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Páginas 499-513 EIXO TEMÁTICO: ( ) Biodiversidade e Unidade de Conservação ( ) Gestão e Gerenciamento dos Resíduos ( ) Campo, Agronegócio e as Práticas Sustentáveis ( X ) Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos ( ) Cidades Sustentáveis ( ) Saúde Pública e o Controle de Vetores ( ) Educação e Práticas Ambientais SIG IDRISI APLICADO NA OBTENÇÃO DE CARTAS TEMÁTICAS VISANDO O PLANEJAMENTO DOS RECURSOS NATURAIS GIS IDRISI APPLIED IN CHARTS OF OBTAINING THEMES TARGETING THE PLANNING OF NATURAL RESOURCES SIG IDRISI APLICADO EN LETRAS DE TEMAS OBTENCIÓN DIRIGIDOS A LA PLANIFICACIÓN DE RECURSOS NATURALES Sérgio Campos Prof. Dr., UNESP, Brasil [email protected] Felipe de Souza Nogueira Tagliarini Discente do Programa de Pós-Graduação em Agronomia – Energia na Agricultura, UNESP, Brasil [email protected] Bruno Timóteo Rodrigues Discente do Programa de Pós-Graduação em Agronomia – Energia na Agricultura, UNESP, Brasil [email protected]

SIG IDRISI APLICADO NA OBTENÇÃO DE CARTAS … · herramienta para determinar la letra ... geração de cartas temáticas para fins de planejamento da ... longitudes 48o 15’ 12”

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Páginas 499-513

EIXO TEMÁTICO: ( ) Biodiversidade e Unidade de Conservação ( ) Gestão e Gerenciamento dos Resíduos ( ) Campo, Agronegócio e as Práticas Sustentáveis ( X ) Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos ( ) Cidades Sustentáveis ( ) Saúde Pública e o Controle de Vetores ( ) Educação e Práticas Ambientais

SIG IDRISI APLICADO NA OBTENÇÃO DE CARTAS TEMÁTICAS VISANDO O PLANEJAMENTO DOS RECURSOS

NATURAIS

GIS IDRISI APPLIED IN CHARTS OF OBTAINING THEMES TARGETING THE PLANNING OF NATURAL RESOURCES

SIG IDRISI APLICADO EN LETRAS DE TEMAS OBTENCIÓN DIRIGIDOS A

LA PLANIFICACIÓN DE RECURSOS NATURALES

Sérgio Campos Prof. Dr., UNESP, Brasil

[email protected]

Felipe de Souza Nogueira Tagliarini Discente do Programa de Pós-Graduação em Agronomia – Energia na Agricultura, UNESP, Brasil

[email protected]

Bruno Timóteo Rodrigues Discente do Programa de Pós-Graduação em Agronomia – Energia na Agricultura, UNESP, Brasil

[email protected]

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RESUMO: A microbacia do Córrego do Petiço situada no município de Botucatu (SP) e entre as

coordenadas geográficas: 22o 46’ 54” a 22o 51’ 51” de latitude S e 48o 15’ 12” a 48o 20’ 23” W

Gr, com uma área de 3385,2ha. Os mapas temáticos foram obtidos através do SIG Idrisi Selva.

A análise dos resultados permitiu inferir que as classes de declive de 0 a 3% (áreas planas) e de

3 a 6% (áreas suavemente onduladas) representam mais de 65% da área. A unidade de solo

Latossolo Vermelho Distroférrico ocorreu em mais de 45% da área. O SIG mostrou-se uma

excelente ferramenta na determinação da carta clinográfica, demonstrando que a utilização do

geoprocessamento facilita e agiliza a obtenção dos dados, além de permitir seu

armazenamento, que poderão ser utilizados para outras análises em futuros planejamentos

ambientais.

Palavras chaves: geoprocessamento, microbacia, classes de declive, unidade de solo,

capacidade de uso do solo.

ABSTRACT: The catchment Stream Petiço located in Botucatu (SP) and between the

geographical coordinates: 22o 46 '54 "to 22o 51' 51" S latitude and 48o 15' 12"to 48o 20' 23" W

Gr with a 3385,2ha area. Thematic maps were obtained through the GIS Idrisi. The results

allow us to infer that the slope classes 0 to 3% (flat areas) and from 3 to 6% (gently corrugated

areas) represent more than 65% of the area. The ground unit Hapludox occurred in over 45%

of the area. GIS proved to be an excellent tool to determine the clinográfica letter,

demonstrating that the use of GIS facilitates and expedites data collection, and allows storage,

which can be used for further analysis in future environmental planning

Key words: geoprocessing, watershed, slope classes, soil unit, land use capacity.

RESUMEN: La corriente de captación Petiço ubicada en Botucatu (SP) y entre las coordenadas

geográficas: 22o 46' 42" a los 22o 51' 51" de latitud S y 48o 15' 12 "a 48o 20' 23" W Gr con una

3385,2ha área. Los mapas temáticos se obtuvieron a través del SIG Idrisi. Los resultados

permiten inferir que las clases de pendiente 0 a 3% (zonas planas) y de 3 a 6% (áreas

suavemente onduladas) representan más del 65% de la superficie. La unidad de la planta

Hapludox se produjo en más de 45% de la superficie. GIS demostró ser una excelente

herramienta para determinar la letra clinográfica, lo que demuestra que el uso de los SIG

facilita y agiliza la recogida de datos, y permite el almacenamiento, que puede ser usado para

su posterior análisis en la planificación futura del medio ambiente

Palabras clave: geoprocesamiento, las cuencas hidrográficas, clases de pendiente, la unidad de

suelo, capacidad de uso de la tierra.

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Introdução

Os problemas ambientais vivenciados no mundo têm mostrado níveis alarmantes de

depauperamento dos recursos naturais, principalmente do solo e da água, assoreamento e

poluição dos rios e córregos, afetando a saúde dos animais e da humanidade, causando

problemas de disponibilidade de água, queda dos níveis de produção agropecuária,

comprometendo a economia global e a qualidade de vida da população.

Além disso, vivemos um modelo socioeconômico no qual o desenvolvimento urbano

apresenta permanente conflito com o meio ambiente, devido à ausência, em muitas vezes, de

uma ocupação planejada. Neste contexto, o conhecimento das áreas de uso de uma

determinada região, além de possibilitar o direcionamento adequado do tipo de manejo,

permite identificar possíveis problemas acarretados pelo efeito das ações antrópicas sobre

essas regiões, tendo relação direta com a conservação e a exploração sustentável dos recursos

naturais.

Os sistemas de informação geográfica são considerados tipos especiais de sistemas

de informação, automatizados para armazenar, analisar e manipular dados geográficos. Essas

ferramentas revolucionaram o monitoramento e a gestão dos recursos naturaiçãoo do solo,

devido à capacidade de análise de grande quantidade de informação de diversas origens, de

forma simultânea (Câmara et al., 1996).

O presente trabalho visou a utilização de ferramentas de geoprocessamento na

geração de cartas temáticas para fins de planejamento da microbacia do Córrego Comur,

Botucatu-SP, buscando contribuir para futuras fiscalizações ambientais.

Material e Métodos

A microbacia do Córrego do Petiço está situada no município de Botucatu (SP). A

situação geográfica é definida pelas coordenadas: latitude 22o 46’ 54” a 22o 51’ 51” S e

longitudes 48o 15’ 12” a 48o 20’ 23” W Gr, com uma área de 3385,2ha.

O clima predominante do município, classificado segundo o sistema Köppen é do

tipo Cfa - clima temperado chuvoso e a direção do vento predominante é a sudeste (SE).

Os pontos de controle (coordenadas) para o georreferenciamento e os pontos de

máxima altitude para digitalização do limite da área da microbacia tiveram como base a Carta

Planialtimétrica em formato digital, editada pelo IBGE (1969), folha de Botucatu (SF-22-R-IV-3),

em escala 1:50000.

A delimitação de uma bacia hidrográfica é dada pelas linhas divisoras de água que

demarcam seu contorno foram definidas pela conformação das curvas de nível existentes nas

cartas planialtimétricas e ligam os pontos mais elevados da região em torno da drenagem.

Posteriormente, foi scannerizado e importado para o Sistema de Informações

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Geográfica – IDRISI no formato .BMP, gerado no processo de scannerização, para o formato

.IMG pelo módulo File/Import, para ser georreferenciado.

No georreferenciamento foram utilizados dois arquivos de pontos de controle, sendo

o primeiro da imagem digital e o outro, da carta topográfica de Botucatu. Foram determinadas

as coordenadas de cada ponto e com estes dados foi feito um arquivo de correspondência,

através do comando Edit do menu Database Query, presente no módulo Analysis.

Posteriormente, foi realizado a digitalização do limite foi realizada via tela do computador

através do módulo de digitalização (Digitalize).

Para elaboração do mapa de uso e ocupação do solo em imagem de satélite de 2013,

primeiramente foi elaborada uma composição falsa cor com a combinação das bandas 4, 5 e 6,

obtidas a partir da imagem do satélite LANDSAT-8, sensores OLIS e TIR, da órbita 220, ponto

76, com passagem em 23 de agosto de 2013, obtidas no catálogo de imagens do U.S.

Department of the Interior/U.S. Geological Survey. Esta composição apresenta os corpos

d’água em tons azulados, as florestas e outras formas de vegetações em tons esverdeados e os

solos expostos em tons avermelhados, pois estas apresentam um melhor conforto visual e

melhor discriminação dos alvos. O processo de composição da imagem RGB (Red Green Blue),

foi realizado utilizando-se do comando Composite do menu Display do IDRISI, combinando as

bandas na ordem 6, 5 e 4.

A seguir, foi realizado o georeferenciamento da composição, utilizando-se para isso

do módulo Reformat/Resample do SIG – IDRISI, sendo os pontos de controle obtido nas cartas

planialtimétricas do IBGE, referente ao município de Botucatu. Após o georreferenciamento,

foi feito o corte, extraindo-se apenas a área da microbacia. Para o georreferenciamento,

também foi utilizado o sistema de coordenadas planas, projeção UTM, datum Córrego Alegre.

Porém, foi utilizado dois arquivos de pontos de controle, sendo o primeiro da imagem de

satélite e o outro, da carta topográfica de Botucatu a qual, já estava georreferenciada pela

etapa anterior. Desta forma, foram determinadas as coordenadas de cada ponto e com estes

dados foi feito um arquivo de correspondência.

Após o georreferenciamento foi feito o recorte da imagem através da opção

Reformat/Window extraindo assim apenas a área da bacia como apresentado na Figura 2.

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Figura 2. Imagem georreferenciada com composição das bandas 6, 5 e 4 dos sensores OLIS e TIR do LANDSAT-8, na qual foi adicionada o limite da microbacia

Em seguida, no software CartaLinx através do comando File/Image Conversion

buscou o arquivo georreferenciado e salvou, em seguida, em File/New/Coverage/Coverage

Based Upon Bitmap abriu o mesmo arquivo para começar o processo de delimitação dos

elementos (limite, da rede de drenagem e das áreas de uso e cobertura). Para o limite e as

áreas de uso e cobertura foram criados polígonos enquanto que para a rede de drenagem,

linhas.

Quanto a elaboração dos polígonos de uso e cobertura, criou-se uma tabela, através

do menu Tables/Add Fields e em cada polígono colocou-se o número correspondente aos

elemento (ex: Mata = 1, Reflorestamento = 2, e assim sucessivamente).

Posteriormente, exportou-se estes arquivos criados para o IDRISI. A tabela de uso e

ocupação também foi exportada e transformada para raster. Através do comando Area do

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menu Database Query, pertencente ao módulo Analysis, foram determinadas as áreas e as

porcentagens de cada uso.

O mapa de solos da microbacia, extraído do mapa de solos do Município de Botucatu

(Piroli, 2002) foi importado para o SIG Idfrisi Selva pelo módulo File/Import num formato

passível de entrada, para determinação das áreas e as porcentagens de cada classe de solo

através do comando Area do menu Database Query pertencente ao módulo Analysis, bem

como, a hidrografia foi obtida da carta topográfica de Botucatu.

As classes de declividade foram obtidas através da digitalização em tela e

interpolação das curvas de nível da microbacia, sendo exportadas para o Software Arcgis 9.2,

onde foram digitalizadas e identificadas de acordo os valores de suas altitudes. Depois, foram

exportadas para o SIG Idrisi, para realização da interpolação das curvas de nível, utilizando-se

do comando TIN (Triangular Irregular Network). Tal processo consistiu no uso do arquivo

vetorial contendo as curvas de nível no módulo TIN interpolation, que efetuou a interpolação.

Posteriormente, fez-se o cálculo de declives no módulo surface e finalmente usando-se o

módulo de reclassificação de valores, reclass, os valores interpolados foram agrupados nos

intervalos de classes de declividade de 0- 3, 3-6, 6-12, 12-20, 20-40 e >40%. O mapa de

declividade foi criado a partir do modelo digital de elevação, conforme as classes de declive

utilizadas para conservação do solo.

Resultados e Discussão

A hidrografia da microbacia do Córrego do Petiço (Figura 1) mostrou que o

comprimento do canal principal tem uma extensão de 7,54 km, que vem sendo ocupado com

cana-de-açúcar em área de preservação permanente do curso d’água (Moreira et al., 2010),

provocando o assoreamento da nascente do córrego, em virtude do manejo inadequado do

solo pela usina.

Figura 1 – Áreas de Preservação de Permanente do Córrego do Petiço – Botucatu (SP).

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O mapeamento do uso da terra a partir das imagens de satélite do LANDSAT–8

permitiu identificar seis classes de uso e ocupação do solo, como podem ser observados na

Tabela 1, onde a principal ocorrência de uso do solo corresponde ao reflorestamento com

43,70 % seguido pela mata ciliar e pastagem com 28,56 % e 24,56 % respectivamente.

As áreas de mata (fragmentos de vegetação nativa) apresentam apenas vestígios de

sua cobertura vegetal original, totalizando apenas 0,68 % (23,07 ha) da área total da bacia,

onde vestígios de Mata Atlântica e as planícies de Cerrados diminuem progressivamente

devido principalmente a expansão de atividades como o reflorestamento (eucalipto), com uma

área de 1479,22 ha e a criação extensiva de gado, com área de 831,42 ha (Figura 2).

Figura 2 – Uso e ocupação da terra em Áreas de Preservação de Permanente do Córrego do

Petiço – Botucatu (SP).

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Tabela 1. Mapa de uso e ocupação do solo obtido por imagens de satélite de 2013.

Apesar de porcentagens elevadas nos mais diversos usos da terra e praticamente a

inexistência de práticas conservacionistas de solo nas áreas de pastagem, as áreas de mata

ciliar e mata (fragmentos de vegetação nativa) se encontram na ordem de 29,34% (989,98 ha)

da cobertura da do microbacia do Córrego do Petiço, pois além da existência de APP e reservas

legais, torna-se fundamental que esteja coberta por tais grupos de vegetação, onde estes

reduzem o transporte de material nos cursos d'água, o assoreamento em suas margens,

minimizando processos erosivos (SILVA, 1996).

As APP dos leitos dos rios e suas respectivas nascentes estão ocupadas por poucos

usos conflitantes da terra, porém que representam expressiva área, assim sendo considerado

de grande impacto negativo, pois essas áreas se mal manejadas podem causar contaminação

das águas, comprometendo sua qualidade, além de assoreamento dos cursos d’água afetando

no futuro a demanda hídrica da microbacia.

Vale ressaltar que no desenvolvimento do presente estudo, os conflitos de uso da

terra em áreas de preservação permanente foram analisados somente ao longo da rede de

drenagem e nascentes da bacia (APP hídricas), não sendo analisadas as categorias de APP

situadas no terço superior dos morros e encostas com declividade superior a 45°, conforme

itens dos artigos 2º e 3º da Resolução nº 303 do CONAMA.

Do total de APP, estão sendo utilizadas de maneira incorreta, principalmente no que

se refere à proteção dos cursos d’água com base na Lei Florestal, 19,86 % (56,54 ha), como

pode ser observado na Tabela 2. A vegetação nativa vêm sendo alvo das atividades antrópicas,

Classes de Uso do solo Uso e Ocupação do Solo

2013

ha %

Mata ciliar 2056,71 60,75

Reflorestamento 811,56 23,97

Pastagem 360,47 10,65

Solo exposto 156,46 4,63

Várzea - -

Mata - -

Represa - -

Total 3385,20 100

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gerando interesses conflitantes de uso e ocupação do solo, ocasionando na supressão de parte

da vegetação ao longo dos cursos d’água e nas nascentes, principalmente nas áreas que fazem

divisa com pastagens (Figura 4).

O total de APP na microbacia do Córrego do Petiço, somando-se os 30 m de cada

margem dos cursos d’água mais os 50 m de raio em cada nascente, conforme a Lei nº 12.727

rege, tem-se um total de 284,77 ha (Figura 3).

Como pode ser observado, dos 100 % das áreas de preservação permanente do

Córrego do Petiço, 67,32 % são referentes à mata ciliar. A pastagem invadiu boa parte da área,

contribuindo na ordem de 15,01%, ocorrendo tanto em nascentes como ao longo de cursos

d’água, onde a mesma se constitui como cobertura vegetal totalmente indevida por ser um

agente degradante devido à menor proteção do solo, lenta regeneração natural e manejo

indevido.

Além das pastagens, outra atividade de caráter conflitante encontrada ocupando as

nascentes e margens dos cursos d’água, porém em menor escala de degradação é o

reflorestamento com 4,85 % (13,80 ha), tendo como pressuposição de que conforme a

legislação vigente, os valores de conflito de uso do solo em APP deveriam ser iguais à zero.

Porém vale resaltar que onde há divisa de APP com áreas de reflorestamento há uma maior

proteção e integralidade das APP, principalmente devido às certificações que as empresas

desse ramo possuem que prezam pela manutenção da biodiversidade e o seguimento da

legislação florestal vigente.

Figura 3 – Conflitos de uso da terra em Áreas de Preservação de Permanente do Córrego do

Petiço – Botucatu (SP).

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Fica evidenciada a notória necessidade de um projeto que possua técnicas

mitigatórias para a recomposição da vegetação nativa na APP, devido à degradação ambiental

relacionada com a falta de planejamento do uso do solo, causando fragilidade nas zonas de

conflito. Deste modo, ressalta-se a necessidade da recomposição da vegetação arbórea nas

matas ciliares (SOARES et. al., 2002), tanto ao longo das margens dos cursos d'água quanto das

nascentes, utilizando-se de técnicas de recuperação de áreas degradadas e restauração

florestal, assim preservando o meio ambiente de maneira a unificar o contexto jurídico frente

ao código florestal.

As curvas de nível da microbacia (Figura 4) demonstram que houve uma variação de

altitudes de 480 a 760 m, sendo que as maiores altitudes prevaleceram nas nascentes dos

cursos d’água.

Figura 4 - Planialtimetria da microbacia do Córrego do Petiço – Botucatu (SP).

As áreas com relevo ondulado e declive de 6 a 12% (Figura 5), representando 13,21%

da área total da microbacia (227,24 ha) são indicadas para o plantio de culturas anuais com o

uso de práticas de conservação do solo, segundo Lepsch et al (1991).

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Figura 5. Clinografia da microbacia do Córrego do Petiço – Botucatu (SP).

O relevo forte ondulado (declive de 12 a 20%), indicado para a exploração de

culturas permanentes, que proporcionam proteção ao solo, apresenta 1,94% (33,40 ha) da

área da microbacia, enquanto que o relevo acidentado (declive de 20 a 40%), indicado para o

desenvolvimento da pecuária e da silvicultura, predominou em apenas 0,91% (15,75 ha).

As áreas com mais de 40% de declividade representaram 16,53% (284,25 ha) da área

da microbacia. Essas áreas, classificadas como relevo montanhoso por Chiarini & Donzeli

(1973) e por Lepsch et al. (1991) são terras propícias para o cultivo com silvicultura e

pastagens, com limitações.

Pode-se dizer que a microbacia apresenta-se com grande potencial agricultável, pois

apresenta quase 82,55% propício para o cultivo com culturas anuais e permanentes, ou seja,

com declividade variando de 0 a 20%.

As regiões planas (declive de 0 a 3 %) e suave onduladas (declive de 3 a 6 %)

representam 23,18 % (784,56 ha) da área total, nessas classes onde o trabalho mecanizado

usual é de fácil operação, é indicado o uso de culturas anuais com práticas simples de

conservação do solo, como o plantio em nível que pode controlar o processo erosivo do solo.

As áreas com relevo ondulado (declive de 6 a 12 %) com 45,59 % (1543,21 ha), que são as mais

abundantes na área de estudo, são indicadas para o plantio de culturas anuais com o uso de

práticas complexas de conservação do solo, de acordo com Lepsch et al. (1991).

O relevo forte ondulado (declive de 12 a 20 %) indicado para a exploração de culturas

permanentes, que proporcionam proteção ao solo, predomina em 22,83 % (772,87 ha) da área

da microbacia, enquanto que o relevo montanhoso (declive de 20 a 40 %), indicado para

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culturas perenes, podendo ainda ser utilizado para preservação ambiental, evitando-se dessa

maneira a erosão do solo, predominou em 8,15% (275,75 ha) da área. As áreas com

declividade maior que 40 %, relevo escarpado, representaram somente 0,26 % (8,81 ha) da

área da microbacia. Essas áreas são terras propícias para o cultivo com silvicultura e pastagens,

porém com limitações (LEPSCH et al., 1991). Na Figura 2 e Tabela 3 estão representadas as

classes de declividade ocorrentes na microbacia.

Com base nesses resultados, pode-se inferir que as classes de declive de 0 a 12 %,

classificadas como relevo plano a suave ondulado e que segundo Lepsch et al. (1991) são

terras propícias para exploração com culturas anuais, com uso da mecanização, predominaram

em 68,77 % (2327,77 ha) da área da microbacia.

Os solos (Figura 6) ocorrentes na área estudada mostram que a unidade de solo mais

significativa na área é o Latossolo Vermelho Distroférrico (45,64%). As outras unidades de solo

encontradas foram: Nitossolo Vermelho Distroférrico (23,35%); o Neossolo Litólicos Eutrófico

(15,27%), o Neossolo Quartzarênico Órtico (9,16%) e o Gleissolo Háplico Tb (6,59%).

Figura 6. Classes de Solos da microbacia do Córrego do Petiço – Botucatu (SP).

O tipo de solo mais significativo encontrado na microbacia foi o RQotípico, que possui

textura arenosa, com 84,58 % (2863,33 ha) de abrangência. Os solos com baixa fertilidade

natural, como o RQotípico e o GXbd, são os que predominam na área de estudo, representando

96,12 % (3254,08 ha) da microbacia (Figura 3 e Tabela 4).

Os solos de textura arenosa, RQotípico e PVAd2, são predominantes na área com 88,37

% (2991,64 ha) de abrangência, estes solos apresentam estruturas frágeis e são susceptíveis a

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erosão, além de possuírem baixa fertilidade natural (CAMPOS et., 2002). Para esses solos, a

probabilidade de erosão aumenta com a diminuição de sua cobertura vegetal, pelas

características apresentadas, os melhores usos visando uma melhor proteção do solo, seriam

manutenção da vegetação nativa, reflorestamento com culturas como eucalipto e pinus, ou

pastagens.

Os solos hidromórficos, representado pelo GXbd, que está presente em 11, 54 %

(390,75 ha) de área da microbacia, é encontrado em baixadas, no entorno de cursos d’água,

geralmente em áreas encharcadas e alagadiças, apresentando baixa fertilidade natural. Para

esse tipo de solo o melhor uso de acordo com suas características, visando à conservação do

solo, é a manutenção da vegetação ciliar nativa.

A classificação do solo pelo sistema de subclasses de capacidade de uso fundamenta-

se na classificação quantitativa das terras, baseado no cruzamento das classes de solo com as

de declividade, sendo voltada para suas limitações e utilizações segundo os princípios da

conservação de solo (LEPSCH et al., 1991). Na sequência os demais parâmetros foram

avaliados através da tabela de julgamento até se obter as classes e subclasses de capacidade

de uso da terra, de acordo com Zimback e Rodrigues (1993).

A subclasse IIIs com 28,86 % e 706,25 há (Figura 7) apresenta limitação por

problemas de solo, de acordo com Lepsch et al. (1991), são terras com problemas complexos

de conservação e/ou de manutenção, recomenda-se práticas de conservação do solo com

destaque para as de caráter edáfico, pois o seu maior problema é relativo a fertilidade natural

do solo, não apresentando maiores restrições quanto à ocupação por culturas agrícolas.

Figura 7. Capacidade de uso das terras da microbacia do Córrego do Petiço – Botucatu (SP).

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A subclasse IIIs,e com 41,12 % (1391,83 ha) da área da microbacia foi a mais

representativa, mostrando se tratarem de terras que podem ser utilizadas para fins agrícolas,

desde que cultivadas com cuidados especiais, como práticas conservacionistas de solo de

caráter vegetativo, edáfico e mecânico, pois apresenta limitações por problemas de solo (baixa

fertilidade natural) e erosões, já que estas terras ficam sujeitas a severos riscos de

depauperamento, principalmente quando os solos ficam expostos (sem cobertura vegetal), de

acordo com Lepsch et al. (1991).

Na subclasse IVs, com 0,08 % (2,81 ha) de área (Figura 4 e Tabela 5), estão localizados

os solos limitados pela profundidade efetiva, rasa e apresentando pedregosidade (LEPSCH et

al., 1991). Estas características causam problemas a mecanização. Os solos podem apresentar

ainda problemas de baixa capacidade de retenção de água e problemas de fertilidade, sendo

que práticas de caráter vegetativo e edáfico são as mais adequadas para a proteção destes

solos sob a ótica conservacionista, apesar das dificuldades que estes oferecem ao manejo.

Conclusões

Os resultados permitiram concluir que a cana-de-açúcar vem ocupando áreas de

preservação permanente, provocando o assoreamento da nascente do córrego, devido ao

manejo inadequado do solo pela usina.

A classe de declive de 3 a 6 % (suavemente ondulado) e a unidade de solo Latossolo

Vermelho Distroférrico foram as mais significativas na microbacia.

A imagem de satélite e o SIG Idrisi Selva demonstraram ser uma excelente

ferramenta para determinação dos mapas temáticos que poderão ser utilizados para outras

análises em futuros planejamentos da área.

Referências Bibliográficas

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