do

    estado de sade, valor da vida, escalas de

    utilidade da sade

    C - Demanda por Servios de Sade Influncia de A + B na busca por servios de sade

    Barreiras ao acesso;

    Relaes de agncia;

    Necessidades.

    D - Oferta de Servios de SadeCustos de produo, tcnicas alternativas de

    produo, substituio de insumos;mercado de

    fatores (equipamentos, pessoal, frmacos...);

    Mtodos de remunerao e incentivos

    G - Mecanismos de Planejamento, Oramentao, Regulao e Monitoramento.Avaliao da efetividade dos mecanismos disponveis

    para otimizar o sistema; das normas e regulaes;

    H - Avaliao do Sistema como um todo - critrios equidade e eficincia alocativa; critrios para alocao

    eficiente; comparao de desempenho entre sistemas.

  • O que os Economistas da Sade vem fazendo? Maynard and Kanavos, 2000 in Edwards, 2000 Paradigms and research programmes: is it time to move from Health Care Economics to Health Economics?

    Predominam estudos relacionadas com oferta e demanda de servios e de avaliao microeconmica de tratamentos; Maynard e Kanavos, 2000 fizeram um levantamento dos artigos publicados no Health Economics e no Journal de Health Economics (1982/99):

    Oferta de servios (box D) 21%; Avaliao de tratamentos (box E) 15% Demanda por servios de sade (box C) 13% Planejamento, Oramento, Monitoramente (box H) 12% O que influencia a sade (box A) 11% Avaliao de todo o sistema (box G) 10% O que sade e qual o seu valor (box B) 8% Equilbrio de mercado (box F) 8%

  • O que os economistas da sade vem fazendo no Brasil? Uma pequena amostra.

    NA VI JORNADA NACIONAL DE ECONOMIA DA SADE REALIZADA EM BRASLIA EM OUTUBRO DE 2012 FORAM SUBMETIDOS 164 TRABALHOS.

    1. FINANCIAMENTO E GASTO - 51 (31%) 2. GESTO E REGULAO - 55 (33%) 3. AVALIAO DE SISTEMAS, POLTICAS, SERVIOS E PRODUTOS DE SADE - 40 (24%) 4. SADE E DESENVOLVIMENTO - 18 (11%)

  • Qual o futuro da Economia da Sade? Edwards, 2000 Paradigms and reserarch programmes: is it time to move from Health Care Economics to Health Economics?

    O grande desafio da Economia da Sade se mover de uma Economia dos Cuidados de Sade para, efetivamente, Economia da Sade. (no existe uma nica economia da sade). Para esse novo paradigma preciso explorar mais profundamente, reas como: (i) O que influencia a sade, outros fatores, alm dos servios de sade; mas no sentido da sade coletiva, sade da sociedade. (ii) Avaliao de Polticas, Programas, Projetos (aval de todo o sistema) (iii) Avaliao macroeconomica de polticas pblicas, de outros setores, que influenciam a sade (relaes entre sade e renda, emprego, saneamento, habitao, transporte, educaa, meio ambiente etc).

  • Futuro da Economia da Sade

    ALM DO ALARGAMENTO DE SUAS REAS DE INTERESSE, A ECONOMIA DA SAUDE TEM UM PAPEL MUITO IMPORTANTE, NA DISCUSSO SOBRE O DESENVOLVIMENTO E O PAPEL DA SADE NESSE PROCESSO, O QUE INTERESSA A MUITOS PASES.

    NESSA DISCUSSO IMPORTANTE REVER AMARTYA SEN, QUE DISCUTE A DIMENSO HUMANA DO DESENVOLVIMENTO. PARA ELE, SADE, EDUCAO E SEGURANA SOCIAL SO CONDIES INDISPENSVEIS PARA GARANTIR A LIBERDADE DAS PESSOAS EM ESCOLHER O QUE QUEREM SER E FAZER ( E ESSA CAPACIDADE DE ESCOLHA LIVRE SERIA OBJETIVO LTIMO DO DESENVOLVIMENTO, SEGUNDO SEN)

  • Antecedentes da Economia da Sade no Brasil

    NOS ANOS 50-60 A DISCUSSO PRINCIPAL ERA SOBRE O QUE SE PODERIA CHAMAR DE RELAES ENTRE SADE E ECONOMIA OU ASPECTOS ECONMICOS DA SADE.

  • Antecedentes da Economia da Sade no Brasil alguns pioneiros de destaque

    Mrio Magalhes da Silveira, mdico sanitarista, nos anos de 1950 e 1960,

    discutia as relaes entre desenvolvimento econmico e sade. Carlos Gentille de Mello, na primeira metade dos anos 1960 e anos 70,

    analisava os servios mdicos de Previdncia Social com uma viso econmica. Jos Duarte de Arajo, apresentou tese sobre Aspectos Econmicos da

    Sade, nos anos 1970, na Universidade Federal da Bahia. Paulo Singer, Osvaldo Campos e Elizabeth Oliveira, tem um captulo

    intitulado Economia da Sade no seu livro Prevenir e Curar: o Controle Social atravs de servios de sade, de 1978; Jose Carlos Braga e Srgio Ges de Paula, no livro Sade e Previdncia

    Social, Ed. Cebes/Hucitec, 1981, tambm se dedicam a aspectos econmicos da sade ; Tem outros, no menos importantes. A lista pode no ser muita extensa, faltam

    outros, mas a cepa de primeira qualidade.

  • Algumas iniciativas da histria recente da ES no Brasil

    Nas ltimas duas dcadas, algumas iniciativas foram sumamente importantes para o desenvolvimento da Economia da Sade no Brasil: (i) a criao da Associao Brasileira de Economia da Sade (Abres), em 1989; (ii) o Projeto de Economia da Sade, uma Cooperao Tcnica entre Brasil e Reino Unido no campo da Economia da Sade, no perodo de 2002 a 2005; e, por fim, (iii) a criao, em 2003, do Departamento de Economia da Sade, no Ministrio da Sade

  • EVOLUO ECONOMIA DA SADE NO BRASIL

    OS RESULTADOS, DESDE ENTO, TEM SIDO MUITO SATISFATRIOS.

    O MINISTRIO DA SADE, DESDE 2003 TEM UMA REA DE ECONOMIA DA SADE CONSOLIDADA E BASTANTE ATUANTE (TRABALHOS EM DIVERSAS REAS)

    EXISTEM NCLEOS DE ECONOMIA DA SADE EM VRIAS SECRETARIAS ESTADUAIS (10).

    ESTAMOS PRODUZINDO CADA VEZ EM MELHOR EM ECONOMIA DA SADE NO BRASIL.

    NA VI JORNADA NACIONAL DE ECONOMIA DA SADE REALIZADA EM BRASLIA EM OUTUBRO DE 2012 FORAM SUBMETIDOS 164 TRABALHOS.

    NO V CONGRESSO DA ASSOCIAO DE ECONOMIA DA SADE DA AMRICA LATINA E CARIBE - AES_LAC, EM MONTEVIDO, EM NOVEMBRO DE 2012, FORAM SUBMETIDOS MAIS DE 100 TRABALHOS DE PESQUISADORES BRASILEIROS.

    GRUPOS DE PESQUISA QUE TRABALHAM COMO ECONOMIA DA SADE: 51 EM 2004. EM 2013 J SO 110 GRUPOS EM 52 INSTITUIES ACADMICAS. VER ESTUDO NO SITE DA ABRES.

    AUMENTOU A OFERTA DE CURSOS DE ESPECIALIZAO EM ECONOMIA DA SADE.

  • CONTRIBUIO DA ECONOMIA DA SADE PARA O SUS

    Bons estudos so uma ferramenta muito importante; Exemplos: Estudos sobre os custos diretos e indiretos de determinadas doenas, de certos agravos (acidentes de trabalho, de trnsito etc); Estudos de avaliao econmica e de impacto oramentrio da incluso de novos procedimentos, tecnologias etc;

  • CONTRIBUIO DA ECONOMIA DA SADE PARA O SUS

    Informaes organizadas so tambm muito teis: Exemplos Banco de Preos, sistemas de custos, avaliaes de custo/efetividade de processos e de produtos.

  • No caso especfico da contribuio para o SUS: algumas questes preliminares.

    O foco da contribuio pode variar de acordo com o entendimento que se tenha sobre o SUS: Em primeiro lugar, h um mesmo entendimento sobre o papel do SUS? Dito de outra forma: o SUS para todos ou somente para os mais pobres? A classe mdia deve mesmo procurar ter planos e seguros privados de sade com incentivo pblico? Se o SUS a poltica de estado para a assistncia sade, o que justifica o incentivo pblico aos planos e seguros privados de sade? Como trabalhar a duplicao do sistema de sade brasileiro?

  • Deixando de lado as questes mais gerais

    NO FINANCIAMENTO AINDA PRECISAMOS DISCUTIR/PESQUISAR MAIS E MELHOR A ORIGEM DOS RECURSOS QUE FINANCIAM A SADE DO PONTO DE VISTA CAPACIDADE FISCAL DAS TRS INSTNCIAS DE GOVERNO, EQUIDADE NA EXTRAO, JUSTIA SOCIAL NA DISTRIBUIO;

    ANALISAR AS ISENES FISCAIS CONCEDIDAS AOS USURIOS DE PLANOS E SEGUROS DE SADE SOB O PONTO DE VISTA DA EQUIDADE. SOCIALMENTE JUSTO, QUE ESSE GASTO, SEJA CUSTEADO POR TODOS OS CIDADOS?

    A QUESTO DA ALOCAO DE RECURSOS POR TIPO DE AO, POR PROVEDORES. (TANTO DO PONTO DE VISTA DA EFICIENCIA COMO DA EQUIDADE).

    A ALOCAO GEOGRFICA (REGIONAL) TAMBM UMA QUESTO MUITO ATUAL (LC 141/2012). COMO FINANCIAR AS REDES REGIONALIZADAS DE SERVIOS PBLICOS DE SADE?

  • Contribuio da Economia da Sade para o SUS

    INVESTIGAR QUAIS AS FORMAS MAIS EFICIENTES E EFETIVAS PARA PRODUZIR OU COMPRAR SERVIOS DE SADE (INCENTIVOS, PAGAMENTO DE PROVEDORES, CONTRATOS, ETC) INTENSIFICAR ESTUDOS DE CUSTOS E DE AVALIAO ECONMICA (A INCORPORAO DE NOVAS TECNOLOGIAS (ISSO SEMPRE SER OBJETO DE TENSO). INVESTIGAR AS FORMAS DE ORGANIZAO DOS PRESTADORES NA PRODUO DE SERVIOS, AS RELAES ENTRE INDSTRIA DE INSUMOS E PROVEDORES FAZER ESTUDOS SOBRE NECESSIDADES DE FINANCIAMENTO RESPONDER PERGUNTA BSICA: MAIS RECURSOS PARA OBTER QUE RESULTADOS?

  • DESAFIOS LEVAR CONCEITOS BSICOS DE ECONOMIA DA SADE, DE FORMA MAIS EXTENSIVA, PARA PESSOAL DA REA DA SADE (GESTO E EQUIPES DE ASSISTNCIA). LEMBRAR QUE OS RECURSOS SERO SEMPRE ESCASSOS E DA TEMOS QUE FAZER AS MELHORES ESCOLHAS; COMO FAZER OS PESQUISADORES SE INTERESSAREM MAIS POR ECONOMIA DA SADE? COMO MANTER OS CAPACITADOS EM ECONOMIA DA SADE NA REA DA SADE? ORGANIZAR EQUIPES MULTIDISCIPLINARES PARA A PESQUISA NA REA; CONTINUAR O DE ORGANIZAO DOS NCLEOS DE ECONOMIA DA SADE NAS ADMINISTRAES ESTADUAIS E NOS MUNICPIOS DE MAIOR PORTE.

    INCREMENTAR A OFERTA DE CAPACITAO EM ECONOMIA DA SADE; ALARGAR O CAMPO DE INTERESSE DA PESQUISA: DE ECONOMIA DOS SERVIOS PARA ECONOMIA DA SADE (MUDANA DE PARADIGMA)

  • Obrigado!

    [email protected]