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jan - fev 2019 siradx - boletim nº 11 sistema de indicação por radar de desmatamento na bacia do xingu vetores de pressão estrada aberta em 2019 estradas desmatamento acumulado até dezembro de 2017 desmatamento 2018 desmatamento 2019 terras indígenas corpos d’água 1 Altamira 2 TI Koatinemo 3 TI Arawaté/Igarapé Ipixuna 4 TI Ituna/Itatá 5 TI Paquiçamba 6 TI Arara da Volta Grande do Xingu 7 TI Trincheira/Bacajá 8 Anapu 1 Senador José Porfírio 2 Altamira 3 Medicilândia 4 Itaituba 5 EF - 170 - Ferrogrão 6 Marcelândia 7 Cláudia 8 União do Sul 9 Santa Carmem 10 Feliz Natal 11 Querência 12 Canarana 0 75 150 300 450 600 km desmatamento 2019 desmatamento 2018 desmatamento acumulado até dezembro 2017 bacia hidrográfica do rio xingu corredor de diversidade socioambiental do xingu áreas protegidas ferrovias estradas corpos d’água áreas críticas ÁREAS CRÍTICAS MT 66,4% PA 33,6% RESULTADOS No final de 2018, o desmatamento no Pará era maior em relação ao desma- tamento no Mato Grosso. No início do ano essa tendência se inverteu e a porção mato grossense da bacia apresentou um desmatamento maior: 64% (3.638 ha) em janeiro e 70% (2.008 ha) em fevereiro. Observou-se um aumento em comparação com as taxas referentes ao mesmo mês do ano de 2018 nos dois estados. O Pará apresentou um aumento de 145% no desmata- mento, enquanto o estado do Mato Grosso teve 204% a mais em relação ao mesmo período do ano passado. 145% 204% aumento do desmatamento no pará em relação aos dois primeiros meses do ano e o mesmo período de 2018 aumento do desmatamento no mato grosso em relação aos dois primeiros meses do ano e o mesmo período de 2018 N S E W Veja em tempo real os polígonos de desmatamento no Observatório Xingu www.xingumais.org.br/observatorios/degradacao. Cadastre-se para receber o Boletim SIRAD X. Escreva um email para a gente no [email protected] O Boletim SIRAD X é publicado na Plataforma Rede Xingu + (www.xingumais.org.br) Os polígonos e publicações estão disponíveis em http://bit.ly/SIRADX Houve um aumento no desmatamento em Unidades de Conservação no início do ano. Em janeiro de 2019, o acrésci- mo foi 18% em relação a dezembro. Já entre o primeiro mês do ano e fevereiro, essa taxa cresceu 77%, com 323 ha desmatados, um aumento de 46% em comparação com fevereiro de 2018. A APA Triunfo do Xingu continua com os maiores índices, representan- do sozinha 93% do total desmatado no período analisado. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO desmatados em janeiro 2.844 ha. desmatados em fevereiro 54% de aumento em relação ao mesmo período de 2018 No mês de janeiro, 5.660 hectares de desmatamento foram detectados pelo SIRAD X na bacia do Xingu, já em fevereiro o ritmo do desmatamento diminuiu e foram registrados 2.844 ha. Os 8.504 hectares de floresta des- matados até então representam um aumento de 54% no desmatamento em relação ao mesmo período de 2018, em que foram desmatados 5.504 hectares. Em fevereiro de 2019, esse aumento atingiu a marca de 184% em relação ao ano anterior. O incremento das derru- badas para agropecuária foi o principal responsável por esse aumento. 8.504 hectares de floresta desmatados em janeiro e fevereiro de 2019 de aumento em relação ao mesmo período de 2018 54% APRESENTAÇÃO jan fev mar abr 2018 2019 mai jun jul ago set out nov dez jan fev 0 pol. 1.000 pol. 500 pol. 1.500 pol. 2.000 pol. 10.000 ha 20.000 ha 30.000 ha 0 ha MUNICÍPIOS Em janeiro de 2019, dois municípios do Mato Grosso deram um salto no desmatamento, provavelmente cau- sado pela abertura de grandes áreas de floresta para cultivo de soja: Santa Carmem, com 1.119 ha, e Feliz Natal, com 706 ha. Já em fevereiro, União do Sul, no mesmo estado, apresentou um aumento de 240% em relação a janeiro, e acumula 1.139 ha desmata- dos nos dois primeiros meses do ano. São Félix do Xingu, no Pará, está em terceiro lugar no ranking dos municí- pios mais desmatados até então, com 837 ha de floresta destruídos. A maior parte do desmatamento aconteceu na APA Triunfo do Xingu e está relacionado com a abertura de pastos. Em fevereiro de 2019, o des- matamento no município aumentou 362% em relação à fevereiro de 2018. 250 500 750 1000 1250 0 União do Sul - MT Santa Carmem - MT São Félix do Xingu - PA Feliz Natal - MT Altamira - PA Paranatinga - MT Senador José Porfírio - PA Ribeirão Cascalheira - MT Anapu - PA Marcelândia - MT Canarana - MT Cláudia - MT Querência - MT área desmatada (ha) jan fev área desmatada (ha) jan fev área desmatada (ha) jan fev TERRAS INDÍGENAS Devido às fortes chuvas na região hou- ve uma redução no desmatamento em Terras Indígenas em comparação com os últimos meses do ano. O aumento dos índices em relação ao ano anterior é significativo: em janeiro, a destruição da floresta cresceu 221%, frente ao mesmo mês de 2018. Já em fevereiro, a taxa atingiu 361% a mais do que o detectado no ano passado. A TI com maior desmatamento foi Ituna/Itatá, com 453 ha. Em janeiro foi detectado um aumento de 184% em rela- ção a dezembro na TI Trincheira/Bacajá, com 226 ha desmatados, processo asso- ciado à uma invasão de colonos e madeireiros no nordeste da área. TI Ituna / Itatá TI Trincheira / Bacajá TI Cachoeira Seca do Iriri TI Kayapó TI Apyterewa TI Koatinemo 100 200 300 400 500 0 APA Triunfo do Xingu FLONA de Altamira RESEX Riozinho do Anfrísio RESEX Verde para Sempre 300 200 100 0 400 500 União do Sul Mais de 1.130 hectares foram desma- tados no município de União do Sul (MT) nos dois primeiros meses do ano, o que representa 30% do total desma- tado em 2018. Segundo os resultados preliminares do censo do IBGE/2017, mais de 196 mil toneladas de soja foram produzi- das em uma área de 59 mil hectares. É provável que o desmatamento seja destinado ao cultivo agrícola, uma vez que a expectativa da construção da Estrada de Ferro 170, a Ferrogrão, vêm aquecendo o mercado de terras. E em 2018, 17.685 hectares foram desmata- dos nos municípios de Cláudia, Feliz Natal, Marcelândia, União do Sul e Santa Carmem, todos na área de influ- ência do projeto. Se sair do papel, a obra vai conectar a região produtora de grãos do Mato Grosso aos portos de exportação no Pará, consolidando um novo corredor logístico de exportação do Brasil pela Amazônia. A construção da ferrovia deve potencializar os impactos socio- ambientais das áreas protegidas nas proximidades do seu trajeto. Terras Indígenas Ituna/Itatá e Koatinemo A região sul da Volta Grande do Xingu, no Pará, vem sofrendo um aumento acentuado nas taxas de desmatamento. O desmatamento é provocado por grupos de grileiros que agem a partir das cidades próximas (Altamira e Anapu), em direção às áreas protegi- das, constituindo “vetores de pressão”. Nos primeiros dois meses do ano, ocorreu a abertura de uma estrada no interior da TI Ituna/Itatá, mora- da de indígenas isolados. A estrada se espalhou criando ramificações e segue em direção à vizinha TI Koatine- mo, do povo Assurini, uma ocorrência sem precedentes. O ramal, aberto no meio da floresta, provavelmente está sendo utilizado por grileiros e madeireiros da região. O território é uma área com restrição de uso, que impede a circulação de não-indígenas e destina seu uso exclu- sivo aos grupos isolados. Em 9 de janeiro, a portaria (Portaria nº 17/2019) renovou a restrição de uso da área foi renovada por mais três anos. Apesar disso, foi constatada a inscri- ção de CAR em dezenas de proprie- dades dentro da área interditada, que muitas vezes se sobrepõe. Algumas áreas dentro da TI chegam a ter cinco registros de CAR, o que indicaria que o território está sendo disputado por vários grupos. estrada aberta em 2019 acumulado jan / fev 2 4 5 1 6 2 3 4 7 8 nº de polígonos área desmatada no PA área desmatada no MT vetores de pressão sobre as terras indígenas ao sul de altamira (PA) 5.660 ha. 1 2 3 4 6 7 5 8 9 10 11 12

siradx - boletim nº 11 jan - fev X 11.pdf · Carmem, com 1.119 ha, e Feliz Natal, com 706 ha. Já em fevereiro, União do Sul, no mesmo estado, apresentou um aumento de 240% em relação

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jan - fev2019

siradx - boletim nº 11sistema de indicação por radar de desmatamento na bacia do xingu

↗ vetores de pressão

estrada abertaem 2019

estradas

desmatamentoacumulado até dezembro de 2017

desmatamento2018

desmatamento2019

terras indígenas

corpos d’água

1 Altamira2 TI Koatinemo3 TI Arawaté/Igarapé Ipixuna4 TI Ituna/Itatá5 TI Paquiçamba6 TI Arara da Volta Grande do Xingu7 TI Trincheira/Bacajá8 Anapu

1 Senador José Porfírio2 Altamira3 Medicilândia4 Itaituba5 EF - 170 - Ferrogrão6 Marcelândia7 Cláudia8 União do Sul9 Santa Carmem10 Feliz Natal11 Querência12 Canarana

075

150

300

450

600km

desmatamento 2019

desmatamento2018

desmatamentoacumulado até dezembro 2017

bacia hidrográfica do rio xingu

corredor de diversidade socioambiental do xingu

áreas protegidas

ferrovias

estradas

corpos d’água

áreas críticas

ÁREAS CRÍTICAS

MT 66,4%

PA 33,6%

RESULTADOS No final de 2018, o desmatamento no Pará era maior em relação ao desma-tamento no Mato Grosso. No início do ano essa tendência se inverteu e a porção mato grossense da bacia apresentou um desmatamento maior: 64% (3.638 ha) em janeiro e 70% (2.008 ha) em fevereiro.

Observou-se um aumento em comparação com as taxas referentes ao mesmo mês do ano de 2018 nos dois estados. O Pará apresentou um aumento de 145% no desmata-mento, enquanto o estado do Mato Grosso teve 204% a mais em relação ao mesmo período do ano passado.

145%

204%

aumento do desmatamento no pará em relação aos dois primeiros meses do ano e o mesmo período de 2018

aumento do desmatamento no mato grosso em relação aos dois primeiros meses do ano e o mesmo período de 2018

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S

EW

Veja em tempo real os polígonos de desmatamento no Observatório Xingu www.xingumais.org.br/observatorios/degradacao.

Cadastre-se para receber o Boletim SIRAD X. Escreva um email para a gente no [email protected]

O Boletim SIRAD X é publicado na Plataforma Rede Xingu + (www.xingumais.org.br)

Os polígonos e publicações estão disponíveis em http://bit.ly/SIRADX

Houve um aumento no desmatamento em Unidades de Conservação no início do ano. Em janeiro de 2019, o acrésci-mo foi 18% em relação a dezembro. Já entre o primeiro mês do ano e fevereiro, essa taxa cresceu 77%, com 323 ha desmatados, um aumento de 46% em comparação com fevereiro de 2018. A APA Triunfo do Xingu continua com os maiores índices, representan-do sozinha 93% do total desmatado no período analisado.

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

desmatados em janeiro

2.844 ha.desmatados em fevereiro

↑ 54%de aumento em relação ao mesmo período de 2018

No mês de janeiro, 5.660 hectares de desmatamento foram detectados pelo SIRAD X na bacia do Xingu, já em fevereiro o ritmo do desmatamento diminuiu e foram registrados 2.844 ha.

Os 8.504 hectares de floresta des-matados até então representam um aumento de 54% no desmatamento em relação ao mesmo período de 2018, em que foram desmatados 5.504 hectares. Em fevereiro de 2019, esse aumento atingiu a marca de 184% em relação ao ano anterior. O incremento das derru-badas para agropecuária foi o principal responsável por esse aumento.

8.504 hectares de floresta desmatados em janeiro e fevereiro de 2019

de aumento em relação ao mesmo período de 201854%APRESENTAÇÃO

jan fev mar abr

2018 2019

mai jun jul ago set out nov dez jan fev

0 pol.

1.000 pol.

500 pol.

1.500 pol.

2.000 pol.

10.000 ha

20.000 ha

30.000 ha

0 ha

MUNICÍPIOS Em janeiro de 2019, dois municípios do Mato Grosso deram um salto no desmatamento, provavelmente cau-sado pela abertura de grandes áreas de floresta para cultivo de soja: Santa Carmem, com 1.119 ha, e Feliz Natal, com 706 ha. Já em fevereiro, União do Sul, no mesmo estado, apresentou um aumento de 240% em relação a janeiro, e acumula 1.139 ha desmata-dos nos dois primeiros meses do ano.

São Félix do Xingu, no Pará, está em terceiro lugar no ranking dos municí-pios mais desmatados até então, com 837 ha de floresta destruídos. A maior parte do desmatamento aconteceu na APA Triunfo do Xingu e está relacionado com a abertura de pastos. Em fevereiro de 2019, o des-matamento no município aumentou 362% em relação à fevereiro de 2018.

250 500 750 1000 12500

União do Sul - MT

Santa Carmem - MT

São Félix do Xingu - PA

Feliz Natal - MT

Altamira - PA

Paranatinga - MT

Senador José Porfírio - PA

Ribeirão Cascalheira - MT

Anapu - PA

Marcelândia - MT

Canarana - MT

Cláudia - MT

Querência - MT

área desmatada (ha)

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área desmatada (ha)

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TERRAS INDÍGENAS

Devido às fortes chuvas na região hou-ve uma redução no desmatamento em Terras Indígenas em comparação com os últimos meses do ano. O aumento dos índices em relação ao ano anterior é significativo: em janeiro, a destruição da floresta cresceu 221%, frente ao mesmo mês de 2018. Já em fevereiro, a taxa atingiu 361% a mais do que o detectado no ano passado.

A TI com maior desmatamento foi Ituna/Itatá, com 453 ha. Em janeiro foi detectado um aumento de 184% em rela-ção a dezembro na TI Trincheira/Bacajá, com 226 ha desmatados, processo asso-ciado à uma invasão de colonos e madeireiros no nordeste da área.

TI Ituna / ItatáTI Trincheira / Bacajá

TI Cachoeira Seca do IririTI Kayapó

TI ApyterewaTI Koatinemo

100 200 300 400 5000

APA Triunfo do XinguFLONA de Altamira

RESEX Riozinho do AnfrísioRESEX Verde para Sempre

3002001000 400 500

União do Sul Mais de 1.130 hectares foram desma-tados no município de União do Sul (MT) nos dois primeiros meses do ano, o que representa 30% do total desma-tado em 2018.

Segundo os resultados preliminares do censo do IBGE/2017, mais de 196 mil toneladas de soja foram produzi-das em uma área de 59 mil hectares. É provável que o desmatamento seja destinado ao cultivo agrícola, uma vez que a expectativa da construção da Estrada de Ferro 170, a Ferrogrão, vêm aquecendo o mercado de terras. E em 2018, 17.685 hectares foram desmata-dos nos municípios de Cláudia, Feliz

Natal, Marcelândia, União do Sul e Santa Carmem, todos na área de influ-ência do projeto.

Se sair do papel, a obra vai conectar a região produtora de grãos do Mato Grosso aos portos de exportação no Pará, consolidando um novo corredor logístico de exportação do Brasil pela Amazônia. A construção da ferrovia deve potencializar os impactos socio-ambientais das áreas protegidas nas proximidades do seu trajeto.

Terras Indígenas Ituna/Itatá e KoatinemoA região sul da Volta Grande do Xingu, no Pará, vem sofrendo um aumento acentuado nas taxas de desmatamento.

O desmatamento é provocado por grupos de grileiros que agem a partir das cidades próximas (Altamira e Anapu), em direção às áreas protegi-das, constituindo “vetores de pressão”.

Nos primeiros dois meses do ano, ocorreu a abertura de uma estrada no interior da TI Ituna/Itatá, mora-da de indígenas isolados. A estrada se espalhou criando ramificações e segue em direção à vizinha TI Koatine-mo, do povo Assurini, uma ocorrência sem precedentes.

O ramal, aberto no meio da floresta, provavelmente está sendo utilizado por grileiros e madeireiros da região.

O território é uma área com restrição de uso, que impede a circulação de não-indígenas e destina seu uso exclu-sivo aos grupos isolados. Em 9 de janeiro, a portaria (Portaria nº 17/2019) renovou a restrição de uso da área foi renovada por mais três anos.

Apesar disso, foi constatada a inscri-ção de CAR em dezenas de proprie-dades dentro da área interditada, que muitas vezes se sobrepõe. Algumas áreas dentro da TI chegam a ter cinco registros de CAR, o que indicaria que o território está sendo disputado por vários grupos.

estrada aberta em 2019

acumulado jan / fev

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nº de polígonos área desmatada no PA área desmatada no MT

vetores de pressão sobre as terras indígenas ao sul de altamira (PA)

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