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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM FACULDADE INTEGRADA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
TECNOLOGIA X EDUCAÇÃO
Por
ANA MARIA PEREIRA
Orientadora
EDLA TROCOLI
RIO DE JANEIRO, 2011
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM FACULDADE INTEGRADA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
OBJETIVOS:
Atender e complementar os requisitos didático-pedagógicos de
metodologia da pesquisa através do desenvolvimento do curso de
pós-graduação “Lato Sensu” em Docência do Ensino Superior.
Desenvolvido por Ana Maria.
AGRADECIMENTOS
A todo o corpo docente do Instituto “A Vez do Mestre” pelo carinho,
respeito e principalmente pela alegria no exercício da profissão. Aos
meus colegas de curso pelo apoio e amizade durante toda essa
jornada.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu marido e filhos, pela alegria que
proporcionam a minha vida. A minha família, pela referência que me
oferecem e em especial a minha irmã Aparecida pelo carinho e
dedicação de uma vida inteira.
RESUMO
O primeiro capítulo, explana a respeito dos impactos da tecnologia na sociedade
moderna, conceituando um novo cidadão, de uma nova sociedade, baseada na aquisição
do conhecimento. As novas tecnologias interferem de forma marcante nos rumos da
sociedade atual; de forma que a educação se vê obrigada a reestruturar-se em um
processo inovador na formação de um indivíduo universal.
O segundo capítulo é o estudo da educação contemporânea com o uso do
computador como uma prerrogativa obrigatória pois, vive-se o princípio da era da
informática. É preciso, que a educação ajude a produzir indivíduos autônomos, que
possam assumir o controle de sua aprendizagem, mesmo após saírem da escola. Este
cenário tecnológico e informacional requer novos hábitos, uma nova gestão. Uma nova
forma de saber conceber, armazenar e transmitir o conhecimento, dando origem a novas
formas de representação. O computador é o instrumento tecnológico educacional que traz
consigo a internet; exigindo uma reforma dos sistemas educacionais que se tornam
obsoletos diante de tanta e tão acelerada evolução. A explosão da Internet no final do
século passado foi um dos elementos mais marcantes desse período.
E finalmente, em um terceiro capítulo, aborda-se a questão do professor: sua
atualização frente às exigências de um novo mundo; a tecnologia aplicada ao ensino
superior e as perspectivas sociais e acadêmicas desse novo mundo.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada destina-se a registrar um material de estudo a cerca da
utilização da informática na educação. Utilizou-se como referência, material bibliográfico
[oferecidas para consulta ao final do trabalho] e vários artigos retirados da internet.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A TECNOLOGIA E A SOCIEDADE 9
CAPÍTULO II
A EDUCAÇÃO E A TECNOLOGIA 19
CAPÍTULO III
O PROFESSOR 31
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA 41
ÍNDICE 44
8
INTRODUÇÃO
O estudo,explana a respeito dos efeitos, progressos e possibilidades e os impactos
da tecnologia na sociedade moderna, conceituando um novo indivíduo, de uma nova
sociedade, baseada na aquisição do conhecimento. As novas tecnologias interferem de
forma marcante nos rumos da sociedade atual, de forma que a educação se vê obrigada a
reestruturar-se em um processo inovador na formação de um indivíduo universal.Com o
objetivo de explanar um estudo com o foco nas relações entre educação e tecnologia, este
trabalho focaliza não só a inclusão da tecnologia no mundo atual, como o processo
histórico e as várias implicações do uso desses recursos.
No contexto educacional brasileiro, a partir dessa perspectiva, o questionamento
sobre a redefinição das práticas pedagógicas e o professor dentro de tudo isso, que
renova o seu papel buscando respostas a perguntas atuais da educação em relação ao
desenvolvimento tecnológico.
Para ampliar o âmbito da pesquisa, buscar e analisar a educação contemporânea
com o uso do computador e a importância da reforma dos sistemas educacionais, frente
às perspectivas sociais, a internet e a educação. A conscientização governamental e a
realização de projetos nessa área,assim como a atualização na formação dos
professores,também são de vital importância nesse processo.
9
CAPÍTULO I
A TECNOLOGIA E A SOCIEDADE
1.1- A Sociedade da Informação
No fim do século XX, a partir da segunda Guerra Mundial, surge um novo conceito
baseado no processo da aceleração do desenvolvimento das tecnologias e na ampliação
do âmbito da comunicação que interferiram de forma direta na integração e
desenvolvimento econômico dos países. Uma sociedade que se desenvolve não mais
baseada na produção agrícola ou na indústria, mas na informação. Muitas são as
expectativas e mudanças devido ao crescimento explosivo da internet e
conseqüentemente no fluxo da informação e no comportamento social. Pessoas e
empresas do mundo todo realizam transações comerciais e financeiras e misturam
aspectos culturais, políticos e sociais.
Este conceito denominado “globalização” usado hoje, se encaixa perfeitamente em
um conceito criado por Herbert Marshall McLuhan, professor na Escola de Comunicações
da Universidade de Toronto, denominado Aldeia Global que corresponde a uma nova
visão do mundo possível através do desenvolvimento das modernas tecnologias de
informação e de comunicação. Segundo McLuhan, a informação quando transmitida com
tanta rapidez acaba com as separações geográficas e amplia os poderes de organização
social, permitindo que qualquer acontecimento em qualquer parte do mundo, tenha
reflexos em outra mesmo que distante geograficamente.
Com a tecnologia, a informação chega rápida e generalizada em qualquer lugar do
mundo, em todos os segmentos da sociedade. O problema consiste, em que devido à
quantidade de informação e rapidez com que se absorvem estes conteúdos, existe a
possibilidade de se estar gerando uma sociedade superficial sem profundidade em valores
éticos e críticos.Toda essa velocidade acaba criando novos modelos organizacionais da
sociedade e comprometendo a qualidade da própria vida.
Socialmente, o poder da tecnologia e da informação poderá trazer profundos
problemas quanto à exclusão social. A inclusão digital de um indivíduo no mundo moderno
vai muito além da utilização do e-mail e salas de bate-papo para se comunicar. O indivíduo
10 preparado para o mundo moderno é aquele que absorve e assimila a informação
tornando-a conhecimento.
Se, por um lado, o conhecimento depende da informação, por outro, a informação
sozinha não produz novas formas de compreensão da realidade.
Um novo modo de viver e de pensar surge através da tecnologia, rompendo
barreiras geográficas e sociais. Entretanto, como tudo que é novo, tem causado polêmica.
É encarada por muitos, como nocivo e prejudicial ao desenvolvimento cognitivo dos
jovens. Outros, por outro lado, são bastante positivos, analisando o mercado e a produção
industrial que com tecnologia tornam os produtos melhores e mais baratos.
A sociedade, assim como o ser humano, está em constante mudança,se adaptando
as novas exigências dos novos tempos.
Lima Junior analisa:
“As Novas Tecnologias (NTs), com seu peso na configuração
de uma diferente (des) ordem cultural e na escrituração de uma nova
linguagem (maquínica) (Lyotard, 1989), gestam a famigerada prolife-
ração das imagens e o excessivo bombardeio de dados de informa-
ção, no auge da vertigem da velocidade. Tudo isso vem alterando a
lógica de funcionamento e organização da dinâmica econômicosoci-
al, na medida em que ultrapassa o espaço-tempo mecânico, de mo-
do que, atualmente, se opera uma metamorfose estrutural ou cosmo-
lógica: a infra-estrutura desloca-se da esfera da produ-
ção/mercantilização de mercadorias (materiais), como forma de a-
propriação de capital, para se situar no âmbito da produção do saber,
onde o conhecimento passa a ser a senha principal de ingresso na
complexa teia das sociedades pós-industriais.” (LIMA JUNIOR, apud
Alves, 2003, p.170)
Computadores ligados à internet, estudo a distância, salas de bate-papo, bancos
on-line, televisão à cabo e jogos eletrônicos ganham espaço efetivo na vida das pessoas.
Muitos são os benefícios, principalmente quanto à qualidade de vida, entretanto, a
competitividade profissional exige que os profissionais sejam cada vez mais qualificados,
11 impossibilitando a muitos jovens que não possuem acesso as TICs, (Tecnologia da
Informação e Comunicação) a inserção a trabalhos mais dignos. A opinião de muitos
estudiosos é de que a atualização hoje, é uma questão de sobrevivência.
Segundo o pedagogo Lima Júnior:
“O acesso as redes digitais de comunicação e informação é
importante para o funcionamento e o desenvolvimento de qualquer
instituição social, especialmente para a educação que lida
diretamente com a formação humana”...
Entretanto observa que o modo de ser , de viver e de pensar a organização da vida estão em crise. Continua ele:
“...cabe a educação uma responsabilidade tanto na compreensão
crítica do(s) significado(s) dessa transformação, quanto na formação
dos indivíduos e dos grupos sociais. Estes devem assumir com
responsabilidade a condição social de tal virada, provocada entre
outros fatores, pela revolução nas dinâmicas sociais de comunicação
e de processamento de informação”. (LIMA JUNIOR, apud Juracy,
WWW. overblog.com. br, acesso em 04/08/2011)
As políticas educacionais têm que facilitar a democratização da informação em to-
das as classes sociais,assim como a formação de profissionais, e aprendizado, no sentido
de se estabelecer igualdade de oportunidade para todos.
No Brasil, a fim de acompanhar o ritmo do resto do mundo, tendo como base a
educação, o governo vem criando inúmeros projetos, inclusive a ampliação das conexões.
A doutora em educação e tecnologia Glaucia Brito analisa
“O caminho apresentado aponta para um movimento de inserção.
Uma sociedade humana não pode sobreviver se a cultura não for
transmitida de geração para geração, as modalidades e as formas
por que se efetua ou se garante essa transmissão, certamente,
passam por essa educação. (SILVA BRITO, 2006, p.62)
Entretanto, tais iniciativas ainda são muito pequenas com relação ao tamanho do
problema.
12
Com o poder da informação a sociedade se alimenta e se movimenta, contudo, os
valores humanos não podem ser esquecidos na formação de um indivíduo crítico e
criativo. A união entre o humanismo, a tecnologia e a educação se tornou fundamental na
formação do indivíduo do novo milênio.
Os avanços tecnológicos invadiram nosso cotidiano de tal forma, que a informática
se tornou ferramenta fundamental em nossas vidas. Algumas das ações mais comuns no
nosso cotidiano, como por exemplo: uma simples operação bancária depende de uma “a-
ção” tecnológica. Isso acaba por ser determinante e acentuar as diferenças e oportunida-
des que existem entre as relações econômicas e sociais.
Sendo as novas tecnologias usadas de forma maciça na comunicação, além de ser
um caminho direto para a informação, possibilita um novo modo dos indivíduos se relacio-
narem e construírem conhecimentos e experiências, com múltiplos reflexos nas relações
sociais; particularmente na forma de percepção do mundo e na atuação humana sobre o
meio em que vive e sobre si mesmo.
A dinâmica social, cultural e tecnológica dos indivíduos muda através de seus inte-
resses, valores e comportamento. Hoje, o que é dado ao indivíduo são os caminhos para
uma participação ativa na construção de seu próprio futuro. Dentro dessa nova visão, a
sociedade da informação é aquela em que terá o aprendizado como base de todo o seu
desenvolvimento.
Torna-se necessário mexer com os antigos modelos pedagógicos, por terem se
tornado desatualizados. Os meios de absorção e transmissão do conhecimento têm que
ser revistos.
Levy coloca que:
“as novas tecnologias da inteligência individual e coletiva estão
modificando profundamente os dados da educação e da formação.O
que deve ser aprendido não pode ser planejado,nem precisamente
definido de maneira antecipada.Os percursos e os perfis de
competência são, todos eles, singulares e está cada vez menos
possível canalizar-se em programas e currículos que sejam válidos
para todo mundo. “Devemos construir novos modelos do espaço dos
13
conhecimentos”. (LEVY,WWW.portoweb.com.br.acesso em
04/08/2011).
Em vários países estão surgindo grupos com o objetivo de discussão de idéias para
uma sociedade mais saudável do ponto de vista social e econômico. Estes grupos são
chamados “Think Thanks” ou as chamadas “usinas de idéias”. Organizações que
conectadas, pesquisam e orientam nao só a política como em vários outros assuntos.
Eizerik observa:
“Podemos até dizer que o crescimento tecnológico e a adaptação
humana as novas descobertas não foram acompanhadas de um
desenvolvimento na natureza humana, que segue padrões básicos e
arraigados de impulsos, emoções, necessidades, medos e anseios.
Essas características inerentes ao ser humano são extremamente
importantes para podermos ensaiar alguma compreensão da
problemática da mudança, uma vez que esses dilemas humanos
estão impressos nas organizações, e marcam também a sua
dinâmica” (EIZERIK, 1986, p.22)
1.2- A Informatização da Sociedade
Segundo a definição, sociedade informatizada “É aquela que, essencialmente, se
baseia na utilização de computadores para inúmeros tipos de tarefas como pesquisa em
diversos âmbitos, consultas bancárias, conexão com outros usuários, entre outros.”
(WWW.wikipedia.org, acesso em 20/09/2011). Entretanto, infomatizar a sociedade é
muito mais do que mera introdução da informática no meio social. As informações que são
disponibilizadas através da rede mundial de computadores interagem nessa sociedade
envolvendo-a em uma teia de interligações que mistura as pessoas de diversas culturas.
Além do aspecto tecnológico, analisar as influências que toda essa mudança teve, e
continua tendo, na sociedade e no indivíduo é a verdadeira questão.
Em seu livro Educação e tecnologia as autoras argumentam:
“Sabemos que o cenário tecnológico e informacional requer novos
hábitos , uma nova gestão do conhecimento, na forma de conceber,
14
armazenar e transmitir o saber,dando origem a novas formas de
simbolização e representação do conhecimento.Para tanto,
necessitamos ter autonomia e criatividade, refletir,analisar e fazer
interferencias sobre nossa sociedade.” (BRITO e PURIFICAÇÃO,
2006, p.20)
O maior desafio do homem hoje é a eficiência. O tempo deixou de ser aliado e pas-
sou a ser inimigo. O homem do nosso tempo precisa fazer o maior número de coisas no
menor espaço de tempo. Neste processo, as distâncias diminuíram e a grande gama de
oportunidades que surgiram, aumentaram também à competitividade. Estabelecer um e-
quilíbrio é de máxima importância. Muitos defendem a idéia de que a informatização vem
para facilitar a vida do ser humano; mas até que ponto as inovações tecnológicas também
não nos fazem escravos do nosso próprio tempo?
Informatizando a sociedade, um novo mapa do Mundo se fez. Hoje dividido não por
ideologia, mas por tecnologia. Países como Japão e Estados Unidos, devido a inúmeros
fatores, mais principalmente tecnologia, dão as cartas no mundo atual. Olhar para a histó-
ria da humanidade é constatar como o domínio tecnológico e conseqüentemente, o de-
senvolvimento, sempre estiveram associados ao poder. Quando um país não produz tec-
nologia, é necessário importá-la antes que seja engolido pelo sistema.
Em seu artigo,Elian diz:
“...Uma pequena parte do planeta, responsável por cerca de 15% de
sua população, fornece quase todas as inovações tecnológicas
existentes. Uma segunda parte que engloba talvez metade da
população mundial está apta a adotar essas tecnologias nas esferas
da produção e do consumo. A parcela restante que cobre por volta
de um terço da população mundial, vive tecnologicamente
marginalizada – não inova no âmbito doméstico, nem adota
tecnologias externas.” ( LUCCI,www.hottopos.com1-1p., acesso em
20 de set 2011 )
Desde o surgimento da Informática, os avanços tecnológicos abriram caminho para
os chamados “sistemas digitais”, dando inicio a uma profunda transformação da
15 sociedade. Não só quanto à rapidez, como vem causando mudanças comportamentais
nas pessoas e sociedades.
No Japão, e comum o uso, do cyber-cafés, cubículos em que as pessoas comem,
dormem e basicamente navegam na internet vivendo em seu mundo particular, isolado.
Atualmente, não existem mais fronteiras. A comunicação é feita entre pessoas de qualquer
lugar do globo terrestre. Existem inúmeros sites de relacionamento como “Orkut, Myspace,
Sônico, entre outros, que permitem esse tipo de comunicação.
A introdução de modernos meios tecnológicos na vida dos cidadãos vem
modificando cada vez mais o nosso cotidiano e fazendo parte de tal forma do meio social,
que até algumas das ações mais comuns no nosso dia a dia, passaram a depender dessa
ferramenta. De uma operação bancária a uma ligação telefônica, do envio de documentos
a compras no supermercado, tudo isso ficou facilitado com a praticidade proporcionada
pelo uso cada vez mais intensivo dos computadores.
Termos como alfabetização digital e fluência tecnológica, assim como tantos outros
conceitos,acabam dando uma falsa idéia de que a preparação para o mundo tecnológico
necessita de algo externo a própria educação. A tecnologia está inserida em nosso
cotidiano e a tendência de que a educação incorpore essa ferramenta no processo de
aprendizagem. A educação é o veículo principal deste processo. A evolução é que também
a educação se aproprie do uso da tecnologia e passe a utilizar todo o seu potencial de
comunicação e interação como um importante instrumento no processo de aprendizagem.
No Brasil, os primeiros passos rumo à informatização da sociedade buscavam
construir uma base que garantisse uma capacitação nacional na área de informática. Com
este objetivo também, foi criada o SEI- Secretaria Especial de Informática, como órgão
responsável pela coordenação e execução de uma Política Nacional de Informática,
buscando estimular a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a consolidação da
indústria nacional.
Chaves ressalta,
“... o poder público tem significativa parcela de responsabilidade na
tarefa de criar condições que venham a contribuir para a autonomia
cultural e tecnológica da nação, diminuindo assim, eventualmente, a
16
distância que separa o País das nações mais desenvolvidas.”
(CHAVES, 1987, p.23)
Considerando a realidade Brasileira e os problemas de ordem econômicas e
sociais, a construção de um projeto que possibilite uma profunda transformação social tem
que ser um programa que esteja centrado na inclusão social, tornando cidadãos de
classes marginalizadas participantes do mundo contemporâneo com poder de
discernimento e decisão.
1.3- O Princípio da Era da Informática
Historicamente, a primeira invenção do homem utilizada para realizar contas foi o
ábaco; considerado o primeiro dos computadores.Na China é chamado de suànpan , que
significa “bandeja de calcular”.
Em 1642, é criada por Blaise Pascal, a primeira máquina de calcular . Cinqüenta e
dois anos depois, Leibniz aprimora o invento de Pascal, de tal forma que a nova
"calculadora" possuía a capacidade de realizar não só a soma como a multiplicação. Mas
é somente a partir de1820 que as máquinas de calcular começam a ser amplamente
utilizadas. Nesta época, Charles de Colmar, aprimora a calculadora. Esta consegue
realizar todas as quatro operações aritméticas básicas: soma subtração, divisão e
multiplicação.
Com a Segunda Guerra Mundial muito se investiu em nível de tecnologia. Os pri-
meiros computadores realizavam funções muito simples. Eram construídos com
dispositivos magnéticos chamados relés;a mesma tecnologia usada nas centrais
telefônicas da época. Com o passar dos anos, sofreram alterações em seu aspecto e
funções. Esta evolução se deve a Charles Babbage, um matemático inglês que em 1812,
idealizou uma máquina que realizava cálculos matemáticos complexos, usando as quatro
operações aritméticas básicas, que evoluiu para os computadores como conhecemos ho-
je. Estas idéias foram fundamentais para os progressivos avanços na computação.
Durante a guerra os alemães desenvolveram o Z3, um computador capaz de proje-
tar aviões e mísseis. Em resposta, pelo lado britânico, foi desenvolvido o Colossus, utiliza-
do para a decodificação das mensagens alemãs. Os primeiros computadores eram mecâ-
nicos e por isso grandes, pesados e caros.
17
Os computadores da era moderna eram mecânicos, construídos com dispositivos
magnéticos, mas tiveram vida curta, sendo logo substituídos pelos eletrônicos. O primeiro
foi o ENIAC, construído nos EUA em 1946. Era extremamente grande, tinha 19 mil válvu-
las e conseqüentemente consumia muita energia. Com a evolução, os computadores
foram sendo fabricados de forma mais compacta até os tamanhos que conhecemos hoje.
No final da década de quarenta,foi inventado o transistor,que consumiam menos
energia e muito mais acessíveis que os primeiros computadores e uma vantagem ainda
maior, queimava menos que a válvula.
Na década de sessenta, os EUA apresentam ao mundo o que seria uma grande
inovação: os circuitos integrados.Um tipo de equipamento que permitiria a construção dos
microcomputadores. Os transistores foram postos de lado e a nova tecnologia possibilitou
os equipamentos bem mais rápidos,baratos e eficientes.
No início da década de setenta, uma pequena impresa chamada Intel Coporation
inventa um pequeno dispositivo chamado de microprocessador, um marco fundamental
para a expansão dessa tecnologia. O que marca a diferença entre as quatro gerações de
computadores, consiste em que as três primeiras gerações, refletiam a evolução dos
componentes básicos do equipamento, os hardware e um aprimoramento dos
programas,ou software, existentes. Já a quarta geração se baseia em um outro tipo de
tecnologia que se voltou mais aos problemas do usuário, diminuição considerável no
tamanho do equipamento, maior velocidade e conseqüentemente maior confiabilidade.
Quando os computadores chegaram ao mercado, na década de oitenta, houve
uma grande aceitação. Com a criação de programas dedicados a edição de textos,
planilhas e os jogos eletrônicos, veio a popularidade.
O pesquisador Prado Junior ressalta que
“Durante algum tempo a evolução dos computadores foi caracteriza-
da por gerações de acordo com a base do hardware: válvulas (pri-
meira geração), transistores (segunda geração) e circuitos integrados
(terceira geração). Chegou-se a falar em quarta geração, quando a
integração era muito grande (VLSI - Very Large Scale Integration) e
18
numa quinta com a inteligência artificial” (PRADO JUNIOR, 2001, p.
372)
Com o desenvolvimento dos sistemas operacionais, programas que zelavam pelo
próprio funcionamento do computador, o equipamento passou a ser mais confiável e as
empresas aumentaram o seu uso. Foram criados programas que emitiam faturas, cadas-
travam clientes, entre outras coisas.
Kaku por sua vez, situa a evolução do computador da seguinte forma:
"A primeira fase foi dominada pelo desajeitado, mas poderoso com-
putador mainframe, em que a IBM, a Burroughs, a Honeywell e ou-
tras foram pioneiras"; nesse período os computadores eram grandes
e caros e apenas os considerados "iniciados" se comunicavam com a
máquina poderosa. A segunda fase se iniciou no começo da década
de 1970 com os engenheiros da Xerox PARC que, ao perceber o po-
der do computador, investiram na construção do primeiro PC (Perso-
nal Computer), em 1972. E avançaram muito mais projetando interfa-
ces homem-máquina baseadas em figuras, os ícones, que, aponta-
dos pela seta de um mouse faziam os computadores funcionarem.
Kaku (2001, p. 42-44)
O computador, ao ser inserido na sociedade, mais do que todas as outras
invenções em todos os tempos, provocou uma avalanche de mudanças como nunca se
viu na história das civilizações.
Na década de noventa, a grande sensação foi a Internet que vem promovendo
inúmeras transformações sociais e revolucionando a comunicação.
19
CAPÍTULO II
A EDUCAÇÃO E A TECNOLOGIA
2.1-Computadores como tecnologia educacional
A introdução da informática nas escolas brasileiras iniciou-se na década de setenta
no setor administrativo das escolas buscando uma reestruturação administrativa. Durante
o percurso, tem sido utilizado tanto em uma perspectiva instrucional como em uma
perspectiva construcionista. Dentro da aplicação instrucional, o computador é usado para
ensino da própria computação e na construcionista, o computador é utilizado como
recurso para realização do trabalho.
Segundo Simone de Lucena,
No Brasil, a utilização de recursos tecnológicos na educação teve i-
nício com transmissões via rádio e posteriormente via TV, visando
promover a qualificação profissional de trabalhadores que moravam
distantes de instituições escolares, iniciando assim projetos de edu-
cação à distância numa perspectiva de auto-aprendizagem. (LUCE-
NA, 2003, p.238)
Em países como Portugal, França e Alemanha, a informática na educação foi
inserida em ciclos ligados aos avanços tecnológicos e nas políticas públicas de incentivo
aos programas educacionais.
O pesquisador Simão Neto descreve os movimentos da Informática na educação:
-Primeira onda: logo e programação
-Segunda onda: informática básica
-Terceira onda: internet
-Quinta onda: aprendizagem colaborativa
(SIMÃO NETO, 2006, p.57)
A educação para este nosso século sustenta-se, segundo o que estabelece os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), em quatro pilares, que são:
20
-Aprender a conhecer: pressupõe combinar uma cultura geral
suficientemente extensa e a possibilidade de trabalhar em
profundidade alguns assuntos;
-Aprender a fazer: pretende que cada pessoa adquira competência
que a torne apta para enfrentar diferentes situações;
-Aprender a viver com os outros: implica trabalhar em equipe,
compreender o outro, perceber a interdependência, realizar projetos
comuns e preparar-se para gerir conflitos;
-Aprender a ser: pretende que cada pessoa possa desenvolver
melhor sua personalidade, suas capacidades e sua autonomia.
(MEC, Parâmetros curriculares Nacionais, Brasília, 1998)
Diante dessas novas diretrizes, dadas pelo governo para esse “novo” cidadão, se
faz cada vez mais necessário a ambientação desse cidadão com as novas tecnologias. A
escola precisa estar inserida em um projeto de capacitação e envolvimento desse aluno
no mundo contemporâneo.
A aplicação do computador e das novas Tecnologias na Educação, requer novas
formas de aprender e de ensinar. Na Era da Informática, onde a velocidade é fundamental,
é necessário rever conceitos e capacitar o profissional de educação, para que este possa
não só aprender a manusear o equipamento como também ser capaz de lidar com as
informações recebidas e desenvolver o trabalho com os alunos. Diante da quantidade de
possibilidades para a “construção do conhecimento”, o aprendizado requer dos
profissionais novas atitudes para desenvolver uma pedagogia direcionada para nosso
tempo, criando estratégias e situações de aprendizagem que possam tornar-se
significativas para o aluno.
Paulo Freire afirma: “A consciência do mundo e a consciência de si como ser
inacabado necessariamente inscrevem o ser consciente de sua inclusão num permanente
movimento de busca” (FREIRE, 1999, p.64)
O primeiro projeto com o objetivo de educação foi o projeto EDUCOM (Educação e
Computador), o objetivo era formar centros de pesquisa sobre informática aplicada à
educação e a formar profissionais habilitados a usar o software educacional LOGO. Esta
21 linguagem tem o objetivo de estimular a auto-aprendizagem, a investigação, e o prazer da
descoberta. Aplicado de forma correta, leva ao despertar das potencialidades, de
criatividade e da inventividade do indivíduo. Este programa acabou por incentivar a
produção de diversas pesquisas e o desenvolvimento de projetos em muitas escolas.
Chaves, a respeito do software LOGO afirma que:
“ ... é não só o nome de uma linguagem de programação, mas,
também, de uma filosofia da educação. A linguagem foi desenvolvida
nos anos sessenta, no Massachusetts Institute of Technology (MTI,
em Cambridge, Massachusetts, sob a supervisão do professor
Seymour Papert. A filosofia emergiu dos contatos de Papert, de um
lado, com a obra do psicólogo e epistemólogo suíço Jean Piaget; e,
de outro lado, com as pesquisas realizadas, no MIT e em outros
centros de pesquisa, sobre o problema da Inteligência Artificial.
Fundamentando-a em uma filosofia da educação,...” (CHAVES,
www.chaves.com.br, acesso em 4 de julho 2008)
Outro projeto que veio a seguir foi o FORMAR, um projeto voltado para as
universidades. Este formava profissionais especialistas na área de informática que seriam
os multiplicadores, ou seja, professores que formariam outros professores para atuar com
educação.
Na década de oitenta, o governo criou o PRONINFE, Programa Nacional de
Informática Educativa, foi criado para a criação de laboratórios e centros de formação para
professores com o objetivo de dar continuidade à informática na educação.
Chaves é um entusiasta da introdução da Informática na educação e afirma que
“A introdução dos computadores no ensino de 1º e 2º graus não é
conseqüência de um modismo. A resolução do Governo de aplicar a
informática no processo educacional brasileiro resulta da
necessidade de minimizar alguns dos problemas do nosso sistema
de ensino. Apenas como exemplo, de cada 100 alunos que
ingressam na 1º série do 1º grau, apenas a metade passa para a 2º
série e menos de 30 atingem a 5º série.”
22
“O computador surge como um meio auxiliar alternativo de ensino,
um recurso a mais para a diminuição das carências, em especial no
1º grau, notadamente quanto à evasão e à repetência.” (CHAVES,
WWW.chaves.com.br, acesso em 4 de julho 2008)
Outra política adotada pelo governo foi o investimento em softwares educativos cuja
implantação nos laboratórios de informática junto com as disciplinas, possuíam a proposta
de integrá-las. Muitos foram questionados, e classificados como abertos, semi-abertos e
fechados (classificação com relação ao estímulo e resposta). Em muito se decepcionou
quando se percebeu que na verdade sozinhos não renovavam a educação.
Valente observa que :
“A implantação da informática, como auxiliar do processo de
construção de conhecimento, implica em mudanças na escola que
vão além da formação do professor.É necessário que todos os
segmentos da escola – alunos, professores, administradores e
comunidade de pais- estejam preparados e suportem as mudanças
educacionais necessárias para um novo profissional, nesse sentido,
a informática é um dos elementos que deverão fazer parte da
mudança, porém essa mudança é muito mais profunda do que
simplesmente montar laboratórios de computadores na escola e
formar professores para a utilização dos mesmos.”
(VALENTE,1999,p.4)
Embora muitos especialistas acreditem que o uso contínuo de computadores
possam trazer danos ao desenvolvimento intelectual das crianças, o uso da informática
na educação é visto de forma positiva por um significativo número de profissionais da
educação.
Eduardo Chaves, ressalta:
"...devemos nos preocupar com a questão da educação porque as
evidências disponíveis,embora não tão amplas e contundentes
quanto se poderia desejar,demonstram que o contato regrado e
orientado com o computador em uma situação de
23
ensino/aprendizagem contribui positivamente para a aceleração do
desenvolvimento cognitivo e intelectual,em especial no que diz
respeito ao raciocínio lógico e formal,à capacidade de pensar com
rigor e de modo sistemático.”(CHAVES,1987,p.26-31).
Chaves acredita que o ideal é que cada aluno tenha o seu computador e que ao
final das aulas, ele possa levá-lo para casa. Acredita também ser considerado um grave
erro no processo de inclusão digital, o foco excessivo na informática durante as aulas.
Simone de Lucena ressalta:
“O trabalho com as TICs na educação não pode se resumir à trans-
missão de conteúdos de informática ou treinamentos de programas
operacionais, pois, além do aprendizado de software, é preciso cons-
truir uma proposta pedagógica articulada com as tecnologias da in-
formação e da comunicação. Isso exige que o professor seja mais
que um multiplicador”; ele precisa ser um agente media-
dor,articulador de idéias e informações para interagir com os elemen-
tos tecnológicos.” (LUCENA, 2003, p.241)
Um grave problema quanto à implantação da informática na educação, é sem
dúvida a falta de preparação adequada por parte de alguns professores para utilizar os
computadores no processo de aprendizagem. Muitos professores acabam ensinando os
alunos a apenas ligar o computador e lidar com os aplicativos, em vez explorar as
possibilidades pedagógicas que os softwares podem proporcionar. É fundamental o uso de
metodologias adequadas para que o uso dos computadores por alunos e professores
alcance os objetivos.
A chamada Instrução Programada é a forma mais difundida de uso do computador
no Brasil. Surgiu na década de cinqüenta baseadas principalmente nas pesquisas de
Skinner, um estudioso do comportamento humano e de seu aprendizado através da
repetição. As principais vantagens que se atribuem a esse tipo de aprendizado é o fato de
cada indivíduo poder determinar o seu ritmo, a flexibilidade de horários e o fato de se
poder avaliar de imediato os conhecimentos adquiridos. É o método de instrução usado
por escolas de cursos técnicos, industriais, no treinamento de funcionários em empresas e
24 em várias outras instituições. A máquina é colocada na posição de quem “ensina” ao aluno
através de exercícios do tipo repetitivo, para fixação de conteúdos e a demonstrações.
Os grandes projetos com iniciativas governamentais no Brasil voltados para a
informática na educação surgiram a partir da década de 80. Em 1988 o Brasil teve acesso
às primeiras redes digitais. Rio e São Paulo, se uniram a Fundação de Apoio a Pesquisa
(FAPESP), em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ao
Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC). Interligaram-se diretamente aos
Estados Unidos usando as redes Bitnet e Hipnet.
As doutoras em tecnologia Glaucia S. e Ivonélia, definem:
“Um software é considerado educacional quando é desenvolvido
para atender a objetivos educacionais preestabelecidos, sendo que a
qualidade técnica se subordina às determinações de ordem
pedagógica que orientam seu desenvolvimento. Os primeiros a
surgirem foram os programas que utilizavam o método de instrução
auxiliada por computador...” ( BRITO e PURIFICAÇÃO, 2006, p.79)
Existem muitos softwares educacionais no mercado, mas poucos alcançam o
objetivo esperado, ou seja, receber as informações e transformá-las em aprendizado.
Em geral caracterizam-se os softwares educacionais utilizados na educação em:
Exercício e Prática: Trabalha privilegiando a memorização. Caracterizam-se por
usar a lógica linear em relação aos conteúdos e apresentar problemas em uma área
determinada; além de possibilitar a correção imediata e dar exemplos de ajuda, mantendo
um registro da quantidade de respostas corretas e incorretas.
Tutoriais: É denominado assim porque atua como um “tutor”. O sistema orienta o
aluno por meio de perguntas, geralmente de múltipla escolha e verifica se o aluno
realmente aprendeu, de acordo com os resultados obtidos. Em alguns casos, pode realizar
funções de avaliação, diagnóstico e rendimento. Tem sido usado com muita eficiência em
cursos de capacitação.
Tutores Inteligentes: São softwares que apresentam um conteúdo específico.
Podem tomar a forma de simuladores, cujo enfoque da aprendizagem centra-se na
descoberta, ou seja, opta-se pelo problema em primeiro lugar, depois o conteúdo.
25
Simuladores: Trabalham com a noção de modelo e de processo. Os conteúdos são
mais divertidos e seguros. Criam situações de aprendizagem que permitem aos alunos
experimentarem várias possibilidades. Por exemplo; simular situações de terremotos,
epidemias, etc.
Jogos Educativos: São jogos cuja principal característica é a exploração do lúdico
nos alunos. Usa a fantasia para desenvolver o psicossocial dos indivíduos. Para resolução
dos problemas propostos pelos jogos, normalmente exige-se dos alunos a aplicação de
regras lógicas. Além disso, aprendem fatos e testam hipóteses que exigem planejamento e
estratégias.
Linguagens de Programação: São consideradas ferramentas que ajudam a
melhorar o raciocínio lógico, acelerar o desenvolvimento cognitivo e melhorar o
pensamento. O programa LOGO faz parte dessa linha de softwares.
Ferramentas: os alunos aprendem a usar o computador, muitas vezes usando
softwares de uso geral, como: processadores de textos, planilhas, etc. Estas ferramentas
ajudam a organizar armazenar dados, transmitir informações e muitas outras ações. Na
escola o uso de editores de textos tem sido muito grande. No mercado existem vários
tipos de editores, inclusive para crianças como o Creative Writer, o Fácil Criança e outros.
Segundo Chaves,
“A experiência tem mostrado que crianças que têm dificuldades com
redação podem, através do uso de um processador de texto, passar,
em poucas semanas, de uma total rejeição da atividade de redação
para um total envolvimento nessa tarefa, além de mostrarem
sensíveis melhoras na qualidade de seus textos. Mudanças ainda
mais sensíveis poderão ser observadas no caso de crianças
portadoras de alguma deficiência física, que torna a escrita difícil ou
mesmo impossível.” (CHAVES, WWW.chaves.com.br, acesso em 4
de julho 2008)
Para Mace:
“um bom software tem as mesmas características de um bom livro:
interface simples, conteúdo relevante e bem apresentado, boa
26
impressão (no caso de software: bom design e compatibilidade) e
acima de tudo marcante...
...”Como se isso não bastasse, o software tem que ser aberto para
que professores e alunos o adaptem ao que quiserem.” (MACE,
2001, p.66-68)
O computador pode ser usado para potencializar as habilidades do indivíduo,
entretanto, não cria nada nem trabalha sozinho, somente executa dentro dos limites
estabelecidos da sua programação. O computador em si não é capaz de gerar qualquer
conhecimento novo, por isso, para um bom aproveitamento de suas funções é necessário
uma boa escolha de softwares ,de acordo com o objetivo que se deseja alcançar.
2.2-Internet e Educação
Nascida nos EUA nas décadas de 60/70 durante a Guerra Fria , pelo
Departamento de Defesa Americano, a Internet se chamava ARPAnet (Advanced
Research Projects Agency) criada para fins militares. Foi o primeiro passo para a Internet
como conhecemos hoje. Durante as duas décadas seguintes, a internet ficou restrita ao
ambiente acadêmico e científico até ser liberada para fins comerciais.
Com a Internet, uma rede mundial de computadores interligados, é possível se
comunicar com qualquer indivíduo em qualquer parte do mundo, um privilégio do homem
moderno. Com ela é possível encontrar, através de uma busca direcionada, informação de
todas as áreas de conhecimento e interesse em poucos instantes. Graças à ela, é possível
conhecer e visitar lugares, aprender sobre seus costumes, fazer compras do outro lado do
mundo, fazer cursos on-line, e uma infinidade de outras coisas em poucos instantes.
Arnaud Soares Júnior, “A Internet é muito mais que um mero instrumento. Além de
um dispositivo, ela representa um modo diferente de efetivar a comunicação e o
processamento social da informação.”(LIMA JUNIOR, apud Juracy, WWW. overblog.com.
br, acesso em 04/08/2011)
A Web foi um recurso que nasceu na Suíça com o objetivo de facilitar o acesso a
documentos científicos e hoje é o segmento da Internet mais usado no mundo. O material
disponibilizado pelo World Wide Web (WWW) é um instrumento facilitador da pesquisa e
de acesso rápido a informação.
27 Segundo o professor da USP J. M. Moran
“A distância hoje não é principalmente a geográfica, mas a
econômica, a cultural, a ideológica e a tecnológica...
Com a chegada da Internet nos defrontamos com novas
possibilidades,desafios e incertezas no processo de ensino
aprendizagem.Não podemos esperar das redes eletrônicas a solução
mágica para modificar profundamente a rede pedagógica, mas vão
facilitar como nunca antes a pesquisa individual e grupal,intercâmbio
de professores com professores, de alunos com alunos, de
professores com alunos.” (MORAN, WWW.eca.usp.br, acesso em
15/07/2011)
Muitos são os estudiosos que tem chamado a atenção para a importância da
Internet na educação. Esta se torna um recurso valioso em todos os aspectos,
principalmente quando se fala em aprendizagem auto dirigida. Por ser uma excelente
fonte de informação, a Internet possibilita a interação entre os indivíduos que podem
discutir idéias, compartilhar opiniões, informações, críticas, e visões alternativas.
Simone de Lucena ressalta,
“A inserção das TIC na educação, com ênfase no computador
conectado à Internet, torna-se fundamental, uma vez que os alunos
já exploram no cotidiano as inúmeras possibilidades disponibilizadas
pelas novas tecnologias e tudo o que elas representam em termos de
potenciais para a produção e veiculação do conhecimento, bem
como de outras facilidades relacionadas à vida/trabalho.” (LUCENA,
2003, p.237)
Independente da escola, a Internet faz parte dos jovens e exerce verdadeiro
fascínio em suas vidas. Este talvez um dos maiores conflitos existentes entre professores
e alunos nos dias de hoje, porque grande parte dos professores faz parte de uma geração
onde não havia computador e internet, por isso, tiveram que se adaptar a ela e muitas
vezes não se sentem a vontade com isso. Já os alunos, nasceram com ela. O termo mais
usado para classificar os usuários de informática são “nativos” e “imigrantes” digitais.
Desta forma, imigrantes e nativos, lidam de forma diferente com as novas tecnologias. É
28 importante que os professores pensem uma forma de inovar a ação metodológica de
ensino-aprendizagem que melhore a forma de comunicação com os nativos, já que o
modelo tradicional de ensinar se torna incompatível com os novos tempos.
Lima Junior ressalta
“A questão mais importante é como garantir uma educação de
qualidade com a utilização das TICs e como definir sua utilização
mais pertinente em cada contexto de formação. Para tanto devem
ser consideradas as condições e as necessidades inerentes a cada
contexto, além das novas tensões sociais que aí se refletem em
função do crescente processo de globalização”.”(LIMA JUNIOR,
apud Juracy, WWW. overblog.com. br, acesso em 04/08/2011)
Pedro Demo comenta: “A expressão “digital divide” tornou-se signo de nossa época, que,
marcada, mais que outras, pela inovação tecnológica, nega o acesso a muita gente, tor-
nando seletivo o desfrute daquilo que seria lugar-comum desta sociedade.” (DEMO, 2007,
p.5)
A Internet veio mexer com os antigos paradigmas, no sentido de se encontrar novos
caminhos para a transmissão do conhecimento. Seria importante explorar as
possibilidades e utilizá-las em sala de aula para se viver um novo modelo educacional.
2.3- A importância da reforma dos sistemas educacionais
A década de oitenta, foi marcada por uma discussão entre os profissionais da área,
sobre tecnologia e educação, vistas como sendo a implantação, solução para os proble-
mas educacionais. Ainda nessa década, as tecnologias educacionais, então chamadas
“novas tecnologias de comunicação e informação”, foram utilizadas como instrumento de
apoio a educação interagindo com outros meios de comunicação.
Fogaça afirma:
... deveria priorizar, dali para frente, reformas nos sistemas educacionais dos países indus-
trializados ou em processo de industrialização, de forma a preparar melhor seus recursos
humanos para essa nova etapa da produção capitalista, na qual a escola cumpriria um
papel fundamental na qualificação profissional básica de todos os segmentos da hierar-
quia ocupacional. (FOGAÇA, 2001, p. 55)
29
Na década de noventa, aconteceram uma série de reformas educacionais e mu-
danças nos vários níveis de ensino, isso por conta das reuniões mundiais organizadas
pela UNESCO, com financiamento e assessoria do Banco Mundial. As implantações des-
sas reformas foram feitas através de documentos políticos: Declaração mundial sobre e-
ducação para todos, de Jomtien (UNESCO, 1990) e a Declaração de Nova Delhi (UNES-
CO, 1993); como compromissos assumidos. De acordo com tais documentos, com as a-
gências internacionais, a “ajuda” de ordem financeira, deveria realizar-se sob a orientação
de um ajuste estrutural no país. E apontam a importância da reforma dos sistemas educa-
cionais pelas organizações internacionais como uma prioridade na preparação dos cida-
dãos para essa sociedade pós-moderna.
Gatti, quanto aos sistemas educacionais, ressalta:
”...quando uma inovação surge no horizonte dos educado-
res,observa-se, alguns, deslumbramento em função das possibilida-
des aventadas por essas inovações e, em outros, ceticismo crônico
provocado quer pela decepção que professores, diretores e técnicos
em educação vem acumulando com as políticas e propostas de ino-
vações educacionais mal implementadas ou descontinuadas pelos
sucessivos governos, quer pela acomodação natural que temos as
nossas funções e pelo incomodo que inovações podem provocar, na
medida em que essas exigem alterações de comportamentos e uso
de espaços e tempos bem cristalizados.”(GATTI,1993,v.4, p.23)
O professor e pesquisador Silva Júnior enfatiza a maneira como o documento Plano
decenal de educação para todos, publicado pelo MEC, foi apresentado e dirigido aos pro-
fessores e dirigentes escolares, sem discussão com coletivos (secretarias estaduais, as-
sociações docentes, profissionais e científicas), sem reflexões sobre a educação brasilei-
ra. (SILVA JÚNIOR, 2002, p.76)
E continua:
“O movimento que resultou no Plano... mostra de forma clara o papel
de alguns de nossos intelectuais na legitimação dessa nova cultura
política caracterizada pela legitimação de uma ciência mercantil e
uma redução instrumental e não reflexiva de sua identidade. Afirma-
30
se isso porque se trata da ciência que não faz crítica de forma dis-
tanciada, mas da ciência engajada em um projeto político, portanto,
instrumental e produzida para o fim desse projeto político.” (SILVA
JUNIOR, 2002, p.79)
Apesar dos esforços do Brasil no sentido de concretizar projetos e por em prática
compromissos assumidos com relação às reformas educacionais, esse seria tão somente
um passo diante das necessidades reais. As lutas travadas foram muitas, em relação as
condução das políticas públicas serem voltadas a educação. A nova Constituição
aprovada em 1988, construção da nova LDB, foi alvo de muita polêmica e por isso
aprovada oito anos depois após a aprovação da carta constitucional.
Azevedo assinala que,
... apesar das diferentes tipificações históricas, o autoritarismo, o ver-
ticalismo, a exclusão, as relações clientelísticas com a sociedade, a
hegemonia dos interesses privados no seu interior e a sua apropria-
ção pelas elites são traços permanentes do Estado brasileiro( AZE-
VEDO, 2001, p. 144)
No processo de reconstrução e reestruturação da educação da escola pública, foi
posto em prática, no sentido de fazer da instrução pública a base do progresso social e
político do país. Os países desenvolvidos já haviam acabado quase que completamente
com o analfabetismo e universalizado o ensino fundamental, confiaram essa tarefa foi
entregue a UNESCO. É importante lembrar, que dentro desse conceito de reforma na
educação, hoje, está envolvida a utilização das novas tecnologias aplicadas a educação.
Isso implicará no desenvolvimento de novos projetos fundamentados na realidade atual.
Principalmente quando se fala da atuação do governo quanto à em escola pública.
Aplicar esses recursos tecnológicos na educação, não significa reformar essa
estrutura. Para que apenas o uso do equipamento não acabe sendo mero manuseio de
material, seria importante que os profissionais da área recebam a tecnologia e adapte-as
as reais finalidades educacionais. Para que hajam mudanças reais no sistema
educacional,o que existe é uma necessidade real de educadores comprometidos com o
processo educativo.
31
CAPÍTULO III
O PROFESSOR
3.1- A tecnologia aplicada às Universidades
A Informática hoje é peça chave no cenário educacional. Sua utilização como
instrumento de aprendizagem e sua ação no meio social apresentou mudanças para a
dinâmica social, cultural e tecnológica e vem aumentando de forma rápida. Nesse sentido,
a educação vem passando por mudanças estruturais e funcionais frente a essa nova
tecnologia.
Para Borba :
“O acesso à Informática deve ser visto como um direito e, portanto,
nas escolas públicas e particulares o estudante deve poder usufruir
de uma educação que no momento atual inclua, no mínimo, uma
“alfabetização tecnológica” . Tal alfabetização deve ser vista não
como um curso de Informática, mas, sim, como um aprender a ler
essa nova mídia. Assim, o computador deve estar inserido em
atividades essenciais, tais como aprender a ler, escrever,
compreender textos, entender gráficos, contar, desenvolver noções
espaciais etc. E , nesse sentido, a Informática na escola passa a ser
parte da resposta a questões ligadas à cidadania.”
(BORBA,2001,p.20)
O professor dentro disso, sempre atuou de forma ativa,muitas vezes com
dificuldades de interação, ensinando e encaminhando os alunos de modo a suprir as
necessidades sociais.
Chaves relata a introdução da aplicação das tecnologias na educação:
“O fato do país não dispor de conhecimento técnico-científico nessa
área fez com que o Ministério da Educação optasse por iniciar as ati-
vidades desenvolvendo pesquisas nas universidades, para posterior
disseminação de seus resultados, mediante capacitação dos profes-
sores dos sistemas estaduais de ensino público. O inicio da capaci-
32
tação dos professores foi feito pelo Projeto FORMAR, através da U-
NICAMP e que contou com a colaboração dos vários centros-piloto
do Projeto EDUCOM. Os professores formados tiveram como com-
promisso principal projetar e implantar, junto à secretaria de educa-
ção que o havia indicado, um Centro de Informática Educativa - CI-
Ed, a ser implementado mediante apoio técnico e financeiro do Minis-
tério da Educação que, por sua vez, não pretendia impor mecanis-
mos e procedimentos, apenas oferecer o devido respaldo técnico-
financeiro necessário à consecução dos objetivos colima-
dos.(CHAVES,WWW.chaves.com.br,acesso 10/082011 )
A Tecnologia aplicada às universidades trás os cursos EAD - Educação a Distância
que tem facilitado o acesso ao ensino superior, estendendo-se pelo Brasil e possibilitando
alcançar regiões onde antes seria impossível alguém cursar uma universidade. Incluindo
pessoas cujo tempo disponível para a complementação de seus estudos, levando-se em
conta, horário de trabalho e deslocamento entre espaços muito afastados, não permite tal
empreendimento, contribuindo desta forma com o extermínio da exclusão.
A nova concepção de sociedade, que coloca o cidadão como receptor de informa-
ções mutantes, destrói verdades únicas, já que não existem respostas únicas. A globaliza-
ção cria uma subordinação das produções histórico-sociais às informações rápidas e con-
densadas. E concomitantemente,a informação é transformada em produto de consumo,
juntamente com sua transmissão;o que converte aluno e professor em cliente e prestador
de serviços simultaneamente. E, neste sentido, as Diretrizes Curriculares para a Formação
de Professores da Educação Básica, em nível superior, definem as competências a serem
desenvolvidas nos cursos de licenciatura e graduação plena: “(...) com relação ao mundo
do trabalho, sabe-se que um dos fatores decisivos passa a ser o conhecimento e o contro-
le do meio técnico-científico informacional”.(Diretrizes Curriculares para a Formação se
Professores da Educação Básica).
A grande dificuldade é a adequação dos cursos de formação de professores a essa
nova demanda por profissionais. Pois, a facilidade de acesso à informações via internet,
alterou o perfil do educando, que passou a exigir a visualização do conhecimento em lugar
de um conhecimento transmitido de forma arcaica, que não lhe atende às necessidades
33 que precisam ser tão rápidas quanto eficientes.E é aí que entra o professor enquanto
gerenciador do uso desta tecnologia em favor da educação;necessitando para tal objetivo
de uma formação familiarizada com um professor do futuro,que consiga falar a mesma
linguagem do aluno.Exigência já prevista pelas Diretrizes Curriculares, não cumprida à
integra, o que gera um despreparo dos docentes podendo ocasionar a substituição do
professor pela tecnologia, em lugar da transformação da tecnologia em instrumento
educacional.
Já que precisamos considerar a apropriação do conhecimento concomitante ao
desenvolvimento cultural do indivíduo; torna-se imprescindível a apropriação da tecnologia
na prática pedagógica; a fim de poder assumir um papel integrador interdisciplinar ao
mesmo tempo em que serve à reprodução do sistema capitalista, porém, reelaborando o
contexto cultural através de críticas e questionamentos desta realidade. Portanto, é
preciso ter em mente que o processo educacional precisa usar a tecnologia para mediar a
aprendizagem necessitando para tanto de uma completa interação entre as pessoas.
A partir do início do século XXl, o grande surgimento dos cursos à distância têm
comprovado a necessidade da presença do docente capacitado para lidar com as novas
tecnologias que evoluem com extrema rapidez, portanto, quanto mais crescem os EAD,
maior se faz essa prerrogativa.Muito embora o EAD exija um maior esforço e dedicação
por parte dos alunos em relação aos cursos presenciais,para que essa tecnologia possa
ser usada em benefício da construção do conhecimento,cresce a necessidade de suporte
profissional aos educadores para que sirvam ao progresso da humanidade.
O aluno desenvolve outras competências, tais como: atitudes e valores, não
somente assimilando conteúdos e valorizando cada vez mais a sua sociabilização e sua
interação com o mundo, a qual vive em constante evolução e mudança. Para isso, o papel
do professor na sala de aula é cada vez mais descentrado em si próprio, e este acaba por
recorrer à diversidade de situações, experiências e materiais tecnológicos. Nesse aspecto,
Masetto, entende que "... o papel de transmissor de conhecimento, função desempenhada
até quase os dias de hoje, está superado pela própria tecnologia existente".(MASETTO,
1998, p.18). O professor estrutura-se então por meio da construção evolutiva da
aprendizagem do aluno, por que isso constitui-se em um processo do ensino-
aprendizagem. Situação na qual cada produção dos alunos motiva o professor a
34 aprofundar e atualizar suas pesquisas ajudando-o a incrementar a ministração de suas
aulas. Aprendem também a ouvir, a trabalhar com o diferente e a conviver com o
contraditório. Rompem, portanto com o modelo arcaico de ensino, o que leva alguns
alunos não a compreender a disciplina, mas a decorá-la e logo esqueça-la por não ter
procurado pensar no conteúdo e sim somente absorvê-lo passivamente.
Vivemos uma era essencialmente constituída por setores terciários de serviços e
os jovens ao sairem da universidade e irem para o mercado de trabalho, necessitam saber
manusear várias ferramentas para fazer o diferencial. Mesmo esses milhares de
professores que confortavelmente exercem a sua profissão há anos sentem que precisam
de atualização, sentem que não podem negar aos seus alunos ferramentas e
conhecimentos essenciais para a sua futura vida profissional. Trata-se também de uma
questão de orgulho profissional, que tem movido os antigos professores a não serem
ultrapassados (num sentido extremo). Talvez até nem sejam os professores que mostrem
relutância em se adaptar aos tempos modernos, mas sim a falta de meios fornecidos nas
Universidades e a falta de veículos de transmissão dessas novas tecnologias.
Segundo o diretor da Fundação Getúlio Vargas, Fernando Souza Meirelles, em uma
palestra durante o Congresso Internacional e-leaning Brasil 2007,em São Paulo: “ ...muito
embora haja uma profunda movimentação em prol de se usar tecnologia em sala de aula,
baseado em pesquisa pelo Instituto, ainda é preciso se evoluir para que se ofereça
educação de qualidade.”
Meirelles diz ainda,que muitas mudanças efetuadas no curso da Fundação Getúlio
Vargas, se deram por uma atenção especial ao perfil dos novos alunos das
Universidades.E continua: “Hoje os jovens que ingressam na graduação foram aqueles
alfabetizados na cultura digital,ou seja, os nativos digitais.E para eles a antiga proposta de
educação não só não é interessante, como não funciona.” Afirmou.
Por isso, antes de aplicar os recursos e redirecionar o curso,é preciso observar as
diferenças entre os nascidos na era digital e as pessoas que estão se adaptando a essa
era tecnológica.
Houveram mudanças significativas em todo o processo da Educação durante esta
nova era em função das novas tecnologias, entretanto o magistério é uma das profissões
que menos se modificou.Alguns professores dão aula como a cem anos atrás .
35
Meirelles aponta algumas diferenças entre o que ele chama de “Nativos” e os
“Imigrantes”. São elas: Nativos, no manuseio da informação, precisam dela rapidamente,
durante o processo, realizam múltiplas tarefas e possuem um perfil interdisciplinar, querem
tudo ao mesmo tempo. Já os Imigrantes, possuem um perfil bastante diferente: quanto ao
manuseio da informação, a querem de forma lenta, controlada.Tem prioridade para o texto,
som e imagem; depois,quanto a sequência ,preferem o passo-a-passo. Quanto à rede,
agem de forma independente, sem interação.
O que pode ser entendido é que os métodos de aprendizagem consistem em
procedimentos/atividades que o professor escolhe com a finalidade de embutir o
conhecimento e fixá-lo na mente do aluno, que deseja com essa informação executar uma
tarefa pertinente na sua futura profissão. E se o aluno souber usar esse conhecimento
pode conseguir resolver muitos problemas no seu futuro profissional. Porque não basta ter
o conhecimento, é preciso saber usá-lo em caso de necessidade diante de alguma
dificuldade.
Na perspectiva atual, dentro do âmbito universitário têm ocorrido muitas mudanças,
das quais resultam uma nova forma de recepção do conteúdo, não apenas um repasse
do conhecimento mas também uma construção dele na junção do docente e discente. Por
meio dessa nova forma de assimilação do conhecimento, acaba por ocorrer uma
acentuada transformação social, pois estes que são participantes do processo ensino-
aprendizagem vão transpor à sociedade tudo aquilo que geraram no meio acadêmico.
Dentro disso, a educação não consegue mais fugir da sociedade da informação que está
incutida de forma demasiada no campo social, onde a tecnologia não se dissocia mais do
ensino-aprendizagem, ela já faz parte do cotidiano.
Masetto explica o que já se pensou a respeito da tecnologia junto ao sistema
educativo:
“(...) tempos houve em que se pensou que a tecnologia resolveria
todos os problemas da educação, e outros em que se negou
totalmente qualquer validade para essa mesma tecnologia, dizendo-
se ser suficiente que o professor dominasse um conteúdo e o
transmitisse aos alunos, hoje, encontramos em uma situação que
defende a necessidade de sermos eficientes e queremos que nossos
36
objetivos sejam atingidos da forma mais completa e adequada
possível, e para isso, não podemos abrir mão da ajuda de uma
tecnologia pertinente.” (MASETTO,1998,p.23)
Cada vez mais as transformações produzidas por esse processo tecnologia e
ensino geram impacto e influenciam no futuro profissional que hoje exige um
conhecimento prévio das ferramentas tecnológicas, principalmente na área da informática.
Muitos professores universitários para planejar e dar suas aulas utiliza recursos
multimídia, computador, data-show e televisão.
A inovação das aulas deve ser constante, mas cabe ao professor orientar e
encaminhar o conteúdo a ser absorvido pelos acadêmicos e não apenas introduzir a
tecnologia de forma desconexa, não basta ter as ferramentas é preciso saber usar de
forma eficiente e pedagogicamente correta, incluindo a participação do aluno em aula,
para que este não seja apenas passivo, mas participativo. Até porque não basta aprender
ou reconhecer um determinado aplicativo, é necessário que haja uma teoria alicerçada
para que o aluno saiba quando usar e como usar.Nesta perspectiva, as universidades
estão adotando iniciativas para incentivar os cursos que formam professores com visão
alicerçada num mundo tecnológico que não esquece do ensino-aprendizagem, um
exemplo, é a Unochapecó (Universidade Comunitária Regional de Chapecó) que prima
pela valorização da educação e pela formação de professores com qualidade.
Aprovada pelo Conselho Universitário (Consun) em junho, a nova política
estabeleceu desafios a serem enfrentados, como: a crescente desvalorização do
magistério; o baixo poder aquisitivo da população que passou a ter acesso à universidade;
a tendência de diminuição da qualidade no processo de formação do magistério; em nome
da redução de preços e a expansão indiscriminada dos cursos à distância, sem critérios
mínimos de qualidade. Para fortalecer os cursos que formam professores, a Unochapecó
adotou novas estratégias de promoção dos mesmos e iniciou a divulgação mais
consistente quanto às opções de bolsas e de financiamentos, juntamente com um projeto
de valorização docente.
As instituições devem estar sempre alertas para as mudanças com um conjunto de
conhecimentos relevantes e absolutamente necessários para todos, professores e alunos.
Conteúdos e conceitos que lhes possibilitem lidar bem com conflitos do cotidiano, com
37 seus desafios e com a realidade em função de suas expectativas. Mais do que nunca, a
universidade precisa otimizar seu trabalho com as novas tecnologias, focando as ações
pedagógicas na direção de aprendizagens socialmente relevantes, na formação de
indivíduos que se apropriem de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores
condizentes com a contemporaneidade. Conforme Pimenta (2002, p.81) educar na
universidade significa preparar aos jovens para se "elevarem ao nível da civilização atual,
de sua riqueza e de seus problemas, a fim de que aí atuem. Isso requer preparação
científica, técnica e social.
3.2- PERSPECTIVAS SOCIAIS
A tendência é que cada vez mais a sociedade receba um número maior de
informações e assim venha a gerar uma comunidade que não consegue absorver o que
realmente deveria para construção de uma sociedade ética, onde os cidadãos acabam
tornando-se até confusos, pois acabam sendo bombardeados por idéias e não se fixam
em nenhuma, e assim não criam um olhar crítico que os leve a raciocinar devidamente.
Isso deve ser observado pelo professor para que este, ajude a desenvolver os acadêmicos
não somente em suas profissões, mas principalmente como um cidadão que pense no que
faz e reage aos impulsos de apenas ser receptor passivo. Seja um ser humano consciente
e apto para gerar uma sociedade hábil para convivência em coletividade.
Em meio ao mundo globalizado isso tudo deve ser repensado para que futuramente
as novas comunidades abram oportunidade de convivência sem precedentes. Dentro
disso, a máxima o mundo é uma escola não deixa de ser verossímel, pois segundo
Berticelli (1998) o lugar de ocorrência da educação tende a se desmanchar e também
decompor-se em múltiplos lugares (heterotopia), onde acontece o rompimento da simetria
do lugar. E o lugar acaba se diluindo em vários lugares.
O lugar escola deve estar em conjunto com as novas tecnologias. Não podemos
mais separar os atuais trabalhadores e estudantes.Se um acadêmico sai hoje da
universidade ele precisa estar atento ao novo que acontece cotidianamente, pois os
recursos que ele aprendeu a usar hoje podem não ser os mesmos de amanhã, e tudo o
que fazia sentido,perder-se. O que o acadêmico e o professor devem ter em mente é de
38 que a teoria sempre será usada, e através dela, a prática vai se desenrolar com mais
facilidade.
A sociedade moderna aderindo à educação transforma-se em um instrumento que
tende a pensar e analisar os fatos, nunca julgando-os prematuramente, pois isto poderia
ocasionar grandes problemas sociais.Primordialmente no âmbito das universidades; isso
também deve ser pensado e repensado a cada mudança na forma de ensino-
aprendizagem. "Não será a mesma coisa a aprendizagem com ou sem tecnologia".
(MASETTO, 1998, p.23).Portanto, universidades passam por uma grande evolução no
sentido da aprendizagem. Não é mais apenas o professor que ensina , mas sim o aluno
que aprende; assumindo assim um papel mais ativo no processo ensino-aprendizagem.
O que realmente é preciso que aconteça é o aumento da vontade no acadêmico
em atualizar-se para que este se mantenha no mercado de trabalho futuramente, pois o
processo tecnológico não pára, pelo contrário, está em constante mutação,trazendo
novidades a cada instante. O professor universitário precisa estar atento e ser consciente
de que o seu principal desafio consiste em que o acadêmico não se torne apenas um
apertador de botão e sim que saiba o que está fazendo e como está fazendo e o que vai
resultar daquilo que faz, tanto para si, quanto para a sociedade.
3.3- PERSPECTIVAS ACADÊMICAS
A tecnologia no mundo acadêmico não veio para atrapalhar, veio para ajudar no
ensino-aprendizagem, cabe a partir de agora ao professor saber usufruir desta nova
ferramenta para suas aulas. Porque as energias usadas antes para ensinar determinado
conteúdo em horas, hoje por meio do sistema tecnológico é ensinado em minutos. Acabou
o tempo em que bastava o professor conhecer um determinado conteúdo e repassá-lo em
aula de forma expositiva e o aluno recebia sem questionar. Hoje, e futuramente a
tendência é diminuir ainda mais as aulas expositivas, é sim usar o sistema tecnológico
gradativamente assimilando a sala de aula à sociedade tecnológica, onde ocorre de forma
efetiva uma troca, onde o professor deixa de ser alguém que apenas fala e começa a ouvir
o que o aluno pensa do conteúdo, onde ambos: docente e discente aprendem juntos e
constroem o conteúdo e assimilam juntos tudo.
39 Sobre isso, Biz relata o seguinte:
“Para concretizar projetos de mudanças, a Universidade não pode
perder a capacidade de questionar, investigar, incomodar e, de criar
soluções para os novos desafios de ordem tecnológica e social. Isso
representa a necessidade da adoção de um valor: o pluralismo de
idéias, acompanhado de universalismo, solidariedade, ética e
excelência. É certo que sem pluralismo não existe o cultivo do
espírito crítico.” (BIZ,2006, p.11)
Os docentes têm que reconhecer a partir da consolidação de novos recursos que
as exigências para exercer a docência aumentaram e tendem a aumentar ainda mais.O
professor não pode mais se considerar ou ser considerado um ser superior que ensina a
ignorantes,pois ele mesmo é um indivíduo em constante crescimento e aperfeiçoamento.
Com isso, além da necessidade de uma constante atualização quanto aos avanços
tecnológicos, pressupondo um estado de permanente aprendizado, torna-se
imprescindível, o aprofundamento por meio da articulação docência/investigação, com
ênfase para pesquisas relacionadas às novas tecnologias.
Enfim, os futuros professores e até os atuais precisam saber usar as ferramentas
tecnológicas e a teoria de forma conjunta, pois o ensino-aprendizagem da atualidade não
consegue mais dissociar um do outro. Ambos se interligam e não se separam mais.
Sempre sem dúvidas, na busca de conhecimento formal e também na tomada de
consciência de seu próprio fazer pedagógico pela formação desses novos profissionais,
em sua ética, sua consciência e capacidade em unir teoria e prática de forma coerente.
Porque tudo isso vai atingir toda uma sociedade que vai absorver positivamente ou
negativamente o que a ela é repassado. Todos têm que ter consciência que o verdadeiro
compromisso acadêmico de um professor competente deva ser com a libertação do
homem concreto,instrumentalizando-se para tanto. Jamais o atual e futuro ensino vão
conseguir se separar da tecnologia que está cada vez mais presente no mundo
acadêmico. Isso já faz parte do cotidiano e vai fazer a cada dia mais.
40
CONCLUSÃO
Com a velocidade com que se move, a informação e a comunicação criam novas
estruturas e modelos de comportamentos sociais, comprometendo a qualidade de vida, os
valores e os princípios éticos da sociedade. O desenvolvimento da tecnologia da
informação e da comunicação no processo educacional aponta para que o Brasil ainda
tenha muitos “analfabetos digitais” por muitos anos, pois as políticas educacionais
trabalham para que as exclusões aumentem a cada ano. Ser um analfabeto, na era
moderna, não é não saber ler e escrever, é principalmente não saber interagir com as
inovações e por isso estar fora das boas oportunidades de trabalho. O homem moderno
tem na tecnologia, uma aliada para uma vida com mais conforto, porém, corre o risco de
se tornar escravo dessa modernidade. O computador faz da vida do indivíduo uma
corrida desenfreada pelo saber e por atualizações. Grandes mudanças fizeram-se
presentes nas ultimas duas décadas, e muitas ainda virão. Para os educadores o grande
desafio é tornar os indivíduos capazes de pensar, discutir e elaborar idéias, tomar
decisões, planejar e não apenas executar, a partir da tecnologia. Um redirecionamento no
papel do educador. Para que a implantação de qualquer projeto que envolva as novas
tecnologias educacionais tenha sucesso, o educador deverá ser preparado e estar
comprometido com o processo. A ação governamental de que a educação necessita, é de
se sair com projetos dos papéis e promessas para ações direcionadas à melhoria na
qualidade de ensino, modernização de técnicas utilizadas e principalmente melhoria de
salários e valorização do educador. Socialmente falando, que a escalada se dê, do
educador para o educando. O educador necessita de salários dignos, uma formação
continuada e recursos que possam apoiá-lo na prática da sala de aula. O poder público
tem significativa responsabilidade em criar condições para que a escola forme cidadãos
capacitados à participar do desenvolvimento do País.
41
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PIMENTA, S.G., Docência do ensino superior, São Paulo: Cortez,2002,p.8
44
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I 9
A TECNOLOGIA E A SOCIEDADE 9
1.1- A Sociedade da Informação 9
1.2- A Informatização da Sociedade 13
1.3- O princípio da Era da Informática 16
CAPÍTULO II 19
A EDUCAÇÃO E A TECNOLOGIA 19
2.1- Computadores como tecnologia educacional 19
2.2- Internet e educação 26
2.3- A importância da reforma dos sistemas educacionais 28
CAPÍTULO III 31
O PROFESSOR 31
3.1- A tecnologia aplicada as Universidades 31
3.2- Perspectivas sociais 37
3.3- Perspectivas acadêmicas 38
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA 41
ÍNDICE 44