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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO CENTRO OESTE - UNIDESC CURSO DE DIREITO ELTHON JEFFREY DA COSTA BENICIO PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA PENITENCIARIA - PPPP LUZIÂNIA GOIÁS – BRASIL 2013

TCC Elthon Jeffrey 10DIM Unidesc

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Tcc acerca da parceria público privada penitenciária no Brasil. Um distante mas necessária situação com a calamidade que se encontra no nosso sistema na atualidade.

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  • CENTRO UNIVERSITRIO DE DESENVOLVIMENTO DO CENTRO OESTE - UNIDESC

    CURSO DE DIREITO

    ELTHON JEFFREY DA COSTA BENICIO

    PARCERIA PBLICO-PRIVADA PENITENCIARIA - PPPP

    LUZINIA GOIS BRASIL

    2013

  • CENTRO UNIVERSITRIO DE DESENVOLVIMENTO DO CENTRO OESTE - UNIDESC

    CURSO DE DIREITO

    ELTHON JEFFREY DA COSTA BENICIO

    PARCERIA PBLICO-PRIVADA PENITENCIARIA - PPPP

    Artigo Cientfico apresentado ao Centro Universitrio de Desenvolvimento do Centro-Oeste, como parte das exigncias do Programa de Graduao em Direito para obteno do ttulo de bacharel em Direito, sob a orientao da professora Luciana Rosa Batista Barroso.

    LUZINIA-GOIS 2013

  • ELTHON JEFFREY DA COSTA BENICIO

    PARCERIA PBLICO-PRIVADA PENITENCIARIA - PPPP

    Artigo Cientfico apresentado ao Centro Universitrio de Desenvolvimento do Centro-Oeste, como parte das exigncias do Programa de Graduao em Direito para obteno do ttulo de bacharel em Direito, sob a orientao da professora Luciana Rosa Batista Barroso.

    APROVADO: 09 de dezembro de 2013

    __________________________________

    Prof.: Luciana Rosa Batista Barroso (Orientadora)

    __________________________________

    Prof.: Andr Pinheiro de Sousa (Co Orientador)

    (Unidesc)

    __________________________________

    Prof.: Rosileide de Souza Nascimento (Unidesc)

  • Dedico este trabalho por todo o apoio nas horas incertas e sombrias, por terem segurado minha mo e me erguido quando ca, por fazerem que eu acreditasse em mim; pai, me e irmo, minha famlia! Obrigado por serem meu mundo, meu tudo.

  • AGRADECIMENTOS

    Aos professores e amigos que fizeram parte desse sonho, que me acompanharam desde o inicio da faculdade e agora caminham comigo ao final dela, caminhada que se finda com esse trabalho e d inicio uma nova etapa. Os meus mais sinceros agradecimentos todos.

  • Ningum bater to forte quanto a vida. Porm, no se trata de quo forte pode bater, se trata de quo forte pode ser atingido e continuar seguindo em frente. assim que a vitria conquistada.

    Rocky Balboa

  • RESUMO

    O respectivo trabalho visa atravs de pesquisas doutrinrias, pelo mtodo exploratrio, averiguar as condies em que se encontra realmente o atual sistema carcerrio brasileiro, visando solucionar o problema com a implantao de um sistema carcerrio no qual o agente pblico, Estado, possa dar oportunidade continua ao particular de financiar parcela da responsabilidade, dando-lhe a oportunidade de participao na efetivao da lei quanto ao restabelecimento do preso junto sociedade, tornando a estadia do preso realmente mais humana. Com nfase na evoluo histrica, o trabalho busca registros de onde o sistema atual falhou e como, se possvel, o sistema proposto possa vir a ajudar na recuperao do sistema carcerrio brasileiro.

    Palavras chaves: Preso, ressocializao, presidio, privatizao, penas, comparao.

  • ABSTRACT

    The work aims through its doctrinal research, by exploratory method, determine the conditions in which it is actually the current Brazilian prison system, seeking to solve the problem with the deployment of a penitentiary system in which the public official, the State, could give rise continues the particular portion of the funding responsibility, giving him the opportunity to participate in the execution of law and the restoration of the prisoner in the society, making the stay of the inmate actually more human. With emphasis on historical developmentthe work search records where the current system has failed and how, if possible, the proposed system can come to help in the recovery of the Brazilian prison system.

    Keywords: Back, rehabilitation, prison, privatization, feathers, comparison

  • SUMRIO

    1 INTRODUO .............................................................................................. 10 2 HISTRICO ................................................................................................... 12 2.1 Surgimento Dos Presdios ............................................................................. 12 2.2 Parceria Pblico-Privada ............................................................................... 13 2.3 Origem Dos Presdios Pblico-Privados nos EUA ........................................ 15 2.4 Origem Dos Presdios Pblico-Privados na Inglaterra .................................. 16 2.5 Origem Dos Presdios Pblico-Privados na Frana ...................................... 17 3 DADOS PRISIONAIS .................................................................................... 18 4 BRASIL E PRESDIOS PRIVADOS .............................................................. 20 4.1 Aspectos Jurdicos ......................................................................................... 21 4.2 Presdio do Paran ........................................................................................ 22 4.3 Cear ............................................................................................................. 23 4.4 Bahia............................................................................................................... 24 4.5 Esprito Santo ................................................................................................ 24 5 PPPP NO BRASIL ......................................................................................... 25 6 CARACTERSTICAS E OPINIES DIVERSAS............................................ 26 7 CONSIDERAES FINAIS .......................................................................... 29 8 REFERENCIAL BIBLIOGRFICO ................................................................ 31

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    1 INTRODUO

    Um dos maiores problemas no Brasil a superlotao dos presdios e a m administrao de tais estabelecimentos, tornando algumas garantias e direitos dos presos apenas meras especulaes, tais como as assistncias a materiais, sade, jurdica, educacional, social, religiosa e principalmente a assistncia ao egresso do preso, a orientao aos condenados para reinsero na sociedade, sua ressocializao.

    Contudo, uma tentativa para dirimir esses problemas pode vir da ideia e soluo adotada em outros pases, os presdios privados, parcerias pblico/privadas, que detm o subsdio de alguns servios dentro do presdio, para que a administrao possa realiz-los, tendo as empresas o direito de administrao da rea prisional podendo ser empregadora dos presos.

    O surgimento dessa espcie de presdios deu-se em meio crise financeira dos Estados Unidos no ano de 1980. (R. P. Weiss, 1994, pg. 42.)

    Logo aps o ministro da Justia, Jos Eduardo Cardozo, se pronunciar dizendo que "preferia morrer" a ficar preso no Brasil ( Tatiana Santiago, Do G1 So Paulo; pg. 1), houve uma necessidade de uma busca e estudo para soluo rpida e imediata, tentando sanar assim a problemtica em questo, com isso os problemas de superlotao, m administrao, abuso de autoridades, discricionariedade na aplicao de medidas prisionais e outras situaes mais.

    Com observncia ao modelo Norte americano, que permite a parceria de empresas privadas com o governo, o qual permite reduo de todas as mazelas enunciadas dando a oportunidade para que o preso possa se restabelecer fazendo que a sociedade tema menos presos com a extino do medo de que o reinserido volte cometer mais crimes.

    enorme, para o governo, o custo para se construir um presdio, mas se dividido ou financiado pela iniciativa privada entre parcerias e sociedades, pode ser uma soluo para que essas verbas, que seriam destinadas construo de penitencirias, sejam administradas em outros setores mais crticos e ainda possibilitaria uma maior chance para com os presos em serem reinseridos na sociedade.

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    Cabe ainda, demonstrar que a atual gesto carcerria pblica pelo governo, no tem como se manter, os gastos so enormes e os resultados nfimos, a ressocializao passa a ser um sonho distante tornando os presos mais adeptos modalidades diversas de crimes, contudo uma parceria com empresas privadas poder dar certo conforme aspectos abordados no trabalho.

    O trabalho inicialmente limitar-se- pesquisas doutrinrias desde o mbito penal como no cmputo administrativo, buscando opinies diversas sobre o tema, e em um momento posterior ser abordado como o funcionamento comparado entre algumas instituies no Brasil tendo em vista as regras do 1 presdio privado no Brasil, Gestores Prisionais Associados em Ribeiro da Neves MG, a fim de que se obtenha respaldo prtico identificando ainda outros aspectos relevantes dentro de opinies de especialistas na rea.

    Com essas explanaes o trabalho visa propor um modelo jurdico, dentro dos padres das legislaes vigentes, abrangendo o campo de atuao dos servios privados no sistema penitencirio sem afrontar a carta magna ou qualquer outro dispositivo de forma a demonstrar a eficcia do sistema prisional em uma parceria pblico privada, consagrando os direitos e respeitando os limites da lei.

    Os captulos que se seguem iro detalhar com mais especificidade o surgimento do modelo de penitenciria na histria, os modelos penitencirios de outros pases e os brasileiros mostrando o avano no desenvolvimento do cumprimento da pena e da reinsero do preso na sociedade, os deveres, direitos e obrigaes do preso no sistema prisional em uma instituio pblica atualmente e como seria na parceria pblico/privada, as criticas ao sistema privado e o modelo jurdico para que ao final se determine ser uma soluo com esse modelo penitencirio.

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    2 HISTRICO 2.1 Surgimento Dos Presdios

    Faz-se necessrio o estudo acerca da origem do referido instituto em sua raiz, buscando a causa de seu surgimento, sua existncia para que se possa analisar e estudar sua evoluo at os padres atuais entendendo assim o modelo proposto atualmente na modernidade.

    No Egito antigo,1700 a.C-1.280 a.C., os cativeiros eram mantidos com a finalidade de guardar escravos para que os mesmo no fugissem da provncia a qual serviam, no tinha o cunho de punio, pois no se havia um sistema de leis penais, um cdigo com o qual se buscasse a punio e ressocializao do presidirio, sendo apenas para custodiar o escravo de modo que nestes mesmos locais eram aplicados torturas para quem cometesse faltas ou deixasse de fazer suas obrigaes dirias, principalmente aos escravos capturados em batalhas das quais perdiam fazendo os trabalhos infamantes. (Tim Lambert, acesso em 15 de setembro de 2013, pg. 1).

    As penas da poca resumiam-se praticamente a amputaes de membros, laceraes carnais e penas de morte regidas pelo Cdigo de Hamurabi, nome do prprio rei babilnico que viveu entre 1810 a.C. 1750 a.C., assegurando o olho por olho e dente por dente.

    Futuramente na idade mdia existiram as masmorras destinadas s torturas e encarceramentos vitalcios dependendo da ocasio. A igreja catlica para preservar seus monges de atos pecaminosos e pensamentos mundanos, os encarcerava em celas para que meditassem e se livrassem de tais pensamentos para que no se desvirtuassem, se arrependendo de seus atos pecaminosos.

    Em 1575 na Inglaterra surgiram as casas de correo nos moldes de priso como as que se conhecem hoje, com o intuito de disciplinar os delinquentes; em 1697 foram construdas casas de trabalho para dar assistncia aos pobres, mas regularmente eram lhes aplicadas penas pela sua conduta nos trabalhos, esses modelos se espalharam pela Europa. Outras instituies que buscavam o restabelecimento mental, a correio de jovens infratores e a aproveitamento de vagabundos para o trabalho foram construdas. (Jessika Ellis, 2013, pg. 1)

    Efetivamente o primeiro presdio foi construdo nos EUA, no estado da Philadelphia, em 1787, o Eastern State Penitentiary, com uma estrutura muito bem elaborada, possuindo aquecimento, tubulaes de esgoto e gua encanada, em uma poca que nem a Casa Branca ainda possua tais instalaes, tinha como mtodo de reinsero o isolamento e a busca pela f para reflexo dos prprios atos dos presos para que sassem

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    ressocializados, Al Capone e Slick Willie Sutton cumpriram suas penas nessa instituio. (Jessika Ellis, 2013, pg. 1).

    No Brasil a primeira priso foi construda em 1769 na cidade do Rio de Janeiro, depois foram construdas em So Paulo, Vila Rica e Salvador. Em 1824 D. Pedro I separou os presos pelas espcies de crimes cometidos e periculosidade, e por conta da superlotao carcerria ele criou um decreto no qual os presos que tivessem bom comportamento cumpririam o resto de suas penas em uma colnia agrcola.

    A Casa de Deteno de So Paulo, mais conhecida como Carandiru, foi considerado o maior presdio da Amrica Latina, foi construdo em 1920, e em 1992 cerca de 111 presos foram mortos pela interveno da Policia Militar em uma rebelio. Em 2002 foi desativado e demolido sendo em seu lugar construdo um parque voltado para os jovens, com atividades esportivas, culturais e intelectuais.

    2.2 Parceria Pblico-Privada

    Com o objetivo de auxiliar o Estado na consecuo de suas obras e servios, tem-se a experincia de se adquirir ajuda de particulares interessados em colaborar e de alguma forma aferir lucro com tal assistncia, podendo ser gratuita quando feita por instituies sem fins lucrativos, dando reforo esses servios e atuando em diversas reas para atender as demandas e anseios da sociedade, esse mtodo de parceria teve incio no final do sculo passado primeiramente na Europa e se alastrou pelo resto do mundo.

    Dessa forma, sua forma de atuao varia de lugar para lugar de acordo com sua legislao, mudando inclusive seu significado formal. Na Inglaterra seria a iniciativa financeira privada, nos EUA seria contrato de aquisio de servios e o Brasil seria um contrato de concesso na modalidade patrocinada ou administrativa.

    No Brasil a parceria pblico-privada antiga, Dom Pedro II ao implementar as ferrovias no Brasil no sculo XIX, ao abrir mo de um imposto chamado clusula ouro aumentando o lucro do concessionrio e garantindo a ele um lucro anual de 7%, que era a quantia de tal taxa cobrada pelo imprio.

    J no governo do Ex-Presidente Lula em 2004 que foi aprovada uma lei regulamentando o uso de tal mecanismo para agregar agilidade e maior atendimento

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    s necessidades da poca, trazendo a mecnica de que o particular produziria a obra, o servio e posteriormente transferiria para o Estado quando o contrato findasse.

    A legislao vigente no Brasil obriga que a parceria pblico-privada, de agora em diante PPP, devem obedecer lei n 11.079, de 30 de dezembro de 2004, quando devem atender ao se estabelecer um contrato de prestao de obras ou servios, tendo seu valor mnimo da quantia de 20 milhes de reais e tempo mnimo de 5 anos para durao e mximo de 35 anos para o contrato estabelecido, podendo ser feito entre empresa privada e governo Federal, Estadual ou Municipal. (por Portal Brasil, 10/04/2012, pg. 1).

    Os agentes privados tem sua remunerao estabelecida pelo contrato e a percepo de rendimentos feita exclusivamente pelo Governo, ou de tarifas cobradas aos usurios pelos servios e recursos pblicos.

    No Brasil, as Parcerias Pblico-Privadas foram implementadas por meio da Lei 11.079, de 30/12/2004. De acordo com o Artigo 2 da referida Lei, PPP um contrato administrativo de concesso, na modalidade patrocinada ou administrativa.

    A concesso patrocinada quando o governo complementa a renda percebida pelo agente privado, que alm de receber as tarifas cobradas dos usurios recebe uma taxa extra do governo para que a parceria d certo e a outra seria a concesso administrativa onde o governo paga integralmente pelos servios prestados pelo agente privado, os Estados ainda podem elaborar seus prprios PPPs de modo a atenderem suas demandas.

    As principais caractersticas do modelo de PPP no Brasil so: contratos de valor superior a R$ 20 milhes; prazo compreendido entre 5 e 35 anos; o objeto pode envolver construo, operao e manuteno do servio; compartilhamento de ganhos decorrentes da reduo de riscos de crdito; pagamento de contraprestao a cargo do Parceiro Pblico; garantia de pagamento da contraprestao por meio de fundo garantidor criado com essa finalidade; criao de Sociedade de Propsito Especfico (SPE) obrigatria; criao de rgo gestor das Parcerias Pblico-Privadas e a remunerao do parceiro privado vinculada a padres de desempenho. (Portal Brasil, 10/04/2012, pg. 1)

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    2.3 Origem Dos Presdios Pblico-Privados nos EUA

    Deu-se incio com o presidente norte americano Ronald Reagan na dcada de 80, quando a populao carcerria j extrapolava o suportado e a lei cada vez prendia mais pessoas e ainda podia aumentar seu tempo dentro do presidio, Thomas Beasley passou a lutar pela ideia da privatizao penitenciria.

    Como o sistema pblico era ineficaz a Suprema Corte Americana editou a smula 1981 na qual diz que "no h obstculo constitucional para impedir a implantao de prises privadas, cabendo a cada Estado avaliar as vantagens advindas dessas experincias, em termos de qualidade e segurana, nos domnios da execuo penal". (MING, Celso. 2006, pg. 1).

    Thomas Beasley ento ,scio fundador da Corrections Corporation of America CCA em 1983, fez a primeira experincia envolvendo o Priso de SILVERDALE, em Chattanooga, Hamilton, Tennessee, prevendo o lucro de 8 12% em cima de cada preso, a experincia no deu muito certo pois a CCA teve prejuzo em primeiro momento, contudo, com a administrao de outros presdios ela obteve xito, mas o que se teve de importante foi a oportunidade de se expandir a ideia para outros lugares do mundo.

    Um dos sistemas mais rigorosos do mundo nos EUA, sendo divididos em presdios de segurana baixa, media e mxima, adequando os presos e seus crimes conforme os requisitos de segurana e o oferecimento de benefcios e institutos para a motivao e penalizao do preso:

    As prises dos EUA so compostas de trs nveis bsicos de segurana: mxima, mdia e mnima. As prises de segurana mnima frequentemente se parecem com acampamentos ou campus de universidades. Elas so reservadas para infratores no violentos e com fichas criminais relativamente limpas, ou para presos que passaram a maior parte do tempo em uma priso de segurana mxima e apresentaram comportamento exemplar. Uma priso de segurana mdia restringe bastante os movimentos dirios dos internos, mas em vez de celas eles costumam ter dormitrios. Normalmente, possui cercas farpadas em toda sua extenso. As pessoas costumam pensar em prises de segurana mxima quando pensam em como seria a priso. No entanto, apenas um quarto de todos os presidirios dos Estados Unidos est em presdios de segurana mxima. Esse tipo de priso reservada para infratores violentos, para quem j fugiu (ou tentou fugir) ou para presos que podem causar problemas em prises de menor segurana. Elas so rodeadas por muros altos e cercas farpadas. Guardas armados em torres de observao atiram em qualquer um que tente "pular o muro". Vamos descrever a vida em prises de segurana mxima mais detalhadamente na prxima seo. (Grabianowski, Ed. 2012, pg. 1).

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    Alguns dados implicam claramente na criminalizao da populao mais pobre, que por, talvez, fata de condies proporcionadas pelo meio em que vive acaba caindo nas garras da justia:

    Hoje nos EUA 2 milhes de pessoas ocupam as prises cumprindo suas penas e outras 400 mil trabalham neles, sendo 80% deles pobres, negros e latinos, d um nmero de que a cada quatro habitantes negros um deles j foi preso. Existem cerca de 150 prises em 28 estados nos EUA, com a experincia de PPPs o preo de uma unidade que abrigue 350 presos custa aproximadamente 14 mil dlares por vaga e o prazo de entrega de 5 meses, enquanto se o governo bancar sozinho o custo por vaga dobraria e o prazo de entrega seria de 2 anos. (Grabianowski, Ed. 2012, pg. 1).

    Os presos recebem aproximadamente US$ 0,28 centavos por hora trabalhada enquanto a hora normal custaria cerca de US$ 5,00 por hora, fazendo com que a diferena v para o bolso do agente privado responsvel pelo servio. A manuteno diria do preso de US$45,00 dlares por dia, totalizando U$ 1350,00 dlares por ms.

    Atualmente os EUA gastam em torno de US$40 bilhes de dlares com a manuteno presidiria no pas, desde renovao construes de mais presdios, ou seja um investimento necessrio diante do aumento de marginalizados. (NUNES, Vicente, 2008, pg. 2).

    As duas empresas que mais faturam no ramo so a CCA, j mencionada anteriormente a Wackenhut Corrections Corporations, assumindo 66% dos presdios, obtendo o lucro de 900 milhes de dlares por ano, tendo em seus cuidados 103 mil presos. A CCA conseguiu com contratos na Europa aumentar o valor de sua companhia de 200 milhes para mais de 1 bilho de dlares na bolsa de valores.

    2.4 Origem Dos Presdios Pblico-Privados na Inglaterra

    Um dos maiores problemas dos presdios ingleses foi a superlotao dos mesmos na dcada de 80, quando a populao carcerria atingiu enormes nveis populacionais, no restando alternativa a no ser recorrer PPP, construindo 9 novos presdios para que fossem geradas novas vagas aos presos, de 138 presdios na Inglaterra 9 deles atualmente so privados.

    Ao fim da dcada de 1980, o governo ingls deu fim a esse ordenamento legal, donde ento nasceu, j em 1992, a Private Finance Initiative PFI. Esse dispositivo legal vem lume no governo do conservador John Major onde a inteno era estimular empreendimentos conjuntos entre os setores pblico e privado, consoante um contexto de implantao da agenda liberal

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    de Margareth Thatcher. Essa Private Finance Initiative foi definida como um conjunto de aes que tinha por objetivo potencializar a participao do setor privado na prestao de servios pblicos, agora voltada para a questo da privao de liberdade Nesse modelo, as empresas privadas so responsveis por todos os setores do presdio, menos o de transporte dos presos que fica a cargo de uma outra empresa privada, encarregada unicamente pelo transporte. (SUNDFELD, Carlos Ari, 2005, pg. 50).

    Os guardas trabalham utilizando-se apenas de armas contundentes. O sistema de segurana permite deteco de perfurao do solo em caso de fuga. Em cada cela ficam alojados 2 condenados, existe a separao de presos onde os condenados primrios se separam dos demais, monitoramento dentro e fora da priso, alm do acompanhamento dos condenados em outros regimes por comisses especializadas.

    2.5 Origem Dos Presdios Pblico-Privados na Frana

    Na Frana o sistema de PPPP diferenciado, sendo uma parceria conjunta entre Estado e empresa privada, na qual ambas administram e gerem a instituio ao mesmo tempo. O estado escolhe quem ser o Diretor do presdio que fica encarregado de assegurar, dentro e fora do presidio, a segurana e os meios de execuo das penas.

    J empresa compete a assistncia nas diversas reas restantes que vo desde a educao ao transporte dos condenados, bem como diversas assistncias para assegurar os direitos e o bem estar do preso, recebendo do Estado um financiamento para cada condenado ao qual oferecido esses servios no presidio.

    A grande diferena desses sistemas que na Frana existe a possibilidade de uma gesto mista entre Estado e investidores, j nos Eua essa gesto no compartilhada, a concesso total sofrendo apenas fiscalizao e o na Inglaterra o estado ainda detm o controle prisional, o qual controla e estabelece normas para que no sejam cometidos abusos e a construo de presdios provm de impostos e emprstimos sem limites, enquanto nos EUA muito limitado e ainda precisa de aprovao Legislativa.

  • 18

    3. Dados Prisionais

    Os dados a seguir, retirados de uma matria de Fred Linardi no ano de 2012, mostram os nmeros de presos em algumas prises no mundo:

    (LINARDI, Fred. 2012, pg. 1) Os dados em azul significam o total do nmero de vagas nos presdios em

    cada pas, a vermelha a lotao atual e a porcentagem frente dos nomes em quantos por cento atualmente a ocupao prisional em cada pas.

    Com um relatrio feito por uma comisso da ONU que visitou o Brasil, com o intuito de obter dados acerca das condies penitencirias brasileiras, vrios peritos visitaram diversas instalaes no pas, onde concluram pelas observaes realizadas as condies precrias em que os presos se encontraram e so obrigados a viver nesses estabelecimentos.

    S de lotao, a populao carcerria hoje chega aos 550 mil presos e quase metade disso, 217 mil, ainda esperam julgamento presos, a principal medida, apesar da legislao Penal firme que o Brasil possui, ainda a priso, com isso o nmero de prises indevidas acabam sendo disfarados em meio tantas prises.

    artigo 9, inciso 3 Qualquer pessoa presa ou encarcerada em virtude de infrao penal dever ser conduzida, sem demora, presena do juiz ou de outra autoridade habilitada por lei a exercer funes judiciais e ter o direito de ser julgada em prazo razovel ou de ser posta em liberdade. A priso preventiva de pessoas que aguardam julgamento no dever constituir a regra geral, mas a soltura poder estar condicionada a garantias que assegurem o comparecimento da pessoa em questo audincia, a todos os atos do processo e, se necessrio for, para a execuo da sentena.

    0 2.000.000

    RUSSIA - 84%

    BRASIL - 166%

    INDIA - 129%

    AFRICA DO SUL - 134%

    JAPO - 85%

    EUA - 110%

    ALEMANHA - 88%

    LOTAO

    VAGAS

  • 19

    (Pacto Internacional Sobre Direitos Civis E Polticos, Decreto No 592, De 6 De Julho De 1992.)

    Cabe salientar que tal dispositivo implica na observncia da atual gesto prisional brasileira que, conforme os dados mostrados anteriormente, aplica-se o contrrio de tal mandamento quando quase metade da populao carcerria ainda aguarda julgamento e o descumprimento ainda de se levar o preso a uma autoridade judicial, que atualmente apenas se faz uma comunicao ao juiz declarando a priso e isso desrespeita claramente tal tratado.

    A ONU busca a melhoria e a humanizao harmnica em vrios setores, informando onde se deve melhorar e nos nmeros ideais para tais evolues, o Brasil passa longe dessa qualidade carcerria, a recuperao dos presos fica sujeita a vrios fatores e a superlotao, por exemplo, contribui para o empobrecimento das chances de qualidade de vida dos mesmos.

    O CNJ em sua pgina principal na internet possui um sistema de informaes de dados do sistema carcerrio no Brasil, e esses nmeros podem ser constatados e confirmados pelo mesmo. No estado do Gois a quantidade de vagas oferecidas no total, para homens e mulheres chega a 7.936, j a quantidade de presos de ambos os sexos de 11.581, dentre as quais 49 por centos so de presos provisrios 49, tudo distribudo por 159 estabelecimentos, 565 mulheres presas e 11.016 homens presos, o dficit de vagas de 3.645, at a presente data.

    O Distrito Federal no diferente, na penitenciaria do Distrito Federal onde o juzo responsvel o TJDFT a capacidade de vagas existentes de 1584, mas sua lotao atual chega em 3.087, as condies do estabelecimento foram avaliadas como ruins, possuindo um total de 237 agentes. Esses nmeros e avaliaes do CNJ mostram que o atual sistema carcerrio se encontra sucateado pela m administrao e ausncia de investimentos na rea.

    0 5.000 10.000 15.000

    ESTADO GOIAS

    PAPUDA

    LOTAO

    VAGAS

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    Nas palavras do ministro da Justia Jos Eduardo Cardozo, que em uma ocasio disse querer morrer ao cumprir pena em um presdio brasileiro:

    "Do que ns precisamos?", continuou o ministro. "De um bom sistema, com reinsero social, e no priso perptua ou pena de morte", afirmou, durante evento organizado pelo Grupo de Lderes Empresariais (Lide). "Temos um sistema prisional medieval, que no s desrespeita os direitos humanos como tambm no possibilita a reinsero", completou, explicando que falava como cidado, e no como governante. (BEATRIZ BULLA - O Estado de S.Paulo, 2012, pg 1).

    Complementando ainda sobre as inspees feitas nos presdios brasileiros para formular um relatrio da qualidade de vida dos presos, o Brasil por sua pssima conduta poder ser punido:

    OEA. A situao dos presdios pode levar o Pas a ser julgado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organizao dos Estados Americanos (OEA), a pedido de organizaes internacionais. No dia 3 deste ms, a violao de direitos humanos nos Presdios Anbal Bruno, em Pernambuco (o maior do Pas) e Urso Branco, em Rondnia, foi tema de reunies da Comisso Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), em Washington, nos Estados Unidos. (BEATRIZ BULLA - O Estado de S.Paulo, 2012, pg 1).

    Dessa forma observa-se que o Brasil no possui estrutura suficiente para gerir por meios pblicos o que a Constituio apregoa em seus moldes como garantias dos presos, e nem garantir os pactos internacionais de modo assegurar a ressocializao e a humanizao no tratamento dos presos, como deve ser feito conforme tais dispositivos.

    4. Brasil e Presdios Privados

    No Brasil o que segue a Gesto Compartilhada, ou seja, o Estado terceiriza alguns servios ao parceiro privado, mas cada um mantm sua identidade institucional e pragmtica, cada um dirigindo no que lhe couber, pessoas e os servios tocantes sua obrigao contratual atingindo um fim comum e integrado.

    Na atual gesto Brasileira pela lei N 11.079/04, foi disciplinado o contrato de concesso, onde o objeto do mesmo vem a ser a prestao de servios de natureza pblica ou no para a Administrao Pblica, permitindo que o empresrio assuma a execuo de obras, fornecimento de bens ou outras prestaes.

    Deve se observar que neste contrato o investimento deve ser superior a R$ 20 milhes, o prazo do contrato deve ser entre 5 e 35 anos, o pagamento pelos servios realizado pela administrao, o objeto da prestao no pode se restringir

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    execuo isolada de obra ou ao fornecimento isolado de mo-de-obra ou bens, deve estar ligado ao servio objeto do contrato.

    4.1 Aspectos Jurdicos

    Conforme a lei superior, a Constituio Federal, no Brasil em seu Prembulo, dispe que o Brasil, como Estado Democrtico de Direito, destina-se a assegurar o exerccio dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurana, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justia como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos..

    evidente a preocupao do legislador de romper a soberania em face ao ser humano, dignidade, condies de vida e um melhor padro perante outros Estados, com isso o art. 5, incisos XLVIII e XLIX, garante que as penas sero cumpridas em presdios diferentes conforme natureza do delito, idade e sexo do preso assegurando a ele a integridade fsica e moral.

    A teoria retributiva da pena se apoia na ideia de que para um mal injusto se aplica um mal justo. Tal proposta de retribuio busca to somente o uso do direito de punir para cumprir a vingana estatal. Por outro lado, as teorias preventivas visam estabelecer atravs da pena um exemplo que iniba outros cidados de cometer o delito. As preventivas especiais buscam na pena um meio para evitar que o criminoso se torne reincidente. O cdigo penal brasileiro adota a teoria mista. Dessa forma, atravs da pena, o Estado quando pune penalmente o indivduo busca atingir trs objetivos: retribuio ( um mal injusto um mal justo), preveno (intimidao do potencial delinquente) e ressocializao (pena-tratamento). (Guilhermina Abreu, 1, 2013)

    Sendo ainda lhes assegurado o princpio da humanizao da pena, princpio da proporcionalidade, princpio da personalidade, entre outros mais e se lesionados um destes princpios atingem diretamente no retorno do preso vida em sociedade, refletem e comprometem diretamente o cumprimento da pena e, consequentemente, a ressocializao do apenado.

    O artigo 24 da Magna Carta diz respeito s matrias que podem ser estabelecidas pela concorrncia entre a Unio, Estados e Distrito Federal, e em seu inciso I, a legislao de direito penitencirio aparece.

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    Sendo assim Vrios Estados legislaram acerca de tal matria, dentre eles: Rio Grande do Sul, Bahia e Minas Gerais que especificou as PPPs nos artigos introdutrios n 14.868/2003, possibilitando expressamente a consecuo de tais parcerias. E como j foi dito anteriormente, em 2004 foi sancionada a lei que regulamenta e d as diretrizes nacionais para a consecuo das PPPs em mbito nacional.

    Segundo (Justen Filho, 2010, pg. 793), a terceirizao consiste num contrato de prestao de servios por meio do qual um sujeito transfere a outrem o dever de executar uma atividade determinada, necessria satisfao de um dever.

    Ainda, dispe que: A terceirizao trata-se de uma prestao de servio, sendo que sua maior particularidade encontra-se na transferncia dos encargos de desempenho de uma atividade que o sujeito tem a obrigatoriedade de executar. (Justen Filho, 2010, pg. 793).

    Assim, a terceirizao a contratao de uma empresa especfica para a realizao de uma atividade-meio, que ser desempenhada por terceiros, no se tratando de uma delegao de servios pblicos, mas sim, de contrato de prestao de servios.

    4.2. Presidio do Paran

    O pioneiro no ramo da Gesto compartilhada foi o Estado do Paran, em Guarupava, que juntamente com a unio construiu em 1999 construiu um presidio que abrigaria 240 encarcerados todos do sexo masculino, o custo total da empreitada foi de R$5.323.360,00, sendo 80% provenientes de Convnio com o Ministrio da Justia e 20% do Estado do Paran.

    O presdio conta com uma indstria com rea de 1.800m, nos quais 70% dos presos trabalham em 3 turnos de 6 horas cada, recebem 70 por cento de um salrio mnimo sendo o restante convertido para o fundo penitencirio retorna como melhorias para todos os presos. Possui um sistema de segurana bem moderno que conta com monitoramento de Tv dentro e fora do presidio, detector de metais e corta sinais de telefones, possui ainda arquitetura propicia para o alojamento dos presos de maneira a evitar fugas e tentativas de rebelio.

    O restante dos presos trabalham em setores essenciais manuteno do presdio, todos os presos recebem o benefcio da remisso, 1 dia a menos de pena

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    para cada 3 trabalhados. A gesto Compartilhada passou para a empresa Humanitas Administrao Prisional S/C que ficava responsvel pelos servios internos do presdio como a alimentao, necessidades de rotina, assistncia mdica, psicolgica e jurdica dos presidirios; j o governo responsvel pela nomeao do diretor, do vice-diretor e do diretor de disciplina, fiscalizando o trabalho do grupo responsvel pelo presidio e realizam que seja obedecida a Lei de Execues Penais.

    A empresa recebia, at o ano de 2005, cerca de R$1.500,00 reais por cada preso sob a custdia de seus servios. Presos que ali estavam praticaram crimes de maior potencial ofensivo e mdia de reincidncia era de 6% enquanto em Maring ainda em Paran era de 30%, ou seja, uma avano muito grande na ressocializao.

    4.3 CEAR

    A empresa Companhia Nacional de Administrao Prisional CONAP, antiga Humanitas Administrao Prisional S/C, ficou responsvel pelos cuidados da Penitenciria Industrial Regional do Cariri, sob os cuidados da gesto compartilhada.

    O Presidio conta com 549 vagas para os presos, 15.000 m2, tem 66 celas coletivas para cinco presos cada uma e 117 para dois presos cada. Possui ainda 12 "quartos de convivncia familiar", 850 metros de cercas eletrificadas, (com ourios e sensores de movimento) sobre muralhas de 7m de altura; 17 guaritas; cozinha industrial; sistema de som; sala de controle por 64 cmaras de circuito interno; auditrio com salo de artes e eventos; cabines telefnicas, play ground, campo de futebol, cinco quadras poliesportivas; painis, oraes e mensagens bblicas abertos em paredes; fbricas de velas, calados e bijuteiras e uma padaria, 4 salas de aula, biblioteca e administrao, lanchonete, consultrios mdico-odontolgicos, enfermaria, farmcia, 5 refeitrios para detentos e mais 4 para a administrao, lavanderia. Conta ainda com o Ncleo de Ressocializao, com a finalidade de preparar o encarcerado para ele enfrentar a discriminao ou as reservas da populao com ex-presidirios. Para tanto, alm do trabalho, dos exerccios fsicos e da recreao, o preso recebe aulas, ouve palestras de psiclogos. (Juazeiro Portal Do Nordeste; 2008, pg. 1).

    O maior enfoque dessa empresa o trabalho, firmando sempre na remio e ressocializao do preso atravs de importante parceria com empresas da regio que contratam os presos aps o perodo de crcere, dando oportunidade ps priso. Alm do trabalho pesado os presos se especializam fabricao de joias em parceria com empresas do ramo.

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    O presdio possui assistncia individualizada contando com o apoio de advogados e seus estagirios, mdicos, enfermeiros, sendo dotada de um grande centro ambulatorial e cirrgico caso haja alguma emergncia, psiclogos, assistncia religiosa e assistncia educacional para que os mesmos terminem ensino fundamental e mdio.

    Nas palavras de Marcos Prado, diretor de recursos humanos da CONAP: "[...] voc no pode comparar o que estamos fazendo aqui com uma simples deteno, uma simples cadeia. Aqui existe toda uma infra-estrutura visando ao atendimento da lei de execuo penal, e obviamente, ressocializao do preso. O nosso maior desafio provar tanto para o governo quanto para a sociedade, que essa experincia d certo (SILVA, Cosmo Sobral da; BEZERRA, Everaldo Batista. 2005, pg. 1)

    O custo para se manter cada preso com a qualidade demonstrada de R$920,00 reais.

    4.4 BAHIA

    So cinco presdios em gesto compartilhada, nesse sistema o Estado indica o diretor-geral, o diretor-adjunto e o chefe de segurana. A empresa administra tudo dentro do presdio inclusive os agentes penitencirios. A Guarda da muralha e exterior feita pelo Estado. O estado paga R$1.400, 00 reais por preso empresa gestora dos servios.

    Cabe destacar aqui que o diferencial no Estado da Bahia foi a iniciativa de uma pastoral religiosa, a pastoral carcerria, no ano de 2007, por intermdio da arquidiocese de Salvador, conseguiu gerir um presdio que trabalhava com presos em regime semi-aberto.

    4.5 ESPIRITO SANTO

    Em 2005 na cidade de Colatina o Estado firmou parceria com Instituto Nacional de Administrao Prisional Ltda (INAP) Instituto Nacional de Administrao Prisional Ltda (INAP), que arcou com todas as instalaes do local que vo desde equipamentos de segurana aos mais basilares de higiene, ainda fornecem e oferecem trabalho e educao aos presos.

    A empresa seleciona trabalhos para os presos de acordo com suas capacidades e distribuem pelo presdio, controlando os trabalhos, suas presenas, faltas, para que a remunerao e a remio sejam computadas corretamente.

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    Oferece cerca de quatro refeies ao dia alm dos atendimentos mdicos e psicolgicos.

    Outro presdio, um de segurana mxima, localizado em Viana passou a ser gerido pela gesto compartilhada e conta com todas as assistncias garantidas em lei, alm de timas instalaes e meios para a ressocializao.

    5. PPPP NO BRASIL

    J explicada exaustivamente acerca desse tema cabe ressaltar alguns pontos ainda no abordados como o Complexo penitencirio de Ribeiro das Neves em Minas Gerais, que o primeiro presdio gerido por PPP, possui cinco unidades prisionais, com um total de 3.040 vagas. A Gestores Prisionais Associados (GPA) gastou cerca de R$ 280 milhes de reais e iro administrar o presidio por 27 anos, recebendo 2 mil reais mensais por preso administrado.

    Os presos so obrigados a estudar e trabalhar, sendo no mnimo de 4 horas por dia de estudo. Possuem acesso salas de aula, biblioteca, assistncia odontolgica, mdica, jurdica, ocupacional, psicolgica e outras mais ao menos 1 vez a cada 2 meses. O preso para estar no presidio passa por uma entrevista e uma seleo na qual o mesmo precisa estar apto ao trabalho e ao estudo aceitando as condies impostas.

    Possui a segurana garantida por um circuito interno de cmeras de 1240 monitorando os presos 24 horas, as celas no possuem energia eltrica, o vaso suga qualquer cosia colocada nele, os colches so antichamas.

    Alm dessa outras 3 penitenciarias em So Paulo esto no aguardo para serem construdas, esperando apenas a liberao dos terrenos para que se lance o edital de licitao, sero disponibilizadas 3.300 vagas para o regime semiaberto e 7.200 no fechado.

    Existe uma proposta tramitando no Senado Federal (Projeto de Lei 513/2011) que estabelece normas gerais de parceria pblico-privada para a construo e administrao de estabelecimentos penais, e em seu artigo 15 permite a entrada de empresas como capital estrangeiro afim de gerir estabelecimentos prisionais no Brasil, uma realidade cada vez mais prxima.

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    6. CARACTERSTICAS E OPINIES DIVERSAS

    As opinies sobre o novo modelo carcerrio a ser adotado diverge dentre alguns especialistas, as caractersticas positivas so que as responsabilidades entre Estado e Sociedade sero divididas na recuperao do delinquente, baratear o custo para o Estado na construo do presdio, uma vez que depois de um perodo o estabelecimento ser do Estado, gerar a prtica e aperfeioamento de outra modalidade de gerenciamento prisional, garantir e gerar lucro para o empresrio e a efetivao das leis e a qualidade do servio pblico, atravs da inexistncia de fugas, da chance real de ressocializao do preso e da diminuio gradativa da reincidncia. J o posicionamento contrrio alude que as empresas privadas estariam longe de combater a criminalidade j que seu lucro necessitaria de que a criminalidade aumentasse, desviando assim a finalidade da pena e exercendo o jus puniendi do estado; uma ausncia de lei especfica, o preso como elemento de negcios, a influncia no aumento da populao carcerria, e a explorao do trabalho do preso. A opinio de diversos doutrinadores, juristas e especialistas elencadas a seguir demonstram a preocupao que tal assunto repercute no Brasil de modo que afeta diretamente a legislao e o atual modelo carcerrio.

    Registro que sou amplamente favorvel privatizao, no modelo francs e as duas experincias brasileiras, uma no Paran h um ano e outra no Cear, h dois meses, h de se reconhecer que so um sucesso, no registram uma rebelio ou fuga e todos que orbitam em torno dessas unidades, revelam que a utopia de tratar o preso adequadamente pode se transformar em realidade no Brasil. [...] Das modalidades que o mundo conhece, a aplicada pela Frana a que tem obtido melhores resultados e testemunho que, em visita oficial aos estabelecimentos franceses, o que vi foi animador. Trata-se de verdadeira terceirizao, na qual o administrador privado, juntamente com o Estado fazem parceria administrativa, inovando o sistema prisional. J o modelo americano, o qual tambm visitei, tal seria inaplicvel ao Brasil, porquanto a entrega do homem preso ao particular total, fato que afrontaria a Constituio brasileira. [...]De minha parte, no me acomodo e continuo a defender essa experincia no Brasil, at porque no admito que a situao atual se perpetue, gerando mais criminalidade, sugando nossos preciosos recursos, para piorar o homem preso que retornar, para nos dar o troco! (DURSO, Luz Flvio Borges. 2008, pg. 1)

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    O defensor Patrick Cacicedo, coordenador do Ncleo de Situao Carcerria, em nota ao jornal Estado, de So Paulo, na reportagem de Manso, Bruno Paes categrico quando diz:

    " obrigao do Estado executar a pena do detento". Mas o problema mais grave, para ele, poltico.[...] A privatizao do sistema transforma o preso em mercadoria. Conforme as empresas assumem os negcios, quanto mais presos, maior o lucro. Nos Estados Unidos, isso fez com que aumentasse o lobby para o endurecimento das penas e contribuiu para o boom do encarceramento. Com os nossos congressistas populistas pode ocorrer o mesmo.

    Laurindo Minhoto, fortalece a crtica contra a gesto privada quando afirma que:

    "A grande promessa dos advogados da privatizao no Brasil justamente essa (diminuir custos). A ideia de que a iniciativa privada, mais eficiente, adote programas de qualidade e de gesto. Dizem que ela j teria sido, em tese, comprovada nos pases onde houve implementao do sistema. Digo sinceramente: no h qualquer estudo que comprove isso, aqui ou l. Redues de custo, quando existem, so mnimas se comparadas aos gastos dos estabelecimentos pblicos. E, em muitas situaes, o que parece que essa diminuio do preo por detento aparece devido piora na qualidade dos servios penitencirios. Justamente no que seria o diferencial: na ressocializao, educao, trabalho, sade e acompanhamento do preso. So tarefas que sofrem piora em funo do corte de custos. Os presdios privados so a Gol (empresa de aviao brasileira que barateia passagens e oferece servio de bordo mais modesto) do setor." (MINHOTO, Laurindo Dias. 2012 pg. 1)

    Em entrevista Dataveni@ durante o I Frum de Direito Pblico, Fernando Capez defende a privatizao de forma bem rspida como argumento de que:

    melhor que esse lixo que existe hoje. Ns temos depsitos humanos, escolas de crime, fbrica de rebelies. O estado no tem recursos para gerir, para construir os presdios. A privatizao deve ser enfrentada no do ponto de vista ideolgico ou jurdico, se sou a favor ou contra. Tem que ser enfrentada como uma necessidade absolutamente insupervel. Ou privatizamos os presdios; aumentamos o nmero de presdios; melhoramos as condies de vida e da readaptao social do preso sem necessidade do investimento do Estado, ou vamos continuar assistindo essas cenas que envergonham nossa nao perante o mundo. Portanto, a privatizao no a questo de escolha, mas uma necessidade indiscutvel um fato. (Dat@avenia, 2002, pg. 1).

    Rmulo Ferraz em entrevista ao programa CQC da Band, no dia 13/05/2013 menciona um dos principais problemas no atual sistema carcerrio no Brasil, realizando que a parceria publico-privada uma soluo: A possibilidade de recuperao que muito difcil, o sistema hoje, no pas todo, a reincidncia muito grande..

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    Contudo, o presidente da associao de juzes para a democracia Jose Henrique Rodrigues Torres em mesma entrevista contra-ataca afirmando que:

    o sistema de prisionalizao que a base de toda o sistema de criminalizao, ele ineficaz, irracional e seletivo, ou seja, um fracasso social, um fracasso do Estado, e agora o que se pretende com esse projeto de privatizao transformar esse fracasso em um fracasso lucrativo.

    Ambos os posicionamentos pressupem um gasto significativo no processo de construo de um presdio e na falha do atual sistema carcerrio brasileiro, apontam as falhas e as seguranas dos dois posicionamentos.

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    CONSIDERAES FINAIS

    Diante de todo o exposto no trabalho, pode ser observado que durante toda a histria o sistema carcerrio sofreu alteraes e evoluiu para melhor se adequar realidade da poca na qual era inserido, no campo histrico, politico, social e jurdico, adequando a figura do preso na necessidade do Estado, como escravizar, torturar, punir ou/e ressocializar.

    O ponto chave da pesquisa visa trazer tona que o atual sistema carcerrio brasileiro no possui estrutura/recursos para a ressocializao de um preso junto sociedade, vinculando o fracasso m administrao de recursos e pessoas responsveis pela consecuo do processo ressocializatorio do encarcerado.

    As leis brasileiras so rgidas e completas quanto ao cumprimento da pena, contudo a estrutura oferecida pelo governo no suficiente para a realizao e cumprimento dos direitos, deveres e garantias dos presos, longe de ser um sistema punitivo e doloroso para os encarcerados, a legislao apregoa que o objetivo da legislao o de reestruturao do ser humano, a reintegrao do marginalizado na estrutura social.

    Atualmente o que acontece que o presidirio ao sair do carcerrio, sai pior do que como entrou, adquirindo maior periculosidade em sua estadia no crcere, seja trocando conhecimento no tempo ocioso ou pelos prprios abusos cometidos contra ele dentro do local, sendo risco para a populao, a sociedade mesmo que ele tenha sido preso.

    As experincias citadas em todo o mundo mostram a eficincia de tal sistema alternativo na administrao presidiria do Estado junto empresas privadas que conseguem movimentar verbas e pessoas afim de efetuar o bem comum e final, qual seja a ressocializao do preso na sociedade, efetivando com rigor a lei, de um lado o privado administrando e de outro o Estado fiscalizando.

    O lucro obtido pelas empresas significante, talvez a razo pelo sucesso em muitas partes do mundo, no Brasil uma pastoral conseguiu gerir servios em um presdio com base na religio e filantropia tendo uma renda nfima, mostrando que a consecuo nas mos de um privado pode e deve ser adotada para ao livramento dos presos de um martrio social, desse estigma de eternamente marginalizado, a falta de credibilidade da sociedade para com o resocializando.

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    A ateno gerada pelo sistema de Parcerias Pblico-Privadas ao preso estabelece um vinculo com o preso de confiana, na qual ele passa a acreditar no sistema e se esfora para cumprir o programa do presdio, com isso ainda possui a chance de sair empregado das diversas penitenciarias que possuem parcerias com empresrios locais, alm dos diversos auxlios que deixam de ser um sonho e passam a ser realidade, com isso o preso amparado constantemente e tem seus direitos e deveres assegurados.

    O cumprimento da pena de maneira digna pelo preso uma obrigao do Estado pela Carta Magna, por Tratados Internacionais e pela humanizao que os gestores devem ter ao tratar um ser encarcerado que acima de tudo um ser humano como o restante da populao.

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    REFERENCIAL BIBLIOGRFICO

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  • 32

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