Técnicas para coleta de secreções

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Ministrio da Sade Secretaria de Polticas de Sade Programa Nacional de DST e Aids

Tcnicas para Coleta de Secrees

Braslia 2001

MINISTRIO DA SADE Jos Serra Ministro de Estado da Sade Cludio Duarte Secretrio de Polticas de Sade Paulo Roberto Teixeira Coordenador Nacional de DST/AIDS-MS Miriam Franchini Coordenadora de Produo do Projeto TELELAB Autores Cludia Renata Fernandes Martins Jos Antnio Pinto de S Ferreira Luiz Fernando de Ges Siqueira Lus Alberto Peregrino Ferreira Maria Luza Bazzo Miriam Franchini Oscar Jorge Berro Slvio Valle Assessoria Pedaggica Maria Lcia Ricciotti Ribinik Martistela Arantes Marteleto

Tcnicas para Coleta de Secrees. Braslia : Ministrio da Sade, Programa Nacional de Doenas Sexualmente Transmissveis. Aids, 1997. 51 p.: il. (Srie TELELAB). 1. Coleta de secrees. I. Programa Nacional de Doenas Sexualmente Transmissveis e Aids (Brasil). II. Srie TELELAB

Os responsveis pela implantao do TELELAB empenharam toda sua capacidade profissional para tornar este projeto digno da qualidade tcnica e cientfica e da eficincia que nossa coordenadora-geral sempre imprimiu s realizaes do Programa Nacional de DST/AIDS do Ministrio da Sade. Dra. Lair Guerra de Macedo Rodrigues, exemplo de coragem e liderana, dedicamos este trabalho.

Pedro Chequer

APRESENTAO............................................................................................................................06 INTRODUO...............................................................................................................................11 O POFISSIONAL DE SADE E O PACIENTE.................................................................................11 A AMOSTRA...................................................................................................................................12tipos de amostra e testes de escolha.....................................................................................14 materiais para coleta de secrees........................................................................................14

SECREO MASCULINA.............................................................................................................17seqncia da coleta no homem............................................................................................19 coleta no homem para exame a fresco................................................................................20 coleta no homem para diagnstico do gonococo.................................................................21 coleta no homem para diagnstico da clamdia....................................................................21

SECREO FEMININA................................................................................................................23seqncia da coleta na mulher...............................................................................................25 coleta de secreo uretral feminina........................................................................................26 coleta de secreo vaginal......................................................................................................26 coleta de secreo endocervical...........................................................................................27

COLETA DE SECREO ANAL E OCULAR................................................................................29 PREPARO DA AMOSTRA...............................................................................................................33lminas e esfregao..................................................................................................................35

SEMEADURA E ARMAZENAMENTO............................................................................................37meio de Amies...........................................................................................................................39 meio de Thayer-Martin modificado...........................................................................................40 atmosfera de CO2......................................................................................................................41 meio de tioglicolato, gar-sangue, Agar-mc-Conke y e meio de Stuart.............42

TRANSPORTE DE AMOSTRAS.......................................................................................................43 BIOSSEGURANA.................................................................................................................47- 62 CONSIDERAES FINAIS............................................................................................................63 REFERNCIAS BIBLIOGRFICASPN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Tcnicas para coleta de secrees

Agora voc faz parte do Sistema de Educao a Distncia para profissionais da sade envolvidos com o diagnstico laboratorial das Doenas Sexualmente Transmissveis e Aids - DST/AIDS - TELELAB. O TELELAB foi criado para levar at voc cursos com informaes indispensveis para que seu trabalho seja realizado dentro dos padres de qualidade estabelecidos pelo Programa Nacional de Doenas Sexualmente Transmissveis e Aids, do Ministrio da Sade - PN-DST/AIDS-MS. Assistindo ao programa de vdeo e estudando este manual, voc ter a oportunidade de verificar o que pode ser mudado no seu dia-a-dia e o que pode ser mantido. Assim, voc ter mais confiana nos resultados do seu trabalho e mais tranqilidade no que se refere sua segurana pessoal.

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Vdeo e Manual

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Ps-teste

Faa o ps-teste e responda ao questionrio de avaliao. Suas informaes so fundamentais para a melhoria do TELELAB. Para obter o certificado, voc dever acertar no minmo 80% do ps-teste. Depois da correo do seu teste pelo PN-DST/AIDS, voc receber o certificado.

Certificado

Ao final deste curso voc ser capaz de: identificar os procedimentos e tcnicas recomendados pelo PN-DST/ AIDS para a identificao, a coleta, o preparo, o armazenamento e o transporte de amostras de secrees; e executar a identificao, a coleta, o preparo, o armazenamento e o transporte de amostras de secrees, obedecendo aos critrios tcnicos, critrios de controle de qualidade e cuidados de biossegurana recomendados.

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INTRODUO A necessidade crescente de combater e controlar as Doenas Sexualmente Transmissveis (DST) tem estimulado especialistas a desenvolver estratgias e metodologias capazes de atender, em nvel local, grandes massas populacionais. Dentro desse contexto, o laboratrio oferece contribuio indispensvel para a agilizao das rotinas de diagnstico. Alm disso, frente a quadros com variaes de caractersticas clnicas e a casos com multietiologia, cada vez mais freqentes, o laboratrio se apresenta como nica alternativa de diagnstico. O correto diagnstico laboratorial depende da coleta adequada de amostras para os testes. Este manual apresenta, passo a passo, os procedimentos e tcnicas recomendados pelo Programa Nacional de Doenas Sexualmente Transmissveis e Aids do Ministrio da Sade, para coleta, identificao, semeadura, armazenamento e transporte de amostras de secreo uretral, vaginal, endocervical, anal e ocular. Ao mesmo tempo, alerta voc para os critrios de controle de qualidade e os cuidados de biossegurana indispensveis para o desempenho seguro de suas tarefas. Para saber mais sobre o diagnstico laboratorial das DST/aids, faa os outros cursos da srie TELELAB. Lembre-se: tudo comea com a coleta adequada das amostras. O PROFISSIONAL DE SADE E O PACIENTE Como receber o paciente e que informaes fornecer? Receba o paciente com simpatia e cordialidade. A cada etapa, explique os procedimentos a que ele vai ser submetido, de modo a transmitir-lhe tranqilidade.PN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Tcnicas para coleta de secrees

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Em que casos se deve aconselhar o paciente a fazer tambm os testes de Sfilis e HIV? Todo paciente atendido nas clnicas de DST/aids deve ser estimulado a fazer os testes de Sfilis e de HIV. A AMOSTRA Quais as amostras colhidas no homem para o diagnstico laboratorial da DST? Em pacientes do sexo masculino, a secreo uretral o material de escolha para o diagnstico da uretrite gonoccica e da clamdia, alm do exame a fresco para diagnstico de Trichomonas sp., Gardnerella vaginalis e Candida sp. Novos testes utilizando a urina como amostra esto sendo desenvolvidos, porm, ainda no apresentam a eficincia desejada. Quais as amostras colhidas na mulher para o diagnstico laboratorial das DST? A secreo endocervical e a uretral so as mais indicadas. A coleta da secreo vaginal indicada apenas para criana, para mulheres histerectomizadas e para o diagnstico de Trichomonas sp., Gardnerella vaginalis e Candida sp. A secreo uretral utilizada em casos de uretrite, ou quando, por indicao e combinao com a coleta endocervical, aumentar a possibilidade de um diagnstico conclusivo para Neisseria gonorrhoeae ou Clamdia. Que outras amostras podem ser utilizadas para o diagnstico da DST? A secreo ocular, em casos de oftalmia gonoccica ou por clamdia em recm-nascidos; a secreo anal, em casos suspeitos de infeco gonoccica anal e a secreo orofarngea em pacientes que apresentam sintomas clnicos.PN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Tcnicas para coleta de secrees

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Qual o teste de escolha para o diagnstico da uretrite gonoccica masculina? A bacterioscopia pela tcnica de colorao de Gram a mais indicada. Em pacientes masculinos esta tcnica tem sensibilidade em torno de 95% para caracterizao de uma amostra positiva, alm de ser muito rpida e econmica. A cultura do gonococo, em homens, est reservada aos casos de suspeita de resistncia desta bactria aos antimicrobianos. A cultura recomendada tambm quando a bacterioscopia for negativa e permanecer a suspeita clnica, e para amostras de secreo anal, orofarngea e ocular. Qual o teste de escolha para o diagnstico da infeco gonoccica na mulher? A cultura do gonococo o teste de escolha para diagnstico dessa infeco na mulher. A bacterioscopia no deve ser utilizada, pois apresenta baixa sensibilidade em amostras femininas. Quais os testes de escolha para o diagnstico das infeces por clamdia? Tanto para pacientes do sexo masculino quanto feminino, o mtodo Padro Ouro para o diagnstico da clamdia a cultura celular. Entretanto, esse mtodo de difcil execuo e est disponvel em poucos laboratrios do pas. O PN-DST/AIDS do Ministrio da Sade recomenda o teste de Imunofluorescncia Direta (IFD) para servios com pequeno nmero de amostras. Para servios com grande rotina so recomendados os testes imunoenzimticos do tipo ELISA seguidos, no caso de amostras reagentes, de um teste confirmatrio do tipo Blocking (reao de bloqueio) ou de IFD. Para saber mais sobre os testes de clamdia faa o curso Diagnstico Laboratorial da Clamdia da Srie TELELAB.PN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Tcnicas para coleta de secrees

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Quais os materiais necessrios para fazer a coleta de secrees? Sala Pia Mesa ginecolgica Foco de luz Espculo vaginal Swab ou zaragatoa de haste de alumnio com algodo tratado e no tratado Swab ou zaragatoa de haste de plstico ou madeira com algodo tratado e no tratado Metanol Lminas Lamnulas Gaze estril Soluo salina estril Meios de cultura Meios de transporte Etiqueta para identificao de amostra Lpis Recipiente com boca larga, paredes rgidas e tampa contendo hipoclorito de sdio a 2% Luvas descartveis Touca, mscara e culos Que tipo de swab dever ser utilizado para a coleta de secrees? Depende da finalidade da coleta. Para bacterioscopia, exame a fresco e algumas culturas bacteriolgicas de rotina, utilize swab com haste plstica, alumnio ou madeira e algodo no tratado. Para cultura de gonococo, utilize swab com algodo alginatado ou com carvo. O swab comum de algodo contra-indicado, pois os cidos graxos presentes no algodo inativam os gonococos, impedindo os seu crescimento em meios de cultura.PN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Tcnicas para coleta de secrees

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Para imunofluorescncia direta - IFD, ensaio imunoenzimtico - Elisa ou cultura de clamdia, utilize swab com haste plstica ou de alumnio. O swab de haste de alumnio tem o dimetro mais adequada para coleta de secreo uretral.

Jamais utilize swab tratado com carvo na coleta de amostras para clamdia, pois o carvo deixa resduos que interferem na qualidade da amostra.

Se voc utilizar swab tratado com carvo na coleta de amostra para a cultura do gonococo, colha antes a amostra para clamdia.

Figura 1: Swabs diversos

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Qual a seqncia para coletas de amostras no homem? Para definir a seqncia, utilizamos como exemplo um paciente que teve solicitao de exames para pesquisa dos principais agentes etiolgicos causadores das DST. Observe a seqncia:1. Exame a Fresco Salina

Secreo Uretral

2.Bacterioscopia Mtodo de Gram

3. Cultura gonocoo

4. Clamdia IFD/ELISA

Essa seqncia deve ser adaptada segundo a solicitao do mdico, desconsiderando as etapas que incluem exames que no foram solicitados.

Colha primeiro a amostra para clamdia se voc utilizar swab com algodo tratado com carvo na coleta de amostra para cultura de gonococo.

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Como fazer a coleta da secreo uretral masculina para exame a fresco? 1. Coloque uma gota de salina sobre uma lmina previamente identificada; 2. Solicite ao paciente para retrair o prepcio; 3. Limpe a secreo emergente com gaze estril; 4. Certifique-se de que a uretra esteja reta; 5. Introduza o swab cerca de 2 centmetros no canal uretral atravessando a fossa navicular; 6. Gire o swab delicadamente de 8 a 10 vezes para absorver a secreo; 7. Retire o swab, coloque a secreo sobre a salina na lmina e homogeneize; 8. Cubra com uma lamnula e examine o esfregao sob microscopia em aumento de 40x.

Lembre-se: A fossa navicular uma poro da uretra anterior, distante cerca de 2 cm do meato uretral externo. Devido a sua anatomia, concentra microorganismos viveis para pesquisa sem a contaminao de agentes externos ou da ao de enzimas contidas na secreo.

Figura 1. Uretra anterior, fossa navicular e meato uretral externo.PN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Tcnicas para coleta de secrees

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Qual o procedimento na coleta da secreo uretral masculina para o diagnstico do gonococo? 1. Solicite ao paciente para retrair o prepcio; 2. Limpe a secreo emergente com gaze estril; 3. Introduza o swab alginatado ou com carvo cerca de 2 centmetros no canal uretral, atravessando a fossa navicular; 4. Gire o swab delicadamente de 8 a 10 vezes para absorver a secreo; 5. Retire o swab, faa um esfregao fino e homogneo ou inocule a amostra em meio de cultura apropriado. Qual o procedimento de coleta da secreo uretral masculina para o diagnstico da clamdia? 1. Solicite ao paciente para retrair o prepcio; 2. Limpe a secreo emergente com gaze estril; 3. Introduza o swab, com haste de alumnio, cerca de 4 centmetros no canal uretral; 4. Gire delicadamente de 8 a 10 vezes para obter o maior nmero de clulas epiteliais possveis. Lembre-se que a Chlamydia trachomatis uma bactria intracelular e o seu diagnstico laboratorial depende do nmero de clulas contidas na amostra. So necessrias pelo menos 50 clulas epiteliais; 5. Faa um esfregao fino e homogneo ou coloque o swab em meio de conservao para ELISA. Ateno: A coleta de amostra de secreo uretral para o diagnstico laboratorial do gonococo e da clamdia deve ser feita de preferncia pela manh, antes do paciente urinar. Caso isso no seja possvel, espere pelo menos trs horas aps a ltima mico. Assegure-se de que o paciente no esteja sob o efeito de tratamento com antibitico. A coleta s dever ser realizada 7 dias aps o trmino do tratamento. Jamais colete a secreo emergente, pois a ao das enzimas presentes inativam ou destrem os microorganismos, impedindo sua observao ou cultivo.PN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Tcnicas para coleta de secrees

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Qual a seqncia para coleta de amostras na mulher? Para definio da seqncia, tomamos como exemplo uma paciente que teve solicitao de exames para a pesquisa dos principais agentes etiolgicos causadores das DST. Observe a seqncia:1. Secreo Uretral

Clamdia IFD/ELISA

2. Secreo Vaginal

1. Exame a Fresco

Salina

2.Bacterioscopia Mtodo de Gram 3. Secreo Endocervical 3. Cultura Gonococo 4. Clamdia IFD/ELISA

Essa seqncia deve ser adaptada segundo a solicitao do mdico, desconsiderando as etapas que incluem exames que no foram solicitados.

Caso o swab utilizado na coleta da amostra para cultura de gonococo seja tratado com carvo, colha primeiro a amostra para os testes de clamdia.

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Qual o procedimento de coleta da secreo uretral feminina para o diagnstico da clamdia? 1. Faa a expresso da secreo das glndulas parauretrais pressionando a parede vaginal com o dedo mdio; 2. Introduza o swab cerca de 2 centmetros na uretra; 3. Colete a secreo girando delicadamente o swab de 8 a 10 vezes.

Uretra

Figura 3: Coleta de secreo uretral feminina.

Ateno: Faa a coleta aps trs horas da ltima mico. Como fazer a coleta da secreo vaginal para o exame a fresco? Em mulheres, a secreo do fundo do saco vaginal pode ser utilizada para o exame a fresco. Este exame permite a pesquisa de Candida sp, Trichomona sp e Gardnerella vaginalis. 1. Coloque uma gota de salina sobre uma lmina limpa, previamente identificada; 2. Introduza o espculo; 3. Colete a amostra do saco vaginal com o auxlio de um swab; 4. Retire o swab, coloque a secreo sobre a sallina na lmina e homogeneize; 5. Cubra com lamnula e examine imediatamente o esfregao sob microscopia em aumento de 40x. Em crianas e em mulheres histerectomizadas, a secreo do fundo do saco vaginal utilizada para exame a fresco, cultura de gonococo e diagnstico da clamdia.PN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Tcnicas para coleta de secrees

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Qual o procedimento de coleta da secreo endocervical para o diagnstico do gonococo? 1. Introduza o espculo; 2. Limpe com gaze estril a secreo do fundo do saco vaginal e a que recobre o colo do tero; 3. Introduza o swab alginatado ou com carvo cerca de 1 centmetro no canal endocervical, girando-o delicadamente de 8 a 10 vezes, para absorver a secreo. Cuidado para no tocar as paredes vaginais; 4. Retire o swab, sem tocar as paredes vaginais.

Canal endocervicalFigura 4: Localizao do canal endocervical. Figura 5: Coleta de secreo endocervical.

Assegure-se de que a paciente no esteja sob o efeito de tratamento com antibitico. Neste caso, a coleta s dever ser realizada 7 dias aps o trmino do tratamento. No utilize espculo lubrificado. O lubrificante atua sobre o gonococo, inativando-o. Se for necessrio, utilize gua morna para facilitar a introduo do espculo. Jamais utilize ala bacteriolgica para fazer a coleta, por causa do risco de traumatismo na endocrvice. Inocule a amostra em meio de Thayer-Martin ou em meio de transporte de Amies, imediatamente aps a coleta. Bacterioscopia pela colorao de Gram no deve ser utilizada para o diagnstico de infeco gonoccica na mulher. Sua utilidade reserva-se ao diagnstico de outros agentes, pois essa tcnica apresenta sensibilidade inferior a 60% na mulher.PN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Tcnicas para coleta de secrees

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Qual o procedimento de coleta da amostra endocervical para o diagnstico da clamdia na mulher? o mesmo procedimento descrito na resposta anterior. Observe apenas o tipo de swab disponvel. Se voc utilizar swab com carvo para a coleta da amostra destinada cultura de gonococo, colha a amostra para a clamdia primeiro. Lembre-se que a sensibilidade do diagnstico laboratorial da clamdia aumenta quando se colhe amostra uretral e endocervical. Aps a coleta, faa um esfregao fino e homogneo para o teste IFD ou coloque o swab em meio de conservao para ELISA.

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Qual o procedimento de coleta da secreo anal para cultura do gonococo? 1. Introduza o swab alginatado ou com carvo no reto, cerca de 2 centmetros; 2. faa movimentos circulares junto parede retal raspando o material das criptas por 30 segundos, para absorver a secreo; 3. repita o procedimento com novo swab, caso o swab toque as fezes. Quais os procedimentos de coleta da secreo ocular para cultura do gonococo e diagnstico da clamdia? 1. Limpe a secreo externa ao olho com gaze estril; 2. Afaste a plpebra e limpe a secreo acumulada nos cantos do olho; 3. Colete material dentro da conjuntiva ocular, com auxlio do swab.

Jamais colete secreo acumulada no canto do olho.

Figura 1: Coleta de secreo anal.

Figura 2: Coleta de secreo ocular.

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Como preparar e identificar as lminas para bacterioscopia? 1. Identifique corretamente as lminas; 2. Prepare sempre duas lminas para cada teste, sendo uma de reserva para o caso de acidente ou resultado insatisfatrio da colorao. Utilize lminas limpas e desengorduradas. Sempre que possvel, utilize lminas novas. Como preparar esfregaos com qualidade? Voc pode fazer um esfregao fino e homogneo do seguinte modo: 1. Gire o swab delicadamente sobre a superfcie central da lmina. Obedea as margens da lmina. 2. Deixe o esfregao secar em temperatura ambiente.

Figura 1: Preparao de esfregao para colorao de Gram

No esfregue o swab sobre a lmina, pois isto destri as estruturas celulares impedindo a diferenciao das estruturas celulares e bacterianas.PN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Tcnicas para coleta de secrees

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Como fixar o esfregao para colorao de Gram? No mtodo de Gram modificado, recomendado pelo PN-DST/AIDS, o cristal de violeta utilizado j contm fixador. Para conhecer melhor esse mtodo, consulte o curso TCNICA DE COLORAO DE GRAM da Srie TELELAB. Jamais fixe o esfregao em chama. Tal procedimento destri as estruturas celulares, devido a rpida desidratao da amostra. Como preparar a amostra para o teste de Imunofluorescncia Direta IFD para clamdia? 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Identifique uma lmina prpria para IFD; Prepare um esfregao fino e homogneo; Deixe secar em temperatura ambiente; Fixe, pingando sobre o esfregao, 3 a 4 gotas de metanol; Deixe evaporar em temperatura ambiente; Embale em papel alumnio; Identifique externamente a amostra.

Figura 2: Procedimento de embalagem da lmina

Essa amostra pode ser conservada em geladeira por at 72 horas antes do envio para o laboratrio, ou pode ser congelada a 20C por 6 meses.PN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Tcnicas para coleta de secrees

SEMEADURA E ARMAZENAMENTO

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Como semear e armazenar a amostra para cultura de Neisseria gonorrhoeae utilizando o meio de Amies? 1. Assegure-se de que o meio est em condies de uso e temperatura ambiente, antes do uso; 2. Introduza o swab completamente no meio; 3. Feche bem a tampa do tubo; 4. Deixe em temperatura ambiente at o envio para o laboratrio.

O meio de Amies, utilizado para transportar amostras para cultura de Neisseria gonorrhoeae, uma mistura de sais balanceados e carvo, que preservam o gonococo vivel por 8 horas, no mximo. A semeadura em meio de Thayer-Martin modificado deve ocorrer dentro deste perodo.

Figura 1: Semeadura no meio de Amies

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Como semear e incubar amostras para cultura de Neisseria gonorrhoeae em meio de Thayer-Martin modificado? 1. Assegure-se de que o meio est em condies adequadas de uso e temperatura ambiente; 2. Faa no meio uma estria em forma de Z , gire o swab delicadamente sobre o meio at completar a estria; 3. Reestrie no sentido inverso do Z com uma ala bacteriolgica estril e resfriada; 4. Coloque as placas em posio de cultura (com o meio para baixo), dentro de uma lata; 5. Coloque, no fundo da lata, um chumao grande de algodo embebido em muita gua para garantir a umidade; 6. Utilize o sistema da vela ou do comprimido efervescente para obter uma atmosfera entre 3 e 7% de CO2; 7. Feche hermeticamente a lata, vedando-a com fita crepe ou esparadrapo; 8. Incube em estufa a 35C entre 24 e 48 horas e envie para o laboratrio.

Figura 2 e 3: Semeadura em meio de Thayer-Martin.

Thayer-Martin modificado o meio de cultura especfico para o crescimento e isolamento da Neisseria gonorrhoeae. Compe-se principalmente de um meio base para a gonococo, acrescido de hemoglobina, suplementos vitamnicos e soluo de antibiticos para impedir o crescimento de contaminantes.PN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Tcnicas para coleta de secrees

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Como criar uma atmosfera de CO2 utilizando o mtodo da vela? 1. Prenda uma vela na parede interna da lata onde foi colocado o meio. Voc tambm pode prender a vela sobre a tampa de uma placa de Petri e coloc-la dentro da lata com o meio; 2. Acenda a vela; 3. Tampe bem a lata e vede-a com fita adesiva ou esparadrapo. Como criar uma atmosfera de CO2 utilizando o mtodo do comprimido efervescente? 1. Embeba um algodo em gua e coloque-o sobre a tampa de uma placa de Petri; 2. Coloque sobre o algodo um comprimido efervescente; 3. Coloque a tampa da placa com o algodo e o comprimido dentro da lata que contm o meio; 4. Tampe bem a lata e vede-a com fita adesiva ou esparadrapo. Como semear as amostras para isolar outros agentes infecciosos em uretrites, vaginites e cervicites? A Neisseria gonorrhoeae, a Chlamydia trachomatis, o Trichomonas vaginalis, a Candida sp e a Gardnerella vaginalis so responsveis por mais de 95% das uretrites, vaginites e cervicites. Aps a excluso desses agentes como causadores do quadro infeccioso diagnosticado, a cultura de outras bactrias pode ser til. Vrios meios de cultura podem ser utilizados, incluindo o meio de tioglicolato, gar-sangue e o gar-mc-Conkey. Para a semeadura em meio de tioglicolato, proceda da seguinte forma: 1. Introduza o swab no tubo, agitando-o vigorosamente no meio de cultura; 2. Retire cuidadosamente o swab, pressionando-o contra as paredes do tubo para tirar o excesso do lquido. Nos meios slidos de gar-sangue e gar-mc-Conkey, proceda como na semeadura no meio de Thayer-Martin modificado.PN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Tcnicas para coleta de secrees

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No caso de uretrites, vaginites e cervicites no gonoccicas, que meio de transporte utilizar? Utilize o meio de Stuart. 1. Introduza o swab com a amostra completamente no meio; 2. Deixe em temperatura ambiente at o envio ao laboratrio.

O meio de Stuart utilizado para transportar amostras para cultura de cocos Gram-positivos e bastonetes Gram-negativos, mantendo as bactrias viveis por 24 horas (tempo de segurana) at serem semeadas em meio especfico para crescimento.

Como conservar as placas de Thayer-Martin nos servios de DST/aids? As placas de Thayer-Martin devem ser guardadas em sacos plsticos bem vedados e conservadas sob refrigerao. Devem ser utilizadas, em mdia, at 10 dias aps o seu preparo. Depois desse perodo, a atividade dos antibiticos comea a diminuir. Alm disso, o meio sofre um processo de desidratao, tornando-se inadequado para uso. Como conservar os meios de Amies e Stuart nos servios de DST/aids? Esses meios devem ser conservados no refrigerador no mximo por 1 ms aps a sua preparao. Caso os meios tenham sido adquiridos j prontos, siga as instrues do fabricante.

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TRANSPORTE

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As amostras para exame a fresco podem ser transportadas? O exame a fresco deve ser realizado imediatamente no prprio local de coleta porque o transporte e a demora alteram a sensibilidade deste mtodo. Como transportar as amostras para exame bacterioscpico pela tcnica de Gram? As lminas para bacterioscopia pela tcnica de Gram devem ser transportadas em temperatura ambiente. Certifique-se de que as duas lminas esto corretamente identificadas e embaladas em papel alumnio. Como transportar as amostras para testes de Clamdia? As lminas de IFD para clamdia e os tubos para teste de ELISA devem ser transportados devidamente identificados e embalados, em caixa trmica com gelo. Como transportar o material colhido para cultura da Neisseria gonorrhoeae? As amostras conservadas em meio de transporte de Amies devem ser transportadas devidamente identificadas, em caixa trmica, temperatura ambiente, tambm devidamente identificadas. As placas de Thayer-Martin devem ser enviadas ao laboratrio dentro de lata vedada, com tenso de CO2 e umidade, aps 24 a 48 horas de incubao, ou seja, aps o crescimento primrio da cultura. Ateno: Jamais refrigere a amostra para a cultura de gonococos, pois eles so inativados sob baixas temperaturas.PN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Tcnicas para coleta de secrees

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Para cuidar de sua segurana, da segurana de seus colegas de trabalho e do meio ambiente, obedea aos procedimentos bsicos de biossegurana em laboratrios:

Figura 1. Smbolo de risco biolgico

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Todo cuidado pouco na manipulao de materiais biolgicos, tais como soro, sangue ou secrees, fluidos orgnicos, tecidos etc. Redobre suas precaues, pois esses materiais so potencialmente infectantes e muitas vezes esto contaminados com agentes etiolgicos diferentes do que se est pesquisando, ou ainda desconhecidos. Nunca pipete com a boca e jamais cheire placas de cultura. A inativao do soro em banho-maria a 56C por 30 minutos no elimina o potencial infectante da amostra. Lembre-se de que, com a automao, aumentou muito o nmero de amostras processadas em laboratrio e, conseqentemente, aumentou tambm o risco de contaminao. Como voc sabe, difcil afirmar que um profissional se contaminou, de fato, em servio. Isso faz com que as doenas infecto-contagiosas causadas por acidentes de trabalho no sejam devidamente notificadas; em conseqncia, as medidas de segurana envolvendo o biorrisco acabam no sendo implementadas.

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Use sempre Equipamento de Proteo Individual (EPI): avental ou jaleco longo de mangas compridas e punho retrtil, luvas descartveis, culos de proteo, pipetadores manuais ou automticos e, quando for o caso, protetor facial.

Os EPI so regulamentados pelo Ministrio do Trabalho e seu uso visa a minimizar a exposio do tcnico aos riscos e evitar possveis acidentes nos laboratrios. Note que, s vezes, os profissionais de laboratrio precisam de um tempo para se adaptar ao uso dos equipamentos na sua rotina. O importante que voc se adapte e incorpore a utilizao dos EPI sua prtica profissional. O uso indevido dos EPI, ao invs de proteger, poder ocasionar acidentes.

Figura 2. Ilustrao dos principais Equipamentos de Proteo Individual (EPI)PN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Biossegurana

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Evite a formao e disperso de aerossis. Aerossis so micropartculas slidas e lquidas com dimenses aproximadas entre 0,1 e 50 micra que podem, caso contenham microorganismos, permanecer em suspenso e plenamente viveis por vrias hora. A pipetagem, flambagem de alas, abertura de frascos e ampolas, manipulao de seringas, agulhas, lancetas, lminas e outros assemelhados podem gerar e propagar aerossis.

Abertura de frascos, ampolas, tubos e garrafas de cultura requer cuidados especiais. Envolva a parte a ser aberta com um pedao de gaze. Utilize um pedao de gaze para cada material, prevenindo assim a contaminao cruzada. Descarte-a imediatamente em hipoclorito de sdio a 2 %. Centrfugas, agitadores e maceradores, quando manipulados sem as precaues e abertos antes da total parada ou trmino da operao, igualmente podem contaminar o ambiente laboratorial.

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Jamais reencape agulhas. Esse procedimento uma das principais causas da contaminao de profissionais de sade por microorganismos, existentes no sangue e em outros fluidos orgnicos, como por exemplo, o vrus da hepatite B e o HIV. Aps a coleta, voc deve descartar esse material diretamente em recipiente de paredes rgidas com tampa, contendo hipoclorito de sdio a 2 % em volume superior a metade do recipiente. Lembre-se: Cada mililitro de sangue contaminado com o vrus da hepatite B contm 100.000.000 de partculas virais, que podem permanecer viveis por at uma semana. Basta uma dessas partculas para contaminar a pessoa.

Hipoclorito de sdio a 2%

Figura 3. Ilustrao do descarte de agulha em recipiente apropriadoPN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Biossegurana

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Reduza ao mximo o manuseio de resduos, em especial os perfurocortantes. Descarte o rejeito perfurocortante diretamente em recipiente de paredes rgidas, contendo hipoclorito de sdio a 2 %. Deixe em imerso total no mnimo por 24 horas e, em seguida, faa a autoclavao desse material.

Esta uma regra bsica para diminuir os riscos de acidente nos laboratrios. fundamental que os materiais perfurocortantes sejam autoclavados depois da imerso em hipoclorito de sdio a 2%. S ento esses materiais devem ser encaminhados ao lixo hospitalar. O acondicionamento dos resduos de laboratrio deve seguir a Norma Brasileira (NBR) 9190 da Associao Brasileira de Normas Tcnicas- ABNT, que recomenda sacos brancos leitosos para os resduos potencialmente infectantes e hospitalares e escuros para o lixo comum. Os profissionais responsveis pela limpeza e conservao devem ser bem orientados e usar equipamentos de proteo. Todos os recipientes para descarte devem estar identificados. Lembre-se de que, pela legislao brasileira, quem gera o resduo o responsvel pela sua eliminao e controle. No caso dos materiais reutilizveis, como vidraria e utenslios, deposite-os em recipiente contendo o desinfetante prprio, pelo tempo de contato recomendado e, em seguida, faa a autoclavao. Depois, lave normalmente esses materiais e guarde-os para uso posterior.

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Identifique e sinalize os principais riscos presentes em seu laboratrio. Produtos e reas que oferecem risco devem ser marcados com os devidos smbolos internacionais em etiquetas auto-adesivas padro.

Veja, a seguir, os principais smbolos associados aos riscos em laboratrios.

PERIGO BIOLGICOEntrada permitida somente para pessoas autorizadasNatureza do risco: Funcionrio responsvel: Em caso de emergncia, chame por: Telefone diurno: Telefone residencial:

Figura 4. Smbolo de risco biolgico para entrada de laboratrio.

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Risco Biolgico

Txico

Risco Radioativo

Explosivo

Inflamvel

Corrosivo

Irritante

Comburente

Figura 5. Principais smbolos internacionais associados aos riscos em laboratrios.PN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Biossegurana

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Verifique sempre as condies de funcionamento dos equipamentos de Proteo Coletiva (EPC): extintores de incndio, chuveiros de segurana, lava-olhos, pia para lavagem de mos, caixa de areia e cabine de segurana biolgica. Existem trs tipos de cabines de segurana biolgica disponveis no mercado: as de classe I, classe II e classe III. So recomendadas para o uso em laboratrios clnicos as de classe II. Veja a figura , na pgina seguinte. Procedimentos que devem ser observados na cabine de segurana biolgica: Descontamine a superfcie interior, antes e depois do uso, com gaze estril embebida em desinfetante adequado; Ligue a cabine e a luz ultravioleta 20 minutos antes e deixe tudo ligado pelo mesmo tempo ao final de sua utilizao; Use avental de mangas longas, luvas descartveis e mscara; No efetue movimentos rpidos ou bruscos dentro da cabine e evite operaes que causem turbulncia; No use bico de Bunsen, pois pode acarretar danos ao filtro HEPA e causar desequilbrio do fluxo de ar. Se necessrio, use incinerador eltrico ou microqueimador automtico ; e Mantenha as grelhas anteriores e posteriores da cabine desobstrudas. A cabine no um depsito. Evite guardar equipamentos ou quaisquer outros objetos no seu interior.

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CLASSE I

CLASSE II

CLASSE III

Figura 6. Ilustrao das cabines de segurana biolgica - classes I, II e III.

As cabines de classe I e II so consideradas como barreira de proteo parcial e a de classe III uma barreira de proteo total.PN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Biossegurana

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Para descontaminao pessoal, de equipamentos e superfcies fixas, utilize desinfetantes eficientes e adequados. Use sempre produtos registrados no Ministrio da Sade.

No existe um desinfetante nico que atenda a todas as necessidades. fundamental conhecer os diversos agentes qumicos e sua compatibilidade de uso para evitar custos excessivos e utilizao inadequada. Para a descontaminao de amostras biolgicas na rotina dos laboratrios clnicos, recomendamos os compostos liberadores de cloro. O mais comumente utilizado o hipoclorito de sdio a 2%. Sua forma mais ativa o cido hipocloroso (HOCI), que formado em solues com pH entre 5 e 8. A eficcia do cloro decresce com o aumento do pH e vice-versa. Cabe lembrar que a atividade desse cido diminuda na presena de matria orgnica, fato que deve ser considerado quando aplicado em superfcies contendo sangue e outros lquidos corpreos. Os hipocloritos tm sua estabilidade dependente de fatores como concentrao, temperatura, pH, luz, metais e prazo de validade. Os hipocloritos so corrosivos para metais. Objetos de prata, alumnio e at mesmo de ao inoxidvel so atingidos, quando imersos em solues rotineiramente utilizadas em laboratrio. O hipoclorito de sdio txico e causa irritao na pele e olhos. Se ingerido, provoca corroso das membranas e mucosas e sua inalao causa irritao severa no trato respiratrio. Jamais misture os hipocloritos com outras substncias qumicas, tais como desinfetante, lcool, solues germicidas etc. Aps o tratamento por 24 horas com hipoclorito de sdio a 2%, os materiais devem ser autoclavados. A autoclavao recomendada tendo em vista a possibilidade de o hipoclorito no atingir as partes do material a ser esterilizado. Caso isso no seja possvel, a alternativa o mtodo de fervura por perodo no inferior a 30 minutos.

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Observe, na tabela abaixo, a indicao de alguns agentes qumicos e seu espectro de ao antimicrobiana.

Eficincia antimicrobiana de alguns agentes qumicos desinfetantes frente a agentes microbianos.

Bactrias Etanol Formaldedo Glutaraldedo Comp. Cloro Fenis Quaternrios de amnia Iodforos + + + + + + +

Vrus lipoflicos + + + + + + +

Vrus hidroflos _ + + + _ + +

Microbatrias + + + + + _ _

Fungos + + + + + +

Esporos bacterianos _ + + + _ _ _

(+) Atividade ( - ) Ausncia de atividade ( V ) Varivel de acordo com o microorganismo

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Tenha muito cuidado com a manipulao e estocagem de substncias qumicas. Leia com ateno as informaes contidas nos rtulos. A estocagem de matria-prima deve ser feita em armrios apropriados, bem ventilados, ao abrigo da luz solar e calor. importante observar a incompatibilidade entre as diferentes substncias. Sempre que recomendado pelo fabricante, os agentes qumicos devem ser manipulados em capelas de exausto qumica devidamente instaladas. Ateno: No confunda capela de exausto qumica com cabine de segurana biolgica. Veja a seguir os riscos relacionados a cada categoria qumica:

Categoria qumica e riscos relacionados

GRUPO QUMICOcidos Bases Cianetos e Sulfetos Lquidos inflamveis Slido Inflamvel

RISCOCorroso Corroso Envenenamento Incndio Incndio

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Seja sempre consciente da importncia de suas aes na preservao da biossegurana em seu local de trabalho: Lave as mos antes e depois de qualquer procedimento laboratorial; Nunca pipete com a boca; Jamais cheire placas de cultura; Dentro do laboratrio, no fume, no coma, no beba, no prepare refeies; Quando estiver usando luvas, no manuseie objetos de uso comum, como telefones, maanetas de portas e janelas, jornais, revistas etc; No guarde alimentos ou bebidas em geladeiras e congeladores para armazenagem de material biolgico; e Vacine-se rotineiramente contra a hepatite B.

Seguindo essas recomendaes, voc vai estar contribuindo para a diminuio de acidentes.

Se acontecer um acidente de trabalho em seu laboratrio, notifique imediatamente a sua chefia.

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CONSIDERAES FINAISMuitas das atividades aqui descritas para identificao, coleta, semeadura, cultura, armazenamento e transporte de amostras de secreo para testes laboratoriais j fazem parte do seu cotidiano. Faa uma reflexo sobre o que acabou de ler e verifique o que pode ser mantido, modificado e incorporado a seu trabalho e ao seu laboratrio para que a sua prtica profissional se desenvolva de acordo com os procedimentos tcnicos e cuidados de biossegurana recomendados pelo Programa Nacional de Doenas Sexualmente Transmissveis e Aids, do Ministrio da Sade. As questes colocadas a seguir facilitaro essa reflexo. Utilize esse manual, junto com o vdeo, como fonte permanente de consulta. Matenha este manual sempre ao seu alcance e faa dele um instrumento a mais de trabalho. Voc tem comunicao direta com o Telelab pelo nmero:

TELEFAX GRATUITO - 0800 61 2436

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICASCOSTA, M.F., Segurana Qumica em Biotecnologia e Ambientes Hospitalares, Editora Santos, So Paulo, 99p.,1996 CRIST, N.R., Manual de Biossegurana para Laboratrio, Biossegurana para os Trabalhadores de Sade,1994. CURA,E. & WENDEL,S. Manual de Procedimentos de Controle de Calidad para los Laboratorios de Serologia de los bancos de Sangre, Organizacin de la Salud (OPS), Washington, DC, 61 p. Diretoria de Vigilncia e Pesquisa do Paran/Diretoria do Laboratrio Central de Sade Pblica do Paran, Manual de coleta de Amostras Biolgicas, 1 edio, Curitiba,1996. Diretoria de vigilncia e Pesquisa do Paran/Diretoria do Laboratrio Central de Sade Pblica do Paran, Manual de Biossegurana, Curitiba, 1996. FLEMING, D.O. AT AT., Laboratory Safety: Principles and Practices, 2nd. ed., American Society for Microbiology, Washington, DC, 406 p. ,1995. FRANCHINI, M., Procedimentos Laboratoriais no Controle das Doenas Sexualmente Transmissveis, Secretaria de Sade/Instituto de Sade do Distrito Federal, Braslia,1983. GRISHT, N.R., Manual de Segurana para Laboratrio, Editora Santos, So Paulo: 133 p.,1995. INSENBERB, H.D., Clinical Microbiology Procedures Handbook,American Society for Microbiology, vol. 1,1992. Instituto Adolfo Lutz/Seo de Bacteriologia/Departamento de Epidemiologia/Faculdade de Sade Pblica da USP Curso de Microbiologia aplicada ao Diagnstico de DST/AIDS, , So Paulo 1992. Ministrio da Sade, PN-DST/AIDS, Manual de Procedimentos para Testes Laboratoriais, Braslia, 1992. Ministrio da sade, PN-DST/AIDS/MS, Manual para Controle de Doenas Sexualmente Transmissveis, Braslia, 1993. Ministrio da Sade, Processamento de Artigos e superfcies em Estabelecimento de Sade, 2 edio, Braslia, 49 p.,1994. Ministrio da Sade, Segurana no Ambiente Hospitalar, Braslia,196 p.,1995. SIMONS, J. & SOTTY, P Prvention et Laboratorie de Researche, ditions INSERM/CNRS/INRA/ ., Institute Pasteur, Paris, 248 p.,1991.PN-DST/AIDS/Ministrio da Sade Tcnicas para coleta de secrees

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Biossegurana da FIOCRUZ, Rio de Janeiro, 80 p.,1996.

Agradecimentos: Nlia Maria Medeiros de Souza da Clnica Me e Filha; Consultor da Maio Propaganda Maurcio Rolo Filho; Centro de Sade n 8 de Braslia; Instituto de Sade do Distrito Federal. Agradecimentos especiais aos pacientes que permitiram as filmagens, em demonstrao exemplar de cidadania.

Arte-final, Ilustrao e projeto grfico: Coordenao Nacional de DST e Aids