45
 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO “A VEZ DO MESTRE” DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR TECNOLOGIA APLICADA AO ENSINO  – PERSPECTIVAS NO ÂMBITO DA DOCÊNCIA – SOLANGE DE SOUZA FARINHA Orientadora Ana Cristina Guimarães Rio de Janeiro 2005

Solange de Souza Farinha

Embed Size (px)

DESCRIPTION

filosofia

Citation preview

  • UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PROJETO A VEZ DO MESTRE

    DOCNCIA DO ENSINO SUPERIOR

    TECNOLOGIA APLICADA AO ENSINO

    PERSPECTIVAS NO MBITO DA DOCNCIA

    SOLANGE DE SOUZA FARINHA

    Orientadora

    Ana Cristina Guimares

    Rio de Janeiro

    2005

  • UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PROJETO A VEZ DO MESTRE

    DOCNCIA DO ENSINO SUPERIOR

    TECNOLOGIA APLICADA AO ENSINO

    PERSPECTIVAS NO MBITO DA DOCNCIA

    Monografia apresentada ao Curso de Ps-Graduao

    Lato Sensu em Docncia do Ensino Superior da

    Universidade Candido Mendes.

    Por: Solange de Souza Farinha

    Rio de Janeiro

    2005

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus pela oportunidade de realizar este Curso.

    Aos professores e colegas de turma, pelo estmulo e encorajamento.

  • DEDICATRIA

    Dedico este trabalho aos meus familiares

    e a minha amiga Ftima de Almeida Cunha.

  • RESUMO

    Abordagem da relao entre ensino e tecnologia, em que esta se situa como recurso

    didtico ou pedaggico para beneficiar o processo de ensino e aprendizagem, tendo em vista

    que as mudanas polticas, econmicas e sociais do mundo contemporneo sinalizam a

    emergncia da tecnologia no ensino brasileiro. Por isso se discute as relaes entre ensino e

    modernizao tecnolgica, traando-se um breve histrico das primeiras experincias

    envolvendo Educao e tecnologia e a posio da Informtica ante as atuais propostas do

    ensino brasileiro. Aps estas consideraes, discute-se especificamente a relao entre ensino

    e tecnologia no mbito da Docncia do Ensino Superior, ressaltando-se a necessidade de

    mudanas relacionadas formao dos professores e melhoria das instituies de ensino

    superior. Enfeixada nestes dois tpicos, a anlise final da pesquisa aprofunda a importncia da

    Docncia na viabilizao do emprego de tecnologias na prtica de ensino, como uma das

    formas de enfrentar os desafios do presente.

  • METODOLOGIA

    O desenvolvimento desta monografia se deu atravs de pesquisa bibliogrfica, para a

    qual foram utilizados apenas trabalhos escritos, consultando-se livros, peridicos e textos

    eletrnicos relacionados questo central ora discutida. A partir da coleta e seleo de

    informaes necessrias, so desenvolvidas anlises prprias cuja base mais essencial

    encontra-se na sntese final que consta na concluso do presente trabalho.

    A pesquisa bibliogrfica, ao relacionar informaes e pontos de vistas que vinculam a

    prtica de ensino com as tecnologias da informao, oferece subsdios para uma compreenso

    mais ampla deste avano tecnolgico que ocorre atualmente, mas o principal ponto a ser

    ressaltado a necessidade de compreender as tecnologias digitais (especialmente nos campos

    das telecomunicaes e da informtica) como meio de obter e produzir conhecimento,

    melhorando as condies gerais do desenvolvimento humano.

    Dentro da perspectiva metodolgica ora apresentada, prope-se uma reflexo sobre o

    sentido do conhecimento como fator de diferenciao do ser humano e que pode servir tanto

    para a libertao como para a opresso. Por este motivo, refora-se a necessidade de orientar

    devidamente o conhecimento, pelos meios tecnolgicos, que no devem servir para excluir os

    indivduos do processo de busca e produo do conhecimento. Tratando-se de uma forma de

    compreenso do mundo, torna-se muito oportuna a reflexo sobre a atual a tecnologia e a

    prtica escolar da atualidade, que deve recusar a simples repetio de informaes ou a

    reproduo de prticas j saturadas.

    Para estimular a curiosidade dos alunos quanto aos conhecimentos, bem como as

    capacidades de criatividade e iniciativa, exige-se uma prtica universitria de fato renovadora,

  • constituda como um vetor para o desenvolvimento da conscincia crtica e da produo do

    conhecimento. A noo de conhecimento como uma viso de mundo, associada ao emprego

    intenso de tecnologias digitais, dever estar viva na conscincia dos futuros professores e,

    conseqentemente, dever nortear a prtica pedaggica universitria.

    Para que o espao universitrio no se torne uma mera reproduo da prtica que

    sempre prevaleceu no ensino superior brasileiro, h necessidade de desenvolver um trabalho

    intenso e eficaz no mbito da Docncia do Ensino Superior, segundo a qual a compreenso

    epistemolgica do conhecimento (isto , o conhecimento como entendimento do mundo) se

    associa aos processos e prticas tecnolgicas voltada para a produo e seleo de

    informaes, para uma nova construo do conhecimento.

  • SUMRIO INTRODUO 09

    CAPTULO I

    MUDANAS ESTRUTURAIS DO PRESENTE 12

    CAPTULO II

    EMERGNCIA DA TECNOLOGIA NO ENSINO BRASILEIRO 15

    CAPTULO III

    O MBITO DA DOCNCIA DO ENSINO SUPERIOR 24

    CONCLUSO 36

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 42

    NDICE 44

    FOLHA DE AVALIAO 45

  • INTRODUO

    O emprego de tecnologias digitais no campo educacional um fato inevitvel e

    irreversvel na atualidade do ensino, no Brasil e no mundo, no apenas pelas vantagens em

    termos de recursos didticos, mas sobretudo em razo de uma crescente demanda social em

    torno desta questo. A sociedade contempornea conjuga aspectos locais e globais por meio

    de processos tecnolgicos digitais, nos mais diferentes campos de atividade, desde a produo

    econmica at o lazer. A sociedade da informao se torna, neste novo contexto, objeto de

    anlises cada vez mais amplas sobre o impacto das tecnologias da informao nestes

    diferentes campos. O ensino no poderia estar alheio a este processo e os professores

    precisam se inteirar das inovaes tecnolgicas e seus impactos scio-culturais, para melhor

    preparar os alunos para esta sociedade da informao.

    Ao se problematizar a formao de professores, para atender a esta demanda, o tema

    ora abordado se desloca inevitavelmente para o campo da Docncia do ensino superior, que

    no mais poder ignorar a utilizao das tecnologias digitais como ferramenta para o processo

    de ensino. Discute-se tambm as vantagens, dificuldades e resistncias que ainda existem em

    torno desta questo, sobretudo no tocante necessidade de atualizao do professor, na

    medida em que a informtica est sendo cada vez mais utilizada na prtica pedaggica da

    atualidade. O professor deve ter em mente que o mundo vive uma mudana de cunho

    estrutural, no se tratando de mera conjuntura incapaz de alterar a dinmica das sociedades

    em nveis local e global. O mundo do trabalho e a redefinio dos padres de ensino passam a

    se relacionar estreitamente com o computador pessoal, a multimdia e a Internet, como

    elementos rotineiros das atividades cotidianas.

  • Tais elementos tambm se tornam ferramentas indispensveis para o profissional da

    educao, nos nveis fundamental e mdio, conforme as propostas e orientaes oficialmente

    emitidas pelo sistema de ensino, na Nova Lei de Diretrizes e Bases e nos Parmetros

    Curriculares Nacionais. Fica evidente a importncia estratgica da Docncia para viabilizar

    esta mudana de perspectiva na prtica pedaggica habitualmente desenvolvida, a fim de

    adequar os sistemas de ensino s novas e urgentes exigncias da atualidade. Em face desta

    situao, surgem algumas questes determinantes para a discusso do tema, tais como: os

    impactos scio-educacionais causados pela emergncia das tecnologias digitais na atualidade;

    a dificuldade do sistema de ensino em equipar as unidades escolares e capacitar os

    profissionais de educao; a j mencionada resistncia de boa parte destes profissionais,

    quanto utilizao de recursos tecnolgicos, especialmente a informtica; e, a principal

    questo: como utilizar as tecnologias digitais como uma ferramenta para o trabalho docente.

    A abordagem ora iniciada pretende responder estas questes, pela metodologia de

    pesquisa bibliogrfica, consultando-se livros, artigos de peridicos e textos da Internet a

    respeito do tema. O emprego das tecnologias digitais (especialmente a informtica) ser

    abordado mais extensamente pela verificao das propostas e orientaes oficialmente

    emitidas pelo sistema de ensino, considerando-se especialmente a Nova LDB e os PCNs,

    considerando-se desde j que tais documentos se alinham numa perspectiva educacional

    eminentemente renovadora, em consonncia com as transformaes decorrentes da revoluo

    da informao e da globalizao econmica e cultural.

    Para melhor situar a questo no mbito especfico da Docncia, as mudanas

    mencionadas e as exigncias scio-educacionais dela decorrentes so expostas a partir de uma

    abordagem histrica das inovaes tecnolgicas, nos nveis polticos, econmicos e sociais.

  • Em seguida, segue-se uma breve exposio sobre tradio educacional brasileira, com a

    identificao de dois modelos pedaggicos: o tradicional e o renovado, estando neste ltimo a

    chave para a incluso das tecnologias no processo de ensino, do modo mais adequado. Nesta

    perspectiva, menciona-se sucintamente a consolidao do Ensino a Distncia (EAD), como

    uma prtica que tende a abranger os mais diversos segmentos ou nveis do ensino brasileiro.

    O emprego de meios tecnolgicos como recurso para o trabalho docente remonta ao

    final dos anos 70 e ao longo dos anos 80 do sculo XX, quando os mtodos audiovisuais de

    ensino foram ganhando espao cada vez maior no setor educacional. Contudo, a persistncia

    do modelo tradicional foi e ainda um fator de entrave para a mais plena utilizao das

    tecnologias digitais (especialmente a informtica) nas atividades relacionadas ao ensino. O

    momento presente, entretanto, impe de forma inevitvel a utilizao dos processos

    tecnolgicos nos diferentes setores da atividade humana. O domnio das tecnologias se torna

    um requisito obrigatrio para a insero scio-profissional das novas geraes e, diante disto,

    a formao dos professores deve receber um direcionamento adequado dinmica da

    sociedade contempornea.

  • Captulo I

    MUDANAS ESTRUTURAIS DO PRESENTE

    O emprego generalizado de tecnologias digitais nos mais diferentes campos da

    atividade humana talvez a caracterstica mais marcante do momento presente, sobretudo nas

    reas de telecomunicaes e informtica. Associada tecnologia, a informao tambm

    assume papel relevante, situando-se como a matria-prima da sociedade contempornea,

    sendo necessrio, portanto, aprender a selecionar, processar ou produzir informao, no

    contexto global da sociedade contempornea.

    Os autores cujas idias principais so destacadas neste captulo concordam que a onda

    de inovaes tecnolgicas associadas informao (e por isso denominada revoluo da

    informao) corresponde a uma reao do sistema capitalista superao do modelo scio-

    econmico at ento existente, o fordismo um modelo ou padro de acumulao baseado na

    produo em larga escala, com utilizao intensiva de matria-prima e energia. Ao analisar o

    esvaziamento do modelo fordista e o advento da nova ordem mundial, o profissional da

    Educao considera as possibilidades de incluso das tecnologias digitais como ferramenta de

    trabalho no campo educacional.

    Tais tecnologias no constituem apenas mais um recurso didtico, pois consistem

    fundamentalmente na grande chave para a insero social e profissional do aluno num

    mundo cada vez mais competitivo e globalizado. Em seu ensaio A Condio ps-moderna, o

    economista D. Harvey assinala que o perodo compreendido ente 1965 e 1973 evidenciou

    cada vez mais a incapacidade dos modelos tradicionais de produo e gesto (fordismo e

    keynesianismo) para conter as contradies tpicas do capitalismo. O fordismo

  • conceituado como o formato organizacional predominante associado ao padro tcnico-

    econmico vigente desde o incio do sculo, enquanto o keynesianismo compreende a

    forma predominante de interveno do Estado no setor econmico.

    Ainda de acordo com Harvey, a compreenso destes impasses relacionava-se rigidez:

    a rigidez dos investimentos de capital fixo de larga escala e de longo prazo, em sistemas de

    produo em massa que impediam muita flexibilidade de planejamento e presumiam

    crescimento estvel em mercados de consumo invariantes, alm dos problemas de rigidez nos

    mercados, na alocao e nos contratos de trabalho.

    Veja-se o seguinte trecho do autor citado:

    Por trs de toda a rigidez especfica de cada rea, estava uma configurao indomvel e aparentemente fixa de poder poltico e relaes recprocas que unia o grande trabalho, o grande capital e o grande governo no que pareceria cada vez mais uma defesa disfuncional de interesses escusos definidos de maneira to estreita que solapavam, em vez de garantir a acumulao do capital (HARVEY, 1996, p. 135-6).

    Havia uma necessidade de flexibilizao econmica na transio para o modelo scio-

    econmico atual, em face do esgotamento deste modelo de acumulao capitalista, superao

    esta relacionada a uma verdadeira revoluo informacional. Trata-se de uma revoluo

    causadora de transformaes comparveis quelas ocorridas em fases anteriores de mudanas

    radicais no padro de acumulao capitalista e, em particular, denominada Revoluo

    Industrial do final do sculo XVIII. No entanto, nota-se, com freqncia, que os impactos

    econmicos e sociais esperados da atual ordem mundial em conformao so considerados

    como at mais importantes do que aqueles gerados pela Revoluo Industrial.

    Como assinala M Dertouzos em seu livro O Que Ser: Como o Mundo da Informao

    Transformar Nossas Vidas: Em termos ideais, a Revoluo da Informao repetir os xitos

  • da Revoluo Industrial. S que, desta vez, parte do trabalho do crebro, e no dos msculos,

    ser transferido para as mquinas (DERTOUZOS, 1997, p. 46). Seguindo uma perspectiva

    semelhante, J. Lojkine tambm identifica neste fim de sculo uma mutao revolucionria

    para toda a humanidade, comparvel apenas inveno da ferramenta e da escrita, que

    ultrapassa em muito a Revoluo Industrial.

    Merece destaque a sua observao:

    A Revoluo Informacional est em seus primrdios e primeiramente uma revoluo tecnolgica que se segue Revoluo Industrial. Mas tambm muito mais que isto: constitui o anncio e a potencialidade de uma nova civilizao, ps-mercantil, emergente da ultrapassagem de uma diviso entre os que produzem e os que dirigem a sociedade (...) A transferncia para as mquinas de um novo tipo de funes cerebrais abstratas encontra-se no cerne da Revoluo Informacional. Tal transferncia tem como conseqncia fundamental deslocar o trabalho humano da manipulao para o tratamento da informao (LOJKINE, 1995, p. 11-13).

    Ao assumirem um papel ainda mais importante e estratgico na nova ordem

    econmica, informao e conhecimento se tornam fatores responsveis por mais

    produtividade e crescimento econmico, devendo-se ressaltar ainda que a revoluo da

    informao agrega novas capacidades inteligncia humana e muda o modo de se trabalhar

    juntos e de viver juntos. Informao e conhecimento adquirem nesta nova ordem um papel

    ainda mais visvel e estratgico por propiciarem novas possibilidades de crescimento em

    termos sociais, econmicos e culturais.

  • Captulo II

    EMERGNCIA DA TECNOLOGIA

    NO ENSINO BRASILEIRO

    A incluso de tecnologias na prtica de ensino da atualidade analisada neste captulo

    a partir de seu percurso histrico, com um apanhado geral sobre o uso do computador nas

    escolas e, por ltimo, analisando-se as diferentes possibilidades desta utilizao. Sobressai-se

    nesta anlise o carter revolucionrio da informtica no campo da Educao, mas ressaltam-se

    tambm alguns os problemas decorrentes desta tenncia, sobretudo nos pases em

    desenvolvimento, como Brasil, onde a maior parte da populao ainda no tem acesso

    informtica. O domnio deste campo constitui, portanto, de um desafio tanto para os alunos,

    como para os professores e o prprio sistema de ensino.

    2.1 Ensino e Modernizao Tecnolgica

    A proposta oficial de aplicao de tecnologias na prtica de ensino pode ter seu marco

    inicial demarcado pela criao da Secretaria Especial de Informtica (SEI), em 1979,

    juntamente com o Conselho de Segurana Nacional, estando atualmente vinculado ao

    Ministrio de Cincia e Tecnologia. Poucos meses aps a sua criao, em maro de 1980, a

    SEI constituiu a Comisso Especial de Educao, para discutir questes relacionadas

    informtica e educao, estabelecendo (...) poltica e diretrizes para a educao na rea de

    Informtica, com vista formulao de um planejamento educacional na rea (CHAVES,

    1988, p. 5). Uma das propostas desta iniciativa era estimular a criao de programas especiais

  • visando o uso de ferramentas de informtica em reas de conhecimento no

    necessariamente relacionadas informtica ou tecnologia.

    Uma srie de projetos foi estruturada a partir desta recomendao e, no mbito da SEI,

    desenvolveu-se o Educao e Computadores, mais conhecido como EDUCOM, que levou

    representantes brasileiros a comparecerem ao IV Congresso Mundial de Informtica na

    Educao, realizado na Sua em 1981. Naquele mesmo ano, realizou-se no Brasil o Primeiro

    Seminrio Nacional de Informtica na Educao, com patrocnio do SEI e com o apoio do

    MEC e do CNPq, na Universidade de Braslia.

    As sugestes e recomendaes mais relevantes, surgidas neste primeiro Seminrio,

    relacionam-se aos seguintes pontos:

    Mesmo reconhecendo-se o quadro de graves desequilbrios na oferta de oportunidades educacionais, enfatizou-se a necessidade de que a educao, em especial a dos nveis mdio e superior, apresente melhor desempenho e qualidade, em face do avano dos padres tecnolgicos e organizacionais do mundo do trabalho e das relaes sociais. Embora no elimine, a curto e mdio prazo, aqueles desequilbrios, o uso de computadores pode ajudar a melhorar o desempenho e a qualidade da educao oferecida (Idem, p. 7).

    O Segundo Seminrio de Informtica na Educao realizou-se em agosto de 1982,

    desta vez na Universidade Federal da Bahia, sob os patrocnio e apoio das mesmas

    instituies, mas com participao de muitas outras, dando-se ao evento um porte muito maior

    do que o anterior. Este Seminrio foi subdividido em quatro reas, conforme o ponto a ser

    considerado: scio-educacional, pedaggica, psicolgica e a informtica.

    Entre fins de 1982 e incio de 1983, foi criado o EDUCOM e, a partir de ento,

    diversos convnios foram celebrados, envolvendo universidades, secretarias de educao, o

    MEC, a EMBRATEL, a FUNTEV, entre outras. O primeiro problema enfrentado pelo

  • Projeto EDUCOM foi de ordem econmica, pois os rgos conveniados e o prprio governo

    tardaram a quitar os compromissos financeiros assumidos, havendo imensa desvalorizao

    desta receita devido inflao, retardando o incio do projeto para 1985.

    Em seguida, os educadores passaram a considerar o problema da demasiada influncia

    estrangeiras, pois os programas implantados, no sendo de origem nacional, possibilitariam

    que (...) valores e tradies culturais, e at ideolgicos, de procedncia estrangeira se

    infiltrem em nossas escolas e moldem a mente de nossas crianas (Ibidem, p. 8). Um dado a

    favor desta considerao a evidente invaso de termos estrangeiros, relacionados

    linguagem da informtica, acentuando os j existentes problemas em torno da invaso

    cultural norte-americana. Em 1996, foi promulgada a Nova Lei de Diretrizes e Bases para a

    Educao Nacional, a Nova LDB, lanando-se em 1997 os Parmetros Curriculares Nacionais

    (PCNs).

    Ambos estes documentos propem uma nova abordagem educacional baseada em

    proposta de ruptura com o modelo tradicional de ensino, isto , propostas e orientaes que

    levam em conta as mudanas ocorridas na sociedade e na produo econmica, dispensando

    especial ateno ao problema da crescente utilizao das tecnologias digitais em praticamente

    todos os setores da atividade humana. Tambm em 1997, o Ministrio da Educao e a

    Secretaria de Ensino a Distncia lanaram o Programa Nacional de Informtica na Educao,

    o PROINFO, sob a alegao da (...) crescente e irreversvel presena do computador dos

    recursos de informtica de um modo geral nos mais corriqueiros atos da vida das pessoas

    (BRASIL, 1997, p. 2).

  • Tal programa se destinava especificamente rede pblica de ensino e em sua

    justificativa so consideradas as exigncias da nova ordem mundial, no tocante qualificao

    profissional e insero do aluno no atual mercado de trabalho, extremamente competitivo,

    que requer de todos uma aprendizagem permanente. Os objetivos do PROINFO consistem nos

    seguintes tpicos: melhorar a qualidade do processo de ensino e aprendizagem; possibilitar a

    criao de uma nova ecologia cognitiva nos ambientes escolares mediante incorporao

    adequada das novas tecnologias da informao pelas escolas; propiciar uma educao voltada

    para o desenvolvimento cientfico e tecnolgico; educar para uma cidadania global numa

    sociedade tecnologicamente desenvolvida.

    Antes que estes objetivos se concretizem, h um aspecto ainda mais primordial, que

    exatamente a devida considerao dos impactos decorrentes da utilizao das tecnologias

    digitais em geral, e do computador, em particular, no processo de ensino e aprendizagem,

    considerando-se as possibilidades de mudana de paradigma educacional.

    2.2 Enfoques Iniciais Sobre Educao e Tecnologia

    O surto de inovaes tecnolgicas manifestou desde o incio uma inevitvel relao

    com a Educao ou o ensino, sobretudo pela necessidade de atualizao constante e

    adequao das competncias profissionais aos novos padres impostos pela Revoluo da

    Informao. O maior nome da informtica nos ltimos tempos, o mega-empresrio Bill Gates,

    assinalou em seu livro A Estrada do futuro a importncia da capacidade para a inovao, para

    a superao das desigualdades sociais e culturais entre classes e povos:

    A educao no a resposta total para todos os desafios criados pela Era da Informao, mas parte da resposta, da mesma maneira que a educao parte da resposta para uma gama dos problemas da sociedade A educao o grande nivelador da sociedade, e toda melhoria na educao uma grande contribuio para equalizar as oportunidades (GATES, 1995, p. 73).

  • Torna-se indispensvel uma formao humanstica subjacente capacitao quanto

    aos processos tecnolgicos, para populao como um todo, o que poderia ser viabilizado por

    meio de uma poltica educacional capaz de promover o desenvolvimento da autonomia e da

    participao cidad. Tal estmulo no comportaria uma prtica de ensino meramente

    reprodutora e servil, isto , no seria adequada ao modelo tradicional de ensino que sempre

    prevaleceu e ainda insiste em prevalecer no cenrio educacional brasileiro. Uma verificao

    superficial e genrica desta questo revelaria que poucas so as escolas realmente

    preocupadas com a construo de um mecanismo eficaz de insero do computador como

    ferramenta do processo de ensino e aprendizagem.

    Tem-se a impresso, portanto, de que a tecnologia se mantm dissociada da realidade

    educacional brasileira, apesar do contnuo surto de desenvolvimento tecnolgico e sua

    extrema importncia nos processos produtivos e na insero social. De um modo geral, as

    escolas privadas apontam os laboratrios de informtica como justificativa para o aumento de

    preos de mensalidades, mas comum se constatar que a melhoria tcnica conseguida muito

    pouca, tanto por parte dos professores como dos alunos. Pesquisadores como T.

    Oppeinheimer chamam ateno para alguns aspectos fundamentais da interface entre

    Educao e revoluo tecnolgica (especialmente a informtica):

    O computador no e no pode se tornar a panacia da educao. A mquina no pode ser tomada como substituta de toda uma cultura humanstica acumulada, sob pena de nada significar para as pessoas seno a perspectiva de adestr-las para a repetio no criativa (Apud DIMENSTEIN, 1998, p. 02).

    Discutindo a questo da informtica como ferramenta no processo de ensino, logo na

    intensificao das mudanas decorrentes da Revoluo da Informao, pelo incio dos anos

    90, P. Agre e T. Oppeinheimer consideram imprescindvel a associao dos processos

    tcnicos da informtica com o saber historicamente acumulado. Tal juno proporcionar um

    salto qualitativo nas condies humanas da sociedade da informao, na medida em que se

  • estimule nos alunos a priorizao da reflexo e da tomada de conscincia quanto ao sentido da

    informtica, a qual se constitui um meio, e no um fim em si mesmo, no tocante s

    experincias de aprendizagem.

    Phil Agre professor associado ao MIT e autor de vrios livros e artigos na rea da

    tecnologia da informao, dentre os quais se destaca o artigo Criando Uma Cultura da

    Internet. Nele Agre afirma que nenhuma aula de informtica vai conseguir substituir ou

    mesmo prover qualquer aluno de um contedo emocional, enquanto que as atividades de

    msica, poesia e esportes, na medida em que estimulem a criatividade e a interao social,

    permitiro o desenvolvimento e o conhecimento de esquemas de sociabilidade

    imprescindveis a qualquer ser humano.

    A utilizao de tecnologias digitais no processo de ensino e aprendizagem s surtir

    efeitos positivos (...) se estiver integrada com inovaes no currculo que integrem a

    tecnologia com uma pedagogia coerente (AGRE, 1997, p. 116). Tal observao abre

    perspectivas de discusses mais pedaggicas do que propriamente tecnolgicas,

    especialmente quanto s propostas e orientaes emitidas oficialmente pelo sistema de ensino

    na atualidade.

    2.3 A Informtica e as Atuais Propostas do Ensino

    Brasileiro

    A educao as tecnologias so dois campos que desde h muito tempo vm mantendo

    dilogos, que algumas vezes se revelam tensos, mas de um modo geral so sempre interativos.

    Enquanto Phil Agre afirma existir desde j uma mudana institucional, a partir das

  • inovaes tecnolgicas aplicadas Educao, outros estudiosos, como Valdemar W. Setzer

    (professor aposentado do Departamento de Cincias da Computao da Universidade de So

    Paulo), chamam a ateno para a lentido para se alcanar nveis realmente satisfatrios, pois

    o processo de desenvolvimento de um jovem e sua formao como pessoa (...)

    relativamente lenta e que exige muita pacincia dos envolvidos, uma preparao adequada dos

    professores e de metodologias condizentes com a realidade atual (SETZER, 2001, p. 14).

    Fica evidente, portanto, que um trabalho realmente satisfatrio de incluso da

    informtica na Educao no ocorre imediatamente, mas exige uma adequao das estruturas

    gerais da escola, inclusive dos profissionais nela envolvidos. O primeiro aspecto a ser

    ressaltado o fato de que equipar as escolas com computadores significa informatizar a

    educao, mas, sim, introduzir a informtica como ferramenta de ensino, dentro e fora da

    sala de aula. Um fator de primordial importncia, neste contexto, relaciona-se tambm

    relao professor-aluno e a construo do conhecimento decorrente da interao destes

    sujeitos.

    A atual concepo de ensino proposta na Nova LDB e nos PCNs denomina-se

    construtivismo scio-interacionista, caracterizando-se pela ruptura com o modelo

    tradicional, centrado na memorizao dos contedos, transmitidos pelo professor. Uma das

    principais atenes do construtivismo, na atualidade, relaciona-se incluso das tecnologias

    da informao no processo de ensino e aprendizagem, como uma ferramenta a servio deste

    processo. Enquanto os alunos se posicionam como agentes da construo de seu prprio

    conhecimento, o professor estar utilizando a tecnologia para dinamizar as aulas e orientar os

    alunos na construo de seu saber.

  • A utilizao do computador como recurso na construo do conhecimento, torna-se

    uma realidade nova, dentro e fora da sala de aula. Isto porque o computador, com acesso

    Internet, pode ser utilizado para fins educacionais tanto nas escolas como em casa, seja para

    uma pesquisa, uma leitura ou at mesmo um curso (livre ou curricular), no sistema de Ensino

    a Distncia (EAD). O computador se torna um dos recursos mediadores de uma

    aprendizagem mais dinmica, mas no substituir o professor, sendo uma ferramenta

    interativa na construo da aprendizagem.

    O cerne da questo a metodologia voltada para o ensino informatizado, com

    programas de computador(software) educativos para as mais diversas reas: Matemtica,

    Fsica, Portugus, enfim inmeras possibilidades, muitas delas distribudas gratuitamente na

    Internet. Alm de contribuir para uma aprendizagem dinmica, interativa e prazerosa, o

    emprego das tecnologias de informao nas atividades de ensino ensejam uma nova

    compreenso a respeito da nova realidade da sociedade atual. Considerando-se a vastssima

    gama de endereos na Internet (bibliotecas virtuais, artigos, revistas, documentrios, vdeos),

    todos estes recursos podem ser utilizados como fonte de pesquisa e de conhecimento do

    mesmo modo que os materiais impressos.

    Uma orientao adequada deve ser dada aos alunos, no tocante s pesquisas na

    Internet, especialmente em relao ao procedimento a ser adotado para a realizao dos

    trabalhos. Ao propor a informatizao do ensino, o sistema educacional no se incumbiria

    apenas de divulgar informaes, mas sim o de possibilitar a construo do conhecimento, de

    modo criativo e interpessoal (interativo). Partindo do pressuposto que aprender fazer, o

    computador pode e deve ser visto como uma ferramenta cognitiva capaz de facilitar a

  • estruturao do trabalho e viabilizar a aprendizagem, oferecendo condies satisfatrias para

    a construo do conhecimento.

    No est garantida, contudo, a possibilidade de que a mquina proporcionem ao

    indivduo o seu auto-conhecimento ou o contato com a realidade em que est inserido. Se no

    houver uma valorizao do fator humano, presente na questo do ensino na atualidade, a

    mquina poder encobrir mais do que esclarecer. Mais uma vez destaca-se a importncia do

    meio neste processo, ou seja, o instrumental utilizado no processo de ensino e aprendizagem.

    Em se tratando de ensino informatizado, o computador constitui a ferramenta de extrema

    valia para este processo.

    O computador um dado real e a escola precisar inclu-lo em suas rotinas. Por isso,

    preciso que a educao o veja como uma mquina que pode trabalhar a seu favor e no contra

    ela. Embora o computador no seja ainda uma presena fsica na totalidade das escolas

    brasileiras, sua presena j faz parte das salas de aula, atravs das brincadeiras, dos jogos

    eletrnicos, dos heris, das mquinas calculadoras, enfim do imaginrio das crianas.

  • Captulo III

    O MBITO DA DOCNCIA DO ENSINO SUPERIOR

    A questo da informatizao do ensino, ou da aplicao de tecnologias da informao

    ao processo educacional, relaciona-se com vrios fatores, especialmente devido a certos

    problemas que parecem crnicos, na realidade poltica e educacional brasileira. Se estes

    impasses no forem superados, as instituies escolares no obtero o devido proveito dos

    recursos tecnolgicos disponveis. Em face dos problemas considerados neste captulo, de

    nada adianta manter uma poltica de apenas comprar computadores e fazer grandes

    laboratrios de informtica.

    Definir uma poltica de utilizao produtiva de computadores e de finalidades

    educacionais parece ser um dos maiores problemas do atual ensino brasileiro, devido

    lentido e burocracia responsveis por uma verdadeira estagnao no processo de

    desenvolvimento tecnolgico.

    3.1 Aspectos Relacionados Formao dos Professores

    O papel determinante da Docncia do Ensino Superior se apresenta logo na base da

    discusso sobre os problemas gerais da aplicao de tecnologia prtica de ensino. Antes de

    qualquer considerao sobre a questo da tecnologia na educao, convm sublinhar a

    necessidade de capacitao do professor em relao s novas linguagens tecnolgicas, para o

    desenvolvimento de um trabalho docente verdadeiramente eficaz.

  • Outros problemas, como a predominncia de correntes pedaggicas tradicionais e os

    baixos salrios, agravam as dificuldades j inerentes incluso de tecnologias como recursos

    aprendizagem. Praticamente todos os estudos desenvolvidos em torno deste tema

    convergem para a concluso de que de nada adiantar a compra de computadores se no

    houver treinamento adequado de pessoal e manuteno constante de hardware

    (equipamentos), software (programas) e de peopleware (usurios devidamente capacitados).

    Uma verificao, mesmo que superficial, das condies gerais da grande maioria dos

    estabelecimentos escolares (pblicos e privados) demonstrar que muitos professores ainda

    no esto preparados para empregar tecnologias nos processos educativos, a ponto de

    realmente agregar valores formao escolar dos alunos. O computador, por si s, no muda

    a escola, sendo necessrias estratgias e pessoal apropriados para tais inovaes.

    Dentre as estratgias de superao da carncia de recursos humanos, algumas escolas

    particulares j comeam a exigir pelo menos uma declarada capacidade de utilizar o

    computador na educao, logo na contratao de docentes. Os professores (por si ou com o

    apoio ou pela iniciativa das escolas) costumam buscar estas qualificaes em cursos, mas se

    equivocam quando enfatizam muito mais a questo tecnolgica (como usar o computador) do

    que a questo pedaggica em torno desta utilizao.

    A capacitao deve comear na formao universitria dos novos profissionais de

    ensino, pois as tecnologias de informao ainda no se encontram totalmente inseridas na

    formao dos licenciandos, pois, mesmo com a consolidao do emprego destas tecnologias,

    as licenciaturas no se anteciparam a uma nova realidade que incorpora o computador na

    escola. Muitas instituies de ensino universitrio ainda carecem de condies para

  • proporcionar aos futuros docentes a necessria familiarizao com um ambiente

    informatizado de aprendizagem.

    Obter-se-, deste modo, uma capacidade de avaliao crtica sobre a aplicao dos

    recursos da tecnologia da informao. Muitas licenciaturas continuam a funcionar como se

    esse recurso no existisse, enquanto ferramenta pedaggica, como se as tecnologias ainda no

    estivessem em franca expanso na sociedade contempornea. Permanece, assim, a tendncia

    de se oferecer ao mercado um profissional j obsoleto desde a sua formao, considerando-se

    as previses extremamente preocupantes de A. C. Ramal, em Educao na Cibercultura:

    Na cibercultura, o computador vai substituir o professor. Estou falando, claro, do professor-transmissor de conhecimentos, aquele das conhecidas fichas amareladas que serviam para todas as turmas e dos textos que deviam ser lidos sempre do mesmo modo, prova de qualquer contexto. Aquele a quem cabia apresentar repetidamente contedos prontos a pessoas que no sabiam quase nada. Aqueles que no permitia as vozes divergentes, a multiplicidade de olhares, as subjetividades criadoras. A transmisso de dados poder passa a ser feita pelo computador de um modo muito mais interessante: com recursos de animao, cores e sons (...) Ento caber ao professor reinventar a sua profisso (RAMAL, 2002, p. 189).

    Entende-se por renovao institucional a urgente necessidade que tm as instituies

    de ensino de repensar sua prtica cotidiana, rediscutir seu papel enquanto agncia formadora

    de recursos humanos e o equipar-se tecnologicamente, para formar adequadamente o

    professor da Sociedade do Conhecimento. Contudo, o estabelecimento de estratgias e

    condies para incorporar a tecnologia da informao nas licenciaturas envolve no apenas a

    capacitao de professores, mas tambm o problema que est na base desta questo: as

    dificuldades estruturais da implantao de tecnologias de ponta no ensino brasileiro, desde a

    universidade at as o ensino bsico.

    Ao tratar desta questo, no se pode desconsiderar o fato de que o ser humano no

    pode ser dicotomizado do meio scio-cultural onde est inserido, observando-se tambm que

    a insero de um trabalho pedaggico apoiado no computador pode despertar no aluno o

  • interesse e a motivao pela descoberta do conhecimento, usando o mecanismo do aprender

    fazendo. Os professores devem organizar suas metas partindo da realidade, das necessidades

    e dos interesses de sua clientela, tentando despertar o prazer pela descoberta, provocando a

    mudana de comportamento to desejada por aqueles que pretendem a reestruturao da

    educao.

    Um adequado trabalho no mbito da Docncia capacitar os professores para que as

    inovaes pedaggicas no se concentrem em unidades que atendem apenas a grupos j

    favorecidos. Ter-se- em mente que a escola deve lidar com a formao de pensamento e de

    valores das geraes futuras, que vivero numa sociedade em contnua transformao,

    exigindo-se, por isso, uma escola tambm em constante transformao, com currculos

    flexveis e mtodos participativos. A educao demandar maior criatividade, contexto,

    descoberta e estruturao do conhecimento.

    Nesta nova perspectiva educacional, o ensino passa a ser centrado no aluno e o

    professor torna-se estimulador e coordenador do processo de ensino e aprendizagem. Para que

    tal concepo passe a prevalecer, h necessidade de uma outra mudana no menos profunda

    e at mesmo dolorosa: a adequao das estruturas institucionais do Ensino Superior a esta

    nova viso educacional, especialmente no campo da Docncia.

  • 3.2 O Problema no mbito Institucional

    Ao se problematizar as polticas de informatizao das universidades, depara-se com

    os empecilhos provenientes das estruturas governamentais e administrativas, que tambm no

    parecem atacar efetivamente o cerne deste problema. preciso considerar a emergncia das

    redes de comunicao digital, onde atualmente o conhecimento no apenas circula, como

    tambm produzido e reproduzido.

    Neste contexto verdadeiramente mltiplo e disperso, a Internet se apresenta como a

    principal rede, com mltiplos centros de expanso e recepo (rede policntrica), conjugando

    o local e o global, no mundo contemporneo. A nova configurao do ensino possui trs

    perspectivas distintas: a transmisso, o transporte e o armazenamento de informao, sendo

    preciso manter uma dinmica de aprendizado permanente, tendo em vista a rpida defasagem

    das tecnologias de informao. Esta preocupao deve estar presente nos professores, pois no

    mundo atual:

    (...) no basta deter armazenada uma certa quantidade de informao, mas necessrio desenvolver a capacidade de agir sobre nova informao que seja apresentada. A capacidade de agir sobre a informao tambm um tipo de informao (LYRA, 1997, p. 81).

    As estruturas governamentais e administrativas que norteiam o sistema de ensino, em

    todos os nveis, precisam se adequar s exigncias inerentes inovao tecnolgica, desde o

    simples manuseio do computador at a produo, seleo e processamento de informaes nas

    redes digitais, podendo-se ensinar de outras maneiras as coisas que j existem. As inovaes

    tecnolgicas possibilitam novas tecnologias, as quais podem auxiliar a melhoria do ensino,

    em termos de quantidade e de qualidade. A persistncia da precariedade geral das estruturas

    poltico-administrativas, contudo, obstruem a implementao destas tecnologias.

  • Conseqentemente, ocorre a estagnao do sistema de ensino, que se v privado das

    urgentes implementaes necessrias aos atualmente objetivados, conforme resume Ramal:

    Distante de grande parte das inovaes tecnolgicas do mundo contemporneo, que tem no fenmeno da imagem uma de suas mais significativas expresses, at poucos anos a sala de aula era a mesma de dcadas anteriores, espao centrado na figura do professor e em suas explicaes, com o auxlio de materiais didticos muito parecidos entre si. Mesmo com o advento das pedagogias crticas e o desenvolvimento da tecnologia educacional, pouco mudou de concreto com os retropojetores, projetores de slides e, em alguns casos, videocassetes ocasionalmente utilizados para explorar as possibilidades educativas de filmes e curta metragens (RAMAL, 2002, p. 57).

    Tanto quanto os cursos de formao docente, toda a estrutura de produo e

    sustentao do trabalho docente, desde os rgos governamentais at as direes das unidades

    escolares. No nvel local comum encontrar-se uma reproduo dos problemas existentes nas

    estncias superiores, devido reproduo de modelos tradicionais e as dificuldades de

    implantao de projetos mais inovadores. At mesmo nas prticas de sala de aula, comum

    verificar-se uma organizao curricular caracterizada pela hierarquia do conhecimento, pela

    fragmentao disciplinar, pela linearidade e pela dificuldade de interao curricular.

    Para dar conta das exigncias imposta pela sociedade da informao, estreitamente

    vinculada emergncia das tecnologias digitais, o currculo no mais poder se configurar

    como uma camisa de fora na qual o professor se sinta atrelado a um programa especfico,

    onde o programa o centro do processo pedaggico, sendo ele o determinante de tudo. O

    modelo tradicional de ensino, baseado na memorizao dos contedos, atendia s demandas

    da sociedade industrial, porm no atender as demandas da Era da Informao. O novo

    parmetro da Docncia deve considerar o indivduo como um todo, num processo total de

    construo do conhecimento. A aprendizagem ocorre mediante inter-relao do sujeito com o

    objeto, incluindo-se tambm suas relaes com a realidade em que se acha inserido.

  • 3.3 - Enfrentando Os Desafios do Presente

    As atuais abordagens educacionais propem uma prtica de ensino centrada no sujeito,

    valorizando-se os aspectos ticos, coletivos, participativos, com base na cidadania e na

    preparao para o novo mundo do trabalho, globalizado e competitivo. A renovao

    educacional, que proporciona um trabalho satisfatrio envolvendo tecnologia, passa

    necessariamente pela formao do professor, adaptado s novas condies do mundo

    contemporneo.

    Este professor se defronta com situaes de incerteza, num cenrio inteiramente novo,

    necessitando cultivar habilidades para refletir sobre sua prpria prtica docente e adapt-la s

    constantes mudanas da nova ordem mundial. O ponto de partida seriam instituies de

    ensino superior que formam os novos profissionais de ensino, estendendo-se a necessria

    renovao s unidades escolares (pblicas e privadas), em consonncia com as novas

    tendncias e inovaes relacionadas s tecnologias e as redefinies em termos scio-

    profissionais atualmente em curso.

    No h lugar para a acomodao e continuidade das prticas essencialmente rotineiras,

    cabendo bem a opinio de Imbernn, no trabalho intitulado Formao Docente Profissional:

    Formar-se Para a Mudana e a Incerteza:

    O professor precisa de novos sistemas de trabalho e de novas aprendizagens para exercer sua profisso, e concretamente daqueles aspectos profissionais e de aprendizagens associados s instituies educativas como ncleos em que trabalha um conjunto de pessoas. A formao ser legtima ento quando contribuir para o desenvolvimento profissional do professor no mbito de trabalho e de melhoria das aprendizagens profissionais (IMBERNN, 2002, p. 45).

    A profuso de novos meios e recursos tecnolgicos possveis de serem empregados na

    prtica de ensino cotidiana contrasta drasticamente com as dificuldades de incluso destes

  • mesmos meios e recursos como um procedimento uniforme nas instituies de ensino,

    especialmente na rede pblica, onde as desigualdades scio-econmicas dos diversos estados

    e municpios brasileiros tambm esto presentes no mbito educacional. Mesmo assim, o

    emprego de tecnologias e de redes de informao no ensino uma tendncia irreversvel,

    embora lenta em grande parte do pas.

    Sobrevm deste fato as transformaes na relao com o conhecimento e no

    desenvolvimento das capacidades cognitivas, mas ainda est longe de ocorrer a plena insero

    dos alunos, em geral, nas novas possibilidades de ensino e aprendizagem mediadas pelas

    tecnologias de informao, oferecidas pelo ciberespao, persistindo os problemas gerais

    relacionados s (...) instituies e os modelos habituais de diviso do trabalho, tanto nas

    empresas como nas escolas (LVY, 1999, p. 159).

    Permanece o desafio de adaptar as prticas pedaggicas a estes novos processos de

    trabalho do conhecimento, sendo necessrio desfazer algumas opinies equivocadas, antes

    mesmo de se implementar os recursos tecnolgicos no sistema de ensino. Dentre estes

    equvocos, destacam-se as suposies de que a mquina substituiro os professores,

    reconhecendo-se tambm que no basta apenas usar as tecnologias, mas tambm acompanhar

    as mudanas e conferir aos alunos uma viso humanstica, que proprorcione aos alunos uma

    reflexo sobre as novas formas de produzir, selecionar e trabalhar as informaes.

    A viso humanstica privilegia o ser humano, em vez da mquina e, nesta perspectiva,

    os equipamentos se afiguram como um meio, e no um fim, em si mesmos, no tocante

    construo do conhecimento. Torna-se urgente, portanto, uma mudana de mentalidade,

    juntamente com a incluso das tecnologias de informao no processo de ensino, redefinindo-

    se profundamente as formas institucionais, as concepes tradicionais e at mesmo a relao

  • entre professor e aluno. Sem esta compreenso, o computador e os demais equipamentos

    tecnolgicos (TV, videocassete, retropojetor, periscpio etc.) se tornam meros objetos,

    destitudos de qualquer possibilidade de inovao e adequao do aluno nas novas exigncias

    do mundo atual.

    Em face dos problemas apresentados no captulo anterior, fazem-se necessrias novas

    reflexes sobre a prtica educacional a ser implementada, em prol da incluso das tecnologias

    de informao como recurso didtico na prtica de ensino cotidiana. Importa, inicialmente,

    superar a insuficincia da formao dos professores e, a partir de ento, promover um amplo

    programa de trabalho com redes de informao, como a Internet, numa perspectiva

    interdisciplinar, capaz de iniciar os alunos na nova dinmica scio-educacional do presente.

    A proposta oficial do sistema de ensino brasileiro bem clara, no que diz respeito ao

    emprego das tecnologias digitais de informao no sistema de ensino, conforme consta nos

    Parmetros Curriculares Nacionais destinados ao Ensino Mdio:

    No Ensino Fundamental, a tecnologia comparece como alfabetizao cientfico-tecnolgica, compreendida como a familiarizao com o manuseio e com a nomenclatura das tecnologias de uso universalizado (...) No Ensino Mdio, a presena da tecnologia responde a objetivos mais ambiciosos (...) a tecnologia na educao contempornea do jovem dever ser contemplada tambm como processo. Em outras palavras, no se trata apenas de apreciar ou dar significado ao uso da tecnologia, mas de conectar os inmeros conhecimentos com suas aplicaes tecnolgicas, recurso que s pode ser bem explorado em cada nucelao de contedos (BRASIL, 2002, p. 106).

    Todos os esforos so feitos para promover a consolidao de um novo perfil de

    indivduo, na sociedade ps-moderna, indivduo este estreitamente vinculado tecnologia em

    praticamente todos os seus setores de atividade, desde o trabalho at o lazer. Esta nova leva de

    indivduos j conhecida nos Estados Unidos e na Europa como a Net Generation, isto ,

    Gerao Net, tambm conhecida como Net-Gen (Agre, Oppenheimer, Taspicott, Lyra,

  • Ramal, entre outros). Trata-se de uma gerao nova no apenas pelo uso permanente das

    tecnologias de informao, mas pela nova subjetividade que este uso criou.

    As caractersticas fundamentais a serem assimiladas pelos jovens incluem uma menor

    passividade, em relao s geraes anteriores, sendo a interatividade a sua marca

    fundamental. A Gerao Net no se contenta em apenas contemplar o meio de

    comunicao, mas tambm deseja mud-lo ou model-lo, conforme suas convenincias. As

    informaes divulgadas em mdias digitais, como a Internet, so totalmente flexveis e

    descentralizadas e, comparadas com os modelos tradicionais de produzir e divulgar

    informaes, podem ser consideradas caticas.

    A relao profunda com o sistema de ensino est no fato de que a Gerao Net enseja

    um novo tipo de profissional do ensino, envolvido com tecnologias de ponta e, ao mesmo

    tempo, necessitado de tempo livre para se desenvolver no uso da multimdia e da Internet,

    para estimular sua criatividade e auto-realizao:

    No basta que as escolas e o governo faam com a multimdia o que vem fazendo com os livros didticos, tornando-os a panacia da atividade do professor. Da mesma forma, no mais possvel imaginar que o professor no receba treinamento para o trabalho de sala de aula e a no sero suficientes as tradicionais reciclagens que nem sempre permitem o desenvolvimento de melhoria de tcnicas e procedimentos de ensino (TASPCOTT, 1998, p. 8).

    A nfase na questo das tecnologias aplicveis ao ensino se deve especialmente aos

    novos desafios do mundo do trabalho, pois a qualificao e o preparo para esta nova e

    complexa situao. O mercado de trabalho impe um novo modo de produzir e exige, por

    conseguinte, um novo tipo de trabalhador, que deve criar, improvisar e raciocinar, conforme

    observa Garry Becker, professor da Faculdade de Chicago e ganhador do Prmio Nobel de

    Economia, por suas idias sobre o capital humano:

    O trabalhador no pode mais repetir gestos, ele tem que (...) Vocs brasileiros, se iludem com as imensas riquezas naturais do pas. Mas a maior riqueza

  • o capital humano (...) o investimento no est em mquinas, mas na habilitao do trabalhador, obrigado a lidar com tecnologias cada vez mais sofisticadas (DIMENSTEIN, 1998, p. 4).

    Deste modo, a funo primordial do sistema de ensino consiste em superar o enorme

    dficit da imensa maioria dos jovens brasileiros em relao aos processos tecnolgicos

    aplicados produo e ao trabalho, comeando por adequar a arcaica estrutura escolar e

    transformar as mentalidades de burocratas, proprietrios de escola e professores. S ento

    estar aberto o caminho para utilizao dos recursos de multimdia e principalmente a

    Internet na sala de aula.

    A Internet a principal rede de informao virtual e a que mais revolucionou a vida e

    a cultura humana na virada para o sculo XXI, exemplificando tambm o quanto se revelam

    caticas as relaes do universo digital e a prpria revoluo da informao. A interatividade

    digital tambm outra marca essencial da Internet, constituindo uma excelente vantagem

    para o pesquisador tradicional. No prevalece mais uma linearidade sistmica na execuo de

    qualquer pesquisa, mas sim uma configurao circular e simultnea, com um nmero

    incontvel de possibilidades.

    No artigo intitulado A nova ordem catica controla a Internet, o pesquisador

    Ronaldo Entler tece as seguintes consideraes sobre o trabalho se pesquisa e seleo de

    informaes nas mdias digitais:

    A rede oferece acesso a diferentes assuntos, todos interligados, em ordens que no obedecem necessariamente aos catlogos das bibliotecas e aos processos de pesquisa convencional (...) a maneira como se trilha o caminho da informao acaba por alterar as indagaes do pesquisador e o resultado final de seu trabalho (ENTLER, 1996, p. 9).

    A interdisciplinaridade constitui o ponto de contato primordial para se trabalhar a

    relao entre tecnologias e ensino, em se tratando de Internet. Prope-se uma nova forma de

  • construo do conhecimento, em que o processo de arquivamento de informaes na rede se

    diferencia do modelo tradicional de consultas biblioteca. A consulta a um mecanismo de

    busca, como Cad, Altavista, Yahoo, Radar UOL etc., proporciona um universo de

    informaes correlatas que permite uma explorao aleatria sobre temas muitas vezes no

    includos no objetivo inicial da consulta.

    Os diversos links da Internet articulam uma imensa gama de dados e informaes

    muitas vezes independentes entre si, desconexas ou desencontradas, diferenciando-se por isso

    dos sistemas convencionais de pesquisa. Passam a coexistir trs fatores particularmente

    notveis, no processo de busca e seleo de informaes nas redes digitais: a multiplicidade

    dos gneros de informao, os novos mtodos de classificao de dados e a interatividade

    (Idem, p. 10). O acesso s redes digitais e os aperfeioamentos tecnolgicos ocorrem

    continuamente, sendo, portanto, imprescindvel um preparo prvio dos usurios, na

    perspectiva da chamada Gerao Net. Deve-se levar em conta o fato de que o excesso de

    informao provoca ignorncia, como assinala Gilberto Dimenstein (1998), devendo-se

    preparar os alunos para lidar com esta profuso de informaes que circula nas redes.

    Estudos lanados por especialistas de recursos humanos do a seguinte dica: vai sobreviver quem melhor souber aprender como aprender. O trabalhador dever ter uma formao ampla, treinada, da diversidade, e flexibilidade para acompanhar a velocidade. Perde quem memoriza, copia, decora, preso a regras e costumes (...) a maioria de nossas escolas forma exatamente o fracassado do futuro por investir mais na memorizao para passar no vestibular do que na criatividade. Incrvel que, no Brasil, so raras as pessoas em pnico com essas fbricas de obsoletos (DIMENSTEIN, 1998, p. 9).

    Fica bem definida, portanto, o papel do sistema de ensino em face das novas

    transformaes decorrentes da Revoluo da Informao, com suas implicaes scio-

    profissionais, estreitamente vinculadas Educao.

  • CONCLUSO

    O problema da incluso das tecnologias digitais na prtica de ensino, como recurso

    necessrio para o tratamento didtico dos contedos curriculares, constitui um fator

    estreitamente relacionado s transformaes estruturais do mundo contemporneo. Em termos

    scio-econmicos, tem-se uma nova ordem mundial caracterizada pela descentralizao da

    hegemonia dos mercados, com a formao de grandes blocos econmicos cujas transaes

    comerciais, juntamente com os investimentos financeiras, realizam-se nas teias virtuais das

    operadoras do mundo todo.

    A Revoluo da Informao, consistindo nas fantsticas inovaes tecnolgicas nos

    campos das telecomunicaes e da informtica, concretiza o antigo conceito de aldeia

    global, proposto por Marshal McLuhan nos anos 60, pois todas as regies do planeta se

    encontram conectadas entre si, em tempo real, rompendo-se a distncias espaciais at ento

    existentes. Conseqentemente, as formas convencionais de trabalho e produo econmica

    sofrem profunda alterao, ocorrendo mais precisamente uma redefinio dos padres at

    ento vigentes, pois a informao se torna a matria-prima para o novo trabalhador da

    sociedade global.

    As tecnologias de informao inscrevem-se, a partir de ento, na ordem do dia dos

    projetos educacionais, aps uma srie de propostas inovadoras que j defendiam o emprego

    de recursos tecnolgicos em sala de aula, tais como o projetor de slides e o videocassete, entre

    fins dos anos 70 at os anos 80. O advento do computador pessoal e o desenvolvimento de

    softwares educacionais se processam juntamente com a expanso mundial das redes

    informacionais que movimentam os mercados financeiros em escala global.

  • Surge com estas mudanas um tremendo desafio, sobretudo para os pases

    subdesenvolvidos, pois o ponto de partida para a adequao das pessoas ao novo contexto da

    sociedade global para ser, precisamente, o sistema educacional, pblico ou privado. Nestes

    dois nveis, a familiarizao com as tecnologias de ponta se torna uma necessidade urgente,

    pois as transformaes e reformulaes tecnolgicas evoluem muito rapidamente e no menos

    rapidamente se tornam defasadas. O que funcionava antes no durar muito tempo e nenhum

    trabalhador poder ficar desatualizado na sociedade da informao, surgindo o conceito de

    aprendizagem permanente como um dos requisitos para sobreviver em um mercado

    globalizado e competitivo.

    Por estas razes se encontram tantas referncias s tecnologias de informao nas

    propostas do sistema de ensino, especialmente nos PCNs, sendo consensual a idia de que a

    informatizao da Educao uma prioridade para o momento presente. A escola teria por

    obrigao conscientizar os alunos das mudanas ocorridas e inseri-los, pouco a pouco, nas

    novas dinmicas informacionais da sociedade contempornea, considerando-se o carter

    irreversvel da Revoluo a Informao.

    Dentre as principais mudanas que os professores devem atentar, est o fato de que a

    informao (matria-prima da sociedade global) no mais est exclusivamente nos livros ou

    qualquer outro material impresso, sendo indispensvel transitar nas redes globais de

    informaes, familiarizando-se os alunos com o mundo virtual, as mdias digitais, os fluxos

    de redes e o emaranhado catico que difere por completo da lgica dos compndios escolares

    tradicionais.

  • A presena da informtica no ambiente scio-cultural do indivduo, neste final de

    sculo, inegvel, sinalizando a necessidade de que a educao e a escola explorem da

    melhor forma possvel esta ferramenta, no trabalho de formao integral do indivduo. No h

    mais possibilidade de se ignorar a presena do computador na sociedade moderna, tornando-

    se necessrio preparar o aluno para cada vez mais conviver com a informatizao, j presente

    na sua rotina diria.

    Deve-se, porm, ter cuidado para que no se supervalorize esta ferramenta, pois o

    computador por si mesmo no assegura maiores progressos para o aluno, nem para o

    professor. importante que se tenha em mente que o computador no far o processo

    pedaggico acontecer de forma mais adequada, mas sim de um modo diferente. No se pode

    esperar que o computador oferea uma soluo mgica para os problemas ou impasses j

    existentes, seja no mbito institucional ou nas relaes entre professor e aluno. Os problemas

    educacionais no sero resolvidos mediante a pura e simples implantao do computador em

    sala de aula.

    Conforme se destacou nesta pesquisa, a utilizao de computadores na educao deve

    estar vinculada a uma compreenso quanto colaborao que a educao d s reformas

    sociais, em que a tecnologia importante como meio para alcanar estes fins, no indicando

    finalidades e valores norteadores para seus usurios. Os usurios so os que se utilizaro, das

    tecnologias para alcanarem os objetivos relacionados sua realidade. Dentro desta

    perspectiva, a aprendizagem pode acontecer mesmo antes do nascimento e se prolonga at a

    morte, sendo, portanto, um processo dinmico, contnuo, global, pessoal, gradativo e

    cumulativo.

  • Nesta viso, o ser humano est em permanente aprendizagem, em que cada passo do

    aprendizado se transforma num produto estruturante para novas construes. A ocorrncia de

    sucessivos insights viabiliza o processo de aquisio do conhecimento, na perspectiva

    pedaggica delineada por Jean Piaget (1896-1980), em que a aprendizagem uma construo

    complexa, na qual se unem indissoluvelmente o que recebido do objeto e o que

    contribuio do sujeito. Compreende-se, portanto, que a aprendizagem depende do

    desenvolvimento, embora no se confunda com o mesmo. Piaget afirma que o

    desenvolvimento sempre se adianta ao aprendizado, que por sua vez no tem papel relevante

    no curso do desenvolvimento.

    O russo L. S. Vygotsky (1896-1938) aproxima-se tambm desta opinio quando

    considera que o desenvolvimento da aprendizagem significa um comportamento dialtico

    capaz de orientar e estimular processos evolutivos internos, desde que o indivduo seja capaz

    de interagir com o seu meio ambiente scio-cultural. Na virada do sculo XXI, este ambiente

    scio-cultural encontra-se rodeado pela informtica, nas mais diversas situaes do nosso

    cotidiano, de tal modo que a educao e a escola precisam explorar intensamente estes

    recursos de natureza tecnolgica, em prol da formao integral do indivduo. No h mais

    como negar o computador na sociedade contempornea.

    Por todos estes motivos, no h como dispensar as tecnologias digitais, em geral, e o

    computador, em particular, do processo educacional. Ao analisarmos o progresso da

    Informtica, podemos concluir o quanto esta uma cincia abrangente e dinmica, uma vez

    que alm de combinar aplicaes de todas as reas do conhecimento, seus usos so

    praticamente ilimitados. Estas caractersticas so de suma importncia no campo da educao.

    A abrangncia e o dinamismo podem fazer do computador um instrumento de extrema valia

  • no processo educacional, tanto de crianas ditas normais quanto de crianas portadoras de

    necessidades especiais.

    Em suma, a insero de um trabalho pedaggico apoiado no computador pode

    despertar nos alunos o interesse e a motivao pela descoberta do conhecimento, a partir do

    mecanismo do aprender-fazendo. Os professores devem organizar suas metas partindo da

    realidade, das necessidades e dos interesses de sua clientela, tentando despertar o prazer pela

    descoberta e assim provocar aquela mudana de comportamento to desejada no tocante

    reestruturao da educao, ou seja, para aqueles que acreditam que o novo sculo exigir

    novas condutas de ajuda mtua, muita flexibilidade e criatividade para responder questes que

    a sofisticao da sociedade da era da informao exigir de seus cidados

    Os resultados ainda so insuficientes, mesmo decorridos alguns anos aps a

    promulgao da Nova LDB e a realizao de programas como o PROINFO, embora, por

    outro lado, se verifique uma expanso dos cursos universitrios a distncia nos ltimos anos.

    No ensino pblico e na grande maioria das escolas particulares, o computador no integra o

    instrumental pedaggico do dia a dia, mesmo nos estabelecimentos que possuem salas de

    informtica e anunciem recursos tecnolgicos nas suas propagandas. Constata-se, portanto,

    uma imensa necessidade de renovao de mbito institucional, que faam cumprir na prtica

    as propostas da Nova LDB e dos PCNs, tendo a superao deste problema uma relao no

    menos profunda com a capacitao dos professores.

    So comuns no apenas os casos de professores com pouca ou nenhuma experincia

    com o uso dos computadores, mas tambm os casos de verdadeira averso a eles (tecnofobia),

    deixando-se, com isso, de obter proveitos extraordinrios no emprego da informtica como

  • ferramenta para o processo de ensino e aprendizagem. A superao deste problema passa,

    necessariamente, por uma reformulao dos processos de formao dos professores, nas

    instituies de ensino superior, na medida em que sejam superadas as precariedades

    estruturais do ensino brasileiro como um todo.

    O eixo fundamental de toda a discusso consiste na identificao das tecnologias de

    informao como recurso primordial para a transmisso e o tratamento didtico dos contedos

    curriculares, com vistas insero scio-profissional do aluno na sociedade da informao, o

    que inevitavelmente implicar numa aprendizagem permanente. Pode-se considerar isto a

    chave para se compreender a relao entre tecnologia e ensino, devendo-se, porm, ressaltar a

    importncia de revestir esta experincia tecnolgica com uma formao humanstica que

    possibilite ao mesmo tempo uma reflexo sobre o mundo contemporneo, com suas

    exigncias e contradies.

    Como observao final, pode-se concluir que, na sociedade industrial, as pessoas

    foram escola; na era da informao, a escola vem at as pessoas. Para o sucesso desta nova

    ordem, necessrio promover no sistema de ensino a capacidade de alterar sua ao em

    funo de alguns fatores, tais como: as diferenas individuais entre os alunos; a resposta de

    um aluno a uma pergunta ou problema e a ao de um aluno numa simulao. Cada unidade

    escolar deve desenvolver o seu prprio projeto pedaggico, adequando-o a sua clientela,

    reconhecendo-se tambm que por clientela no se entende apenas o aluno, mas todas as

    pessoas diretamente envolvidas na comunidade escolar.

  • REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    AGRE, P. Criando Uma Cultura da Internet. Revista USP, So Paulo, setembro/novembro 1997.

    BRASIL. Nova LDB. S. Paulo: Ed. Brasil, 1996.

    ______ . Parmetros Curriculares Nacionais: Introduo. Braslia: MEC/SEF, 1997.

    ______ . Parmetros Curriculares Nacionais: Ensino Mdio. Braslia: MEC/SEMT, 2002.

    DERTOUZOS, M. O Que Ser: Como o Mundo da Informao Transformar Nossas Vidas. So Paulo: Companhia das Letras, 1997.

    DIMENSTEIN, G. Colunas do Site O Aprendiz do Futuro 12 a 18 de outubro de 1997 e de 18/01/1998: < http://www.aprendiz.com.br >

    ENTLER, R. A Nova Ordem Catica Controla a Internet, In: Cadeno Especial, Caos, Jornal O Estado de So Paulo, 1996. < http://www.estado.com.br >

    GATES, B. A Estrada do Futuro. SP, Ed. Companhia das Letras, 1995.

    HARVEY, D. A Condio Ps-Moderna, Edies Loyola, So Paulo, 1996.

    IMBERNN, F. Formao Docente e Profissional: Formar-se Para a Mudana e a Incerteza. 3 ed. S. Paulo: Cortez, 2002.

    LVY, P. Cibercultura. S. Paulo: 34, 1999.

    LYRA, J. L. de A universidade e a Revoluo Informtica. In: Revista USP, n. 35. So Paulo, setembro/novembro de 1997.

    LOJKINE, J. A Revoluo Informacional. S. Paulo: Cortez, 1995.

    RAMAL, M. C. Educao e Cibercultura.

  • SETZER, V. W. Meios Eletrnicos e Educao: Uma Viso Alternativa. So Paulo: Escrituras, 2001.

    TASPCOTT, D. A Gerao N. In: Jornal do Brasil, 18 de janeiro de 1998, JB on-line: < http://www.jb.com.br >

  • NDICE

    INTRODUO 09

    Captulo I

    MUDANAS ESTRUTURAIS DO PRESENTE 12

    Captulo II

    EMERGNCIA DA TECNOLOGIA NO ENSINO BRASILEIRO 15

    2.1 Ensino e Modernizao Tecnolgica 15

    2.2 Enfoques Iniciais Sobre Educao e Tecnologia 18

    2.3 A Informtica e as Atuais Propostas do Ensino Brasileiro 20

    Captulo III

    O MBITO DA DOCNCIA DO ENSINO SUPERIOR 24

    3.1 Aspectos Relacionados Formao dos Professores 24

    3.2 O Problema no mbito Institucional 28

    3.3 Enfrentando os Desafios do Presente 30

    CONCLUSO 36

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 42

    NDICE 44

    FOLHA DE AVALIAO 45

  • FOLHA DE AVALIAO

    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PROJETO A VEZ DO MESTRE

    PS-GRADUAO LATO SENSU EM DOCNCIA

    DO ENSINO SUPERIOR

    Ttulo da Monografia: Tecnologia Aplicada ao Ensino: Perspectivas no mbito da Docncia.

    Autor: Solange de Souza Farinha

    Data da entrega: 01/02/2005

    Avaliado por: Ana Cristina Guimares Grau: __________