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Soneto "Aquela triste e leda madrugada", de Luís de Camões, Cenários de resposta Ficha Formativa, p. 176,Cenários de resposta relativos à ficha formativa sobre Camões Lírico, soneto "Aquela triste e leda madrugada", manual de Português, 10º ano, Santillana, p. 176, Maio de 2013.Adaptado pela professora Ana Cristina Matias, Grupo Disciplinar de Português, Escola Secundária Dr. Jorge Augusto Correia, Tavira, 2 p.
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Escola Secundária 3EB Dr. Jorge Correia – Tavira Direção Regional de Educação do Algarve
_________________________________________________________________________________________________________________
Professora: Ana Cristina Matias
Manual: Português, 10º ano, Santillana
Seq. 4 – Camões lírico PORTUGUÊS – 10º ANO
CENÁRIOS DE RESPOSTA DA FICHA FORMATIVA (pp. 176-177)
I
Soneto: “Aquela triste e leda madrugada”
1. O sujeito poético recorda a madrugada em que se separou da sua amada e a tristeza
que essa situação desencadeou em ambos: “ viu apartar-se d’ua outra vontade, / que
nunca poderá ver-se apartada” (vv. 7-8).
2. O trocadilho reside na utilização de duas formas lexicais com a mesma raiz: “apartar-
se” (v.7) e “apartada” (v.8). Aqui é dito que se separaram (apartaram) duas pessoas que
pelo sentimento estarão sempre juntas e em sintonia, porque se amam.
3. A figura de estilo presente no último verso do primeiro terceto, “se acrescentaram
em grande e largo rio”, é a hipérbole. O facto de as lágrimas dos dois se aglomerarem num
“largo rio” (um exagero) pretende dar a ideia do profundo sofrimento das personagens.
4. Dá-se conta do sofrimento que a situação produz nos amantes descrevendo o seu
encontro derradeiro, as lágrimas que jorraram e as palavras tristes que trocaram. A
situação é narrada do ponto de vista da madrugada, como constatamos pela repetição
anafórica de “Ela”.
5. No penúltimo verso, “que puderam tornar o fogo frio”, está presente um oximoro.
Neste paradoxo (“fogo frio”), dá-se conta de que as palavras trocadas na despedida
arrefeceram o ardor da paixão dos amantes.
6. O poema é um soneto típico da corrente renascentista: composição poética formada
por duas quadras e dois tercetos, num total de catorze versos, todos decassílabos (medida
nova).
(ex.: A/que/la/tris/te_e/le/da/ma/dru/ga)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A rima é interpolada e emparelhada nas quadras e cruzada nos tercetos, segundo o
esquema rimático: abba//abba//cdc//dcd.
Escola Secundária 3EB Dr. Jorge Correia – Tavira Direção Regional de Educação do Algarve
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Professora: Ana Cristina Matias
Manual: Português, 10º ano, Santillana
II
Na lírica de Camões existem em tensão um amor espiritual e um amor sensual.
O primeiro é concebido com base no sentimento expresso por Petrarca que, na sua
poesia, cantava a sua afeição por uma mulher idealizada. Este amor é enformado pela ideia
neoplatónica de que o verdadeiro amor, perfeito e ideal, não pode ser alcançado neste
mundo. A mulher é aqui um ser angelical, um ideal físico, moral e intelectual. É o caso da
mulher descrita no soneto: “ Um mover d’olhos brando e piadoso”
Em tensão com este amor espiritual surge um amor carnal, marcado pela ferocidade
do desejo e do prazer. Nos poemas camonianos, materializa-se na celebração do corpo da
mulher, no acto de sedução erótica e em outra situações marcadas pela mundanidade.
(125 palavras)
III
1.Duas referências deíticas temporais neste soneto camoniano são: “sempre” (v. 4) –
advérbio de predicado com valor de tempo; e “viu”( v. 7)- pretérito perfeito do indicativo.
2.Duas referências deíticas pessoais utilizadas pelo poeta são, por exemplo, “quero” (v. 4) –
marca da primeira pessoa do singular; “ela” – pronome pessoal, sujeito, terceira pessoa do
singular.
3.
a) Palavras que garantem a coesão interfrásica são articuladores, como a conjunção
subordinativa temporal “enquanto” (v. 3), a conjunção subordinativa temporal “quando”
(v. 5) e a conjunção coordenativa copulativa “e”, por exemplo.
b) A coesão lexical é garantida pela rede de referências relativas a madrugada: “amena e
marchetada” (v. 5), “claridade” (v. 6).
c) A coesão temporal é garantida por meio de uma relação temporal bem definida entre os
tempos verbais: “saía” (v. 6) – pretérito imperfeito do indicativo; “viu”(v. 9) – pretérito
perfeito do indicativo e “puderam” (v. 13) – pretérito perfeito do indicativo, por exemplo.
4.
a) “aquela” ( v.1) – determinante demonstrativo, feminino, singular
b) “enquanto” (v. 3) – conjunção subordinativa temporal
c) “marchetada” (v. 5) – adjetivo qualificativo no grau normal
d) “viu” (v. 7) – forma verbal de «ver» no pretérito perfeito simples do indicativo, na
terceira pessoa do singular.