Situação de Aprendizagem: Percursos para aprendizagem significativa

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  • T2

    ( . . . ) o t r a b a l h o d o c e n t e c o m p e t e n t e u m

    t r a b a l h o q u e f a z b e m . a q u e l e em que o

    docente mobiliza todas as dimenses de sua ao com o

    objetivo de proporcionar algo bom para si

    mesmo, para os alunos e para sociedade. Ele

    utiliza todos os recursos de que dispe e o faz de

    m a n e i r a c r t i c a , c o n s c i e n t e e c o m p r o m e t i d a

    c o m a s n e c e s s i d a d e s concretas do contexto social

    em que vive e desenvolve seu ofcio.

    Terezinha Azerdo Rios.

    CEMEB

    ........................................................

    Prof.

    ........................................................

    SMEC/UAB ITAPEVI

    2014

    Formao em HTPC

    TEXTO: Situao de Aprendizagem Percursos para aprendizagem significativa. Adalberto Ribeiro

  • Situao de Aprendizagem

    Em um sentido amplo e considerando o que j estudamos sobre currculo oculto, tudo que

    acontece na escola se constitui em Situao de Aprendizagem. A festinha do dia das mes ou

    a festa da primavera, o intervalo e a hora da merenda so e sero sempre situaes formativas,

    situaes de aprendizagem.

    Antes de prosseguirmos neste assunto, vamos fazer um desvio necessrio para falar de

    Qualidade.

    A Professora Terezinha Rios em seu livro: Compreender e ensinar: por uma docncia da

    melhor qualidade, ao falar de qualidade, nos faz uma provocao: Qualidade ou qualidades?

    Qualidade um conceito multidimensional, ou seja: se refere a um conjunto de

    propriedades e atributos de algo. Por exemplo, a qualidade da gua de uma determinada fonte

    implica em um conjunto das propriedades e atributos que constituem as caractersticas dessa

    gua.

    As propriedades so inerentes ao produto gua: quantidade de sais minerais,

    capacidade de conduzir eletricidade; densidade; cor; gosto; cheiro e etc. J os atributos so

    subjetivos, atribudos por algum e podem variar: gostosa, leve...

    Acontece que estamos acostumados a pensar e associar Qualidade a coisa boa.

    Ser?

    Se a gua da fonte estiver contaminada com bactrias ou agrotxico, ela ainda ter

    qualidades, inclusive estes agentes contaminantes faro parte da qualidade dessa gua. Ela ter

    mais esta qualidade.

    Um mvel de madeira, mandado fazer e com durabilidade de 10 anos tem qualidade e

    um mvel de madeira feito em srie e comprado pronto, com durabilidade cinco vezes menor,

    no tem?

    Ambos tm qualidades, e muitas!

    Propriedades da madeira usada; dos acessrios; do sistema de fixao; da tinta usada

    para revestimento e atributos como barato; caro, bonito, feio... Ambos tm!

    Qualidade ento no um adjetivo. No sinnimo de coisa boa como comumente pensamos.

    A autora usa j no ttulo de seu livro, (...) docncia da melhor qualidade.

    Voltemos ao exemplo da festinha da escola que, como dissemos, sempre uma situao de

    aprendizagem.

    A msica que escolhemos pra tocar;

    O volume do som;

    A decorao;

    As iguarias que so servidas;

  • Situao de Aprendizagem

    A forma como estas iguarias so servidas;

    O destino imediato do lixo gerado pelo consumo dessas iguarias;

    A forma de participao das crianas.

    Quantas coisas mais acontecem em uma festinha (que s um exemplo) e que constituem a

    Qualidade da situao, e tem importncia fundamental na formao dessas crianas?

    Formamos pessoas que se conformam e aprendem a tomar como natural o som muito alto e

    desconfortvel?

    Ela , portanto uma situao de aprendizagem e com muitas qualidades, porm, atribuir

    um adjetivo a essas qualidades requer pensar e reparar na intencionalidade educativa que faria

    desta situao de aprendizagem: a festinha uma Situao de Aprendizagem da melhor

    qualidade?

    Vamos ao ponto: Quais as propriedades e atributos de uma

    Situao de Aprendizagem da Melhor qualidade?

    Uma Situao de Aprendizagem requer intencionalidade, planejamento. No bojo desta

    intencionalidade devem estar:

    Objetivos pedaggicos vinculados a expectativas de aprendizagem; sondagem ou

    diagnstico inicial; estratgias de sensibilizao e estratgias educativas adequadas; atividades

    e sequncia didtica; estratgias de interveno; estratgias e critrios de avaliao.

    Recomendamos que voc faa um sobrevoo no GUIA DE PLANEJAMENTO

    E ORIENTAES DIDTICAS: Situao de aprendizagem atividade 05 do

    caderno item 10 do Sumrio no Blog FOR+Pro Livro verde 4 Ano

    AQUI>>>

    1 Objetivos Pedaggicos

    Currculo sempre uma escolha. Dentro do universo de conhecimento acumulado e

    disponvel, o currculo de um segmento de ensino um recorte deste universo que representa o

    conjunto de conhecimentos escolhidos pela relevncia e necessidade frente realidade de um

    tempo. Este conjunto de saberes traduzido em Expectativas de Aprendizagem e so

    distribudos de forma estruturada nos anos de durao do segmento (E.F Ciclo I; E.F Ciclo

    II;E.M)

    Para ver a Estrutura Curricular Oficial do Ciclo I da Rede Estadual (SP) de Educao.

    Clique AQUI>>

    Abaixo, as fotos de uma parte das expectativas de aprendizagem para Lngua Portuguesa e

    Matemtica que so definidas por srie/ano a partir de objetivos gerais.

  • Situao de Aprendizagem

    Ou

  • Situao de Aprendizagem

    Portanto, a elaborao de uma situao de aprendizagem toma como referncia uma das

    expectativas desta estrutura que dividida por srie/ano.

    Para uma turma de 4 ano, por exemplo, adota-se uma expectativa prevista para esta turma

    e desenvolve-se a Situao de Aprendizagem.

    EXEMPLO: Espera-se que ao final do 4 ano os alunos sejam capazes de:

    (...)

    Reconhecer semelhanas e diferenas entre poliedros.

    Este o Objetivo Pedaggico: Promover o desenvolvimento dos conhecimentos necessrios

    (ensinar) para que os alunos reconheam as semelhanas e diferenas entre poliedros.

    2 Sondagem ou diagnstico inicial

    Esta etapa consiste em apresentar o tema s crianas para saber o que eles j conhecem e

    principalmente, identificar os Pr-conceitos que j possuem sobre o assunto.

    No caso do tema que envolve as figuras geomtricas, propor, por exemplo, uma brincadeira de

    adivinha na qual eles tenham que descrever embalagens de diversas formas. Veja proposta

    AQUI>> Pg. 320

    Com isso, ser possvel ao professor, se apropriar dos (des) conhecimentos dos alunos tais

    como: lados, pontas, arestas, canto, quina, frente, lado, e etc.

    Nesta fase, uma etapa importante da Situao da Aprendizagem no pode ser negligenciada: a

    sensibilizao.

    3 Estratgias de sensibilizao

    Consiste em criar uma forma de atrair a curiosidade, a ateno e interesse das crianas pelo

    tema.

    Pode ser uma foto, um vdeo, uma histria, um desafio, enfim, algo que lhe desperte o

    desejo de aprender ou fazer.

    No caso do nosso exemplo, o desafio de se construir ao final, um carrinho ou um rob ou um

    foguete ou ainda qualquer outro brinquedo para uma exposio na escola. (cuidado para no

    induzir ou reforar as distines arbitrrias de gnero)

  • Situao de Aprendizagem

    4 - Atividades e sequncia didtica

    No contexto da aprendizagem, a escolha das atividades extremamente importante, pois,

    por melhor que possa ser a inteno do professor, ela pode ser interessante para uns e no para

    outros. Isso acontece porque uma atividade s se torna interessante ou no, pelo significado que

    ela representa.

    Para tanto, necessrio que o aluno reconhea a sua autoria na atividade que est

    desenvolvendo e tambm, a funcionalidade dos conceitos novos numa situao prtica e

    contextualizada. (nisso, a sensibilizao com proposta de construir um produto ajuda muito!)

    Importante destacar que atividade no pode ser entendida com sentido de tarefismo.

    H que se ter em mente ao propor uma atividade, que para realiz-la sejam mobilizados

    pelos alunos alguns conceitos novos anteriormente explicados e alguns desafios cognitivos

    (problemas) cujo grau de dificuldade represente estmulo aos alunos, ou seja, provoque-os a

    pensar, propor hipteses de soluo, errar e serem instigados a tentar de novo, recorrer as

    colegas, enfim, atividades calibradas para a ZDP (Vygotsky) dos alunos.

    5 Estratgias de interveno

    Uma situao de aprendizagem pressupe apresentao de novidades conceituais e/ou

    atitudinais e/ou procedimentais aos alunos.

    As atividades precedem a sondagem inicial que tem a funo justamente de dar ao

    professor o conhecimento do qu os alunos j sabem e principalmente, o qu so pr-

    conceitos que precisam ser ajustados, sobre o tema. Portanto, a interveno inicial do professor

  • Situao de Aprendizagem

    para ensinar a novidade ser tanto melhor quanto mais atento estiver s informaes obtidas

    pela sondagem.

    Depois da introduo ao tema, o professor prope as atividades cujo desenvolvimento

    requer intervenes constantes, contudo, as intervenes devem se caracterizar por serem

    antes de tudo, questionadoras das opes dos alunos, provocando-os a pensar. Deve-se

    praticar a Pedagogia da Pergunta e resistir a tentao de dar respostas que anulem os

    desafios da atividade.

    Esta postura igualmente importante diante dos erros. Devemos ter em mente que no

    processo de aprendizagem os erros devem ser muito bem vindos, pois, so eles os principais

    indicadores da necessidade de interveno. Os erros, no entanto, antes de serem corrigidos

    pelo professor deve ser posto em dvida aos alunos, para que eles tenham oportunidade de

    autoavaliao. O professor, portanto, questiona a hiptese (errada), provoca o aluno a pensar

    sobre a sua resposta ou opo de soluo. Aprendizagem passa pelos testes de hipteses.

    Vejamos um exemplo prtico, ainda sobre o tema das figuras geomtricas:

    Se um aluno indica a quantidade de lados de uma figura e NO considera o lado que se apoia

    sobre a mesa, uma interveno deve questionar a resposta e propor outra maneira de contar os

    lados (pegando o slido nas mos, por exemplo) e no contar ao aluno a quantidade certa. Em

    outras palavras, deve-se oferecer um redirecionamento para o pensamento a fim de que o aluno

    descubra por si o seu erro.

    As referncias que no podem ser desprezadas so as expectativas de aprendizagem

    para a atividade, sabendo-se que os alunos as atingem, no por meio de informao ou

    discursos e sim por meio das situaes que mobilizem suas estruturas mentais.

    6 Estratgias e critrios de avaliao

    Novamente, a estrela desta etapa so as expectativas de aprendizagem, os objetivos

    pedaggicos definidos para o perodo (bimestre, semana). Avalia-se, portanto, o processo de

    aquisio destes objetivos.

    As estratgias de avaliao permanente so fundamentais para as intervenes do

    professor no desenvolvimento das atividades, reorganizando grupos, substituindo ou incluindo

    novas propostas e materiais.

    Avaliao nesta perspectiva tem carter eminentemente formativo e est a servio da

    aprendizagem, sendo descartada qualquer forma de avaliao classificatria ou de carter de

    quantificao. Sua realizao depende muito mais das observaes atentas do professor para

    subsidiar, orientar as suas decises e intervenes.

    Lembramos que as expectativas de aprendizagem podem contemplar simultaneamente mais

    de uma dimenso: (conceitual, procedimental e atitudinal) e a avaliao deve alcanar todas as

    dimenses envolvidas. Uma situao de aprendizagem sobre o tema: Lixo e meio ambiente, por

    exemplo, envolve simultaneamente os conceitos de reciclagem, recursos naturais, preservao

    dos rios e etc.; os procedimentos de funcionamento da coleta seletiva, utilizao de cestos de

    lixo, reaproveitamento de materiais e as atitudes adotadas a partir dos conhecimentos

    adquiridos. Todos devem ser objetos de ensino, estarem presentes nas situaes de

    aprendizagem e serem alvos de observao, avaliao e interveno.

    Adalberto Ribeiro - 2014