SPINOZASPINOZA

Spinoza (1632-1677) Filósofo racionalista. Para uns Spinoza (1632-1677) Filósofo racionalista. Para uns um ateu, para outros um ébrio de Deus... Atitude um ateu, para outros um ébrio de Deus... Atitude religiosa diante da natureza. Obra principal: religiosa diante da natureza. Obra principal: EthicaEthica, , ordineordine geometricogeometrico demonstrata demonstrata (Deutscher)(Deutscher)

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Começa com definições:

1)Causa sui = aquilo cuja essência implica na existência, i.e. cuja natureza não pode ser concebida senão como existente. Ela é a:

2)Substância = aquilo que é em si e por si é concebido, i.e. aquilo cujo conceito para ser formado não precisa do conceito de outra coisa. Para ele a substância é a NATUREZA

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Para Descartes existem duas (três) substâncias:Para Descartes existem duas (três) substâncias:

ResRes extensaextensa = = atributo essencial EXTENSÃOatributo essencial EXTENSÃO

ResRes cogitanscogitans (finita e infinita (finita e infinita (Deus é única substância (Deus é única substância

absoluta)absoluta)) = ) = atributo essencial PENSAMENTOatributo essencial PENSAMENTO======================================================================================================================================================================================================================================

Para Spinoza a SUBSTÂNCIA é única, pois Para Spinoza a SUBSTÂNCIA é única, pois senão precisaria limitar-se com outras e não senão precisaria limitar-se com outras e não seria mais independente.. Ora, essa seria mais independente.. Ora, essa substância não é outra que não DEUS.substância não é outra que não DEUS.

Daí que para eleDaí que para ele

SUBSTÂNCIA = DEUS = NATUREZASUBSTÂNCIA = DEUS = NATUREZA

Essencialmente essa substância é constituída Essencialmente essa substância é constituída dede

ATRIBUTOSATRIBUTOS em número infinito! em número infinito!

E precisa ser assim,E precisa ser assim,pois Deus é realidade suprema e portanto pois Deus é realidade suprema e portanto perfeição suprema e riqueza suprema, daí que perfeição suprema e riqueza suprema, daí que ele precisa ter uma infinitude de propriedades ele precisa ter uma infinitude de propriedades essenciais...essenciais...

Mas de todos os atributos, só dois nos são só dois nos são cognoscíveis:cognoscíveis:

A EXTENSÃO e o PENSAMENTOA EXTENSÃO e o PENSAMENTO

Se Deus é a única substância, Se Deus é a única substância, ele é causa ele é causa IMANENTE e não TRANSITIVA de todas as coisas, IMANENTE e não TRANSITIVA de todas as coisas,

ou seja: TUDO ACONTECE NELE MESMOou seja: TUDO ACONTECE NELE MESMO. . ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

Como o que é imanente à natureza de uma coisa lhe pertence necessariamente, tudo o que deriva de Deus se lhe deriva NECESSARIAMENTE.

Assim, tudo o que acontece, acontece necessariamente...

Donde: LIBERDADE em Spinoza não existe no sentido LIBERTARISTA, mas

DETERMINISTA/COMPATIBILISTA : liberdade é ausência de coação.

Ser livre é ser determinado sem ser coagido.

Por isso Deus age segundo as leis da natureza e mesmo assim é livre, pois não é coagido! O mundo decorre de Deus como a soma dos ângulos de um triângulo que resulta em 180 graus. Tudo o que acontece é determinado por Deus, não pela liberdade de sua vontade, mas pela natureza absoluta de sua potência infinita.

(por ignorância das causas o homem pensa que pode fazer comércio com Deus, fazendo-lhe culto e esperando que ele assim satisfaça a sua cegacega cupidezcupidez e insaciávelinsaciável avarezaavareza.)

Daí que:

1) Tudo é rigorosamente necessário.2) Não existe finalidade alguma no universo.

Existe a NATURA NATURANS (os atributos) e a NATURA NATURATA... A essa última pertencem os MODOSMODOS, as modificações dos atributos...

Cada modo tem dois aspectos: físico e mental.

Exemplos de modos:1)CORPO = determinação da essência divina sob o

atributo da extensão.2)IDÉIA = conceito formado pelo espírito e pelo qual

o espírito é pensante3)MODOS AFETIVOS (como o amor)...

A idéia é o modo fundamental do pensamento, o qual é atributo de Deus, donde em Deus há a idéia de sua essência e de tudo o que lhe segue...

Tudo advém de Deus necessariamente, de modo que as idéias advém do atributo do pensamento, assim como os corpos advém do atributo da extensão.

A substância pensante e a substância extensasubstância pensante e a substância extensa são uma e a mesma, ora apreendida sob o atributo do PENSAMENTO, ora apreendida sob o atributo da EXTENSÃO.

A mente humana é modo do atributo do pensamento, como de todos os modos do

pensamento, sendo idéia do corpo

(versão da definição aristotélica de alma como formaforma dodo corpocorpo).

CONHECIMENTOCONHECIMENTO

Conhecimento:

A MENTE (mens) é consciência do corpoconsciência do corpo, apercebendo-se das MODIFICAÇÕES DELE, e por

meio dessas modificações, conhecendo indiretamente os OUTROS CORPOSOUTROS CORPOS...

Mas essas são formas INADEQUADAS de conhecimento, posto que INDIRETAS.

A MENTE não é só IDÉIA DO CORPO (idea corporis) mas também IDÉIA DA IDÉIA (idea ideae).

O conhecimento inadequado é, portanto, o conhecimento sensível, empírico...

O CONHECIMENTO ADEQUADO começa na concepção das coisas nos aspectos comuns a todas,

Que é o caso das LEIS DA MATEMÁTICA E DA FÍSICA.

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Em resumo, há 3 Gêneros de conhecimento:

1)Conhecimento por imagens confusas vindo da EXPERIÊCIA SENSÍVEL e de sua memória.

2)Conhecimento de NOÇÕES COMUNS, ex: conhecimento matemático (teorema de Pitágoras).

3)CONHECIMENTO INTUITIVO, “que procede da idéia adequada dos atributos divinos à idéia adequada das essências das coisas”.

Ex.: a lei das proporções me é intuitiva: sei que ½ = 3/x onde x = 6.=================================================================================================================================

Conhecimentos do gênero 2 e 3 são verdadeiros e necessários, pois refletem a ordem da natureza,

onde tudo é necessário.

A noção do contingente é produto da imaginação; só a razão entende o mundo SUB SPECIE a razão entende o mundo SUB SPECIE AETERNITATIS (à luz da eternidade), sendo AETERNITATIS (à luz da eternidade), sendo conhecimento adequado e perfeito de Deusconhecimento adequado e perfeito de Deus.

Assim, para Spinoza o espírito humano é capaz do Assim, para Spinoza o espírito humano é capaz do conhecimento adequado da essência eterna e conhecimento adequado da essência eterna e infinita de Deus, nisso consistindo a sua bem infinita de Deus, nisso consistindo a sua bem

aventurança... aventurança...

- A mente sofresofre na medida em que tem idéias INADEQUADAS, idéias advindas das PAIXÕESPAIXÕES, que são CONHECIMENTO DO CORPO (imperfeito).

-A mente AGEAGE na medida em que tem idéias ADEQUADAS, que são advindas de sua própria natureza.==================================================================================================================================

Como a mente é idéia do corpo, deve buscar fazer com que este SE CONSERVE, daí que a consciência do que potencia o corpo potencia também a mente (mens).

A ALEGRIA (laetitia) é a consciência desse aumento de potência... enquanto a TRISTEZA (tristitia) é a consciência de uma diminuição da potência.

As paixões fundamentais são três:

ALEGRIA (laetitia), TRISTEZA (tristitia) e DESEJO ALEGRIA (laetitia), TRISTEZA (tristitia) e DESEJO (cupiditas)(cupiditas)

Delas se derivam todas as outras, ex:

AMOR = alegria acompanhada da idéia de uma causa exterior.

ÓDIO = Sofrimento acompanhado da idéia de uma causa exterior.

“O ódio pode ser aumentadoaumentado pelo ódio recíproco, podendo ser canceladocancelado pelo amor” >

Daí que devemos proporcionar alegriaalegria ao que nos odeiaodeia na medida do possívelpossível!

O ódio e o amor diminuem quando percebemos que a CAUSA de nossa tristeza ou alegria não é livre, mas determinadadeterminada por outras e ainda outras causas e assim ao infinito!

Ora, como o ódio não passa de tristeza, quando as causas imaginadas pela tristeza são reconhecidas como infinitas, o ódio SE DISTRIBUI EM UMA INFINIDADE DE OBJETOS, diluindo-se...

(“Tudo compreender é tudo perdoar”)

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As paixõespaixões tem como atividade fundamentalA atividadeatividade racionalracional, o conhecimento adequadoadequado, a contemplaçãocontemplação... Assim, o caminho para o bom uso das paixões é o que a razão nos prescreve...O que a razão exige é que cada um ame a si mesmo e busque aquilo que lhe é realmente útil em aumentar a potência do próprio ser. Nessa virtude consiste a felicidade.Como somos mente, o que é útil para nós é o que nos conduz ao conhecer,Logo o bem supremo da mente é conhecer a Deus.. Isso não é egoísmo, pois quanto mais o homem conhece mais se permite que os outros seres humanos, na medida em que dotados de razão, usufruam desse conhecimento.

Alegria é boa, sofrimento é mau.

Alegria é a consciência do aumento de potência do corpo...

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O ÓDIOÓDIO nunca pode ser bom e as paixões a ele relacionadas, como INVEJA, ESCÁRNIO, DESPREZO, IRA, VINGANÇA... (paixões limitadoras)

E as açõesações movidas por essas paixões são sempre torpestorpes e injustasinjustas.

Como o ódio é sempre maumau, quem vive segundo a razão deve sempre que possível retribuir com amoramor e generosidadegenerosidade o ódio, a ira e o desprezo.

A COMPAIXÃO é inútil, devemos ajudar ao próximo porque a razão prescreve, mas não por compaixão, pois ela nos leva a SOFRER junto com o outro.

O ARREPENDIMENTO do mal realizado é maléfico, pois só acrescenta sofrimento ao sofrimento. (“Arrependimento é perda de tempo”, Henry Miller)

A HUMILDADE é um mal porque é sofrimentosofrimento da própria impotênciaimpotência (“A humildade é boa, mas sem ela se vai mais longe”, provérbio popular).

SOBERBA é um mal, pois depende do conhecimento erradoerrado de si (excesso).

AVILTAMENTO é um mal, também por depender de conhecimento erradoerrado de si (defeito).

Já que tudo é determinado, não há mal na não há mal na naturezanatureza, sendo o conhecimento do mal uma idéia inadequada.

Portanto, se tivermos somente idéias adequadas, não teremos conhecimento do mal.

_______________________________________Nós nos libertamos das paixões pela força da razão, adquirindo assim LIBERDADELIBERDADE.

A RAZÃO domina as PAIXÕES na medida em que as CONHECE, objetivando-as...

Uma Uma paixãopaixão deixa de sê-lo quando se tem dela uma deixa de sê-lo quando se tem dela uma idéia clara e distinta, uma vez que ter dela tal idéia idéia clara e distinta, uma vez que ter dela tal idéia significa considerá-la efeito de uma significa considerá-la efeito de uma realidaderealidade dependentedependente de um de um númeronúmero infinitoinfinito de de causascausas, todas , todas elas elas necessáriasnecessárias...... Quanto isso acontece a paixão sofrida Quanto isso acontece a paixão sofrida deixa de deixa de suscitar ódio ou amor pela causasuscitar ódio ou amor pela causa, já que ele se dá , já que ele se dá conta de que a causa conta de que a causa já foi determinada por infinitas já foi determinada por infinitas outras.outras. Desse modo o amor e o ódio SE DILUEM Desse modo o amor e o ódio SE DILUEM distribuindo-sedistribuindo-se emem infinitasinfinitas realidadesrealidades!!

Assim, organizandoorganizando nossos pensamentospensamentos, nós organizamos também nossas paixõespaixões, vendo-as como momento necessárionecessário da eternaeterna ordemordem das

coisas, que é Deus.

Devemos amar a Deus, mas Deus não nos ama,

Pois a eterna ordem das coisas – Deus – não tem paixões.

O espírito humano não pode ser totalmente destruído com o corpo, “restando nele algo de eterno” - Sentimos que na mente como idéia do corpo há algo de eterno...

(Derek Parfit: metáfora do túnel de vidro.)

A vida do espírito é conhecimento. O conhecimento do terceiro gênero gera O conhecimento do terceiro gênero gera a suprema alegria do espírito, que unida a suprema alegria do espírito, que unida à idéia de Deus, produz o AMOR DEI à idéia de Deus, produz o AMOR DEI INTELLECTUALIS - o amor intelectual à INTELLECTUALIS - o amor intelectual à Deus,Deus, que é parte do infinito amor com o qual que é parte do infinito amor com o qual Deus ama a si mesmo!Deus ama a si mesmo!

Essa é a BEM EVENTURANÇA através da qual anulamos o excesso das paixões (libidines)...