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Escola Secundária 3EB Dr. Jorge Correia – Tavira Direção Regional de Educação do Algarve _________________________________________________________________________________________________________________ Professora: Ana Cristina Matias Manual: Português, 10º ano, Santillana Seq. 4 – Camões lírico PORTUGUÊS – 10º ANO CENÁRIOS DE RESPOSTA DA FICHA FORMATIVA (pp. 176-177) I Soneto: “Aquela triste e leda madrugada” 1. O sujeito poético recorda a madrugada em que se separou da sua amada e a tristeza que essa situação desencadeou em ambos: “ viu apartar-se d’ua outra vontade, / que nunca poderá ver-se apartada” (vv. 7-8). 2. O trocadilho reside na utilização de duas formas lexicais com a mesma raiz: “apartar- se” (v.7) e “apartada” (v.8). Aqui é dito que se separaram (apartaram) duas pessoas que pelo sentimento estarão sempre juntas e em sintonia, porque se amam. 3. A figura de estilo presente no último verso do primeiro terceto, “se acrescentaram em grande e largo rio”, é a hipérbole. O facto de as lágrimas dos dois se aglomerarem num “largo rio” (um exagero) pretende dar a ideia do profundo sofrimento das personagens. 4. Dá-se conta do sofrimento que a situação produz nos amantes descrevendo o seu encontro derradeiro, as lágrimas que jorraram e as palavras tristes que trocaram. A situação é narrada do ponto de vista da madrugada, como constatamos pela repetição anafórica de “Ela”. 5. No penúltimo verso, “que puderam tornar o fogo frio”, está presente um oximoro. Neste paradoxo (“fogo frio”), dá-se conta de que as palavras trocadas na despedida arrefeceram o ardor da paixão dos amantes. 6. O poema é um soneto típico da corrente renascentista: composição poética formada por duas quadras e dois tercetos, num total de catorze versos, todos decassílabos (medida nova). (ex.: A/que/la/tris/te_e/le/da/ma/dru/ga) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 A rima é interpolada e emparelhada nas quadras e cruzada nos tercetos, segundo o esquema rimático: abba//abba//cdc//dcd.

Soneto "Aquela triste e leda madrugada", de Luís de Camões, Cenários de resposta Ficha Formativa, p. 176,

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Soneto "Aquela triste e leda madrugada", de Luís de Camões, Cenários de resposta Ficha Formativa, p. 176,Cenários de resposta relativos à ficha formativa sobre Camões Lírico, soneto "Aquela triste e leda madrugada", manual de Português, 10º ano, Santillana, p. 176, Maio de 2013.Adaptado pela professora Ana Cristina Matias, Grupo Disciplinar de Português, Escola Secundária Dr. Jorge Augusto Correia, Tavira, 2 p.

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Page 1: Soneto "Aquela triste e leda madrugada", de Luís de Camões, Cenários de resposta Ficha Formativa, p. 176,

Escola Secundária 3EB Dr. Jorge Correia – Tavira Direção Regional de Educação do Algarve

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Professora: Ana Cristina Matias

Manual: Português, 10º ano, Santillana

Seq. 4 – Camões lírico PORTUGUÊS – 10º ANO

CENÁRIOS DE RESPOSTA DA FICHA FORMATIVA (pp. 176-177)

I

Soneto: “Aquela triste e leda madrugada”

1. O sujeito poético recorda a madrugada em que se separou da sua amada e a tristeza

que essa situação desencadeou em ambos: “ viu apartar-se d’ua outra vontade, / que

nunca poderá ver-se apartada” (vv. 7-8).

2. O trocadilho reside na utilização de duas formas lexicais com a mesma raiz: “apartar-

se” (v.7) e “apartada” (v.8). Aqui é dito que se separaram (apartaram) duas pessoas que

pelo sentimento estarão sempre juntas e em sintonia, porque se amam.

3. A figura de estilo presente no último verso do primeiro terceto, “se acrescentaram

em grande e largo rio”, é a hipérbole. O facto de as lágrimas dos dois se aglomerarem num

“largo rio” (um exagero) pretende dar a ideia do profundo sofrimento das personagens.

4. Dá-se conta do sofrimento que a situação produz nos amantes descrevendo o seu

encontro derradeiro, as lágrimas que jorraram e as palavras tristes que trocaram. A

situação é narrada do ponto de vista da madrugada, como constatamos pela repetição

anafórica de “Ela”.

5. No penúltimo verso, “que puderam tornar o fogo frio”, está presente um oximoro.

Neste paradoxo (“fogo frio”), dá-se conta de que as palavras trocadas na despedida

arrefeceram o ardor da paixão dos amantes.

6. O poema é um soneto típico da corrente renascentista: composição poética formada

por duas quadras e dois tercetos, num total de catorze versos, todos decassílabos (medida

nova).

(ex.: A/que/la/tris/te_e/le/da/ma/dru/ga)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

A rima é interpolada e emparelhada nas quadras e cruzada nos tercetos, segundo o

esquema rimático: abba//abba//cdc//dcd.

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II

Na lírica de Camões existem em tensão um amor espiritual e um amor sensual.

O primeiro é concebido com base no sentimento expresso por Petrarca que, na sua

poesia, cantava a sua afeição por uma mulher idealizada. Este amor é enformado pela ideia

neoplatónica de que o verdadeiro amor, perfeito e ideal, não pode ser alcançado neste

mundo. A mulher é aqui um ser angelical, um ideal físico, moral e intelectual. É o caso da

mulher descrita no soneto: “ Um mover d’olhos brando e piadoso”

Em tensão com este amor espiritual surge um amor carnal, marcado pela ferocidade

do desejo e do prazer. Nos poemas camonianos, materializa-se na celebração do corpo da

mulher, no acto de sedução erótica e em outra situações marcadas pela mundanidade.

(125 palavras)

III

1.Duas referências deíticas temporais neste soneto camoniano são: “sempre” (v. 4) –

advérbio de predicado com valor de tempo; e “viu”( v. 7)- pretérito perfeito do indicativo.

2.Duas referências deíticas pessoais utilizadas pelo poeta são, por exemplo, “quero” (v. 4) –

marca da primeira pessoa do singular; “ela” – pronome pessoal, sujeito, terceira pessoa do

singular.

3.

a) Palavras que garantem a coesão interfrásica são articuladores, como a conjunção

subordinativa temporal “enquanto” (v. 3), a conjunção subordinativa temporal “quando”

(v. 5) e a conjunção coordenativa copulativa “e”, por exemplo.

b) A coesão lexical é garantida pela rede de referências relativas a madrugada: “amena e

marchetada” (v. 5), “claridade” (v. 6).

c) A coesão temporal é garantida por meio de uma relação temporal bem definida entre os

tempos verbais: “saía” (v. 6) – pretérito imperfeito do indicativo; “viu”(v. 9) – pretérito

perfeito do indicativo e “puderam” (v. 13) – pretérito perfeito do indicativo, por exemplo.

4.

a) “aquela” ( v.1) – determinante demonstrativo, feminino, singular

b) “enquanto” (v. 3) – conjunção subordinativa temporal

c) “marchetada” (v. 5) – adjetivo qualificativo no grau normal

d) “viu” (v. 7) – forma verbal de «ver» no pretérito perfeito simples do indicativo, na

terceira pessoa do singular.