21
Socioeconomia & Ciência Animal Socioeconomia & Ciência Animal Boletim Eletrônico do LAE/FMVZ/USP Boletim Eletrônico do LAE/FMVZ/USP Edição 023, de 19 de julho de 2010 Edição 023, de 19 de julho de 2010 EDITORIAL A suinocultura está em evidência nesta 23ª edição do “Socioeconomia & Ciência Animal”. No quinto e último artigo da série “Agropecuária e desenvolvimento sustentável”, Cintia Kaminishikawahara e Paulo Mazza discutem a sustentabilidade na produção de suínos. A doutoranda Claudia Cassimira aborda os custos de atendimento às exigências ambientais sobre a cadeia de suínos diante das suas diferentes estruturas de governança. Apresentamos, também, duas dissertações de mestrado recentemente defendidas no Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal (FMVZ/USP). Juliana Pinheiro avaliou o efeito do enriquecimento ambiental no comportamento e bem-estar de leitões desmamados. Larissa Parazzi estudou o efeito da combinação de probióticos na dieta de leitões desafiados com salmonela. Os princípios da integração entre lavoura e pecuária de corte também são apresentados no terceiro artigo desta edição. Em nosso acompanhamento periódico dos trabalhos publicados em revistas científicas, destacamos artigos das últimas edições do Journal of Dairy Science, Meat Science, Journal of Environmental Management, Agronomy Journal, Estudos Avançados etc. Divulgamos o 3º Curso de Atividade, Educação e Terapia Assistida por Animais, que acontecerá no Campus da USP em Pirassununga no final do mês. Destaque, ainda, para o Workshop “O uso de animais na pesquisa e no ensino na FMVZ/USP”, promovido pela Comissão de Ética da Faculdade, a ser realizado em 18 de agosto próximo. Aproveitamos para convidar os leitores para acessarem o conteúdo das palestras apresentadas no II Simpósio de Sustentabilidade e Ciência Animal (SISCA), realizado no mês passado. As fotos do evento também foram disponibilizadas no site. Visite: www.sisca.com.br Os editores ARTIGO I AGROPECUÁRIA E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL V. SUSTENTABILIDADE NA SUINOCULTURA Cintia M. Kaminishikawahara 1 Paulo Henrique Mazza Rodrigues 2 Atualmente, a expansão da suinocultura tem como principal característica a concentração de animais por área, visando atender o consumo interno e externo de carne, produtos e derivados. Observa-se, como consequência, generalizada poluição hídrica (alta carga orgânica e presença de coliformes fecais) proveniente dos dejetos, que, somada aos problemas de resíduos domésticos e industriais, tem causado sérios problemas ambientais, como a destruição dos recursos naturais renováveis, especialmente a água (Oliveira, 2005). O impacto ambiental causado pelo manejo inadequado dos dejetos líquidos de suínos tem causado severos danos ao meio ambiente. Para a sobrevivência das zonas de produção intensiva de suínos, é preciso encontrar sistemas alternativos de produção que reduzam a emissão de odores, os gases nocivos e os riscos de poluição dos mananciais de água superficiais e subterrâneas por nitratos e do ar pelas emissões de NH3. 1 Médica Veterinária formada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/USP). 2 Professor de Nutrição Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/USP). Universidade de São Paulo Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção Animal Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal 1

Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

  • Upload
    vutruc

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

Socioeconomia & Ciência AnimalSocioeconomia & Ciência Animal

Boletim Eletrônico do LAE/FMVZ/USPBoletim Eletrônico do LAE/FMVZ/USPEdição 023, de 19 de julho de 2010Edição 023, de 19 de julho de 2010

EDITORIAL

A suinocultura está em evidência nesta 23ª edição do “Socioeconomia & Ciência Animal”.

No quinto e último artigo da série “Agropecuária e desenvolvimento sustentável”, Cintia Kaminishikawahara e Paulo Mazza discutem a sustentabilidade na produção de suínos.

A doutoranda Claudia Cassimira aborda os custos de atendimento às exigências ambientais sobre a cadeia de suínos diante das suas diferentes estruturas de governança.

Apresentamos, também, duas dissertações de mestrado recentemente defendidas no Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal (FMVZ/USP). Juliana Pinheiro avaliou o efeito do enriquecimento ambiental no comportamento e bem-estar de leitões desmamados. Larissa Parazzi estudou o efeito da combinação de probióticos na dieta de leitões desafiados com salmonela.

Os princípios da integração entre lavoura e pecuária de corte também são apresentados no terceiro artigo desta edição.

Em nosso acompanhamento periódico dos trabalhos publicados em revistas científicas, destacamos artigos das últimas edições do Journal of Dairy Science, Meat Science, Journal of Environmental Management, Agronomy Journal, Estudos Avançados etc.

Divulgamos o 3º Curso de Atividade, Educação e Terapia Assistida por Animais, que acontecerá no Campus da USP em Pirassununga no final do mês. Destaque, ainda, para o Workshop “O uso de animais na pesquisa e no ensino na FMVZ/USP”, promovido pela Comissão de Ética da Faculdade, a ser realizado em 18 de agosto próximo.

Aproveitamos para convidar os leitores para acessarem o conteúdo das palestras apresentadas no II Simpósio de Sustentabilidade e Ciência Animal (SISCA), realizado no mês passado. As fotos do evento também foram disponibilizadas no site. Visite: www.sisca.com.br

Os editores

ARTIGO I

AGROPECUÁRIA E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

V. SUSTENTABILIDADE NA SUINOCULTURA

Cintia M. Kaminishikawahara1

Paulo Henrique Mazza Rodrigues2

Atualmente, a expansão da suinocultura tem como principal característica a concentração de animais por área, visando atender o consumo interno e externo de carne, produtos e derivados.

Observa-se, como consequência, generalizada poluição hídrica (alta carga orgânica e presença de coliformes fecais) proveniente dos dejetos, que, somada aos problemas de resíduos domésticos e industriais, tem causado sérios problemas ambientais, como a destruição dos recursos naturais renováveis, especialmente a água (Oliveira, 2005).

O impacto ambiental causado pelo manejo inadequado dos dejetos líquidos de suínos tem causado severos danos ao meio ambiente. Para a sobrevivência das zonas de produção intensiva de suínos, é preciso encontrar sistemas alternativos de produção que reduzam a emissão de odores, os gases nocivos e os riscos de poluição dos mananciais de água superficiais e subterrâneas por nitratos e do ar pelas emissões de NH3.

1 Médica Veterinária formada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/USP).2 Professor de Nutrição Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/USP).

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

1

Page 2: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

Vários resultados de pesquisa e observações a campo, como demonstrado por Oliveira (2005), têm mostrado que grande parte dos sistemas de manejo e de tratamento de dejetos em uso no Brasil, embora reduzam o potencial poluidor, não permitem que o resíduo final seja lançado diretamente nos cursos d’água.

Algumas alternativas de manejo e tratamento de dejetos, visando à substituição dos sistemas convencionais, estão em fase de implantação, como a criação intensiva de suínos em cama sobreposta, também chamado de Deep Bedding, e sistemas de compostagem de dejetos.

Além dos aspectos ambientais, os processos adotados para o tratamento dos dejetos devem proporcionar agregação de valor ao resíduo final, para torná-lo auto-sustentável economicamente, através da valorização agronômica do resíduo como fertilizante, a produção comercial de adubo orgânico ou a geração de energia (térmica ou elétrica).

Os sistemas convencionais de produção de suínos, atualmente, são caracterizados por edificações totalmente constituídas de piso de concreto ripado total ou parcial, paredes compactas, uso de forro e baias que dividem os animais em pequenos grupos. O recolhimento de dejetos é feito internamente através de canais cobertos por barras e, em alguns casos, com o uso de lâmina d’água ou externamente, com armazenamento em esterqueiras ou lagoas, ou tratamento de dejetos, com separação física de sólido e líquido e lagoas em série.

Todos estes sistemas exigem que os dejetos que não forem utilizados como fertilizante (excedentes) sejam tratados. O tratamento dos dejetos líquidos reagrupa um conjunto de ações de transformação por diferentes meios (físico-químico e biológico) com a finalidade de modificar sua composição química e consistência física.

A modificação da composição química do substrato tratado é realizada pela eliminação ou transformação de certos elementos (nitrogênio orgânico transformado em nitrogênio amoniacal) e a modificação da consistência física, que na prática consiste em aumentar a concentração em elementos nutritivos (N, P, K) em uma ou outra fase dos tratamentos. Em termos de tratamento de dejetos, o importante é dispor de uma larga gama de soluções técnicas, devido a sua complexidade físico-química, a diversidade de situações existentes e da situação técnico-

econômica em função dos diferentes sistemas de produção de suínos existentes. O que se espera do tratamento de dejetos é a transformação e a eliminação do nitrogênio amoniacal, que representa em torno de 70% no dejeto líquido, em N2 (gás não poluente). Porém, para que este processo ocorra, é necessário desenvolvimento da denitrificação, ou seja, a transformação do nitrato em N2. Nos processos de tratamento com o uso de lagoas, com aeração mecânica, ocorre a fase de nitrificação do N, gerando como produto final o nitrato (N-NO3) e um volume razoável de dejeto fortemente mineralizado na forma de NH4. Este N, se não for aproveitado imediatamente pelas plantas após sua distribuição na lavoura, pode ser lixiviado pela chuva para as camadas mais profundas do solo, podendo entrar em contato com o lençol freático (Oliveira, 1993).

Deve-se considerar que o tratamento dos dejetos de suínos só se justifica quando houver uma produção de elementos fertilizantes (excedentes) maior que as necessidades das culturas ou quando o excedente gerado possa causar uma situação de risco de poluição dos mananciais de água, do ar ou da desagradável presença de odores.

Atualmente o sistema de criação de suínos dominante, nas fases de crescimento e terminação, é do tipo ripado total ou ripado parcial (81%), sendo os dejetos manejados internamente sob o piso ripado ou externamente em canaletas abertas. Todos estes sistemas de produção exigem a utilização de esterqueiras ou de lagoas para o armazenamento e tratamento dos dejetos líquidos. O volume total de dejetos produzidos (dejetos líquidos produzido pelos animais + perda de água nos bebedouros + água utilizada na limpeza) requer grandes estruturas para seu armazenamento (os órgãos de fiscalização ambiental preconizam um tempo mínimo de 120 dias de retenção), áreas com culturas suficientes para o aproveitamento agronômico desses resíduos e, também, a disponibilidade de máquinas e equipamentos especiais para o manejo de líquidos pelos produtores (Oliveira, 2005).

A produção de suínos em sistemas Deep Bedding (Cama Sobreposta) constitui-se em alternativa aos sistemas convencionais de produção. Neste sistema, os dejetos líquidos são misturados a um substrato sólido (maravalha, palha, casca de arroz, bagaço de cana) dentro das edificações e são submetidos a um processo de compostagem

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

2

Page 3: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

e estabilização “in situ” com a presença dos animais (Oliveira, 2005).

Estudos realizados por Oliveira (2005) demonstraram que o desempenho zootécnico de suínos criados sobre cama de maravalha quando comparado a sistemas de piso ripado (total ou parcial) não obtiveram diferenças significativas, sendo o peso médio dos animais ligeiramente superior no sistema de criação de suínos sobre camas.

A compostagem dos resíduos da suinocultura é uma prática que vem crescendo entre os criadores de suínos na Europa. Esta técnica foi desenvolvida principalmente para a agricultura biológica para evitar ou suprimir o uso de fertilizantes minerais. Atualmente ela vem sendo cada vez mais empregada pelos suinocultores localizados em zonas geográficas cujas águas estão fortemente poluídas por nitrato (Oliveira, 2002) e, por determinação da legislação, onde tornou-se impossível a ampliação de novas criações. A compostagem é um processo de oxidação biológica aeróbia e controlada da matéria orgânica, produzindo CO2, calor e um resíduo estabilizado denominado de composto. Para o caso de dejetos de suínos, pode-se utilizar o que denominamos de plataforma de compostagem, que é uma versão acelerada do processo natural de degradação de produtos orgânicos, dando condições favoráveis ao desenvolvimento de microorganismos para degradar a matéria orgânica presente nos dejetos (Oliveira, 2005).

O destino final dos dejetos de suínos pode ser seu aproveitamento como fertilizante orgânico em lavouras, pastagens, pomares e reflorestamentos. Porém, sua viabilidade econômica é dependente da concentração de nutrientes existentes nos resíduos.

Outra ação que poderia ser empregada na criação de suínos seria o biossistema integrado, o qual busca a maximização das variáveis do desenvolvimento sustentável, aplicando métodos e técnicas que eliminem os resíduos produzidos em determinado processo produtivo, transformando-os em matérias primas úteis em outros processos de forma integrada e sustentável. Os biodigestores podem reduzir em torno de 60% a carga de poluentes dos resíduos (Casagrande, 2006).

No processo de biodigestão ocorre a produção de um gás (biogás), que é composto basicamente de

metano, que pode ter várias utilidades, como substituto do gás de cozinha, por exemplo. O biogás é uma energia renovável que é prejudicial se liberada diretamente no meio ambiente, sendo o metano o gás com maior influência no fenômeno do efeito estufa devido a sua composição (Seixas, 1980).

O biogás é um gás inflamável produzido por microorganismos, quando matérias orgânicas são fermentadas dentro de determinados limites de temperatura, teor de umidade e acidez, em um ambiente impermeável ao ar. A fração sólida liberada pelo biodigestor pode ser utilizada como fertilizante, pois se encontra em uma forma facilmente assimilável pelas plantas, sem o problema de cheiro e bactérias nocivas. A parte líquida que sai do biodigestor vai para um tanque onde ocorre o desenvolvimento de pequenas algas. Estas proporcionam o aumento da quantidade de oxigênio dissolvido na água e crescem a partir dos nutrientes disponibilizados no biodigestor. Assim, ocorre nova diminuição da carga poluente em aproximadamente 30%. Estas algas, juntamente com a água, irão para um tanque de peixes, onde servirão de alimento para os mesmos, dispensando o uso de ração (Casagrande, 2006).

Bibliografia

CASAGRANDE, L.F. Avaliação de Desempenho e Sustentabilidade na Suinocultura. Um Estudo de Multicaso. CAP Accounting and Amangement, v.1, n. 1, p.68-76, 2006.

OLIVEIRA, P.A.V. Manual de manejo e utilização dos dejetos de suínos. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 1993. 188 p.

OLIVEIRA, P.A.V. Produção e manejo de dejetos suínos. Concórdia: Embrapa Suínos e aves, 2002. Disponível em: http://www.cnpsa.embrapa.br/pnma/pdf_doc/8-PauloArmando. Acesso em: 18 out. 2009.

OLIVEIRA, P.A.V.; NUNES, M.L. Sustentabilidade Ambiental na Suinocultura. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2005. Disponível em: www.cnpsa.embrapa.br/down.php. Acesso em: 21 out. 2009.

SEIXAS, J. Construção e Funcionamento de Biodigestores. Brasília: EMBRAPA, 1980, 60p. (Circular Técnica, 4).

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

3

Page 4: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

ARTIGO II

GOVERNANÇA NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL DA CARNE SUÍNA: RESPONSABILIDADES E CUSTOS DO

ATENDIMENTO ÀS EXIGÊNCIAS AMBIENTAIS3

Claudia Cassimira da Silva4

A carne suína é a mais consumida mundialmente, sendo o Brasil o quarto maior produtor. Porém, as exportações ainda são modestas e para mercados com maiores preocupações com quantidades do que qualidade.

Os mercados para os quais vendemos apresentam baixa exigências com relação a qualidade de carne, bem-estar animal e meio ambiente. Uma maior exigência por esses atributos poderiam direcionar a cadeia suína brasileira a se preocupar mais com esses fatores. Porém isso ainda não é realidade, deixando muitas vezes tais características em segundo plano.

O mercado europeu é o que apresenta maior rigor para as questões de bem-estar e meio ambiente e com melhor remuneração para estes quesitos. Conhecendo-se esse perfil, o Brasil terá que se adequar às suas exigências caso deseje exportar futuramente para estes países. A obtenção de novos mercados é de grande importância, pois atualmente, quase 50% das exportações se dão para a Rússia, tornando o Brasil extremamente dependente e vulnerável a oscilações do mercado.

A suinocultura brasileira possui como estrutura de governança predominante a integração vertical, sobretudo na região sul do país. Esta é uma forma bastante eficiente de coordenação por permitir o maior controle da cadeia como um todo, bem como a obtenção regular e padronizada de matéria prima, viabilizando o atendimento de diferentes segmentos de mercado e os aspectos de qualidade e sanidade desejados pelo consumidor. Assim, como na avicultura, o

3 Texto apresentado pela autora à Disciplina “Sistemas de Produção Agroindustrial”, Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal (FMVZ/USP).4 Zootecnista. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia (FZEA/USP).

principal elo coordenador é a agroindústria que participa ativamente no processo de criação dos animais, das matrizes, da fabricação de ração, do abate, e da distribuição para consumo, tornando o sistema mais eficiente em termos produtivo e também econômico, através da maior apropriação da renda e redução considerável dos custos de transação.

Porém, ainda há grande número de produtores independentes, que buscam comercializar seus produtos “via mercado” e, algumas vezes, por contrato direto com o varejo ou rede de distribuição.

Tanto o sistema de produção independente como o de integração tentam atender às necessidades de primeira ordem, que seria quantidade.

A questão do meio ambiente é encarada muito mais como item obrigatório a ser cumprido, para conseguir o alvará de funcionamento da granja, do que pelo apelo do mercado consumidor, uma vez que o brasileiro ainda utiliza-se, em sua maioria, do fator preço como determinante para a escolha dos alimentos.

O Brasil, além de ter que passar a se preocupar em atender as exigências de bem-estar e meio ambiente, precisa vencer simultaneamente as questões de barreira sanitária presentes no país e que hoje são grandes entraves para alcançar mercados mais exigentes. Isso porque ainda são constatados casos de Febre Aftosa em bovinos em nosso país, dificultando, por tabela, a comercialização dos suínos. Ainda, são necessárias políticas de exportação mais fortes para a carne suína que possibilitem sua maior negociação no mercado externo.

O fato é que o Brasil apresenta acentuado crescimento produtivo para a suinocultura, mas precisa crescer de forma sustentável, a fim de aliar crescimento produtivo e econômico e equilíbrio com o meio ambiente e com o homem.

Quando se discute os impactos ambientais das atividades avícolas e suinícolas, o foco geralmente é no tratamento dos dejetos produzidos. Apesar de ser uma questão relevante para a sustentabilidade da cadeia, este não é o único impacto a ser considerado. Devem ser consideradas as legislações ambientais de forma geral.

Os impactos negativos causados pelo aumento da densidade de criação, que se dá

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

4

Page 5: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

principalmente por meio da economia de escala (estratégia competitiva), podem ser amenizados por meio de inovações tecnológicas, sejam elas de ordem nutricional ou de manejo. Os dejetos de suínos podem ser utilizados como fertilizantes, porém em grandes proporções podem ser altamente poluentes devido aos altos níveis de fósforo (P) e nitrogênio (N) contaminando e comprometendo o solo e os lençóis freáticos.

O uso de biodigestores parece uma boa saída para o uso eficiente dos dejetos uma vez que gera energia elétrica que pode ser usada na propriedade e até mesmo o excedente vendido.

Assim, a reciclagem do N e o uso de energia renovável (metano do biogás - biodigestores) podem reduzir consideravelmente a contribuição humana para a mudança climática. Ainda, a água de chuva armazenada pode ser utilizada para a limpeza das granjas, bem como para a irrigação, sendo uma forma racional dos recursos hídricos.

Mas os fatores ambientais precisam ser encarados tanto no ambiente organizacional como no institucional.

Como já citado, a integração vertical é a principal estrutura de governança adotada no Brasil sendo coordenada pela agroindústria. Somando-se a essa informação que 70% das vendas de carne suína no país se dão na forma de processados e embutidos - fator que justifica muitas vezes tais produtos não serem associados ao animal e a sua forma de criação por desconhecimento do consumidor brasileiro - será que a agroindústria seria o maior interessado em gerar uma produção sustentável do ponto de vista de bem-estar e meio ambiente?

Ainda, no caso das exportações, como as vendas são feitas para mercados com baixas exigências no que se refere a estes aspectos, a agroindústria se sentiria motivada a investir nesse sentido?

Deve-se lembrar que na região sul a integração é o sistema de produção predominante, sobretudo Santa Catarina, em que a região Oeste Catarinense produz cerca de 80% das exportações brasileiras de carne suína, e que apresenta sérios problemas ambientais decorrentes da atividade (Testa et al., 1996).

Por outro lado, para os produtores independentes, muitas vezes atuantes no mercado de carne “in natura” (30% da forma como o suíno é comercializado no Brasil), em que

o consumidor poderia associar o produto diretamente ao animal e suas formas de criação, não seria a “sustentabilidade” uma forte ferramenta de marketing a ser implementada e difundida?

Deve-se considerar, também, o ambiente institucional e a legislação vigente. Como não há conhecimento dos consumidores e da população de modo geral com relação à poluição causada pelo sistema de produção de suínos, estes não exercem pressão para que haja o aprimoramento das leis que protejam o meio ambiente. Além, é claro, de haver grande dependência econômica das comunidades rurais à renda da atividade suinícola, principalmente nas regiões de grande produção como a sul do país.

Em síntese, ao que tudo indica, será o produtor quem pagará a conta do atendimento às exigências ambientais, uma vez que a agroindústria, quanto integradora ou compradora talvez não tenha interesse financeiro de se utilizar desta ferramenta, pelo menos por enquanto. Isso pode ser constatado pela maioria dos contratos estabelecidos em que delega a função de adequação ambiental como responsabilidade do produtor. Na maioria dos contratos entre integradoras e produtor, este último deve se responsabilizar pelo tratamento, manuseio, uso, transporte, distribuição e destino dos dejetos, devendo para tanto atender à legislação ambiental.

Acrescenta-se também o fato de o produtor trabalhar com baixas margens de lucro. Logo investimentos na área, sem certeza de retorno, reduziriam ainda mais esses valores. Assim, outra questão se levanta, caso haja maior pressão ambiental: não seria essa maior pressão um fator a saída de produtores do mercado?

O Estado enquanto parte do ambiente institucional precisa analisar essa questão seriamente e garantir que esse não seja mais um fator desestimulador à permanência do suinocultor no mercado.

Primeiro precisaria surgir iniciativas do governo federal para coordenar a atuação dos estados no aperfeiçoamento legislativo visando maior cuidado ambiental no setor. Acrescenta-se também, que com o intuito de atrair novos empreendimentos, os estados podem competir entre si por uma legislação mais branda, indo contra a sustentabilidade desejada em suinocultura. Assim é provável que o problema

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

5

Page 6: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

ambiental relacionado aos dejetos suínos se prolongue na região Sul, tendo em vista que abriga as maiores empresas processadoras de carne suína e atinja também a região Centro-Oeste, em franca expansão na atividade com o deslocamento de grandes agroindustriais do setor.

Portanto, a agroindústria por possuir grande força econômica é capaz de exercer influência nas decisões do Estado em relação às regras ambientais para a atividade, contrapondo-se a possível ação de grupos ambientais.

Destaca-se, também, a insuficiência de recursos das autoridades legais brasileiras para fiscalizar os impactos dos processos produtivos no meio ambiente. Apesar de questionável, a indústria processadora em Santa Catarina está credenciada para elaborar e encaminhar pedidos de licenciamento de integrados, tendo como justificativa de que, a princípio, interessa à indústria que o produtor trate adequadamente os dejetos da produção. Porém, a alternativa de um licenciamento com regras mais rígidas implicaria maiores custos para o produtor, que, como já citado, diante das pequenas margens de ganho da atividade, poderia comprometer a oferta de matéria-prima para a agroindústria. Logo, por si só, não geraria incentivos para os suinocultores usarem insumos ambientais mais dispendiosos e não haveria interesse em avaliar eficientemente se as condições requeridas no licenciamento dos produtores fossem obedecidas.

O que a agroindústria tem feito é deslocar-se da região sul (por outros interesses e também devido ao comprometimento dos recursos hídricos) para novas áreas, a exemplo do Centro-Oeste, onde, além da grande produção de grãos, há ampla disponibilidade de solo para depósito dos dejetos e clima adequado para dispersão aeróbica dos mesmos, viabilizando a produção em larga escala, mas carregando consigo os problemas ambientais, já que falta legislação regional e cobrança do mercado consumidor.

As universidades e os centros de pesquisa, como agentes institucionais, devem continuar a empenhar-se na busca de soluções economicamente viáveis por meio de nutrição que reduzam a poluição ambiental (dejetos de menor impacto) e o maior aproveitamento por parte dos animais e técnicas que propiciem o aproveitamento dos dejetos. Mas principalmente pensar se tais estudos serão de fato plenamente utilizáveis pelo produtor para que possam

permanecer na atividade ou se serão, apenas, mais ferramentas para manter o produtor preso à indústria de insumos.

Portanto, se nada for feito no campo legislativo e de conscientização das lideranças empresariais e políticas, a tendência é que a expansão da suinocultura brasileira gere problemas ambientais sérios.

A formulação pelo governo federal de regras ambientais para a suinocultura permitiria a coordenação do setor visando homogeneizar a regulação dos estados e ajustar a legislação ao dinamismo tecnológico da atividade. Esta coordenação também contribuiria para evitar que normas de licenciamento ambiental fossem utilizadas pelos estados como instrumentos de atração de investimentos do setor.

Além disso, os governos federal e estaduais poderiam criar programas de apoio para financiamento da compra dos insumos ambientais através de empréstimos e redução da alíquota dos impostos incidentes na compra dos mesmos.

Se a conscientização do brasileiro fosse maior sobre o consumo real de carne suína (processados e embutidos = carne suína), a agroindústria poderia buscar ganhos de marketing para compensar os acréscimos de custo decorrentes do uso adequado de insumos ambientais pelos produtores.

Neste sentido, as estratégias de uso selos de qualidade do produto e de preservação ambiental na produção poderiam ser alternativas úteis.

Tornar a suinocultura brasileira competitiva em termos ambientais implica na atuação conjunta de suinocultores, agroindústrias, pesquisadores e Estado.

Bibliografia

AZEVEDO, P.F. Concorrência no Agribusiness (capítulo 4). In.: ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M.F. (org.) Economia e Gestão dos Negócios Agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000.

JANK, M. S. Competitividade do Agribusiness Brasileiro: discussão teórica e evidências no sistema de carnes. 1996, 195 f. Tese (Doutorado em Administração) – FEA/USP, São Paulo.

MIELE, M., WAQUIL, P. Estrutura e dinâmica dos contratos na suinocultura de santa Catarina.

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

6

Page 7: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

Estudos Econômicos, São Paulo, v.37, n. 4, p. 817-847, outubro-dezembro 2007.

TESTA, V. M., NADAL, R., MIOR, L.C., BALDISSERA, I.T., CORTINA, N. O desenvolvimento sustentável do Oeste Catarinense. Florianópolis: Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, 247p. 1996.

WEYDMANN, C.L. 2002a. Análise Comparada de Políticas Ambientais para a Suinocultura. Revista de Política Agrícola, Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, jul/ago/set, 2002, p.33-40.

WEYDMANN, C.L. 2002b. Programas de Apoio Ambiental na Suinocultura Norte-Americana. Atualidade Econômica. Departamento de Ciências Econômicas, UFSC, ano 14, no. 43, julho/dezembro.

ARTIGO III

INTEGRAÇÃO ENTRE A PECUÁRIA DE CORTE E A PRODUÇÃO VEGETAL5

Felipe Perrone Braz6

Augusto Hauber Gameiro7

Não é de hoje que as relações entre o homem e o meio ambiente são discutidas e analisadas por pesquisadores, pensadores e cientistas que buscam compreender as ações e reações decorrentes destas interações.

Relatórios emitidos pelo “Clube de Roma”, como “Os limites do crescimento” (MIT, 1972), já apontavam para a “insustentabilidade” do crescimento populacional. Os fatores críticos identificados foram: a explosão demográfica em algumas regiões, a instabilidade no mercado de commodities, a escassez de recursos naturais não-renováveis e a poluição (Nunes, 2009).

5 Texto baseado em palestra apresentada no Simpósio de Produção Animal de Pirassununga (VII SIMPROPIRA) em 25 de março de 2010.6 Graduando do Curso de Zootecnia da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA/USP).7 Professor do Departamento de Nutrição e Produção Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/USP).

Em contrapartida, economistas mais otimistas, como Robert Solow, defenderam que, com a tecnologia aplicada de modo coerente, os seres humanos seriam capazes de resolver ou minimizar seus problemas de produção e meio ambiente (Nunes, 2009).

Antes as diversas incertezas, ideias e pensamentos divergentes, o que se deve fazer?

Medidas de precauções como o já consagrado “reduzir, reutilizar e reciclar”, podem ser alternativas para minimizar os impactos ambientais, sem deixar de lado a produtividade dos sistemas agropecuários.

Neste cenário, a tecnologia e o conhecimento de novas técnicas de produção, aplicados de maneira eficaz, podem ser determinantes no processo de busca por uma possível sustentabilidade.

A tecnologia tem papel central na alocação mais racional dos fatores de produção e no controle das externalidades que prejudicam os sistemas de produção agrícola e o ambiente.

Por isso, deve-se cada vez mais dedicar-se à pesquisa científica e à extensão que propiciem aos agentes produtores, alternativas de produção viáveis e menos agressivas ao meio ambiente.

Este texto procurará abordar alguns aspectos que julgamos centrais neste processo.

1. A Monocultura:

Segundo definição (dicionário Alberta, 2010), monocultura pode ser entendida como cultivo de uma só especialidade agrícola em larga escala, buscando a viabilidade econômica das lavouras.

Porém, alguns fatores negativos podem aparecer com a adoção do sistema, como o aumento da erosão dos solos, problemas fitossanitários, maior exposição ao risco, consumo exacerbado de energia exógena (em grande parte não-renovável), redução da matéria orgânica dos solos, entre outros.

A utilização de implementos para subsolagem, gradagem, aração e outros, de maneira constante e exagerada, provocam erosão do solo, que é uma das maiores riquezas dos produtores e da sociedade. Problemas fitossanitários recentes na soja, por exemplo, são cada vez mais comuns, dentre eles os nematóides, percevejos, cancro,

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

7

Page 8: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

ferrugem asiática etc. Estes, e outros, são provas da ineficiência ambiental das monoculturas.

2. Pastagens e agropecuária:

A degradação das pastagens é um dos maiores problemas da pecuária brasileira, por ser esta desenvolvida basicamente a pasto, afetando diretamente a sustentabilidade dos sistemas produtivos (Kluthcouski et al., 2003).

De maneira geral, estima-se que cerca de 80% dos 45 a 50 milhões de hectares das áreas de pastagens nos Cerrados do Brasil central, que respondem por 60% da produção de carne nacional, apresentam algum estágio de degradação (Barcellos, 1996).

Esta degradação está ligada diretamente a fatores como: baixa fertilidade natural dos solos, má formação inicial dos pastos, pressão de pastejo intensa, manejo inadequado ou inexistente das forrageiras, ataque de cigarrinhas e susceptibilidade ao fogo e às queimadas (Kluthcouski et al., 2003).

As atividades agropecuárias são responsáveis por uma parte das emissões antropogênicas de gases como CH4, N2O, oriundos da eructação de ruminantes e da utilização de fertilizantes nitrogenados. O óxido nitroso, por exemplo, é capaz de reter treze vezes mais calor que o metano e duzentas e setenta vezes mais calor que o gás carbono. Além disto, a escassez de recursos importantes para agropecuária convencional é cada vez mais notória. Estima-se que as reservas mundiais de potássio durarão somente cerca de cinquenta a duzentos anos; fosfato, de quarenta a cem anos; cobre e zinco sessenta anos; selênio cinquenta e cinco anos e manganês em torno de trinta e cinco anos (Lana, 2009).

Nos cerrados brasileiros, onde a pecuária é explorada de maneira mais tradicional, pode-se analisar algumas características típicas, como a cobertura prematura das novilhas, desmama tardia de bezerros, parição de vacas em pastos extensos dificultando a assistência, não separação das diversas categorias animais, superlotação das pastagens nas águas, falta de programas sanitários, falta de controle dos animais improdutivos, falta de controle racional das pastagens, falta de fornecimento de mistura mineral completa etc. (Kluthcouski et al, 2003).

Tendo visto diversas questões que tornam a agropecuária tradicional um sistema de baixa sustentabilidade, como reverter esta situação e tornar um meio de produção rentável e que respeite o meio ambiente?

Para isso, é preciso fazer uso das rotações de culturas e dos sistemas integrados de produção, visando a otimização dos gastos e a diminuição dos riscos econômicos das monoculturas. Além dos ganhos econômicos, é possível aproveitar os resíduos das culturas e estrumes dos animais; fazer uso da adubação verde e desta forma manter a fertilidade dos solos e maximizar a atividade biológica nos sistemas solo-planta (Kluthcouski et al., 2003).

3. O Sistema de Integração Lavoura-Pecuária (SILP):

SILP é um sistema produtivo de grãos, fibras, carnes, leite, lã e outros, no qual são realizados, na mesma área, o plantio simultâneo, seqüencial ou rotacionado, onde se objetiva ampliar a utilização dos ciclos biológicos das plantas, animais e seus resíduos como corretivos e fertilizantes para minimizar e otimizar a utilização de defensivos agrícolas. Com isto, aumenta-se a eficiência no uso de máquinas, equipamentos e mão de obra, gerando emprego e renda, melhorando as condições sociais no meio rural, diminuindo impactos ambientais oriundos da produção e visando, por fim, a sustentabilidade (Kluthcouski et al., 2003).

Nos sistemas agropecuários, os solos são a base de tudo. Cuidados e atenções especiais voltadas para suas características físicas, químicas e biológicas permitem o bom funcionamento das atividades de interesse (Kluthcouski et al., 2003).

A rotação de cultura pode ser uma das técnicas utilizadas para a manutenção das características ideais dos solos, pois melhora o aproveitamento da fertilidade destes, onde leguminosas e gramíneas podem ser rotacionadas para que ambas se beneficiem. Outro ponto de destaque é a quebra dos ciclos biológicos de pragas e doenças, onde a redução do uso de defensivos agrícolas torna-se significativa e, com ela, também ocorre a diminuição dos riscos de contaminação e danos ao ambiente (Kluthcouski et al., 2003).

No SILP, as forrageiras tropicais possuem grande importância na reciclagem de nutrientes dos solos, pois suas raízes absorvem nutrientes em

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

8

Page 9: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

acentuadas profundidades e os trazem para a superfície dos solos, promovendo a aração biológica, descompactação, aumentando a infiltração de água. Consequentemente, isso ocasionará um melhor desenvolvimento dos sistemas radiculares da cultura de interesse. Geralmente as plantas forrageiras são resistentes às pragas e doenças que acometem as leguminosas, interferindo, assim, nos ciclos biológicos dos organismos indesejados (Kluthcouski et al., 2003).

Existem diversos tipos de sistemas de integração. O sistema de integração “Santa Fé” é um deles. Ele se fundamenta na produção consorciada de culturas de grãos, especialmente o milho, o sorgo, o milheto e a soja, com forrageiras tropicais. Principalmente as do gênero Brachiaria, tanto no sistema de plantio direto como no convencional, em áreas de lavoura, com solo devidamente corrigido. Nestes, as culturas anuais apresentam grande desenvolvimento inicial, exercendo com isto alta competição sobre as forrageiras, evitando, assim, redução significativa nas suas capacidades produtivas de grãos.

Este sistema apresenta grande vantagem, pois não altera o cronograma de atividades do produtor e não exige equipamentos especiais para sua implantação.

Outro sistema é o “Barreirão”, que consiste em dar início ao preparo de solo com grade aradora no período seco para diminuir o número de plantas estabelecidas de braquiaria e diminuir a resistência às operações do preparo do solo posteriores. Em seguida, logo após as primeiras chuvas e com umidade adequada, procede-se a uma aração profunda de 30-35 cm com um arado de aiveca. Esta tem como objetivo colocar toda a camada orgânica e sementes de pastagem remanescente à profundidade de não germinação. Após este preparo, que muitas vezes não requer mais gradagens, é possível o plantio de arroz. A técnica consiste em plantio de arroz em posição mais superficial (2-3 cm) e o adubo e semente de pastagem em mais profundas (8 cm). Muitos outros modelos podem ser implantados e até mesmo adaptados para cada situação e propriedade, desde que o sistema seja bem estudado e planejado, visando atender as expectativas dos produtores e empresários rurais (Kluthcouski et al., 2003; Balbinot Júnior et al, 2009). O SILP auxilia para maior eficiência dos produtores que vivem em um cenário de grandes

competições internacionais e pressões de caráter socioambientais do uso da terra (Kluthcouski et al., 2003; Balbinot Júnior et al., 2009).

Desafios e dificuldades podem aparecer aos pecuaristas que desejam integrar suas produções. As mais freqüentes são: necessidade de equipamentos e infra-estrutura, mão de obra qualificada, conhecimento das técnicas agropecuárias e conhecimento dos diferentes mercados e produtos. Soma-se a isso o aumento da complexidade da gestão da propriedade gerando os desafios mercadológicos que podem ser minimizados por alianças produtivas entre agricultores e pecuaristas (Kluthcouski et al., 2003; Balbinot Júnior et al., 2009).

4. Considerações finais:

O SILP oferece aos produtores o aperfeiçoamento do uso da terra, de máquinas, de equipamentos e de mão de obra, reduzindo os custos de produção e logísticos, proporcionando uma maior rentabilidade da propriedade e reduzindo os riscos que uma monocultura pode oferecer.

Portanto, além dos ganhos econômicos e do aumento da segurança das atividades rurais, o SILP contribui para a redução do consumo de recursos não-renováveis, respeitando o meio ambiente e promovendo a sustentabilidade.

Bibliografia

BALBINOT JÚNIOR, A.A.; MORAES, A.; VEIGA, M.; PELISSARI, A.; DIECKOW, J. Integração lavoura-pecuária: intensificação de uso de áreas agrícolas. Ciência Rural, v.39, n.6, 2009.

BARCELLOS, A. O. Sistemas extensivos e semi-intensivos de produção: pecuária bovina de corte no cerrado. In: Simpósio Sobre o Cerrado. Biodiversidade e Produção Sustentável de Alimentos e Fibras nos Cerrados, 1996, Brasília. Anais... Brasília: [s.n.], 1996. p.130-136.

KLUTHCOUSKI, J.; STONE, L.F.; AIDAR, H. Integração Lavoura-Pecuária. Santo Antônio de Goiás – Goiás: Embrapa, 2003.1º Ed. v.1, 570 p.

LANA, R.P. Uso racional de recursos naturais não-renováveis: aspectos biológicos, econômicos e ambientais. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, p.330-340, 2009 (supl. especial).

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

9

Page 10: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

NUNES, R. Uma visão social, econômica e ambiental do agronegócio. Socioeconomia & Ciência Animal, Ed.003, de 06 de julho de 2009.

ARTIGOS PUBLICADOS

DAIRY FARMER ATTITUDES AND EMPATHY TOWARD ANIMALS ARE ASSOCIATED WITH ANIMAL WELFARE INDICATORS

Attitudes and empathy of farmers influence human–animal interaction, thereby affecting their behavior toward animals. The goal was to investigate how measures of attitude and empathy toward animals were associated with animal welfare indicators such as milk yield, mastitis incidence, fertility index, and the prevalence of skin lesions on cows. To assess empathy toward animals, a photo-based pain assessment instrument was developed depicting various conditions that could be associated with some degree of pain in cattle and included questions aimed at assessing attitudes toward animals. Photos of painful conditions are useful in eliciting measurable empathic responses to pain in humans. A total of 221 farmers were sampled via e-mail and 154 responses were obtained. In the first analysis, farmers were categorized into 2 groups according to their agreement or disagreement with the attitude statement “animals experience physical pain as humans do.” In the second analysis, farmers were assigned a median pain assessment score obtained from their estimates on the visual analog scale of 21 conditions assumed painful for cattle. In the third analysis, farmers were clustered in 3 groups according to their visual analog scale responses. Three conditions were ranked as the most painful: fracture of tuber coxae, dystocia, and serious mastitis. Farmers with positive attitudes toward animals scored 2 points higher on their empathy score compared with farmers with negative attitudes. Personal experience with each additional condition resulted in a 0.09 higher score. Cluster analysis revealed 3 groups. Farmers in group 3 had the highest median pain assessment score (6.7 ± 0.2), indicating a high level of empathy and a positive attitude toward animals. They had the lowest prevalence of skin lesions over the carpus (24 ± 6%) and the lowest

milk production (6,705 ± 202 kg). The complex associations between indicators of empathy and attitudes with relevant welfare outcomes suggest that competence building to safeguard animal welfare could benefit from including both attitudes and empathy in human–animal interactions studies.

Kielland, C.; Skjerve, E.; Østerås, O.; Zanella, A.J. Dairy farmer attitudes and empathy toward animals are associated with animal welfare indicators. Journal of Dairy Science , v.93, I.7, p. 2998-3006, 2010.

EFFECTS OF PAIR VERSUS SINGLE HOUSING ON PERFORMANCE AND BEHAVIOR OF DAIRY CALVES BEFORE AND AFTER WEANING FROM MILK

This experiment tested the effects of pair versus single housing on the performance and behavior of dairy calves before and after weaning. Twenty-seven Holstein calves were separated from the dam within 6 h of birth, housed in individual pens for 4 d, and then assigned to either continued individual housing (n = 9 calves) or pair housing (n= 9 pairs). Calves had ad libitum access to starter, hay, and water via buckets. Pasteurized whole milk was fed via teat twice a day for 2 h at ad libitum volumes until d 36. During the milk-feeding period, paired calves showed higher intakes of starter than did the individually housed calves (averaging 93 vs. 59 ± 11 g/d per calf). Calves were weaned from milk from d 37 to 41 by progressive dilution of milk with water, and the teat was removed on d 49. Calves in both treatments vocalized in response to teat removal but this response was less in paired calves than in individually housed calves (84 vs. 194 ± 12 calls/2-h period per calf on d 49). On d 56, calves were moved to group pens, mixed with other calves, and observed for 15 d. Starter, water, and hay were available ad libitum via automatic feeders. Compared with calves previously housed in single pens, paired calves had a shorter latency to start feeding (9.1 ± 2.6 vs. 49.5 ± 4.1 h/calf), visited the starter feeder more frequently (41.6 ±3.0 vs. 26.4 ± 3.3 visits/d per calf), spent more time at the feeder (87.8 ± 2.5 vs. 65.3 ± 2.9 min/d per calf), and consumed more starter (3.4 vs. 2.3± 0.2 kg/d per calf). Weight gains at mixing were higher for paired than for individually housed calves on d 2 and 3 after mixing (0.5 vs. −2.4 ±0.3 kg/d per calf; and 0.8 vs. −0.9 ± 0.3 kg/d per calf, respectively). The results indicate that pair housing during the milk-feeding stage reduces calf

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

10

Page 11: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

responses to weaning and improves performance after weaning when calves are housed in groups.

Paula Vieira, A.; von Keyserlingk, M.A.G.; Weary, D.M. Effects of pair versus single housing on performance and behavior of dairy calves before and after weaning from milk. Journal of Dairy Science , v.93, I.7, p. 3079-3085, 2010.

IDENTIFYING COST-MINIMIZING STRATEGIES FOR GUARANTEEING TARGET DAIRY INCOME OVER FEED COST VIA USE OF THE LIVESTOCK GROSS MARGIN DAIRY INSURANCE PROGRAM

Milk and feed price volatility are the major source of dairy farm risk. Since August 2008 a new federally reinsured insurance program has been available to many US dairy farmers to help minimize the negative effects of adverse price movements. This insurance program is referred to as Livestock Gross Margin Insurance for Dairy Cattle. Given the flexibility in contract design, the dairy farmer has to make 3 critical decisions when purchasing this insurance: 1) the percentage of monthly milk production to be covered, 3) declared feed equivalents used to produce this milk, and 3) the level of gross margin not covered by insurance (i.e., deductible). The objective of this analysis was to provide an optimal strategy of how a dairy farmer could incorporate this insurance program to help manage the variability in net farm income. In this analysis we assumed that a risk-neutral dairy farmer wants to design an insurance contract such that a target guaranteed income over feed cost is obtained at least cost. We undertook this analysis for a representative Wisconsin dairy farm (herd size: 120 cows) producing 8,873 kg (19,545 lb) of milk/cow per year. Wisconsin statistical data indicates that dairy farms of similar size must require an income over feed cost of at least $110/Mg ($5/cwt) of milk to be profitable during the coverage period. Therefore, using data for the July 2009 insurance contract to insure $110/Mg of milk, the least cost contract was found to have a premium of $1.22/Mg ($0.055/cwt) of milk produced insuring approximately 52% of the production with variable monthly production covered during the period of September 2009 to June 2010. This premium represented 1.10% of the desired IOFC. We compared the above optimal strategy with an alternative nonoptimal strategy, defined as a contract insuring the same proportion of milk as the optimal (52%) but with a constant amount insured across all contract months. The premium

was found to be almost twice the level obtained under the cost-minimizing solution representing 1.9% of the insured amount. Our model identifies the lowest cost insurance contract for a desired target guaranteed income over feed cost.

Valvekar, M.; Cabrera, V.E.; Gould, B.W. Identifying cost-minimizing strategies for guaranteeing target dairy income over feed cost via use of the Livestock Gross Margin dairy insurance program. Journal of Dairy Science , v.93, I.7, p. 3350-3357, 2010.

EXCELLENCE IN TEACHING FOR PROMOTION AND TENURE IN ANIMAL AND DAIRY SCIENCES AT DOCTORAL/RESEARCH UNIVERSITIES: A FACULTY PERSPECTIVE

In this study, animal or dairy sciences faculty from doctoral/research universities were surveyed to clarify teaching performance expectations for the purpose of promotion and tenure of assistant professors. A survey tool including 15 evaluation criteria was available online and at the registration desk of the 2005 Joint Annual Meeting of the American Dairy Science Association and the American Society of Animal Science. The analyzed data set included 47 faculty (41 tenured and 6 tenure-track) with a substantial teaching responsibility from 27 different departments in 25 states. Four criteria were perceived as currently overemphasized: student evaluation of the instructor, student evaluation of the course, authoring peer-reviewed publications, and authoring an undergraduate textbook or book chapter. Nevertheless, more than 50% of respondents reported that these criteria should be used. One criterion emerged as being currently underemphasized: documentation of personal assessment of one's own teaching by preparing a portfolio. The lack of consensus for the remaining 10 items may have reflected substantial differences in institutional practices. The significance of overemphasis or underemphasis of certain criteria varied substantially depending on the respondent's perceived institutional mission. When asked about recognition within their department, 68% of respondents indicated that efforts in teaching improvement were properly rewarded. Respondents doubted the meaningfulness and appropriateness of student ratings tools as currently used. Results also suggested that animal and dairy science faculty placed a higher value on criteria recognizing excellence in teaching based on intradepartmental recognition (e.g., interactions with close-up peers

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

11

Page 12: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

and students) rather than recognition within a broader community of scholars as evidenced by authorship or success in generating funding for teaching. Proposed improvements in the evaluation of teaching for promotion and tenure include 1) providing tenure-track faculty with written guidelines at the time of hiring; 2) ensuring that student ratings tools are reliable and valid; 3) carefully mentoring new faculty within the departmental and institutional culture; and 4) encouraging self-reflection and documentation of attempts to address pedagogical issues in one's own teaching. Educational leaders in doctoral/research universities should promote changes to enhance teaching performance of future faculty graduating from their institutions.

Wattiaux, M.A.; Moore, J.A.; Rastani, R.R.; Crump, P.M. Excellence in teaching for promotion and tenure in animal and dairy sciences at doctoral/research universities: A faculty perspective. Journal of Dairy Science , v.93, I.7, p. 3365-3376, 2010.

EFFECTS OF LOADING METHODS ON RABBIT WELFARE AND MEAT QUALITY

The effects of different loading methods on the welfare, carcass characteristics and meat quality traits of hybrid commercial rabbits were investigated. 384 male rabbits, 82 days old, were transported from the farm to the slaughterhouse. At the farm, 192 rabbits were loaded onto the truck smoothly (S) and 192 rabbits were loaded roughly (R). The S loading method consisted of carefully placing each rabbit into the transport crates. In the R method, the loading was hurriedly and carelessly executed by the transport operator, throwing each animal into the crates fixed on the truck. Live weight before and after transport as well as slaughter data were recorded for each rabbit, and a subset of 80 carcasses were evaluated for meat quality. Blood samples from 80 rabbits were analysed for haematological and biochemical parameters. A significant neutrophilia (P < 0.001), lymphocytopaenia (P < 0.001) and an increase in serum aspartate aminotransferase (AST) (P < 0.01), alanine aminotransferase (ALT) (P < 0.001) and creatine kinase (CK) activities (P < 0.001) were recorded in all rabbits after transport, independent of the loading method. A twofold increase in serum corticosterone concentration (6.23 vs. 14.88 ng/mL; P = 0.001)

was observed in all rabbits following transport. Results suggest that the stress parameters analysed were more influenced by transport and handling itself rather than by the different loading methods. The results showed that there was no adverse effect of loading method on carcass traits. Furthermore, the stress condition evidenced by haematological and biochemical parameters prior to slaughter did not affect meat quality.

Mazzone, G.; Vignola, G.; Giammarco, M.; Manetta, A.C.; Lambertini, L.. Effects of loading methods on rabbit welfare and meat quality. Meat Science, v.85, I.1, p. 33-39, 2010

TIME TO COLLAPSE FOLLOWING SLAUGHTER WITHOUT STUNNING IN CATTLE

Time to physical collapse was examined in 174 cattle which were restrained in the upright position and then released immediately from the restraint following the halal cut. The frequencies of swelling and false aneurysm in the cephalic and cardiac severed ends of the arteries were recorded. Fourteen percent of the cattle collapsed and stood up again before finally collapsing. The average time to final collapse for all the cattle was 20 s (sd ± 33). In 8% of the animals time to final collapse was 60 s. Seventy-one percent of the cattle that took more than 75 s to collapse had false aneurysms in the cardiac ends of the severed carotid arteries. The frequency of swelling at the cephalic severed ends of the carotid arteries in 129 cattle was 7%. Failure to collapse within 60 s was associated with swelling of the cephalic ends of the carotid arteries.

Gregory, N.G.; Fielding, H.R.; von Wenzlawowicz, M.; von Holleben, K. Time to collapse following slaughter without stunning in cattle. Meat Science, v.85, I.1, p. 66-69 , 2010.

ECONOMICALLY OPTIMAL COMPOST RATES FOR ORGANIC CROP PRODUCTION

Current guidelines for the use of compost in organic agriculture are based on nutrient targets, which represent the conditions needed for maximum yield. Due to the high cost of inputs, however, a maximum-yield strategy may be far from economically optimal in some organic cropping systems. In this article we formulate a

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

12

Page 13: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

theory of economically optimal rates (EORs) for compost that incorporates the effects on yield in the years after application. When carryover is neglected, it is well known that the slope of the yield response at the EOR equals the fertilizer/crop price ratio. We show that when carry-over effects are modeled with a decay series, the critical slope is reduced by the sum of the decay series, and this criterion holds for each crop in a rotation. To demonstrate the application of these theoretical results, we used data from a previous study in which the dryland wheat yield response to compost was measured on organic farmland in northern Utah. Since a decay series was not measured, EORs are presented for a range of values of the cumulative carryover, as well as for different compost/wheat price ratios. The EOR for compost sold by one of the region's main composting facilities was predicted to be zero, which highlights the challenging nature of organic fertility management in northern Utah's dryland agriculture. Confidence in the EOR was hindered by our limited understanding of carryover in dryland systems, which should be a priority for future research.

Endelman, J.B.; Reeve, J.R.; Hole, D.J. Economically Optimal Compost Rates for Organic Crop Production. Agronomy Journal , v.102, p.1283–1289, 2010

COMPARISON OF ECONOMIC OPTIMUM NITROGEN RATES FOR RICE IN ARKANSAS

Historically high N prices have increased farmer interest in economic optimum N rates for rice (Oryza sativa L.). This study uses five to 8 yr of rice variety by N data from four research locations in Arkansas varying by soil series [Perry clay (Vertic Haplaquepts); Sharkey clay (Vertic Haplaquepts); DeWitt silt loam (Typic Albaqualfs); and Hillemann silt loam (Thermic, Albic, Glossic Natraqualfs)] to estimate rice yield response to N functions for five common functional forms [quadratic, quadratic-plateau, square root, linear-plateau, and Mitscherlich]. Economic optimum N rates (EONs) are calculated by location and functional form across years using both nonlinear optimization and a numerical method proposed for making N rate guidelines in the Corn Belt of the United States. Statistical analysis indicated the quadratic fits the yield data best at three of four locations and performs as well as either the linear-plateau or quadratic-plateau at the fourth location. The numerical method produces approximately

the same EON rates (within ±1 kg ha–1) as nonlinear optimization. Economic optimum N rates varied by research location and are as follows assuming average 2006–2008 rice price and N cost data and annual quadratic functions: 150 kg N ha–1 at the DeWitt silt loam location; 122 kg N ha–1 at the Hillemann silt loam location; 181 kg N ha–1 at the Sharkey clay location; and 187 kg N ha–1 at the Perry clay location.

Watkins, K.B.; Hignight, J.A.; Norman, R.J.; Roberts, T.L.; Slaton, N.A.; Wilson, C.E.; Frizzell, D.L. Comparison of Economic Optimum Nitrogen Rates for Rice in Arkansas. Agronomy Journal , v.102, p.1099–1108, 2010.

CEMENT REPLACEMENT BY SUGAR CANE BAGASSE ASH: CO2 EMISSIONS REDUCTION AND POTENTIAL FOR CARBON CREDITS

This paper presents a study of cement replacement by sugar cane bagasse ash (SCBA) in industrial scale aiming to reduce the CO2

emissions into the atmosphere. SCBA is a by-product of the sugar/ethanol agro-industry abundantly available in some regions of the world and has cementitious properties indicating that it can be used together with cement. Recent comprehensive research developed at the Federal University of Rio de Janeiro/Brazil has demonstrated that SCBA maintains, or even improves, the mechanical and durability properties of cement-based materials such as mortars and concretes. Brazil is the world’s largest sugar cane producer and being a developing country can claim carbon credits. A simulation was carried out to estimate the potential of CO2 emission reductions and the viability to issue certified emission reduction (CER) credits. The simulation was developed within the framework of the methodology established by the United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC) for the Clean Development Mechanism (CDM). The State of São Paulo (Brazil) was chosen for this case study because it concentrates about 60% of the national sugar cane and ash production together with an important concentration of cement factories. Since one of the key variables to estimate the CO2

emissions is the average distance between sugar cane/ethanol factories and the cement plants, a genetic algorithm was developed to solve this optimization problem. The results indicated that SCBA blended cement reduces CO2 emissions, which qualifies this product for CDM projects.

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

13

Page 14: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

Fairbairn, E.M.R.; Americano, B.B.; Cordeiro, G.C.; Paula, T.P.; Toledo Filho, R.D.; Silvoso, M.M. Cement replacement by sugar cane bagasse ash: CO2 emissions reduction and potential for carbon credits. Journal of Environmental Management, v.91, I.9, p. 1864- 1871 , 2010.

CONTRIBUIÇÃO DO FOMENTO DO ÓRGÃO FLORESTAL DE MINAS GERAIS NA LUCRATIVIDADE E NA REDUÇÃO DE RISCOS PARA PRODUTORES RURAIS

O objetivo deste estudo foi realizar a análise financeira e a simulação de risco de investimento em projetos de reflorestamentos com eucalipto visando à produção de carvão e madeira para celulose, com e sem fomento florestal do Instituto Estadual de Florestas (IEF/MG). A análise financeira foi realizada mediante os métodos de avaliação de projetos florestais, e para a análise de risco utilizou-se a técnica de simulação de Monte Carlo, por meio do programa @RISK. Entre os projetos testados, aquele visando à produção de carvão com fomento do IEF obteve melhor desempenho financeiro. Verificou-se que os custos de colheita, transporte e carvoejamento são, juntos, responsáveis pela maior parcela do custo total dos projetos.A simulação da análise de risco indicou que as variáveis que afetaram o Valor Presente Líquido (VPL), nos projetos cuja produção final era o carvão, na sua ordem de importância (R), foram: preço dos produtos, produtividade da floresta, taxa de juros, custo de colheita e custo de implantação. Já para a produção de madeira a ordem de importância foi alterada quando se analisou o custo de colheita e de implantação, sendo este último mais influente, de forma negativa, sobre o VPL do Projeto sem fomento florestal.

Cordeiro, S.A. ; Silva, M.L.; Jacovine, L.A.C.; Valverde, S.R.; Soares, N.S. Contribuição do fomento do órgão florestal de Minas Gerais na lucratividade e na redução de riscos para produtores rurais . Revista Árvore , vol.34, n.2, pp. 367-376, 2010

INTEGRATING SCIENCE AND BUSINESS MODELS OF SUSTAINABILITY FOR ENVIRONMENTALLY-CHALLENGING INDUSTRIES SUCH

AS SECONDARY LEAD SMELTERS: A

SYSTEMATIC REVIEW AND ANALYSIS OF FINDINGS

Secondary lead smelters (SLS) represent an environmentally-challenging industry as they deal with toxic substances posing potential threats to both human and environmental health, consequently, they operate under strict government regulations. Such challenges have resulted in the significant reduction of SLS plants in the last three decades. In addition, the domestic recycling of lead has been on a steep decline in the past 10 years as the amount of lead recovered has remained virtually unchanged while consumption has increased. Therefore, one may wonder whether sustainable development can be achieved among SLS. The primary objective of this study was to determine whether a roadmap for sustainable development can be established for SLS. The following aims were established in support of the study objective: (1) to conduct a systematic review and an analysis of models of sustainable systems with a particular emphasis on SLS; (2) to document the challenges for the U.S. secondary lead smelting industry; and (3) to explore practices and concepts which act as vehicles for SLS on the road to sustainable development. An evidence-based methodology was adopted to achieve the study objective. (…) Two types of models emerged: management/business and science/mathematical models. Although the management/business models explored actions to achieve sustainable growth in the industrial enterprise, science/mathematical models attempted to explain the sustainable behaviors and properties aiming at predominantly ecosystem management. As such, there are major disconnects between the science/mathematical and management/business models in terms of aims and goals. Therefore, there is an urgent need to integrate science and business models of sustainability for the industrial enterprises at large and environmentally-challenging industrial sectors in particular. In this paper, we offered examples of practices and concepts which can be used in charting a path towards sustainable development for secondary lead smelters particularly that the waste generated is much greater outside the industrial enterprise than inside. An environmentally-challenging industry such as secondary lead smelters requires a fresh look to chart a path towards sustainable development (i.e., survivability and purposive needs) for all stakeholders (i.e., industrial enterprise, individual stakeholders, and social/ecological systems). Such a path should deal with issues beyond

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

14

Page 15: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

pollution prevention, product stewardship and clean technologies.

Genaidy, A.M.; Sequeira, R.; Tolaymat, T.; Kohler, J.; Wallace, S.; Rinder, M. Integrating science and business models of sustainability for environmentally-challenging industries such as secondary lead smelters: A systematic review and analysis of findings. Journal of Environmental Management, v.91, I.9, p. 1872-1882 , 2010.

DESENVOLVIMENTO DE MODELO MATEMÁTICO DE OTIMIZAÇÃO LOGÍSTICA PARA O TRANSPORTE MULTIMODAL DE SAFRAS AGRÍCOLAS PELO CORREDOR CENTRO-OESTE

Este artigo apresenta um modelo matemático de otimização logística para o transporte multimodal de safras agrícolas pelo corredor Centro-Oeste. Tal ferramenta foi desenvolvida no contexto de três amplos projetos de pesquisa financiados pela FINEP e executados por um grupo de universidades. O modelo, conhecido genericamente como Modelo de fluxo de Custo Mínimo Multiproduto, considera a otimização de fluxos em rede, para os produtos açúcar, álcool, milho, soja, óleo de soja, farelo de soja e trigo. O modelo proposto para estimativa dos fluxos inter-regionais mostrou-se uma ferramenta factível para fins de avaliação do potencial de utilização da multimodalidade. A análise destes resultados gera importantes subsídios para a seleção dos locais com potencial para instalação de mecanismos e equipamentos de transferência de cargas, além de auxiliar no dimensionamento dessas infraestruturas. Também é um resultado importante do ferramental desenvolvido a identificação das zonas de cargas que apresentam potencial captável pelas ferrovias, hidrovias e dutovias, ou seja, possibilita a identificação das regiões que revelam potencial para uso da multimodalidade.

Branco, J.E.H.; Caixeta-Filho, J.V.; Xavier, C.E.O.; Lopes, R.L.; Gameiro, A.H. Desenvolvimento de modelo matemático de otimização logística para o transporte multimodal de safras agrícolas pelo corredor centro-oeste. Informe Gepec , v. 14, n. 1, p. 84-100, jan./jun. 2010.

INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE

Esta descrição retrospectiva de um debate científico com quase 40 anos mostra a necessidade de uma trinca de novos indicadores

de sustentabilidade capaz de avaliar simultaneamente resiliência ecossistêmica, qualidade de vida e desempenho econômico.

Veiga , J.E. Indicadores de sustentabilidade. Estudos Avançados , v.24, n.68, pp. 39-52. 2010

CONCEPÇÕES DA ECONOMIA ECOLÓGICA: SUAS RELAÇÕES COM A ECONOMIA DOMINANTE E A ECONOMIA AMBIENTAL

O trabalho aborda as relações natureza-sociedade com o propósito de ampliar o leque das teorias socioambientais disponíveis. Faz rápida revisão e avaliação crítica do pensamento econômico tradicional diante da dimensão ambiental do processo econômico. Mostra o esforço de se incorporar o meio ambiente ao modelo econômico e trata da atividade econômica sob a restrição ambiental. Introduz a perspectiva da economia ecológica e sua abordagem transdisciplinar, explorando implicações da visão integradora dela decorrente. Conclui com uma apreciação de tendências no pensamento econômico-ecológico, lembrando nomes que as representam, com ênfase em Nicholas Georgescu-Roegen.

Cavalcanti, C. Concepções da economia ecológica: suas relações com a economia dominante e a economia ambiental. Estudos Avançados , v.24, n.68, pp. 53-67. 2010

GEOGRAFIA POLÍTICA E GESTÃO INTERNACIONAL DOS RECURSOS NATURAIS

Combinar ideias de autores clássicos da geografia política com autores contemporâneos permite analisar temas ambientais em uma escala internacional. Para regular os diversos interesses em jogo, foram criadas convenções internacionais sobre o ambiente, que oferecem novas formas de intercâmbio, comércio e cooperação entre países. Mas a assimetria das relações entre as partes aponta para a necessidade de discutir soberania, sustentabilidade e segurança ambiental, conceitos centrais que sustentam a ordem ambiental internacional, o conjunto de acordos multilaterais sobre o ambiente. Por isso, é fundamental analisar as matrizes teóricas dos conceitos citados combinados com convenções internacionais elaboradas em reuniões de Cúpula, como as de Estocolmo, do Rio de Janeiro e a de Johanesburgo, para reforçar o diálogo na resolução de problemas internacionais.

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

15

Page 16: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

Ribeiro, W.C. Geografia política e gestão internacional dos recursos naturais. Estudos Avançados , v.24, n.68, pp. 69-80. 2010

AS BASES TEÓRICAS DA HISTÓRIA AMBIENTAL

O artigo analisa a emergência da história ambiental, como uma ciência consciente de si mesma, no contexto histórico e cultural da passagem do século XX para o século XXI. Ele define a história ambiental como uma investigação aberta e não reducionista das interações entre sistemas sociais e sistemas naturais ao longo do tempo. Também são discutidos os fatores sociológicos e as principais questões epistemológicas presentes na constituição desse novo campo historiográfico.

P ádua, J.A. As bases teóricas da história ambiental. Estudos Avançados , v.24, n.68, pp. 81-101. 2010

POLÍTICAS DE CONSERVAÇÃO E CRITÉRIOS AMBIENTAIS: PRINCÍPIOS, CONCEITOS E PROTOCOLOS

São discutidos conceitos fundamentais à elaboração de políticas ambientais cientificamente embasadas e, portanto, consistentes e eficazes, como o de biodiversidade (baseado na noção de variedade), conservação, resiliência de ecossistemas, fragilidade e perturbação, efeitos acumulativos e princípio da precaução. São analisados os dois principais instrumentos que vêm sendo considerados nesse âmbito, quais sejam as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade e as listas de espécies ameaçadas de extinção; na prática, estas últimas são o único aplicado quando da análise de pedidos de licenciamento de empreendimentos. Finalmente, são detalhados critérios mínimos de suficiência amostral para estudos ambientais embasando tais pedidos: abrangência taxonômica (que deve ser completa nos levantamentos), espacial (incluindo áreas de influência de cada empreendimento) e temporal (pelo menos três ciclos anuais), testadas por meio de curvas de acumulação de espécies. A legislação referente a cavernas é utilizada como exemplo.

Trajano, E. Políticas de conservação e critérios ambientais: princípios, conceitos e protocolos. Estudos Avançados , v.24, n.68, pp. 135-146. 2010

OS RISCOS DE EXTINÇÃO DE SAPOS, RÃS E PERERECAS EM DECORRÊNCIA DAS ALTERAÇÕES AMBIENTAIS

Cerca de 30% das espécies do grupo de sapos, rãs e pererecas sofrem ameaça de extinção, já tendo sido extintas 35 dessas espécies. Por apresentarem pele fina e permeável e, na maioria dos casos, fase larval que vive em ambiente aquático, esses animais são muito sensíveis a alterações tanto do ambiente aquático como do solo e do ar. O maior responsável pelos fatores geradores dessa crise é o estilo de vida da sociedade atual que produz altos índices de poluição, o aquecimento global, a invasão de espécies exóticas, o aumento da incidência de radiação ultravioleta e o surgimento de epidemias. Se não houver consciência da responsabilidade humana por essa crise e se não houver mudanças no seu modo de vida, essa ameaça se estenderá a todos, contemplando especialmente os humanos.

Verdade, V.K.; Dixo, M.; Curcio, F.F.. Os riscos de extinção de sapos, rãs e pererecas em decorrência das alterações ambientais. Estudos Avançados , v.24, n.68, pp. 161-172. 2010

PARA QUE SERVEM OS INVENTÁRIOS DE FAUNA?

Inventários de fauna acessam diretamente a diversidade de uma localidade, em um determinado espaço e tempo. Os dados primários gerados pelos inventários compõem uma das ferramentas mais importantes na tomada de decisões a respeito do manejo de áreas naturais. Entretanto, vários problemas têm sido observados em diversos níveis relacionados aos inventários de fauna no Brasil e vão desde a formação de recursos humanos até a ausência de padronização, de desenho experimental e de seleção de métodos inadequados. São apresentados estudos de caso com mamíferos, répteis, anfíbios e peixes, nos quais são discutidos problemas como variabilidade temporal e métodos para detecção de fauna terrestre, sugerindo que tanto os inventários quanto os programas de monitoramento devam se estender por prazos maiores e que os inventários devem incluir diferentes metodologias para que os seus objetivos sejam plenamente alcançados.

Silveira, L.F.; Baisiegel, B.M.; Curcio, F.F.; Valdujo, P.H.; Dixo, M.; Verdade, V.K., Mattox, G.M.T.; Cunningham, P.T.M. Para que servem os

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

16

Page 17: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

inventários de fauna?. Estudos Avançados , v.24, n.68, pp. 173-207. 2010

DISSERTAÇÕES

A PESQUISA COM BEM ESTAR ANIMAL TENDO COMO ALICERCE O ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DE OBJETO SUSPENSO NO COMPORTAMENTO DE LEITÕES DESMAMADOS E SEU EFEITO COMO NOVIDADE8

Juliana de Vazzi Pinheiro

Este experimento foi realizado com 137 leitões em fase pós desmame, desmamados aos 28 dias de idade que foram submetidos a 3 tratamentos relacionados ao seu comportamento baseados na utilização de um objetivo, neste caso um pneu suspenso por uma corrente, com a finalidade de enriquecimento ambiental. Os tratamentos foram: positivo (o pneu ficava disponível durante todo o período experimental para os leitões), negativo (ausência de enriquecimento ambiental) e alternado (o pneu utilizado para enriquecimento ambiental era lavado diariamente). Os leitões eram filmados em sistema contínuo, durante 24 horas, num período de 6 dias, o primeiro de adaptação e os outros 5 para análise do efeito deste objetivo. Na primeira análise observamos que o período entre as 10 e 11 horas da manhã e 16 às 17 horas corresponde ao horário de maior atividade de “jogo” dos leitões com o objeto. Apesar de estatisticamente os dados não apresentarem significância, foi observado na segunda análise que com o passar dos dias o enriquecimento ambiental vai perdendo seu efeito, diminuindo gradativamente o interesse dos leitões pelo objeto. Através da utilização dos etogramas, realizados nos períodos encontrados na primeira análise, em intervalos de 10 minutos, pode se avaliar o comportamento diário dos animais. Mostrando que as baias que continham o enriquecimento ambiental obtiveram menores frequências de comportamentos estereotipados.

8 Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal (FMVZ/USP), orientada pela Profa. Dra. Maria de Fátima Martins.

EFEITO DA COMBINAÇÃO DE PROBIÓTICOS NA DIETA DE LEITÕES DESAFIADOS COM SALMONELLA TYPHIMURIUM9

Larissa José Parazzi

O estudo fundamentou-se na utilização de probióticos como promotores de crescimento alternativos na alimentação de suínos, dada a proibição, por parte da União Européia, do uso de alguns antibióticos, que podem causar resistência aos antimicrobianos e riscos à saúde humana pelo consumo da carne. O experimento foi conduzido no Laboratório de Pesquisa em Suínos (LPS), com 160 leitões desmamados aos 23 dias até os 138 dias de idade. (...) As 51 dias de idade os animais foram inoculados com uma cepa de Salmonella Typhimurium via oral. (Foram seis tratamentos originados de dois probióticos, A e B, e três momentos de desmame, 44, 65 e 138 dias de idade; além de um controle positivo: ração com antimicrobiano e sem probiótico; e controle negativo: ração sem antimicrobiano e sem probióticos). Foram analisados os parâmetros peso, ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar. Aspectos clínicos e sanitários também foram avaliados, incluindo frequência de diarréia, temperatura retal, swabs retais para verificação da frequência da salmonela nas fezes e parâmetros sanguíneos. (...) Em relação ao peso médio, observou-se, no período de creche, que o controle positivo se sobressaiu frente aos probióticos, mas no período de crescimento, por volta dos 106 dias de idade, os grupos se igualaram, não havendo diferenças significativas. No período total de creche e crescimento/terminação, o ganho de peso dos animais do controle positivo foi numericamente superior comparativamente aos probióticos. O consumo de ração foi menor para o controle negativo em relação aos probióticos. A conversão alimentar foi melhor para o controle positivo em relação aos probióticos na fase de creche. Na frequência de diarréia o efeito do desafio programado foi evidenciado, mostrando no controle negativo maior frequência, ressaltada principalmente pela classificação em fezes líquidas, em comparação aos probióticos e controle positivo. A temperatura retal e a presença do agente nas fezes não se mostraram diferentes nos tratamento, o mesmo ocorrendo com relação aos parâmetros sanguíneos.

9 Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal (FMVZ/USP), orientada pelo Prof. Dr. Aníbal de Sant’ Anna Moretti.

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

17

Page 18: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

Portanto, as evidências encontradas quanto aos parâmetros clínicos e sanitários demonstraram de uma maneira geral, que os probióticos e os antimicrobianos podem agir de forma diferenciada, mas apresentando as mesmas respostas que repercutem em desempenhos semelhantes até o final da fase de terminação. Concluiu-se na avaliação de desempenho associado a aos aspectos econômicos, que o probiótico A, dentre os tratamentos, foi o mais viável, com a administração até 44 e 65 dias de idade dos leitões. A continuidade dos estudos com probióticos é necessária dada a variabilidade de fatores que interferem no seu melhor aproveitamento como promotor de crescimento.

SUGESTÁO DE SITE

II Simpósio de Sustentabilidade e Ciência Animal (II SISCA)

No site do evento foram atualizados os conteúdos das palestras e as fotografias do evento.

Acesse: www.sisca.com.br

LIVROS

Segurança alimentar: produção agrícola e desenvolvimento territorialNiemeyer Almeida Filho e Pedro RamosAlínea

Desempenho sustentável em Medicina VeterináriaMárcio Ricardo Costa dos SantosL.F. Livros

CURSO EM DESTAQUE

3º CURSO DE ATIVIDADE, EDUCAÇÃO E TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS (AAA,

EAA, TAA)

31 de julho e 01 de agosto de 2010Campus da USP em Pirassununga

Instrutoras:

Profa. Dra. Maria de Fátima MartinsProfessora da FMVZ/USP

Pedagoga Marisa SolanoPresidente da ONG Zooterapia

Bióloga Sílvia Ribeiro JansenPresidente da ONG ATEAC

Informações: [email protected]

CURSOS

VII Curso de Atualização em Avicultura para Postura ComercialJaboticabal SP – 16 e 17 de setembro de 2010www.funep.org.br/eventos

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

18

Page 19: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

EVENTO EM DESTAQUE

WORKSHOP DA COMISSÃO DE ÉTICA NO

USO DE ANIMAIS:

“O USO DE ANIMAIS NA PESQUISA E NO ENSINO

NA FMVZ/USP”

18 de agosto de 2010Faculdade de Medicina e Veterinária da USP

Temas e palestrantes:

A importância da pesquisa na universidade para o desenvolvimento nacionalMarco Antonio Zago

A importância da pesquisa com animais para o bem-estar do homem e dos animaisJoão Palermo Neto

Âmbito de competência das comissões de éticaEduardo Massad

Mérito e metodologia científicaEduardo Massad

Papel das comissões de ética no ensino e pesquisaCésar Ades

Métodos alternativos no uso de animais em ensinoRita de Cássia Maria Garcia

Métodos alternativos para o ensino em áreas básicasRicardo Titze de Almeida

Avaliação crítica dos métodos alternativos no ensinoMaria Fernanda Torres

Avaliação crítica dos métodos alternativos na pesquisaHumberto Pereira Oliveira

Programa nacional de abate humanitário para aves, suínos e bovinos

Charli Beatriz Ludtke

Experimentação animal sob o ponto de vista da sociedadeMarisa Martinez Solano Pereira

Informações: [email protected]

EVENTOS

48º Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER)Campo Grande MS - 25 a 28 de julho de 2010 www.sober48.com.br

XXXIX Congresso Brasileiro de Engenharia AgrícolaIV Congreso Latinoamericano y Del Caribe de Ingeniaría AgrícolaVitória ES – 25 a 29 de julho de 2010http://www.sbea.org.br/clia2010/

37º Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária (CONBRAVET)Rio de Janeiro RJ – 26 a 30 de julho de 2010www.conbravet2010.com.br

47ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia (SBZ)Salvador BA, 27 a 30 de julho de 2010http://www.reuniaosbz.com.br/

III Simpósio Brasil Sul de SuinoculturaChapecó SC – 10 a 12 de agosto de 2010WWW.nucleovet.com.br

VI Congresso Internacional de Medicina Veterinária FEI/CBHSão Paulo SP - 14 e 15 de agosto de 2010

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

19

Page 20: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

www.caballiana.com.br

43º Congresso Brasileiro de FitopatologiaCuiabá MT – 15 a 19 de agosto de 2010WWW.fito2010.com.br

Workshop da Comissão de Ética no Uso de Animais da FMVZ/USPSão Paulo SP – 18 de agosto de [email protected]

10º InterleiteUberlândia MG – 19 a 21 de agosto de 2010http://www.milkpoint.com.br/interleite2010/inscricao.html

XVII Congresso da Sociedade Paulista de ZoológicosSão Paulo SP – 20 a 24 de agosto de 2010www.zoologico.sp.gov.br

III Workshop de Nutrição de SuínosNova Odessa SP - 27 de agosto de 2010www.iz.sp.gov.br

Seminário Internacional sobre Vida SilvestreJundiaí SP – 11 de setembro de 2010www.wspabrasil.org

PorkExpo 2010V Fórum Internacional de SuinoculturaCuritiba PR – 14 a 16 de setembro de 2010www.porkexpo.com.br

10ª Conferência Internacional de CaprinosRecife PE, 19 a 23 de setembro de 2010www.iga2010.com.br

Simpósio de Pesquisa em Medicina Veterinária 2010Viçosa MG – 20 a 24 de setembro de 2010www.posvet.ufv.br/simposio2010

71st Minnesota Nutrition ConferenceOwatonna, MN, USA - September 21-22, 2010http://www.ansci.umn.edu/mnc.html

II Festival Nacional de Cinema e Vídeo Rural de PiritubaPirituba SC - 22 a 25 de setembro de 2010WWW.festivaldecinemapirituba.com

Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão Ribeirão Preto SP - 27 a 29 de setembro de 2010http://www.sbea.org.br/conbap2010/principal.html

V Research Workshop on “Institutions and Organizations”Sao Paulo SP - October 3rd-5th 2010www.pensa.org.br

XV Congresso Mundial da Raça BrahmanUberaba MG - 17 a 24 de outubro de 2010WWW.brahamancongress.com

International Vets CongressRotterdam, The Netherlands – 22 & 23 October 2010www.internationalvetscongress.com

Conferência Internacional da Rede WATERLAT (Rede de pesquisas voltada para o tema da Governabilidade e da Cidadania na Gestão da Água e da Saúde Ambiental na América Latina)São Paulo SP - 25 a 27 de outubro de 2010http://www.waterlat.org/pt/index.html

IV CLANA - Congresso Latino Americano de Nutrição AnimalSão Pedro SP – 24 a 26 de novembro de 2010http://www.cbna.com.br/

VI Congresso Nordestino de Produção AnimalXII Simpósio Nordestino de Alimentação de RuminantesMossoró RN - 29 de novembro a 02 de dezembro de 2010www.snpa.org.br

II Congresso Argentino de reprodução EquinaMendoza, Argentina – 4 a 6 de maio de 2011www.congresoreproequina.com.br

EQUIPE

Augusto Hauber [email protected] da FMVZ/USP

Teresa Cristina [email protected] da FZEA/USP

Rubens [email protected] da FZEA/USP

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

20

Page 21: Socioeconomia & Ciência Animal Aproveitamos para convidar ... · interno e externo de carne, ... Coordenadoria do Campus de Pirassununga Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

CONTATO

USP / FMVZ / VNP / LAELaboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência AnimalAv. Duque de Caxias Norte, 225 - Campus USPCEP 13.635-900, Pirassununga - SPTelefone: (19) 3565 4300Fax: (19) 3565 4295

http://lae.fmvz.usp.br

SOBRE O BOLETIM ELETRÔNICO“SOCIOECONOMIA & CIÊNCIA ANIMAL”

Trata-se de um projeto de extensão vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/USP). O projeto conta com a participação da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA/USP).

O boletim eletrônico tem o objetivo de divulgar os resultados de pesquisas desenvolvidas e publicadas nacionalmente e internacionalmente, e que tenham como campo de investigação, as Ciências Humanas aplicadas diretamente ou conjuntamente à Ciência Animal.

Portanto, este projeto de extensão procura contribuir para o desenvolvimento científico baseado na multidisciplinaridade.

O boletim é de livre acesso a todos que tenham interesse, bastando enviar uma mensagem solicitando a inclusão do e-mail destinatário para o seu recebimento.

Críticas, idéias e sugestões sempre serão bem vindas.

Para solicitar cadastramento na lista de destinatários ou cancelamento do recebimento, favor escrever para: [email protected]

Escreva para o mesmo e-mail se desejar receber as edições anteriores (de no. 1 a 22).

Clique aqui para ter acesso às edições anteriores.

Universidade de São PauloCoordenadoria do Campus de Pirassununga

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Departamento de Nutrição e Produção AnimalPrograma de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal - Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal

21