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Tatiana Braga Brasil Transferência transplacentária de anticorpos anti-Streptococcus B nos recém-nascidos de termo e pré-termo Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Área de Concentração: Pediatria Orientadora: Profª. Drª. Vera Lúcia Jornada Krebs São Paulo 2008

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Tatiana Braga Brasil

Transferência transplacentária de anticorpos anti-Streptococcus B nos recém-nascidos

de termo e pré-termo

Dissertação apresentada à Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo para

obtenção do título de Mestre em Ciências

Área de Concentração: Pediatria

Orientadora: Profª. Drª. Vera Lúcia Jornada Krebs

São Paulo 2008

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Dedicatória

Aos meus pais, Maria Helena e José Eduardo. Ao meu marido, Flávio.

Ao meu irmão, Paulo Eduardo.

Minhas avós: Nair e Maria Aparecida Meu avô: Paulo

In Memorian : meu avô Augusto

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Agradecimentos

À minha orientadora, Profa. Dra. Vera Lúcia Jornada Krebs, pelos

ensinamentos e confiança.

Às colegas do Laboratório de Imunologia do Instituto de Ciência Biomédicas da USP: Dra.Patrícia e Ana, por toda a ajuda na metodologia.

À Marisa Kasue Umetsu Yoshikawa pela colaboração com as referências bibliográficas.

Ao meu marido pela compreensão e apoio.

Aos meus pais e irmão pelo incentivo da vida toda.

"Felicidade é ter algo o que fazer,

ter algo que amar e algo que esperar".

Aristóteles

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SUMÁRIO

Lista de Abreviaturas

Lista de Símbolos

Lista de Unidades de Medida

Lista de Tabelas

Lista de Gráficos

Resumo

Summary

1. INTRODUÇÃO............................................................................................1

2. OBJETIVOS................................................................................................8

A. OBJETIVO GERAL.................................................................................9

B. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................9

3. MÉTODOS................................................................................................10

3.1 CASUÍSTICA......................................................................................11

3.2 MÉTODOS .........................................................................................15

3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA ....................................................................19

4. RESULTADOS..........................................................................................21

5. DISCUSSÃO.............................................................................................40

6. CONCLUSÕES.........................................................................................47

7. REFERÊNCIAS ........................................................................................50

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LISTA DE ABREVIATURAS

EGB Streptococcus do grupo B

RN recém-nascido

PC polissacarídeos capsulares

RNPT recém-nascido pré-termo

RNT recém-nascido de termo

IgG imunoglobulina G

DUM data da última menstruação

DO densidade óptica

PBS solução salina tamponada com fosfato

SHN soro humano normal

ACS anticorpos

PN peso de nascimento

BHI brain heart infusion

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SÍMBOLOS

> - maior que

< - menor que

% - por cento

® - marca registrada

UNIDADES DE MEDIDA

g- gramas

g/dl – gramas por decilitro

°C – graus Celsius

ml – mililitro

μl – microlitro

nm – nanômetro

μg/ml − microgramas por mililitro

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Identificação, idade materna, idade gestacional e peso de nascimento dos 44 neonatos estudados................................13

Tabela 2 - Identificação, idade materna, idade gestacional e peso de nascimento de 4 neonatos gemelares ...................................14

Tabela 3 - Classificação quanto à idade gestacional, tipo de gestação, gênero e escore de APGAR no 1o e no 5o minuto de 44 neonatos ..........................................................22

Tabela 4 - Freqüência de doenças, tipo de parto e tempo de rotura de membranas ovulares em 42 gestantes .............................23

Tabela 5 - Níveis séricos de IgG e anticorpos anti-Streptococcus B de 26 neonatos de termo e de suas respectivas mães.........24

Tabela 6 - Níveis séricos de IgG e anticorpos anti-Streptococcus B de 18 neonatos pré-termo e de suas respectivas mães ........25

Tabela 7 - Níveis séricos de IgG e anticorpos anti-Streptococcus B de 2 mães e de seus 4 respectivos RN gemelares..............26

Tabela 8 - Idade gestacional, peso de nascimento e níveis séricos de IgG e anticorpos anti-Streptococcus B maternos e de 4 recém-nascidos de mães portadoras de infecção .................27

Tabela 9 - Estatística descritiva da idade materna, idade gestacional, peso de nascimento, IgG e acs anti-Streptococcus B maternos e de 44 recém-nascidos.........................................28

Tabela 10 - Estatística descritiva da idade materna, idade gestacional, peso de nascimento, IgG e acs anti-Streptococcus B maternos e de 18 RNPT ........................................................29

Tabela 11 - Estatística descritiva da idade materna, idade gestacional, peso de nascimento, IgG e acs anti-Streptococcus B maternos e de 26 RNT..........................................................30

Tabela 12 - Comparação entre os níveis de imunoglobulina G e anticorpos anti-Streptococcus B entre as mães e entre os RN de termo e pré-termo.......................................................31

Tabela 13 - Comparação entre os níveis de imunoglobulina G e anticorpos anti-Streptococcus B entre os RNT e pré-termo e suas respectivas mães .............................................32

Tabela 14 - Correlação entre idade gestacional e peso de nascimento com níveis de IgG e anticorpos anti-Streptococcus B em 44 recém-nascidos ................................................................35

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Níveis de imunoglobulina G nas mães e nos recém-nascidos de termo e pré-termo ..................................................33

Gráfico 2: Níveis de anticorpos anti-Streptococcus B nas mães e nos recém-nascidos de termo e pré-termo .......................................34

Gráfico 3: Correlação entre idade gestacional e níveis de anticorpos anti-Streptococcus B em 44 recém-nascidos.............................36

Gráfico 4: Correlação entre peso de nascimento e níveis de anticorpos anti-Streptococcus B em 44 recém-nascidos ...........37

Gráfico 5: Correlação entre número de gestações e níveis de anticorpos anti-Streptococcus B em 42 gestantes .....................38

Gráfico 6: Correlação entre idade e níveis de anticorpos anti-Streptococcus B em 42 gestantes .............................................39

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RESUMO

Brasil TB. Transferência transplacentária de anticorpos anti-Streptococcus B

nos recém-nascidos de termo e pré-termo [tese]. São Paulo: Faculdade de

Medicina, Universidade de São Paulo; 2008. 60p. O Streptococcus do Grupo B (EGB) é um dos principais agentes de infecção

no período neonatal, sendo responsável por altos índices de

morbimortalidade materno-fetal. Este estudo tem por objetivo avaliar a

passagem transplacentária de anticorpos anti-Streptococcus B e

imunoglobulina G em recém-nascidos de termo e pré-termo, bem como

comparar seus níveis séricos. Foi realizado estudo transversal incluindo 44

recém-nascidos (18 pré-termo e 26 de termo) do Berçário Anexo à

Maternidade do Hospital das Clínicas da FMUSP no período de dezembro

de 2006 a julho de 2007. Após consentimento esclarecido, foram obtidas

amostras de sangue das mães e do cordão umbilical de seus respectivos

recém-nascidos, realizadas dosagens de IgG total por nefelometria e de

anticorpos anti-EGB através do ensaio imunoenzimático (ELISA). Observou-

se que nos dois grupos de mães da casuística, compostos por 16 mães de

RN pré-termo e 26 mães de RN de termo, não houve diferença significativa

em relação aos níveis séricos de anticorpos anti-EGB. O nível sérico médio

de anticorpos maternos anti-EGB foi de 1697,98, com variação de 456 a

5200 (em títulos). O nível sérico médio de anticorpos anti-EGB das mães de

RNPT foi de 1570,72, com variação de 588 a 3829 (em títulos), enquanto

nas mães de RNT o nível médio foi de 1786,08, com variação de 456 a

5200. Os níveis séricos de anticorpos anti-Streptococcus do grupo B dos

recém-nascidos foram significantemente mais baixos nos RN pré-termo em

relação aos RN de termo. O nível sérico médio de anticorpos anti-EGB dos

RNPT foi de 1059,22, com variação de 416 a 3924 (em títulos), enquanto

nos RNT foi 2025,50, com variação de 542 a 5476. Houve correlação

positiva entre os níveis de imunoglobulina G e de anticorpos anti-

Streptococcus B com a idade gestacional, demonstrando correlação entre

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prematuridade e baixos níveis séricos de anticorpos anti-EGB. A associação

entre idade gestacional inferior a 37 semanas e diminuição dos níveis de

anticorpos anti-EGB concorda com a maior vulnerabilidade dos neonatos

pré-termo à infecção por esta bactéria. Os autores concluem que houve

passagem transplacentária de imunoglobulina G e anticorpos anti-

Streptococcus B nos RN de termo e pré-termo, sendo, porém, os níveis

séricos significantemente mais baixos nos RNPT, tanto em relação às suas

mães quanto em relação aos níveis observados nos RN de termo.

Os recém-nascidos de termo apresentaram níveis séricos de anticorpos

anti-Streptococcus B semelhantes aos maternos, devido ao incremento da

transferência transplacentária no final da gestação. Houve correlação positiva

entre os níveis de imunoglobulina G e de anticorpos anti-Streptococcus B

com a idade gestacional, enfatizando a importância da prematuridade como

fator determinante das baixas concentrações séricas destes componentes

imunológicos. Não houve diferença significante entre as mães dos recém-

nascidos de termo e pré-termo em relação aos níveis séricos de anticorpos

anti-Streptococcus B.

Descritores: 1. Streptococcus agalactiae 2. Recém-nascido 3. Prematuro

4. Anticorpos 5. Troca materno-fetal 6. Imunoglobulina G

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SUMMARY

Brasil TB. Placental transfer of anti-Streptococcus B antibodies in term and

preterm newborn babies [thesis]. São Paulo: “Faculdade de Medicina,

Universidade de São Paulo”; 2008. 60p.

Group B Streptococcus (GBS) is one of the leading causes of infections in

mothers and newborn babies, and it is responsible for high mortality rates.

The purpose of this study was to evaluate the transplacental transfer of anti-

Streptococcus B antibodies and immunoglobulin G in term and preterm

newborns and compare the serum levels between these two groups.

A transversal study was conducted with 44 newborns (18 preterm and 26

term infants) admitted to the Nursery next to FMUSP Hospital das Clínicas

Maternity in the period of December 2006 to July 2007. After they gave their

informed consent, blood and umbilical cord samples were collected from the

mothers and from their respective newborn babies. Total IgG measurements

were performed using nephelometry and the presence of antibodies

anti-GBS was evaluated by the immunoenzimatic test (ELISA). In both

groups of mothers (16 preterm`s mothers and 26 term`s mothers) the serum

levels of anti-Streptococcus B antibodies were similar and there was no

statistical significance between them. The mean serum levels of anti-GBS

antibodies in mothers was 1697,98, ranging from 456 to 5200 (in titles). The

mean serum levels of anti-GBS antibodies in mothers of preterm babies was

1570,72, ranging from 588 to 3829 (in titles), while in term`s mothers the

mean level was 1786,08, ranging from 456 to 5200. Anti-Streptococcus B

antibodies in the newborns demonstrated significantly lower levels in preterm

newborn compared to the levels of the term newborns. The mean serum

levels of anti-GBS antibodies in preterm newborns was 1059,22, ranging

from 416 to 3924 (in titles), while in term newborns the mean level was

2025,50, ranging from 542 to 5476. There was a positive correlation between

the levels of immunoglobulin G and anti-Streptococcus B antibodies and the

gestational age which shows the correlation between prematurity and low

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levels of anti-Streptococcus B antibodies. The association between

gestational age less than 37 weeks and reduction of anti-GBS antibody levels

corroborates with the fact that preterm neonates are more vulnerable to the

infection by this bacteria. The authors have come to the conclusion that

transplacental transfer of immunoglobulin G and anti-Streptococcus B

antibodies have been proved in term and preterm newborns. The transfer of

immunoglobulin and antibodies was less effective in preterm newborns,

whose serum levels were significantly lower compared to the levels of their

mothers and the term newborns. Term newborns showed levels of anti-

Streptococcus B antibodies similar to their mothers due to the increase of

transplacental transfer of antibodies during the end of gestation. The positive

correlation between the levels of immunoglobulin G and anti-Streptococcus B

antibodies with gestational age, proves the importance of prematurity as a

determining factor of the low serum concentrations in the components of this

newborn’s immunological repertoire. There was no significant difference

between the levels of anti-Streptococcus B antibodies in mothers of term and

preterm newborns.

Descriptors: 1. Streptococcus agalactiae 2. Newborn, Infant 3. Premature,

Infant 4. Antibodies 5. Maternal-fetal exchange 6.Immunoglobulin G

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1. INTRODUÇÃO

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Introdução 2

O Streptococcus do Grupo B (EGB) é um dos principais agentes de

infecção no período neonatal, sendo responsável por altos índices de

morbimortalidade materno-fetal. Esta bactéria, também denominada

Streptococcus agalactiae, é um coco gram-positivo que pertence ao grupo B

de Lancefield1. Foi primeiramente identificada em 1879 por Louis Pasteur,

como causadora da sepse puerperal.

Existem 9 sorotipos distintos, de acordo com os antígenos presentes

na cápsula polissacarídica (Ia, Ib, II a VIII). Nos Estados Unidos (EUA) e

Europa, os sorotipos Ia, II e III foram identificados em 85 % dos casos.

Estudos recentes nos EUA mostraram que a incidência dos sorotipos Ia, III e

V variou de 7 a 87 %2,3. A sepse tardia tem como principal agente o sorotipo

III, seguido pelos sorotipos Ia e V4.

Nas décadas de 1970 e 1980 o EGB emergiu como um dos principais

patógenos causadores de infecção materna e neonatal, com taxas de

mortalidade dos recém-nascidos (RN) variando de 15 a 50 %. Nesta

ocasião, verificou-se que 10 a 35 % das mulheres grávidas eram portadoras

assintomáticas do EGB nos tratos genital e gastrointestinal no momento do

parto5. No Brasil, a taxa de colonização de gestantes por EGB varia de 15 a

25%, de acordo com os métodos de avaliação6,7,8. Estudos recentes

mostram prevalências entre 19,2 a 27,6% 9,10.

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Introdução 3

Nas gestantes com cultura positiva entre a 26ª e 28ª semanas de

gestação, demonstrou-se que apenas 65% permaneceram colonizadas até

o termo, enquanto 8% daquelas com culturas negativas durante o pré-natal

tornaram-se positivas no termo11. O tratamento das mulheres colonizadas

erradica temporiariamente o microorganismo e a maioria destas volta a

apresentar culturas positivas em menos de seis semanas. No momento do

nascimento, 50 a 65% dos recém-nascidos filhos de mães colonizadas

podem apresentar culturas positivas para EGB nas membranas mucosas

(orofaringe) e pele (conduto auditivo externo, coto umbilical e região

perineal)11,12. Aproximadamente 98% destes RN permanecem saudáveis,

enquanto 1 a 2% desenvolvem infecção invasiva13. Antes da introdução da

profilaxia intra-parto a incidência de infecção neonatal pelo EGB nos

Estados Unidos era de aproximadamente 2 a cada 1000 nascidos vivos. No

Brasil, há poucos estudos mostrando a incidência e as complicações da

sepse por EGB. Vaciloto et al.14 relataram sepse por EGB em 0,39

(variando de 0,25 a 0,63) a cada 1000 nascidos vivos. Nesta casuística, o

choque séptico ocorreu em 76% dos recém-nascidos estudados, com

evolução para óbito em 60%, no período entre 5 e 85 horas após o

nascimento. No Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, no

período de 2001 a 2003, a incidência de infecção neonatal pelo EGB foi de

1,5 a cada 1000 nascidos vivos. A maioria apresentou sinais e sintomas de

sepse nas primeiras 72 horas de vida. Meningite ocorreu em 7,6% dos

casos, sem a ocorrência de óbitos15.

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Introdução 4

Três síndromes clínicas distintas são reconhecidas na infecção por

EGB: sepse precoce, sepse tardia e sepse muito tardia. A infecção precoce

ocorre nas primeiras 72 horas de vida, embora em cerca de 90% dos

casos, as manifestações clínicas ocorram já nas primeiras 24 horas16,17.

A transmissão vertical à partir de mães colonizadas ocorre através de

infecção ascendente pela membrana amniótica rota ou diretamente através

do canal de parto18. As principais formas de apresentação da sepse

precoce são: sepse (25 a 40% dos casos), pneumonia (35 a 55%) e

meningite (5 a 10% dos casos). Os sintomas respiratórios (apnéia,

taquipnéia, cianose e sinais de desconforto respiratório) são os mais

comuns e estão presentes em mais de 80% dos neonatos. Letargia,

intolerância alimentar, hipotermia ou febre, distensão abdominal e

taquicardia também são descritos19. A incidência da sepse precoce

causada por EGB é cerca de 10 vezes mais alta em RN prematuros e com

peso de nascimento inferior a 1500g 20,21. A sepse tardia manifesta-se

entre 7 e 90 dias de vida e tem como principal agente o EGB do sorotipo

III. O comprometimento respiratório é menos comum, sendo a meningite

relatada em cerca de 35 a 40% dos casos22 , com seqüelas neurológicas

em mais de 20% dos sobreviventes19. Outras complicações como infecção

osteoarticular e celulite também são descritas19. A sepse muito tardia

ocorre em crianças com idade superior a três meses e corresponde a

20% dos casos de sepse após a primeira semana de vida. A maioria

das crianças foram RN com idade gestacional inferior a 35 semanas

que necessitaram de hospitalização prolongada após o nascimento.

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Introdução 5

Bacteremia sem foco definido é a forma mais comum de apresentação,

sendo a febre o principal sintoma clínico19.

Entre os principais fatores de risco relacionados à sepse causada

por EGB, destacam-se: culturas maternas (vaginal ou anorretal) positivas

para EGB no momento do parto, rotura prematura de membranas (igual

ou superior a 18 horas), corioamnionite, peso de nascimento inferior a

2500 gramas, idade gestacional inferior a 37 semanas e febre materna

intra-parto23.

Embora o protocolo de profilaxia com antibioticoterapia intra-parto,

proposto inicialmente em 199624 e revisado em 200225, tenha reduzido a

incidência da infecção por EGB de forma significativa, esta recomendação

não pode ser considerada uma estratégia ideal de prevenção. Entre suas

desvantagens, destacam-se: administração endovenosa de antibióticos, alto

custo, repetição a cada gestação, indução à resistência do EGB e risco de

reação anafilática materna. Além disso, a profilaxia intra-parto não apresenta

impacto na incidência da sepse neonatal tardia e não se aplica para a

maioria dos recém-nascidos prematuros (com idade gestacional inferior a 35

semanas), já que a pesquisa de colonização materna por EGB é realizada

rotineiramente entre 35 e 37 semanas de gestação26 .

Anticorpos maternos específicos contra os polissacarídeos capsulares

(PC) do EBG atuam como protetores fundamentais contra a infecção

neonatal e a doença invasiva, visto que os RN produzem anticorpos

tardiamente em resposta à infecção e respondem fracamente aos

polissacarídeos capsulares27.

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Introdução 6

28Lin et al. (2001) demonstraram que os RN filhos de mães com níveis

de anticorpos anti-EGB sorotipo Ιa maior que 5μg/ml, apresentavam risco de

desenvolver sepse por esta bactéria 88% menor em relação aos filhos de

mães com níveis de anticorpos anti-EGB inferiores a 0,5 μg/ml. Estudo

semelhante realizado em 2004 mostrou que os RN filhos de mães com

níveis de anticorpos anti-EGB sorotipo III acima de 10 μg/ml apresentavam

risco de desenvolver sepse por esta bactéria 91% menor em relação aos

filhos de mães com níveis inferiores a 2μg/ml29.

Em nosso meio, dois estudos analisaram a passagem transplacentária

de anticorpos para Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae.

Carvalho et al.30 avaliaram os anticorpos anti-Streptococcus pneumoniae

sorotipos 1, 3, 6B, 9V e 14, em recém nascidos de termo e pré-termo entre

32 e 36 semanas de idade gestacional. A transmissão transplacentária para

os RN pré-termo (RNPT) foi menor em relação aos RN de termo (RNT) para

todos os sorotipos. Nagao et al.31 demonstraram concentrações mais baixas

de anticorpos anti-Haemophilus influenzae tipo B em RN pré-termo, quando

comparados aos RNT.

Em relação ao Streptococcus B, a ocorrência de passagem

transplacentária de anticorpos contra proteínas específicas da cápsula do

EGB foi demonstrada recentemente. Não foram consideradas, entretanto, as

diferenças entre os RN de termo e pré-termo32.

Até o momento, no Brasil, não há dados sobre os níveis de anticorpos

anti-Streptococcus do grupo B na mãe e no RN, especialmente no pré-

termo, cuja susceptibilidade a infecções é alta, em conseqüência à

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Introdução 7

33imaturidade de diversos componentes do sistema imunológico . Sabe-se

que a transferência transplacentária ocorre de maneira pouco eficiente em

RN pré-termo34.

A hipótese do presente estudo é que os anticorpos anti-EGB e

imunoglobulina G (IgG) sejam transportados via transplacentária, porém de

maneira pouco efetiva em RNPT, resultando em níveis indetectáveis ou

muito baixos em comparação aos RNT.

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2. OBJETIVOS

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Objetivos 9

A. OBJETIVO GERAL

Avaliar a passagem transplacentária de anticorpos anti-Streptococcus

B e imunoglobulina G em recém-nascidos de termo e pré-termo ao

nascimento.

B. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Comparar os níveis séricos de anticorpos anti-Streptococcus B

entre os recém-nascidos de termo e pré-termo.

• Comparar os níveis séricos de anticorpos anti-Streptococcus B

dos recém-nascidos de termo e pré-termo com os níveis séricos

de anticorpos anti-Streptococcus B de suas respectivas mães.

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3. MÉTODOS

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Métodos 11

3.1 CASUÍSTICA

O estudo foi desenvolvido no Berçário Anexo à Maternidade do

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São

Paulo (FMUSP), no período de dezembro de 2006 a julho de 2007. Foram

estudados 44 recém-nascidos, sendo 18 pré-termo e 26 recém-nascidos

de termo.

Após consentimento informado, foram obtidas amostras de sangue

das mães e do cordão umbilical de seus respectivos recém-nascidos.

Foram considerados de termo os recém-nascidos com idade

gestacional entre 37 e 41 semanas e 6 dias. Recém-nascidos com idade

gestacional inferior a 37 semanas foram considerados pré-termo.

A idade gestacional foi determinada a partir da data da última

menstruação (DUM). Nos casos em que não foi possível utilizar este método

foi considerada a ultrassonografia fetal realizada no primeiro trimestre de

gestação. Os métodos de CAPURRO35 36 (1978) para os RNT e New Ballard

(1991) para os RNPT foram utilizados para avaliação clínica da idade

gestacional, em casos de dúvida sobre a DUM e ausência de exame

ultrassonográfico.

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Métodos 12

Critérios de inclusão

Foram incluídos todos os RN de termo e pré-termo cujo nascimento

ocorreu sob a assistência da pesquisadora na sala de parto.

Critérios de exclusão

a) Recém-nascidos filhos de mães portadoras de testes sorológicos

positivos para doenças infecciosas (HIV, CMV, hepatite, sífilis,

toxoplasmose, rubéola e herpes).

b) Recém-nascidos pós-termo

c) Recém-nascidos portadores de síndromes genéticas

A identificação, idade materna, idade gestacional e peso de

nascimento dos neonatos incluídos no estudo são apresentados na tabela 1.

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Métodos 13

Tabela 1 - Identificação, idade materna, idade gestacional e peso de

nascimento dos 44 neonatos estudados

Caso RG Idade materna (anos)

Idade gestacional PN (semanas) (g)

1 27 38 3.390 13764439B 2 39 38 2.990 13742636H 3 29 37 2.370 3277903K 4 31 41 3.270 13765876E 5 21 39 3.300 13766253K 6 28 38 2.840 2954689A 7 32 39 4.900 1964656 8 20 38 3.130 13762766E 9 31 38 3.660 13768387F

10 19 38 2.760 13768745D 11 26 38 2.180 13768746C 12 31 39 3.740 13770990I 13 21 40 3.360 441783818 14 25 38 3.640 13733554I 15 30 37 3.650 13444490D 16 31 38 3.680 13579687H 17 18 40 3.600 13604210B 18 39 38 3.750 13721474A 19 30 40 2.790 13726939G 20 24 41 3780 13772648G 21 41 38 3.060 13721063J 22 23 39 2.460 13775348D 23 22 37 2500 13783625E 24 27 39 2870 13762999G 25 25 38 3300 13763482J 26 22 38 2740 13524453G 27 23 36 3.200 1376441G 28 23 32 1.980 13487007K 29 25 29 1.120 13765378A 30 31 35 1.860 13438352D 31 13 33 2.020 120078002 32 33 36 2.240 5028449C 33 19 33 2.060 476382701 34 19 33 2.050 476382701 35 26 36 2.990 6131584F 36 28 35 2.460 6131582H 37 35 25 600 13769906B 38 26 35 2.400 13480744J 39 21 33 1.570 13771151C 40 21 33 1.570 13771151C 41 29 31 1.870 13781743G 42 31 36 3.230 13761524J 43 46 35 2.000 2851001B 44 24 33 1.940 13703319I

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Métodos 14

No grupo de RN pré-termo, foram incluídos 4 RN gemelares, cujas

características estão apresentadas na tabela 2.

Tabela 2 - Identificação, idade materna, idade gestacional e peso de

nascimento de 4 neonatos gemelares

Caso RG Idade materna

(anos) Idade gestacional PN

(semanas) (g) 1 19 33 2060 476382701

2 19 33 2050 476382701

21 33 1570 3 13771151C

21 33 1570 4 13771151C

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Métodos 15

3.2 MÉTODOS

Estudo transversal de uma série de casos, incluindo dois grupos de

recém-nascidos, pré-termo e de termo.

As amostras de sangue materno para dosagem da concentração

sérica de IgG e anticorpos anti-Streptococcus B foram coletadas em tubo

seco logo após o parto. As coletas de sangue de cordão foram realizadas

após a dequitação da placenta, pela própria pesquisadora. As amostras

foram encaminhadas ao laboratório Central do Hospital das Clínicas da

FMUSP e, após a retração do coágulo, foram centrifugadas, sendo separado

soro, e condicionadas em freezer a -86°C. A seguir, foram transportadas

para o Laboratório de Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas da USP,

onde foram realizadas as dosagens dos níveis séricos de anticorpos anti-

Streptococcus B.

Linhagem bacteriana

Foi utilizada a cepa de Streptococcus sp do grupo B tipo III número

H36C, lote 05/85 (ref. ATCC 12403), gentilmente cedida pela seção de

Coleção de Culturas do Instituto Adolfo Lutz.

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Métodos 16

Dosagem de imunoglobulinas totais

Foram realizadas as dosagens de IgG total nas amostras de soro das

mães e do cordão umbilical de seus respectivos recém-nascidos por

nefelometria. Os resultados foram expresso em mg/dl.

Análise dos anticorpos anti-Streptococcus B

Ensaio Imunoenzimático (ELISA)

A presença de anticorpos IgG nas amostras estudadas, reativos

contra os antígenos de superfície de Streptococcus do grupo B foi verificada

por meio do ensaio imunoenzimático. Foi realizado um repique do estoque

de Streptococcus B (congelado em glicerol 15% a -70°C) em 3 ml de meio

BHI (Brain Heart Infusion), o qual foi cultivado por 16 a 18 horas a 37°C. Em

seguida, foi realizado um novo repique passando-se 500 μl do crescimento

bacteriano, para outros dois tubos contendo 10 ml de BHI. Foi realizada uma

nova incubação destes dois tubos a 37°C por 16 a 18 horas.

O crescimento bacteriano foi inativado a 60°C durante 1 hora.

Após o período de inativação, a cultura foi centrifugada a 3000rpm por 15

minutos a 4°C. O meio de cultura foi, então, desprezado e o pellet

ressuspenso em tampão carbonato-bicarbonato pH 9,0 até que sua

densidade óptica (DO) atingisse cerca de 1,0 em espectrofotômetro

Micronal® no comprimento de onda 540nm.

A suspensão bacteriana foi adsorvida às placas de microtitulação de

96 alvéolos no volume de 100µl/alvéolo, a 4°C por 16 a 18 horas em câmara

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Métodos 17

úmida. As placas foram lavadas 4 vezes com solução salina tamponada com

fosfato (PBS) pH 7,4 acrescida de Tween 20 a 0,1%, e então, foi realizado o

bloqueio durante 1 hora à temperatura ambiente com a adição de

100µl/alvéolo de solução de leite desnatado a 1% em PBS pH 7,4. Após o

período de bloqueio, foram realizadas novas lavagens.

O controle, um pool de soro humano normal (SHN), constituído por

100 amostras de soro de indivíduos adultos saudáveis doadores de sangue,

e as amostras pareadas de soros das mães e de seus respectivos recém-

nascidos foram adicionados às placas em diluições seriadas em tampão

PBS NaCl Tween suplementado com 10% de leite desnatado, no volume de

100µl/alvéolo e em duplicata, exceto nos alvéolos utilizados como branco

(controle de ligação inespecífica da reação). As placas foram incubadas por

2 horas a 37oC em câmara úmida.

Após novas lavagens, o conjugado anti-IgG humano marcado com

peroxidase (A-0170, Sigma, St. Louis, MO) foi diluído a 1:10.000 em tampão

PBS NaCl Tween suplementado com 10% de leite desnatado e adicionado

no volume de 100µl/alvéolo. As placas foram incubadas a 37oC por 2 horas

em câmara úmida.

Em seguida, após novas lavagens, foram adicionados 100µl/poço

do substrato contendo 0,4 mg/ml de ortofenilenodiamina (cód. P-8287,

Sigma) em solução de citrato-fosfato 0,1M, pH 5,0 e água oxigenada

(H O2 2) 0,01%. As placas foram incubadas a temperatura ambiente por 30

minutos ao abrigo da luz.

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Métodos 18

A reação foi interrompida após a adição de solução de ácido

sulfúrico 2,5N (50µl/poço) e a leitura foi realizada em leitor de ELISA com

filtro de 492nm.

O programa Graphpad Prism foi utilizado para montar curvas

semilogarítmicas a partir das densidades ópticas obtidas através da leitura

das placas de ELISA. Os resultados foram expressos em títulos,

determinados através da curva semilogarítmica feita a partir dos resultados

das densidades ópticas obtidas com a amostra controle (SHN) e com as

amostras em estudo em função do log2 das diluições. A partir da curva, os

títulos das amostras foram determinados como a recíproca da diluição

correspondente a uma densidade óptica de 0,5.

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Métodos 19

3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para caracterizar a amostra estudada, foram calculadas em forma de

tabelas as freqüências relativas (percentuais) e absoluta (nº) das categorias

das variáveis qualitativas. Foram calculadas as médias e medianas,erros-

padrão, desvios-padrão, mínimo e máximo das medidas encontradas.

Para a comparação entre grupos independentes de variáveis

quantitativas foi utilizado teste paramétrico de t de Student e não

paramétrico de Kruskal Wallis. No caso de dependência, os testes t pareado

e não paramétrico de Wilcoxon foram aplicados para as comparações.

Para avaliar as correlações entre a idade gestacional, peso de

nascimento, idade materna e paridade com os níveis de IgG e anticorpos

anti-Streptococcus B foram calculados os coeficientes de correlação de

Pearson ou os coeficientes de correlação de Spearman.

Foram considerados significantes os valores de p (p-valor) menores

do que 0,05.

Foram usados na elaboração deste relatório técnico os softwares:

MSOffice Excel versão 2000 para elaboração de tabelas; SPSS for Windows

versão 12.0 para a execução dos cálculos estatísticos e MSOffice Word

versão 2000.

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Métodos 20

Aprovação por Comissão de Ética

O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética para Análise de

Projetos de Pesquisa – CAPPesq da Diretoria Clínica do Hospital das

Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em

26/10/06, Protocolo de Pesquisa número 603/06.

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4. RESULTADOS

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Resultados 22

A classificação quanto à idade gestacional, tipo de gestação, gênero e

escore de APGAR dos 44 neonatos estudados estão expressos na tabela 3.

Tabela 3 - Classificação quanto à idade gestacional, tipo de gestação,

gênero e escore de APGAR no 1o e no 5o minuto de 44 neonatos

Grupo N % Pré-termo 18 40,9 Termo 26 59,1 Total 44 100 Gestação N % Simples 40 90,9 Múltipla 4 9,1 Total 44 100 Gênero N % Masculino 25 56,8 Feminino 19 43,2 Total 44 100 APGAR 1ºminuto N % < 4 1 2,3 Entre 4 e 7 10 22,7 ≥ 7 33 75 Total 44 100 APGAR 5ºminuto N % < 4 0 0 Entre 4 e 7 2 4,5 ≥ 7 42 95,5 Total 44 100

No grupo de RNPT, 8 (44,4%) apresentavam idade gestacional entre

34 e 36 semanas,8 (44,4%) entre 30 e 34 semanas e 2 (11,1%) tinham idade

gestacional inferior a 30 semanas.

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Resultados 23

Quanto ao peso de nascimento, 28 RN (63,6%) apresentavam peso de

nascimento ≥ 2500 gramas,14 (31,8%) entre 1500 e 2499 gramas, 1 (2,3%)

entre 1000 e 1499 gramas e 1 (2,3%) apresentava peso inferior a 1000 gramas.

A tabela 4 apresenta as características das 42 gestantes estudadas.

Tabela 4 - Freqüência de doenças, tipo de parto e tempo de rotura de

membranas ovulares em 42 gestantes

Diabetes N % Não 39 92,8 Sim 3 7,2 Total 42 100,0 Hipertensão N % Não 35 83,3 Sim 7 16,7 Total 42 100,0 Infecção N % Não 38 90,5 Sim 4 9,5 Total 42 100,0 Outros N % Não 24 57,1 Sim 18 42,9 Total 42 100,0 Tipo de Parto N % Cesárea 32 76,0 Normal 5 12,0 Fórcipe 5 12,0 Total 42 100,0 Tempo de rotura de membranas N % < 18 horas 39 92,9 ≥ 18 horas 3 7,1 Total 42 100

Dentre as 42 gestantes estudadas, 15 (35,7%) eram primigestas, 24

(57,1%) tinham entre 2 e 4 gestações e 3 (7,1%) tinham 5 ou mais

gestações prévias. A maioria (67%), apresentava algum tipo de doença,

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Resultados 24

sendo as mais freqüentes hipertensão arterial (16,7%), infecção (9,5%) e

diabetes (7,2%, tabela 4).

Quanto ao número de abortos prévios, 81% não relataram abortos

anteriores e 19% relataram um ou mais abortamentos prévios.

Os níveis séricos de anticorpos (acs) anti-Streptococcus B e

imunoglobulina G em RN de termo e pré-termo e de suas respectivas mães

estão expressos nas tabelas 5 e 6.

Tabela 5 - Níveis séricos de IgG e anticorpos anti-Streptococcus B de 26

neonatos de termo e de suas respectivas mães

IgG Acs anti-Streptococcus B (mg/dl) (título)

CASO MÃE RN MÃE RN 1 745 1381 2919 2393 2 891 1124 2119 2356 3 1005 1296 1225 2915 4 684 1083 1398 1683 5 961 990 1092 1118 6 905 1187 691 542 7 804 881 739 887 8 648 1001 682 1048 9 1035 901 2423 2677

10 1352 1028 595 558 11 1109 1117 563 588 12 1154 1248 1131 1308 13 996 1428 3090 5476 14 1081 1189 2345 1969 15 397 787 456 665 16 994 1210 2767 2621 17 989 1103 2764 2538 18 696 922 610 910 19 986 1020 5200 4586 20 1275 1338 1800 1393 21 973 891 1500 1233 22 810 948 2299 2265 23 915 1187 1311 2836 24 855 1180 1554 2496 25 805 968 4125 4813 26 711 801 1040 789

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Resultados 25

Tabela 6 - Níveis séricos de IgG e anticorpos anti-Streptococcus B de 18

neonatos pré-termo e de suas respectivas mães

IgG Acs anti-Streptococcus B (mg/dl) (título)

CASO MÃE RN MÃE RN 1 843 792 969 838 2 151 565 588 947 3 424 475 1113 974 4 821 822 1891 1316 5 467 586 636 777 6 1026 806 2744 1065 7 751 340 2177 1197 8 751 340 2177 1197 9 861 809 674 806

10 988 832 742 581 11 747 304 969 416 12 1065 217 2058 714 13 567 532 1735 1091 14 567 522 1735 1172 15 1052 754 2218 867 16 494 354 1057 613 17 1083 541 3829 3924 18 401 316 961 571

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Resultados 26

Os níveis séricos de anticorpos (acs) anti-Streptococcus B e

imunoglobulina G em 4 recém-nascidos gemelares e em suas respectivas

mães estão expressos na tabela 7.

Tabela 7 - Níveis séricos de IgG e anticorpos anti-Streptococcus B de 2

mães e de seus 4 respectivos RN gemelares

IgG Acs anti-Streptococcus B (mg/dl) (título)

CASO MÃE RN MÃE RN

1 751 340 2177 1197

2 751 340 2177 1197

3 567 532 1735 1091

4 567 522 1735 1172

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Resultados 27

Foram incluídas na casuística 4 mães portadoras de quadro

infeccioso no momento do parto. Os dados estão expressos na tabela 8.

Tabela 8 - Idade gestacional, peso de nascimento e níveis séricos de IgG e

anticorpos anti-Streptococcus B maternos e de 4 recém-

nascidos de mães portadoras de infecção

IgG Acs anti-Streptococcus B(mg/dl) (título)

CASO IG (semanas)

Peso MÃE RN MÃE RN

1 39 3300 961 990 1092 1118

2 38 3300 805 968 4125 4813

3 32 1980 151 565 588 947

4 31 1870 1052 754 2218 867

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Resultados 28

A estatística descritiva da idade materna, idade gestacional, peso de

nascimento, IgG e anticorpos anti-Streptococcus B maternos, IgG e

anticorpos anti-Streptococcus B do RN, do total de RN estudados e dos

subgrupos (pré-termo e termo) é apresentada nas tabelas 9, 10 e 11

respectivamente.

Tabela 9 - Estatística descritiva da idade materna, idade gestacional, peso

de nascimento, IgG e acs anti-Streptococcus B maternos e de 44

recém-nascidos

Variáveis N Média Mediana Desvio Mínimo MáximoPadrão

Idade Materna (anos) 44 26,93 26,00 6,62 13,00 46,00

Idade Gestacional (semanas) 44 36,87 38,07 3,36 25,43 41,86

Peso (gramas) 44 2747,05 2815,00 837,70 600,00 4900,00

IgG materno (mg/dl) 44 837,16 858,00 249,37 151,00 1352,00

IgG RN (mg/dl) 44 866,27 896,00 325,35 217,00 1428,00

Acs anti-EGB materno (título) 44 1697,98 1449,00 1061,08 456,00 5200,00

Acs anti-EGB RN (título) 44 1630,20 1145,00 1226,96 416,00 5476,00

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Resultados 29

Tabela 10 - Estatística descritiva da idade materna, idade gestacional, peso

de nascimento, IgG e acs anti-Streptococcus B maternos e de 18

RNPT

Variáveis N Média Mediana Desvio Mínimo MáximoPadrão

Idade Materna(anos) 18 26,28 25,50 7,40 13,00 46,00

Idade Gestacional (semanas) 18 33,62 33,86 2,75 25,43 36,71

Peso (gramas) 18 2064,44 2010,00 661,49 600,00 3230,00

IgG materno (mg/dl) 18 725,50 751,00 271,04 151,00 1083,00

IgG RN (mg/dl) 18 550,39 536,50 209,68 217,00 832,00

Acs anti-EGB materno (título) 18 1570,72 1424,00 871,92 588,00 3829,00

Acs anti-EGB RNPT (título) 18 1059,22 907,00 758,22 416,00 3924,00

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Resultados 30

Tabela 11 - Estatística descritiva da idade materna, idade gestacional, peso

de nascimento, IgG e acs anti-Streptococcus B maternos e de

26 RNT

Variáveis N Média Mediana Desvio Mínimo MáximoPadrão

Idade Materna (anos) 26 27,38 27,00 6,14 18,00 41,00

Idade Gestacional (semanas) 26 39,13 38,86 1,19 37,57 41,86

Peso (gramas) 26 3219,62 3285,00 584,55 2180,00 4900,00

IgG materno (mg/dl) 26 914,46 938,00 204,48 397,00 1352,00

IgG RN (mg/dl) 26 1084,96 1093,00 174,89 787,00 1428,00

Acs anti-EGB materno (título) 26 1786,08 1449,00 1183,14 456,00 5200,00

Acs anti-EGB RNT (título) 26 2025,50 1826,00 1342,07 542,00 5476,00

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Resultados 31

A comparação entre os níveis de imunoglobulina G e anticorpos anti-

Streptococcus B entre as mães e os RN dos dois grupos (termo e pré-termo)

está apresentada nas tabelas 12 e 13 e nos gráficos 1 e 2.

Tabela 12 - Comparação entre os níveis de imunoglobulina G e anticorpos

anti-Streptococcus B entre as mães e entre os RN de termo e

pré-termo

Média Mãe RNPT Mãe RNT p

IgG (mg/dl) 725,5 914,46 0,012

Acs anti-Streptococcus B (títulos)

1570,72 1786,08 0,514

Média RNPT RNT p

IgG (mg/dl) 550,39 1084,96 <0,0001

Acs anti-Streptococcus B (títulos)

1059,22 2025,50 0,009

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Resultados 32

Tabela 13 - Comparação entre os níveis de imunoglobulina G e anticorpos

anti-Streptococcus B entre os RNT e pré-termo e suas

respectivas mães

Média RNPT Mãe RNPT p

IgG (mg/dl) 550,39 725,5 0,018

Acs antiStreptococcus B (títulos)

1059,22 1570,72 0,02

Média RNT Mãe RNT p

IgG (mg/dl) 1084,96 914,46 <0,0001

Acs anti-Streptococcus B (títulos)

2025,50 1786,08 0,28

Page 46: Tatiana Braga Brasil Transferência transplacentária de ... · Streptococcus B nos RN de termo e pré-termo, sendo, porém, os níveis séricos significantemente mais baixos nos

Resultados 33

Gráfico 1: Níveis de imunoglobulina G nas mães e nos recém-nascidos de

termo e pré-termo

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

Mãe RN

IgG

(mg/

dl) -

Méd

ia (I

C 95

%)

Pré-termoTermo

p< 0,0001

p< 0,0001p=0,012

p=0,018

Page 47: Tatiana Braga Brasil Transferência transplacentária de ... · Streptococcus B nos RN de termo e pré-termo, sendo, porém, os níveis séricos significantemente mais baixos nos

Resultados 34

Gráfico 2: Níveis de anticorpos anti-Streptococcus B nas mães e nos

recém-nascidos de termo e pré-termo

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Mãe RNAcs

ant

i-Str

epto

cocc

us B

(títu

los)

- M

édia

(IC

95%

)

Pré-termo

Termo

p=0,28

p=0,009

p=0,02

p=0,514

Page 48: Tatiana Braga Brasil Transferência transplacentária de ... · Streptococcus B nos RN de termo e pré-termo, sendo, porém, os níveis séricos significantemente mais baixos nos

Resultados 35

Foram testadas correlações lineares entre os níveis de

imunoglobulinas G e de anticorpos anti-Streptococcus B em relação à idade

gestacional e ao peso de nascimento dos recém-nascidos. Foi demonstrada

correlação positiva entre níveis séricos de IgG, idade gestacional e peso de

nascimento. O mesmo observou-se entre níveis de acs anti-Streptococcus B

e idade gestacional. Porém, não houve correlação linear entre os níveis de

acs anti-Streptococcus B e o peso de nascimento (tabela 14, gráficos 3 e 4).

Foram testadas outros tipos de correlações (quadrática, exponencial e

logarítmica) entre níveis de acs anti-Streptococcus B e peso de nascimento,

que confirmaram não haver correlação entre as duas variáveis.

Tabela 14 - Correlação entre idade gestacional e peso de nascimento com

níveis de IgG e anticorpos anti-Streptococcus B em 44 recém-

nascidos

Idade Gestacional Peso (gramas) (Semanas)

Coeficiente Coeficiente

(p) (p)

0,770 0,600 IgG RN (mg/dl)*

(<0,01) (<0,01)

0,476 0,284 Acs anti-Strepto B RN**

(<0,01) (0,06)

* Teste de correlação de Pearson

** Teste de correlação de Spearman

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Resultados 36

Gráfico 3: Correlação entre idade gestacional e níveis de anticorpos

anti-Streptococcus B em 44 recém-nascidos

p =0,001

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

20 25 30 35 40 45

Idade Gestacional (semanas)

Acs

ant

i-Str

epto

cocc

us B

RN

(títu

lo)

Page 50: Tatiana Braga Brasil Transferência transplacentária de ... · Streptococcus B nos RN de termo e pré-termo, sendo, porém, os níveis séricos significantemente mais baixos nos

Resultados 37

Gráfico 4: Correlação entre peso de nascimento e níveis de anticorpos

anti-Streptococcus B em 44 recém-nascidos

p = 0,06

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

20 1020 2020 3020 4020 5020 6020

Peso (g)

Acs

ant

i-Str

epto

cocc

us B

RN

(títu

lo)

Page 51: Tatiana Braga Brasil Transferência transplacentária de ... · Streptococcus B nos RN de termo e pré-termo, sendo, porém, os níveis séricos significantemente mais baixos nos

Resultados 38

Não foi demonstrada correlação linear entre os níveis de anticorpos

anti-Streptococcus B maternos com o número de gestações e com a idade

materna (gráficos 5 e 6).

Gráfico 5: Correlação entre número de gestações e níveis de anticorpos

anti-Streptococcus B em 42 gestantes

p = 0,51

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

0 1 2 3 4 5

Número de Gestações

Acs

ant

i-Str

epto

cocc

us B

Mãe

(títu

lo)

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Resultados 39

Gráfico 6: Correlação entre idade e níveis de anticorpos anti-Streptococcus

B em 42 gestantes

p = 0,29

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

10 15 20 25 30 35 40 45 50

Idade Materna (anos)

Acs

ant

i-Str

epto

cocc

us B

Mãe

(títu

lo)

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5. DISCUSSÃO

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Discussão 41

A importância do papel dos anticorpos maternos transmitidos via

transplacentária da mãe para o recém-nascido, tem sido destacada como

um dos principais mecanismos de resposta imune humoral neste grupo de

pacientes33. A transferência de anticorpos da mãe para o feto ocorre por

transporte ativo e depende principalmente de receptores para a fração Fc da

molécula de imunoglobulina G 37. A presença destes receptores na placenta

humana foi demonstrada já nas primeiras 12 semanas de idade gestacional,

sendo localizados predominantemente no sinciciotrofoblasto e nas células de

Hofbauer38. O feto recebe os anticorpos para os antígenos aos quais a mãe

foi exposta por meio de colonização, infecção ou vacinação33.

A infecção por Streptococcus do grupo B caracteriza-se por quadro

clínico de manifestação precoce e rapidamente progressivo na maioria dos

casos23. O feto e o recém-nascidos infectados, cuja capacidade de produção

de IgG é limitada, podem apresentar falha na resposta a certos antígenos,

como os polissacarídeos bacterianos. Além disso, sua capacidade de

desenvolver memória imunológica é limitada39. Portanto, a transferência

materna de componentes imunológicos ao recém-nascido desempenha

papel fundamental em sua proteção contra infecções33.

Nos dois grupos de mães da presente casuística, compostos por 16

mães de RN pré-termo e 26 mães de RN de termo, não houve diferença

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Discussão 42

significativa em relação aos níveis séricos de anticorpos anti-EGB. O nível

sérico médio de anticorpos maternos anti-EGB foi de 1697,98, com variação

de 456 a 5200 (em títulos), mostrando que todas as mães apresentavam

níveis detectáveis de anticorpos contra esta bactéria. O nível sérico médio

de anticorpos anti-EGB das mães de RNPT foi de 1570,72, com variação de

588 a 3829 (em títulos), enquanto nas mães de RNT o nível médio foi de

1786,08, com variação de 456 a 5200 (em títulos).

40 Resultados semelhantes foram demonstrados por Okoko et al. em

relação à IgG total. Estes autores observaram que os níveis séricos de IgG

total de mães de recém-nascidos pré-termo e de baixo peso não eram

diferentes dos níveis de mães de RN de termo e peso adequado para a

idade gestacional.

Analisando individualmente os níveis séricos de anticorpos anti-

Streptococcus B em 4 mães portadoras de infecção, constatamos que estes

variaram de 588 a 4125 (em títulos), não sendo possível relacionar o quadro

infeccioso materno com a produção de anticorpos. Tais achados diferem

daqueles relatados por De Moraes-Pinto et al.41, que verificaram associação

entre infecções maternas, tais como infecção pelo HIV e malária com

alterações na transferência transplacentária de anticorpos. A pequena

amostra de casos de mães com infecção em nosso estudo poderia explicar o

comportamento observado.

Os resultados obtidos por nós comprovam a passagem

transplacentária de imunoglobulina G e anticorpos anti-Streptococcus B nos

recém-nascidos de termo e pré-termo. Larsson et al.42, recentemente,

Page 56: Tatiana Braga Brasil Transferência transplacentária de ... · Streptococcus B nos RN de termo e pré-termo, sendo, porém, os níveis séricos significantemente mais baixos nos

Discussão 43

demonstraram uma clara correlação entre os níveis séricos de anticorpos

contra as proteínas alfa e Rib do Streptococcus B nas mães e em seus

respectivos recém-nascidos, demonstrando a ocorrência da transmissão

transplacentária.

Com relação aos níveis séricos de anticorpos anti-Streptococcus do

grupo B dos neonatos da presente casuística, observamos valores

significantemente mais baixos nos RN pré-termo quando comparados aos

RN de termo. O nível sérico médio de anticorpos anti-EGB dos RNPT foi de

1059,22, com variação de 416 a 3924 (em títulos), enquanto nos RNT foi

2025,50, com variação de 542 a 5476 (em títulos).

Resultados semelhantes foram obtidos comparando a passagem

transplacentária de anticorpos para outras bactérias em recém-nascidos de

termo e pré-termo. O estudo brasileiro que analisou a passagem

transplacentária de anticorpos para Streptococcus pneumoniae sorotipos

1, 3, 6B, 9V e 14, em recém nascidos de termo e pré-termo entre 32 e 36

semanas de idade gestacional, demonstrou que a transmissão transplacentária

para os RN pré-termo foi menor em relação aos RN de termo para todos

os sorotipos30.

31 Nagao et al. demonstraram concentrações mais baixas de

anticorpos anti-Haemophilus influenzae tipo B em RN pré-termo, quando

comparados aos RNT.

34Okoko et al. analisaram o efeito da paridade, peso e idade materna,

prematuridade e peso do RN na transferência transplacentária de anticorpos

específicos contra vírus herpes simples tipo 1, vírus sincicial respiratório, vírus

Page 57: Tatiana Braga Brasil Transferência transplacentária de ... · Streptococcus B nos RN de termo e pré-termo, sendo, porém, os níveis séricos significantemente mais baixos nos

Discussão 44

varicela-zoster, toxóide diftérico e tetânico. A idade materna, peso e paridade

independentemente não influenciaram a transferência transplacentária de

nenhum dos anticorpos específicos estudados. Prematuridade e peso de

nascimento < 2500g foram associados significativamente com a redução da

transferência transplacentária de anticorpos.

No presente estudo foi também demonstrada correlação positiva entre

os níveis de imunoglobulina G e de anticorpos anti-Streptococcus B com a

idade gestacional. Houve correlação entre prematuridade e baixos níveis

séricos de anticorpos anti-EGB, fato não observado em relação ao peso de

nascimento (tabela 14). A associação entre idade gestacional inferior a 37

semanas e baixos níveis de anticorpos anti-EGB concorda com a maior

vulnerabilidade destes neonatos à infecção por esta bactéria. Yancey et al.43

demonstraram haver risco maior de sepse por EGB quanto menor a idade

gestacional. Benitz et al.23, em revisão da literatura, apontaram a

prematuridade como importante fator de risco para sepse por EGB.

Certas características maternas como a paridade e a idade materna,

foram associadas à níveis séricos mais elevados de anticorpos anti-EGB32,44.

Tal fato, porém, não foi confirmado neste estudo, no qual não se observou

associação entre os níveis de anticorpos anti-EGB e o número de gestações

(gráfico 5). Em relação à idade materna, foi demonstrado que anticorpos

contra polissacarídeos capsulares do EGB sorotipo III estavam presentes em

menores concentrações em mulheres mais jovens (16-20 anos) em relação

à mulheres mais velhas (21-35 anos)44 . Este dado contrasta com os

resultados observados por Manning et al.32, bem como o encontrado no

Page 58: Tatiana Braga Brasil Transferência transplacentária de ... · Streptococcus B nos RN de termo e pré-termo, sendo, porém, os níveis séricos significantemente mais baixos nos

Discussão 45

presente estudo, nos quais a idade materna não foi relacionada aos níveis

de anticorpos anti-EGB maternos (gráfico 6).

Entre os 4 recém-nascidos gemelares de nossa casuística, observamos

que os níveis de anticorpos anti-EGB foram semelhantes, sugerindo que a

gemelaridade não alterou sua transferência transplacentária. Na literatura

consultada por nós, não há estudos sobre a influência da gemelaridade na

transferência materna de anticorpos. Com relação ao maior risco de sepse

por EGB em RN múltiplos, os autores mostram resultados variáveis. Alguns

estudos de revisão45,46,47,48, bem como as antigas diretrizes da Academia

Americana de Pediatria para a prevenção da sepse por EGB49 (1992)

relataram risco aumentado de sepse por EGB em gemelares. Estudos mais

recentes, porém, não comprovaram tal hipótese. Em grandes casuísticas

analisadas50, a gestação múltipla não foi considerada um fator de risco

independente para sepse por EGB. A maior incidência de sepse em

gemelares foi atribuída à prematuridade e ao baixo peso ao nascer, que

ocorrem frequentemente neste grupo de neonatos51,52 .

32Recentemente Manning et al. demonstraram a ocorrência natural

de anticorpos contra uma proteína específica da superfície do

Streptococcus B em mulheres grávidas e seus respectivos recém-nascidos.

Foi observada uma correlação linear entre os níveis de anticorpos

maternos e do RN, comprovando que anticorpos naturais anti-EGB

atravessam a barreira transplacentária e conferem proteção aos RN,

principalmente nos primeiros dois meses de vida, já que a meia vida destes

anticorpos foi, em média, 44 dias. Estes dados ressaltam a importância que

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Discussão 46

a transmissão tranplacentária de anticorpos maternos exerce na proteção

dos recém-nascidos e, portanto, a relevância dos estudos que buscam o

desenvolvimento de uma vacina anti-EGB, principalmente para os RNPT

cuja susceptibilidade à infecção é maior.

Considerações Finais

Os resultados obtidos em nosso estudo sugerem que a administração

à mãe de um componente imunogênico poderá levar ao aumento dos níveis

séricos de anticorpos nos RN, através de transporte ativo transplacentário.

A busca de um esquema ideal de prevenção da infecção neonatal

pelo Streptococcus B permanece como um desafio. Os estudos atuais que

visam a produção de uma vacina eficaz são de muita importância e devem

considerar não só o desenvolvimento da vacina, bem como o momento ideal

de sua utilização durante a gestação, a fim de proteger os recém-nascidos

prematuros, que, conforme foi demonstrado neste estudo, constituem um

importante grupo de risco.

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6. CONCLUSÕES

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Conclusões 48

O presente estudo nos permitiu chegar às seguintes conclusões:

• Foi comprovada a passagem transplacentária de imunoglobulina G

e anticorpos anti-Streptococcus B nos RN de termo e pré-termo.

• Os níveis séricos de imunoglobulina G e anticorpos anti-

Streptococcus B foram significantemente mais baixos nos RNPT,

tanto em relação às suas mães quanto em relação aos níveis

observados nos RN de termo. Este comportamento comprova ser a

transferência de imunoglobulina G e anticorpos anti-Streptococcus B

menos eficiente nos RNPT.

• Concordando com os achados da literatura, os recém-nascidos de

termo apresentaram níveis séricos de anticorpos anti-Streptococcus B

semelhantes aos maternos, devido ao incremento da transferência

transplacentária de anticorpos no final da gestação.

• Houve correlação positiva entre os níveis de imunoglobulina G e de

anticorpos anti-Streptococcus B com a idade gestacional, enfatizando

a importância da prematuridade como fator determinante das baixas

concentrações séricas destes componentes imunológicos.

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Conclusões 49

• Não houve diferença significante entre as mães dos recém-

nascidos de termo e pré-termo em relação aos níveis séricos de

anticorpos anti-Streptococcus B.

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7. REFERÊNCIAS

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