74
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 1.2 PROBLEMA 1.3 JUSTIFICATIVA 1.4 OBJETIVOS 1. 4.1 Objetivo Geral 1. 4.2. Objetivo Específicos 1.5 METODOLOGIA 1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEORICA 2.1 AS DISCUSSÕES DE RATZEL SOBRE O ESTADO. 2.2 INSTRUMENTOS NEOLIBERAIS NA FRONTEIRAS NA AMAZÔNIA. 3. POLÍTICAS NA FORMAÇÃO DE RESERVAS INDIGENAS NO BRASIL. 3.1 CRIAÇÃO DO SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO ÍNDIO (SPI) 3.1.1 A estrutura do órgão Serviço de Proteção ao Índio 3.1.2 Conselho Nacional de Proteção aos Índios (CNPI) e a atuação dos antropólogos. 3.1.3 O fim do Sistema de Proteção do Índio. 3.2 A FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO (FUNAI) E O ESTATUTO DO ÍNDIO (LEI Nº 6.001/73) 3.3 TERRITÓRIOS INDÍGENAS E FRONTEIRAS NA AMAZÔNIA 3.4 PROCESSO NA DEMARCAÇÃO DE RESERVAS INDÍGENAS 4 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS

Tcc 9 27.11

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Tcc 9 27.11

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 1.2 PROBLEMA

1.3 JUSTIFICATIVA

1.4 OBJETIVOS

1. 4.1 Objetivo Geral

1. 4.2. Objetivo Específicos

1.5 METODOLOGIA

1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEORICA

2.1 AS DISCUSSÕES DE RATZEL SOBRE O ESTADO.

2.2 INSTRUMENTOS NEOLIBERAIS NA FRONTEIRAS NA

AMAZÔNIA.

3. POLÍTICAS NA FORMAÇÃO DE RESERVAS INDIGENAS NO

BRASIL.

3.1 CRIAÇÃO DO SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO ÍNDIO (SPI)

3.1.1 A estrutura do órgão Serviço de Proteção ao Índio

3.1.2 Conselho Nacional de Proteção aos Índios (CNPI) e a atuação

dos antropólogos.

3.1.3 O fim do Sistema de Proteção do Índio.

3.2 A FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO (FUNAI) E O ESTATUTO DO

ÍNDIO (LEI Nº 6.001/73)

3.3TERRITÓRIOS INDÍGENAS E FRONTEIRAS NA AMAZÔNIA

3.4 PROCESSO NA DEMARCAÇÃO DE RESERVAS INDÍGENAS

4 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS

4.1SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DO TEMA NA AGENDA

INTERNACIONAL

4.1.1 O tema na agenda Internacional

Page 2: Tcc 9 27.11

4.2 ASSINATURA PELO BRASIL DO TRATADO UNIVERSAL DOS

DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS

5 CONTRADIÇÕES ENTRE CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA E

DECLARAÇÃO DA ONU.

5.1 A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O PODER DE CELEBRAR

TRATADOS.

5.2 O DESAFIO DA AUTONOMIA

6. CONCLUSÃO

7. REFERÊNCIAS

Page 3: Tcc 9 27.11

1. INTRODUÇÃO

A consolidação da Constituição Federal de 1988 legitimou o princípio

de um novo ciclo político e social à democracia no Brasil, para afirmar e

garantir a liberdade, igualdade e justiça dentro de uma ordem interna e

internacional, no entanto, há consideráveis contradições quando observado o

aspecto de manutenção territorial que compete à soberania do Brasil. Para isso

cito a questão dos territórios indígenas na Amazônia, importando alguns

conceitos sobre a importância geopolítica da região para o Brasil e para o

mundo, pois atualmente há novos atores que tem papel decisivo: a sociedade

civil organizada, os governos estaduais e a cooperação internacional.

De acordo com Becker (2005) essas mudanças segundo os interesses

dominantes na escala global, nacional e regional gerando conflitos. A

Amazônia é hoje uma região em si, que demanda uma política de consolidação

do desenvolvimento juntamente com fortalecimento institucional.

E para demonstrar a importância das reservas no Brasil de acordo com

a Funai, aproximadamente 105 milhões de hectares (superfície das 611 terras

indígenas cujos processos de demarcação estão minimamente na fase de

delimitação) estão reservados para 460 mil indígenas, perfazendo 12,41% do

total do território brasileiro.  Na Amazônia Legal, situam-se 98,61% das terras

indígenas do país em 422 áreas. Ao todo são 108.177.545 hectares (20,67%

da Amazônia). Os 1,39% restantes estão distribuídos entre as

regiões Nordeste, Sudeste, Sul e estado de Mato Grosso do Sul.

Contudo, com a assinatura pelo Itamarati da Declaração Universal dos

Direitos dos Povos Indígenas, significou o reconhecimento jurídico e efetivo dos

direitos políticos e sociais dos povos indígenas, que inclui (a) autonomia de

decisão; (b) autogoverno e controle sobre os territórios e os recursos naturais

neles existentes; (c) direito a representação política nas instâncias de poder

legislativo do Estado; e (e) protagonismo na formulação e controle sobre as

chamadas políticas públicas dos Estados.  

De acordo com Fregapani (2011) há interesses de atores externos

sobre a autodeterminação do território indígena, deste modo levanta uma

Page 4: Tcc 9 27.11

questão relevante quanto o ato de ingerência estrangeira, tanto de

Organizações Não Governamentais Internacionais quanto de Países com

latentes interesses às riquezas encontradas no território das reservas.

Portanto, a pesquisa irá questionar qual o real motivo da assinatura da

Declaração pelo governo, contrariando a própria constituição e que

consequências trará à preservação da soberania brasileira nas regiões sob

autonomia indígena.

1.2. PROBLEMA DA PESQUISA

É evidente que a assinatura pelo Estado brasileiro da Declaração dos

Direitos dos Povos Indígenas é marcada fortemente por um relevante contraste

à Constituição Federal, quando observado principalmente aos artigos que

referem-se à legitimidade da construção das reservas e o modo de autonomia

dos povos indígenas, ainda assim levanta o questionamento da perda pelo

Brasil do domínio político e militar sobre a região demarcada como reserva,

sobremodo a forma absoluta de soberania é deteriorada levando a uma

“emancipação territorial”, especialmente quando refere-se a formação de

territórios contínuos acometendo um vasto espaço geográfico nas regiões

limítrofes do Brasil.

Para esmiuçar mais a problemática da soberania, os povos indígenas,

ao assumir sua identidade dentro de um Estado com fronteiras territoriais

consolidadas, trariam com consequência o desafio à ordem vigente,

representada pela primazia do Estado unitário e sua soberania, o foco é

principalmente direcionado a maior região com reservas, a Amazônia, pois

constitui um desafio não mais para o futuro e sim para o presente, pois ainda

está inclusa na periferia do sistema mundial capitalista, mesmo com todo seu

potencial estratégico com os recursos naturais BECKER (2005)

Ainda assim é relevante observar a participação do governo brasileiro

como fonte omissa diante da concordância à Declaração. Porém há várias

pressões internas de ONGs representativas das comunidades indígenas

influenciadas por atores a nível internacional para que se promulgue o Tratado

e o mesmo tenha força de lei. Em 2004 a Emenda Constitucional nº 45 afirma

que Tratado e Convenções Internacionais são equivalentes às Emendas

Page 5: Tcc 9 27.11

Constitucionais, deste que, sejam sobre direitos humanos e aprovados em

cada Casa do Congresso em dois turnos, por três quintos dos votos dos

respectivos membros.

Logo, se esse fato se concretizar abrirá o precedente de em um futuro

próximo que terras legitimadas como reservas indígenas sejam vistas como

nações independentes dentro de Estados soberanos, entretanto, até que ponto

a Declaração assinada pelo Estado brasileiro se tornou antagônica à

Constituição Federal?

1.3 JUSTIFICATIVA

A internacionalização da Amazônica poderá ser uma

deformação geopolítica na região, as atividades de muitas ONGs estrangeiras

defensoras à demarcação de reservas indígenas causam questionamentos

sobre o status de soberania brasileira. Somado a isso a frase do ex-vice-

presidente estadunidense e Nobel da Paz (1989): "Ao contrário do que os

brasileiros pensam, a Amazônia não é só deles, mas de todos nós", nos deixa

atentos sobre possíveis estratégias à dominação na região. Discutir a ideia de

demarcação contínua das reservas indígenas e o aumento das são alguns

elementos que fundamentam a discussão sobre a sobreposição da

Constituição Federal em prol ao Tratado sobre Direitos Universais dos Povos

Indígenas.

.

De acordo com Nascimento (2008) recentemente, em decorrência

devido às mudanças feitas pela FUNAI e instigadas às vontades de ONGs

internacionais, o número de habitantes indígenas tem crescido

exponencialmente ao índice de reprodução humano. De acordo com Fregapani

(2011, p.174): no art. 3º ao qual concede o direto de autodeterminação às

nações indígenas é contrastante com o artigo 22º das CF/88 e no artigo 26º da

Declaração há de forma indireta que não poderá haver intervenção militar nas

áreas de reserva, demonstrando a emancipação declarada, pois quando não

há a possibilidade intervenção de força de polícia, não há representatividade

Estatal neste território.

Entretanto é relevante citar dois documentos produzidos pelo Congresso

dos Estados Unidos, o primeiro escrito em Junho de 1991, o qual requeria ao

Page 6: Tcc 9 27.11

Presidente Bush a solicitação da demarcação da área Ianomâmi ao Presidente

Collor, e o segundo remete a outubro de 1996, onde o Congresso Dos Estados

Unidos dirige-se diretamente ao Presidente Fernando Henrique Cardoso

pedindo à garantia que fosse feita a demarcação contínua da área referente à

Raposa- Serra do Sol.

A Amazônia abriga 20% de toda a água doce do planeta, ocupa 5% da

área do globo terrestre, guarda 30% das florestas tropicais ainda vivas, mas é

habitada por apenas 3,5 milésimos da população mundial. A grandiosidade da

região é inversamente proporcional à sua fragilidade e vulnerabilidade

BECKER (2011). Esse retrato reflete a importante posição geopolítica da

Amazônia no mundo.

1.4 OBJETIVOS:

1. 4.1 Geral:

Analisar o contexto da assinatura da Declaração Universal dos Direitos

dos Povos Indígenas avaliando o impacto sobre a Constituição Federal

Brasileira e demonstrar quais as consequências para a preservação de sua

soberania.

1. 4. 2. Específicos:

Analise da construção da política indigenista no Brasil

Verificar o impacto da Declaração sobre a formação das Noções

Indígenas e o que representa à soberania brasileira.

Contradições entre a Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas e

a Constituição Federal Brasileira.

Page 7: Tcc 9 27.11

1.5 METODOLOGIA

Inicialmente será realizada uma pesquisa bibliográfica, onde se buscará,

através das leituras, subsídio para a análise dos dados obtidos. A pesquisa

bibliográfica está relacionada à busca das informações nas fontes escritas e no

referencial da humanidade. Seu fluxograma obedece às seguintes etapas:

levantamento de dados; identificação dos dados; localização dos dados;

compilação dos dados; tratamento dos dados; leitura; fichamento; análise das

fontes de informação e elaboração do texto científico, conforme Rauen (2006).

A pesquisa se iniciará através da análise histórica da construção da

política indigenista no Brasil, fundamentalmente com consolidação das

reservas indígenas e como esta pôde ter papel importante na assinatura do

Tratado da ONU, para isso fará uma pesquisa documental que para a pesquisa

terá Gil (1991) a análise parte de documentos de primeira mão, ou seja,

aqueles que não receberam nenhum tratamento analítico tais como os

documentos conservados em órgãos públicos e instituições privadas, e os

documentos de segunda mão que de alguma forma já foram analisados tais

como: relatórios de pesquisa; relatórios de empresas; tabelas estatísticas

e outros.

1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

No capitulo 2 estão inseridos os referenciais teóricos que norteiam a

analise deste trabalho. a terra e espaço são elementos pertinente, Teoria do

Espaço Vital de Ratzel, pois a terra é associada ao elemento imperativo à vida

humana. Consta ainda a Teoria neoliberal que comporta as relações de efeito e

consequência da interdependência entre os governos e as ONGs e demais

atores influentes, que neste cenário o Estado não é mais visto como o único

ator das relações internacionais.

No capitulo 3 estão apresentados os fatores e meios que construíram a

política indigenista no Brasil deste o inicio do século XX, a criação de órgãos e

suas decadências e por fim a promoção da legitimidade jurídica fundamentada

com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Estatuto do Índio (Lei Nº

Page 8: Tcc 9 27.11

6.001/73), juntamente discorre sobre os territórios indígenas voltando-se às

fronteiras na Amazônia e o processo na demarcação de reservas indígenas.

No capitulo 4 são dispostos A Declaração Universal dos Direitos dos

Povos Indígenas, os fatores que promoveram o surgimento e evolução do tema

dos direitos dos povos indígenas no na agenda internacional, assinatura do

Tratado pelo Brasil.

No capitulo 5 apresenta a fusão do referencial teórico do capitulo 2, desta

forma, analisando a importância do posicionamento pelo Brasil diante as

contradições da Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas Da

ONU À Constituição Federal do Brasil, e por fim dispõe uma analise sobre

como este fato reforça o desafio da autonomia do Estado brasileiro. No capitulo

6 constam as disposições finais deste trabalho.

Page 9: Tcc 9 27.11

2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEORICA

2.1 AS DISCUSSÕES DE RATZEL SOBRE O ESTADO

Buscando atender os objetivos propostos para esta pesquisa, a estrutura

do referencial teórico está definida a partir da discussão entre a construção

legal de territórios indígenas sob a afirmativa do direito internacional,

subsidiado pelo Tratado da Declaração Universal do Direito dos Povos

Indígenas e como este poderá sustentar a mitigação da soberania do Brasil

resultando a criação de reservas indígenas autônomas, logo é preciso analisar

de que forma os jogos de interesses entre o Estado soberano brasileiro age

diante das estratégias geopolíticas internacionais direcionadas às reservas

indígenas.

Para isso é preciso considerar como a geopolítica é constituída na

região e como se desenvolve no que tange a estratégia de poder sobre o

território amazônico. A priori a geopolítica é considera a relação entre os

processos políticos e as características geográficas de um determinado

território, mas fundamentalmente como noção de poder. Segundo Ratzel apud

Moraes (1990) refere-se à geografia política como espaço de vida das

afluências humanas, e juntamente com a sistematização pelos conhecimentos

políticos aplicados pela geografia, e esta teoria apoia-se na influência exercida

por dois fatores geográficos: o espaço onde está o Estado com todos seus

aspectos físicos está localizado e a posição sobre a terra condicionando suas

relações, este dois elementos que determinam o valor político e o objetivo final

dos atores sobre o globo na conquista pelo poder.

Para Ratzel apud Moraes (1990) observa a posição geográfica como um

fator na história humana, a terra e espaço são elementos pertinentes que ainda

constitui sua ambição máxima, que quando observado o caso dos territórios

indígenas podemos associa-lo a Teoria do Espaço Vital de Ratzel, pois a terra

é associada ao elemento imperativo à vida humana, o qual representa uma

proporção de equilíbrio entre a população de uma sociedade e os recursos

naturais disponíveis para prover suas necessidades, definindo, assim

pretensões de progredir suas premências territoriais, porém, neste caso a

teoria direciona mais ao sentido político, onde o espaço é visto sob os mais

Page 10: Tcc 9 27.11

diversos interesses, como por exemplo o poder de conquista de um

determinado território influencia à conquista de outros, e desta forma pode-se

observar a forma imperialista de poder, onde toda a sociedade, em um

determinado grau de desenvolvimento deve conquistar territórios onde as

pessoas são menos desenvolvidas.

De acordo com Ratzel o processo de evolução espacial dos Estados

podem ser justificadas através de suas Leis Expansionistas ou Leis dos

Espaços Crescentes, onde a 2ª Lei refere que o crescimento dos Estados

segue outros sintomas de desenvolvimento, onde encontram-se as ideias,

produção comercial, atividade missionaria, que pode-se denominar com a Lei

da penetração pacifica de Backheuser (1952) “a penetração pacifica será tanto,

mais frutuosa para o Estado conquistador quanto menor o nível de cultura do

país conquistado”.

Quanto mais o Estado dominar a estrutura política, mais difícil será os

atores não-estatais influenciarem nas políticas de determinado país. Dessa

forma, é de se esperar que os agentes transnacionais exerçam maior influência

na Europa do que na China. Da mesma forma, quanto maior o grau de

institucionalização, maior será a influência desses atores, pois as estruturas

cooperativas de governança internacional tendem a legitimar as atividades

transnacionais, aumentando a influência desses atores na construção da

regulamentação internacional e afetando a formação de coalizões interestatais.

Num momento em que o Estado é considerado pela ideologia neoliberal como

enfraquecido e combatido mesmo por correntes críticas à esquerda, para

Ratzel apud Moraes (1990) afirma que é necessário a existência do estado:

“Não é possível conceber um estado sem território e sem fronteiras. Uma teoria

do estado que fizesse abstração do território não poderia jamais ter qualquer

fundamento seguro”.

É fácil convencer-se de que do mesmo modo como não se pode

considerar mesmo o estado mais simples sem o seu território, assim,

também a sociedade mais simples só poderá ser concebida junto com

o território que lhe pertence. (RATZEL apud MORAES, 1990).

Page 11: Tcc 9 27.11

Aprofundando as discussões ratzelianas, outro ponto relevante nesta

discussão sobre território, e que resulta em muitas criticas ao autor, reside na

questão da ligação do povo com o solo, por meio do combatido conceito de

“espaço vital”.

O espaço vital para Ratzel, é a fração de território necessária para o

desenvolvimento social e econômico de um povo. Torna-se necessário

evidenciar que a difusão técnica vivenciada na atualidade, permite ao homem

controlar facilmente os recursos a serem utilizados, vinculando a sociedade

mais diretamente aos recursos naturais. Nas severas criticas de que suas

ideias sobre a ligação entre o povo e o solo são deterministas, oculta-se que

Ratzel não afirma que o solo se impõe ao povo, pois para Ratzel segundo apud

Moraes (1990) “o solo se impõe mais na história do estado que na da

sociedade; isto deriva da maior amplitude das porções de território sobre o qual

a propriedade daquele se exerce”.

Ao examinar o homem (...) é sempre necessário considerar, junto

com o indivíduo ou com o grupo em questão, também uma porção de

território. (...)Sem território não se poderia compreender o incremento

da potência e da solidez do estado. Um povo em processo de

decadência verifica-se que esta não poderá absolutamente ser

compreendida, nem mesmo no seu inicio, se não levar em conta o

território. Um povo decai quando sofre perdas territoriais. E isso é,

sem dúvida, o principio de sua decadência futura. (RATZEL apud

MORAES, 1990).

Para Galvão; Bezerril (2012) a necessidade de recursos naturais se

ampliam com o desenvolvimento social e econômico, e nunca foram tão

geradoras de conflitos como na atualidade, onde cada vez mais, a escassez de

recursos alimentícios, energéticos e hídricos se produz em diversas partes do

globo, pois que, orientados pela lógica mercadológica, vão para aqueles países

cujas sociedades podem pagar mais.

O fragmento textual anterior evidencia essa necessidade de ampliar

territórios para garantir a sobrevivência de um grupo social. Muitos autores

afirmam que Ratzel utilizou tais preceitos para justificar o expansionismo

Page 12: Tcc 9 27.11

alemão, contudo, o “expansionismo territorial” em Ratzel aparece também na

forma de ampliação de mercados e de influência cultural, elementos de resto

tão intensamente estudados pelos geógrafos críticos sob o conceito leninista

de imperialismo (ALBUQUERQUE, 2011).

Com a globalização econômica, as relações entre povo e território não

são abaladas, mas apenas repostas por fenômenos de mobilidade como fluxos

financeiros e migratórios; o que permite leituras complementares entre a

geografia crítica e a geopolítica clássica. Suas concepções de território,

carregadas, para muitos, de uma ligação aprofundada com o naturalismo e o

determinismo, em verdade refletem a relevância do território como importante

conceito-chave da ciência geográfica. Fugindo ao caráter descritivo dos

estudos regionais franceses posteriores, Ratzel buscou teorizar o espaço

geográfico enquanto categoria política. O conceito ratzeliano de território

resulta exatamente na compreensão de seus múltiplos usos e

intencionalidades dos usos, algo apenas recentemente discutido mais

sistematicamente e regularmente pela corrente critica da Geografia (MORAES,

1990).

Ao retratar o cenário amazônico é preciso considerar a nova

perspectiva geopolítica da Amazônia como fronteira do capital natural em nível

mundial juntamente com seriedade de pensar e operar na escala da Amazônia

Transnacional, que remete a tendência ao esgotamento da região como

fronteira de expansão demográfica e econômica nacional, é sabido que a

biodiversidade, as florestas, a água, constituem riquezas reconhecida

internacionalmente, mas não estão conscientizada nacionalmente, e o papel

da sociedade civil torna-se crucial para reversão desse contexto, Becker

(2004).

“A geopolítica sempre se caracterizou pela presença de pressões de

todo tipo, intervenções no cenário internacional desde as mais

brandas até guerras e conquistas de territórios. Inicialmente, essas

ações tinham como sujeito fundamental o Estado, pois ele era

entendido como a única fonte de poder, a única representação da

política, e as disputas eram analisadas apenas entre os Estados. Hoje

esta geopolítica atua, sobretudo, por meio do poder de influir na

tomada de decisão dos Estados sobre o uso do território, uma vez

Page 13: Tcc 9 27.11

que a conquista de territórios e as colônias tornaram-se muito caras.”

(BECKER, 2004).

O espaço é um produto e produtor das relações sociais, logo, está

ligado ao fator político. Para Bercker (1982) o poder é divisível e que há outras

formas de poder constituído em escalas diferentes do Estado-Nação, propõem-

se então que a forma de desenvolvimento conceitua-se por meio do grau de

controle da população, individual ou grupo, que pode exercer sobre seu

ambiente físico, socioeconômico e político, ou seja, o poder sobre o espaço.

Deste modo, podem ocorrer conflitos no espaço e pelo espaço.

Para compreender o termo territoriedade, Raffestin (1993) expressa a

“multidimensionalidade territorial” pelos indivíduos que ocupam um

determinado território, ela é não só uma, mas: um conjunto de relações que se

originam num sistema tridimensional sociedade-espaço-tempo em vias de

atingir a maior autonomia possível, compatível com os recursos do sistema.

Traçando uma linha no tempo desde a grande revolução industrial, onde as

nações industrializadas sempre consumiam grande parte dos recursos naturais

não renováveis de fonte limitada, com o intuito de garantir seu avanço

tecnológico e que continuamente a busca por esses recursos é perene,

atualmente há uma mobilização por recursos que tem como objetivo um

domínio mínimo, mas suficiente de uma certa quantidade de energia e

informação para programar-se como um inventário à exploração futura dos

recursos naturais. Raffestin indica três comportamentos que viabilizam a

captação de recursos: o exploracionismo, preservacionismo e

conservadorismo. No caso dos possíveis territórios indígenas autônomos da

região amazônica, onde há grandiosas reservas naturais de diversos gêneros,

o elemento que se enquadra é o preservacionismo, pois, trata-se de uma

medida que não visa um retorno imediato, e o meio é pouco tocado, e de certa

forma potencializam para utilizar com mais benefícios no futuro, desta forma

não se trata de uma medida meramente ecológica, mas sim uma apólice de

seguro.

A preservação da região se obtêm somente com a legitimidade de

soberania do Estado, para isso é necessário compreender de que forma a

definição de soberania pode ser inserido neste contexto, usando conceitos de

Page 14: Tcc 9 27.11

autonomia e soberania interna e externa, colocados por Hildebrando Aciolly,

para fazer uma relação com os acontecimentos gerados pelas mudanças de

paradigmas do indigenismo brasileiro. Este autor coloca que o direito à

liberdade confunde-se com a noção de soberania, que deixou de ser o direito

absoluto e incontestável de outrora. “Admitida a noção dessa soberania relativa

é lícito falar em direitos decorrentes da soberania interna e externa” (ACCIOLY,

2000, p. 104).

O termo soberania de acordo com Saldanha (2006) refere-se como um

princípio basilar do Estado nacional, que defini-se como território dentro de um

contorno limítrofe, ao qual, a comunidade aceita uma autoridade capaz de

interpretar e consolidar sua vontade à qual se submete e a considera como

parte de si capaz de satisfazer seus interesses.

A forma mais basilar de consolidação política representativa do Estado

na ordem anárquica do âmbito internacional se consolida através de sua

soberania (AZAMBUJA, 1967).

Quando se diz que um Estado é soberano, deve entender-se que, na

esfera da sua autoridade, na competência que é chamado a exercer

para realizar a sua finalidade, que é o bem público, ele representa um

poder que não depende de nenhum outro poder, nem é igualado por

qualquer outro dentro de seu território. Assim, quando o Estado traça

normas para regular as relações dos indivíduos que lhe estão

sujeitos, sobre a organização da família, a punição dos crimes, sobre

o comércio, a indústria, etc., exerce o poder de modo soberano, as

regras que edita são coativamente impostas, sem que qualquer outro

poder ou autoridade interfira ou se oponha.” (AZAMBUJA, 1987. p.

62-63)

De acordo com Sarfati (2006) com o acordo da paz de Westfália agregou

princípios fundamentais às relações internacionais defendendo que os

governos de cada país é, de forma inequívoca, soberano dentro de sua

jurisdição territorial; e ainda que os países não devem interferir nos assuntos

domésticos uns dos outros. Neste ponto vale lembrar a solicitação do

Congresso Estadunidense aos Presidentes Brasileiros sobre demarcações de

reservas indígenas (NASCIMENTO, 2011).

Page 15: Tcc 9 27.11

De acordo com Acquaviva (1994) a Soberania é o atributo do poder do

Estado que o torna independente no plano interno e interdependente no plano

externo. Além disso, o conjunto de normas que, estrutura a organização do

Estado, e limita politicamente o exercício do poder soberano, define-se como

lei fundamental edificada como constituição é confrontada.

A forma conceitual de Constituição pode ser apresentada através de

Acquaviva (1994) que afirma:

“Em termos jurídico-político, a Constituição é a lei

fundamental do Estado, lei que o um povo impõe aos

que o governa, para garantir-se contra o despotismo

destes, conforme doutrina Romagnosi.”

Este referencial apresenta ainda os primeiros contatos com as leituras

referentes à discussão em pauta. Sabemos da necessidade de ampliar essa

discussão, na percepção dos autores, o que vai acontecer na medida em que

avançarmos no desenvolvimento da pesquisa.

2.2 INSTRUMENTOS NEOLIBERAIS NAS FRONTEIRAS POLÍTICAS NA

AMAZÔNIA

Em um território Num território emaranhado com complexidades em sua

diversidade social politica, coexistem diversos espaços-tempos. Onde há

comunidades indígenas e espaços urbanizados coabitando dentro do espaço

regional, formando níveis de intensidades de conhecimento tradicional e

cientifico, formas antiquadas e defloras no uso da apropriação dos espaços e

dos recursos, fatores estes estão inseridos em uma malha politico

administrativa que implica uma modernidade em mosaico, uma estrutura

territorial com múltiplas caras e dimensões (BECKER, 2008).

Neste contexto segundo Keohane apud Sarfati (2005), para compreensão

do mundo moderno, precisamos conservar em memória os conceitos de

descentralização e instituicionalização, onde a Mundialização da Economia, a

multiplicação de organismos internacionais, ONGs tal como o crescente

número de empresas transnacionais, demonstram claramente a

Page 16: Tcc 9 27.11

interdependência e a complexidade das relações internacionais

contemporâneas, estas por sua vez, não mais restritas a atuação exclusiva dos

Estados. E a institucionalização é definida como regras estabelecidas e

normas, o reconhecimento diplomático, representados por governos formais ou

não-formais. A hipótese básica da corrente é a de que a habilidade dos

Estados de se comunicar e cooperar depende da construção de instituições

que podem variar em termos de suas naturezas e força. Isso não implica dizer

que os Estados ignorem o poder ou a riqueza uns dos outros, mas que suas

ações dependerão dos arranjos institucionais presentes que podem afetar tanto

o fluxo de informações e a oportunidade de negociar.

Nesta perspectiva à luz dos Tratados a Teoria Neoliberalista, afirma

que acordos desta natureza, não têm sua gênese formada em fáceis

manobras, e sua permanência tão pouco solidificada, pois a manutenção

destes Acordos está sujeitos às habilidades nas relações internacionais dos

Estados e ações de cooperação com foco na construção de instituições.

É importante ressaltar que para o neoliberalismo existe uma

preocupação que exercem a investigação da interação das instituições, pois a

cooperação é limitada à reciprocidade dos interesses dos atores envolvidos,

deste modo, os objetivos de cada parte no acordo devem obedecer às forças

motoras de seus interesses nacionais. Outro ponto que merece destaque está

no grau de institucionalização exerce sobre o comportamento dos Estados.

Outra tendência do neoliberalismo que ressurgem são o liberalismo de

interdependência e o liberalismo institucional. O primeiro argumentado por

Keohane e Nye é manifesta a ligação transnacional entre corporações e a

ausência de hierarquias entre as questões dos Estados, onde a segurança

militar não sobrepujava mais a agenda. Segundo argumentado por Oran Young

e Keohane admite que quando formada esta interdependência entre os estados

os mesmos se utilizam da criação de instituições que lidam com problemas

comuns, como o caso da OCDE, OMC, a ONU, dentre outros. Estas tendências

se tornarão as mais influentes para firmar o que se denominava neoliberalismo,

como teoria válida para compreender o sistema internacional (SARFATI, 2005).

Segundo Keohane apud Sarfati, (2005) as instituições como grupos de

regras (formais e informais) persistentemente conectadas que prescrevem o

Page 17: Tcc 9 27.11

comportamento, constrangem as atividades e definem as expectativas. Assim,

podemos pensar nas instituições assumindo os seguintes formatos:

“Formal intergovernamental ou organizações não-governamentais

internacionais: Instituições desenhadas pelos Estados com algum

propósito específico, uma organização burocrática e regras

específicas” KEORANE apud (SARFATI , 2005 p. 157).

Estas instituições internacionais podem assumir o formato formal

intergovernamental através de OIGs ou transnacional através das OINGs, o

formato de regimes internacionais como instituído em 1944 em Bretton Woods1

e o formado de convenções como a tradição imunidade diplomática (SARFATI,

2005).

Como relações intergovernamentais entende-se as instituições criadas

por dois ou mais governos com um interesse em conduzir politicas regulares;

as transnacionais apresentam, no entanto toda relação envolvendo um ou mais

atores não-estatais, como as empresas multinacionais, levando em

consideração também nesta definição os terroristas, traficantes internacionais,

partidos políticos, prefeituras, igrejas, ONGs e outros campos que conseguem

uma projeção de influencia no cenário internacional (SARFATI, 2005).

As instituições, como citado anteriormente, determinam o

comportamento dos estados por meio da institucionalização, e esta, segundo

Keohane, (1989), pode ser mesurada de acordo com as seguintes dimensões:

Comum: o grau sob o qual as expectativas a respeito do

comportamento esperado são divididas entre os participantes do

sistema.

Especifico: o grau sob o qual essas expectativas sãs

especificadas na forma de regras.

Autonomia: a extensão na qual as instituições podem alterar

suas regras sem contar com os agentes externos para isso

KEOHANE apud (SARFATI, 2005, p. 157-158).

1 Gerenciamento econômico internacional, estabeleceram em julho de 1944.

Page 18: Tcc 9 27.11

Os grandes conflitos de terras e de territórios das décadas de 1960 a

1980 constituíram um aprendizado político e, na década de 1990,

transformaram-se em projetos alternativos, com base na organização da

sociedade civil. É extremamente importante lembrar que hoje, essa sociedade

tem voz ativa na Amazônia e no Brasil, inclusive muitos grupos indígenas. Essa

organização da sociedade política trouxe, por sua vez, mudanças no

apossamento do território, com a multiplicação de unidades de conservação

federais e estaduais, assim como também com a demarcação de terras

indígenas (BECKER, 2005).

Que projetos e que atores produzem hoje a dinâmica regional e os novos

significados da Amazônia? Essas transformações não são vistas de forma

homogênea pelos diferentes atores, porque dependem de interesses diversos e

geramações diferentes na região. Existem muitos conflitos dentro dessas

percepções, mas há algumas dominantes.

O uso do método geográfico para análise dos projetos geopolíticos e seus

atores por diferentes escalas geográficas é útil para colaborar nessa análise. A

natureza foi então reavaliada e revalorizada a partir de duas lógicas muito

diferentes.

A primeira lógica é a civilizatória ou cultural, que possui uma preocupação

legítima com a natureza pela questão da vida, o que dá origem aos

movimentos ambientalistas. A outra lógica é a da acumulação, que vê a

natureza como recurso escasso e como reserva de valor para a realização de

capital futuro, fundamentalmente no que tange ao uso da biodiversidade

condicionada ao avanço da tecnologia. Outro recurso de que pouco se fala,

mas que já é fundamental, é a água como fonte de vida e de energia em razão

dos isótopos de hidrogênio, questão teórica ainda não solucionada, mas que

vem sendo pesquisada em muitos países, especialmente na Alemanha e nos

EUA.

Torna-se patente que, se há uma valorização da natureza e da Amazônia,

há também a relativização do poder da virtualidade dos fluxos e redes do

mundo contemporâneo, com a globalização, que acaba com as fronteiras e

com os Estados. Na verdade, os fluxos e redes não eliminam o valor

estratégico da riqueza localizada, in situ; eles sustentam a riqueza circulante do

sistema financeiro, da informação, mas a riqueza localizada no território

Page 19: Tcc 9 27.11

também tem seu papel e seu valor. Isso, conseqüentemente, trouxe uma

disputa das potências pelos estoques das riquezas naturais, uma vez que a

distribuição geográfica de tecnologia e de recursos está distribuída de maneira

desigual. Enquanto as tecnologias avançadas são desenvolvidas nos centros

de poder, as reservas naturais estão localizadas nos países periféricos, ou em

áreas não regulamentadas juridicamente. Esta é, pois, a base da disputa.

Há três grandes eldorados naturais no mundo contemporâneo: a

Antártida, que é um espaço dividido entre as grandes potências; os fundos

marinhos, riquíssimos em minerais e vegetais, que são espaços não

regulamentados juridicamente; e a Amazônia, região que está sob a soberania

de estados nacionais, entre eles o Brasil.

Esse contexto geopolítico, principalmente na década de 1980 e 1990,

gerou sugestões mundiais pela soberania compartilhada e o poder de gerenciar

a Amazônia, que abalou até o Direito Internacional. Hoje, contudo, são

crescentes os interesses ligados à valorização do capital natural, que tende a

se sobrepor à lógica cultural (BECKER, 2005).

O mercado dos recursos hídricos é o mais atrasado, embora haja

múltiplas tentativas de regularização desse mercado. A água é considerada o

ouro azul do século XXI, em termos globais, porque há escassez e consumo

crescente no mundo, sobretudo nos países semi-áridos que utilizam a

irrigação. Ademais, há previsões de que a disputa por água pode chegar até a

conflitos armados.

Quais são os principais atores nesse projeto internacional? Os

movimentos ambientalistas, onde se destacam as ONGs nacionais e

internacionais, a cooperação internacional técnica, financeira, científica em

grandes projetos, como é o caso do Programa Piloto para Proteção das

Florestas Tropicais Brasileiras (PPG7), do LBA e do Problema, além de

organizações religiosas de todos os tipos, assim como de agências de

desenvolvimento de governos estrangeiros e também de empresas voltadas

para o sequestro de carbono e/ ou madeira certificada (BECKER, 2005).

Page 20: Tcc 9 27.11

3. POLÍTICAS NA FORMAÇÃO DE RESERVAS INDIGENAS NO

BRASIL

3.1 CRIAÇÃO DO SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO ÍNDIO (SPI)

Para percebermos atualmente a formação das da politica indigenista,

torna-se necessário analisar a legislação indigenista, a historia do indigenismo

do país e o lugar que este ocupa na Constituição, além de recorrer a trabalhos

Page 21: Tcc 9 27.11

de antropólogos, políticos, e indigenistas e outros agentes que participaram do

processo da negociação da formação da politica indigenista, neste trabalho

demonstro algumas disposições que marcaram a politica indigenista no Brasil,

no decorrer dos últimos séculos, demonstrando uma alusão com a antropologia

e com as Relações Internacionais. Direciono a politica indigenista como

“medidas práticas formuladas por distintos poderes estatizantes, direta ou

indiretamente incidentes sobre os povos indígenas” (LIMA, 2002). Para isso se

faz necessário retornarmos à gênese da relação interétnicas consolidadas

entre os Estados-noções e os povos indígenas que foram submetidos à

colonização, relações essas providas de assimetrias, onde a questão central

versa sobre a politica indigenista às terras indígenas.

A formulação de uma nova política indigenista coube aos positivistas, que

baseados no evolucionismo humanista de Augusto Comte2 propugnavam pela

autonomia dos grupos silvícolas, na certeza de que uma vez libertos dos

religiosos, evoluiriam espontaneamente. Assim não caberia ao governo

qualquer atividade de catequese, mas se impunha protegê-los, defende-los do

extermínio pelas frentes da civilização e libertá-los da “opressão” dos que

queriam atraí-los para a religião. Para isso foi criado em 1910 o Sistema de

Proteção ao Índio (SPI), a fundação ocorreu em um momento tenso entre a

sociedade e os povos indígenas, pois na época haviam diversas frentes da

sociedade civilizatória que avançavam para o interior ao longo de todo o país,

resultando em vários conflitos contra os nativos. Em meados de 1907, as

disputas que ocorriam no interior chagaram às capitais e ao cenário

internacional, promovendo uma acirrada polêmica. O então diretor do Museu

Paulista Von lhering3, defendia o extermínio dos índios que se opusessem ao

avanço civilizatório, promovendo uma grande revolta em diversos setores da

sociedade civil. Em 1908, o Brasil fora publicamente acusado de massacre aos

índios no XVI Congresso dos Americanistas ocorrido em Viena (RIBEIRO,

1979; CUNHA, 1987). Foi neste contexto que deu origem ao Serviço de

2 Pai do positivismo, ele acreditava que era possível planejar o desenvolvimento da sociedade

e do indivíduo com critérios das ciências exatas e biológicas.

3 Primeiro diretor do Museu Paulista, formado em medicina em 1868, nas Universidades de Viena, Göettigen e Berlim.

Page 22: Tcc 9 27.11

Proteção aos Índios e Localização de Trabalhadores Nacionais (SPILTN)4, que

visava tanto a proteção e integração dos índios, quanto a fundação de colônias

agrícolas que se utilizariam da mão-de-obra encontrada pelas expedições

oficiais. Na base da unificação destas funções estava a ideia de que o índio

era um ser em estado transitório. Seu destino seria torna-se trabalhador rural

ou proletário urbano. Em 1918 o SPI foi separado da Localização de

Trabalhadores Nacionais5. Entretanto, mesmo com a separação, a premissa da

integração pacifica dos índios continuou a basear a atuação do órgão.

A politica de administração dos índios pela União foi formalizada no

Código de 1916 e na lei nº 5.484 de 27 de junho de 1928, que estabelecem sua

relativa incapacidade jurídica e o poder de tutela ao SPI. Estes dispositivos,

entretanto, partiram de uma noção genérica de “Índio”. Não foram formulados

critérios objetivos que pudessem dar conta da diversidade de situações vividas

pelos povos indígenas no Brasil. Além disso, a atuação tutelar do SPI foi

permeadas pelas mesmas contradições presentes na fundação do Serviço de

Proteção aos Índios e Localização de Trabalhadores Nacionais (SPILTN). Por

um lado, visava proteger as terras e as culturas indígenas; por outro lado, a

transferência territorial dos nativos para liberar áreas destinadas às

colonizações e a imposição de alterações em seus modos de vida. “Esta

situação foi chamada pelo antropólogo João de Oliveira de “paradoxo da

tutela”6

3.1.1 A estrutura do órgão Sistema de Proteção ao Índio (SPI)

Estas contradições no tratamento da questão indígena se revelam

também no próprio arranjo institucional do SPI no âmbito mais abrangente do

Estado. Em seu período de existência, o SPI circulou em vários ministérios.

Entre 1910 e 1930, o Ministério da Guerra, por meio da Inspetoria de

4 Decreto nº 8.072, de 20 de junho de 19105 Decreto- Lei nº 3.454 de 6 de janeiro de 19186  “Paradoxo da Tutela” - Objetivava proteger as terras e as culturas indígenas; e a transferência

territorial dos nativos para liberar áreas destinadas à colonização e a imposição de alterações

em seus modos de vida.

Page 23: Tcc 9 27.11

Fronteiras. Em 1940, voltou ao Ministério da Agricultura e, posteriormente,

passou a integrar o Ministério do Interior (LIMA, 1987).

A estrutura interna do órgão também refletia a proposta de integração dos

povos e seus territórios. As divisões administrativas foram organizadas

conforme as diversas fases de passagem do isolamento à civilização: atração,

pacificação, sedentarização e nacionalização (integração). Esta estrutura,

como destacam os especialistas, mantêm semelhanças com os aldeamentos

missionários formados desde o século XVI (FILHO, 1987; LIMA, 1987).

É possível dizer que o SPI foi formado em continuidade com premissas

coloniais. Seu modo de atuação, formado a partir de doutrinas positivistas,

incorporou técnicas missionárias tais como: distribuir presentes, vestir os índios

e ensinar-lhes a tocar instrumentos musicais ocidentais. Os valores de bravura,

coragem, calma e disciplina militar nas expedições pelos sertões, ressoam as

clássicas imagens do explorador e do bandeirante. O “governo dos índios”,

conforme expressão da época, exigiria também uma boa formação científica e

“espírito de dedicação à causa pública”. A produção de informações

cartográficas e ambientais era fundamental para subsidiar as atividades de

conquista e exploração comercial do interior. Além disso, a proposta de

registrar minuciosamente as expedições acabou por contribuir com a formação

da antropologia no Brasil e das coleções de cultura material indígena dos

museus brasileiros e estrangeiros. Todo este conjunto de propósitos pode ser

aglutinado no que o antropólogo Antônio Carlos de Souza Lima denominou de

“tradição sertanista”.

A formulação destas concepções está intimamente ligada à atuação do

marechal Cândido Rondon (1865-1958), que foi o primeiro presidente do órgão

e exerceu grande influência na condução de suas políticas ao longo de

praticamente toda sua história. Rondon não apenas concebeu como levou à

risca as posturas sertanistas. Sua prática indigenista se originou de sua

atuação à frente da Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas do Mato

Grosso ao Amazonas (1907-1915), na qual experimentou diversas das técnicas

de relacionamento com os índios que posteriormente transferiu ao SPI. Por

suas posturas e feitos recebeu as maiores congratulações civis e militares

Page 24: Tcc 9 27.11

oferecidas aos brasileiros. Em 1957 foi inclusive indicado ao Prêmio Nobel da

Paz.

3.1.2 Conselho Nacional de Proteção aos Índios (CNPI) e a atuação dos antropólogos

Criado durante o Estado Novo, o surgimento do Conselho Nacional de

Proteção aos Índios (CNPI) enquanto órgão consultivo foi relacionado ao

interesse do governo em mudar “os procedimentos até então vigentes no

processo de tomada de decisões” (MICELI, 1983), passando a controlar “em

bases profissionais, os serviços de consultoria que alguns grupos de

especialistas estão em condições de prestar”.

O CNPI foi criado a 22 de novembro de 1939, através do Decreto-lei nº

1.794, do governo da República, tendo por competência “o estudo de todas as

questões que se relacionem com a assistência e proteção aos selvícolas, seus

costumes e línguas”, além de poder “sugerir ao governo, por intermédio do

Serviço de Proteção aos Índios, a adoção de todas as medidas necessárias à

consecução das finalidades desse Serviço e do próprio Conselho” (OLIVEIRA,

1947). Seria “constituído de sete membros designados por decreto do

Presidente da República, dentre pessoas de ilibada reputação e comprovada

dedicação à causa da integração dos selvícolas à comunhão brasileira” Oliveira

(1947), sendo que três desses membros seriam, respectivamente, o diretor do

SPI, um representante do Museu Nacional e outro do Serviço Florestal.

Segundo Garfield (2000) o Presidente Getúlio Vargas designa apenas

positivistas para o CNPI, excetuando-se os representantes institucionais, num

momento em que a visão de mundo positivista estava em agonia, sobrevivendo

com dificuldades à perda de poder político dos filiados. Nas discussões das

demandas recebidas resumia-se a maioria das atividades do Conselho. Essas

demandas eram originárias principalmente da direção do SPI, que acionava o

CNPI diante de problemas de difícil solução na sua esfera de atuação. O CNPI

respondia também às solicitações de instituições culturais e educacionais

públicas ou privadas, de instituições científicas e de um público lei 129.

Algumas reivindicações indígenas ignoraram o “canal burocrático” do SPI, na

Page 25: Tcc 9 27.11

tentativa de obter o apoio do Conselho – principalmente de Rondon – à defesa

de suas terras, como ocorreu com alguns abaixo-assinados de índios do

Nordeste.

As sessões do CNPI deviam ser entendidas como “arenas abertas à

negociação de interesses” (MICELI, 1983). Elas foram realizadas desde janeiro

de 1940, sem agenda fixa, já que apenas quando da aprovação do regimento

do Conselho, em 1943, ficou determinada a realização de duas sessões

mensalmente (OLIVEIRA, 1947). Começavam às 16 horas, após o expediente

normal de trabalho, e eram realizadas na sede do CNPI, localizada no centro

do Rio de Janeiro, junto ao SPI. Os conselheiros decidiram internamente que

as sessões não seriam abertas, apenas eventualmente poderiam contar com a

participação de algum convidado. Essas sessões foram transformadas em atas

pelo Cel. Amilcar Armando Botelho de Magalhães, secretário do CNPI até abril

de 1954 e um dos biógrafos de Rondon, e que havia participado dos trabalhos

da Comissão Rondon.

Embora considerassem inevitável a integração dos índios à sociedade

nacional, defendiam que o órgão indigenista não se comprometesse a

estimular este processo. As discussões que propunham estavam em

consonância com os debates latino-americanos e internacionais mais amplos

realizados no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), que, em

1957, promulgou, através da Organização Internacional do Trabalho (OIT)7, a

Convenção nº 107 “Sobre a Proteção e Integração das Populações Indígenas e

outras Populações Tribais e Semitribais de Países Independentes”, que apenas

foi ratificada pelo Brasil em 1966 (Decreto nº 58.824/66).

3.1.3 O fim do Sistema de Proteção do Índio

Embora a história do SPI tenha sido marcada pela influência de figuras

proeminentes e comprometidas com o destino dos povos indígenas, sua

atuação não era a regra. Permanentemente carente de recursos, o órgão

acabou por envolver de militares a trabalhadores rurais que não possuíam

qualquer preparação ou interesse pela proteção aos índios. Suas atuações à

7 Em 5 de junho de 1957, aprovar diversas propostas relativas à proteção e integração das populações indígenas e outras populações tribais e semitribais de países independentes.

Page 26: Tcc 9 27.11

frente dos Postos Indígenas de todo o país acabaram por gerar resultados

diametralmente opostos a esta proposta. Casos de fome, doenças, de

população e escravização eram permanentemente denunciados. No início da

década de 1960, sob acusações de genocídio, corrupção e ineficiência o SPI

foi investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O processo

levou à demissão ou suspensão de mais de cem funcionários de todos os

escalões (OLIVEIRA; FREIRE, 2006). Em 1967, em meio à crise institucional e

ao início da ditadura, o SPI e o CNPI foram extintos e substituídos pela

Fundação Nacional do Índio (FUNAI).

3.2 A FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO (FUNAI) E O ESTATUTO DO

ÍNDIO (LEI Nº 6.001/73)

A Funai e o Estatuto do Índio foram criados em um momento histórico que

ainda prevalecia velhos erros e idéias evolucionistas sobre a humanidade e seu

desenvolvimento através de estágios. A ideologia fortemente etnocêntrica.

Portanto, a Constituição do Brasil no tempo estabelecido como conceito legal

de tutela e considerou os índios como “relativamente incapazes”. Por isso, a

Constituição do Brasil da época estabelecia a figura jurídica da tutela e

considerava os índios como "relativamente incapazes". Embora observando a

multiplicidade de costumes entre as muitas sociedades indígenas, a FUNAI

teve o papel de constituir de uma forma harmoniosa, juntamente à sociedade

nacional tendo como principais competências: promover a educação que tem

como principais competências: promover a, assegurando e proteger as terras

indígenas, fazendo o levantamento sobre os povos indígenas no país (BRITO,

2010).

Presumivelmente, esses povos necessitavam "evoluir" rapidamente, para

ser integrado na sociedade nacional, levando a uma renuncia a diversidade

advinda de suas raízes etnográficas. Essas diretrizes foram capazes de definir

novos padrões às acepções das terras ocupadas pelos índios, e fixou o período

de cinco anos para a demarcação de todas as terras indígenas no Brasil

fossem feitas.

Page 27: Tcc 9 27.11

Esta nova política indigenista implementada pelo regime autoritário da

ditadura militar permaneceu ambíguo, no entanto, como o reconhecimento da

especificidade cultural dos índios, como foi proposto para proteger as

diferentes culturas indígenas, enquanto eles visando a sua integração na

sociedade brasileira. Esta politica indigenista implementada no período da

ditadura militar, traz uma característica ambígua, visava o reconhecimento das

características culturais dos índios, porém, propunha-se a integração com a

sociedade brasileira. Além disso com a publicação do Estatuto do Índio com o

propósito de salvaguardar os povos indígenas, veio a ter a finalidade de

legitimar a situação jurídica do país.

A tutela somente agregou ainda mais a dependência da intervenção

na forma de proteção e evolução dos povos indígenas. O processo de

redemocratização do Estado brasileiro a partir dos anos 1985, começou ativar

o debate das questões indígenas, permeados principalmente no âmbito da

sociedade civil e pelos povos indígenas, começando desta permitiu e

incentivou um amplo debate das questões indígenas chamam pela sociedade

civil e pelos índios, que começaram a organizar politicamente consciente e, no

processo de aumento da participação nos assuntos de seu interesse. Nas

discussões e atividades que cercam o período de elaboração da Constituição

da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, políticas, foi a intensa

atividade de organizações da sociedade civil que se dedicam à causa indígena,

bem como as entidades formadas pelos próprios índios.

Esta proteção só reforçou a relação paternalista e intervencionista do

Estado para com as sociedades indígenas, mantendo-as submissas e

dependentes. O processo de democratização do Estado brasileiro, durante a

década de 1980, permitiu e incentivou a ampla discussão da chamada questão

indígena pela sociedade civil e pelos próprios índios, que começaram a se

conscientizar e a se organizar politicamente, num processo de participação

crescente nos assuntos de seu interesse. Nas discussões e atividades políticas

que envolveram o período de elaboração da Constituição da República

Federativa do Brasil, promulgada em 1988, foi intensa a atuação de entidades

Page 28: Tcc 9 27.11

civis dedicadas à causa indígena, bem como de entidades constituídas pelos

próprios índios.

A Constituição de 1988 veio mudar as concepções ideológicas vigentes,

na medida em que reconheceu a permanente diversidade e especificidade

cultural dos índios. Também legitimou qualquer processo judicial movido por

eles através do Ministério Público, que está encarregado de defendê-los

judicialmente como consequência, a mudança exigia uma reformulação dos

mecanismos de ação do Estado com relação às populações indígenas, para

adequar-se à nova situação. Mas a demora na regulamentação do próprio texto

constitucional e na efetivação das imprescindíveis mudanças continua

permitindo e facilitando a permanência da antiga política.

Em seus mais de 30 anos de existência, a Funai passou por diversas

reformas administrativas, encontrando-se, hoje, em processo de

reestruturação, a fim de cumprir as determinações da Constituição e adequar

suas ações de forma a atender melhor às necessidades e aspirações das

populações indígenas.

Tanto que no ano 2000, foi criado a Proposta de Emenda Constitucional

(PEC) nº 2158 pelo Deputado Almir Sá, que tem como objetivo de inclui dentre

as competências exclusivas do Congresso Nacional a aprovação de

demarcação das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios e a ratificação

das demarcações já homologadas; estabelecendo que os critérios e

procedimentos de demarcação sejam regulamentados por lei, ou seja, em via

de regra a autonomia provida à FUNAI no ato de demarcação passaria para ao

poder Legislativo.

3.3 TERRITÓRIOS INDÍGENAS E FRONTEIRAS NA AMAZÔNIA

Na Amazônia, como em outros lugares, povos indígenas foram divididos

aleatoriamente entre Estados-nação que compartilharam a região depois de

tratados sucessivos delimitação territoriais e os processos de independência

(PIMENTA (2009). É interessante demonstrar que Pimenta refere-se que esses

8 Acrescenta o inciso XVIII ao art. 49; modifica o § 4º e acrescenta o § 8º ambos no art. 231, da Constituição Federal.

Page 29: Tcc 9 27.11

povos eram até pouco tempo atrás objetos de politicas indigenistas, que tendo

um desígnio comum, a concretização gradual das nações indígenas em

construção9.

Apenas nas últimas duas décadas, essa situação parece ter mudado,

pelo menos do ponto de vista legal, com a adoção em vários países, inclusive

no Brasil, de Constituições nacionais que rompem com as ideologias

assimilacionistas e procuram reconhecer a pluralidade étnica de sua

população.

De acordo com Pimenta (2009), na construção do Brasil como Estado-

Nação é favorecido pelo desempenho de dois homens, que tiveram grande

influência nas delimitações das fronteiras brasileira, onde Alexandre Gusmão

teve grande relevância à assinatura do Tratado de Madri10 em 1750,

substituindo, que substituiu o Tratado de Tordesilhas e aplicando o princípio do

uti possidetis11, o qual garante o direito à posse ao ocupante de um território.

Outro importante ator no cenário da construção territorial do Brasil é

Barão do Rio Branco, onde sua atuação teve papel fundamental nas

assinaturas de Tratados entre países fronteiriços, como o Tratado de

Petrópolis12, porém a importância destes fatos à construção territorial brasileira

são resultados da incorporação progressiva dos povos indígenas e de seus

territórios (LIMA, 1995; LITTLE, 2002).

Quanto às alianças entre povos indígenas e Estado, estas tiveram uma

função coercitiva nos conflitos entre os Estados limítrofes, pois os povos

indígenas tiveram um papel ativo à definição e manutenção das fronteiras na

região amazônica SANTILLI (1995). A exemplo podemos citar o território do

9  Os laços étnicos eram considerados como incompatíveis com a lealdade nacional em construção.10 Pelo tratado, ambas as partes reconheciam ter violado o Tratado de Tordesilhas na América e concordavam que, a partir de então, os limites deste tratado se sobreporiam aos limites anteriores. As negociações basearam-se no chamado Mapa das Cortes, privilegiando a utilização de rios e montanhas para demarcação dos limites.11 É um princípio de direito internacional segundo o qual os que de fato ocupam um território possuem direito sobre este.12 Acordo diplomático feito em 1903 entre Brasil e Bolívia, que proporcionou a anexação do

território conhecido atualmente com estado do Acre.

Page 30: Tcc 9 27.11

Mato Grosso que foi incorporada ao Brasil graças às alianças dos portugueses

com os índios Kadiweu13.

É importante ressaltar que a política indigenista foi formulada no âmbito

militar onde seu mentor conhecido como Marechal Cândido da Silva Rondon,

que iniciou-se com a fundação do SPI (Sistema de Proteção do Índio) que teve

como objetivo que teve como característica a gerencia e definição da questão

indígena. E de acordo com Lima (1995), este órgão estatal incorporou a

formação dos limites políticos e simbólicos da nação, atuando como um forte

ator no âmbito geopolítico, que deste modo favoreceu o desenvolvimento da

geografia nacional.

Esta forma de trazer os índios à nacionalização os incorporou como

“guardas de fronteiras”, esta política ficou mais evidente quando em 1930, o

Sistema de Proteção do Índio foi coligado ao Ministério da Guerra, desta forma

torna-se evidente a aproximação do Estado aos povos indígenas (LIMA,

(1992). Desta forma, que o Decreto nº 736/36, foi fundamentalmente marcado

pela inquietação pela a nacionalização dos índios , onde voltava-se para a

integração à Nação.

Para uma análise genérica do cenário histórico, fica claro que os povos

indígenas tiveram um forte direcionamento no fortalecimento da fronteira na

região amazônica, sendo subsidiados como atores chaves os povos indígenas,

que concretizaram as delimitações e consolidação das fronteiras. No entanto,

outro enfoque, esta no antagonismo desta realidade, pois, a mesma região que

outrora fora protegido pelos índios, atualmente é vista com preocupação

permanente, que estas áreas estão em territórios estratégicos para a politica de

segurança nacional.

13 População 1.346 (Funasa, 2009), lutaram pelo Brasil na Guerra do Paraguai, tendo suas

terras reconhecidas pelo Estado brasileiro.

Page 31: Tcc 9 27.11

Embora sejam brasileiros e suas terras propriedade da União, sua

nacionalidade é questionada e são frequentemente acusados de servir, de

modo ingênuo, a interesses estrangeiros.

3.4 PROCESSO NA DEMARCAÇÃO DE RESERVAS INDÍGENAS

Para compreender como atualmente ocorre os processos de demarcação

na jurisdição brasileira é necessário analisar o Decreto Lei nº 1.775/96, o qual,

sanar sobre a forma e políticas à formação das reservas indígenas. A Lei

discorre sobre os atos administrativos de demarcação das terras indígenas e

outras providencias, que está embasado no art. 231 da Constituição Federal

de 1988, que este são demonstrados e onde são reconhecidos aos índios sua

organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos

originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União

demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. O Decreto nº

1.775/96 trata sobre o procedimento legal sobre a analise e formação das

reservas indígenas, onde são reconhecidos aos índios sua organização social,

costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras

que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e

fazer respeitar todos os seus bens. O Decreto nº 1.775/96 trata sobre o

procedimento legal sobre a analise e formação das reservas indígenas.

De inicio no art. 1º do Decreto formaliza que os territórios serão

administrativamente demarcados por iniciativa e sob a orientação do órgão

federal de assistência ao índio onde a FUNAI tem um papel fundamental, pois

a mesma nomeia um antropólogo com qualificação reconhecida para ordenar

um estudo antropológico de na identificação das Terras (TI) Indígenas em

prazo determinado, este estudo fundamenta-se em um trabalho técnico

especializado, onde são realizados estudos complementares sobre a natureza

etnohistorica, sociológica, jurídica, cartográfica e ambiental, além do

levantamento fundiário, para contemplar à delimitação da TI. Ao final deste

processo de Estudo de Identificação o grupo apresentará o relatório

circunstanciado à FUNAI, do qual deverão constar elementos e dados

Page 32: Tcc 9 27.11

específicos conferidos na Portaria nº 14 de 09/01/199614, juntamente com a

caracterização da TI a ser demarcada.

Após o levantamento e analise segundo o Art. 2º e § 7° do Decreto nº

1.775/96 se aprovado o relatório pelo titular do órgão federal de assistência ao

índio, este fará publicar, no prazo de quinze dias contados da data que o

receber, resumo do mesmo no Diário Oficial da União e no Diário Oficial da

unidade federada onde se localizar a área sob demarcação, acompanhado de

memorial descritivo e mapa da área, devendo a publicação ser afixada na sede

da Prefeitura Municipal da situação do imóvel.

Outro elemento fundamental, configura-se pela contestação descrito no

Art. 2º e § 8 ° que ao contar ao início do procedimento demarcatório até

noventa dias após a publicação de que trata o parágrafo 8º, os Estados e

municípios em que se localize a área sob demarcação e demais interessados

manifestar-se podendo recorrer, apresentando ao órgão federal de assistência

ao índio razões instruídas com todas as provas pertinentes, tais como títulos

dominiais, laudos periciais, pareceres, declarações de testemunhas, fotografias

e mapas, para o fim de pleitear indenização ou para demonstrar vícios, totais

ou parciais do relatório, a FUNAI tem sessenta dias, então, após os noventa

dias mencionados anteriormente para elaborar para elaborar pareceres sobre

as razões de todos os interessados e encaminhar o procedimento ao Ministro

da Justiça (DECRETO, 1.775/ 96 art. 2º e § 8 °).  

A Declaração de Limites das TIs ocorrem quando o Ministro da Justiça

dentro do prazo de trinta dias para expedir a portaria, declarando os limites da

área e determinando a sua demarcação física; ou prescrever diligências a

serem cumpridas em mais noventa dias; ou ainda, desaprovar a identificação

(DECRETO, 1.775/ 96 art. 2º e § 9 ° I, II, III).

A próxima fase ocorre à demarcação física, onde de acordo com

DECRETO, 1.775/ 96 art. 3º os trabalhos de identificação e delimitação de

terras indígenas realizados anteriormente poderão ser considerados pelo órgão

federal de assistência ao índio para efeito de demarcação, desde que

14 Estabelece regras sobre a elaboração do Relatório circunstanciado de identificação e delimitação de Terras Indígenas a que se refere o parágrafo 6º do artigo 2º, do Decreto nº 1.775, de 08 de janeiro de 1996.

Page 33: Tcc 9 27.11

compatíveis com os princípios estabelecidos no Decreto, declarados os limites

da área, a FUNAI promove a sua demarcação física, enquanto o INCRA

(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em caráter prioritário,

procederá ao reassentamento de eventuais ocupantes não-índios (DECRETO,

1.775/ 96 art. 4º).

A fase seguinte deve ser submetida ao Presidente da Republica para

homologação por decreto (DECRETO, 1.775/ 96 art. 5º).

E por fim, o registro ocorre em até trinta dias após a publicação do

decreto de homologação, FUNAI promoverá o respectivo registro em cartório

imobiliário da comarca correspondente e na Secretaria do Patrimônio da União

do Ministério da Fazenda (DECRETO, 1.775/ 96 art. 6º).

Quadro demonstrativo das terras indígenas destinadas à posse

permanente das comunidades que as ocupam. Estas reservas são criadas pela

FUNAI ocupam cerca de 11,6% do território nacional segundo o IBGE (Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística).

O Brasil tem uma extensão territorial de cerca de 851 milhões de há, ou

seja, 8.547.403,5 km², as terras indígenas ocupam uma área de 991.498 km²

de extensão.

Segundo o IBGE 2002: Discutir sobre

Terras Indígenas- 2000 Situação de Demarcação

Regiões Demarcadas Não demarcadas

Norte 175 131

Page 34: Tcc 9 27.11

Nordeste 42 25

Sul 28 33

Sudeste 23 5

Centro-Oeste 31 13

Fonte: ?

4. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DOS POVOS

INDÍGENAS

Page 35: Tcc 9 27.11

4.1 SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DO TEMA NA AGENDA

INTERNACIONAL

A abordagem às questões referentes aos povos indígenas modificou-se

em termos conceituais, legais e analíticos nas últimas décadas, nos contextos

nacional e internacional. O reconhecimento dos povos indígenas pelo direito

internacional ocorreu principalmente nas últimas três décadas, impulsionado

por movimentos de direitos humanos e ativismo indígena internacional. Um

ponto interessante é que, ao passo que o discurso sobre os povos indígenas

evoca noções de identidade e permanência imemoriais, a noção de “povos

indígenas” como conceito analítico e como categoria de identidade global

detentora de titularidade a certos direitos é um fenômeno que se iniciou nos

anos 1980 (NIEZEN. 2003).

Atualmente, o reconhecimento de direitos indígenas distintos, por parte

de atores estatais e não-estatais, abarca preocupações para além dos direitos

baseados no princípio de igualdade entre os indivíduos e no de não-

discriminação. Os direitos dos povos indígenas fundamentam-se no direito à

autodeterminação dos povos que estão expresso nos Pactos Internacionais de

Direitos Humanos de 1966, o que enceta discussões sobre as possíveis

interpretações de critérios de referencialidade do conceito “povos” e da forma

de exercício dessa autodeterminação. No caso da terra Raposa Serra do Sol,

como em outros casos, polarizam-se as ações e os objetivos dos povos

indígenas como contraditórios à “soberania estatal” e à “uniformidade

constitucional”, enrijecendo-se discursos dicotômicos e míticos de Justiça e

Ordem.

4.1.1 O tema na agenda Internacional

Page 36: Tcc 9 27.11

Os enquadramentos do tema dos povos indígenas estão profundamente

ligados ao processo de colonização, com as missões catequistas e

civilizatórias, e ao processo de descolonização, com o desenvolvimento do

princípio de autodeterminação dos povos. Um dos primeiros documentos

internacionais relevantes para o tema é a Convenção Nº. 107 da Organização

Internacional do Trabalho (OIT), adotada em 1957, relativa à proteção e à

integração das populações indígenas e de outras populações tribais ou

semitribais nos países independentes. Nesta convenção, estão subjacentes

idéias de uniformização jurídica e assimilação como melhor forma de abolir as

desigualdades e promover o “avanço” das culturas indígenas. Tal ideário foi

influente em organismos como o Banco Mundial, cuja política para essas

populações era a implementação de projetos de desenvolvimento progressivo

para permitir a aculturação “lenta e gradual” (ROULAND. 2004).

A partir dos Pactos Internacionais de Direitos Humanos de 1966 Direitos

Civis e Políticos, e Direitos Econômicos, Sociais e Culturais o princípio de

autodeterminação dos povos, presente na Carta das Nações Unidas e em

outros documentos não vinculantes, tornou-se direito de autodeterminação dos

povos e com expressa conotação de direitos humanos. O direito à

autodeterminação refere-se ao direito de um povo livremente decidir sobre sua

organização política e livremente buscar seu desenvolvimento econômico,

social e cultural.

Dentro dessa moldura conceitual, em 1977, realizou-se a primeira

conferência internacional de Organizações Não-Governamentais (ONGs) nas

Nações Unidas sobre a discriminação contra as populações indígenas das

Américas. Essa conferência constitui um importante marco na medida em que,

pela primeira vez, os grupos indígenas reivindicaram a designação de povos, e

não mais de minoria étnica, e também reclamaram a criação de um grupo de

trabalho específico na ONU. No ano de 1982, estabeleceu-se o Grupo de

Trabalho das Nações Unidas sobre Populações Indígenas, que foi encarregado

da redação de uma Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas,

cuja primeira versão foi feita em 1988 e sofreu sucessivas modificações até o

ano retrasado (CUNHA, 1994).

Page 37: Tcc 9 27.11

A maior conquista, em 1989, para o reconhecimento dos povos

indígenas foi à adoção da Convenção Nº 169 da OIT, que substitui o termo

populações por povos indígenas, com a ressalva de que o emprego do termo

“povos” não poderia ser interpretado como tendo implicações ligadas ao direito

internacional. A Convenção estabelece o sentimento de pertença como um dos

critérios fundamentais para a determinação de grupos indígenas, que se

distinguem por viver em condições sociais, econômicas, políticas e culturais

diferenciadas, por possuir próprios costumes, tradições e instituições, bem

como por descender de populações que habitavam a região antes do

estabelecimento das presentes fronteiras do Estado-nação (COURTIS, 2009).

Além disso, a Convenção reconhece a igualdade, a especificidade

desses povos, e o direito de exercício de auto regulação de suas instituições,

seu desenvolvimento econômico, suas formas de vida cultural e espiritual,

dentro do Estado em que vivem. Os governos possuem a responsabilidade de

desenvolver e coordenar, junto dos povos envolvidos, ação sistemática para

proteção dos direitos desses povos, garantia da igualdade de oportunidades e

eliminação de diferenças socioeconômicas. Para tanto, os governos têm de

garantir os direitos de propriedade e posse das terras tradicionalmente

ocupadas, do uso e preservação dos recursos naturais nelas encontrados, bem

como de acesso a serviços de saúde e de educação básicos, observando suas

necessidades particulares.

Assim, observa-se uma transição de uma perspectiva

assimilacionista, defensora de uma categorização exógena de “povos

indígenas” e de políticas de assimilação e integração à sociedade “nacional”,

para uma perspectiva de reconhecimento desses povos. Essa última considera

o requisito de identificação ao e do grupo como um dos fatores essenciais para

a identidade indígena, e procura definir e proteger direitos específicos para os

índios. É neste marco que se pode falar de “povos indígenas” como uma

categoria una em termos legais, analíticos e, também, expressão de identidade

local e global.

Em consonância com essas idéias, o Banco Mundial, em 1991,

adotou uma diretriz que definia “povos indígenas” de forma mais ampla e

atentava para a necessidade de proteger os indígenas contra projetos de

desenvolvimento que poderiam criar-lhes obstáculos e deixando a associação

Page 38: Tcc 9 27.11

a planos e projetos ao desejo voluntário dos indígenas. Em março de 1995, a

Comissão de Direitos Humanos criou um Grupo de Trabalho para a revisão do

Rascunho da Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas, ocasião em que o

presidente da mesa garantiu às organizações não-governamentais indígenas

igualdade procedimental aos Estados-membros. Isso estabeleceu um

precedente para a participação de ONGs indígenas nas reuniões anuais do

grupo de trabalho (SIMONI, 2009).

Ao longo da última década, o grupo de trabalho reuniu-se para rever

o rascunho, recebendo propostas de Estados-membros e ONGs indígenas. Um

ponto controverso surgiu em 2005, quando da submissão de uma proposta de

EUA, Austrália e Nova Zelândia para a qualificação do direito de

autodeterminação em termos de línguas. Tal proposta foi escrutinada por 36

ONGs indígenas, argüindo que isso seria um duplo padrão para com os direitos

humanos indígenas. O argumento é que, nos tratados de direitos humanos

internacionais, o direito coletivo à autodeterminação não é um direito

qualificado, de maneira que classificar esse direito apenas na Declaração dos

Direitos dos Povos Indígenas seria uma forma de discriminação.

Após longos debates, em junho de 2006, aprovou-se o Rascunho da

Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas pelo Conselho de Direitos

Humanos das Nações Unidas.

Em 13 de setembro de 2007, houve a aprovação, com 143 votos a favor

na Assembléia Geral, da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos

Povos Indígenas. A declaração não possui força mandatória, mas se

argumenta que o documento pode adquirir legitimidade internacional devido ao

número de votos favoráveis. Uma informação notável, mas não surpreendente,

é que quatro países com grandes populações indígenas votaram contra:

Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia e Austrália. O Brasil votou a favor da

declaração. As feições gerais dos argumentos apresentados por esses quatro

países são: a falta de uma definição clara do termo “indígena”; as referências e

construções potencialmente impróprias quanto ao direito de autodeterminação;

as discordâncias referentes aos direitos a terra, aos territórios e aos recursos

naturais; e o entendimento de que as leis comunitárias infringem a 

universalidade constitucional (PROCÓPIO, 2009).

Page 39: Tcc 9 27.11

A ascensão do tema dos direitos dos povos indígenas na agenda

internacional possui duas feições marcantes: primeiro, o papel desempenhado

por ONGs e movimentos indígenas, em especial aqueles provenientes da

América do Norte; e, segundo, que o desenvolvimento dos direitos dos povos

indígenas deu-se concomitantemente aos avanços de teoria do direito e

antropologia jurídica naquela região. Deste modo, o processo de

reconhecimento dos povos indígenas é um caso em que o papel das ONGs e

das comunidades epistêmicas é decisivo para a formulação da agenda de

discussão.

Uma reflexão, relacionada às considerações acima, é pensar que

muitas das definições e caracterizações relativas aos povos indígenas são

feitas com base nos índios de Américas, Europa e Oceania, de forma que não

está claro o contexto em que vivem índios de outras partes, como África e Ásia,

bem como a forma com que foram recebidos e operacionalizados os direitos

dos povos indígenas. Isso é um ponto relevante na medida em que a maioria

numérica do que se considera povos indígenas está nessas áreas.

4.2 ASSINATURA PELO BRASIL DO TRATADO UNIVERSAL DOS

DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS

Um tratado internacional é um acordo resultante da convergência das

vontades de dois ou mais sujeitos de direito internacional, formalizada num

texto escrito, com o objetivo de produzir efeitos jurídicos no plano internacional.

Em outras palavras, o tratado é um meio pelo qual sujeitos de direito

internacional – principalmente os Estados nacionais e as organizações

internacionais – estipulam direitos e obrigações entre si.

A ONU, ocupa-se com a causa dos povos indígenas por considera-los

como um dos grupos mais desfavorecidos do mundo. As populações indígenas

que também se denominam como “primeiros povos”. Há pelo menos cinco mil

grupos indígenas que compõem cerca de 370 milhões de pessoas, das quais

vivem em de 70 países nos cinco continentes. Que em sua grande maioria são

excluídos dos processos de decisões políticas dentro de seus Estados.

Page 40: Tcc 9 27.11

Em 1982, a Subcomissão de Direitos Humanos estabeleceu um Grupo de

Trabalho para os Povos Indígenas que avaliou os acontecimentos no âmbito

dos direitos dos povos indígenas e promoveu a adoção de normas

internacionais relativas a estes direitos. Neste contexto teve inicio o preambulo

do projeto da Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

Na cúpula para a Terra de 1992 foi ouvida a voz coletiva dos povos

indígenas, que expressaram sua preocupação pela deterioração de suas

terras, territórios e do meio ambiente. Diversos órgãos das Nações Unidas

como o PNUD, o UNICEF, o FIDA, a UNESCO, o Banco Mundial e a OMS,

elaboraram programas como que visualizava a melhora da saúde e taxa de

alfabetização e o combate da degradação das terras e territórios ancestrais.

Posteriormente, a Assembleia Geral da ONU em 1993 proclamou o Ano

Internacional das Populações Indígenas do Mundo, ao que seguiu à Década

Internacional das Populações Indígenas do Mundo ( ONU, 2013).

O aumento da atenção prestada às questões indígenas culminou em

2000 com a criação do Foro Permanente para as Questões Indígenas como

órgão subsidiário do Conselho Econômico e Social. O Foro, que está composto

por 16 especialistas(a metade governamentais e outra metade indígenas),

assessora o Conselho Econômico e Social, ajuda a coordenar as atividades

das Nações Unidas neste âmbito e estuda os temas que direcionam aos

indígenas em relação com o desenvolvimento econômico e social, a cultura, a

educação, o meio ambiente, a saúde e direitos humanos. Além disso, um

Grupo de Apoio Interinstitucional sobre Questões Indígenas promove os

mandatos correspondentes a estes temas em totalidade do sistema

intergovernamental.

Quando a Década Internacional aproximava-se de seu fim, a Assembleia

Geral proclamou um Segundo Década Internacional dos Povos Indígenas do

Mundo compreendida entre 2005-2014, que tem como objetivos fundamentais

os seguintes elementos:

O fomento da não discriminação e da inclusão dos povos indígenas não

elaboração, aplicação e avaliação da legislação, as politicas, os recursos, os

Page 41: Tcc 9 27.11

programas e os projetos em todos os níveis. Promover a participação plena e

efetiva dos povos indígenas nas decisões que afetam direta ou indiretamente

seus estilos de vida, suas terras tradicionais, sua cultura ou qualquer outro

aspecto de suas vidas. Redefinição de políticas de desenvolvimento que

partem de uma visão de equidade e de esperança para a diversidade cultural e

lingüística dos povos indígenas. A adoção de políticas, programas, projetos e

orçamentos de metas específicas para o desenvolvimento dos povos

indígenas, com referências concretas, e em particular ênfase nas mulheres,

crianças e jovens. Criação de mecanismos de monitoramento fortes e

aumentar a responsabilização aos níveis de Rodes, com relação à

implementação de medidas legais, políticas e operacionais para a proteção dos

povos indígenas e a melhoria de suas vidas (ONU, 2013)

O Conselho de Direitos Humanos aprovou em 29 de junho de 2006, a

Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas e recomendou a sua

aprovação pela Assembléia Geral, o fez em 13 de setembro de 2007.

Na nova Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos

Indígenas estabelece os direitos individuais e coletivos dos povos indígenas,

especialmente os direitos à cultura, identidade, língua, e emprego, saúde e

educação. E está assegurado o direito dos povos indígenas de manter e

fortalecer suas instituições, culturas e tradições e promover o seu

desenvolvimento de acordo com as suas aspirações e necessidades. Também

proíbe a discriminação contra eles e promove a sua participação plena e efetiva

nos assuntos que lhes digam respeito, inc1uido seu direito de permanecer

distinta e buscar sua própria ideia de desenvolvimento econômico e social.

5. CONTRADIÇÕES DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS

DOS POVOS INDIGENAS DA ONU À CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO

BRASIL

5.1 A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O PODER DE CELEBRAR

TRATADOS

Page 42: Tcc 9 27.11

O Brasil tem ratificado atos internacionais de grande complexidade,

tanto bi como multilaterais. A presença crescente do Brasil no cenário

internacional e a conseqüente intensificação dos contatos gerou, nos últimos

anos, um aumento significativo de atos internacionais negociados e concluídos

pelo Brasil, sobre as mais diversas matérias. Tais documentos que o governo

assina em nome da República, devem ser, pelo direito interno, objeto de um

tratamento igualmente complexo, que, no âmbito dos Poderes da União, dá-se

pelo Executivo e pelo Congresso Nacional, em colaboração de um com o outro.

Desde a Primeira República, até os dias atuais, o sistema adotado pelo

Brasil no que tange à matéria, consagra a participação do Poder Legislativo no

processo e conclusão de tratados, não tendo havido, de lá para cá, profundas

modificações nos textos constitucionais brasileiros.

A competência para celebrar tratados foi intensamente discutida na

Assembléia Constituinte de 1987 a 1988. Por um imperdoável lapso do

legislador, no encerramento dos trabalhos, a Comissão de Redação não foi fiel

à vontade do Plenário e provocou o surgimento de dois dispositivos

aparentemente antinômicos: os artigos 49, I, e 84, VIII, da Constituição.

O texto final, aprovado por 474 votos a favor, 15 contra e 6 abstenções, e

promulgado como a nova Constituição da República Federativa do Brasil, aos 5

de outubro de 1988, passou a dispor quanto à forma de ingresso dos tratados

internacionais no direito brasileiro que:

“Compete privativamente ao Presidente da República: celebrar

tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do

Congresso Nacional (BRASIL, C.F. de 1988, Art. 84º  § 8º) "

“É da competência exclusiva do Congresso Nacional: resolver

definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que

acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio

nacional; (BRASIL, C.F. de 1988, Art.49º  § 1º)”

Page 43: Tcc 9 27.11

Da simples leitura dos artigos transcritos é possível perceber que a

vontade do Executivo, manifestada pelo Presidente da República, não se

aperfeiçoará enquanto a decisão do Congresso Nacional sobre a viabilidade de

se aderir àquelas normas não for manifestada, no que se consagra, assim, a

colaboração entre o Executivo e o Legislativo na conclusão de tratados

internacionais, de acordo com Araújo (apud MAZZUOLI, 2001):

O fato de ter sido o tratado aprovado por decreto legislativo não o

exime da promulgação, uma vez que um ato aprovado poderá nunca

entrar em vigor, pois, se a aprovação legislativa condiciona a

ratificação, não a torna obrigatória e, muito menos, pode ter efeito

junto à outra parte contratante que, até o momento da troca de

ratificações, é livre de o fazer. Araújo (apud MAZZUOLI, 2001).

É também a lição de Luiz Flávio Gomes, para quem, só depois da

aprovação do tratado pelo Congresso, na forma de decreto legislativo, é

possível a sua ratificação (ou adesão). Mas a simples ratificação, entretanto,

"não basta para a vigência do tratado, pois ainda é necessária sua

promulgação por Decreto presidencial e publicação. Depois de publicado o

tratado tem intrinsecamente força normativa e revoga as disposições ordinárias

em contrário".

O ordenamento brasileiro é integralmente ostensivo nesta sede. De forma

que não pode ficar excluída a publicação do acervo normativo nacional, seja

ele composto por tratados internacionais ou por produção doméstica. Vige, de

resto, o princípio da publicidade também aqui, quando estão em jogo normas

provenientes de tratados internacionais pelo País ratificados. Apenas aqui, faz-

se a observação de que o que foi dito vige apenas em relação aos tratados

internacionais convencionais, reguladores das relações recíprocas entre os

Estados. Somente não vige o afirmado no que toca aos tratados internacionais

de proteção dos direitos humanos, por terem aplicação imediata no

ordenamento brasileiro (CF, art. 5.º, § 1.º).

Por fim, resta a análise da parte final do inciso I do art. 49 da Constituição

de 1988. De fato, a Constituição complementa, no (art. 84, VIII) disse competir

Page 44: Tcc 9 27.11

ao Presidente da República celebrar tratados, convenções e atos

internacionais, sujeitos todos ao referendo do Congresso Nacional.

Em suma, "no direito brasileiro, dá a Constituição Federal competência

privativa ao Presidente da República, para celebrar tratados e convenções

internacionais ad referendum do Congresso Nacional. Por outro lado, tem o

Congresso Nacional competência exclusiva para resolver definitivamente sobre

tratados e convenções celebrados com os Estados estrangeiros pelo

Presidente da República. Assim, celebrado o tratado ou convenção por

representante do Poder Executivo, aprovado pelo Congresso Nacional

e promulgado pelo Presidente da República, com a publicação do texto, em

português no órgão de imprensa oficial, tem-se como integrada a norma da

convenção internacional no direito interno".

Mas frise-se que o que foi dito acima, no sentido de que depois de

devidamente ratificado, o tratado internacional precisa ser promulgado pelo

Presidente da República para só então se incorporar à nossa legislação

interna, não vigora quando o tratado ratificado é de proteção dos direitos

humanos. Neste caso especial, basta a ratificação para que o tratado

internacional passe a produzir seus efeitos tanto no plano interno como no

plano internacional, dispensando-se a edição de decreto executivo para tal.

5.2O DESAFIO DA AUTONOMIA

Diante a formulação e legitimidade da Declaração fica evidente que o artigo 3º

quando refere-se ao

O Estado está fundamentado na forma de como o faz sua organização política

ou a formação no estabelecimento suas leis ou normas com liberdade. Desta

forma, A Declaração dos Direitos do Povos Índigenas, da ONU, indicam nos

artigos 3º e 5º e 34º?

Os povos indígenas têm direito à livre determinação. Em virtude

desse direito, determina livremente sua condição política e

Page 45: Tcc 9 27.11

perseguem livremente seu desenvolvimento econômico, social e

cultural (Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas,

Art. 3).

Os povos indígenas têm o direito a conservar e fortalecer suas

próprias instituições políticas, jurídicas, econômicas, sociais e

culturais, mantendo ao mesmo tempo seu direito de participar

plenamente, se assim o desejarem, na vida política, econômica,

social e cultural do Estado (Declaração da ONU sobre os Direitos dos

Povos Indígenas, Art. 5).

Folha de são Paulo citar periódico 30 de asetembro.

O direito internacional identifica como povos indígenas aqueles povos que

descendem de povos que pré-existem aos Estados atuais , conservam

totalmente ou parcialmente as suas instituições sociais, políticas, culturais, ou

modos de vida , e que têm autoconsciência da sua própria identidade.

Recentemente, os povos indígenas conseguiram que o seu direito à

livre determinação fosse reconhecido pela Declaração das Nações Unidas

sobre os Direitos dos Povos Indígenas, aprovada em 13 de setembro de 2007.

O preâmbulo da declaração estabelece que os povos indígenas são iguais a

todos os demais povos e, por isso, têm direitos iguais de acordo com o sistema

jurídico internacional. Ainda em seu preâmbulo, a Declaração reconhece o

direito de “todos os povos serem diferentes, considerarem a si mesmos como

diferentes e serem respeitados como tais”. De acordo com essas

considerações, o artigo 3º desse instrumento internacional afirma que “Os

povos indígenas têm direito à livre determinação”. O direito à livre

determinação é um principio geral que precisa se concretizar.

Por ele, tem-se dito que é importante especificar que uma coisa é o

princípio geral do direito à livre determinação, enquanto que outra são os

diversos caminhos concretos que podem se derivar do exercício desse direito,

e que vão desde a conformação de entes autônomos sob o marco de um

Page 46: Tcc 9 27.11

Estado pré-existente até a independência e a constituição de um Estado

nacional próprio.

É precisamente pelo direito à livre determinação que os povos indígenas

têm a opção de decidirem que tipos de organização política querem adotar. A

preferência expressa pela maioria das organizações indígenas em seus

documentos e declarações tem sido a de exercer o direito à livre determinação

dentro dos países em que estão inseridos os povos indígenas, ou seja, a

tendência geral não tem sido de separação e constituição de um Estado

nacional próprio, mas sim de garantir a manutenção e o desenvolvimento de

suas próprias formas de vida sociocultural sob o marco de seus respectivos

âmbitos estatais, por meio da autonomia, do autogoverno ou outro regime

semelhante. Vale lembrar que, ainda que a tendência comum aos movimentos

indígenas tenha sido a de concretizar seu direito à livre determinação no

âmbito dos Estados em que estão incluídos, os mecanismos que eles propõem

para alcançá-la não são homogêneos. É certo que se tem generalizado a

adoção da autonomia. Mas mesmo nesse caso, as perspectivas para alcançá-

la terminam diferindo de acordo com o movimento indígena de cada país, e

também dentro de um mesmo país, de acordo com (SÁNCHEZ, 1999).

“A autonomia é um sistema pelo qual os povos indígenas podem

exercer seu direito à livre determinação sob o marco de seus

respectivos Estados. Para ela, são imprescindíveis o reconhecimento

jurídico e político da existência dos povos indígenas (comunidades

étnicas ou nacionais) e sua configuração em coletividades políticas,

em um marco estatal baseado na diversidade sociocultural”

(SÁNCHEZ, 1999).

Tal reconhecimento implica na configuração de um regime de autonomia,

pelo qual as coletividades indígenas teriam capacidades especiais em conduzir

livremente seus modos de vida, exercer o controle de seus assuntos, gerenciar

certas questões por si mesmas e exercer um conjunto de direitos. A ideia de

autonomia está diretamente ligada ao conceito de soberania. Nesse trabalho

Page 47: Tcc 9 27.11

utilizaremos o conceito clássico de soberania, elaborado por (VATTEL, 2004, p.

16).

Toda nação que se governa por si mesma, sob qualquer forma que

seja, sem dependência de nenhum estrangeiro, é um Estado

soberano. Os seus direito são exatamente os mesmos dos demais

Estados. (...) Para que uma nação tenha o direito de participar

imediatamente nessa grande sociedade, é suficiente que ela seja

verdadeiramente soberana e independente, ou seja, que se governe

por si mesma, pela sua própria autoridade e por suas leis (VATTEL,

2004, p. 16).

Conforme dispõe Accioly (2000) o direito à liberdade confunde-se com a

noção de soberania, que deixou de ser o direito absoluto e incontestável de

outrora. “Admitida a noção dessa soberania relativa é lícito falar em direitos

decorrentes da soberania interna e externa” (ACCIOLY, 2000, p. 104).

Ainda, conforme disposto por ele, a soberania interna representa o poder

do Estado em relação às pessoas e coisas dentro do seu território ou, melhor,

dentro dos limites da sua jurisdição. É também chamada autonomia. A

soberania externa é uma competência conferida aos Estados pelo direito

internacional e se manifesta na afirmação da liberdade do Estado em suas

relações com os demais membros da comunidade internacional.

Com relação às variações soberania interna e soberania externa,

(ACCIOLY, 2000, p.105).

A soberania interna compreende os direitos: a) de organização

política, ou seja, o de escolher a forma de governo, adotar uma

constituição política, estabelecer, enfim, a organização política própria

e modificá-la à vontade, contanto que não sejam ofendidos os direitos

de outros Estados; b) de legislação, ou seja, o de formular as próprias

leis e aplicá-las a nacionais e estrangeiros, dentro, naturalmente, de

certos limites; e) de jurisdição, ou seja, o de submeter à ação dos

próprios tribunais as pessoas e coisas que se achem no seu território,

bem como o de estabelecer a sua organização judiciária; d) de

domínio — em virtude do qual o Estado possui uma espécie de

domínio eminente sobre o seu próprio território. A soberania externa

Page 48: Tcc 9 27.11

compreende vários direitos, entre os quais se salientam: o de ajustar

tratados ou convenções, o de legação ou de representação, o de

fazer a guerra e a paz, o de igualdade e o de respeito mútuo

(ACCIOLY, 2000, p.105).

Pode-se então concluir, com base nos dizeres de Aciolly (2000), que o

conceito de soberania no Direito Internacional vem passando por inúmeras

transformações, sendo demonstrado que também o conceito de Estado

soberano foi modificado, principalmente, pela insurgência de novos Direitos

Fundamentais e pela transformação do que podemos chamar de fatores de

influência externa, que desencadearam numa nova concepção do princípio da

soberania. Nesse sentido podemos destacar o papel das organizações

internacionais, como importante ator das relações internacionais, no processo

de homologação das terras indígenas, como foi o caso da atuação da OEA no

caso da Raposa Serra do Sol.

Conclusão

Page 49: Tcc 9 27.11

REFERÊNCIAS:

ALBUQUERQUE, Edu Silvestre de. Uma breve história da Geopolítica. (Coleção perspectivas do mundo contemporâneo). Rio de Janeiro: Cenegri, 2011.

Page 50: Tcc 9 27.11

ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. ed: Saraiva. São

Paulo, 2000.

ACQUAVIVA, Marcus. Teoria Geral do Estado. Ed. Saraiva, São Paulo, 1994.

BACKHEUSER, E. Curso de geopolítica geral e do Brasil. Rio de Janeiro : Biblioteca do Exército, 1952. 275 p.

BECKER, Bertha. Amazônia: Geopolítica Na Virada Do III Milênio. ed: Garamond. Rio de Janeiro, 2007

BECKER, Bertha. Não basta preservar a floresta. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Disponível em:<http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1321:entrevistas-materias&Itemid=41> Acesso em: 01/06/2013.

Cf. Estevão Rezende Martins. A apreciação de tratados e acordos

internacionais pelo Congresso Nacional, in Cançado Trindade, Antônio

Augusto (Editor), A incorporação das normas internacionais de proteção dos

direitos humanos no direito brasileiro, 2.ª ed. San José, Costa Rica/Brasília:

Instituto Interamericano de Derechos Humanos (et all.), 1996, p. 263. 

Cf. José Francisco Rezek. Direito dos Tratados, cit., p. 384.

Cf. Valerio de Oliveira Mazzuoli. Direitos humanos & relações

internacionais, cit., pp. 109 e ss.

CUNHA, Manuela Carneiro. História dos Índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras Secretaria Municipal de Cultura: FAPESP. 1998, p. 9-24.

FARAGE, Nádia. As Muralhas dos sertões: Os povos indígenas no rio Branco e a colonização, Rio de Janeiro: Paz e Terra, ANPOCS, 1991.

FREGAPANI, Gelio. A Amazônia no Grande Jogo Geopolítico: Um desafio mundial. Ed. Thesaurus. Brasília, 2011.

GOMES, Luiz Flávio. “A questão da obrigatoriedade dos tratados e convenções no Brasil: particular enfoque da Convenção Americana sobre Direitos Humanos”. In: Revista dos Tribunais, n.º 710, p. 21-31, dez. 1994.

Page 51: Tcc 9 27.11

MOROZ, Melania. O Processo De Pesquisa: Iniciação. Ed. Liber Livro, São Paulo, 2002.

NASCIMENTO, Durbens. Relações Internacionais e Defesa da Amazônia. NAEA/ UFPA. 2008.

RAFFESTIN, Claude. Por Uma Geografia do Poder. ed. Ática. São Paulo: 1993.

Revista de Jurisprudência do TJRS, vol. 4, p. 193.  

LIMA, Antonio; Carlos de Souza; BARROSO-HOFFMANN, Maria . Além da tutela: bases para uma nova política indigenista III. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria /LACED, 2002. 128 p

LIMA, Antonio Carlos De Souza, 1987. “Darcy Ribeiro: sacerdote ou

profeta”. Revista de Antropologia, 1987.

LIMA, Antonio Carlos de Souza. Um grande cerco de paz. Poder tutelar, indigianidade e formação do Estado no Brasil. Petrópolis, 1995.

Little, Paul. Elliott. 2002. “Territórios sociais e povos tradicionais no Brasil: Por uma antropologia da territorialidade”. Série Antropologia, n.322.

MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: Pequena História Critica. São Paulo, Hucitec, 1996.

MAZZUOLI, Valerio de Oliveira, Direitos humanos & relações internacionais, cit., pp. 109 e ss.

MAZZUOLI, Valerio. O treaty-making power na Constituição brasileira de 1988: uma análise comparativa do poder de celebrar tratados à luz da dinâmica das relações internacionais. Revista brasileira de política internacional Mazzuoli.2001 vol:44 pg:82 -108.

MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. O Poder Legislativo e os tratados Internacionais: o treaty making power na Constituição brasileira de 1988. Brasília, 2001. Disponível em: http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portalTvJustica/portalTvJusticaNoticia/anexo/Artigo__Poder_Legislativo_e_Tratados_Internacionais__Valerio_Mazzuoli.pdf

Page 52: Tcc 9 27.11

NIEZEN, Ronald. A New Global Phenomeno?. In: The Origins of

Indigenism: Human Rights and the Politics of Identity. Berkeley:

University of California Press, 2003. Estud. vol.19 .53 São Paulo, 2005.

OLIVEIRA, Humberto de. Coletânea de leis, atos e memoriais referentes à indígena brasileiro. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional,1947.

PIMENTA, José. Povos Indígenas, fronteiras amazônicas e soberania

nacional. Algumas reflexões a partir dos ashaninka do Acre. Comunicação

Oral apresentada na mesa redonda: Grupos Indígenas na Amazônia. SBPC,

Manaus, 2009.

RAMOS, Alcida R. O Pluralismo brasileiro na berlinda. Brasília: Série

Antropologia, 2004.

SALDANHA, Eduardo. Teoria das Relações Internacionais. Ed. Juruá. Curitiba,

SANCHEZ Consuelo. Los pueblos indígenas. Del indigenismo a la autonomía. México: Siglo XXI Editores, 1999.

SANTILLI, Paulo. As fronteiras da República: História e política entre os

Macuxi no Vale do rio Branco. São Paulo: NHII-USP/FAPESP, 1994.

STAVENHAHEN, Rodolfo. El sistema internacional de los derechos

humanos, 1998.

VATTEL, Emer de. O direito das gentes. Prefácio e Tradução: Vicente Marotta Rangel. Brasília: Editora Universidade de Brasília: Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, 2004.