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1 Prof. Paulo Chaves HISTÓRIA DO BRASIL SISTEMA FEUDAL As primeiras sementes da sociedade capitalista foram germinadas ainda dentro do sistema feudal. O sistema feudal foi o sistema sócio, político e econômico que marcou a Idade Média, cujas bases assentavam-se na propriedade da terra. O feudalismo possui suas origens no Império Romano Ocidental que começou a ser invadido, a partir do século III, pelos povos bárbaros, fato que provocou o seu esfacelamento. Os feudos tinham na terra a unidade básica de produção, que possuía natureza auto-suficiente, voltada para atender apenas as necessidades mais imediatas. A estrutura social esteve marcada por uma total dependência dos produtores, os servos, que nada mais possuíam a não ser sua força de trabalho, aos proprietários da terra, os senhores feudais, detentores dos meios- de- produção. A estrutura política e jurídica encontrava-se descentralizada. As leis vigentes correspondiam aos costumes da época, e, por isso mesmo, relacionadas com os interesses dos parasitários senhores de terra que impunham aos seus servos obrigações como a TALHA, a CORVÉIA e as BANALIDADES. Podemos, por tanto, sintetizar o sistema feudal como estático, com uma economia sem fins lucrativos; estamental quanto sua estrutura social e politicamente descentralizado. Origens do Sistema Feudal Apesar de muitos escritores latinos, ainda no início do século V, destacarem a grandiosidade do Império Romano, a crise econômica, provocada principalmente pela crise do escravismo, e os ataques dos povos germânicos vinham minando a civilização romana desde o século IV. Historicamente, considera-se o ano 476, data que Odoácro, rei dos hérulos, depôs Rômulo Augusto, último imperador romano ocidental, como início da Idade Média. Durante esse período, compreendido entre 476 e 1453 (queda do Império Romano do Oriente), a Europa Ocidental caracterizou-se pelo aparecimento e apogeu do feudalismo. Contudo, tal sistema não foi homogêneo. Apresentava características específicas em alguns países, mas mantinha aspectos comuns em vários segmentos. Diante da crise que se agravava dentro do Império, muitos senhores romanos abandonaram as cidades e seguiram para seus latifúndios nos campos, onde desenvolveram uma economia agrária e de subsistência. Esses centros rurais eram conhecidos como Vilas e originaram os feudos medievais. Homens comuns de menos posses passaram a buscar proteção e trabalhar nas terras desses grandes senhores. Esse sistema de trabalho nas relações servis de produção, baseado no colonato romano, foi traço essencial do feudalismo. Por sua vez, a contribuição dos povos bárbaros se deu ao nível de costumes. As tribos viviam de maneira autônoma, gerando como herança uma profunda descentralização do poder. As relações de vassalagem e suserania tiveram origem no comitatus germânico. O Comitatus Germânico representava um grupo formado de guerreiros e seu chefe, ligados por laços de fidelidade. Outra contribuição germânica foi o direito consuetudinário, baseado nos costumes e não na lei escrita. Aspectos principais do feudalismo Devemos definir o feudalismo como um sistema sócio, político e econômico, além das estruturas ideológicas (culturais). As unidades de produção dentro do feudalismo eram chamadas de feudos. Alguns senhores eram proprietários de centenas de feudos, cada um composto por um castelo, a vila ou aldeia, igreja, celeiros, fornos, açudes, pastagens e mercados, onde se trocava o que era produzido. As terras eram divididas em manso senhorial e manso servil.

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Prof. Paulo Chaves

HISTÓRIA DO BRASIL SISTEMA FEUDAL As primeiras sementes da sociedade capitalista foram germinadas ainda dentro do sistema feudal. O sistema feudal foi o sistema sócio, político e econômico que marcou a Idade Média, cujas bases assentavam-se na propriedade da terra. O feudalismo possui suas origens no Império Romano Ocidental que começou a ser invadido, a partir do século III, pelos povos bárbaros, fato que provocou o seu esfacelamento. Os feudos tinham na terra a unidade básica de produção, que possuía natureza auto-suficiente, voltada para atender apenas as necessidades mais imediatas. A estrutura social esteve marcada por uma total dependência dos produtores, os servos, que nada mais possuíam a não ser sua força de trabalho, aos proprietários da terra, os senhores feudais, detentores dos meios- de- produção. A estrutura política e jurídica encontrava-se descentralizada. As leis vigentes correspondiam aos costumes da época, e, por isso mesmo, relacionadas com os interesses dos parasitários senhores de terra que impunham aos seus servos obrigações como a TALHA, a CORVÉIA e as BANALIDADES. Podemos, por tanto, sintetizar o sistema feudal como estático, com uma economia sem fins lucrativos; estamental quanto sua estrutura social e politicamente descentralizado. Origens do Sistema Feudal Apesar de muitos escritores latinos, ainda no início do século V, destacarem a grandiosidade do Império Romano, a crise econômica, provocada principalmente pela crise do escravismo, e os ataques dos povos germânicos vinham minando a civilização romana desde o século IV. Historicamente, considera-se o ano 476, data que Odoácro, rei dos hérulos, depôs Rômulo Augusto, último imperador romano ocidental, como início da Idade Média. Durante esse período, compreendido entre 476 e 1453 (queda do Império Romano do Oriente), a Europa Ocidental caracterizou-se pelo aparecimento e apogeu do feudalismo. Contudo, tal sistema não foi homogêneo. Apresentava características específicas em alguns países, mas mantinha aspectos comuns em vários segmentos. Diante da crise que se agravava dentro do Império, muitos senhores romanos abandonaram as cidades e seguiram para seus latifúndios nos campos, onde desenvolveram uma economia agrária e de subsistência. Esses centros rurais eram conhecidos como Vilas e originaram os feudos medievais. Homens comuns de menos posses passaram a buscar proteção e trabalhar nas terras desses grandes senhores. Esse sistema de trabalho nas relações servis de produção, baseado no colonato romano, foi traço essencial do feudalismo. Por sua vez, a contribuição dos povos bárbaros se deu ao nível de costumes. As tribos viviam de maneira autônoma, gerando como herança uma profunda descentralização do poder. As relações de vassalagem e suserania tiveram origem no comitatus germânico. O Comitatus Germânico representava um grupo formado de guerreiros e seu chefe, ligados por laços de fidelidade. Outra contribuição germânica foi o direito consuetudinário, baseado nos costumes e não na lei escrita. Aspectos principais do feudalismo Devemos definir o feudalismo como um sistema sócio, político e econômico, além das estruturas ideológicas (culturais). As unidades de produção dentro do feudalismo eram chamadas de feudos. Alguns senhores eram proprietários de centenas de feudos, cada um composto por um castelo, a vila ou aldeia, igreja, celeiros, fornos, açudes, pastagens e mercados, onde se trocava o que era produzido. As terras eram divididas em manso senhorial e manso servil.

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A sociedade era estamental e a propriedade ou posse da terra definia a posição (status) na hierarquia social. A terra era a expressão da riqueza, da autoridade, da influência e do poder, e dividia a sociedade feudal em dois estamentos: os senhores e os dependentes. Os senhores feudais, proprietários dos feudos, formavam uma aristocracia originária da nobreza e do clero. Os dependentes eram os camponeses que se dividiam em servos e vilões. Os servos eram trabalhadores semi-livres que estavam ligados a terra por lei. Não podiam ser vendidos ou trocados, como se fazia com os escravos. O vilão era outro tipo de trabalhador medieval. Não estava preso a terra e descendia dos pequenos proprietários romanos, que trocavam suas terras por proteção – sistema de Precário. A estrutura política era descentralizada. Não existia poder central que determinasse regras sociais idênticas para todos os feudos. Havia um rei, mas, principalmente entre os séculos IX e XII seu poder era meramente formal. Somente em tempo de guerra todos os senhores feudais colocavam-se, com seus exércitos, sob a proteção do rei, que, temporariamente, realizava uma centralização político-militar. Portanto, o rei reinava mas não governava. O rei tinha poder de direito mas não de fato. Cultura feudal A visão do homem europeu durante a idade média esteve voltada para Deus e para vida após a morte. Essa cultura que colocava Deus no centro de tudo chama-se teocentrismo. A Igreja Católica, utilizando-se de elementos repressores (inquisição) e ideológicos (extinção do latim), impôs à sociedade européia do período uma cultura pragmaticamente religiosa. A moral religiosa proibia a riqueza, o comércio, o lucro e a usura. As artes, as letras e as ciências eram determinadas pela visão da igreja. Na filosofia encontramos duas escolas: a Patrística, que tem em Santo Agostinho seu maior representante, e a Escolástica, cujo maior nome foi São Tomás de Aquino (Tomismo). A primeira defendia a predestinação e a fé como único caminho de salvação. Já a segunda baseava-se no livre arbítrio e nas ações como fatores indispensáveis para salvação d’alma. Na literatura destacam-se as hagiografias e na música o cantochão (canto gregoriano). Todavia, a maior manifestação artística medieval foi a arquitetura gótica ou ogival. A igreja dividia-se em clero regular e clero secular. O clero regular vivia enclausurado em mosteiros, afastado do convívio social. Já o secular vivia em contado direto com a sociedade. A ordem de Cluny Apesar das leis da igreja determinarem que o clero romano deveria nomear o papa e os demais cargos eclesiásticos, como os cônegos, bispos e curas, na prática os leigos (senhores italianos e imperador do Sacro Império Romano Germânico) escolhiam os membros do clero e controlavam o papa. Essa prática era conhecida como investiduras. No Sacro Império Romano Germânico, desde o reinado de Oto I, a Igreja esteve submetida ao controle imperial. A intromissão desses imperadores na escolha dos papas era conhecida como cesaropapismo. Além disso, a nomeação de uma grande quantidade de bispos permitia o controle sobre os senhores feudais eclesiásticos. Muitos indivíduos pagavam por esses títulos e, em contrapartida, recebiam o direito de vender sacramentos, enriquecendo. A prática de comprar cargos eclesiásticos (venalidade de ofícios) e de traficar coisas santas chamava-se simonia (nome originário de Simão, o Mágico). Visando colocar um fim nessas práticas e reformar a igreja, surgiu no século X, em 910, a Ordem de Cluny, conhecida também como Ordem Beneditina. Em sua pregação doutrinária de moralização defendiam o celibato e opumha-se ao cesaropapismo e à simonia. Em 1073, o monge Hildebrando, antigo abade superior geral da Ordem de Cluny, foi eleito papa, com o nome Gregório VII. Dois anos depois publicou um decreto proibindo as investiduras e criticando a simonia e o cesaropapismo. Henrique IV, imperador do Sacro Império Romano Germânico, replicou a esse decreto exigindo a deposição do papa. Gregório VII reagiu a ousadia do imperador excomungando-o. Henrique IV decidiu apresentar-se ao papa atravessando, em pleno inverno, os Alpes. Após esperar por três dias na neve, Henrique IV teve a sua excomunhão retirada. Entretanto, após retornar à Alemanha submeteu os bispos e voltou a atacar o papa. Novamente excomungado, invadiu a Itália, destituiu Gregório VII e colocou em seu lugar Clemente III.

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A luta entre o Papado e o Império, conhecida como Querela das Investiduras, prosseguiu até 1122. Nesse ano foi firmada a Concordata de Worms, entre Henrique V e o papa Calixto II. O acordo estipulava que o papa investiria os bispos pelo báculo e pelo anel, e ao imperador cabia investir pelo cetro e pela espada. As Cruzadas No século X as invasões bárbaras findaram, provocando uma fase de relativa tranqüilidade sobre a Europa. Esse fato provocou uma explosão demográfica criando uma contradição na estrutura feudal, incapaz de gerar uma produção adequada às novas necessidades. Sendo a economia feudal agrária e auto-suficiente, voltada para subsistência, as rudimentares técnicas de produção não permitiam a geração de excedentes. No século XI, em 1094, ocorreu a ocupação da Palestina pelos turcos seldjúcidas, proibindo a peregrinação dos cristãos ao Santo Sepulcro e forçando uma contra-ofensiva cristã ao cerco muçulmano. Em 1095, o papa Urbano II, durante o concílio de Clermont, na França, realizou um discurso conclamando os fiéis a iniciarem as Cruzadas. Ao lado do fervor religioso, fatores de ordem econômica, social e política atuaram como causas determinantes das cruzadas. Além do deslocamento populacional, necessário em função da pressão demográfica, as Cruzadas se configuraram como expansão do Cristianismo. Alguns nobres que não possuíam terras em função do princípio da primogenitude tinham nas Cruzadas a perspectiva de conquistar novos territórios no Oriente. As cidades italianas de Veneza , Pisa e Gênova consideravam as Cruzadas uma reabertura do Mediterrâneo e ambicionavam entrepostos comerciais na Ásia. Finalmente, parcela marginalizada da população buscavam uma forma de obtenção de terras e fortunas. A Primeira Cruzada se desdobrou em Cruzada dos Senhores e Cruzada dos Mendigos. Enquanto a Cruzada dos mendigos, composta por cerca de 40 mil homens e comandados por Pedro, o Eremita, foi massacrada na Ásia, a Cruzada dos Senhores, liderada pelo conde de Toulouse, por Boemundo de Tarento e pelo duque de Bulhão, formada por aproximadamente 300 mil combatentes, conquistou a cidade de Jerusalém. Ali foram organizados os Estados Cristãos. Em 1140, os muçulmanos iniciaram a contra-ofensiva. A Segunda Cruzada foi organizada, em 1147, por Luís VII, rei da França, e Conrado III, imperador do Sacro Império. Essa Cruzada foi derrotada pelos turcos e, em 1187 os muçulmanos reconquistaram Jerusalém. A Terceira Cruzada foi organizada, em 1190, pelos três mais importantes soberanos da Europa: Frederico Barba Ruivo, do Sacro Império, Filipe Augusto da França e Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra. Apesar dos esforços, a Cruzada dos Reis, como ficou conhecida a Terceira Cruzada, não conseguiu retomar Jerusalém. Apesar do malogro, o movimento cruzadista foi responsável por profundas transformações no seio da sociedade feudal. A reabertura do Mediterrâneo provocou a interrupção da expansão muçulmana e acelerou o Renascimento comercial e urbano e contribuiu para o surgimento de uma nova classe social: a burguesia. O CAPITALISMO As técnicas utilizadas na agricultura medieval demonstravam a incapacidade do sistema feudal adaptar-se aos problemas surgidos a partir do século X com o crescimento demográfico, fato que em última instância pode ser apontado como causa da sua desintegração. As mudanças superestruturais de uma sociedade não são obras do acaso. A ascensão da burguesia foi fator primordial para a formação e, posterior consolidação, do sistema capitalista. Os burgos tornaram-se os pólos irradiadores das atividades mercantis e os que passaram a exercer essa nova atividade foram chamados de “burgueses”. O desenvolvimento do comércio implicou no enriquecimento daqueles que compravam dos produtores, por preços baixos, artigos que seriam revendidos nos centros consumidores, por preços altos. Assim surgia a burguesia mercantil, que posteriormente, iria aliar-se ao rei servindo-lhe de suporte financeiro para, em contrapartida, receber apoio político, ser responsável pela eliminação do poder senhorial.

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A intensificação do comércio na Europa setentrional e na Europa meridional resultou no aparecimento de rotas de comércio. A região de Champgne, no leste da França passou a ser um importante ponto de ligação entre Flandres e a Itália. As feiras, iniciadas no século XI, passaram eram também consagradas às transações financeiras. Para defender seus interesses, os artesãos organizaram-se em associações, denominadas de corporações de ofícios. As corporações aglutinavam todos os que se dedicavam a um mesmo de trabalho e regulamentavam a profissão , evitando o excesso de pessoas no mesmo ofício, controlavam a qualidade e o preço dos produtos, evitando a concorrência e aparando os artesãos necessitados. O período que se estende do século XII ao século XV ficou conhecido como período pré-capitalista e possui como características o renascimento comercial e urbano com a aproximação do Oriente, produtor de especiarias, ao Ocidente, que as consumia. Vale salientar que o papel das Cruzadas foi fundamental para a consolidação desse processo. O advento dessa nova classe deve ser relacionado com o surgimento de novas idéias e valores que provocaram profundas mudanças. Agora, em oposição à descentralização característica do feudalismo, surgia uma política tão centralizada que se tornou absolutista. Ao contrário de uma economia auto-suficiente, de subsistência, glorificou-se o lucro estimulando-se a produção em larga escala. Superou-se o pragmatismo intelectual da idade média; dinamizou-se o humanismo renascentista. O teocentrismo medieval cedeu lugar ao antropocentrismo moderno. Surgiam novas “doutrinas” religiosas, entre elas o Calvinismo por ser mais de acordo com a ideologia capitalista. Com o processo de êxodo rural o trabalho servil foi gradativamente sendo substituído pelo trabalho assalariado. Morria o feudalismo, nascia o capitalismo. Crise do século XIV A crise do século XIV, representada na Tríade Peste-Fome-Guerra, desestruturou o sistema feudal, anunciando o fim da Idade Média. A produção agrícola, para atender a explosão demográfica, através da técnica de arroteamento, havia crescido nos séculos XI, XII e parte do século XIII. A partir das últimas décadas do século XIII, a produção, atingida por intempéries climatológicas, caiu vertiginosamente, provocando uma fome crônica, sobretudo entre 1315 e 1317, e reduzindo drasticamente a mão de obra. A desnutrição e as más condições de higiene facilitaram surtos epidêmicos. Entre 1347 e 1350, a Peste Negra dizimou um terço da população européia. Ocorreram muitas guerras entre senhores feudais e entre as nações. A principal delas foi a Guerra dos Cem Anos, envolvendo a Inglaterra e a França, entre 1337 e 1453, pela disputa da região feudatária de Flandres e pela disputa em torno do trono francês, entre os Platagenetas, dinastia inglesa e os Capetos franceses. Outro aspecto a ser destacado foi a estagnação do comércio, provocada pela falta de moedas e de mercados consumidores. Por fim, outro fator fundamental para a desestruturação do sistema feudal foi a rebelião dos servos, provocadas pela superexploração. As principais foram as Jacqueries, na França e a Revolta de Wat Tyler, na Inglaterra. EXPANSÃO MARÍTIMA Dentre os fatores que justificam a expansão marítima destacamos como principal o aspecto econômico. A necessidade de baratear os preços das especiarias orientais, com a eliminação dos intermediários, a procura de novos centros fornecedores de matérias-primas e de mercados consumidores, a busca de metais preciosos, cuja descoberta acalentava os sonhos dos aventureiros, foram motivos suficientemente fortes para os navegadores colocarem as caravelas ao mar e partirem em direção ao desconhecido. (Adaptado da apostila do professor João Carlos ) Portugal foi a nação mais favorecida dentre as demais nações européias. As razões para isso encontram-se na generosa situação geográfica de Portugal, a “ante-sala” do Atlântico, e a estabilidade política da mesma. Dessa forma Portugal tornou-se o país pioneiro das grandes navegações modernas. Outro fator a ser considerado foi a Revolução de Avis, ocorrida em Portugal entre 1383 e 1385, na qual a burguesia mercantil venceu a classe dos senhores de terras conduzindo D. João, o mestre de Avis, ao poder. No momento em que a burguesia ascendia ao poder iniciava-se a expansão portuguesa. O primeiro passo da referida expansão foi a conquista de Ceuta, em 1415. Passados dez anos, os portugueses conquistaram Madeira. Mais dois anos descobriram os Açores. Após Gil

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Eanes dobrar o Cabo Borjador, em 1434, iniciava-se o período de maior exploração do continente africano. Em 1453 os turcos otomanos invadiram a Europa Oriental e conquistaram Constantinopla e impuseram um bloqueio no Mediterrâneo forçando os portugueses procurarem uma nova rota para a região produtora de especiarias: “as Índias”. Quando em 1482, Diogo Cão descobriu a desembocadura do Congo e Bartolomeu Dias cruzou o Cabo das Tormentas, em 1488, os portugueses tiveram a convicção que chegariam as Índias. Enquanto os portugueses, passo-a-passo atingiam seus objetivos, o genovês Cristóvão Colombo, em nome dos reis espanhóis Fernando e Isabel, navegando sempre para o Ocidente, descobriu a América em 1492. Portugal reivindicando todos os direitos sobre o “mar tenebroso” tentaria, através do seu rei D. João II, garantir suas conquistas. Tentando manter um acordo bilateral com a Espanha recusaria os limites propostos pelo Papa Alexandre VI na Bula Inter Coétera, em 1493. Porém, satisfez-se com o Tratado de Tordesilhas assinado em 1494 que estabelecia a delimitação de 370 léguas a oeste de Cabo Verde . Em 1498 Vasco da Gama concluiu, definitivamente, o contorno da nova rota para o Oriente ao desembarcar em Calicute, primeira colônia portuguesa nas “Índias” . Tal descoberta propiciou um lucro de aproximadamente 6.000% à coroa lusitana, motivo suficiente para D. Manuel, o Venturoso, organizar uma nova frota, dirigida por Pedro Álvares Cabral, com o objetivo de montar entrepostos comerciais nas ”Índias” . Supostamente desviando-se da rota estabelecida por Vasco da Gama, a frota de Cabral “descobriu” oficialmente o Brasil, a 22 de abril de 1500. Novas correntes historiográficas apresentam outras hipóteses que criticam a versão causal e estabelecem o princípio determinista. Dentro desse contexto é apontada uma disputa entre a Espanha e Portugal pela supremacia da descoberta do Brasil. Para alguns estudiosos, o primeiro europeu a tocar em terras brasileiras foi o português Duarte Pacheco Pereira, em 1498. Outro segmento atribui aos espanhóis Vicente Yañez Pinzon e Diego de Lepe tal façanha, em janeiro de 1500, e portanto antes da chegada de Pedro Álvares Cabral. O MERCANTILISMO Como podemos perceber a descoberta do Brasil está relacionada com o processo de expansão comercial e marítima ocorrida no período de transição entre o mediéval e a idade moderna. Dessa forma temos que enquadrar o Brasil nos parâmetros do mercantismo. O mercantilismo, que caracteriza o capitalismo comercial, visava o lucro. O que não apresentasse uma rápida possibilidade de lucro, não interessava às metrópoles. Podemos, dessa forma, entender o atraso no início da colonização brasileira. Quando os portugueses chegaram nas terras de Pindorama, depararam-se com uma comunidade primitiva. Os metais preciosos só seriam descobertos no final do século XVII e o único produto de exploração seria a Caesalpina Echinata, nome científico do pau-brasil. O Brasil já era povoada por inúmeras nações indígenas, distribuídas em vários troncos étnicos-lingüísticos, dos quais os mais importantes eram: Tupi – espalhava-se por quase todo o litoral atlântico e várias áreas do interior; Macro-Jê – ocupava o interior, principalmente o Planalto Central Brasileiro; Nu-aruak – ocupava parte da Bacia Amazônica até os Andes; Karib ou Cariri – ocupava o norte da Bacia Amazônica. A comunidade primitiva e a Pré-História Brasileira. O palco geológico brasileiro é formado por um mosaico no qual se alteram terrenos de origem antiquíssima – supercontinente ancestral (Pangéia) – com bacias sedimentares, muito mais recentes. Aproximadamente 36% do território brasileiro é constituído por antiquíssimos maciços que fizeram parte da Gondwana. São escudos ou planaltos cristalinos, de base granítica, remanescente da Era Pré-cambriana cuja idade varia entre um e três bilhões de anos. Os outros 64% do território brasileiro estão recobertos por áreas sedimentares, onde surgem chapadas e chapadões. Grande parte dessas formações está recoberta pela lava resultante de derramamentos basálticos ocorridos no Mesozóico há cerca de 220 milhões de anos. Os terrenos formados na Era Cenozóica, iniciados há 66 milhões de anos , são de pequena

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espessura, mas possuem ampla extensão horizontal, concentrando-se basicamente na região amazônica e no Pantanal. A formação geológica mais recente do Brasil desenrolou-se há cerca de um milhão de anos, no Período Quaternário, durante o qual surgiram as planícies costeiras. As comunidades primitivas já habitavam o Brasil há milhares de anos – como afirmam os arqueólogos, entre o Pleistoceno e o Holoceno. Neste tipo de comunidade não existe a propriedade privada, pois os únicos bens individuais eram os instrumentos de caça, pesca e trabalho. A terra pertencia a todos. Dela extraía todo o sustento. A divisão do trabalho obedecia critérios naturais, isto é, era feita de acordo com o sexo e a idade. Na comunidade primitiva não se produziam excedentes para mercado. A economia era natural, de subsistência. Os índios não conheciam o comércio e , portanto, não se enquadravam nos parâmetros das necessidades mercantilistas da coroa portuguesa. A base da organização social do índio podia ser patriolinear ou matriolinear, ou ainda bilateral. Os casamentos, consequentemente eram poligênicos ou poliândricos. Os curumis e as cunhãs (ou cuiatans) não eram castigados pelos pais. A amabilidade entre os membros da família era absoluta. Os gêmeos eram abandonados nas florestas, uma vez que na cultura indígena acreditava-se que representavam o bem e o mal. O homossexualismo não era tolerado. A escravidão era uma instituição desconhecida e os prisioneiros de guerra eram submetidos à rituais antropofágicos (caso a tribo praticasse). O homossexualismo não era aceito. Os índios moravam em habitações coletivas, as ocas. Um conjunto de ocas formava uma aldeia ou taba. Por sua vez, o conjunto de aldeias compunha a tribo e várias tribos uma nação. OS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS MAIS ANTIGOS DA AMÉRICA As migrações e a dispersão populacional pelo continente americano podem explicar a diversidade étnica e lingüística. Os arqueólogos americanos, baseados na teoria de Berhing, consideram que os primeiros vestígios humanos no “novo continente” datam entre 11 mil e 11.500 anos. Por terem sido achados no sítio arqueológico da localidade de Clóvis, no Novo México, a comunidade internacional decretou que a “Cultura de Clóvis” foi a primeira ocupação da América. Entretanto, importantes sítios arqueológicos na América, com vestígios anteriores a 30 mil anos, localizam-se nos Estados Unidos – Califórnia, Nova Iorque e Texas -, no Canadá – em Old Crow, próximo ao Alasca – e no México – em El Cedral e Tlapacoya. Na América do Sul, podemos mencionar o Chile, além do Brasil. No Brasil as evidências mais antigas da presença humana estão no município de Central, na Bahia, nas proximidades do município de São Raimundo Nonato, no Piauí – Serra da Capivara e Toca do Boqueirão. Estudos recentes realizados por arqueólogos e professores brasileiros, como Maria Beltrão, Niéde Guindon, Fábio Parenti, Ciro Flamarion Cardoso, entre outros, atestam, com relativa segurança, a presença humana na América do Sul a mais de 70 mil anos. Alguns especialistas arriscam estimativas anteriores a 150 mil anos para evidência de ocupação humana na região do sítio arqueológico da Toca da Esperança, na Bahia, sendo que as indústrias lítica e óssea e outras marcas humanas encontradas ali foram datadas de cerca de 300 mil anos. PERÍODO PRÉ-COLONIAL O referido período estendeu-se de 1500 a 1530. Porém, devemos perceber que Portugal não se desinteressou pelo Brasil. O pau-brasil não podia ser desprezado economicamente mas não justificava um investimento colonial, já que a relação de escambo realizada entre portugueses e índios satisfazia a metrópole, muito mais interessada no rico comércio de especiarias orientais e de produtos exóticos e escravos africanos.

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Em 1501 D. Manuel enviou uma expedição constituída por três navios, chefiada por Gaspar de Lemos. Nova frota chegaria em 1503 sob a chefia de Gonçalo Coelho tendo como um dos principais navegadores a figura de Américo Vespúcio, que igualmente participara da primeira expedição. Devemos destacar a presença do cristão-novo Fernando de Noronha, que recebendo uma concessão da Coroa portuguesa, tinha como missão garantir a proteção do nosso litoral, onde se espalhavam as feitorias. Não tendo atingido o objetivo de proteger as costas brasileiras, a Coroa enviou duas expedições, intituladas Guarda-Costas, lideradas por Cristovão Jacques. As duas expedições, 1516 e 1526, não conseguiram expulsar os franceses que freqüentavam nosso litoral. Salientamos que o próprio rei da França, Francisco I, nunca aceitou a partilha das terras americanas entre Portugal e Espanha, exigindo a apresentação do testamento assinado por Adão, dividindo o Novo Mundo entre as referidas nações. Durante esse período o relacionamento entre os portugueses e os índios era amistoso, baseado no escambo (troca de mercadorias por mercadorias ou de mercadorias por serviços). Em troca de produtos como espelhos, colares, pentes, tecidos coloridos, camisas, chapéus, facas e algumas ferramentas que os portugueses, e muito freqüentemente os franceses lhes davam, os índios trabalhavam no corte, no transporte e no armazenamento das toras de pau-brasil nas feitorias, ou diretamente nos navios. Portanto, vale salientar que durante esse período não houve escravidão indígena no Brasil. A extração do pau-brasil era realizada através do regime de estanco, ou seja, sob o regime de monopólio régio. Todavia, a coroa colocou em concorrência o contrato de sua exploração, que foi arrematado por um consórcio de mercadores de Lisboa chefiado pelo cristão-novo Fernão de Noronha, em 1502 por três anos. Em 1503, Fernão de Noronha fez o primeiro carregamento do produto e recebeu a Ilha de Nossa Senhora dos Remédios (Quaresma ou São João), tornando-se o primeiro donatário brasileiro. A expedição de Martin Afonso de Sousa saiu de Portugal no ocaso do ano de 1530, tendo como objetivo dar início a colonização do Brasil, através da instalação de estaleiros e fortalezas e da fundação de vilas, ao longo da costa. Após uma longa estadia no litoral de Pernambuco, da Bahia e do Rio de Janeiro, finalmente Martin Afonso de Sousa chegou a Canuléia de onde partiu para uma nova expedição rumo ao rio da Prata. Retornando a Canuléia fundou, em 1532, a Vila de São Vicente e instalou o primeiro engenho do Brasil, o São Jorge. AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS Quando D. João III, o rei colonizador, decidiu colonizar o Brasil esbarrou em um grave problema: a falta de capital. A solução encontrada foi repassar o ônus da colonização para as mãos de particulares. Dessa forma optou pela implantação do sistema de capitanias

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hereditárias, primeiro sistema político-administrativo montado no Brasil, que dividia o Brasil em 14 capitanias continentais, além de uma insular ( Nossa Senhora dos Remédios). Tal sistema já teria sido testado por Portugal nas ilhas atlânticas com relativo sucesso. O donatário não era o proprietário já que as terras pertenciam ao Estado cabendo-lhe administrá-la em nome da Coroa. As terras brasileiras foram divididas, entre 1534 e 1536, Existiam dois instrumentos jurídicos que regulamentavam as doações: a Carta de Doação e o Foral. Carta de doação = garantia juridicamente a posse da capitania em favor do donatário, isenta de qualquer tributo, exceto o dízimo. O donatário podia vender 24 índios por ano em Portugal e garantia para si a redízima das rendas pertencentes à Coroa, a vintena do pau-brasil e a dízima do quinto sobre metais. Foral = determinava os direitos e deveres do donatário. Entre os direitos encontravam-se o de criar jurisprudência sobre o seu território, explorar o território da Coroa e cunhar moedas (apesar de não existirem registros de cunhagem nesse período). Já entre os deveres destacavam-se o de proteger a terra, submeter-se às leis da Coroa, pagar os devidos impostos e doar as Sesmarias, propriedades privadas dentro das capitanias. O sistema de capitanias hereditárias não conseguiu o êxito desejado. Vários fatores contribuíram para tal insucesso. Foram eles: a dificuldade de comunicação; a falta de ajuda oficial; o desinteresse de muitos donatários; os constantes ataques dos índios; a escassez de recursos financeiro.

Entretanto, as capitanias de São Vicente, de Martin Afonso de Sousa, e a de Pernambuco, de Duarte Coelho, prosperaram. O fato de encontrarmos algumas semelhanças entre o sistema feudal e o sistema de capitanias hereditárias não implica em igualdade entre os dois sistemas. Enquanto na idade média a posse das terras representava um instrumento de dominação particular, no sistema de capitanias, a retaliação do nosso território implicava na maior autoridade do poder real. Se na estrutura estática da economia medieval existia uma auto-suficiência, visando apenas a subsistência, no sistema de capitanias a economia esteva voltada para atender a metrópole. As glebas medievais utilizavam a mão-de-obra servil, enquanto nos latifúndios hereditários era utilizada a mão-de-obra escrava. Além de tudo, as capitanias hereditárias estavam inseridas dentro da economia mercantilista. Governo Geral

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O sistema de capitanias era por descentralizado não correspondendo aos interesses do Estado metropolitano. Dessa forma, D. João III, através do Regimento de 1548, instituiu no Brasil o sistema de Governo Geral. O objetivo desse sistema foi de reduzir a autoridade dos donatários através da nomeação de um Governador. Thomé de Sousa ( 1549-1553 ) Fundou a primeira cidade: São Salvador do Mundo, transformada na primeira capital

(1549-1763); Fundou o primeiro bispado; Trouxe o primeiro grupo de jesuítas, sob o comando do padre Manoel da Nóbrega; Trouxe o primeiro grupo de moças órfãs para constituírem famílias cristãs; Duarte da Costa ( 1553-1558 ) Trouxe o segundo grupo de jesuítas comandado pelo padre José de Anchieta, que

juntamente com Manoel da Nóbrega fundou o colégio de São Paulo ; Ocorreu a invasão francesa ao Rio de Janeiro, onde, em 1555, André Durand

Villegaignon, fundou a França Antártica; Expulsou o bispo Fernão Pero Sardinha após conflito com D. Álvaro, filho do

Governador-Geral. Em maio de 1556, o navio em que viajava para Portugal naufragou nas costas de Alagoas. O bispo e mais 91 náufragos foram devorados pelos Caetés.

Men de Sá ( 1558-1572 ) Expulsou os franceses em 1567, contando com a ajuda do sobrinho Estácio de Sá,

fundador da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Como auxiliares do Governador foram nomeados um ouvidor-mor, responsável pela aplicação da Justiça, um provedor-mor, responsável pela Fazenda; um capitão-mor da costa que cuidava da segurança do nosso litoral. Em 1570, Men de Sá deveria ser substituído por D. Antônio de Vasconcelos. Com a morte de Men de Sá, o Brasil foi dividido em Vice-Reino do Norte, com capital em Salvador, e governado por D. Luís de Brito, e Vice-Reino do Sul, com sede no Rio de Janeiro e governado por D. Antônio Salema. Entre 1580 e 1640, Filipe II, rei da Espanha, estabeleceu a União das Coroas Ibéricas, e o Brasil passava a ser conhecido como “Brasil Filipino” O sistema de Governo Geral durante muito tempo coexistiu com as capitanias. Foi extinto, em 1759, por determinação do Marquês de Pombal, enquanto os Vice-Reis, antigos Governadores, administraram o Brasil até 1808. QUADRO ADMINISTRATIVO Com a unificação de Portugal, em 1139, e o reconhecimento da sua independência pelo Tratado da Zanora, em 1143, foram compiladas as Leis Gerais de Afonso, as quais foram chamadas de Ordenações Afonsinas. Em 1521 D. Manuel, o Venturoso, compilou as Ordens Manuelinas, que vigoraram até 1603. Com a União da Coroas Ibéricas ( 1580-1640 ), Filipe II determinou a compilação das Ordens Filipinas. Quando as vilas foram fundadas no Brasil organizaram-se as Câmaras Municipais das quais participavam apenas os “Homens Bons”. Os juizes eram nomeados diretamente de Lisboa e por isso eram chamados de JUIZES DE FORA. Para conseguir impor um maior controle sobre a colônia, a metrópole criou a Casa da Índia, uma espécie de alfândega. O CONSELHO DAS ÍNDIAS O Conselho das Índias foi criado em 1604 sendo órgão responsável por todas as possessões de Portugal. Em julho de 1642 D. João VI assinou um decreto criando o Conselho Ultramarino, responsável pelos negócios da Fazenda do Ultramar. DESAFIO

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1- A respeito das características gerais do período da nossa História conhecido como Pré-colonizador, podem ser destacados os seguintes elementos: I. A implantação da agro manufatura açucareira, que teve como ponto de partida a

construção do Engenho do Senhor Governador, em 1533, na Vila de São Vicente; II. a distribuição de lotes de terras a fidalgos e a funcionários do Estado português, repetindo-

se aqui a experiência de ocupação levada a efeito na ilhas do Atlântico; III. a dizimação de tribos e a escravização dos nativos, efeitos diretos da ocupação com base

na grande lavoura; IV. o relativo desinteresse pela terra uma vez que as comunidades primitivas do nosso litoral

não produziam excedentes comercializáveis pela burguesia mercantil luza; V. a montagem de estabelecimentos provisórios em diversos pontos da costa, onde se

amontoavam os troncos de pau-brasil, resultado final do extrativismo vegetal. Dentre eles estão corretos somente: A) II e V; B) I e IV; C) I e II; D) III e V; E) IV e V. 2- Durante o Período Pré-colonizador a ocupação portuguesa, a atividade econômica básica e a mão-de-obra nela empregada ficaram caracterizadas, respectivamente: A) pelas feitorias, exploração do pau-brasil e a mão-de-obra indígena sob forma de

escambo; B) pelas Capitanias Hereditárias, cultivo da cana-de-açúcar e pelo índio sob regime de

escravidão; C) pelas feitorias, pela exploração do pau-brasil e pela mão-de-obra escrava; D) pelas Capitanias Hereditárias, pela exploração do pau-brasil e pela mão-de-obra

indígena submetida à orientação dos jesuítas; E) pelas feitorias, pelo cultivo da cana e pelo indígena pacificado. 3- A historiografia reserva tradicionalmente a denominação Período Pré-Colonizador para os primeiros trinta anos da História do Brasil porque: A) a principal atividade econômica desenvolvida no litoral brasileiro, entre 1500 e 1530, foi

a extração do pau-brasil, realizada pelos grupos indígenas que entraram em contato com os descobridores europeus;

B) as atividades desenvolvidas naquele período, além do maior interesse da Coroa Portuguesa pelo comércio oriental, conduziram à efetiva ocupação do litoral brasileiro;

C) as constantes disputas entre “peró” (portugueses) e “mair” (franceses) pelo tráfico do pau-brasil não permitiram o início da ocupação efetiva de todo o território, isto é, o início da Colonização;

D) a importância do litoral brasileiro estava no monopólio que ele assegurava para a monarquia portuguesa da “rota do Cabo”, isto é, do comércio com as Índias.

E) o sistema de Capitanias Hereditárias, instituído por D. João III, fracassou inteiramente, impossibilitando assim o início da Colonização.

4- O conflito entre Espanha e Portugal sobre os descobrimentos foi resolvido por interferência do Papa; foi estabelecido um meridiano delimitador, cujo limite ficaria a 370 léguas a oeste do Arquipélago de Açores. A) as duas proposições estão corretas e razão refere-se à ascensão: as duas proposições

estão corretas, mas a razão se refere à ascensão; B) a ascensão é uma proposição correta e a razão uma proposição incorreta; C) a ascensão é uma proposição incorreta e a razão uma proposição correta; D) as duas proposições estão incorretas. 5- No Brasil, o escambo constitui-se em prática através da qual:

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A) os portugueses trocavam com os indígenas mercadorias européias de baixo custo por pau-brasil;

B) os portugueses substituíram progressivamente o trabalho dos nativos por negros escravizados nas tarefas de corte do pau-brasil;

C) a Coroa Portuguesa distribuía, entre os principais comerciantes europeus, áreas para a exploração do pau-brasil;

D) os primeiros colonizadores portugueses iniciaram a exploração do pau-brasil, construindo feitorias para as extração de tinta;

E) os piratas europeus monopolizaram o comércio do pau-brasil, no período em que a Coroa Portuguesa estava mais interessada na comercialização do açúcar.

6- A criação do Governo-Geral no Brasil pode ser encarada como uma tentativa do governo português para: A) diminuir a intervenção do Rei da administração colonial; B) delegar maiores poderes aos Donatários; C) centralizar a administração colonial; D) dar maiores poderes aos Donatários; E) acabar com o contrabando de pau-brasil. 7- Em 1534 as Capitanias Hereditárias foram implantadas no Brasil porque: A) a Coroa Portuguesa não possuía suficientes recursos humanos e econômico para

proteger e povoar a costa do Brasil, ameaçada por outras potências colonialistas; B) a Coroa Portuguesa cedeu às pressões da burguesia no sentido de lhe serem dados os

títulos de posse; C) a metrópole economizava. Ademais não se sentia ameaçada por outras potências

colonialistas; D) era uma forma mais racional de explorar o ouro brasileiro; E) as alternativas b e c estão corretas. 8- A administração colonial portuguesa exercia seus poderes através das Câmaras Municipais. Sobre estas instituições de poder local no Brasil colônia, podemos afirmar corretamente que: A) tinham funções exclusivas de aplicar as determinações da Coroa, sendo compostas por

funcionários sem qualquer poder de decisão. B) eram compostas exclusivamente pelos “homens bons”, os grandes proprietários de

terras, o que garantia a estabilidade econômica e permitia autonomia local. C) as Câmaras detinham poderes limitados à aplicação da justiça em casos de crimes

comuns e à arrecadação dos impostos locais, apesar de formada pelos “homens bons” da colônia.

D) tinham amplos poderes, tanto no nível político como administrativo, e eram compostas por vereadores escolhidos em eleições diretas e universais.

9- O sistema de vassalagem , característico da época medieval, estabelecia certas obrigações mútuas entre vassalos e suseranos. Dentre estas obrigações podemos destacar: a) vassalo deve trabalhar dois dias por semana em terras de seu suserano, em troca de

proteção em tempos de guerra e fome; b) apoio incondicional às opções religiosas era compensado por empréstimos freqüentes

aos vassalos, com auxílio dos judeus; c) As obrigações eram inteiramente econômicas e expressas em moedas, como um

contrato; d) Em troca da obediência religiosa e política de seu suserano, os vassalos deveriam

exercer a justiça e aplicar penas que poderiam chegar ao confisco do feudo; e) vassalo deve prestar auxílio militar, político e financeiro em troca da proteção e da justiça

do seu suserano.

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10- A Igreja Católica constituiu-se em uma poderosa instituição durante a Idade Média. Para garantir seu poder e unidade religiosa, ela se utilizou de várias estratégias. Dentre estas podemos destacar: a) Reformas periódicas, buscando adaptar-se às transformações sociais, inclusive

mudando, abandonando ou tornando mais flexíveis os dogmas religiosos; b) Uma maior aproximação com os anseios populares, levando-a a atritos permanentes

com a nobreza feudal; c) Controle rigoroso sobre o Estado feudal, procurando impedir as perseguições constantes

contra os judeus e as bruxas; d) Divulgação intensa dos princípios religiosos através de uma linguagem simples e de uma

grande tolerância para com as práticas místicas da população pobre; e) Perseguição a todas as manifestações que contrariavam seus dogmas, criando inclusive

o Tribunal da Inquisição para punição daqueles considerados hereges. 11- “A maioria das terras agrícolas da Europa ocidental e central estava dividida em feudos. Um feudo consistia de uma aldeia e várias centenas acres de terra arável que a circulavam, e nas quais o povo da aldeia trabalhava.” A partir do fragmento de texto extraído da obra História da Riqueza do Homem, de Leo Huberman, é possível afirmar sobre o feudalismo, com exceção de: a) poder real era descentralizado; b) A relação social se manifestava através da vassalagem e da suserania; c) O senhor dividia com o seu servo a propriedade da terra, mas exigia desse o pagamento

de algumas obrigações, como a talha, a corvéia e as banalidades; d) A sociedade era dividida em estamentos; e) A economia era agrária e auto-suficeiente. 12- A alta Idade Média, do ponto de vista cronológico, compreende desde o século V ao XI. Durante este período a Europa configurou um novo padrão sócio-econômico e cultural. Sobre este novo padrão analise as proposições abaixo: 0-0 na Europa Ocidental a crise do sistema escravista romano e a desagregação das

comunidades germânicas deram origem a um novo sistema de produção conhecido como feudalismo;

1-1 na Alta Idade Média a Europa Ocidental viveu um quadro de guerras, destruição de feudos e um revigoramento da antigas cidades romanas;

2-2 no início desse período o saber foi transferido dos mosteiros às universidades, retirando, dessa forma, a influência da Igreja Católica e possibilitando o desenvolvimento de um saber laico;

3-3 na Alta Idade Média houve uma revolução silenciosa: os homens livres das classes inferiores e a maioria dos escravos formaram uma nova ordem -– os servos;

4-4 documentos legislativos, arqueológicos e lingüísticos nos permitem concluir que esse período se caracterizou por um rebaixamento na vida intelectual da sociedade.

GABARITO: 1–e;2–a;3–a;4–b;5–a;6–c;7–a;8–b;9-e;10-e;11-c;12-vffvf.