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Primeiro devemos nos lembrar que hoje em dia, assim como na maioria das épocas anteriores, não existe um judaísmo como um único sistema monolítico de pensamentos religiosos e de comportamento; mais sim judaísmos. Muitos judeus sustentam que é essa mesma pluralidade e diversidade de movimentos e expressões judaicos que enriquecem o nosso modo ou modos de vida. Palesnos rejeitam proposta de Israel CIP faz Cabalat Shabat especial em memória às vímas do Holocausto. {página 16} N° 705 Vol. XV - 05 de Fevereiro de 2012 - 12 Shevat 5772 R$ 9,00 www.revistashalom.com.br {página 08} Em ato de grande significado, a Presidente Dilma honrou a comunidade judaica brasileira com sua presença na cerimônia principal do Dia Internacional em Memória das Vimas do Holocausto. {página 09} Comunidade lembra o Dia do Holocausto Halachá Ortodoxa e Polidoxa {página 03} Noruega pede desculpas por envolvimento no Holocausto Suspeita de antraz na embaixada de Israel em Brasília Confira na agenda Por que o Brasil defende ditadores? 11% das israelenses sofrem assédio sexual A peça “A mulher que escreveu a Bíblia”, de Moacyr Scliar, está em cartaz até 12 de fevereiro no Midrash Centro Cultural (RJ). Tel.: (21) 2239-2222/1800. O Brasil foi acusado formalmente pela ONG Human Rights Watch (HRW) de ficar ao lado dos ditadores sanguinários, ao invés de apoiar a população de países como a Síria du- rante a Primavera Árabe. Foi uma bela atu- de dessa renomada ONG, e só vem reiterar o que já sabemos: a políca externa do gover - no brasileiro é lamentável! {página 02} {página 04} {página 06} {página 07} {página 10} edição 705.indd 1 03/02/2012 11:54:48

Shalom Edição 705

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Muito conteúdo judaico para você!

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Page 1: Shalom Edição 705

Primeiro devemos nos lembrar que hoje em dia, assim como na maioria das épocas anteriores, não existe um judaísmo como um único sistema monolítico de pensamentos religiosos e de comportamento; mais sim judaísmos. Muitos judeus sustentam que é essa mesma pluralidade e diversidade de movimentos e expressões judaicos que enriquecem o nosso modo ou modos de vida.

Palestinos rejeitam proposta de Israel

CIP faz Cabalat Shabat especial em memória às vítimas

do Holocausto.{página 16}

N° 705 Vol. XV - 05 de Fevereiro de 2012 - 12 Shevat 5772 R$ 9,00 www.revistashalom.com.br

{página 08}

Em ato de grande significado, a Presidente Dilma honrou a comunidade judaica brasileira com sua presença na cerimônia principal do Dia Internacional em Memória das Vitimas do Holocausto.

{página 09}

Comunidade lembra o Dia do Holocausto

Halachá Ortodoxa e Polidoxa

{página 03}

Noruega pede desculpas por envolvimento no Holocausto

Suspeita de antraz na embaixada de Israel em Brasília

Confira na agenda

Por que o Brasil defende ditadores?

11% das israelenses sofrem assédio sexual

A peça “A mulher que escreveu a Bíblia”, de Moacyr Scliar, está em cartaz até 12 de fevereiro no Midrash Centro Cultural (RJ). Tel.: (21) 2239-2222/1800.

O Brasil foi acusado formalmente pela ONG Human Rights Watch (HRW) de ficar ao lado dos ditadores sanguinários, ao invés de apoiar a população de países como a Síria du-rante a Primavera Árabe. Foi uma bela atitu-de dessa renomada ONG, e só vem reiterar o que já sabemos: a política externa do gover-no brasileiro é lamentável!

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Pessoas ansiosas são menos atentas ao perigo

Estudo diz que 11% das israelenses sofrem assédio sexual

02 Israel 05 de Fevereiro de 2012

Um estudo elaborado pelo Ministério de Indústria, Comércio e Trabalho de Israel e divulgado na última segunda-feira afirma que 11,4% das mulheres empregadas no país afirmam já ter sofrido assédio sexual no trabalho.A pesquisa, realizada com entrevistas a cerca de 3 mil mulheres, mostra também que 21% das que sofreram assédio no local de trabalho consideram que sua produtividade se reduziu uma média de 30%, informou o jornal ‘Haaretz’.Além disso, um décimo das trabalhadoras que se sentem assediadas ou têm que abandonar o posto ou são demitidas.Mais de um terço sofre o assédio de seu superior direto, enquanto 26% afirmam que o assediador, apesar de não ter um cargo imediatamente superior, ostenta um posto de categoria superior no local de trabalho.Das vítimas que permanecem em seu posto de trabalho, 30% dizem que o assédio continua. A maior parte (60%) das entrevistadas diz não saber a quem recorrer se sofrer assédio em seu trabalho e apenas 7,6% das assediadas dizem ter feito queixa pelos abusos. A divulgação do relatório coincide com o escândalo da publicação nos últimos dias de um caso de assédio sexual no escritório do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.Natan Eshel, chefe do escritório do primeiro-ministro, foi obrigado a tirar uma licença de dez dias enquanto é investigado pelas acusações feitas contra ele por três funcionários do escritório de que teria assediado sexualmente uma funcionária.

A pesquisa, feita por pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, em Israel, estudou como o medo é processado no cérebro de pessoas com transtornos ansiosos em comparação a um grupo controle sem esse transtorno.Um total de 240 pessoas foram acompanhadas nos experimento da equipe de Bar-Haim, sendo 20% desses na faixa de ansiedade entre moderada e muito alta.A partir de imagens do cérebro em funcionamento os pesquisadores, liderados por Yair Bar-Haim, chegaram à con-clusão de que as pessoas ansiosas, ao verem imagens amea-çadoras, respondiam menos prontamente à informação do que o grupo controle.Os resultados da pesquisa, publicada no periódico Biolo-gical Psychology, também não observaram maior sensi-bilidade do cérebro dos ansiosos à mudanças bruscas no ambiente.A hipótese dos pesquisadores é de que pessoas ansiosas têm maior dificuldade em avaliar ameaças – algo que é ne-cessário para processos de tomada de decisão e regulação do medo – e, portanto, não têm meio termo: ou não se sen-tem ameaçadas de maneira alguma ou então respondem excessivamente ao estímulo.Para os autores, as pessoas ansiosas parecem repentina-mente “surpresas” com algo que o grupo controle já havia se sensibilizado, analizado e avaliado as consequências. Lidar melhor com essa avaliação de situação, mantendo-se mais atento, pode portanto ser uma possível estratégia parar lidar melhor com situações que causem ansiedade nessas pessoas

De JerusalémAs minhas primeiras palavras para a revista Shalom foram inspiradas por um comentário do movimento reformista israelense feito a uma notícia publicada no jornal Yediot Acharonot: “Pela primeira vez: um minián conservativo na sinagoga da Knesset”. Os reformistas israelenses se per-guntam: devemos ficar felizes pelo fato de a reza ter sido realizada sem nenhuma intercorrência ou nos entristecer pelo fato de não ser óbvia a realização de uma tefilá de qualquer setor que seja do povo judeu na Knesset, a ponto de merecer manchete de jornal?Embora eu esteja em pleno período de aulas em Jerusalém, no 4º ano de minha formação rabínica, é fácil perceber o efeito que as férias em outras partes do mundo causa nas ruas e estradas israelenses. Milhares de jovens judeus pas-seiam por Israel, nos grupos de Taglit. Há também grupos inteiros de comunidades judaicas que participam de encon-tros e congressos em Israel. Entre estes, lideranças laicas e religiosas dos movimentos judaicos reformista e conser-vador encontram-se com seus pares israelenses bem como com outras lideranças políticas e religiosas no país, a fim de se inteirarem, para mais além dos estereótipos, sobre como o moderno Estado de Israel está lidando com as liberdades religiosas ou a falta delas neste início do século 21.Este é o contexto que me chamou a atenção num raro dia de sol em pleno inverno chuvoso de Jerusalém: lideranças do movimento conservador encontraram-se com parla-mentares, depois se reuniram para rezar na sinagoga da Knesset e, pela primeira vez, realizaram ali um serviço re-ligioso igualitário, dirigido por uma rabina.Ma nishtaná, o que mudou? A meu ver nada, ou qua-se nada. Pensei comigo: e se fossem rabinos e rabinas conservativos(as) e reformistas israelenses e não america-nos ou canadenses, teriam espaço para rezar na sinagoga da Knesset? E se viessem os membros da vibrante comu-nidade Shirá Chadashá - que leva aos limites a ainda rara condição igualitária entre homens e mulheres no meio or-todoxo - e uma mulher ortodoxa subisse para ler na Torá, como fazem em sua própria sinagoga, em Jerusalém? Será que o parlamento entenderia que cabe aos setores religio-sos progressistas israelenses o mesmo respeito garantido por Ben Gurion às vertentes ortodoxas e ultraortodoxas?Ao continuar a ler a notícia, a minha intuição inicial se confirmou: como diria Chico Buarque, muda-se alguma coisa para tudo continuar na mesma. O parlamentar Nes-sim Zeev, do partido ultraortodoxo sefaradi Shas, comen-tou que fora do horário regular das rezas, se até mesmo o profeta Maomé viesse rezar ali, tudo bem. Em outras palavras, turistas e estrangeiros podem rezar na Knesset nos horários de visitação pública, do jeito que quiserem; mas não no horário regular de rezas - destinado apenas aos serviços “autenticamente” judaicos.Há algumas semanas, em uma manifestação de protesto na Knesset contra a exclusão de mulheres da mídia nas ruas de Jerusalém, um colega de estudos rabínicos entrou no parla-mento envolvido em seu talit, sem nenhum problema. Em seguida, quando uma colega israelense buscou fazer o mes-mo, envolvida em seu talit, proibiram-lhe a entrada.Parece-me que a legitimidade dos movimentos liberais, que representam a maioria dos judeus filiados a instituições re-ligiosas nos EUA e parte significativa no resto do mundo, ainda tem muito chão pela frente para ser reconhecida em Israel em seus plenos direitos. Sobre este primeiro minián igualitário na Knesset, minha sensação é de que infeliz-mente foi coisa para americano, canadense e inglês ver. O processo de mudança do status quo é muito mais lento, e deve vir das instituições judaicas liberais daqui mesmo. No dia em que o cidadão judeu liberal israelense puder rezar conforme suas práticas e costumes em qualquer lugar des-te jovem país, inclusive na Knesset, nos horários regulares de rezas, poderemos dizer que algo começou a mudar em Israel, e para melhor.

| Por Uri Lam |

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03Israel 05 de Fevereiro de 2012

Israel estuda como legalizar colônias em terrenos privados

Nova ferrovia entre Mediterrâneo e Mar Vermelho

Palestinos rejeitam proposta de fronteiras de Israel

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, encarregou um juiz da tarefa de criar uma equipe para es-tudar uma forma de legalizar retroativamente as colônias judias em território palestino construídas sobre terrenos privados. O juiz Edmon Levy redigirá um relatório ava-liando as distintas ferramentas jurídicas que poderiam ser utilizadas para legalizar assentamentos que inclusive a le-gislação israelense considera ilegais (para a legislação in-ternacional, todas as colônias em território ocupado são ilegais), informou o serviço de notícias israelense Ynet.O chefe do Governo israelense tenta, dessa forma, se aproximar dos colonos, entre os quais há uma parte im-portante de seus eleitores. A realização de eleições pri-márias em seu partido, o direitista Likud, será na próxi-ma terça-feira.A decisão acontece em um momento de mal-estar entre essa comunidade com Netanyahu por seu anúncio de que cumprirá as ordenes do Tribunal Supremo e desmantela-rá o assentamento de Migrón, no norte da Cisjordânia. Na quarta-feira, o Parlamento israelense debaterá uma norma que propõe a legalização dos assentamentos cons-

Não enfrentar programa nuclear do Irã pode custar vidas

O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, disse na última sexta-feira durante debate no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que não enfrentar o Irã agora para evitar que o país construa armas nucleares “será muito mais peri-goso e custoso, tanto em termos de dinheiro como de vidas”.“Um Irã com armas nucleares não é um perigo só para o Oriente Médio, mas para o mundo inteiro”, afirmou Barak, que aplaudiu as recentes sanções econômicas aprovadas pela União Europeia (UE) contra Teerã.Apesar disso, o ministro pediu “uma diplomacia mais agres-siva”. O ex-primeiro-ministro israelense disse que “com exce-ção da China e Rússia, todos estamos de acordo de que não há outra opção do que enfrentar o Irã”. Barak admitiu, no en-tanto, que a questão não é simples e que Teerã adota uma es-tratégia para ganhar tempo e dividir a unidade internacional.“Os iranianos não são jogadores de gamão, mas de xadrez. Procuram deixar seu programa nuclear numa zona de impu-nidade para que seja impossível conhecer o autêntico alcance de seus progressos”, disse Barak. “Quando tiverem certeza que ninguém pode fazer nada contra eles, considerarão dar o passo definitivo”, acrescentou. Para Barak, o relatório pu-blicado em novembro pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) é a evidência de que o Irã tem um programa nuclear com o objetivo de construir armamentos.O israelense participou de um seminário no qual se pergun-tava o que ocorreria se o Irã tivesse uma bomba atômica. “Arábia Saudita vai querer ter armas nucleares, assim como Turquia e o Egito”, previu Barak, que alertou para o perigo das armas nucleares caírem em mãos de grupos terroristas.“O Irã patrocina o terrorismo no Iraque, Índia, Paquistão, Lí-bano e nos territórios palestinos, portanto podemos imaginar o que acontecerá”, opinou.

truídos sobre terras particulares palestinas em troca de compensação aos proprietários.O projeto de lei, apresentado por cerca de 20 deputados de diferentes partidos da direita e religiosos, entre eles vários do Likud, propõe a proibição de esvaziar assenta-mentos se os donos da terra não apelarem aos tribunais antes de transcorrer quatro anos desde sua ocupação pe-los colonos.

O governo israelense começou no último domingo a estu-dar um projeto de ferrovia que uniria o Mediterrâneo ao Mar Vermelho, o que ofereceria uma rota alternativa ao Canal de Suez para o tráfego entre Europa e Ásia.O premier Benjamin Netanyahu indicou que uma ferro-via de 350 km cortando o Deserto de Negev deixaria o bal-neário de Eilat, no Mar Vermelho, a duas horas de Tel Aviv.“Juntamente com essa linha haveria uma via reservada ao transporte de mercadorias entre Ásia e Europa”, declarou Netanyahu aos membros de seu governo, assinalando que também se estuda uma ampliação para o norte de Israel. “Este projeto despertou um grande interesse das potên-cias emergentes, principalmente China e Índia”.Segundo Netanyahu, “esta ligação entre continentes é de uma importância estratégica, tanto no plano nacional quanto no internacional”. O governo israelense terá uma nova rodada de discussões sobre o tema.O Ministério dos Transportes de Israel informou em seu

Israel apresentou aos palestinos suas ideias para as fronteiras e os arranjos de segurança de um futuro Estado palestino, em uma tentativa de manter vivas as conversas exploratórias. Mas autoridades palestinas disseram que a apresentação ver-bal do negociador israelense Yitzhak Molcho na reunião da última quarta-feira foi um balde de água fria, pois prevê um território cercado de cantões que preservaria a maioria dos assentamentos judaicos.“Ele matou a solução de dois Estados, pôs a escanteio acor-dos anteriores e a lei internacional”, afirmou uma fonte da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). “Basica-mente, a ideia israelense de um Estado palestino é feita de muros e assentamentos”.Foi a primeira vez que o governo do primeiro-ministro isra-elense, Benjamin Netanyahu, abordou o tema das fronteiras com os palestinos. Uma autoridade israelense disse que a apresentação está em consonância com um rascunho para as conversas elaborado pelo Quarteto – Estados Unidos, União Europeia, Rússia e ONU. Seu objetivo é garantir que os te-mas centrais de fronteiras e segurança fossem claramente definidos até 26 de janeiro para relançar as negociações, em-pacadas desde novembro de 2010, e se chegar a um esboço de acordo de paz até o fim deste ano.Após cinco rodadas de conversas na Jordânia, incluindo a

site que apresentou opções para o lançamento do projeto, mas que as empresas chinesas foram priorizadas.“A capacidade profissional das empresas da China na construção de ferrovias e redes de transporte é uma das melhores do mundo”, afirmou o ministro da pasta, Yis-rael Katz, que se reuniu com o colega chinês em Pequim, no ano passado, e ambos concordaram em apresentar um projeto conjunto para a ferrovia até Eilat.Segundo autoridades israelenses, a ferrovia também poderia ser usada para exportar gás israelense para a Índia e, talvez, China. Importantes jazidas de gás fo-ram descobertas em 2010 no leste do Mediterrâneo, a 130 km do porto israelense de Haifa, a 1.634 metros de profundidade.Esta foi a maior descoberta de jazidas de hidrocarbonetos no mundo nos últimos 10 anos. As reservas foram estima-das em dezenas de bilhões de dólares, capazes de garantir a Israel a independência energética por décadas.

sessão de quarta-feira, a fonte palestina disse não haver mais reuniões agendadas. O presidente palestino, Mahmoud Ab-bas, afirmou que deseja consultar os Estados da Liga Árabe sobre o próximo passo. De acordo com a fonte palestina, a equipe de Molcho indicou que qualquer solução que crie um Estado palestino vivendo em paz ao lado de Israel precisa “preservar o tecido social e econômico de todas as comuni-dades, judaicas ou palestinas”.A ideia apresentada por Molcho “não inclui Jerusalém e o Vale do Jordão, e inclui todos os assentamentos (judaicos)”, disse a autoridade palestina. Nenhum mapa foi apresentado no encontro, acrescentou. Os palestinos querem um Estado que inclua a Cisjordânia, o Vale do Jordão, Jerusalém Orien-tal e a Faixa de Gaza.Uma autoridade israelense disse que Molcho apresentou diretrizes que determinam as posições de Israel no tocante aos territórios. O enfoque de Israel em relação às concessões territoriais na Cisjordânia ocupada inclui o princípio de que “a maioria dos israelenses estará sob soberania israelense, e obviamente a maioria dos palestinos estará sob soberania palestinas”, disse o funcionário.Ele sublinhou que Netanyahu reconheceu que nem todos os assentamentos judeus “estarão do nosso lado da fronteira” de um futuro Estado palestino.

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Vida e obra de Woody Allen em documentário

Spielberg poderá fazer filme sobre Moisés

Rússia homenageia as vítimas do HolocaustoNoruega pede desculpas por

envolvimento no Holocausto

Documentos antigos revelam cultura judaica no atual Afeganistão

04 Mundo 05 de Fevereiro de 2012

Uma série de antigos documentos judaicos encontrados recentemente no norte do Afe-ganistão tem causado alvoroço entre os acadêmicos, que dizem que o achado histórico pode desvendar um lado ainda não revelado dos judeus na Idade Média.Os cerca de 150 documentos, datados do século 11, foram encontrados na província afegã de Samangan. O professor emérito israelense Shaul Shaked, que examinou alguns dos poemas, registros comerciais e acordos judiciais que formam o tesouro, disse que, embora se soubesse da existência de antigos judeus no Afeganistão, a sua cultura per-manecia até agora um mistério.“Aqui, pela primeira vez, vemos evidência e podemos estudar de fato os escritos dessa comunidade judaica. É muito empolgante”, disse Shaked à Reuters por telefone desde Israel, onde ensina no departamento de Estudos Iranianos e Religião Comparada na Universidade Hebraica de Jerusalém.Os documentos estão sendo mantidos por comerciantes particulares de antiguidades em Londres, que têm apresentado uma série de documentos novos nos últimos dois anos. Shaked acredita que foi nessa época que a série de pergaminhos foi encontrada e levada para fora do Afeganistão em uma operação clandestina.

Entre os destaques da 84ª edição do Oscar 2012 está, certamente, o retorno de Woody Allen para o tapete ver-melho. Com o filme “Meia-Noite em Paris”, o cineasta concorre tanto por Direção quanto por Roteiro, algo que não ocorria desde 1995 com “Tiros na Broadway”.As particularidades da vida e da obra de Woody inspira-ram o documentarista Robert Weide a persistir na ideia de fazer um documentário sobre ele, lançado em DVD e disponibilizado à venda no site da Amazon a partir do próximo mês.Como Woody Allen não acredita no próprio sucesso, a vida do documentarista Robert Weide se tornou mais di-fícil. Por quase três décadas, Weide esperou um sim do diretor nova-iorquino para os seus pedidos de entrevista. “Allen sempre dava uma resposta educada e negativa”, diz ele. “Segundo o seu argumento, ninguém se interessa-ria em ver e exibir um filme sobre ele, ´um tema que não vale a pena´.”As filmagens de “Woody Allen, A Documentary” come-çaram em outubro de 2008, depois de Weide enviar uma carta para explicar por que “era a pessoa certa para aque-la empreitada”. Para ter sua autorização, o diretor conta que ajudou o fato de terem os mesmos heróis culturais. Weide se refere ao comediante W.C. Fields e aos irmãos Marx, temas de dois filmes produzidos por ele.Exibido pelo canal público PBS em novembro de 2010, o documentário de 192 minutos está dividido em duas partes. O primeiro segmento aborda a infância de Allen em Midwood, região do Brooklyn habitada por judeus, e termina com o lançamento de “Memórias” (1980), uma crítica ao preço da fama. A segunda parte comenta a se-paração escandalosa entre Allen e a atriz Mia Farrow, em 1992, motivada pela relação dele com Soon-Yi Previn, filha adotiva da atriz. O diretor se casou com Soon-Yi, até hoje a sua mulher.

“Gods and Kings” (“Deu-ses e Reis”) é o nome do filme sobre a vida de Moi-sés que a Warner Bros. pre-tende que Steven Spielberg realize.Segundo o site “Deadline”, o realizador está prestes a assinar o contrato para o filme que será uma grande aposta da Warner Bros., um épico ao estilo “O De-safio do Guerreiro”.Apesar das possibilidades de espetacularidade de efeitos especiais que uma biografia como a do líder judaico se prestaria (com episódios como a divisão e travessia do Mar Vermelho) os estúdios pretendem que enrede antes por uma pers-petiva de realismo ao nível do que Spielberg fez em “O Resgate do Soldado Ryan” (não estando sequer previs-to que seja um filme 3D).A Warner Bros. apresentou o argumento ao realizador judaico em setembro passa-do, para o convencer a en-contrar espaço na sua aper-tada agenda para o filme.Espera-se repetir o feito de “Os Dez Mandamentos” , que foi um dos mais lucra-tivos filmes da história do cinema, rendeu 65 milhões de dólares em 1956.

A Rússia celebrou na últi-ma sexta-feira, 27, o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocaus-to, recordando a data em que, há 67 anos, o Exér-cito Vermelho da então União Soviética libertou os prisioneiros judeus do campo de concentração de Auschwitz, montado pelos nazistas na Polônia.Na capital russa, as sole-nidades aconteceram no Centro Comunitário Judai-co e na Grande Sinagoga de Moscou. As celebrações pelo Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto foram estabele-cidas pela Organização das Nações Unidas para a data de 27 de janeiro para mar-car a tomada de um dos campos de concentração em que os nazistas come-teram as maiores atrocida-des contra judeus, negros, ciganos e pessoas portado-ras de deficiências físicas e mentais.

A Noruega pediu desculpas pela primeira vez na última sexta-feira pela cumplicida-de do país na deportação e mortes de judeus durante a ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial. “Noruegueses executaram prisões; noruegueses dirigiram caminhões e aconteceu na Noruega”, disse o primeiro-ministro, Jens Stoltenberg. “Hoje sinto que é apropriado expressar nossas desculpas mais profundas de que isso tenha ocorrido em solo norueguês.”“É o momento de admitirmos que policiais, funcionários públicos e outros noruegueses participaram na prisão e na deportação de judeus”, afirmou ele em um discurso para marcar o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.Vidkun Quisling, líder do país durante a ocupação cujo nome se tornou sinônimo de traidor, ordenou o registro de 2.100 judeus na Noruega em 1942. Mais de um terço foi deportado aos campos da morte, enquanto outros fugiram para a Suécia. “Lamento dizer que as ideias que conduziram ao Holocausto ainda estão muito vivas hoje, 70 anos depois”, afirmou Stoltenberg. “Ao redor do mundo vemos que indivíduos e grupos estão disseminando a intolerância e o medo.”Em 1998, a Noruega reconheceu o papel do país no Holocausto e pagou cerca de 60 milhões de dólares a judeus noruegueses e a organizações judaicas em compensação pela propriedade apreendida. A indenização não chegou a ser um pedido de desculpas, mas estabeleceu as bases para o discurso desta sexta-feira, disse o historiador Bjarte Bruland. “Até então, os noruegueses consideravam apenas os alemães responsáveis”, afirmou à Reuters Bruland, curador chefe do Museu Judaico de Oslo.“A Noruega agiu de forma similar à França de Vichy, pois eles implementaram suas próprias leis antijudaicas, usaram força própria, confiscaram propriedade e discrimi-naram os judeus antes que os alemães o exigissem”, afirmou Paul Levine, professor de História da Universidade Uppsala, na Suécia. “A Noruega não tinha de fazer o que fez.” Levine disse que as desculpas da Noruega vieram “inapropriadamente” tarde. O então presidente francês Jacques Chirac pediu desculpas em 1995 pela cumplicidade de seu país com o Holocausto.

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Personagem da semana

05Mundo 05 de Fevereiro de 2012

Nas primarias do partido Likud que estão acontecendo esta semana, a vitória de Netanyahu é certa contra seu oponente da extrema direita, Moshe Feiglin, que já perdeu uma disputa semelhante em 2007. Moshe, no entanto, pensa que terá uma votação maior do que na outra vez e tem como esperança reu-nir 24% dos votos.

Miriam e Sheldon Adelson confirmaram um apoio financeiro a Newt Gingrich, postulante republicano à presidência dos Estados Unidos- fato normal e transparente na América, por suas convicções e apoio a Israel. Eles são grandes doadores de causas humanas e judaicas inclusive apoiando o Museu do Holocausto Yad Vashem.

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Universidade de Tel Aviv oferece oportunidades para estudar no exterior

Anne Frank inspira filme de professora carioca

Jogador brasileiro vive boa fase em Israel

Monólogo “Rosa”, no Rio

Ben Abraham dá entrevista ao Terra Fortuna no Rei Davi

Suspeita de antraz na embaixada de Israel em Brasília

06 Notícias 05 de Fevereiro de 2012

Quando a Universidade de Tel Aviv abrir suas portas para o semestre de Outono de 2012, a escola vai incluir pela primeira vez um pro-grama de língua inglesa para universitários, com diplomas internacionais de bacharel em Engenharia e Artes Li-berais. Os novos programas combinam programação acadêmica altamente res-peitada, como em universi-dades americanas de ótimo nível, com o adicional de in-centivos de viagem em Isra-el, turmas pequenas, volun-tariado e oportunidades de estágio, e programas sociais – tudo a uma fração do custo nos Estados Unidos. Adi-cionado aos 11 programas de mestrado internacional já operacionais ministrados em inglês, a Universidade de Tel Aviv vai oferecer as mais diversificadas e competitivas ofertas para estudantes in-ternacionais em Israel - ex-celentes oportunidades para estudar no exterior. Como parte do programa, estudantes de engenharia elétrica serão aceitos para estudar no exterior em uni-versidades parceiras e par-ticipar em programas de estágio integrado. O bacha-relado em Artes Liberais oferece aos alunos matérias tradicionais, incluindo filo-sofia e literatura, bem como cursos exclusivos de estudo, tais como Oriente Médio e história judaica, e cultura digital e comunicações. Para mais informações sobre o Bacharelado Internacional de Ciências em Engenharia Elétrica, visite: http://www.ise.tau.ac.il/Haaretz-Cam-paign-deceleven.aspx.

Foi lançado no dia 26 de ja-neiro, no Rio, o filme “Pe-quena Anne – Memórias do Campo”. A obra de ficção produzida, escrita e dirigida pela acadêmica Gláucia Flo-res Y Reyes, com colaboração da professora Jane Celeste Guberfain, é baseada na his-tória da menina judia Anne Frank, desde o momento da sua captura, em Amsterdã, até sua morte no campo de extermínio de Bergen Belsen. Segundo a diretora, Anne Frank simboliza “toda e qual-quer criança que tenha sido vitimizada a ponto de perder a alegria, a inocência e, pior,

a capacidade maravilhosa de ser apenas criança”. A representante da Conib no Conselho Nacional da Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR/CNPIR), Sofia Débora Levy, me-diou um debate com a cineasta após a exibição do filme. Gláucia Flores Y Reyes é profes-sora de Filosofia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UNIRIO) e da Universidade Aberta do Brasil (UAB). É doutora em Filosofia pela UFRJ.

O atacante Léo, empres-tado até 31 de maio pelo Criciúma por uma tempo-rada ao Beitar Jerusalém, celebra boa fase no futebol israelense. Aos 22 anos e com passagem pelo Grê-mio, ele decidiu os últimos dois jogos de seu time pelo campeonato local. Léo foi importante ao fazer gols sobre o Ashdod e Hapoel Petah Tikva. Em ambos os duelos, placar de 1 a 0 a favor do Beitar Jerusalém. Ídolo da torcida, o atacan-te exaltou a chance no fu-tebol israelense. O jogador afirmou estar se sentindo muito feliz e valorizado.

No dia 26 de janeiro, a Polícia Federal confirmou a suspeita de uma contaminação por antraz em uma correspondência entregue à embaixada de Israel, em Brasília. O antraz é uma bactéria com aparência de pó branco, e é extremamente pe-rigoso, pode infectar uma ou mais pessoas, provocando dife-rentes formas de infecções e até mesmo a morte.No dia anterior, a caixa suspeita foi identificada por seguranças da embaixada. Segundo a polícia, o material chegou num pa-cote menor que uma caixa de sapatos. Assim que se levantou a suspeita a caixa passou por um aparelho de raio-X, no qual se confirmou a possibilidade de haver material contaminado dentro dela. A Polícia Federal foi acionada e fechou por algum tempo a portaria da embaixada. Equipamentos especiais foram utilizados pela polícia para manusear o artefato, já que o ma-terial é bastante contaminante. Na tarde do dia 26, o material foi encaminhado para um laboratório no Rio de Janeiro para análise. De acordo com a Polícia Federal, um laudo oficial ficará pronto em 30 dias. Os funcionários da embaixada voltaram a trabalhar normalmente depois que a portaria do local foi libe-rada pela polícia. Apenas os seguranças locais tiveram contato com a correspondência. A substância ficou conhecida em 2001, quando políticos e membros da imprensa receberam envelopes contaminados nos Estados Unidos. Atualmente, o antraz é utilizado como arma em atentados terroristas contra alvos es-pecíficos, devido a sua fácil disseminação. Na última semana, correspondências com a palavra antraz foram encontradas em consulados e embaixadas de Israel na Europa e nos EUA.

Ainda dá tempo de assistir a peça “Rosa”, que estrou em janeiro e ficará em car-taz até 16 de fevereiro no Midrash Centro Cultural, no Rio de Janeiro. No mo-nólogo, a atriz Debora Oli-vieri interpreta Rosa, uma senhora judia de aproxima-damente 80 anos que, du-rante o shivah (período do luto judaico), relembra sua vida, como sua infância em Yultishka - cidadezinha per-dida no meio da Ucrânia, de estradas de terra batida e de casinhas minúsculas - até seus dias atuais, em Miami Beach, na América que lhe acolheu.Rosa também se recorda de vários outros momen-tos marcantes, como sua mudança para Varsóvia, a invasão da Polônia pelos nazistas, o sonho da Palesti-na - sua passagem por Jeru-salém, Atlantic City e Con-necticut.Clandestina num navio, em Sete, na França, Rosa também viu o mar pela primeira vez e achou que era uma alucinação. Com leveza, emoção e uma pitada de ironia, a persona-gem nos conduz para quase um século de histórias-suas e do mundo.O texto é de Martin Sher-man, a direção e produção são de Ana Paz e a tradu-ção é de Manuel Mendes Silva. Horários: quarta, às 18h (R$ 30) e, quinta, às 21h (R$ 40). Tel. (21) 2239-2222/1800.

A cantora Fortuna teve três músicas de seu repertório escolhidas para a trilha da minissérie “Rei Davi”, que acabou de estrear na na TV Record. Uma delas é o tema de amor de Davi, vivi-do por Leonardo Brício e Bate-Seba, interpretada por Renata Domingues. A minissérie bíblica conta a incrível saga do líder que unificou todas as tribos de Israel. No primeiro capítulo, foi possível acompanhar a trajetória de Davi ainda jovem. Um sim-ples pastor de ovelhas, filho de Jessé, que começa a construir seu caminho como o maior líder de Israel. Durante a transmissão os emocionantes acontecimentos da trama foram amplamente repercutidos pelos telespectadores nas redes sociais. Fortuna, cantora e compositora brasileira de origem judaica, é pesquisa-dora do cancioneiro sefaradita desde 1992, já tendo 7 CDs e 2 DVDs gravados.

No Dia Internacional de Lembrança das Vítimas do Holo-causto, o portal Terra publicou uma entrevista com o jorna-lista e escritor Ben Abraham, sobrevivente do Holocausto. Na entrevista, o polonês naturalizado brasileiro relatou os momentos de dor pelos quais passou nas mãos das tropas nazistas e falou de sua missão de contar ao mundo tudo o que viveu. Ele também defendeu que os jovens aprendam nas escolas o que aconteceu na Alemanha na década de 30. “É preciso aprender a história do passado para viver no pre-sente e enfrentar o futuro com cabeça erguida”, afirmou.

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07Notícias 05 de Fevereiro de 2012

Tufi Duek no Roda VivaO Apocalipse Nazista é destaque no NatGeo

O estilista Tufi Duek esteve no centro do Roda Viva da TV Cultura do dia 30 de janeiro. Responsável por lançar grandes marcas como Triton e Forum, mais do que falar do mundo fashion, o empresário deu uma verdadeira aula de negócios de moda.Nascido em Nilópolis, Rio de Janeiro, mas vivendo em São Paulo desde os seis anos, Duek começou a trabalhar com moda aos 17. Em 1998, inaugurou um showroom em Nova York, entrando de vez no mercado internacional. De lá pra cá, ampliou seus negócios, abriu fran-quias, investiu em outros ramos ligados à moda e criou uma grife com seu nome.Para ele, a moda no Brasil é focada apenas nas roupas, quando na verdade ela é muito mais abrangente, incluindo música, cultura e a questão sensorial. Já do ponto de vista pessoal, Tufi prefere se manter no básico e afirma que a sua maneira de vestir sempre foi o clássico jeans com camiseta. O estilista também comparou as marcas nacionais com as internacio-nais e comentou a dificuldade de emplacar uma produção lá fora. Quanto ao seu trabalho, ele diz: “Eu fui pioneiro. Isso ninguém me tira!”. Falou também sobre desfiles conceituais, de críticas construtivas e da não-existência de alta costura no Brasil. Além do apresentador Mario Sergio Conti, a bancada desta edição trouxe Lilian Pacce (edi-tora de moda e apresentadora do canal GNT), João Braga (professor de História da Moda da FAAP), Mariana Weickert (modelo e também apresentadora do GNT), Paulo Martinez (editor da revista MAG) e Valéria França (repórter d’O Estado de S. Paulo). O Roda Viva também contou com a participação do cartunista Paulo Caruso.

O canal National Geogra-phic Channel apresenta duas estreias reveladoras sobre um dos personagens mais nefastos da história mundial: Adolf Hitler. A partir de 5 de fevereiro se-rão exibidos “O Apocalipse Nazista: De Adof Hittler” e “O Apocalipse Nazista: Ascensão de Hitler”, que incluem imagens inéditas de sua juventude, da Pri-meira Guerra Mundial, da assinatura do Tratado de Versalhes, de sua prisão em 1924 e do incêndio de Reichstag, entre outras.“O Apocalipse Nazista: De Adof Hittler” se dedica à

AgendaAs entidades UNIBES e a Amem convidam para as pré-estreias beneficentes da versão brasileira do mu-sical “Um Violinista no Telhado”, que acontecem nos dias 4 e 11 de março, às 17h, no Teatro Alfa, São Pau-lo. O espetáculo traz o ator José Mayer. Vendas de ingressos: (11) 3123-7333 ou [email protected]. Preços de R$ 60 a R$ 180.

Chazit, Avanhandava e a Agência Judaica apresentam o grupo “Tela Viva” em prol da kvutzá Shnat 2012. Dia 08/02, às 20h, na CIP. R$ 25. Info.: (11) 2808-6214.

A peça “A mulher que escreveu a Bíblia”, de Mo-acyr Scliar, está em cartaz até 12 de fevereiro no Midrash Centro Cultural (RJ). Tel.: (21) 2239-2222/1800.

A B’nai Brith está promovendo uma viagem im-perdível a Águas de Lindóia, nos dias 21 a 25 de março. Reservas.: (11) 3082-5844, com Henrique, Roberta ou Cris.

Porto Alegre abrigará o Leilão de Artes organizado pelas entidades femininas Naamat Pioneiras e WIZO. Dia 11/2, às 21h. Inf.: (51) 3311.0822 ou 311.0869.

Evento “L’Aperô, comida de bistrô”: Comida francesa simples e boa, no Espaço Gourmet da Hebraica SP. Dia 7/2, das 19h30 às 22h30. Sócio: R$ 53. Não Sócio: R$ 69.

Super Jantar de Tu Bishvat no Clube Monte Sinai (Tijuca, RJ). Dia 7/2, às 19h30. R$ 30 por pessoa. Inf.: (21) 7863-6902/ 9839-5153/ 9113-7587.

O 3º Yarchei Kala do Brasil será entre os dias 17 e 21/2 em Campos de Jordão. Debates com Rav Rafael Shammah e Rav Rafael Kleinman. Reservas: [email protected] ou (11) 8629-5583.

Quer viajar no Carnaval? A Wizo oferece 5 dias em Curitiba com diversos passeios. Preço por pessoa em duplo: R$ 1.600. Preço por pessoa em single: R$ 2.198,00. Incluído: Passagem aérea (ida e volta), ho-tel (Bristol Flexy Saint Emilion) e passeios menciona-dos, guia acompanhante, bolsa, seguro viagem. Inf. e reservas: (11) 3257-0100.

Avital Turgeman, renomada fabricante de perucas de Israel, expõe produtos em Show Room em São Pau-lo nos dias 14 e 15 de fevereiro. Mulheres poderão consultar sobre produtos e última moda e tendências em perucas. Apenas mediante pré-agendamento de horário, no tel.: (11) 9141-6005, com possibilidade de corte no local.

Ulpan de Ensino de Hebraico para Jovens da Comuni-dade Judaica no Espaço K (SP). Módulos básico e in-termediário com 4 meses de duração. Terça e quarta-feira, das 20h30 às 21h30. R$ 50 por mês ou R$ 150 à vista. Mais informações: (11) 3666-0088. Últimas vagas.

Já estão à venda os convites para o 25o Almoço da Na’amat Pioneiras São Paulo. O evento, primeiro grande empreendimento de 2012 da instituição, acontece no dia 5 de março, a partir das 12h, no Bu-ffet França (Avenida Angélica, 750). Com direito a al-moço, chá da tarde e sorteio de brindes. Informações no telefone: (11) 3667-5247.

A Hebraica SP exibirá o filme “O último dançarino de Mao”, no Teatro Arthur Rubinstein. Baseado na autobiografia de um bailarino chinês, o filme nar-ra a trajetória do garoto de 11 anos que foi levado de sua aldeia. Dia 11 de fevereiro, às 20h30, e dia 12, às 16h e às 19h. A entrada é gratuita.

infância, à juventude e aos primeiros passos políticos de Hitler. Entre os melho-res documentos, estão foto-grafias de seus pais, de sua infância, e detalhes curio-sos sobre como ele utilizou os cenários das óperas para dramatizar seus próprios discursos e oratória. O do-cumentário também revela imagens dos jovens Adolf Hitler, Rudolf Hess e Her-mann Goring em seus pri-meiros passos políticos e manifestações. A produção foca na intenção de golpe de estado perpetuado pe-los extremistas em 1923, sua dissolução e os meses

em que Hitler e Hess pas-saram por uma prisão de luxo, onde podiam receber visitas e desfrutar de uma vida tranquila, onde o lí-der nazista aproveitou para esboçar e terminar “Mein Kampf ”.Em seguida, “O Apoca-lipse Nazista: Ascensão de Hitler” concentra-se nos anos que vão desde a depressão de 1929 até as vésperas do estouro da Segunda Guerra Mundial. Enquanto Hitler avança ao poder, o documentário re-lata a estranha relação que manteve com sua sobrinha Angela “Geli” Raubal, que se matou sob estranhas circunstâncias, e a entrada em cena de uma jovem Eva Braun, com 19 anos. As sucessivas campanhas elei-torais de 1932, orquestra-das por Joseph Goebbels e filmadas por Leni Rie-fenstahl, que expandiram a estética nazista, são narra-dos com grande detalhe e com material colorido de arquivo.

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Por ocasião do Dia Internacio-nal em Memória às Vítimas do Holocausto, a Fisesp, a Uni-bes e a CIP promoveram na Sinagoga da CIP um Cabalat Shabat especial em memória às vítimas do Holocausto. Es-tiveram presentes autoridades diplomáticas e religiosas, além de lideranças judaicas e sobre-viventes do Holocausto.

08 Acontece 05 de Fevereiro de 2012

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Evento 0905 de Fevereiro de 2012

Dia do Holocausto - Bahia (Judaica) de Todos os Santos

Em ato de grande significado, a Presidente Dilma honrou a comu-nidade judaica brasileira com sua presença na cerimônia principal do Dia Internacional em Memória das Vitimas do Holocausto.Procedente de Brasília, de onde partiu às 15h do domingo (29 de janeiro de 2012), dirigiu-se diretamente ao Fórum Ruy Barbosa de Salvador, maior cidade negra fora da África, onde permaneceu por duas horas, encantando o público com a sua presença marcante e serena, seja cumprimentando a cada orador que se manifestava, seja irradiando uma intensa simpatia que expressava em seus gestos. No dia seguinte seguiria para Ha-vana, o que demonstra como fez questão de estar presente, inclusive tendo de antecipar de um dia a sua participação, com os convites já impressos e expedidos.O capital simbólico da presença judaica na Bahia, e ademais em todo o Brasil, foi justamente mencionado pela Presidenta em seu discurso de 20 minutos, várias vezes entrecortado pelas palmas da plateia, no grande auditório do Fórum, totalmente tomado por mais de 600 convidados. Fórum em cujo sub-solo se situa a cripta

| Por Israel Blajberg|do ilustre baiano Ruy Barbosa, abolicionista, o Águia de Haia.Salvador, para onde aportaram milhões de escravos, que ajuda-ram a fazer deste país uma grande nação. Bahia, onde em 1500 aportaram as caravelas, quantos marinheiros não teriam pro-nunciado uma súplica a Virgem Santíssima, ao partir?Possivelmente não poucos murmuraram discretamente, na pequena capela as margens do Tejo, o Shema Israel... sem que nenhum outro escutasse... Como mencionou a própria Presidente em suas tocantes pa-lavras, uma parte dos portugueses que aqui chegaram era de cristãos-novos, e o Brasil também foi fruto deles, assim como de judeus que escaparam dos horrores da Europa.Certamente, se hoje falamos português, muito devemos aos ju-deus que ajudaram a criar a Escola de Sagres, desenvolveram o astrolábio, e desenharam as primeiras cartas náuticas, designadas por uma palavra hebraica – mapah, viabilizando as navegações.Não muito distante do Fórum, na encosta da orla situa-se o antigo Cemitério dos Ingleses, onde boa parte das sepul-turas que pontilha a encosta diante das águas da Bahia é de judeus, que ali tiveram o seu último repouso até que mais recentemente um cemitério próprio foi construído na Quinta dos Lázaros.Mais um pouco a frente, próximo ao Farol da Barra, uma casa ostenta um candelabro a entrada. Nada menos que o Beit Chabad, onde um jovem rabino vindo de Israel divul-ga a mensagem do Rebe de Lubavitch na Bahia, terra das Orixás. Terra que já teve um prefeito judeu em Salvador, e o atual governador já em seu segundo mandato.Na terra do Olodum e do Carnaval, magnífico coral cantou para a Presidente o Hino dos Partisanos e uma canção afri-cana, irmanando dois povos que sofreram juntos, seja nos navios-negreiros, seja nos trens do Holocausto, e que hoje

continuam lado a lado nesta terra abençoada trabalhando pelo desenvolvimento do Brasil.Nada mais significativo do que a comunhão de ideias, o Babalaô, o Cardeal Primaz e o Rabino juntos, ouvindo o Yizkor e o El Ma-leh Rahamin, seguido pelo lamento pungente do shofar, em elegia à bendita memória dos que tombaram; seguindo-se o acendimen-to em coletivo das 6 velas por um grupo de sobreviventes; seguin-do-se os Ministros, General Jose Elito, Luiza Bairros, da Igualda-de Racial e Maria do Rosário, da SEPPIR, outro grupo formado pelo ativista dos direitos homossexuais Luiz Mott, a OAB e os Bahai, mais uma vela acesa pela Desembargadora Presidente do Tribunal, outra pelo representante da ONU, e mais outra pelo Presidente da CONIB, que convidou Dilma para acompanhá-lo.O Professor Luis Edmundo, da UFRRJ, relatou o destino de 20 mil negros alemães, também eles vitimas do Holocausto, alguns cujos pais eram soldados coloniais casados com ale-mãs, e foram das primeiras vítimas.Como bem descreveu a Presidente Dilma, somos uma nação pluralista e de princípios, e devemos manter acesa a chama desta memória, ajudando assim a construir um mundo melhor, sem discriminação e com mais tolerância. A Presidente referiu-se po-sitivamente ao novo centro cultural que a Sociedade Israeli-ta da Bahia está construindo, que será um local de estudos, dentro da ideia de que a diversidade cultural estimula e apro-xima os diversos componentes da sociedade.Este evento foi verdadeiramente um marco grandioso nas rela-ções entre as diferentes comunidades da nossa sociedade verde-e-amarela. Às vésperas do 2 de fevereiro – dia de Iemanjá – sob as bênçãos da Rainha do Mar, a Bahia segue seu caminho, o mesmo dos judeus brasileiros e de tantas comunidades, sejam elas negra, bahai, católica, evangélica, espírita, do candomblé, enfim, tam-bém aqui os ensinamentos da Torá nos acompanham e orientam.

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Por que o Brasil defende ditadores?

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O Brasil foi acusado for-malmente pela ONG Hu-man Rights Watch (HRW) de ficar ao lado dos ditado-res sanguinários, ao invés de apoiar a população de países como a Síria duran-te a Primavera Árabe. Foi uma bela atitude dessa re-nomada ONG, e só vem reiterar o que já sabemos: a política externa do governo brasileiro é lamentável!Num relatório divulgado recentemente, a ONG pede para o Brasil rever suas po-sições a respeito do Oriente Médio e passar a defender os direitos humanos. A en-tidade classifica a política brasileira como “visão ul-trapassada sobre a sobera-nia nacional”. Concordo em grau, gênero e número com o teor desse surpreen-dente relatório!Além do Brasil, também foram criticados outros países que têm a mesma política pró-ditadores ára-bes. São os países que in-tegram o chamado Brics, como a Rússia, a África do Sul e a Índia. Já citamos anteriormente que é esse o grupo que está também na dianteira nas condenações contra Israel, com o aval do Itamaraty.Esses países defendem os árabes, porque têm interes-ses econômicos no Oriente Médio. Sempre estão de olho no petróleo - grande vedete da região. Além dis-so, os Brics querem expor-tar seus produtos para eles, e parece que se entendem bem com os ditadores nes-se intercâmbio comercial. Isso explica porque a Síria ainda não foi condenada na ONU, mas não justifica que os direitos humanos sejam ignorados, em nome da ganância mercantil.O Brasil segue essa política de conivência com os di-tadores árabes não apenas por fazer parte dos Brics, mas já é uma política tradi-cional, que remonta a épo-

| Por Lilian Fortes |

ca dos militares. Particu-larmente, eu esperava que os últimos governos fossem mudar essa política. Espe-rava que se preocupassem mais por questões de ética, moral e defesa da vida, ao invés de ignorar a matança de milhares de civis ino-centes. Mas, a presidente Dilma Rousseff tem sido firme em não querer con-denar a Síria.Mesmo que a mídia brasi-leira tem evitado criticar

essa política de Dilma, é importante saber que essa grave atitude não passou despercebida no resto do mundo. Esse relatório da Human Rights Watch pro-va que a política externa brasileira é um vexame in-ternacional!O discurso que a nossa pre-sidente proferiu há alguns meses na ONU, enaltecen-do os “pobres” palestinos, não foi nenhuma surpresa para ninguém, porém foi uma comprovação de que o Brasil continuará na dian-teira quando se trata de cri-ticar Israel.Mas, o que está agora em foco no mundo todo é a

grave questão de violação de direitos humanos na Síria. Os confrontos inten-sificaram-se nesse mês e, mesmo assim, não vimos a nossa presidente erguer sua voz para defender os pobres sírios do mesmo modo que defendeu os “po-bres” palestinos. A Unicef denunciou que desde que começaram os conflitos sírios, há 11 meses, 384 crianças já morreram. A ONU estima que, ao todo,

já foram mortas 5.400 pes-soas. Para o governo bra-sileiro, parece que são ape-nas detalhes! Na sexta-feira, 27 de janei-ro, a Síria teve um dos seus dias mais sangrentos desde que começaram as mani-festações pela derrubada do ditador Bashar Assad. Mais de 100 pessoas foram mortas, e os conflitos in-tensificaram-se ainda mais. As Forças do governo sírio partiram com toda a for-ça contra os opositores, e usaram tanques e mortei-ros nas cidades de Homs e Hama, no centro da Síria, e em Idlib, norte do país. Em um bairro de Hama, 44 ma-

nifestantes foram mortos por soldados de Assad. O que assistimos é, simples-mente, esse cruel ditador massacrando sua própria população nas ruas. Em Alepo, a segunda maior cidade da Síria, onde havia uma grande comunidade judaica até os anos 1950, nove pessoas morreram. Em Damasco, o número de vítimas em confronto che-gou a 21. O mundo assiste passivo ao

massacre na Síria. Enquan-to não houver intervenção dos países signatários da ONU, a violência não terá fim. Certamente, quan-do um soldado israelense mata terroristas palestinos, a ONU faz uma reunião de emergência para conde-nar o Estado Judeu – com o apoio do Brasil, é claro. No entanto, nesses 11 me-ses de massacre na Síria, a Organização das Nações Unidas não conseguiu con-denar o governo de Bashar Assad. É impressionante, não é mesmo?Sou contra guerras, e nem sempre as intervenções de tropas da Otan são a me-

lhor opção. Mas, diante desse banho de sangue, é preciso proteger a popula-ção civil na Síria. É preci-so derrubar Assad, assim como ocorreu no Egito, com Mubarak, e na Líbia, com Kadafi. Há regiões da capital síria que já estão sob o comando de grupos armados contrá-rios a Assad. Tropas do go-verno também vêm sofren-do baixas. No domingo, 29 de janeiro, 18 soldados e 29

dissidentes morreram em dois ataques organizados por rebeldes sírios no norte do país.Além do Brasil, a Rússia também tem se esmerado em evitar uma condenação da Síria na ONU. Essa po-lítica de Moscou vem des-de a Guerra Fria, quando os soviéticos apoiavam os árabes e os EUA apoiavam Israel.Passados mais de 20 anos do fim da Guerra Fria, os motivos agora são outros. Em primeiro lugar, Mos-cou não confia no Ociden-te, e foi também contra a invasão da Tunísia. Em segundo, a Rússia vende

armas para a Síria. Mas, é incorreto dizer que são apenas os países dos Brics que têm interesse comer-cial com os ditadores ára-bes. Os EUA também ven-dem armas para a Arábia Saudita e para Bahrein, que também possuem regi-mes opressores.Em terceiro lugar, a Rús-sia tem uma base militar na costa síria. O regime de Damasco foi um aliado de Moscou na Guerra fria. A Rússia não quer tirar sua base e ficar sem apoio no Oriente Médio. Vale lem-brar que os EUA também possuem bases em Bahrein, e por isso são contra qual-quer tentativa de reprimir a monarquia Al-Khalifa. Por último, a Rússia tem outra visão do que acon-tece na Síria, querendo primordialmente defender seus interesses econômi-cos. Para o governo russo, pouco importa o massacre de civis, contanto que no poder esteja um ditador que continue beneficiando os in-tercâmbios comerciais.Posso entender que cada país tem que defender seus interesses políticos e eco-nômicos. Porém, colocar esses interesses à frente da preservação da vida dos ci-vis, isso é inadmissível!Pelo menos, esse relatório da Human Rights Watch mostra que eu não sou a única a criticar a política do Itamaraty - política que tem como especialidade defen-der ditadores e condenar de-mocracias como Israel!Agora está claro e o mun-do está vendo a unilatera-lidade do nosso governo. Vale lembrar que, na visi-ta que Dilma fez a Cuba, ela não se encontrou com nenhum dissidente. Ape-nas com a cúpula governa-mental dos irmãos Raúl e Fidel Castro. É triste, mas é este o país que vivemos. Um país que ainda enalte-ce ditadores! [LF]

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Samuel Szwarc em4 Minutos

Memória Judaica| Por Arnaldo Niskier |

TROCODemorou, mas o troco veio. Questionado pela revista britânica “The Economist” sobre quem seria o candidato óbvio do PSDB à Presidência em 2014, o ex-pre-sidente Fernando Henrique Cardoso res-pondeu de pronto: “Aécio Neves”. Con-forme vocês lembram FHC foi afastado em 2010 da campanha de José Serra sob a alegação, nunca confirmada, de que di-minuía mais do que somava. Agora, veio o troco.

BLOCOS DE RUAComo está chegando o Carnaval, a Rep-til Editora lançou o belo livro “Blocos de Rua do Carnaval do Rio de Janeiro”, com texto de Aydano André Motta. Como cresceram os blocos de Rua do Rio, mi-nha gente! Comparados com aqueles pou-cos e famosos do final dos anos 50. Fotos esplêndidas de Andre Arruda e Custodio Coimbra revelam uma nova realidade mais rica e mais numerosa. Aproveitem!

COPACABANAFalando do Rio, registro com muito pra-zer o livro da fotógrafa Kitty Paranaguá (Barléu edições), com texto de Joaquim Ferreira dos Santos, autor de um livro mágico, pelo menos para mim: “1958 – O ano que não deveria ter terminado”. Não deveria mesmo! Reveja Copacabana sob a lente delicada de uma sensível fotógrafa. Ambos os livros com a assinatura IPSIS.

DÁ PARA ENTENDER?O PMDB é de longe o maior partido da base aliada do governo federal. Por isso não dá para entender o afago até exagera-do que a Presidente Dilma faz ao Prefei-to Kassab, fundador do PSD, com vistas às eleições para a Prefeitura. O PMDB já tem um candidato, o Chalita, e o PSD anda querendo pegar uma carona na can-didatura Haddad, do PT. Os petistas his-tóricos fazem cara feia, mas ninguém tem peito pra divergir da dupla Dilma-Lula. Por que será?

DESEMPREGOEnfim uma boa notícia: o desemprego caiu pela metade entre os primeiros anos de Lula e de Dilma. Dados do IBGE mos-tram que a trajetória de queda foi mantida e o índice ficou em 6% no ano passado, ante 12,6% em 2003.

VISTOQuer outra? A concessão do visto brasilei-ro à blogueira cubana Yoani Sánchez. O problema dela, agora, vai ser tentar a per-missão de saída de Cuba. Já tentou outras 18 vezes, em vão.

BELO MUNDOA situação se agrava na Síria. A Rús-sia, por n razões conhecidas, se recusa a apoiar sanções mais concretas contra o cruel regime de Bashar Assad. “Real-politik”, como sempre. O Irá continua a levar o Ocidente na conversa, e, em ano eleitoral nos States, nada deve acontecer para brecar o avanço do programa nuclear iraniano. Na Europa, Davos não mostrou o mapa da mina e, então, ficamos na mes-ma. Reparem que não muda o discurso, nem surgem soluções mais eficazes. Po-breza geral.

Enquanto isso, Gingrich acusa o rico e prestigiado Romney de ser um destruidor implacável de empregos e um sonegador fiscal. Romney acusa o bem-sucedido e respeitável Gingrich de ser um mentiroso e traidor de seu eleitorado durante o seu mandado no Congresso. Amenidades... Vamos aguardar as primárias importantes da Flórida. No esporte, quem viu Djoko derrotar Nadal em Melbourne já viu tudo em matéria de tênis. Supimpa!

NA TERRINHAEstamos às vésperas do Carnaval, então nada de importante vai acontecer mesmo. Mais alguma denúncias de desvios de di-nheiro público – que parece não comover mais – que não prosperarão em razão das costumeiras impunidades. E esse campeo-nato estadual de futebol, na fórmula atual, continua desinteressante e sonolento. A quem aproveita?

FRASES“Ser contestado é ser constatado”- Victor Hugo (1802-1885) – escritor francês.

“Cada um de nós é um grão de pó que o vento da vida levanta e depois deixa cair” – Fernando Pessoa (1888-1935) – poeta português.

“Uma pessoa ociosa é tão inútil quanto um relógio sem ponteiros” – William Co-wper (1731-1800) – poeta inglês.

“A – 19386: tia, o que significa isso inscrito no seu braço?”

Garoto ainda, em visita ao Estado de Israel, fui conhecer uma das irmãs do meu pai, a tia Rosza. Ela pediu que eu sentasse e, pacientemente, contou-me sua memória dolorida do Holo-causto. Muito jovem, foi aprisionada pelos nazistas e levada sem contem-plação para o campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia ocupada. Foi marcada, como se fosse gado, com a inscrição que havia despertado a minha curiosidade. E só foi salva porque se fingiu de morta, durante três dias, num monte de cadáveres de judeus assassinados. Aproveitou-se de um descuido da vigilância e fugiu para uma floresta próxima, ganhando a sonhada liberdade.

Dói mais ainda, em nosso espírito, saber que boa parte da minha família, natural da cidade de Ostrowiec, foi vítima da bestial violência nazista. O mesmo ocorreu com familiares da minha mãe, Fany, natural da pequena cidade de Osiec. De todos os seus pa-rentes, sobrou apenas uma sobrinha, hoje vivendo em Haifa.

Os judeus são um povo de memória, qualidade que vem desde os tempos bíblicos. Foi transmitida de geração em geração por intermédio da tradi-ção oral inscrita em diversas coleções reunidas sob o nome de Midrash.

Por isso mesmo, é importante mani-festar o nosso sentimento no Dia In-ternacional do Holocausto. Vivendo essa tragédia, de forma direta ou in-direta, é preciso manter acesa a nossa

repulsa pelas violências inomináveis perpetradas pelo nazismo e seus su-cedâneos, nos dias de hoje. Como jornalista, pude conhecer o campo de trabalhos forçados de Buchenwald, na então Alemanha Oriental. Ali morreram de fome, de sede e de frio, cerca de 60 mil judeus, quase todos nascidos na própria Alemanha.

É preciso relembrar esses fatos para que não mais se repitam. E para es-clarecimento sobretudo dos jovens, que devem manter viva a chama da revolta pelo assassinato de 6 milhões de pessoas, que pagaram com a vida pelo fato de terem nascido sob as bênçãos da estrela de David.

Bem fez o sistema estadual de educa-ção do Rio de Janeiro ao determinar a inclusão do estudo do Holocausto na grade curricular do ensino médio. Os jovens, de todas as religiões, de-vem conhecer os pormenores dessa tragédia.

Na última visita a Israel, em compa-nhia da esposa, filhos e netas, fomos ao Museu do Holocausto, em Jerusa-lém. Emoção maior não pode exis-tir, levando todos às lágrimas. Num grande anfiteatro, totalmente escuro, somos guiados no interior do museu por uma voz monocórdia, que ia reci-tando, sem interrupção, os nomes de um milhão e meio de crianças judias que morreram na Shoah.

Precisamos dizer ao mundo que não nos conformamos com os efeitos trá-gicos da “solução final” e que lutare-mos, com todas as nossas forças, para que fatos assim jamais se repitam.

Academia Brasileira de Letras e Presidente do CIEE/RJ e Doutor em Educação.

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Prédica da semana

Fale ConoscoTel. (11) 3259-9511

Redação: [email protected]

Expediente: Diretor: Nessim Hamaoui Edição e Arte: Juliana Cilene Cirera Colaboradores: David Tabacof, Lilian Fortes, Marcos Zeitoune e Samuel Szwarc .Redação: Adriana Feder Circulação e Assinatura: Beatriz Martins Comercial: Caroline Andrade

Shalom é uma publicação de Nessim Hamaoui Editor ISSN 1806-0056. Jornalista responsável Ivone Monteiro (MTB 15.800). Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, não representando a opinião da redação. Rua Luis Coelho, 308 cj. 21 CEP 01309-903 Tel. (11) 3259-6211 São Paulo - SP

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|Por Rabino Henry I. Sobel |

Amigos: será que existe outra vida depois desta? Ou será que esta é a única vida que temos!

A questão da vida no além tem sido debatida ao longo da história e cada religião tem seus próprios conceitos a este res-peito. De acordo com o judaísmo, existe sim um mundo vindouro. Os rabinos o explicam por meio de uma parábola:

Imaginem dois gêmeos conversando no útero materno. Um deles, mais místico, acredita que haja outro mundo além do útero. O outro acha tal crença “irracional”. De repente, aquele que acredita é expelido para fora do útero. O outro, que fica para trás, encara isto como uma morte, uma catástrofe que se abateu sobre seu irmão. Mas lá fora, uma porção de gente está festejando. Porque o que acaba de acontecer é um nascimento!

Amigos: talvez o morrer seja também um nascer!

Uma boa semana para vocês!

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Eleição do Conselho Deliberativo da Hebraica

Passe o Carnaval com a Wizo

Base SciELO aprova Revista Einstein

Nova sede da Comunidade Shalom

2ª Mostra de artes cênicas No Palco!

Unibes lança promoção no Facebook

FIERJ recorda o Holocausto

Comunidade

A Federação Israelita do Rio de Janeiro (FIERJ) realizou cerimônia na Sinagoga de Copacabana em homenagem ao Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocaus-to. O evento teve apresentação do Coral Kol Haneshamá, sob a regência do chazan David Alhadeff. Também houve o acendimento de velas por sobreviventes do Holocausto. A apresentação do evento coube a Marcelo Berman. Representantes da FIERJ, da Conib e de outras religiões prestigiaram a cerimônia, além de autoridades e sobrevi-ventes do Holocausto. O acadêmico Arnaldo Niskier, con-vidado especial da cerimônia, enfatizou: “Não sei se hoje seríamos 43 milhões de judeus caso o Holocausto não tivesse acontecido, mas sei que nós, judeus, temos mais de 100 Prê-mios Nobel”Aleksander Laks, presidente da S)herit Hapleitá/RJ (Asso-ciação Brasileira dos Israelitas Sobreviventes do Holocausto, destacou: “Que, no futuro, ninguém tenha o meu passado. Nunca perdoar. Nunca esquecer. Holocausto, nunca mais!”.

A Revista Einstein recebeu em dezembro de 2011 a aprovação da base SciELO – Scien-tific Eletronic Library Online, para indexação da publicação em seu acervo.Desde 2003, a publicação trimestral é usada para divulgação científica editada pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa. Esta aprovação é importante porque a SciELO é uma das bases mais reconhecidas no meio científico internacional para pesquisa e difusão do conhecimento em medicina.Em seus oito anos de existência, a revista einstein vem apresentando trabalhos com abrangência em diversos temas da medicina, além de assuntos relacionados à assistên-cia e à saúde em geral.Seu sucesso foi possível devido ao trabalho iniciado pelo Dr. Eric Roger Wroclawski, em 2003, e que continua com a dedicação do atual editor-chefe da revista, Dr. Sidney Glina, bem como ao apoio de sua equipe de edição e produção.“Para a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, a indexação da Re-vista Einstein na base SciELO foi uma das maiores conquistas de 2011 no campo de Ensino e Pesquisa”, afirma o Dr. Claudio Lottenberg, presidente da instituição. “Mais do que isso, ela representa apenas uma das etapas rumo à excelência no desenvolvimen-to do trabalho científico e na disseminação do conhecimento, que são objetivos muito importantes para o Einstein”, conclui.

A Comunidade Shalom tem uma nova sede no bairro do Itaim, em São Paulo. Com 2,2 mil m2 de área construída, a edificação inclui uma sinagoga, um centro comunitário, administração, salas de aula, biblioteca, salão para refeições, auditório, mikvá, entre outros ambientes, além de amplas áreas verdes para recreação, meditação, ou reuniões ao ar li-vre. A obra, gerenciada pela Tessler Engenharia, foi entregue em dezembro. O projeto, do escritório Brasil Arquitetura, é marcante e harmoniza empenas de concreto pigmentado de azul, panos de vidro, jardins e espaços flexíveis que servem tanto para usos cerimoniais quanto culturais.O espaço, com capacidade para 250 pessoas e entrada prin-cipal pela Rua das Fiandeiras, expressa uma nova visão do mundo espiritual judaico, destacando-se por ser uma sina-goga igualitária, pluralista, inclusiva, comprometida com a renovação judaica.

Para quem quer ficar longe da folia e mesmo assim fazer uma animada viagem neste carnaval, a WIZO oferece cin-co dias em Curitiba, no pacote que inclui passagem aérea (ida e volta), hotel, pensão completa, passeios, guia acom-panhante e seguro viagem. No programa, um belíssimo passeio de trem até Morretes e visita ao recém inaugurado Museu do Holocausto, o primeiro do gênero no Brasil. In-formações: (11) 3257-0100, com Liane.

Tradicionalmente envolvi-do com artes cênicas atra-vés de atividades regulares e pontuais na sua progra-mação anual, o Centro da Cultura Judaica realiza em abril deste ano a segunda Mostra de Artes Cênicas No Palco!Em 2012 a Mos-tra amplia sua programa-ção com peças encomen-dadas e novos parceiros, entre os quais o SESC-SP e o Goethe-Institut.De forma similar à edição anterior, a programação se articula ao redor de três peças principais, duas das quais inéditas e especial-mente montadas para a Mostra. Diversas ativida-des paralelas (workshops, encontros, oficinas, con-tações de histórias, proje-ções, etc.), serao organiza-das ao redor da Mostra.Concentradas no mês de abril, serão realizadas apresentações do teatro experimental da diretora argentina Vivi Tellas, e do projeto Kikar, desenvol-vido em parceria com o Goethe-Institut e o SESC-SP, com o jovem coreógra-fo israelense radicado em Berlim, Nir de Volff.

Você curte fazer o bem? Este é o nome da promo-ção lançada pela UNIBES na página da instituição no Facebook. Com o objetivo de promover as pré-estreias beneficentes do musical “Um Violinista no Telha-do”, a ação vai sortear qua-tro pares de ingressos para as duas noites desta super-produção que chega a São Paulo nos dias 04 e 11 de março no Teatro Alfa.É possível se cadastrar na promoção através da aba “promoções” localizada no menu ao lado direto da pá-gina virtual da Unibes. O internauta precisa “curtir” a página da UNIBES no Facebook (www.facebook.com/unibes), inscrever-se na promoção e escrever uma frase sobre fazer o bem. Confira o regulamen-to completo: http://goo.gl/fRz1j.

Fechando a agenda de reuniões de 2011, o Conselho Deliberativo da Hebraica elegeu a Mesa Diretora para a gestão 2012/2013.Pouco antes de ser eleito por aclamação, o candidato Peter T.G.Weiss, que foi presiden-te do Executivo do clube entre 2006 e 2008, se pronunciou saudando e agradecendo a todos, relembrando seu histórico como hebraicano e suas contribuições, desde 1970. Citou sua equipe Horácio Lewinski e Cláudio Sternfeld, como Vice-Presidentes, Luiz Flavio Lo-bel, como primeiro secretário, Fernando Rosenthal como segundo secretário, Silvia Hidal, Célia Burd e Ary Friedenbach como assessores, desejando Chag Sameach a todos. Na ocasião, os conselheiros elegeram Abramo Douek presidente do Executivo para a gestão. Em sendo chapa única, Douek informou a todos a composição de sua cha-pa: Vice-Presidente Administrativo: Mendel L. Szlejf, Vice-Presidente de Patrimônio: Nelson Glezer, Vice-Presidente de Esportes: Avraham Gelberg, Vice-Presidente Social e Cultural: Alan Cimerman, Vice-Presidente de Juventude: Móises Singal Gordon, Se-cretário-Geral: Abraham Avi Meizler, Secretário: Jairo Haber, Tesoureiro Geral: Luiz David Gabor e Tesoureiro: Alberto Sapocznik.

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Halachá Ortodoxa e Polidoxa

16 Página Aberta 05 de Fevereiro de 2012

Um judeu ortodoxo praticante vive “pela” Halachá. Um judeu conservador/massortí comprometido vive “com” a Halachá. Um judeu reformista praticante considera a Halachá um “guia”, não um “governo”, para citar a feliz frase do rabino Solomon B. Freehof em um de seus vários volumes de Responsa Reformis-ta. Para o presente, vamos identificar o judeu ou judia – ortodoxo, conservador ou reformista – pela sinagoga à qual ele ou ela está filiado, e não por aquilo que ele ou ela se declara ser.

Devemos nos lembrar, porém, que pelo outro critério válido, um judeu(judia) ortodoxo(a) pode ser intei-ramente não-praticante e não-filiado e ainda, apesar disso, por auto-identificação ele(a) afirma que a sua preferência é pela Halachá ortodoxa; que o judaísmo ortodoxo é o judaísmo correto; que se ele(a) fosse se filiar ou apoiar alguma sinagoga, seria uma sinagoga ortodoxa; que para as suas necessidades durante o ci-clo da vida, é por um rabino ortodoxo que ele(a) irá procurar; e assim por diante. Esse judeu também é, por uma determinada lógica, definido como judeu ortodo-xo. E o mesmo serve para judeus reformistas e conser-vadores não-praticantes e não-filiados.

Essas várias definições, embora imprecisas em certos contextos, irão todavia servir aos nossos propósitos. Como as diferenciações são confusas, a distinção entre os movimentos é menos importante quando esbarra-mos nas fronteiras de uma questão muito mais con-troversa: Quem é judeu? As questões às quais estamos dirigindo aqui são se a Halachá ortodoxa, conserva-dora e reformista ainda são a mesma Halachá, e se a formulação “conversão de acordo com a Halachá” faz algum sentido no conflito “Quem é judeu?”. Para ambas as questões a resposta deve ser negativa.

Primeiro devemos nos lembrar que hoje em dia, as-sim como na maioria das épocas anteriores, não existe um judaísmo como um único sistema monolítico de pensamentos religiosos e de comportamento; mais sim judaísmos. Muitos judeus sustentam que é essa mesma pluralidade e diversidade de movimentos e expressões judaicos que enriquecem o nosso modo ou modos de vida. Nós somos um só povo, com diversas tonali-dades e colorações religiosas. Eis a tão amplamente empregada metáfora do arco-íris do judaísmo e, ainda assim, tão apropriada. Todas as variedades do judaís-mo contemporário, do Hassidismo ao Reconstrucio-nismo – cada uma preciosa, autêntica, genuína e legí-tima – refletem o nosso espírito religioso. Nós temos sorte de que muitos movimentos judaicos competem pela nossa lealdade e contribuem para a nossa cultura e modos de vida. E apesar de sermos um só povo com diferentes colorações étnicas, para o nosso bem maior também somos sui generis – o que significa que um dicionário padrão não pode definir para nós o que so-mos. Somente nós podemos fazer essa determinação, mesmo que discordemos de outros entre nós a respeito desta determinação e dependendo de qual movimento judaico moderno esses outros pertençam.Nós, o povo judeu de hoje, somos obrigados a decidir quem é judeu e o que os judeus são. Aqueles dentre nós que são judeus israelenses entendem que em Is-rael, por razões políticas, a nossa vida religiosa se ex-pressa como uma polaridade - ou é tudo ou perto do quase-nada. Mais precisamente, judaísmo ortodoxo de um lado, com aqueles que inadequadamente se auto-denominam como “os religiosos”; e uma negação se-cular da ortodoxia pelos “não-religiosos”. Ou para ser ainda mais preciso, aqui em Israel uma pequena parte da extrema-direita do arco-íris judaico (da super-ultra-ortodoxia para a ultra-ortodoxia, e desta para a orto-

doxia) esmaga o grande número de judeus polidoxos comprometidos (com o qual este escritor se identifica). Em contrapartida, na diáspora — na Europa, e prin-cipalmente nos Estados Unidos — um arco-íris mais amplo da expressão judaica e vida religiosa acrescen-ta, enriquece e permite escolhas alternativas para os indivíduos.

Lamentavelmente, nós judeus israelenses devemos confessar que nossas escolhas judaicas são estreitas e limitadas ao extremo. Nós merecemos uma seleção melhor, vinda dos segmentos multicores do arco-íris, do que nós temos atualmente. O instinto e a inteligên-cia sugerem que aqui as escolhas judaicas deveriam ser maiores, e não menores. A diversidade oferece o potencial para maior unidade pela razão que menos judeus são forçados para a marginalidade da vida ju-daica por quererem uma vida judaica espiritual, sem falar na oportunidade de se praticar a tolerância e a harmonia dentro da diversidade. A questão é: Será que o judaísmo continuar aqui tão estreito, com um alcanço restrito de A a C, ou será que a sua abrangên-cia deve ser ampliada — seguindo a sua própria lógica histórica e sociológica — de A a Z, com todas as nu-ances e variações criativas que o judaísmo é capaz de acomodar e dar expressão?

Judaísmo não é sinônimo de Halachá, mas o judaísmo não existe sem ela. Há judaísmos no plural exatamente devido aos vários caminhos da Halachá. E por outro lado, graças às várias vias da Halachá é que existem judaísmos no plural. Observe as casas de Shamai e Hillel, duas diferentes e conflitantes escolas de filoso-fia de Halachá do passado. Portanto nós não devemos ficar surpresos, pois estas diferenças sempre existiram.

Reeve Robert Brenner é rabino da congregação reformista Bet Chesed em Bethesda, estado de Maryland, EUA, e morava em Israel quando o artigo foi escrito. Tradução: Adriana Lacerda - Edição: Uri Lam

| Por Rabino Reeve Robert Brenner |

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