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Caro aluno, neste curso você encontrará um estudo criterioso advindo de partilhas e experiências oriundas do saber de monges e padres católicos. É o mesmo material aplicado em cursos de Teologia e Pastoral para pessoas leigas engajadas em comunidades e serviços - professores de Ensino Religioso, catequistas, agentes de pastoral e outros. O objetivo é ofertar a você uma maior sistematização dos conteúdos da fé a serviço da Evangelização Cristã-Católica e o melhor: em sua própria casa e sem riscos de aprender heresias.

O curso se divide em capítulos ou módulos com suas respectivas lições. Ao fi nal de cada módulo, você encontrará perguntas que devem ser respondidas e enviadas por e-mail a fi m de serem devidamente corrigidas e devolvidas a você, (se desejar você poderá enviar as respostas só na conclusão dos estudos). O objetivo é interagir com você e orientá-lo (a) em seus estudos. Não emitimos Histórico Escolar, mas “Certifi cado de Curso Livre”, em conformidade com a Lei n° 9394/96; Decreto n° 5.154/04; Deliberação CEE 14/97.

Bons estudos,

José Lopes da Silva

Maceió/AL

2016

CURSOANTROPOLOGIATEOLÓGICA

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SUMÁRIOMÓDULO I – A CRIAÇÃO.......................................................................................................... 04

1.1 O Hexaémeron (ergon)................................................................................................ 04

1.2 O Mundo e o Primeiro Homem (Gn 2,4b-3,24)........................................................ 06

1.3 Livros Proféticos e Livros Sapienciais....................................................................... 09

1.4 Os Séculos ll-IV - Encontro da fé cristã com a Filosofi a Grega............................ 13

1.5 Século V ao Século IX – O Pensamento de S. Agostinho....................................... 14

1.6 Idade Média e Idade Moderna.................................................................................... 17

1.7 O Pensamento do Pe. Pierre Teilhard de Chardin S. J........................................... 21

1.8 Declarações da Igreja................................................................................................... 22

1.9 A Criação......................................................................................................................... 23

MÓDULO II – A CIÊNCIA E A FÉ.............................................................................................. 52

MODULO III - O MAL E A MORTE........................................................................................... 71

MODULO IV - O TRABALHO E A TEOLOGIA FEMINISTA................................................ 79

MÓDULO V – A MULHER.......................................................................................................... 94

MÓDULO VI – O PARAÍSO (ÉDEN)........................................................................................ 103

MÓDULO VII - O PECADO ORIGINAL.................................................................................. 111

MÓDULO VIII – A MORTE E O DEMÕNIO PARA OS POVOS PRIMITIVOS................. 121

MÓDULO IX – OS ANJOS........................................................................................................ 131

9.1 Os Anjos no Antigo Testamento............................................................................... 131

9.2 Os Anjos no Novo Testamento.................................................................................. 133

9.3 A Tradição Oral e o Magistério da Igreja sobre Anjos e o Diabo........................ 134

9.4 Homens Santos e Anjos............................................................................................... 138

MÓDULO X – POSSESSÃO DEMONÍACA- EXORCISMO - SATANISMO....................... 158

10.1 Possessão Demoníaca............................................................................................... 158

10.2 Exorcismo.................................................................................................................... 159

10.3 Satanismo.................................................................................................................... 160

REFERÊNCIAS............................................................................................................................ 174

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MÓDULO I A CRIAÇÃO

1.1 O Hexaémeron (ergon)

Denominado como a obra dos seis dias o hexaémeron forma um quadro sobre a criação do mundo e do homem no espaço de seis dias de trabalho e um de repouso.

Os seis dias são distribuídos em três dias para a criação e distinção do universo (ar, água, terra) e três dias para seu povoamento (astros, peixes, aves, animais terrestres e o ser humano).

Assim sendo sete fórmulas compõem o hexaémeron:

1. Introdução: “E disse Deus...”;

2. Ordem: “Haja luz!...”;

3. Execução: “E assim se fez”;

4. “Separou Deus...”;

5. Nome ou Bênção;

6. Elogio: “E viu que era bom”;

7. Conclusão: “E houve tarde e manhã...”.

O número 7 no hexaémeron apresenta seis dias das criaturas e um dia de descanso, o sétimo, que é o descanso do Criador.

a) Ensinamentos do Hexaémeron sobre Deus

- Deus é Um: todos os deuses cultuados são criaturas deste único Deus: o povo de Abraão na Caldeia cultuavam os astros, na terra de Canaã os bosques e vegetação eram cultuados e no Egito os animais eram sagrados e adorados.

O autor do Hexaémeron ensina que todos os deuses antes cultuados: astros, plantas e animais foram criados por Deus para servirem ao homem e não para serem adorados.

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MÓDULO I – A CRIAÇÃO

- Deus é Eterno: Já existia e não tem começo ou fi m é distinto do mundo porque este último se iniciou no tempo.

- Deus é Todo Poderoso: tudo cria mediante sua palavra, ato ou vontade, sem esforço algum.

- Deus é Bom: tudo o que Ele cria é bom e o mal não veio de Deus.

- Deus repousou do trabalho que havia feito:

este forte antropomorfi smo quer dizer que o termo fi nal de toda a criação está em Deus; o Senhor não criou em vista das criaturas como tais, nem por causa do homem, mas para que o homem, elevando consigo as demais criaturas, volte a Deus, onde tudo encontra repouso e consumação. Além do quê, a menção do repouso de Deus no sétimo dia tinha o sentido de incutir ao homem a observância do sétimo dia, (BETTENCOURT 1997, pg. 13-14).

b) Ensinamentos do Hexaémeron sobre o Mundo

- O mundo não é eterno: Assim como o homem e tudo o mais que foi criado por Deus, esta é a concepção da Santa Escritura.

b) O mundo não originou por si ou por mero acaso: o mundo foi criado, por Deus.

c) As criaturas são boas e o não existe destino que force a história.

c) Ensinamentos do Hexaémeron sobre o Homem

- o Homem é novo: frente aos demais devido a sua origem e o único dotado da imagem e semelhança de Deus:

é claro que a imagem e semelhança de Deus não se acham na corporeidade do homem (Deus não tem corpo), mas nas faculdades espirituais (inteligência e vontade): pelo conhecimento e o amor é que o homem imita a Deus e consegue dominar o mundo; note-se que, depois de criado, o homem é investido de poder sobre os animais e plantas, a fi m de que os domine, (BETTENCOURT 1997, pg. 14).

- Homem e mulher apresentam a mesma dignidade: ambos foram feitos por Deus, à sua imagem e semelhança, cada um refl etindo sua maneira de ser e dominando sobre os animais e plantas.

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- O matrimônio é santo: instituído por Deus, homem e mulher são destinados a se complementarem: “o matrimônio, implicitamente instituído pela criação dos dois sexos, foi explicitamente promulgado pela bênção divina acompanhada das palavras: “Sede fecundos e multiplicai-vos [...]”, (Gn 1,28)”, (BETTENCOURT 1997, pg. 15).

- O trabalho tem a benção de Deus: pois é através do trabalho que o homem à sua maneira dá continuação ao trabalho do Criador.

- O sétimo dia é santifi cado por Deus: O Senhor reservou o sétimo dia para o descanso e os demais são dedicados ao trabalho.

fez o sétimo dia portador de um bem divino, evidentemente em favor do homem, a quem o sétimo dia devia ser proposto como participação antecipada do repouso eterno (cf. Hb 3,4-11), (BETTENCOURT 1997, pg. 16).

1.2 O Mundo e o Primeiro Homem (Gn 2,4b-3,24)

Na interpretação da criação do Homem e de sua expulsão do Jardim do Éden deve-se voltar a atenção ao problema antropológico das relações do homem com Deus, pois é uma questão religiosa: “[...] não considere os demais enunciados do texto sacro senão enquanto signifi cam alguma coisa para a religiosidade do homem.”, (BETTENCOURT 1997, pg. 19).

- A origem do mundo (Gn 2): os autores sagrados do hexaémeron e do Gênesis mostram a dignidade do casal humano e sua superioridade em relação às outras criaturas, de onde se depreende alguma coisa do mundo e do seu signifi cado.

A mensagem sobre o mundo que se apresenta em Gn 2 tem: “[...] índole religiosa, que não contradiz à ciência, mas versa em plano diferente do da ciência.”, (BETTENCOURT 1997, pg. 19).

- A Origem do Homem (Gn 2,7):

“[...] Deus modelou o homem com a argila do solo, insufl ou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente.”, (Gn 2,7).

O Criador como um oleiro forma o corpo do homem a partir do barro, assim como o dos animais irracionais, com o diferencial de assoprar em suas narinas para dar-lhe a vida:

MÓDULO I – A CRIAÇÃO

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ao “sopro de vida” de que é dotado o homem, corresponde nos irracionais um “hálito de vida” [...]. O “sopro ou hálito de vida” signifi ca simplesmente a vida; alguém é dito viver na medida em que respira, e o Criador em 2,7 comunica a vida pelas narinas porque por estas é que o homem respira (cf. Is 2,22);, (BETTENCOURT 1997, pg. 21).

O nome do primeiro homem provém da palavra hebraica adamah, (do solo) e:

para a mentalidade primitiva, as relações entre palavras são relações entre os seres designados; se, pois, o homem deve viver sobre a terra (‘adamah), cultivar a terra e se tornar um dia poeira da terra (cf. 2,5. 15; 3,17.19), é lógico que se chame ‘Adam. Esta observação permite concluir que o nome do primeiro homem não era necessariamente Adam, (BETTENCOURT 1997, pg. 22).

Observa-se que tanto homem quanto animais foram criados por Deus e pelo fato de o homem ter vindo de Deus não existe o mal, este teve sua origem após a obra do Criador e apareceu por livre escolha do homem é a doutrina que a história das origens apresenta em Gênesis 2.

- A Primeira Mulher (Gn 2,18-24):

No Gn (2,18-24) Deus cria a mulher que correspondesse ao homem diferente das espécies animais irracionais:

Então Iahweh Deus fez cair um torpor sobre o homem, e ele dormiu. Tomou uma de suas costelas e fez crescer carne em seu lugar. Depois, da costela que tirara do homem, Iahweh Deus modelou uma mulher e a trouxe ao homem. Então o homem exclamou: “Esta, sim, é osso de meus ossos e carne de minha carne! Ela será chamada ‘mulher’, porque foi tirada do homem!” (Gn 21,23).

- A Fé na Criação de Deus e a Teoria Evolucionista:

Charles Darwin (+1882) propôs uma teoria evolucionista, sobre fundamentos mecanicistas e ateleológica.

Para ele a evolução se estabeleceu através da lei dos mais fortes sobre os mais fracos, na luta pela vida (struggle for life), sem considerar o ato de Criação de Deus.

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Porém, com as novas descobertas nos campos da paleontologia, da arqueologia e da biologia, os pensadores católicos tomaram outra consciência, a qual permitia separar a fi losofi a materialista interpretada por Darwin e a posição da Igreja.

Entre outros pontos destaca-se no texto do Papa Pio XII em sua Encíclica Humani Generis (1950) corroborada pelo S. Padre João Paulo II:

[...] Cristo confi ou o ofício de interpretar autenticamente a S. Escritura e de defender os dogmas da fé. Alguns, porém, ultrapassam temerariamente esta liberdade de discussão, procedendo como se estivesse já demonstrado com certeza plena que o corpo humano se tenha originado de matéria orgânica preexistente, argumentando com certos indícios encontrados até agora e com raciocínios baseados sobre tais indícios; e isto como se nas fontes da Revelação não existisse nada que exija neste assunto a maior moderação e cautela, (Acta Apostolícae Sedis 42 - 1950, 57s), (BETTENCOURT 1997, pg. 23).

Destaca-se a igual dignidade do homem e da mulher e a transcendência de ambos sobre as outras criaturas criadas.

No entanto a posição da mulher em relação ao homem era de inferioridade, os semitas as viam apenas como necessárias à procriação.

Porém o próprio Deus coloca o homem e a mulher em mesmo pé de igualdade e dignidade: “Por isso um homem deixa seu pai e sua mãe, se une à sua mulher, e eles se tornam uma só carne.”, (Gn 2,18-24).

o texto sagrado insinua também a Magna Carta do matrimônio. Esta impõe monogamia, indissolubilidade do vínculo, primazia dos deveres conjugais sobre o afeto fi lial dos cônjuges a seus pais: “Desta vez esta é osso de meus ossos... É por isto que o homem abandonará pai e mãe, e aderirá à sua esposa, e tornar-se-ão os dois uma só carne” (w. 23s). Cristo citou e sancionou defi nitivamente este ensinamento de Gênesis (cf. Mt 19,3-9), e S. Paulo ainda o quis inculcar apelando também para Gn 2,24 (cf. Ef 5,30-32), (BETTENCOURT 1997, pg. 29).

O prenúncio do plano de Deus que se daria na plenitude dos tempos, com o Filho de Deus em sua natureza humana como segundo Adão, teve início com a origem de Eva a partir do corpo do primeiro Adão.

Cristo transmite uma vida bem mais elevada que a do primeiro Adão (1 Cor 15,45-49) vida esta vida que é comunicada pela Igreja do novo Adão, sua esposa e segunda Eva, mãe da humanidade:

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[...] conforme muitos Padres, a Igreja Esposa de Cristo teve origem quando o lado de Jesus adormecido (= morto) sobre a cruz foi transpassado pela lança, deixando jorrar sangue e água; estes dois elementos sempre foram tidos como fi guras dos dois sacramentos principais, a Eucaristia e o Batismo, que constituem a Igreja, os cristãos. E este quadro, de que o Evangelho de S. João 19,33s, é pelos Padres posto em conexão com a cena do Gênesis que narra a procedência de Eva a partir do lado de Adão. A união de Cristo com a Igreja, conforme a Escritura, encontra um refl exo na união matrimonial desde que ela foi instituída no início, (BETTENCOURT 1997, pg. 30).

1.3 Livros Proféticos e Livros Sapienciais

a) Livros Proféticos:

- Isaías:

Isaías (40-55) também denominado “Dêutero-lsaías” teve seus capítulos escritos na Dispersão (587-538 a.C.) como tentativa de levantar os ânimos do desanimado povo judeu sob o domínio da Babilônia.

Os deportados pensavam que Deus, que lhes dera Canaã, os havia abondanado e então o profeta lhes recorda o passado assegurando esperança ao povo exilado para um futuro melhor:

tanto em Is como em Gn 1s o autor sagrado não tem em vista a fenomenologia ou o aspecto científi co da criação, mas deseja propor uma meditação religiosa, que sirva para reestruturar a fé e a coragem do povo de Deus, (BETTENCOURT 1997, pg. 33).

- Jeremias:

Na obra do profeta Jeremias se encontra também a admoestação ao povo contra as práticas idolátricas e assim se refere a Deus de Israel, inigualável, pois foi Ele quem deu origem ao universo (Jr 10,11-13.15):

Os deuses que não criaram o céu e a terra desaparecerão da terra e de debaixo dos céus. Ele fez a terra por sua potência, por sua sabedoria estabeleceu o mundo e por sua inteligência estendeu os céus. Quando Ele faz ressoar o trovão, há um bramido de águas no céu; ele faz subir as nuvens do extremo da terra, produz os raios para a chuva e faz sair o vento de seus depósitos... Ele é que formou o universo, (BETTENCOURT 1997, pg. 33).

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- Amós:

O profeta Amós mostra três doxologia de louvor ao Criador exaltando o Seu poder e impelindo o povo a temê-lo.

“Os livros proféticos repetem dizeres semelhantes, visando sempre a incutir o poder e a grandeza de Deus a fi m de restaurar os ânimos do povo eleito”, (BETTENCOURT 1997, pg. 33).

b) Livros Sapienciais:

- O Livro de Jó:

O tema central do livro de Jó refere-se ao sofrimento do justo; no diálogo entre Jó e seus amigos, os questionamentos não encontram uma resposta que possam elucida-los e nos capítulos fi nais Deus aparece e lembra a Jó que existe a Providência Divina cujos desígnios são desconhecidos ao homem e este:

é pequeno demais para sondá-la e para arguir a Deus. Repensando no universo que o cerca, o homem - no caso, Jó - deve tomar consciência de que Deus não se engana, mas seu comportamento fi ca muito além do alcance da razão humana, (BETTENCOURT 1997, pg. 34).

Ao enumerar as obras de Deus, nota-se em Jó correspondências do Gn 1 e Is (40-45), para que a criatura entenda o quanto é insignifi cante para julgar a grandiosidade de como o Criador conduz os acontecimentos através da história:

Onde estavas, quando lancei os fundamentos da terra? Dize-mo, se é que sabes tanto. Quem lhe fi xou as dimensões? — se o sabes —, ou quem estendeu sobre ela a régua? Onde se encaixam suas bases, ou quem assentou sua pedra angular, entre as aclamações dos astros da manhã e o aplauso de todos os fi lhos de Deus? (Jó 38,4-7).

- O Livro dos Provérbios:

O suporte da confi ança na Providência Divina é a magnifi cência da obra criada.

Diz a Sabedoria:

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O Senhor me criou [...] Quando os abismos não existiam [...] Antes que as montanhas fossem implantadas, antes das colinas, eu fui gerada; ele ainda não havia feito a terra e a erva, nem os primeiros elementos do mundo [...] Eu estava junto dele como mestre-de-obras, eu era o seu encanto todos os dias... e me alegrava com os homens, (Pr 8, 22-31).

- O Livro da Sabedoria:

Aplica à criação termos clássicos:

No texto de Sb (11,24-26) é mencionado o amor que Deus por suas criaturas: “Tu amas tudo o que criaste [...] não te aborreces com coisa alguma do que fi zeste [...]”; em Sb (13,5) é feita uma referência à imagem das criaturas que refl etem o Criador : “A grandeza e a beleza das criaturas fazem, por analogia, contemplar seu autor” e Sb (11,17) menciona que Deus criou o mundo a partir de matéria informe.

- Eclesiástico:

Este livro suscita o louvor de Deus, ele ressona o rasto de Gn (1-2) com a intenção de dar ênfase às maravilhas da obra criada provocando a glorifi cação de Deus, (Ecl 16,24-17,14).

- Salmos:

Os Salmos apresentam referem-se à obra de Deus dentro de um ângulo de orações de ação de graças ou súplica, assim como em cantos de louvor.

Destaca-se no Sl 104 quase um paralelo da obra feita por Deus em Gn 1 com a evocação da luz (v.2), da separação dos continentes e águas (vv. 5 e 6), a origem dos vegetais (vv. 13-18), dos astros (vv. 19-23) e dos animais irracionais (vv. 25-30), e “termina numa expressão de complacência nas maravilhas da criação e do Criador (vv. 31 -35)”, (BETTENCOURT 1997, pg. 39).

- O 2° Livro dos Macabeus:

Os sete irmãos Macabeus (2Mc 7, 27-29). resolveram ser mártires para não cederem à pressão dos sírios.

Sua mãe ao exortá-los à coragem lembra a um deles para observar o céu e a terra que foram coisas que Deus fez a partir do nada, se distanciando das concepções de Platão, onde o Demiurgo fez o mundo a partir da matéria preexistente.

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- Textos Paulinos e Joaneus:

O Novo Testamento segue a doutrina do Antigo Testamento em relação à criação e a completa com base de uma visão cristológica de que toda a história do homem e do mundo desde o seu início é voltada para o Messias, se consumando em Cristo.

a) Textos Paulinos:

- O mundo visível, é a evidência da sabedoria e da glória de Deus.

- Deus fez o mundo com soberania, sem qualquer cosmogonia pagã.

- O Cristocentrismo ocorreu da doutrina do Antigo Testamento e Jesus é o centro de todo plano salvífi co de Deus, desde a criação.

b) Textos Joaneus:

O Evangelho segundo São João toca na criação no intuito de sobressair a causa exemplar e a origem da vida que coube ao Verbo de Deus: “Em suma, o Novo Testamento considera a criação quase exclusivamente em função da Redenção realizada por Cristo na Cruz e na Ressurreição”, (BETTENCOURT 1997, pg. 46).

- Tradição Cristã:

A tradição cristã ecoa as páginas da Bíblia. No texto da “Carta a Diogneto”, um documento de um cristão anônimo do século III: destaca-se o papel do Verbo na criação e na recriação do mundo:

foi o próprio Deus invisível, verdadeiramente Senhor e Criador de tudo, que do alto dos céus colocou entre os homens a Verdade, o Logos santo e incompreensível, e o inseriu fi rmemente nos seus corações. Não, como pode alguém conjecturar, enviando aos homens algum ministro, anjo ou príncipe, algum daqueles que governam as coisas terrenas ou dos que têm a seu cargo o cuidado das coisas celestes, e sim mandando o próprio Artífi ce e Autor de tudo, aquele por meio de quem criou as coisas e encerrou o mar nos seus limites; a cujos mistérios os elementos obedecem fi elmente [...], (BETTENCOURT 1997, pg. 47).

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1.4 Os Séculos ll - IV - Encontro da fé cristã com a Filosofi a Grega

Até o momento abordou-se a fundamentação Bíblica do dogma da criação e a partir deste momento será abordado a história do dogma da criação com a intenção de uma análise do seu desabrochar no decorrer das eras.

- O Gnosticismo1:

Nas antigas escolas de Filosofi a, os Padres da Igreja não viram a noção de criação como uma produção a partir do nada:

o Demiurgo de Platão (+ 347 a.C.) terá plasmado o mundo a partir de matéria preexistente. Aristóteles (+ 332 a.C.), ao falar da geração do ser humano, diz que a alma entra “pela porta” (thyrathen) - o que é expressão metafórica e indistinta, (BETTENCOURT 1997, pg. 49).

Durante os primeiros séculos (II-III) expandiu-se a gnose, a qual fundia concepções orientais e gregas com a religiosidade do judaísmo e nessa cosmovisão estava o dualismo, ou seja, a forte antítese entre o espírito que é bom e a matéria que é má.

E sendo assim, o mundo material não poderia ser criado por um Deus, ele é resultado de uma queda do mundo dos espíritos, onde o homem é uma centelha divina aprisionada por castigo na matéria que para libertá-la veio um Salvador do mundo dos espíritos que não assumiu:

uma corporeidade verdadeira, mas apenas uma aparência de corpo, que não encobriu a claridade do seu verdadeiro ser espiritual, a salvação do homem é feita através da revelação a cada indivíduo humano, da sua origem e da sua autêntica natureza: é este conhecimento (gnose) que proporciona ao homem a possibilidade da salvação. Poucos são aqueles que têm consciência desta sua trajetória ou queda do mundo superior para o cárcere da matéria, (BETTENCOURT 1997, pg. 50).

O mundo material resulta das emanações de um ser Divino que se deterioram na medida em que se aproximam da matéria e diante de tal concepção o NT cristão tem um Deus bom, Salvador dos homens e não o Deus do AT criador da matéria e justiceiro imparcial.

1 Ver Curso História da Igreja, pág. 16.

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Estas ideias se opunham aos escritores cristãos dos primeiros séculos conforme foi declarado por S. Ireneu de Lião na Gália (+ 202).

- A Recapitulação:

S. Ireneu escreveu cinco livros Adversus Haereses (Contra as Heresias) e se utilizou do conceito de recapitulação (anakephalaíosis) de São Paulo em Efésios (1,9):

o Pai deu-nos a conhecer o mistério da sua vontade, conforme decisão prévia que lhe aprouve tomar para levar o tempo à sua plenitude: a de em Cristo encabeçar (anakephalaiósasthai) todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra.

São Paulo afi rma que o Pai reuniu em Cristo e sob Sua autoridade a humanidade e todas as criaturas rompidas pelo pecado e encabeçando a tudo e a todos Cristo reconduz as criaturas ao Criador onde o mundo visível (terra) e o mundo invisível (no céu) estão sob a hegemonia do Filho.

Deus será glorificado na sua criatura, feita em conformidade e segundo o modelo do seu próprio Filho, pois pelas mãos do Pai, isto é, por meio do Filho e do Espírito, o homem (e não uma parte do homem) se torna semelhante a Deus (Contra as Heresias V6,1 apud BETTENCOURT 1997, pg. 53).

- O Milenarismo:

O otimismo de S. Irineu quanto ao mundo material é milenarista. O milenarismo é uma teoria dos escritores judaicos onde no fi m dos dias Satanás será aprisionado por mil anos e Cristo voltará, apenas os justos ressuscitarão e haverá paz por mil anos, após os quais todos os homens ressuscitarão no juízo fi nal. Era assim que também interpretavam o Apocalipse (20,1-8) os Papas do século II.

“O milenarismo fi cou em voga entre os escritores cristãos até S. Agostinho (+ 430), que deu interpretação diversa ao texto de Ap 20,1-8”, (BETTENCOURT 1997, pg. 57).

1.5 Século V ao Século IX – O Pensamento de S. Agostinho

S. Agostinho (+ 430) em sua noção de Criação é contrário ao pensamento de Platão e afi rma que Deus tudo criou sem matéria preexistente e, que uma única realidade

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procede de outra dentro de três modalidades:

a) por geração: o fi lho deriva dos genitores;

b) por fabricação: o artesão se serve de algo preexistente;

c) a partir do nada absoluto: não deriva da substância do Criador e nem da substância extrínseca, é criado.

O homem é um ser fi nito, não pode criar, pode fabricar e produzir outras modalidades de ser.

Para S. Agostinho o conceito de Deus Criador2 é único em Deus e somente Ele pode fazer o que quiser do modo que for, pois se não o fi zesse não haveria nem isto nem aquilo:

se dizemos que as cidades de Roma e Alexandria não tiveram por fundadores os pedreiros e arquitetos que lhes deram a forma externa, mas sim Rômulo e Alexandre, por cuja vontade, conselho e ordem foram construídas, com muito mais razão devemos afi rmar que só Deus é criador das naturezas, já que ele não faz nada senão com a matéria que ele mesmo criou e não tem por artífi ces senão aqueles que ele próprio criou. E, no momento em que ele, por assim dizer, retirasse das coisas a sua virtude criadora, elas deixariam de ser, assim como não existiam antes que existissem. Mas digo ‘antes’ na eternidade, não no tempo, (Cidade de Deus apud BETTENCOURT 1997, pg. 60-61).

- O Tempo:

Deus criou o mundo a partir do nada e junto com o mundo surgiu o tempo, a medida do movimento das coisas corpóreas que somente passaram a existir pelo ato Divino, pois, antes de as coisas do mundo existirem não havia tempo nem antes e nem depois, apenas o eterno, que é um instante presente sem distinguir de passado ou de futuro.

Platão com sua ideia de preexistência alega que o Demiurgo criou os seres visíveis levando em consideração os exemplares de cada um, ideias que subsistiria apenas no mundo superior acessível somente à mente humana. S. Agostinho se utiliza da linguagem platônica para exprimir a doutrina cristã:

todas as coisas que têm seu gênero determinado por uma natureza própria para poderem existir, foram criadas por Deus. E por obra sua vive tudo aquilo que tem vida, toda a conservação do universo, a própria ordem com a qual as coisas mutáveis seguem o seu curso temporal em uma determinada medida, tudo isso está contido e é governado pelas leis do

2 Está explicito em sua obra A Cidade de Deus.

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Altíssimo. [...] conclui-se então que toda coisa foi criada segundo a razão. Mas seria absurdo pensar que o homem foi criado segundo a mesma razão ou ideia do cavalo. Portanto, cada coisa foi criada segundo uma razão ou ideia própria [...]. Ora, se essas razões de todas as coisas ou por criar estão contidas na mente divina, se na mente divina não pode haver nada que não seja eterno e imutável e se essas razões fundamentais das coisas são aquilo que Platão chamava de ideias, então não apenas as Ideias existem, mas também são a verdadeira realidade, porque são eternas e imutáveis e porque tudo aquilo que existe é pela participação nelas que existe, qualquer que seja o seu modo de ser, (Questões apud BETTENCOURT 1997, pg. 62-63).

- Razões Seminais:

Os estóicos pré-cristãos alegavam as razões seminais (logoi spermatikoí) de forma diferente do pensamento de S. Agostinho.

Para o S. Agostinho Deus criou todas as coisas de forma simultânea e nem todas foram rematadas, e estas são as “razões seminais” ou sementes de muitas criaturas, que, ao longo do tempo, se desenvolveram até aparecem fi nalmente em toda a sua soberania.

Em seu Comentário Literal ao Gênesis e na obra De Trinitate pensa o célebre doutor:

[...] são as sementes misteriosas com que, por ordem do Criador, a água produziu os primeiros peixes e os primeiros voláteis e a terra os seus primeiros brotos e os primeiros animais segundo a sua espécie”. [...] Sem dúvida, todas as coisas que nós vemos já foram criadas originária e fundamentalmente em uma espécie de trama dos elementos, mas é necessária a ocasião favorável para que venham â luz. E, assim como as mães fi cam grávidas de sua prole, da mesma forma o mundo inteiro está grávido das causas dos seres que nascem, causas que são criadas no mundo por aquela Essência suprema sem a qual nada nasce e nada morre, nada começa e nada acaba”, (S. Agostinho apud BETTENCOURT 1997, pg. 64).

- João Escoto Eriúgena:

É um autor do século IX (~810) foi chamado por Carlos o Calvo (~847) para a escola do palácio do rei da França. Sua obra principal é De Divisione Naturae composta por cinco livros, onde distingue quatro tipos de natureza: a) a natureza que não é criada e cria (Deus); b) a natureza que é criada e cria (criaturas da Sabedoria); c) a natureza que é criada e não cria (o mundo); d) a natureza que não é criada e não cria (Deus eterno os homens vem e voltam a Ele).

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1.6 Idade Média e Idade Moderna

- Avicena (+ 1037) e Averróis (+1198):

No século XII levantou-se a questão da eternidade do mundo, pelos fi lósofos árabes, os quais se dedicaram à tradução e ao comentário das obras do fi lósofo grego Aristóteles (+ 322 a.C.).

Aristóteles era pouco estimado pelos cristãos, pois desde S. Agostinho, os autores cristãos recorriam à Platão (+ 347 a.C.), aos ilustrar as verdades da fé. Avicena apresentou Aristóteles aos cristãos segundo teses do neoplatonismo e da religião islâmica (monoteísta).

Já Averróis, com sua obra revolucionária, tornou-se um comentador de Aristóteles, o qual ele julgava mestre insuperável: “A doutrina de Aristóteles coincide com a suprema verdade”.

A sua interpretação de Aristóteles não tinha a mistura de outros sistemas fi losófi cos e Averróis afi rmou a eternidade do mundo e ensinou a unicidade do intelecto humano, pois para ele se o intelecto fosse individual, não conseguiria atingir verdades universais e um sistema de saber coerente, por isso o intelecto é único para toda a humanidade, não sendo misturado com a matéria.

Houve calorosa reação contra Averróis por parte de pensadores cristãos e a Universidade de Paris condenou a Metafísica e outras obras naturais de Aristóteles (de Filosofi a da Natureza):

também a fi losofi a judaica, representada por Moisés Maimônides (1135-1204), repeliu, ao menos em parte, o pensamento de Averróis: o mundo não é eterno, pois nenhum argumento o prova; ademais a Bíblia propõe a criação do mundo. O mundo também não é necessário, pois, ao afi rmá-lo, estaríamos negando a liberdade de Deus, (BETTENCOURT 1997, pg. 70).

Foi S. Tomás de Aquino (+1274) que poria ponto fi nal às falsas interpretações de Aristóteles, mostrando um sistema que ao utilizar o que há em Aristóteles, conseguiria representar autenticamente a fi losofi a cristã.

- Séculos XVI – XVII: Copérnico, Galileu3, Leibniz e Malebranche:

Dois cientistas revolucionaram a astronomia e a cosmologia Nicolau Copérnico (1473-1543) que levantou a hipótese de que a Terra não ocupava o centro do universo e que girava em torno do sol.

3 Ver Curso História da Igreja, pág. 75.

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Assim sendo a Encarnação do Verbo não teria sido no centro do universo, algo que os pensadores cristãos da época condenavam, mas abriram caminho para a tese de Galileu Galilei (1564-1642), que em 1610 publicou Sidereus Nuntius, onde foi acusado de heresia por bater de frente contra o geocentrismo e em 1616 foi processado por Roma que o proibiu de falar ou escrever qualquer noção de heliocentrismo:

o choque entre Galileu e as autoridades da Igreja era devido à interpretação de certos textos bíblicos, que parecem favorecer o geocentrismo: assim o Eclesiastes afi rma que “a Terra permanece para sempre (no seu lugar)” e que “o Sol se levanta, o Sol se deita, apressando-se a voltar ao seu lugar” (1,4s); em Josué 10,12s lê-se que Josué mandou “parar o Sol”, (BETTENCOURT 1997, pg. 71).

Não apenas pensadores católicos se opunham ao heliocentrismo, mas também pregadores protestantes, Lutero em 1539 afi rmou:

as pessoas deram ouvidos a um astrólogo de dois vinténs, que procurou demonstrar que é a Terra que gira, e não os céus e o fi rmamento, o Sol e a Lua... Esse insensato pretende subverter toda a ciência astronômica. Mas a Sagrada Escritura nos diz que Josué ordenou ao Sol e não à Terra que se detivesse, (BETTENCOURT 1997, pg. 72).

Calvino, no seu Comentário ao Gênesis, ao citar o Salmo 93: “Sim, o mundo está fi rme, jamais tremerá”, propõe a pergunta: “Quem terá a ousadia de antepor a autoridade de Copérnico à do Espírito Santo?” e Melanchton discípulo de Lutero escreveu:

[...] certos homens, por amor às novidades ou então para dar provas de genialidade, estabeleceram que a Terra se move e afi rmam que tanto a oitava esfera como o Sol não giram [...]. É tarefa de toda mente sã aceitara verdade como ela foi revelada por Deus e a ela submeter-se”. ,(BETTENCOURT 1997, pg. 73).

Galileu respondia a seus opositores que estes não pretendiam ensinar a constituição e os movimentos dos céus e das estrelas, com suas fi guras, grandezas e distâncias e “nada disseram em comparação com as infi nitas e admiráveis conclusões contidas e demonstradas em tal ciência”, (BETTENCOURT 1997, pg. 74).

Foi o princípio da exegese de Galileu que se tornou aceito pela Igreja que em sua época não teve acolhida alguma.

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Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716, cientista e fi lósofo, se preocupou com a organização do mundo material e tinha suas próprias teoria como as Mônadas, que é a harmonia preestabelecida.

Duas questões perpassam seu pensamento: 1) Por que existe algo em vez do nada? 2) Por que o que existe é assim e não diferente?

Para a primeira questão ele alegava que a existência do mundo de criaturas contingentes, não podia ser derivada de uma causa contingente, uma vez que toda causa contingente (a qual não tem em si a razão da existência) exigiria uma causa superior que sé chegar a Deus, que é a última e suprema razão de tudo o que há.

E em relação à sua segunda questão Leibniz apela para a perfeição de Deus, que se criou o mundo que né conhecido pelo homem Ele o fez porque era o melhor mundo possível. Sua oposição levantou objeções por parte dos pensadores cristãos que questionavam se “Deus foi livre para escolher o mundo que conhecemos, ou tinha necessariamente que escolher este nosso mundo, tido como o melhor possível?”, (BETTENCOURT 1997, pg. 75).

A resposta de Leibniz era de que não se tratava de necessidade metafísica em Deus, pois esta negaria Sua liberdade, mas sim de necessidade moral onde Deus podia escolher qualquer tipo de mundo e não o fez porque eram inferiores ao nosso, que realiza a perfeição e que era o objeto digno da escolha divina.

Quanto ao mal Leibniz explica sua existência o distinguindo em sua Teodicéia em três tipos: o mal metafísico, que coincide com a fi nitude ou as limitações das criaturas; o mal físico que ou é pena devida ao pecado, ou um meio para atingir uma fi nalidade positiva; e o mal moral que decorre do livre-arbítrio do homem.

Nicolas Malebranche (1638-1715) também afi rmava que Deus, sendo perfeito, só pode ter criado o melhor mundo possível, (BETTENCOURT 1997, pg. 76).

- Panteísmo, Idealismo, Positivismo:

a) Baruch Spinoza (1632-1677) lançou uma concepção fi losófi ca não cristã, o monismo panteísta, o qual perdurou até o século XIX e formou um sistema onde a Teologia Católica tomou posição. Para Spinoza, Deus é a única substância existente e além de tudo existir em Deus, tudo o que acontecem acontece pelas leis da natureza infi nita de Deus e decorre de sua essência:

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o mundo é a consequência necessária de Deus. Este pode ser chamado natura naturans e o mundo natura naturata. Natura naturans é a causa, ao passo que a natura naturata é o efeito daquela causa, efeito, porém, que não está fora da causa; o objeto é imanente á causa e vice-versa, com base no princípio de que “tudo está em Deus”, (BETTENCOURT 1997, pg. 77).

Immanuel Kant (1724-1804), fi lósofo alemão, afi rmava que a única forma de se atingir deus seria pela razão prática e não pela teórica, assim sendo é postulado como o fundamento da ordem moral.

Outros pensadores da linha de Kant: Johann Gottlieb Fichte (1762-1814), Friedrich Wilhelm Joseph Schilling (1775-1854) e Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) desenvolveram seu idealismo até chegar a uma nova forma de panteísmo, como o pensamento de Fichte explica:

não há absolutamente nenhum ser e nenhuma vida fora da vida mediata divina. Esse ser é encerrado e obscurecido de vários modos na consciência, com base em leis próprias, indestrutíveis e fundadas na essência da própria consciência. Mas, liberto desses invólucros e modifi cado somente pela forma do infi nito, reaparece na vida e nas ações do homem dedicado a Deus. Nessas ações, não é o homem que age, e sim o próprio Deus, no seu ser íntimo e originário e em sua essência, que age no homem e realiza a sua obra por meio dele, (BETTENCOURT 1997, pg. 78).

Augusto Comte (1798-1875) fundador do positivismo rejeita a Teologia e a Metafísica e se atem às ciências experimentais. Fundou a “religião da Humanidade” e sua trindade: a Humanidade é o Grande Ser; o espaço é o Grande Ambiente e a terra o Grande Fetiche.

Durante os séculos XIX e XX fascinados pelas descobertas científi cas os cientistas passaram a dispensar o conhecimento elementar de Deus, porém nos dias atuais a própria ciência leva os cientistas ao caminho de um ser supremo, o qual a Física Quântica chama de Consciencia Maior devido a ordem da criação do universo no macro e no microcosmo.

Fora do Catolicismo o pensador judeu Henri Bergson (1859-1941) defendeu a tese da evolução criadora: é criação livre e imprevisível, de formas contínuas, as quais são diversifi cadas como os feixes de um leque.

Conforme visto, as escolas não católicas dos séculos XIX e XX seguiam as teorias acima e a Teologia Católica então recebeu estímulos por parte do Papa Leão XIII:

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que promoveu a renovação da Escolástica e do Tomismo; o século XX foi um período de volta às fontes bíblicas e patrísticas, onde os estudiosos encontraram fecunda inspiração para aprofundadas pesquisas, (BETTENCOURT 1997, pg. 78).

1.7 O Pensamento do Pe. Pierre Teilhard de Chardin S. J.

O Pe. Teilhard de Chardin (1881-1955) era fi el à sua vocação; porém o seu lado de cientista e pensador é controvertido, o sistema de Teilhard de Chardin e seu princípio, parte de que a evolução é fato universal e dela nada que foi criado escapa, tendo início na matéria corpuscular, atinge o homem e vai além.

É importante salientar que a doutrina católica não se opõe à evolução, contanto que esta admitida as ações criadoras de Deus a primeira que produziu a matéria inicial que através de evoluções futuras atingiu o grau de complexidade de um corpo humano e Deus infundiu à matéria inerte a alma humana.

Para o Pe. de Chardin a evolução tem os nomes de “cefalização” e “cerebralização”, “pois, na verdade, quanto mais complexos são o sistema nervoso e o cérebro de um ser vivo, tanto mais perfeito e elevado ele é na escala dos viventes”, (BETTENCOURT 1997, pg. 83).

O Pe. Teilhard também propõe uma visão futurista onde a evolução continuará, uma vez que os cérebros humanos:

tendem a se coordenar entre si “numa coletividade harmonizada de consciências equivalente a uma espécie de Super-consciência. A Terra não somente se recobrirá de miríades de grãos de pensamento, mas também se envolverá num só grande envoltório pensante, até não formar funcionalmente senão um só vasto Grão de Pensamento, na escala sideral. Chegaremos assim, à Noosfera ou à esfera do Espírito, (BETTENCOURT 1997, pg. 84).

Teilhard em seu pensamento é ambíguo, tem um exagerado otimismo, prega o naturalismo e seu pensamento é ultrapassado, porém teve o merecimento de tentar criar um elo entre a ciência e a fé através do conceito moderno de evolução e sua síntese fornece lacunas que são importante á fé católica e por isto se justifi ca o silencio sobre ele e suas obras.

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1.8 Declarações da Igreja

- Símbolos de Fé:

O Símbolo dos Apóstolos4 erroneamente atribuído a estes e datado do início do século III, professa: “Creio em Deus Pai Todo-Poderoso”.

Em 325, diante do dualismo gnóstico o Símbolo de Nicéia, proclamou: “[...] Pai Onipotente, Criador do céu e da terra, das coisas visíveis e invisíveis” e em 381 o Símbolo de Constantinopla I repetiu a fórmula do símbolo anterior.

- Declarações Conciliares:

Do dualismo se originou diversas facetas e no século VI os discípulos de Orígenes de Alexandria (+250) seguiam os pensamentos platônicos e estoicos afi rmando que tudo o que acontecia no mundo era regido pelas próprias leis internas do mundo, assim sendo não havia a livre atividade criadora divina. Esta teoria foi condenada pelo sínodo regional de Constantinopla, e o Concilio universal de Constantinopla II (553) se apropriando a cada uma das Pessoas da Trindade, declarou: “Um é Deus Pai, de quem são todas as coisas; um é o Senhor Jesus Cristo, por quem são todas as coisas,, um é o Espírito Santo, em quem são todas as coisas” (DS 421 ou FC 4024, apud (BETTENCOURT 1997, pg. 96).

O Concilio regional de Braga em Portugal (561) também condenou uma modalidade de dualismo atribuída a Prisciliano (385), o qual defendia o diabo como o Criador da matéria e o princípio do mal:

na ocasião a Igreja teve a oportunidade de repelir toda depreciação da matéria, principalmente do corpo humano, e afi rmar que tudo o que existe é ontologicamente bom1, pois procede do único Criador; ver DS 455-464 ou FC 3003 apud BETTENCOURT 1997, pg. 96).

Na Idade Média os cátaros (1180) recorreram ao dualismo afi rmando que a matéria é má e foi criada por Satanás; e Jesus Cristo tinha um corpo aparente, mas não real.

Uma Profi ssão de Fé datada de 1208 afi rmava:

cremos de todo o coração e professamos com a boca que o Pai, o Filho e o Espírito Santo, o único Deus é o Criador; o formador; o diretor e promotor de todas as coisas corporais e espirituais, visíveis e invisíveis. Cremos que o Antigo e o Novo Testamento têm um mesmo e único autor: Deus, que, permanecendo na Trindade de sua vida, tudo criou do nada, (DS 790 ou FC 3000, apud BETTENCOURT 1997, pg. 97).

4 Ver o Curso de Eclesiologia, pág. 06.

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Estas verdades foram reafi rmadas pelo Concilio do Latrão IV (1215), assim como o Concilio de Lião II (1274).

O Concílio de Viena (frança) (1311) ainda enfrentando o dualismo proclamou que a união de corpo e alma não é contrária à natureza das coisas e que a alma se une ao corpo da mesma maneira que se une à matéria, como no sentido aristotélico-tomista.

O Concilio Geral de Florença (1442) tratou também sobre a criação afi rmando Deus Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis e que o mal não

O Concilio do Latrão V (1513), afi rmou que que cada ser humano tem sua alma individual e imortal, indo em contra a tese de uma alma coletiva.

O Concilio do Vaticano I (1870) em vista do panteísmo e materialismo reinante no século XI professou um só Deus Criador e Senhor Todo-Poderoso, elevado acima de tudo acima de tudo e tudo o que existe fora dele e se possa conceber, onde a substância ou a essência de Deus e a de todas as coisas não são uma e mesma coisa:

tudo o que Ele estabeleceu, Deus o guarda e o governa por sua Providência, ‘desenvolvendo seu vigor de um extremo ao outro do mundo e governando tudo com suavidade’ (Sb 8,1), pois tudo é desnudo e descoberto aos seus olhos (cf. Hb 4,13), até mesmo aquilo que decorre da livre atividade das criaturas” (DS 3003 ou FC 3021 apud BETTENCOURT 1997, pg. 100).

Os cânones que seguiram a esta declaração, retomam a doutrina e declaram que quem negar o que foi estabelecido como proposição será anátema. São textos que falam da criação, do seu motivo e de sua fi nalidade, opondo-se nitidamente ao materialismo e panteísmo do século XIX.

1.9 A Criação

Criar é produzir o ser enquanto ser, a criação é a causalidade no plano metafísico que visa o ser como ser e não como formas acidentais de ser.

Ela se distingue da transformação, pois nesta há apenas mudança de forma, fi cando sempre o mesmo substrato ou a matéria prima e a criação tira do nada um ser ou o produz segundo sua substância.

Criar é ato de Deus, pois apenas o Ser Absoluto pode criar o ser como ser, sendo este limitado e que produz aspectos do próprio ser, assim sendo criatura alguma poderá criar.

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Por ser Deus Perfeito se exclui o emanatismo do hinduísmo e de outras correntes de pensamento.

Nesta doutrina o mundo provem de uma fonte suprema e perfeita por emissão de fragmentos. Esta fonte é a Divindade e o mundo Sua expansão.

Dá-se a este sistema o nome de panteísmo (pan=tudo; theós=Deus); tudo seria Deus. Este é um sistema sem lógica, pois Deus é Absoluto e Perfeito e o mundo é mutável e imperfeito.

- Criaturas:

O universo e todos os seres dependem da Causa primeira, pois são continuação do ato do Criador e se chama conversação.

A conservação exercida por Deus é o prolongamento do ato de criar pois criação parte de um início e conservação não necessita iniciar, pois parte de algo preexistente, compartilhado pelas criaturas à maneira de instrumentos Divinos.

Desta forma somente Deus é o criador da luz, mas sua conservação, no ar é devida às causa instrumentais como o sol ou o gerador elétrico.

- Mundo:

A ideia de criação faz abstração da noção de princípio temporal ela é a “absoluta dependência do mundo, até o fundo do ser, em relação a Deus”, (BETTENCOURT 1997, pg. 106).

O mundo não é eterno quanto à eternidade de Deus, porém sua eternidade é a duração dos seres contingentes e variáveis que podem desaparecer e não teriam começo nem fi m. As mudanças que passam nas criaturas são sujeitas à medida do tempo e não podem ser determinadas por anos ou séculos.

Esta questão de eternidade do mundo, ainda aberta pela Filosofi a se elucida pela fé cristã.

A Sagrada Escritura diz: “no começo Deus fez o céu e aterra” (Gn 1,1), esta proposição explicitada pela Tradição é afi rmada pelo Concilio do Latrão IV (1215): “No início dos tempos Deus criou do nada as criaturas espirituais como as corporais, os anjos e o mundo. Deus criou o homem, constituído de corpo e espírito”, (BETTENCOURT 1997, pg. 107).

Mesmo estando ao alcance da inteligência humana a noção de criação é uma verdade fi losófi ca que não foi concebida pela Filosofi a como algo a partir do nada. Platão

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(+ 347 a.C.) e Aristóteles (+ 322 a.C.) não conseguiram explicar esta noção, apenas conseguiram se aproximar desta e o judaísmo, monoteísmo estrito, também não chegou com clareza sobre este assunto em seus escritos mais antigos e somente no século I a.C. “o texto de 2 Macabeus 7,28 professava a criação a partir do nada. Foi principalmente na base do Novo Testamento que a ideia de criação se tornou lúcida a fi lósofos e teólogos”, (BETTENCOURT 1997, pg. 107-108).

Esta expressão “a partir do nada”, não signifi ca uma causa nem matéria que dê origem a alguma coisa, a noção de criação afi rma que vem após o nada. Na verdade Deus não fez o mundo do nada, como matéria preexistente, Ele o fez com seu poder absoluto.

a) A eternidade do mundo é uma hipótese não aceita pela fé cristã, pois o mundo fosse coeterno com Deus, não seria uma criatura, pois a criação torna-se inútil, não carece de explicações e se o mundo é eterno, a criação vem a ser inútil, pois a existência do mundo já não precisa de ser explicada:

por conseguinte, se o mundo fosse eterno (coisa que de fato ele não é), não seria menos dependente de Deus eternamente; seria criado por Deus em todo o seu ser...; e isto em cada momento de sua duração, e em cada um dos seres singulares que o compõem, (BETTENCOURT 1997, pg. 107-108).

- Deus Antes da Criação:

Deus não é sujeito ao tempo ou a antes ou depois, uma vez que desde toda a eternidade Deus criou a matéria primitiva inicial e dela se desenvolveram diferentes modos e foi decretado que do nada sairiam os seres espirituais que dão vida aos corpos humanos.

“Podemos dizer: o mundo começou a existir há bilhões de anos, mas não podemos dizer: após bilhões de anos Deus criou o mundo.”, (BETTENCOURT 1997, pg. 110).

Deus fez um mundo melhor possível com seres limitados e fi nitos, por mais rica e densa que seja a perfeição da criatura, esta sempre será fi nita, chegando a um limite não ultrapassável:

o mundo atual criado por Deus é um mundo bom, no qual Deus permite que as criaturas cometam suas falhas; mas “nunca o permitiria, se não soubesse tirar dos erros mesmos das criaturas bens ainda maiores” (S. Agostinho, apud BETTENCOURT 1997, pg. 111).

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- Criatura e Criador:

A Revelação Divina visa quais as relações que existem entre Deus e sua criatura. Pode-se dizer por analogia que um artesão não usa apenas seus conhecimentos técnicos, mas também seus dotes artísticos e o seu senso humano. Portanto, compreende-se que a criação como Revelação de Deus necessita de uma afi nidade com Ele e com o sentido religioso, portanto, não basta pensar apenas sobre as origens do mundo; é preciso levar em conta o Artesão que o fez.

A criação é inseparável da Recriação ou Redenção, pois o Verbo se fez carne e habitou entre nós, se tornando humano também.

Deus ama sua obra criada a tal ponto que chegou a morrer e ressuscitar para recriá-la e a criatura tem o privilégio de ser amada gratuitamente por Deus, diferentemente do amor humano que se volta aos valores dos seres amados.

desde o início da história, o Criador tinha em vista a vinda do Verbo aos homens na plenitude dos tempos; Deus não é como o arquiteto que vai retocando e adaptando seu plano a novas e imprevistas situações; o desígnio eterno de Deus ao qual o universo deve a sua existência, comportava o propósito de ver a humanidade e o mundo infra-humano recapitulados em Cristo Jesus; cf. Ef 1,9s apud BETTENCOURT 1997, pg. 112-113).

O relacionamento do Criador e criatura não é como o de amigos ou cônjuge, é algo mais íntimo, pois conta com a causa ao seu efeito que penetra até o mais íntimo do ser de forma atuante, pois se Deus conserva a criatura está continuamente criando esta criatura. E isto não basta a si mesmo, mas sim a uma condição de dependência. “Esta total dependência da criatura em relação ao Criador signifi ca que o homem não deva ceder à tentação de se fechar em sua imanência e solidão.”, (BETTENCOURT 1997, pg. 114).

As três insufi ciências que caracterizam o homem são:

- insufi ciência metafísica: o homem precisa de Deus para ser e para agir, por isto a necessidade de orar e agradecer a Deus ou pedir-lhe auxílios;

- insufi ciência psicológica: o homem não basta a si próprio, não encontra paz, plenitude ou respostas ás suas aspirações;

- insufi ciência moral: o homem não vive apenas para si e não é o referencial absoluto de seus atos.

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- Finalidade da Criação:

A fi nalidade da criação é a glória de Deus. As criaturas proclamam a bondade e a perfeição do Criador e dão glória a Ele, pois quanto mais bela e nobre a criatura maior é a exaltação da perfeição de Deus.

Deus não precisa da glorifi cação que as criaturas lhe dão. Promovem apenas a glória externa de Deus,... glória externa que é a manifestação da glória interna ou da santidade de Deus, que é permanente, (BETTENCOURT 1997, pg. 117).

- Atividade do Criador e da Criatura:

O mundo não é matéria inerte, pois a criação de Deus tem potenciais que devem se desenvolver, para que com a Graça Divina a criatura possa ser plenamente realizada:

Deus as encaminha conforme seu plano de salvação, que é santo. A ação de Deus no mundo e junto aos homens, sábia e amorosa, chama-se Providência Divina, da qual falam as Escrituras em Dn 2,20-22; Mt 6,25-34 e no Apocalipse. Não há casualidade no plano de Deus. Também não há forças diabólicas nem poderes superiores capazes de entravar o plano de Deus. (BETTENCOURT 1997, pg. 118-119).

- A Santíssima Trindade e a Criação:

A SS. Trindade tem na história da salvação Deus Pai que é o Criador, Deis Filho o Recriador ou Redentor e o Espírito Santo o Santifi cador: “Este modo de falar no tocante ao Pai e ao Espírito Santo chama-se “apropriação”; faz-se própria a uma Pessoa Divina a ação comum às três Pessoas Divinas.”, (BETTENCOURT 1997, pg. 119).

Apesar de ser uma obra comum às Três Pessoas da SS. Trindade, a criação é mais apropriada a Deus Pai por Ele ser o Alfa e o Ômega, o Princípio sem causa primeira.

Deus Filho tem como obra própria que é a Encarnação e a Redenção, pois assumiu a forma humana para viver entre os homens, conforme o plano salvífi co do Senhor, assim sendo conclui-se que Deus é totalmente livre e desinteressado de si ao criar: “Criação e Encarnação se associam entre si, no sentido de que Jesus Cristo vem manifestar plenamente Aquele que fez o céu e a terra”, (BETTENCOURT 1997, pg. 119-120).

MÓDULO I – A CRIAÇÃO

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QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTO

1. O que signifi ca Hexaémeron?

2. Na origem do mundo o que os autores sagrados do hexaémeron e do Gênesis mostram?

3. De onde provém o nome do primeiro homem?

4. O que Charles Darwin não considera na luta pela vida (struggle for life)?

5. Quais são os profetas dos Livros Proféticos?

6. Quais são os Livros Sapienciais?

7. Em quais séculos expandiu-se a gnose?

8. O que é o milenarismo?

9. O que afi rma Santo Agostinho em sua noção de Criação?

10. O que são as Razões Seminais para S. Agostinho?

11. O que rejeita Augusto Comte (1798-1875) fundador do positivismo?

12. O que condenou o Concílio regional de Braga em Portugal (561)?

13. O que visa a Revelação Divina?

14. Qual é a fi nalidade da Criação?

15. Por que a Criação é mais apropriada a Deus Pai?

MÓDULO I – A CRIAÇÃO

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RESUMO MÓDULO I

ANTROPOLOGIA TEOLÓGICA

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O Hexaémeron (ergon)

• Denominado como a obra dos seis dias o hexaémeron forma um quadro sobre a criação do mundo e do homem no espaço de seis dias de trabalho e um de repouso.

• Os seis dias são distribuídos em três dias para a criação e distinção do universo (ar, água, terra) e três dias para seu povoamento (astros, peixes, aves, animais terrestre e o ser humano).

RESUMO MÓDULO I

A CRIAÇÃO

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Ensinamentos do Hexaémeron sobre Deus

• Deus é Um

• Deus é Eterno

• Deus é Todo Poderoso

• Deus é Bom

• Deus repousou do trabalho que havia feito

A CRIAÇÃO

RESUMO MÓDULO I

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Ensinamentos do Hexaémeron sobre o Mundo

• O mundo não é eterno

• O mundo não originou por si ou por mero acaso

• As criaturas são boas

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RESUMO MÓDULO I

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Ensinamentos do Hexaémeron sobre o Homem

• o Homem é novo

• Homem e mulher apresentam a mesma dignidade

• O matrimônio é santo

• O trabalho tem a benção de Deus

• O sétimo dia é santifi cado por Deus

A CRIAÇÃO

RESUMO MÓDULO I

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O Mundo e o Primeiro Homem (Gn 2,4b-3,24)

• Na interpretação da criação do Homem e de sua expulsão do Jardim do Éden deve-se voltar a atenção ao problema antropológico das relações do homem com Deus, pois é uma questão religiosa: “[...] não considere os demais enunciados do texto sacro senão enquanto signifi cam alguma coisa para a religiosidade do homem.”, (BETTENCOURT 1997, pg. 19).

• A Origem do Homem (Gn 2,7)

• A Primeira Mulher (Gn 2,18-24)

• A Fé na Criação de Deus e a Teoria Evolucionista

A CRIAÇÃO

RESUMO MÓDULO I

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Livros Proféticos

• Isaías

• Jeremias

• Amós

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Livros Sapienciais

• O Livro de Jó

• O Livro dos Provérbios

• O Livro da Sabedoria

• Eclesiástico

• Salmos

• O 2° Livro dos Macabeus

• Textos Paulinos e Joaneus

A CRIAÇÃO

RESUMO MÓDULO I

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Tradição Cristã

• Foi o próprio Deus invisível, verdadeiramente Senhor e Criador de tudo, que do alto dos céus colocou entre os homens a Verdade, o Logos santo e incompreensível, e o inseriu fi rmemente nos seus corações. Não, como pode alguém conjecturar, enviando aos homens algum ministro, anjo ou príncipe, algum daqueles que governam as coisas terrenas ou dos que têm a seu cargo o cuidado das coisas celestes, e sim mandando o próprio Artífi ce e Autor de tudo, aquele por meio de quem criou as coisas e encerrou o mar nos seus limites; a cujos mistérios os elementos obedecem fi elmente [...], (BETTENCOURT 1997, pg. 47).

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Encontro da fé cristã com a Filosofi a Grega

O Gnosticismofundia concepções orientais e gregas com a religiosidade do judaísmo e nessa cosmovisão estava o dualismo, ou seja, a forte antítese entre o espírito que é bom e a matéria que é má.

A Recapitulação• S. Ireneu se utilizou do conceito de recapitulação

(anakephalaíosis) de São Paulo:

• o Pai deu-nos a conhecer o mistério da sua vontade, conforme decisão prévia que lhe aprouve tomar para levar o tempo à sua plenitude: a de em Cristo encabeçar (anakephalaiósasthai) todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra. (Ef 1,9).

O MilenarismoO milenarismo é uma teoria dos escritores judaicos onde no fi m dos dias Satanás será aprisionado por mil anos e Cristo voltará.

A CRIAÇÃO

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O Pensamento de S. Agostinho

S. Agostinho é contrário ao pensamento de Platão e afi rma que Deus tudo criou sem matéria preexistente e, que uma única realidade procede de outra dentro de três modalidades:

a) por geração: o fi lho deriva dos genitores;

b) por fabricação: o artesão se serve de algo preexistente;

c) a partir do nada absoluto: não deriva da substância do Criador e nem da substância extrínseca, é criado.

• O homem é um ser fi nito, não pode criar, pode fabricar e produzir outras modalidades de ser.

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O Pensamento de S. Agostinho

• Para S. Agostinho o conceito de Deus Criador é único em Deus e somente Ele pode fazer o que quiser do modo que for, pois se não o fi zesse não haveria nem isto nem aquilo Está explicito em sua obra A Cidade de Deus.

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O Pensamento de S. Agostinho • O Tempo: Deus criou o mundo a partir do nada e

junto com o mundo surgiu o tempo, a medida do movimento das coisas corpóreas que somente passaram a existir pelo ato Divino, pois, antes de as coisas do mundo existirem não havia tempo nem antes e nem depois, apenas o eterno, que é um instante presente sem distinguir de passado ou de futuro.

• Razões Seminais: Para o S. Agostinho Deus criou todas as coisas de forma simultânea e nem todas foram rematadas, e estas são as “razões seminais” ou sementes de muitas criaturas, que, ao longo do tempo, se desenvolveram até aparecem fi nalmente em toda a sua soberania.

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Idade Média e Idade Moderna

Aristóteles era pouco estimado pelos cristãos, pois desde S. Agostinho, os autores cristãos recorriam à Platão (+ 347 a.C.), aos ilustrar as verdades da fé.

• S. Tomás de Aquino (+1274): mostrou um sistema que ao utilizar o que há em Aristóteles, conseguiria representar autenticamente a fi losofi a cristã.

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Séculos XVI – XVII

Dois cientistas revolucionaram a astronomia e a cosmologia:

Nicolau Copérnico (1473-1543) que levantou a hipótese de que a Terra não ocupava o centro do universo e que girava em torno do sol.

Assim sendo a Encarnação do Verbo não teria sido no centro do universo, algo que os pensadores cristãos da época condenavam.

Galileu Galilei (1564-1642)• Foi acusado de heresia por bater de frente contra

o geocentrismo e em 1616 foi processado por Roma que o proibiu de falar ou escrever qualquer noção de heliocentrismo.

A CRIAÇÃO

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Panteísmo, Idealismo, Positivismo

Para Spinoza, Deus é a única substância existente e além de tudo existir em Deus, tudo o que acontecem acontece pelas leis da natureza infi nita de Deus e decorre de sua essência.

• Immanuel Kant afi rmava que a única forma de se atingir deus seria pela razão prática e não pela teórica, assim sendo é postulado como o fundamento da ordem moral.

• Augusto Comte fundador do positivismo rejeita a Teologia e a Metafísica e se atem às ciências experimentais. Fundou a “religião da Humanidade” e sua trindade: a Humanidade é o Grande Ser; o espaço é o Grande Ambiente e a terra o Grande Fetiche.

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Declarações da Igreja

Símbolos de FéEm 325, diante do dualismo gnóstico o Símbolo de Nicéia, proclamou: “[...] Pai Onipotente, Criador do céu e da terra, das coisas visíveis e invisíveis” e em 381 o Símbolo de Constantinopla I repetiu a fórmula do símbolo anterior.

Declarações Conciliares• No século VI os discípulos de Orígenes de

Alexandria (+250) seguiam os pensamentos platônicos e estoicos. O Concilio de Constantinopla II (553) se apropriando a cada uma das Pessoas da Trindade, declarou: “Um é Deus Pai, de quem são todas as coisas; um é o Senhor Jesus Cristo, por quem são todas as coisas,, um é o Espírito Santo, em quem são todas as coisas” (DS 421 ou FC 4024, apud (BETTENCOURT 1997, pg. 96).

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• Criar é produzir o ser enquanto ser, a criação é a causalidade no plano metafísico que visa o ser como ser e não como formas acidentais de ser.

• Criar é ato de Deus, pois apenas o Ser Absoluto pode criar o ser como ser, sendo este limitado e que produz aspectos do próprio ser, assim sendo criatura alguma poderá criar.

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Criaturas• O universo e todos os seres dependem da Causa

primeira, pois são continuação do ato do Criador e se chama conversação.

Mundo• O mundo não é eterno quanto à eternidade de

Deus, porém sua eternidade é a duração dos seres contingentes e variáveis que podem desaparecer e não teriam começo nem fi m.

Deus Antes da Criação• Deus não é sujeito ao tempo ou a antes ou depois, uma

vez que desde toda a eternidade Deus criou a matéria primitiva inicial e dela se desenvolveram diferentes modos e foi decretado que do nada sairiam os seres espirituais que dão vida aos corpos humanos.

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Criatura e Criador:

• A Revelação Divina visa quais as relações que existem entre Deus e sua criatura.

• A criação é inseparável da Re-criação ou Redenção, pois o Verbo se fez carne e habitou entre nós, se tornando humano também.

• Deus ama sua obra criada a tal ponto que chegou a morrer e ressuscitar para recriá-la e a criatura tem o privilégio de ser amada gratuitamente por Deus, diferentemente do amor humano que se volta aos valores dos seres amados.

• O relacionamento do Criador e criatura não é como o de amigos ou cônjuge, é algo mais íntimo pois conta com a causa ao seu efeito que penetra até o mais íntimo do ser de forma atuante, pois se Deus conserva a criatura está continuamente criando esta criatura

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Três insufi ciências que caracterizam o homem:

• insufi ciência metafísica: o homem precisa de Deus para ser e para agir, por isto a necessidade de orar e agradecer a Deus ou pedir-lhe auxílios;

• insufi ciência psicológica: o homem não basta a si próprio, não encontra paz, plenitude ou respostas ás suas aspirações;

• insufi ciência moral: o homem não vive apenas para si e não é o referencial absoluto de seus atos.

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Finalidade da Criação

• A fi nalidade da criação é a glória de Deus. As criaturas proclamam a bondade e a perfeição do Criador e dão glória a Ele, pois quanto mais bela e nobre a criatura maior é a exaltação da perfeição de Deus.

• Atividade do Criador e da Criatura

• O mundo não é matéria inerte, pois a criação de Deus tem potenciais que devem se desenvolver, para que com a Graça Divina a criatura possa ser plenamente realizada.

• A Santíssima Trindade e a Criação:

• A SS. Trindade tem na história da salvação Deus Pai que é o Criador, Deis Filho o Recriador ou Redentor e o Espírito Santo o Santifi cador

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BETTENCOURT, E. Mater Ecclesiae. Apostila: Curso De Historia Da Igreja Por Correspondência, 1987, RJ.

 

BÍBLIA DE JERUSALÉM, 5ª Impressão, ISBN 978-85-1977-7, Ed. Paulus, 2008.

BIBLIA DE JERUSALEM.JAR, Disponível em: <http://www.4shared.com/fi le/LJOaH3W2/Biblia_de_Jerusalem.html> - Acesso em 7 jul 2014.

Imagens de Dominínio Público: https://pixabay.com

A CRIAÇÃO

RESUMO MÓDULO I

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MÓDULO II A CIÊNCIA E A FÉ

A vida não cria por si, ou seja, ninguém pode gerar a si mesmo ou ser gerado por uma mágica da matéria conforme já foi acreditado em outras épocas.

Existe fundamento empírico para admitir a evolução dentro dos limites de gêneros e espécies, que esta não é casual e que visa um modelo (télos) fi nal.

A chamada “evolução teleológica” supõe o Criador dando origem à matéria primitiva, criando lei e ordem para o aperfeiçoamento da espécie segundo um plano pré-concebido pelo próprio Deus.

- A Fita de DNA:

Os seres vivos são projetados conforme os códigos gravados em suas fi tas de DNA, as quais foram antecipadamente programadas e vivem de acordo com a programação dessa fi ta.

A programação é variável, devido a diversidade de espécies que nos dias de hoje a classifi cação dos seres vivos conta com:

[...] cerca de um milhão de espécies animais e 350.000 espécies vegetais. Existe um projeto e uma programação para cada um deles. Varia a programação, mas a gravação é a mesma para todos, protistas, plantas, animais e homens, (BETTENCOURT 1997, pg. 129).

Foi esta programação e gravação da fi ta biológica que originou a vida na Terra, que e foi se difundindo até chegar os tempos atuais.

Destaca-se que obviamente apenas uma Inteligência Suprema que paira acima da matéria e da energia, do tempo e do espaço a poderia conceber: Deus Criador, o responsável pela programação e gravação dos códigos da fi ta biogenética.

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Sim, salienta-se que toda célula deriva de outra célula, não há geração espontânea para dar inicio à vida, apenas Deus poderia arcar com tamanho projeto visto que:

existe uma única fi ta DNA para todos os seres vivos, e a gravação é efetuada da mesma maneira para todos, quer se trate de um líquem ou de um carvalho, de um vermículo ou de uma baleia azul, (BETTENCOURT 1997, pg. 128).

- A Teoria da Evolução:

No século XIX foi formulada a teoria da evolução, que apregoa que as espécies vegetais e animais evoluíram de um mesmo núcleo inicial.

Jean-Baptiste Lamarck em 1809 lançou sua hipótese evolucionista que cita como fatores da evolução o meio, a hereditariedade e o tempo.

Obviamente o clima, a alimentação, a temperatura, etc. causariam transformação de forma diversa nos seres vivos, suscitando a formação de órgãos capacitados para responder as exigências, pois “a função cria o órgão, segundo Lamarck. e essas transformações se teriam sido transmitidas por hereditariedade e se fi xado na espécie.

Charles Darwin, em 1859 não considerou a ação do meio, propôs como fator primordial da evolução a luta pela sobrevivência, onde os mais fortes resistiriam e os mais fracos sucumbiriam, formando assim uma seleção natural.

De Vries, naturalista holandês admitiu outra modalidade de evolução ao afi rmar que as pequenas variações contínuas causaram mudanças bruscas e de imensa amplitude, na fase embrionária do indivíduo devido as infl uências desconhecidas e imprevisíveis, de onde se origina o mutacionismo.

No mutacionismo não existem formas intermediárias entre o molde antigo e o novo: “o novo aparece repentinamente, como o parecem insinuar ainda hoje fenômenos observados na vida de certos animais e plantas”, (BETTENCOURT 1997, pg. 128).

Esta teoria complementa os espaços intermediários que Lamarck e Darwin não conseguiram explicar e muito menos encontrar na natureza, os quais seriam os estágios existentes entre os indivíduos primitivos e os mais evoluídos.

Porém as teorias de Lamarck e Darwin estão praticamente abandonadas nos dias atuais pois:

MÓDULO II – A CIÊNCIA E A FÉ

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as transformações não se devem ter dado em graus insensíveis, como pensavam esses dois cientistas, pois, enquanto o órgão está em formação paulatina, não serve à sobrevivência do indivíduo; a função não cria o órgão, mas, ao contrário, supõe-no. O meio não exerce a infl uência suposta por Lamarck; além disto, a hereditariedade não parece transmitir caracteres individuais adquiridos, mas apenas simples disposições. Ademais a luta pela vida admitida por Darwin redunda em mecanismo cego, que não condiz com a fi nalidade que parece presidir a todo o processo evolucionista, (BETTENCOURT 1997, pg. 137).

O mutacionismo, sendo mais condizente com a realidade dos fatos afi rma mudanças no ser vivo em virtude de modifi cação imprevisível do genótipo: como o formato dos olhos, tamanho das asas, direção da cauda, vitalidade, etc.

Estas mutações ocorrem de uma geração para outra bruscamente, em um grupo selete de indivíduos e atingem diversos órgãos, não se esquecendo de que há mutações que induzem as diferenças, como supressão de olhos, asas e etc. não chegando a produzir o órgão novo.

As modifi cações são hereditárias e duradouras e as causas que as induzem ainda não foram totalmente elucidadas, assim sendo:

as modifi cações bruscas não se devem exclusivamente a estímulos extrínsecos ao indivíduo, como foi atrás observado; já que se verifi cam diversamente nas mesmas circunstâncias de vida de uma população, devem até certo grau provir de um princípio intrínseco ao sujeito mutante. Doutro lado, porém, não são independentes do âmbito em que se acha o vivente, pois têm sido provocadas artifi cialmente em laboratório, mediante a aplicação de raios de ondas curtas (raios X e Y), (BETTENCOURT 1997, pg. 138-139).

- O Acaso:

Acaso é a ausência de normas, leis e ordens, que foram previstas por uma inteligência, seria o fato de imaginar a matéria como bilhões e bilhões de átomos girando sem regras em total anarquia, portanto: “a refl exão e o bom senso recusam a hipótese de que este mundo tenha sido produzido por acaso”, (BETTENCOURT 1997, pg. 140).

Ao considerar que a molécula de proteína, elemento básico de todos os organismos vivos, se formou ao acaso, sem esperar bilhões de anos, por duas vezes consecutivas já é uma grande ilusão, imaginar que houve ainda outra combinação para a ocorrência de um mesmo fenômeno é o equivalente a crer em um milagre, principalmente se levar

MÓDULO II – A CIÊNCIA E A FÉ

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em conta que em um tempo extremamente curto tenha ocorrido o mesmo fenômeno bilhões de vezes é o mesmo que negar a aplicação do cálculo das probabilidades a esse problema.

O que levou Voltaire (+1778) a afi rmar: “Encham um saco de pó; lancem-no numa pipa. Agitem com força durante muito tempo, e hão de ver sair lá de dentro quadros, violinos, jarras de fl ores e coelhos!”.

- A Origem da Vida:

Ao apresentar a questão se a vida pode ter originado a partir da evolução ou se foi ato criador de Deus, levando em consideração os três graus de vida: a vegetativa, a sensitiva e a intelectiva, a Teologia propõe alguns princípios em relação dos conceitos de vida e graus de vida.

A vida vegetativa e sensitiva é de índole material, pode ter sido originado da matéria em evolução e:

reações físico-químicas podem ter provocado o surto de vida num protozoário no fundo dos mares. A matéria inerte pode ter trazido em si desde a sua origem (desde que criada) a potencial idade para se tornar viva (com vida vegetativa ou sensitiva), nas condições propícias para tanto, (BETTENCOURT 1997, pg. 145).

Já a vida intelectiva ou do homem é de índole transcendental (espiritual), sendo assim não origina da evolução da matéria, já que esta não produz espírito que é um ser incorpóreo, dotado de inteligência e vontade, algo que a matéria não tem, portanto:

[...] se segue que o princípio vital (a alma) do homem tem sempre origem direta num ato criador de Deus. A alma humana é individual, criada por Deus para cada concepto no seio materno, desde o primeiro homem até nossos dias, (BETTENCOURT 1997, pg. 146).

- O Homem - Corpo e Alma:

Corpo e alma são dois componentes distintos do ser humano, tendo cada qual sua origem, o corpo material e a alma espiritual, em uma só unidade e complementando-se como matéria e forma no sentido aristotélico-tomista:

MÓDULO II – A CIÊNCIA E A FÉ

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a alma é o princípio vital que vivifi ca a matéria, e faz que o cálcio, o ferro, o magnésio, o potássio e os demais elementos químicos do organismo humano funcionem não isoladamente, mas como integrantes de um conjunto harmonioso e unitário, que se chama “o ser humano”, (BETTENCOURT 1997, pg. 152).

A alma é espiritual, não provém da evolução, por ser totalmente incorpórea, dotada de inteligência e de vontade.

Ela é criada por Deus e infundida no óvulo no momento da concepção dando origem a um ser humano.

O corpo humano é matéria e a Teologia não professa a teoria da evolução, como também não fi ca cega ao admitir que a origem do homem venha de uma matéria preexistente, ou seja, a evolução da matéria viva.

Cabe ao homem mediante pesquisas afi rmar ou não com precisão a teoria da evolução, pois Deus do nada tudo criou e mutações e transformações fazem parte do estado matéria viva ou inerte que sofrem o efeito de bactérias e germes do ar.

o homem é matéria viva e não se pode afi rmar sua origem evolutiva de um macaco, pois o princípio vital do macaco iria desaparecer no momento em que Deus lhe teria infundido a alma humana. Desta maneira há de ser entendida a expressão “o homem é primo do macaco”, [...] corpo animado por uma alma espiritual pertence a uma categoria de viventes muito superior à dos macacos, (BETTENCOURT 1997, pg. 154).

Quanto ao pensamento da Igreja, o Papa Pio XII em sua Encíclica Humani Generis proclama entre outras, as seguintes palavras:

o Magistério da Igreja não proíbe que, em conformidade com o atual estado das ciências e da teologia, seja objeto de pesquisas e de discussões, por parte dos competentes em ambos os campos, a doutrina do evolucionismo, enquanto ela investiga a origem do corpo humano, que proviria de matéria orgânica preexistente (a fé católica nos obriga a professar que as almas são criadas imediatamente por Deus). Isto, porém, deve ser feito de tal maneira que as razões das duas opiniões, isto é, da que é favorável e da que é contrária ao evolucionismo, sejam ponderadas e julgadas com a necessária seriedade, moderação, justa medida e contanto que todos estejam dispostos a se sujeitar ao juízo da Igreja, à qual Cristo confi ou o ofício de interpretar autenticamente a S. Escritura e defender os dogmas da fé, (BETTENCOURT 1997, pg. 155).

MÓDULO II – A CIÊNCIA E A FÉ

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Quanto a Bíblia em Gn (2,7) está escrito que do barro Deus formou o corpo do homem.

Salienta-se a Sagrada Escritura não tem intenções de ensinar ciências naturais, ao contrário, ela expõe ao homem o sentido e o valor das criaturas estudadas pela ciência.

Em relação à imagem de um Deus Oleiro, leva-se em conta que na era pré-cristã o oleiro é um “deus” que fabrica os jarros, pratos e tigelas, objetos que o homem é totalmente dependente para armazenar e guardar as coisas.

Torna-se possível compreender por que nas Sagradas Escrituras o oleiro e sua obra serve de imagem à obra do Criador, conforme relato do exegeta G. Lambert, em seu artigo L’Encyclique “Humani Generis” et l’Ecriture Sainte, em Nouvelle Revue Théologique 73 (1951) 234:

não se pode perder de vista a importância da cerâmica nas civilizações antigas e primitivas e quanto a profi ssão do oleiro estava espalhada. Para o homem que então procurava explicação para a sua origem própria, a hipótese do Oleiro Divino era algo de óbvio, como parece, (G. Lambert, 1951, apud BETTENCOURT 1997, pg. 160).

Lambert chegou à esta conclusão quando em sua viagem às terra bíblicas visitou um oleiro que em questão de minutos moldou uma lamparina com três bocas, um gracioso jarro de quinze centímetros de altura, um pote para o leite, um jarro grande de quase cinquenta centímetros de altura, apenas com seus olhos, seu polegar e o seu dedo indicador.

quando o escritor sagrado em Gn 2, 7 recorre ã imagem do Oleiro, não quer signifi car senão que há uma analogia entre o oleiro e Deus no modo de tratar seu artefato: como o oleiro é sábio, providente, carinhoso, soberano... em relação ao barro, assim Deus é (infi nitamente mais) sábio, providente, carinhoso, soberano em relação ao homem, independentemente do modo como tenham vindo à existência o homem e a mulher, (BETTENCOURT 1997, pg. 162).

- Adão e Eva:

Um ponto a discutir ligado á origem do primeiro casal é saber se eles eram apenas dois indivíduos (monogenismo) ou se eram indivíduos representantes do gênero humano com a diversidade de origem (poligenismo).

Os estudiosos que admitem a teoria da evolução acreditam que a passagem de uma espécie a outra, sendo esta superior, ocorre através de ramos ou populações, ou

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seja, de vários troncos independentes, cuja teoria chama-se “polifi letismo” e se opõe ao “monofi letismo” onde o ser humano teria originado de um tronco só.

A Tradição cristã sempre teve seu pensamento no monogenismo, ou seja, a doutrina que prega que o gênero humano descende de Adão e Eva.

Mas devido às descobertas e teorias dos cientistas, estudiosos católicos se questionam se esta posição é um dogma ou se pode se questão pode se sujeitar à uma reforma, admitindo um certo poligenismo na Igreja, assim como ocorreu com o evolucionismo.

Salienta-se que o pecado original é uma doutrina de fé, o mesmo não ocorre com o monogenismo, uma vez que este é uma hipótese científi ca e não religiosa:

o monogenismo poderia ser um “fato dogmático”, se o pecado original só se pudesse explicar dentro de uma visão monogenista da pré-história; então dir-se-ia que a fé exige o monogenismo. Hoje em dia teólogos de valor afi rmam e demonstram que a doutrina do pecado original pode subsistir perfeitamente dentro de uma perspectiva poligenista, isto é, na hipótese de que o gênero humano atual descenda de muitos casais, (BETTENCOURT 1997, pg. 166).

São Paulo em Rm (5,12-20) sempre é citado para corroborar a tese de que Adão signifi ca um só homem e até hoje não há uma manifestação ofi cial sobre o poligenismo no Magistério da Igreja.

- A Diferença entre as Raças Humanas:

Nos tempos atuais se tem por costume classifi car as raças em branca, amarela, negra e pele vermelha, porém os antropólogos discordam entre si sobre esta delimitação de raças, pois: “[...] não há nítidos limites entre elas, mas, antes, matizes, que formam uma escala gradativa quase imperceptível, os tipos humanos estão profundamente mesclados uns com os outros”, (BETTENCOURT 1997, pg. 176).

Uma vez que os homens todos se originaram de um só berço fi ca a questão da origem de diferentes raças humanas.

Os etnólogos apregoam que não existe raça pura, pois nos humanos prevalecem os caracteres raciais. A resposta a esta questão é um tanto complexa, já que a diferenciação entre as raças supõe múltiplos elementos: como fator interno há a hereditariedade, como fator externo o ambiente que vive e como fator intermediário as glândulas endócrinas e hormônios, ou seja, genética, migrações, cruzamentos, isolamento geográfi co e social, estilo de vida e fi siologia fazem por si a seleção natural:

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[...] estudos efetuados em animais e vegetais deram a ver que a proporção de indivíduos dotados da confi guração genética mais vantajosa para viver em determinado ambiente tende a se aumentar de geração em geração, ao passo que os indivíduos menos adaptados tendem a se extinguir, (BETTENCOURT 1997, pg. 186).

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RESUMO MÓDULO II

• A vida não cria por si, ou seja, ninguém pode gerar a si mesmo ou ser gerado por uma mágica da matéria conforme já foi acreditado em outras épocas.

• A chamada “evolução teleológica” supõe o Criador dando origem à matéria primitiva, criando lei e ordem para o aperfeiçoamento da espécie segundo um plano pré-concebido pelo próprio Deus.

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RESUMO MÓDULO II

A Fita de DNA

• Os seres vivos são projetados conforme os códigos gravados em suas fi tas de DNA, as quais foram antecipadamente programadas e vivem de acordo com a programação dessa fi ta.

• A programação é variável, devido a diversidade de espécies que nos dias de hoje a classifi cação dos seres vivos conta comcerca de um milhão de espécies animais e 350.000 espécies vegetais.

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RESUMO MÓDULO II

A Teoria da Evolução

• No século XIX foi formulada a teoria da evolução, que apregoa que as espécies vegetais e animais evoluíram de um mesmo núcleo inicial.

• Lamarck lançou sua hipótese evolucionista que cita como fatores da evolução o meio, a hereditariedade e o tempo.

• Charles Darwin não considerou a ação do meio, propôs como fator primordial da evolução a luta pela sobrevivência, onde os mais fortes resistiriam e os mais fracos sucumbiriam, formando assim uma seleção natural.

• De Vries, naturalista holandês admitiu outra modalidade de evolução ao afi rmar que as pequenas variações contínuas causaram mudanças bruscas e de imensa amplitude, na fase embrionária do indivíduo devido as infl uências desconhecidas e imprevisíveis, de onde se origina o mutacionismo.

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RESUMO MÓDULO II

O Acaso

• Acaso é a ausência de normas, leis e ordens, que foram previstas por uma inteligência, seria o fato de imaginar a matéria como bilhões e bilhões de átomos girando sem regras em total anarquia, portanto: “a refl exão e o bom senso recusam a hipótese de que este mundo tenha sido produzido por acaso”, (BETTENCOURT 1997, pg. 140).

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A CIÊNCIA E A FÉ

RESUMO MÓDULO II

A Origem da Vida

• A vida vegetativa e sensitiva é de índole material, pode ter sido originado da matéria em evolução.

• Já a vida intelectiva ou do homem é de índole transcendental (espiritual), sendo assim não origina da evolução da matéria, já que esta não produz espírito que é um ser incorpóreo, dotado de inteligência e vontade, algo que a matéria não tem.

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A CIÊNCIA E A FÉ

RESUMO MÓDULO II

O Homem - Corpo e Alma

• Corpo e alma são dois componentes distintos do ser humano, tendo cada qual sua origem, o corpo material e a alma espiritual, em uma só unidade e complementando-se como matéria e forma no sentido aristotélico-tomista:

 

• a alma é o princípio vital que vivifi ca a matéria, e faz que o cálcio, o ferro, o magnésio, o potássio e os demais elementos químicos do organismo humano funcionem não isoladamente, mas como integrantes de um conjunto harmonioso e unitário, que se chama “o ser humano”, (BETTENCOURT 1997, pg. 152).

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A CIÊNCIA E A FÉ

RESUMO MÓDULO II

Papa Pio XII - Encíclica Humani Generis

• o Magistério da Igreja não proíbe que, em conformidade com o atual estado das ciências e da teologia, seja objeto de pesquisas e de discussões, por parte dos competentes em ambos os campos, a doutrina do evolucionismo, enquanto ela investiga a origem do corpo humano, que proviria de matéria orgânica preexistente (a fé católica nos obriga a professar que as almas são criadas imediatamente por Deus). Isto, porém, deve ser feito de tal maneira que as razões das duas opiniões, isto é, da que é favorável e da que é contrária ao evolucionismo, sejam ponderadas e julgadas com a necessária seriedade, moderação, justa medida e contanto que todos estejam dispostos a se sujeitar ao juízo da Igreja, à qual Cristo confi ou o ofício de interpretar autenticamente a S. Escritura e defender os dogmas da fé, (BETTENCOURT 1997, pg. 155).

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RESUMO MÓDULO II

Adão e Eva

• Os estudiosos que admitem a teoria da evolução acreditam que a passagem de uma espécie a outra, sendo esta superior, ocorre através de ramos ou populações, ou seja, de vários troncos independentes, cuja teoria chama-se “polifi letismo” e se opõe ao “monofi letismo” onde o ser humano teria originado de um tronco só.

• A Tradição cristã sempre teve seu pensamento no monogenismo, ou seja, a doutrina que prega que o gênero humano descende de Adão e Eva.

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A CIÊNCIA E A FÉ

RESUMO MÓDULO II

A Diferença entre as Raças Humanas

• Os etnólogos apregoam que não existe raça pura, pois nos humanos prevalecem os caracteres raciais. A resposta a esta questão é um tanto complexa, já que a diferenciação entre as raças supõe múltiplos elementos: como fator interno há a hereditariedade, como fator externo o ambiente que vive e como fator intermediário as glândulas endócrinas e hormônios, ou seja, genética, migrações, cruzamentos, isolamento geográfi co e social, estilo de vida e fi siologia fazem por si a seleção natural

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A CIÊNCIA E A FÉ

RESUMO MÓDULO II

BETTENCOURT, E. Mater Ecclesiae. Apostila: Curso De Historia Da Igreja Por Correspondência, 1987, RJ.

 

BÍBLIA DE JERUSALÉM, 5ª Impressão, ISBN 978-85-1977-7, Ed. Paulus, 2008.

BIBLIA DE JERUSALEM.JAR, Disponível em: <http://www.4shared.com/fi le/LJOaH3W2/Biblia_de_Jerusalem.html> - Acesso em 7 jul 2014.

Imagens de Dominínio Público: https://pixabay.com

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MÓDULO III O MAL E A MORTE

O mal é um não-ser, uma ausência de algo que deveria ter existência e pode ser diferenciado em mal físico, que se refere à carência no plano material (fome, miséria, etc.) e mal moral, que é a tendência de mobilizar os próprios recursos para prejudicar o próximo, em vez de ajudá-lo.

E o fato da falha, que é fazer algo mau, pode ocorrer a qualquer criatura, pois é inerente a ela a falibilidade humana.

O mal supõe o bem, porém um bem incompleto e o mal não tem causa direta, sua causa é indireta, não causada:

aquela de não realizar seus efeitos até o fi m ou de maneira perfeita. Tal causa não pode ser Deus, que é sempre perfeito em tudo o que faz; mas só pode ser a criatura, que é limitada e, por isto, pode produzir o bem sem chegar ao seu remate, (BETTENCOURT 1997, pg. 294).

Deus respeita a ocorrência do mal porque deu livre-arbítrio ao homem e conforme afi rma S. Agostinho, a Sabedoria de Deus não permitiria o mal no mundo se dele não

pudesse tirar bens ainda maiores.

O sofrimento é um sentimento decorrente da própria índole humana e as pessoas retas quanto mais se aproximam da perfeição mais sofrem:

ainda que os sofrimentos do mundo dos animais sejam bem conhecidos e estejam próximos ao homem, aquilo que nós exprimimos com a palavra ‘sofrimento’ parece ser algo particularmente essencial à natureza humana... O sofrimento parece pertencerá transcendência do homem, (S. Pe João Paulo II, a Dor Salvífi ca, nº 2, apud BETTENCOURT 1997, pg. 298).

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- A Morte:

Considerada como o mais radical dos males é para os cristãos, um fenômeno natural, onde corpo e alma se separam e os órgãos vão se desgastando e não podem mais exercer as funções da vida devido a isto a alma, que é o princípio vital, espiritual e imortal tem sua separação do corpo.

A morte conforme conhecida pelo cristão decorre do pecado dos primeiros pais e Jesus Cristo:

obteve o triunfo sobre a morte em favor do gênero humano, a fi m de que cada indivíduo saiba que, embora deva morrer dolorosamente em consequência da culpa original, a morte não é para ele mera sanção, mas é a passagem para a vida defi nitiva, (BETTENCOURT 1997, pg. 306).

A natureza humana (corpo e alma), com suas faculdades (sentidos, inteligência e vontade) se encontra completa apenas até a morte e, após a ressurreição, o corpo estará de novo unido à alma, mas como um dom gratuito de Deus: “Assim como todos morrem em Adão, todos recuperarão a vida em Cristo”, (1Cor 15, 22).

Todos os homens estão sujeitos à morte, porém salienta-se a afi rmação de São Paulo que por ocasião da Parusia serão dispensados da morte aqueles que estiverem vivos (exceções):

[...] nem todos morreremos, mas todos seremos transformados, num instante, num abrir e fechar de olhos, ao som da trombeta fi nal; sim, a trombeta tocará, e os mortos ressurgirão incorruptíveis, e nós seremos transformados, (1Cor 15, 51-52).

Ou seja, aqueles que não provarem a morte seguirão juntos com os ressuscitados ao encontro de Cristo.

MÓDULO III - O MAL E A MORTE

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MÓDULO III - O MAL E A MORTE

QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTO

1. Como são projetados os seres vivos?

2. Quais são os famosos adeptos da A Teoria da Evolução?

3. O que é o Acaso?

4. Por que a alma não é espiritual?

5. A Tradição cristã sempre teve seu pensamento no monogenismo?

6. O que é o mal?

7. O que é a Morte?

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RESUMO MÓDULO III

O MAL E A MORTE

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O MAL E A MORTE

RESUMO MÓDULO III

• O Mal: é um não-ser, uma ausência de algo que deveria ter existência e pode ser diferenciado em mal físico, que se refere à carência no plano material (fome, miséria, etc.) e mal moral, que é a tendência de mobilizar os próprios recursos para prejudicar o próximo, em vez de ajudá-lo.

• A Morte: o mais radical dos males para os cristãos é fenômeno natural, onde corpo e alma se separam e os órgãos vão se desgastando e não podem mais exercer as funções da vida devido a isto a alma, que é o princípio vital, espiritual e imortal tem sua separação do corpo.

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O MAL E A MORTE

RESUMO MÓDULO III

• A natureza humana (corpo e alma), com suas faculdades (sentidos, inteligência e vontade) se encontra completa apenas até a morte e, após a ressurreição, o corpo estará de novo unido à alma, mas como um dom gratuito de Deus: “Assim como todos morrem em Adão, todos recuperarão a vida em Cristo”, (1Cor 15, 22).

• Todos os homens estão sujeitos à morte, porém salienta-se a afi rmação de São Paulo que por ocasião da Parusia serão dispensados da morte aqueles que estiverem vivos, as exceções.

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O MAL E A MORTE

RESUMO MÓDULO III

• [...] nem todos morreremos, mas todos seremos transformados, num instante, num abrir e fechar de olhos, ao som da trombeta fi nal; sim, a trombeta tocará, e os mortos ressurgirão incorruptíveis, e nós seremos transformados, (1Cor 15, 51-52).

• A aqueles que não provarem a morte seguirão juntos com os ressuscitados ao encontro de Cristo.

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O MAL E A MORTE

RESUMO MÓDULO III

BETTENCOURT, E. Mater Ecclesiae. Apostila: Curso De Historia Da Igreja Por Correspondência, 1987, RJ.

 

BÍBLIA DE JERUSALÉM, 5ª Impressão, ISBN 978-85-1977-7, Ed. Paulus, 2008.

BIBLIA DE JERUSALEM.JAR, Disponível em: <http://www.4shared.com/fi le/LJOaH3W2/Biblia_de_Jerusalem.html> - Acesso em 7 jul 2014.

Imagens de Dominínio Público: https://pixabay.com

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MÓDULO IV O TRABALHO E A TEOLOGIA FEMINISTA

Uma das capacidades que o homem tem é a de se expressar até mesmo pelo seu trabalho.

O Papa João Paulo II em sua Encíclica inicial Laborem Exercens (O Trabalhador) considera nesta em diferentes ângulos o trabalho humano no mundo atual.

O trabalho é feito para e pelo homem e não o homem para o trabalho uma vez que este inclusive discerne os animais racionais dos irracionais:

[...] uma das características que distinguem o homem das demais criaturas, cuja atividade, relacionada com a conservação da própria vida, não se pode chamar trabalho (proêmio). Este também vem a ser a chave da questão social (nº 3), (BETTENCOURT 1997, pg. 324).

- O Capital:

O trabalho e capital são elementos confl itantes desde quando começou a haver a noção da questão social, pois o capital reduzia o homem a um ambiente de extorsão e totalmente contrário á dignidade humana.

Karl Marx apregoava a:

[...] coletivização dos meios de produção, a fi m de que pela transferência destes meios das mãos dos particulares para a coletividade, representada pelo Estado, o trabalho humano fosse preservado da exploração, (BETTENCOURT 1997, pg. 326).

A igreja entende a solução marxista como ilusória, uma vez que os detentores dos meios de produção do Estaco exercem um monopólio administrativo que podem até mesmo desrespeitar os direitos fundamentais do cidadão: “o simples fato de os meios de

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produção passarem para a propriedade do Estado, no sistema coletivista, não signifi ca, só por si, a socialização (ou a posse comunitária e justa) desta propriedade (nº 14)”, (BETTENCOURT 1997, pg. 327).

Ciente deste problema, a Igreja então afi rma a prioridade do trabalho sobre o capital e o direito de todos à propriedade particular.

- Prioridade do Trabalho:

O trabalho expressa a grandeza e a dignidade do ser humano, pois também é a continuação da Criação, uma que que o homem produz seus instrumentos aperfeiçoando-os dia a dia e este instrumentos são um conjunto que constitui o capital, pois tem subordinação ao trabalho.

A Igreja sempre ensinou a prioridade do trabalho sobre o capital. O trabalho é a expressão da grandeza e da dignidade da pessoa humana; é também a continuação da obra do Criador:

é preciso, pois, pôr em relevo o primado do homem no processo de produção ou o primado do homem em relação às coisas. O capital não é senão um conjunto de coisas, ao passo que o homem, como sujeito do trabalho, independentemente do trabalho que realiza, é pessoa. (BETTENCOURT 1997, pg. 328).

Diante disto percebe-se que o economismo/materialismo é o primado dos valores materiais sobre os valores espirituais e pessoais.

- Propriedade Particular:

Mesmo defendendo o direito á propriedade particular a Igreja destaca que esta tem um fi m social, o qual dever servir ao bem comum da sociedade onde vive o homem. Portanto, não é aceitável o capitalismo rígido sem que haja a necessidade de servir aos interesses comuns da sociedade:

os meios de produção, pois não raro estes fi cam em poder de um pequeno grupo de homens que representam o Estado; estes não são os proprietários, mas procedem como se fossem os detentores da propriedade; o capitalismo dos particulares torna-se assim o capitalismo do Estado e dos governantes, (BETTENCOURT 1997, pg. 329).

MÓDULO IV - O TRABALHO E A TEOLOGIA FEMINISTA

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- Espiritualidade do Trabalho:

Os dois elementos da espiritualidade do trabalho é a participação na obra do criador, onde Deus por seis dias seguidos trabalhou e repousou no sétimo, observando a semana e a participação na Páscoa de Cristo:

Jesus encara com amor o trabalho e em parábolas refere-se a diversos tipos da atividade humana: o pastor, o agricultor, o médico, o semeador, o amo, o servo, o feitor, o pescador, o comerciante, o operário... Fala também das atividades exercidas pelas mulheres, como alude também ao trabalho dos estudiosos, (BETTENCOURT 1997, pg. 341).

- TF (Teologia Feminista):

Nos Estados Unidos e na Europa difundiu-se uma Teologia Feminista, em alemão: Feministische Theologie que através de argumentos fi losófi cos e psicológicos tentam demolir o machismo e o caráter dominador existente no Cristianismo e sua teorias afi rmam um elo revolucionário na religião na cultura humana.

a Teologia Feminista transfere estas ideias para o setor religioso. Como fundamento e sinal do predomínio dos homens, apontam-se a própria imagem de Deus, que unilateralmente vem representado pelos símbolos masculinos do “Pai”, do “Senhor”, do “Rei”... É preciso começar por libertar o conceito de Deus da sua masculinidade; somente então desaparecerá a “Igreja dos homens”, (BETTENCOURT 1997, pg. 341).

As teólogas feministas de maior expressão são infl uenciadas pelo marxismo e buscam o apoio político no socialismo.

Nesta TF a palavra Teologia deixa de ser uma refl exão lógica sobre Deus para se tornar “um agir inventivo e improvisado, menos substancioso e mais ambíguo” (Dra. Catharina Halkes, Gott hat nicht nur starke Sôhne apud BETTENCOURT 1997, pg. 346).

Os protestantes adotaram a TF e esta foi transmitida aos católicos através das mulheres que se converteram ao catolicismo.

entre as feministas têm tomado vulto as lésbicas, a quem é atribuído papel importante no processo encetado, ocupando às vezes a frente dos movimentos feministas; um slogan norte-americano afi rma que “o feminismo é a teoria e o lesbianismo é a prática”. Embora a maioria das feministas não compartilhe esse modo de viver, consideram-no com certa complacência, (BETTENCOURT 1997, pg. 350).

MÓDULO IV - O TRABALHO E A TEOLOGIA FEMINISTA

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Os principais pontos da Teologia Feminista é a Antropologia, cuja concepção básica é o andrógeno (todos tem em si o masculino e feminino) e o Relacionamento com a “Natureza”, onde se cultiva o Eco Feminismo.

A igreja não ignora que cada indivíduo tem em suas mínimas células orgânicas a marca da masculinidade e feminilidade, pois houve uma concepção entre homem e mulher e até Karl Jung reconhece as diferenças sexuais entre homem e mulher e nunca extinguiu a identidade de cada sexo.

Uma grande fragilidade dos princípios das teólogas feministas é o lesbianismo, pois com sua predominância acabaria a vida humana no planeta e a justifi cativa de que São Paulo afi rma que em Cristo não há homem nem mulher (Gl 3, 28): “há de ser entendida no respectivo contexto: o Apóstolo fala do Batismo e dos seus efeitos, que enriquecem com a graça de Deus o homem e a mulher indiferentemente”, (BETTENCOURT 1997, pg. 358).

Tanto que nos Evangelhos encontramos a presença feminina das mulheres que seguiam Jesus, auxiliando-o com seus bens, além daquelas que o seguiam e conquistavam seus milagres e das que eram pecadoras e foram compreendidas e perdoadas pelo próprio Cristo.

A própria Escritura versa que não há homem sem mulher:

[...] fato de que não se pode ter uma adequada hermenêutica do homem, ou seja, daquilo que é humano, sem um recurso adequado àquilo que é feminino. Analogamente acontece na economia salvífi ca de Deus: se queremos compreendê-la plenamente em relação a toda a história do homem, não podemos deixar de lado, na ótica de nossa fé, o mistério da mulher: “virgem-mãe-esposa” (nº22), (BETTENCOURT 1997, pg. 381-382).

Foram elas as primeiras testemunhas da Ressurreição de Cristo, assim como as primeiras que anunciaram Sua Ressurreição aos Apóstolos (Mt 28,1-10; Lc 24,8-11) e Maria Madalena foi tida como a “apóstola dos Apóstolos” (Jo 20,16- 18): “O comportamento de Jesus com estas mulheres que Ele encontra ao longo do caminho do seu serviço messiânico, é o refl exo do desígnio eterno de Deus, o qual, criando cada uma delas, a escolhe e ama em Cristo”, (Ef 1, 1 -5).

MÓDULO IV - O TRABALHO E A TEOLOGIA FEMINISTA

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QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTO

1. Para quem é feito o trabalho e o que ele discerne?

2. A que reduzia o homem o Capital?

3. O que pretende demolir a Teologia Feminista?

4. Quais os principais pontos da Teologia Feminista?

5. Quem foram as primeiras testemunhas da Ressurreição de Cristo?

MÓDULO IV - O TRABALHO E A TEOLOGIA FEMINISTA

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RESUMO MÓDULO IV

O TRABALHO E A TEOLOGIA FEMINISTA

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O TRABALHO E A TEOLOGIA FEMINISTA

RESUMO MÓDULO IV

O TRABALHO

• O Papa João Paulo II em sua Encíclica inicial Laborem Exercens (O Trabalhador) considera nesta em diferentes ângulos o trabalho humano no mundo atual.

• O trabalho é feito para e pelo homem e não o homem para o trabalho uma vez que este inclusive discerne os animais racionais dos irracionais.

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O TRABALHO E A TEOLOGIA FEMINISTA

RESUMO MÓDULO IV

O Capital

• O trabalho e capital são elementos confl itantes desde quando começou a haver a noção da questão social, pois o capital reduzia o homem a um ambiente de extorsão e totalmente contrário á dignidade humana.

• Karl Marx apregoava a coletivização dos meios de produção, a fi m de que pela transferência destes meios das mãos dos particulares para a coletividade, representada pelo Estado, o trabalho humano fosse preservado da exploração, (BETTENCOURT 1997, pg. 326).

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O TRABALHO E A TEOLOGIA FEMINISTA

RESUMO MÓDULO IV

O Capital

• A igreja entende a solução marxista como ilusória, uma vez que os detentores dos meios de produção do Estaco exercem um monopólio administrativo que podem até mesmo desrespeitar os direitos fundamentais do cidadão:

• O simples fato de os meios de produção passarem para a propriedade do Estado, no sistema coletivista, não signifi ca, só por si, a socialização (ou a posse comunitária e justa) desta propriedade (nº 14), (BETTENCOURT 1997, pg. 327).

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O TRABALHO E A TEOLOGIA FEMINISTA

RESUMO MÓDULO IV

Teologia Feminista (TF)

• Nos Estados Unidos e na Europa difundiu-se uma Teologia Feminista, em alemão: Feministische Theologie que através de argumentos fi losófi cos e psicológicos tentam demolir o machismo e o caráter dominador existente no Cristianismo e sua teorias afi rmam um elo revolucionário na religião na cultura humana:

A Teologia Feminista transfere estas ideias para o setor religioso. Como fundamento e sinal do predomínio dos homens, apontam-se a própria imagem de Deus, que unilateralmente vem representado pelos símbolos masculinos do “Pai”, do “Senhor”, do “Rei”... É preciso começar por libertar o conceito de Deus da sua masculinidade; somente então desaparecerá a “Igreja dos homens”, (BETTENCOURT 1997, pg. 341).

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O TRABALHO E A TEOLOGIA FEMINISTA

RESUMO MÓDULO IV

Os principais pontos da Teologia Feminista:

• Antropologia: cuja concepção básica é o andrógeno (todos tem em si o masculino e feminino) e o Relacionamento com a “Natureza”, onde se cultiva o Eco Feminismo.

• A igreja não ignora que cada indivíduo tem em suas mínimas células orgânicas a marca da masculinidade e feminilidade, pois houve uma concepção entre homem e mulher e até Karl Jung reconhece as diferenças sexuais entre homem e mulher e nunca extinguiu a identidade de cada sexo.

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O TRABALHO E A TEOLOGIA FEMINISTA

RESUMO MÓDULO IV

TF

Uma grande fragilidade dos princípios das teólogas feministas é o lesbianismo, pois com sua predominância acabaria a vida humana no planeta e a justifi cativa de que São Paulo afi rma que em Cristo não há homem nem mulher (Gl 3, 28): “há de ser entendida no respectivo contexto: o Apóstolo fala do Batismo e dos seus efeitos, que enriquecem com a graça de Deus o homem e a mulher indiferentemente”, (BETTENCOURT 1997, pg. 358).

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O TRABALHO E A TEOLOGIA FEMINISTA

RESUMO MÓDULO IV

TF

• Nos Evangelhos encontramos a presença feminina das mulheres que seguiam Jesus, auxiliando-o com seus bens, além daquelas que o seguiam e conquistavam seus milagres e das que eram pecadoras e foram compreendidas e perdoadas pelo próprio Cristo. A própria Escritura versa que não há homem sem mulher:

[...] fato de que não se pode ter uma adequada hermenêutica do homem, ou seja, daquilo que é humano, sem um recurso adequado àquilo que é feminino. Analogamente acontece na economia salvífi ca de Deus: se queremos compreendê-la plenamente em relação a toda a história do homem, não podemos deixar de lado, na ótica de nossa fé, o mistério da mulher: “virgem-mãe-esposa” (nº22), (BETTENCOURT 1997, pg. 381-382).

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O TRABALHO E A TEOLOGIA FEMINISTA

RESUMO MÓDULO IV

TF

• Foram elas as primeiras testemunhas da Ressurreição de Cristo, assim como as primeiras que anunciaram Sua Ressurreição aos Apóstolos (Mt 28,1-10; Lc 24,8-11) e Maria Madalena foi tida como a “apóstola dos Apóstolos” (Jo 20,16- 18): “O comportamento de Jesus com estas mulheres que Ele encontra ao longo do caminho do seu serviço messiânico, é o refl exo do desígnio eterno de Deus, o qual, criando cada uma delas, a escolhe e ama em Cristo”, (Ef 1, 1 -5).

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O TRABALHO E A TEOLOGIA FEMINISTA

RESUMO MÓDULO IV

BETTENCOURT, E. Mater Ecclesiae. Apostila: Curso De Historia Da Igreja Por Correspondência, 1987, RJ.

 

BÍBLIA DE JERUSALÉM, 5ª Impressão, ISBN 978-85-1977-7, Ed. Paulus, 2008.

BIBLIA DE JERUSALEM.JAR, Disponível em: <http://www.4shared.com/fi le/LJOaH3W2/Biblia_de_Jerusalem.html> - Acesso em 7 jul 2014.

Imagens de Dominínio Público: https://pixabay.com

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MÓDULO V A MULHER

A carta “Mulieris Dignitatem” do Papa João Paulo II em sua Introdução (n-1-2) já abre falando da dignidade e vocação das mulheres e cita a Mensagem Final do Concilio do Vaticano II sobre as mulheres e a plenitude de sua vocação:

[...] a hora em que a mulher adquire no mundo uma infl uência, um alcance, um poder jamais alcançados até agora. Por isto, no momento em que a humanidade conhece uma mudança tão profunda, as mulheres iluminadas pelo espírito do Evangelho muito podem ajudar a que a humanidade não decaia, (Acta Apostolicae Sedis 58, 1966, 135), (BETTENCOURT 1997, pg. 381-382).

A carta do Santo Padre destaca a vida da mulher em vários pontos:

- Mulher-Mãe de Deus (Theotókos) (ng 3-5):

Desde a plenitude dos tempos Deus enviou o Seu Filho ao mundo por meio de uma mulher (Gl 4,4) para que em seu plano Salvífi co complementasse a importância da Salvação, dentro de um acontecimento em que a fi gura de uma mulher consegue se destacar e perdurar por séculos.

- Imagem e Semelhança de Deus (nº 6-8):

A beleza da criação refere-se tanto ao homem quanto a mulher, no momento em que foram criados à semelhança de Deus, sendo os outros seres-vivos subordinados a estes e desta maneira ressalta-se na mulher a mesma dignidade e natureza que a do homem.

- Eva-Maria (nº 9-11):

Tanto homem quanto a mulher são “consortes da vida e felicidade do próprio Criador”, (BETTENCOURT 1997, pg. 369).

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O homem com seu livre-arbítrio abusou da liberdade dada por Deus e assim a soberba entrou no mundo trazendo em seu bojo o pecado original.

O pecado assim cometido foi causa da ruptura:... ruptura da criatura humana Com Deus,... do varão Com a mulher,... do homem consigo mesmo (ou no seu íntimo} e Com o mundo exterior... Tal é o pecado da origem ou original; contrapõe-se à justiça original, Com que fora prendado o primeiro casal, (BETTENCOURT 1997, pg. 369).

- Jesus Cristo (nº 12-16):

A dignidade da mulher foi manifestada por Jesus Cristo, que as tratava de uma maneira que foge ao contexto do papel feminino vivido na época, que era oprimido e preconceituoso, ressaltando a sua feminilidade.

Jesus causou estranheza aos Apóstolos pelo fato de estar conversando a sós com a Samaritana (Jo 4, 27); escandalizou o fariseu por permitir que uma mulher pecadora lhe ungisse os pés com óleo perfumado (cf. Lc 7,39). Deve ter provocado indignação nos ouvintes ao exclamar: “Os publicanos e as meretrizes vos precederão no reino de Deus” (Mt 21, 31). Mais: o Senhor extinguiu o direito de repudiar a esposa que, conforme a Lei de Moisés, tocava ao homem (cf. Mt 19, 3-8); tratou com deferência as “fi lhas de Jerusalém” que sobre Ele choravam (cf. Lc 23, 28). As parábolas também põem ante os olhos do leitor diversos tipos femininos: a mulher que perdeu a dracma (cf. Lc 15, 8-10), a que lançou fermento na massa (cf. Mt 13, 33), as virgens prudentes e as insensatas (cf. Mt 25,1-13), (BETTENCOURT 1997, pg. 374).

Observa-se que: “o comportamento de Jesus a respeito das mulheres que Ele encontra ao longo do caminho do seu serviço messiânico, é o refl exo do desígnio eterno de Deus, o qual, criando cada uma delas, a escolhe e ama em Cristo”, (Ef 1, 1 -5).

- Maternidade e Virgindade (nº 17-22):

A virgindade e a maternidade são uma realização feminina e Maria Virgem as realizou totalmente e em complemento com uma e outra.

- A Igreja, Esposa de Cristo (n9 23-27):

São Paulo traça um paralelo com o amor do matrimônio entre homem e mulher e o

MÓDULO V – A MULHER

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casamento de Cristo com a Igreja, (Ef 5,25-32) e exorta os maridos a amar suas esposas da mesma maneira que Cristo ama Sua Igreja.

Quanto ao fato do Apóstolo observar que as mulheres devem ser submissas aos seus esposos:

o autor sagrado sabe que a posição da mulher na sociedade antiga há de ser entendida de modo novo, pois o próprio Apóstolo admoeste “Submetei-vos uns aos outros no temor de Cristo” (Ef 5,21); vê-se, pois, que na relação marido-mulher a submissão não é unilateral, mas recíproca, (BETTENCOURT 1997, pg. 382).

- Maior é a Caridade (n° 28-30):

A mulher expressa o amor que Deus tem aos homens e Deus lhe confi a o homem de maneira especial, pois é através dela e da sua educação para os fi lhos que o mundo pode mudar, ainda mais nos dias atuais onde:

[...] consumismo e bem-estar material ameaça a sociedade de perder gradativamente a sensibilidade pelo homem ou pelos valores essencialmente humanos. Daí se deduz o papel particularmente importante daquele gênio da mulher que assegura a sensi¬bilidade pelo homem em todas as circunstâncias pelo fato mesmo de ser homem. E porque “a maior das virtudes é a caridade” (1 Cor 13,13), (BETTENCOURT 1997, pg. 386).

MÓDULO V – A MULHER

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QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTO

1. Em qual carta o Papa João Paulo II abre falando da dignidade e vocação das mulheres?

2. O homem com seu livre-arbítrio abusou do quê?

3. De que maneira Jesus Cristo tratava as mulheres?

4. São Paulo traça um paralelo com o amor do matrimônio entre homem e mulher com o quê?

5. O que são a virgindade e a maternidade?

MÓDULO V – A MULHER

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RESUMO MÓDULO V

A MULHER

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A MULHER

RESUMO MÓDULO V

• A carta “Mulieris Dignitatem” do Papa João Paulo II em sua Introdução (n-1-2) se abre falando da dignidade e vocação das mulheres.

• A carta do Santo Padre destaca a vida da mulher em vários pontos:

• Mulher-Mãe de Deus (Theotókos) (ng 3-5):Desde a plenitude dos tempos Deus enviou o Seu Filho ao mundo por meio de uma mulher (Gl 4,4) para que em seu plano Salvífi co complementasse a importância da Salvação, dentro de um acontecimento em que a fi gura de uma mulher consegue se destacar e perdurar por séculos.

• Imagem e Semelhança de Deus (nº 6-8):A beleza da criação refere-se tanto ao homem quanto a mulher, no momento em que foram criados à semelhança de Deus, sendo os outros seres-vivos subordinados a estes e desta maneira ressalta-se na mulher a mesma dignidade e natureza que a do homem.

• Eva-Maria (nº 9-11):Tanto homem quanto a mulher são “consortes da vida e felicidade do próprio Criador”, (BETTENCOURT 1997, pg. 369).

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A MULHER

RESUMO MÓDULO V

• Jesus Cristo (nº 12-16)A dignidade da mulher foi manifestada por Jesus Cristo, que as tratava de uma maneira que foge ao contexto do papel feminino vivido na época, que era oprimido e preconceituoso, ressaltando a sua feminilidade.

• Maternidade e Virgindade (nº 17-22)A virgindade e a maternidade são uma realização feminina e Maria Virgem as realizou totalmente e em complemento com uma e outra.

• A Igreja, Esposa de Cristo (n9 23-27)São Paulo traça um paralelo com o amor do matrimônio entre homem e mulher e o casamento de Cristo com a Igreja, (Ef 5,25-32) e exorta os maridos a amar suas esposas da mesma maneira que Cristo ama Sua Igreja.

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A MULHER

RESUMO MÓDULO V

• Maior é a Caridade (n° 28-30):

A mulher expressa o amor que Deus tem aos homens e Deus lhe confi a o homem de maneira especial, pois é através dela e da sua educação para os fi lhos que o mundo pode mudar, ainda mais nos dias atuais onde:

 

[...] consumismo e bem-estar material ameaça a sociedade de perder gradativamente a sensibilidade pelo homem ou pelos valores essencialmente humanos. Daí se deduz o papel particularmente importante daquele gênio da mulher que assegura a sensi¬bilidade pelo homem em todas as circunstâncias pelo fato mesmo de ser homem. E porque “a maior das virtudes é a caridade” (1 Cor 13,13), (BETTENCOURT 1997, pg. 386).

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A MULHER

RESUMO MÓDULO V

BETTENCOURT, E. Mater Ecclesiae. Apostila: Curso De Historia Da Igreja Por Correspondência, 1987, RJ.

 

BÍBLIA DE JERUSALÉM, 5ª Impressão, ISBN 978-85-1977-7, Ed. Paulus, 2008.

BIBLIA DE JERUSALEM.JAR, Disponível em: <http://www.4shared.com/fi le/LJOaH3W2/Biblia_de_Jerusalem.html> - Acesso em 7 jul 2014.

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MÓDULO VI O PARAÍSO (ÉDEN)

- Interpretações Topográfi cas:

Após o homem se tornar um ser vivente, Deus plantou um jardim no Oriente chamado Éden, cuja posição a Escritura descreve:

um rio saía de Éden para regar o jardim e de lá se dividia formando quatro braços. O primeiro chama-se Fison; rodeia toda a terra de Hévila, onde há ouro; é puro o ouro dessa terra na qual se encontram o obdélio e a pedra de ônix. O segundo rio chama-se Geon: rodeia toda a terra de Cuch. O terceiro rio se chama Tigre: corre pelo oriente da Assíria. O quarto rio é o Eufrates [...] (Gn 2,10-14).

Em uma análise mais apurada percebe-se que o jardim estava situado na região do sol nascente (Oriente), que em hebraico Oriente e princípio são palavras escritas como qedem.

Éden então é designado na forma hebraica subtraída do termo sumério edin (na Babilônia edinu), cujo signifi cado é estepe fértil:

visto que o conceito de estepe fértil se liga frequentemente com o de bem-estar, Éden, em hebraico, passou a signifi car derivadamente delícias (cf. Jr 51,34); donde a tradução da Vulgata latina: “um paraíso de delícias”, (BETTENCOURT 1997, pg. 419).

Já, a palavra paraíso é de origem persa (pairidaeza), cujo signifi cado é parques dos reis da Pérsia.

Dos quatro rios Tigre e Eufrates são declaradamente reconhecidos pois delimitam a Mesopotâmia (Iraque), porém em relação aos rios Fison e Geon os exegetas desde o primeiro século d.C. procuram identifi ca-los, porém resultaram até os dias de hoje oitenta hipóteses a respeito deles.

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Alguns idenfi caram o Geon como o rio Nilo e o Fison como o Ganges, mas apesar dos tempos ainda é uma questão não esclarecida e o local não achado.

- Signifi cado Teológico do Éden:

Alguns exegetas pensam que o problema não esteja bem formulado e o motivo disto é que os dados geográfi cos para a localização do jardim eram e a exegese moderna alegam que os hagliógrafos queriam comunicar a verdade religiosa e:

após aprofundados estudos da literatura antiga, os autores hoje em dia chegam mesmo à conclusão de que os quatro nomes de rios citados querem ser entendidos como indicações de qualidades, índices de valores, que servem para realçar verdades religiosas contidas em Gn 2, (BETTENCOURT 1997, pg. 421).

Para o oriental o rio é o símbolo da fecundidade e da vida, tenha-se em mente que a vida no Egito se concentrava em torno do rio Nilo.

O número quatro segundo os antigos é o símbolo da totalidade das coisas do mundo, sendo assim quatro rios signifi cam fecundidade e todos os benefícios que a água possa trazer a um homem e um país:

[...] o autor quis dar aos quatro rios simbólicos os nomes de quatro imponentes caudais: tal era certamente, para o oriental, o Eufrates, nomeado sem ulterior explicação;2 tal era o Tigre, caracterizado por correr a leste de Assur, capital de próspero Império até 1300 a.C.; o valor benéfi co do Fison é indicado por correr este rio em torno de uma terra rica em substâncias preciosas: ouro, pedra de ônix, resina aromática; quanto ao Gehon, bastava dizer que tocava a Mesopotâmia, de um lado, e a Etiópia (Cuche), de outro lado, para indicar pujança, (BETTENCOURT 1997, pg. 422).

MÓDULO VI – O PARAÍSO (ÉDEN)

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QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTO

1. O que é o Éden?

2. Como é designado o Éden e qual seu signifi cado?

3. O que signifi ca o rio para o oriental?

4. Por quantos rios era irrigado o Éden?

5. Quais são os rios que irrigam o Éden?

6. Para os antigos o que era o número quatro?

MÓDULO VI – O PARAÍSO (ÉDEN)

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RESUMO MÓDULO VI

O PARAÍSO (ÉDEN)

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O PARAÍSO - ÉDEN

RESUMO MÓDULO VI

Interpretações Topográfi cas

A Escritura descreve:  um rio saía de Éden para regar o jardim e de lá se dividia formando quatro braços. O primeiro chama-se Fison; rodeia toda a terra de Hévila, onde há ouro; é puro o ouro dessa terra na qual se encontram o obdélio e a pedra de ônix. O segundo rio chama-se Geon: rodeia toda a terra de Cuch. O terceiro rio se chama Tigre: corre pelo oriente da Assíria. O quarto rio é o Eufrates [...] (Gn 2,10-14).

Em uma análise mais apurada percebe-se que o jardim estava situado na região do sol nascente (Oriente), que em hebraico Oriente e princípio são palavras escritas como qedem.

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RESUMO MÓDULO VI

O PARAÍSO - ÉDEN

Signifi cado Teológico do Éden

Após aprofundados estudos da literatura antiga, os autores hoje em dia chegam mesmo à conclusão de que os quatro nomes de rios citados querem ser entendidos como indicações de qualidades, índices de valores, que servem para realçar verdades religiosas contidas em Gn 2, (BETTENCOURT 1997, pg. 421).

Para o oriental o rio é o símbolo da fecundidade e da vida, tenha-se em mente que a vida no Egito se concentrava em torno do rio Nilo.

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RESUMO MÓDULO VI

O PARAÍSO - ÉDEN

Signifi cado Teológico do Éden

O número quatro segundo os antigos é o símbolo da totalidade das coisas do mundo, sendo assim quatro rios signifi cam fecundidade e todos os benefícios que a água possa trazer a um homem e um país:

[...] o autor quis dar aos quatro rios simbólicos os nomes de quatro imponentes caudais: tal era certamente, para o oriental, o Eufrates, nomeado sem ulterior explicação;2 tal era o Tigre, caracterizado por correr a leste de Assur, capital de próspero Império até 1300 a.C.; o valor benéfi co do Fison é indicado por correr este rio em torno de uma terra rica em substâncias preciosas: ouro, pedra de ônix, resina aromática; quanto ao Gehon, bastava dizer que tocava a Mesopotâmia, de um lado, e a Etiópia (Cuche), de outro lado, para indicar pujança, (BETTENCOURT 1997, pg. 422).

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RESUMO MÓDULO VI

O PARAÍSO - ÉDEN

BETTENCOURT, E. Mater Ecclesiae. Apostila: Curso De Historia Da Igreja Por Correspondência, 1987, RJ.

 

BÍBLIA DE JERUSALÉM, 5ª Impressão, ISBN 978-85-1977-7, Ed. Paulus, 2008.

BIBLIA DE JERUSALEM.JAR, Disponível em: <http://www.4shared.com/fi le/LJOaH3W2/Biblia_de_Jerusalem.html> - Acesso em 7 jul 2014.

Imagens de Dominínio Público: https://pixabay.com

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MÓDULO VII O PECADO ORIGINAL

- Justiça Original:

No módulo anterior foi abordado que o Éden era irrigado por quatro rios que simbolizavam a bonança original em que se encontravam os primeiros pais.

Os primeiros homens tinham dons especiais da “justiça original”, a qual compreendia:

• A Graça Santifi cante - Esta se refere à fi liação divina, sendo o homem convidado por Deus, para participar da Sua vida e de Sua felicidade:

é o que se deduz do texto sagrado, o qual indica claramente que Adão vivia na amizade com o Criador. Este dom é dito “sobrenatural”, isto é, ultrapassa todas as exigências de qualquer criatura, (BETTENCOURT 1997, pg. 427).

• Dons Preternaturais – Estes dons ampliavam as perfeições como a imortalidade, impassibilidade, integridade e a moral infusa, portanto, são dons “[...] preternaturais, isto é, que ampliavam as perfeições da natureza”, (BETTENCOURT 1997, pg. 428).

Os dons da justiça não implicam em beleza, mas sim em dons interiores que eram compatíveis com a vida primitiva dos primeiros humanos.

- Duas Árvores:

É mencionado na Escritura que no paraíso havia duas árvores que representavam a ciência do bem e do mal, (Gn 2,9).

Observa-se que antigamente a árvore era um símbolo religioso muito utilizado, assim sendo, ela é a ciência do bem ou do mal que o homem tinha à disposição, como

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modelo de vida dentro de uma norma criada pelo próprio Deus e quanto à árvore da vida: [...] “pode-se crer que ela dava ao homem o fruto da vida perpétua ou o sacramento da imortalidade; o homem saberia assim que a imortalidade é um dom de Deus”, (BETTENCOURT 1997, pg. 429).

- O Nascimento do Pecado:

Antes de falar do pecado seria bom abordar o anjo mau, o demônio, o qual era bom e se rebelou contra Deus devido à soberba.

O Mal representado pela serpente também signifi ca, na Escritura um homem malvado (Gn 49,17).

Porém para os cananeus a serpente representava a fecundidade e no intuito de combater tal pensamento, a serpente do Éden é representada sob a forma de tentador, coisa ruim para aqueles que viviam com Deus:

não é necessário admitir que a mulher tenha visto uma serpente diante de si, mas pode-se dizer que o diálogo entre o tentador e a mulher foi meramente interno, como acontece geralmente nas tentações ao pecado, ”, (BETTENCOURT 1997, pg. 429).

No livro do Gênesis vê-se que os primeiros pais da humanidade experimentaram o fruto da ciência do bem e do mal, algo proibido por Deus, com isto houve o primeiro ato que é a desobediência à Vontade de Deus, tendo a serpente induzido: “[...] no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como deuses, versados no bem e no mal.”, (Gn 3,5).

E pela soberba a mulher e o homem aceitaram porque queriam ser como Deus: “A soberba é o pecado do espírito, o único que os primeiros homens, portadores da harmonia original, podiam cometer. A soberba se exteriorizou em determinado ato, que não podemos identifi car”, (BETTENCOURT 1997, pg. 430-431).

- As Consequências do Pecado:

1) Em relação aos primeiros pais, cujo pecado é dito “pecado original originante”; 2) em relação aos seus descendentes, que trazem “o pecado original originado”.

O pecado original originante é uma consequência das ações dos primeiros pais onde ocorreu a perda:

MÓDULO VII - O PECADO ORIGINAL

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[...] da justiça original, ou seja, da fi liação divina e dos dons que a acompanhavam. O texto sagrado (Gn 3,7) diz que, após o pecado, “abriram-se-lhes os olhos e reconheceram que estavam nus”. Essa nudez é, antes do mais, o despojamento interior ou a perda dos dons originais; a concupiscência ou a desordem das paixões se manifestou: por isto sentiram a necessidade de se vestir afi m de encobrir a sua natureza desregrada, (BETTENCOURT 1997, pg. 432).

E o pecado original originado é aquele que os descendentes que carregam, pois:

[...] o pecado original consiste na ausência dos dons originais (graça santifi cante, dons preternaturais), que os primeiros pais deviam ter guardado e transmitido, mas não puderam transmitir porque pecaram [...] o pecado original tornou-se algo de hereditário. Dizemos que todos os homens nascem com a culpa original. Todavia é preciso entender que não se trata de culpa pessoal ou de pecado voluntário nos descendentes de Adão e Eva, (BETTENCOURT 1997, pg. 434).

MÓDULO VII - O PECADO ORIGINAL

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MÓDULO VII - O PECADO ORIGINAL

QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTO

1. Os primeiros homens tinham os dons especiais da “justiça original”, o que isto compreendia?

2. O que representavam as duas árvores?

3. Como é representada a serpente do Éden?

4. Qual foi o primeiro ato à desobediência da Vontade de Deus?

5. Pelo que a mulher e o homem aceitaram comer o fruto proibido?

6. O que é o pecado original originante?

7. O que é pecado original originado?

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RESUMO MÓDULO VII

O PECADO ORIGINAL

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RESUMO MÓDULO VII

O PECADO ORIGINAL

Justiça Original

• A Graça Santifi cante - Esta se refere à fi liação divina, sendo o homem convidado por Deus, para participar da Sua vida e de Sua felicidade: é o que se deduz do texto sagrado, o qual indica claramente que Adão vivia na amizade com o Criador. Este dom é dito “sobrenatural”, isto é, ultrapassa todas as exigências de qualquer criatura, (BETTENCOURT 1997, pg. 427).

• Dons Preternaturais – Estes dons ampliavam as perfeições como a imortalidade, impassibilidade, integridade e a moral infusa, portanto, são dons “[...] preternaturais, isto é, que ampliavam as perfeições da natureza”, (BETTENCOURT 1997, pg. 428).

 

• Os dons da justiça não implicam em beleza, mas sim em dons interiores que eram compatíveis com a vida primitiva dos primeiros humanos.

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RESUMO MÓDULO VII

O PECADO ORIGINAL

Duas Árvores

• É mencionado na Escritura que no paraíso havia duas árvores que representavam a ciência do bem e do mal, (Gn 2,9).

• Observa-se que antigamente a árvore era um símbolo religioso muito utilizado, assim sendo, ela é a ciência do bem ou do mal que o homem tinha à disposição, como modelo de vida dentro de uma norma criada pelo próprio Deus e quanto à árvore da vida:

“[...] pode-se crer que ela dava ao homem o fruto da vida perpétua ou o sacramento da imortalidade; o homem saberia assim que a imortalidade é um dom de Deus”, (BETTENCOURT 1997, pg. 429).

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RESUMO MÓDULO VII

O PECADO ORIGINAL

O Nascimento do Pecado

• No livro do Gênesis vê-se que os primeiros pais da humanidade experimentaram o fruto da ciência do bem e do mal, algo proibido por Deus, com isto houve o primeiro ato que é a desobediência à Vontade de Deus, tendo a serpente induzido: “[...] no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como deuses, versados no bem e no mal.”, (Gn 3,5).

• E pela soberba a mulher e o homem aceitaram porque queriam ser como Deus: “A soberba é o pecado do espírito, o único que os primeiros homens, portadores da harmonia original, podiam cometer. A soberba se exteriorizou em determinado ato, que não podemos identifi car”, (BETTENCOURT 1997, pg. 430-431).

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RESUMO MÓDULO VII

O PECADO ORIGINAL

As Consequências do Pecado

• Em relação aos primeiros pais, cujo pecado é dito “pecado original originante”: Ocorreu a perda da justiça original, ou seja, da fi liação divina e dos dons que a acompanhavam.

• Em relação aos seus descendentes, que trazem “o pecado original originado: o pecado original tornou-se algo de hereditário. Dizemos que todos os homens nascem com a culpa original. Todavia é preciso entender que não se trata de culpa pessoal ou de pecado voluntário nos descendentes de Adão e Eva, (BETTENCOURT 1997, pg. 434).

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RESUMO MÓDULO VII

O PECADO ORIGINAL

BETTENCOURT, E. Mater Ecclesiae. Apostila: Curso De Historia Da Igreja Por Correspondência, 1987, RJ.

BÍBLIA DE JERUSALÉM, 5ª Impressão, ISBN 978-85-1977-7, Ed. Paulus, 2008.

BIBLIA DE JERUSALEM.JAR, Disponível em: <http://www.4shared.com/fi le/LJOaH3W2/Biblia_de_Jerusalem.html> - Acesso em 7 jul 2014.

Imagens de Dominínio Público: https://pixabay.com

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MÓDULO VIII A MORTE E O DEMÔNIO PARA OS POVOS PRIMITIVOS

Os povos primitivos assim como os contemporâneos carregam em si a noção de que todo o mal que existe não é devido a Deus, mas sim à culpa dos primeiros homens que a Ele desobedeceram (ou à alguma Divindade de adoração respectiva ao local do nascimento do indivíduo).

Vê-se, pois, que independente do local do planeta onde se encontra o homem, sua noção pode ser entendida como um argumento em prol da doutrina católica, uma vez que professa: “[...] idêntica concepção a respeito da morte e do seu signifi cado [...]”, (BETTENCOURT 1997, pg. 472).

- A Morte:

Na África, em New South Wales tem-se a convicção de que os primeiros homens não eram destinados a morrer.

Os pigmeus alegam de deus (Mugasa) criou dois rapazes e uma moça para viverem na fl oresta com toda a bonança e não deviam recear a morte.

Já na África Central os Bagandas contam que o primeiro homem obteve licença para casar com uma das fi lhas de Mugulo (o céu, o alto) e tiveram o consentimento do pai da moça que deixou que estes viessem à terra com ricos presentes e os proibiu de retornarem, porém a mulher esqueceu a comida da galinha que devia alimentar e o homem retornou. O pai da moça ao ver o genro irritou-se e estando Warumbe (a morte) em casa esta acompanhou o casal na terra, local onde habita até hoje.

Para os japoneses havia um príncipe que se apaixonou por uma princesa e o pai da jovem consentiu o casamento , deixando-a partir com sua irmã mais velha.:

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[...] esta, porém, era tremendamente feia, de sorte que o noivo a mandou voltar para casa. Em consequência, o velho Deus amaldiçoou o genro, e declarou que sua posteridade seria frágil e delicada como as fl ores!, (BETTENCOURT 1997, pg. 475).

Nas Ilhas Filipinas, os “Bataks” de Palawan acreditam que seu deus costumava ressuscitar os mortos e uma vez quando estes quiseram enganá-lo fazendo passar um tubarão enfaixado por um cadáver, seu deus descobriu a farsa e os amaldiçoou com o sofrimento e a morte.

Em Uganda os “Masai” creem que um dos Demiurgos deu a um homem a ordem de que todas as vezes que morresse uma criança, ao retirar o seu cadáver deveriam dizer: “Homem, morre e vem de novo à vida! Lua morre e desaparece defi nitivamente!”, pois, estas palavras ressuscitavam. Assim foi até que um dia:

[...] o dito comissário da Divindade, posto diante de uma criança que não lhe pertencia, houve por bem desobedecer, invertendo os dizeres da famosa fórmula. Quando na vez seguinte repetiu a frase certa sobre um de seus próprios fi lhos, verifi cou que ela perdera o seu poder. De então por diante acontece que, quando a Lua morre, ela volta à vida, ao passo que o homem, caindo nas garras da morte, é por esta detido, (BETTENCOURT 1997, pg. 476).

- O Demônio:

Por ser outro elemento do patrimônio religioso humano a crença no demônio, da mesma forma que a morte, é professada pelo homem primitivo em diferentes partes do mundo de diferentes maneiras desde a época em que os homens se encontravam vivendo numa única população.

A crença no demônio como era com os povos primitivos é diferente do dualismo persa, gnóstico ou maniqueu:

[...] o demônio adversário do Deus bom que os homens rudes conhecem, é um ser pessoal revoltado contra o Senhor, mas de certo modo subordinado à Divindade. Ao contrário, o Princípio do mal no dualismo é independente do Princípio do bem; afeta a matéria, tornando-a abominável aos indivíduos religiosos (concepção que não se encontra entre os selvagens), (BETTENCOURT 1997, pg. 477).

MÓDULO VIII – A MORTE E O DEMÔNIO PARA OS POVOS PRIMITIVOS

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Para os tártaros (Sibéria) o grande oleiro fez um boneco de argila sem o sopro vital e para que o corpo humano fosse devidamente guardado ele modelou também um cão sem pelo, para cuidar disto. Apareceu então seu adversário (a Morte) e tentou o cão, o qual cedeu permitindo-a apreender e devorar o corpo. Quanto o grande oleiro voltou e perguntou do homem e fi cou sabendo que a morte o havia devorado ele condenou o cão a comer excrementos humanos e recomeçou com a criação, formando um homem e uma mulher, genitores de toda a raça humana.

Com variações a mesma história é acreditada entre os Mordvinos (Sibéria), só que o adversário do deus supremo chantageou o animal e conseguindo o homem cuspiu sobre seus poros passando-lhe doenças orgânicas, porém deus voltou para curar o homem e soprou-lhe uma alma boa, só que as doenças permaneceram assim como as tendências para o vício.

Na Califórnia Central os Maidus creem que o criador poupou o homem da morte e quando estivessem velhos deveriam banhar-se em um determinado lago, para rejuvenescer. O maligno fez deus acreditar que se os homens morressem haveria fabulosas pompas em honra dos mortos e as viúvas poderiam se casar, entre outros motivos.

O criador cedeu, mas o castigo do maligno foi grande, pois seu fi lho foi picado por uma cobra e ele na tentativa de ressuscitá-lo jogou-o lago, algo que foi inútil. Pois o fi lho não retornou a vida.

A origem deste maligno pode ser encontrado subordinado ao criador, como acreditam as tribos aborígenes japonesas Ahinus, que o criador após ter formado o mundo jogou fora os machados de obsidiana, os quais apodreceram na terra dano origem aos maus espíritos, que são numerosos e obedecem um chefe supremo.

Observa-se que os mitos do homem primitivo:

[...] hoje em dia são estudados atentamente pelos etnólogos e historiadores, porque, sob modalidades infantis e caducas, traduzem a fi losofi a de vida e o patrimônio cultural dos antigos. A Filosofi a contemporânea não despreza os mitos, como outrora se fazia, mas procura ler a sua mensagem sapiencial, (BETTENCOURT 1997, pg. 477).

MÓDULO VIII – A MORTE E O DEMÔNIO PARA OS POVOS PRIMITIVOS

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MÓDULO VIII – A MORTE E O DEMÔNIO PARA OS POVOS PRIMITIVOS

QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTO

1. Que noção carregam em si os povos primitivos?

2. Na África, em New South Wales tem-se a convicção de que?

3. Nas Ilhas Filipinas, os “Bataks” de Palawan acreditam em que?

4. Do que era diferente a crença no demônio dos povos primitivos?

5. O que procura ler a Filosofi a contemporânea ao invés de desprezar os mitos?

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RESUMO MÓDULO VIII

A MORTE E O DEMÔNIO PARA OS POVOS PRIMITIVOS

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RESUMO MÓDULO VIII

A MORTE E O DEMÔNIO PARA OS POVOS PRIMITIVOS

A Morte

• Na África, em New South Wales tem-se a convicção de que os primeiros homens não eram destinados a morrer.

• Os pigmeus alegam de deus (Mugasa) criou dois rapazes e uma moça para viverem na fl oresta com toda a bonança e não deviam recear a morte.

• Nas Ilhas Filipinas, os “Bataks” de Palawan acreditam que seu deus costumava ressuscitar os mortos .

• Em Uganda os “Masai” creem que um dos Demiurgos deu a um homem a ordem de que todas as vezes que morresse uma criança, ao retirar o seu cadáver deveriam dizer: “Homem, morre e vem de novo à vida! Lua morre e desaparece defi nitivamente!”, pois, estas palavras ressuscitavam e aí houve a desobediência onde inverteram os dizeres e: . Quando na vez seguinte repetiu a frase certa sobre um de seus próprios fi lhos, verifi cou que ela perdera o seu poder. De então por diante acontece que, quando a Lua morre, ela volta à vida, ao passo que o homem, caindo nas garras da morte, é por esta detido, (BETTENCOURT 1997, pg. 476).

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RESUMO MÓDULO VIII

A MORTE E O DEMÔNIO PARA OS POVOS PRIMITIVOS

O Demônio

• Por ser outro elemento do patrimônio religioso humano a crença no demônio, da mesma forma que a morte, é professada pelo homem primitivo em diferentes partes do mundo de diferentes maneiras desde a época em que os homens se encontravam vivendo numa única população.

• Para os tártaros (Sibéria) o grande oleiro fez um boneco de argila sem o sopro vital e para que o corpo humano fosse devidamente guardado ele modelou também um cão sem pelo, para cuidar disto. Apareceu então seu adversário (a Morte) e tentou o cão, o qual cedeu permitindo-a apreender e devorar o corpo. Quanto o grande oleiro voltou e perguntou do homem e fi cou sabendo que a morte o havia devorado ele condenou o cão a comer excrementos humanos e recomeçou com a criação, formando um homem e uma mulher, genitores de toda a raça humana

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RESUMO MÓDULO VIII

A MORTE E O DEMÔNIO PARA OS POVOS PRIMITIVOS

O Demônio

• Na Califórnia Central os Maidus creem que o criador poupou o homem da morte e quando estivessem velhos deveriam banhar-se em um determinado lago, para rejuvenescer. O maligno fez deus acreditar que se os homens morressem haveria fabulosas pompas em honra dos mortos e as viúvas poderiam se casar, entre outros motivos. O criador cedeu, mas o castigo do maligno foi grande, pois seu fi lho foi picado por uma cobra e ele na tentativa de ressuscitá-lo jogou-o lago, algo que foi inútil. Pois o fi lho não retornou a vida.

• A origem deste maligno pode ser encontrado subordinado ao criador, como acreditam as tribos aborígenes japonesas Ahinus, que o criador após ter formado o mundo jogou fora os machados de obsidiana, os quais apodreceram na terra dano origem aos maus espíritos, que são numerosos e obedecem um chefe supremo.

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RESUMO MÓDULO VIII

A MORTE E O DEMÔNIO PARA OS POVOS PRIMITIVOS

Observa-se que os mitos do homem primitivo:

[...] hoje em dia são estudados atentamente pelos etnólogos e historiadores, porque, sob modalidades infantis e caducas, traduzem a fi losofi a de vida e o patrimônio cultural dos antigos. A Filosofi a contemporânea não despreza os mitos, como outrora se fazia, mas procura ler a sua mensagem sapiencial, (BETTENCOURT 1997, pg. 477).

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RESUMO MÓDULO VIII

A MORTE E O DEMÔNIO PARA OS POVOS PRIMITIVOS

BETTENCOURT, E. Mater Ecclesiae. Apostila: Curso De Historia Da Igreja Por Correspondência, 1987, RJ.

BÍBLIA DE JERUSALÉM, 5ª Impressão, ISBN 978-85-1977-7, Ed. Paulus, 2008.

BIBLIA DE JERUSALEM.JAR, Disponível em: <http://www.4shared.com/fi le/LJOaH3W2/Biblia_de_Jerusalem.html> - Acesso em 7 jul 2014.

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MÓDULO IX OS ANJOS

A palavra anjo é originária do grego ángelos, e seu signifi cado é mensageiro.

Abordar sobre os Anjos, criaturas invisíveis também criadas por Deus é essencial devido ao fato de nos dias atuais existirem algumas tendências antiéticas que negam a existência ou exageram o poder de ação dos mesmos perante o mundo e as coisas do mundo, em conformidade com a fantasia que foi criada:

na verdade, como diz o Catecismo da Igreja Católica, “a existência dos seres espirituais, não-corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a unanimidade da Tradição” (§ 328) apud BETTENCOURT 1997, pg. 484).

9.1 Os Anjos no Antigo Testamento

Em hebraico o nome que o designa o anjo é mal’ak Yahweh, enviado ou mensageiro do Senhor.

Às vezes é identifi cado com o próprio Deus, o anjo aparece como mensageiro, mas quem fala é Deus como é o caso da visita do Anjo a Agar: “[...] Estás grávida e darás à luz um fi lho, e tu lhe darás o nome de Ismael, pois Iahweh ouviu tua afl ição.”, (Gn 16,11). Logo após o anjo é entendido como o próprio Deus: “A Iahweh, que lhe falou, Agar deu este nome: “Tu és El-Roí”[...]”, (Gn 16,13).

A intenção é ressaltar que não existe politeísmo que há apenas um Deus, que se comunica com os homens sob o aspecto que quiser. Isso fi ca bem claro no momento em que o próprio Deus aparece a Moisés no monte Horeb: “O Anjo de Iahweh lhe apareceu numa chama de fogo, do meio de uma sarça [...]. Deus o chamou do meio da sarça[...].” (Gn 3,2-4).

No AT os Anjos também executam outras funções:

- Anjos Protetores: Abraão pede a Elezeazar seu servo que encontre uma esposa para seu fi lho Isaac e afi rma: [...] “Iahweh enviará seu anjo diante de ti, para que tomes lá uma mulher para meu fi lho.”, (Gn 24,7).

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Em última análise, pode-se dizer que se trata de um mensageiro distinto de Deus, mas investido pelo Senhor com determinada missão e plenos poderes, de modo que é o próprio Deus quem intervém e age por meio do seu mal’ak, (Bettencourt 1987, pg. 486).

- Anjos Cortesãos de Deus:

No sonho de Jacó: “[...] eis que uma escada se erguia sobre a terra e o seu topo atingia o céu, e o anjos de Deus subiam e desciam por ela”, (Gn 28,12).

”Eu sou Rafael, um dos sete anjos que estão sempre presentes e têm acesso junto à Glória do Senhor.”, (Tb 12,13-15).

- Anjos Executores dos Desígnios de Deus:

“O Anjo estendeu a sua mão sobre Jerusalém para a exterminar, mas Iahweh se arrependeu desse mal, e disse ao Anjo que exterminava o povo: “Basta! Retira a tua mão agora!”, (2Sm 24,16).

“Lançou contra eles o fogo de sua ira: cólera, furor e afl ição, anjos portadores de desgraças [...]”, (Sl 78 (77), 49).

“Naquela mesma noite saiu o anjo do Senhor e exterminou no acampamento assírio cento e oitenta mil homens. De manhã, ao despertar, só havia cadáveres”, (2Rs 19,35).

Observa-se que com o passar do tempo o conceito de mal’ak foi se distanciando nitidamente do conceito de ser Deus, e o AT mostra primeiro o anjo se apresentando como o anjo de Yahweh a Elias quando este fugia de Jezabel e, a seguir, o próprio Deus se apresenta: “Lá ele entrou numa gruta, onde passou a noite. E foi-lhe dirigida a palavra de Iahweh nestes termos: ‘Que fazes aqui, Elias?’”, (1Rs 19,9).

Salienta-se que a missão do Anjo era de preparação e serviço, a mando de Deus para ajudar Elias e depois Deus se manifesta a elias da mesma forma que havia se manifestado a Moisés.

O profeta Miqueias disse ao rei de Israel: “Eu vi Iahweh assentado sobre seu trono; todo o exército do céu estava diante dele, à sua direita e à sua esquerda.”, (1Rs 22,19).

A tendência dos israelitas a distanciar Deus dos homens, acentuando a transcendência do Eterno, levou-os a admitir vários emissários de Deus junto aos homens, o que contribuiu para desenvolver a angelologia, (Bettencourt 1987, pg. 488).

MÓDULO IX – OS ANJOS

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Portanto, o politeísmo que poderia ter ameaçado Israel foi se entregando cada vez mais à da transcendência de Deus, pelos escritores israelitas bíblicos e extras bíblicos (apócrifos), os quais abordaram cada vez mais a presença dos Anjos, criatura de um único Deus que os envia para suas missões.

Nos livros canônicos encontram-se os nomes de três anjos Rafael (Tobias), Gabriel (Daniel) e Miguel (Daniel), já nos livros apócrifos citam-se outros nomes, como: Uriel (Luz de Deus), Jeremiei (4Esdr 4,36); Selatiel ou Salatiel (Oração de Deus); Jehudiel (Louvação de Deus), Baraquiel (Bênção de Deus), destaca-se que o sufi xo El presente nos nomes dos anjos signifi ca Deus, sendo então estes nomes teofóricos, ou seja expressões criadas para o homem no intuito de explicar uma prática comum entre os judeus, onde os nomes homenageiam ou aludem a alguém, mas não é referente à pessoa que o carrega.

- Anjos Maus:

Os Anjos Maus são os adversários dos homens, o nome do primeiro foi o de Satã (Adversário de Deus), que no livro de Jó desafi a Deus de que Jó somente foi fi el a Deus devido aos bens que tinha angariados na vida, recebidos por Deus, algo que se mostra ser totalmente inútil como conta o resto da história:

o Satã do livro de Jó é fi gura de transição entre o anjo bom e o anjo mau; por isto em Jó 1,6-12 e 2,1-7 o nome Satã não é nome próprio, mas é acompanhado de artigo (como em Zc 3,1 s); designa a função do anjo acusador, (Bettencourt 1987, pg. 490).

No livro do Gênesis a serpente aparece como a fi gura de Satanás, um ser astucioso, inteligente e mentiroso e que age contra o homem por permissão de Deus, porém o homem tem a capacidade de resistir ao mal e não praticá-lo.

“Como caíste do céu, ó estrela dalva (latim = Lúcifer), fi lho da aurora!”, (Is 14,12). Este é um texto referente ao rei da Babilônia cuja tradução latina atribuiu a Satanás o nome de Lúcifer.

9.2 Os Anjos no Novo Testamento

No NT torna-se mais evidente a existência dos anjos, às vezes como cortesãos, às veze como arautos do Reino de Deus que vieram a terra por Jesus Cristo.

- Há o exército celeste: “De repente juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste a louvar a Deus” (Lc 2,13); há milhões e milhares de Anjos (Ap 5,11), Jesus Cristo

MÓDULO IX – OS ANJOS

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citou “doze legiões de Anjos”, que são apenas fi guras de linguagem para seu elevado número e os anjos O acompanham durante sua vida na terra;

- O anjo Gabriel quem anunciou a Maria a Encarnação do Verbo de Deus (Lc 1,26-38); os anjos avisam os pastores sobre o nascimento do Messias (Lc 28,4);

- Os anjos ajudaram Jesus após as tentações que Ele sofreu no deserto (Mc 1,13);

- Anunciaram com antecedência a Parusia após a ascensão: “[...] assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu”, (At 1,10);

- E, se alegram pela conversão dos pecadores: “Eu vos digo que, do mesmo modo, há alegria diante dos anjos de Deus por um só pecador que se arrependa”. (Lc 15,10).

No NT também há a ocorrência de anjos maus sob diversos nomes: Satanás (Mc 1,13), demônio (Lc 4,2) entre outros tais como Belial, tentador, inimigo, espirito impuro, grande dragão, etc.

Jesus Cristo disse: “[...] Ele foi homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque nele não há verdade: quando ele mente, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira”, (Jo 8,44).

Para confi rmar que a ação do demônio sobre os homens apenas ocorre mediante a autorização de Deus, vemos que “[...] O Maligno pediu os Apóstolos para os joeirar como trigo e Jesus rogou por eles ao Pai (Lc 22,31), (Bettencourt 1987, pg. 495).

Percebe-se que até mesmo na obra redentora de Cristo a presença e as ações dos anjos bons e maus estão presentes e são elementos essenciais para a mensagem que a Bíblia faça sentido:

não há dúvida, a existência dos anjos não pode ser provada racionalmente; também é certo que tanto os anjos bons como os demônios foram na tradição descritos de maneira infantil ou fantasiosa, inaceitável. Isto, porém, não quer dizer que sua existência deva ser cancelada. Os critérios para avaliar a questão da existência dos anjos são os da fé: ora esta fala eloquentemente tanto através da Bíblia (objetivamente entendida) quanto através da Tradição, em favor da realidade dos anjos, (Bettencourt 1987, pg. 495-496).

9.3 A Tradição Oral e o Magistério da Igreja sobre Anjos e o Diabo

- Tradição oral:

Entre os antigos escritores cristãos era unânime sua crença na existência de Anjos (bons e maus).

MÓDULO IX – OS ANJOS

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S. Agostinho (+430) em sua obra Cidade de Deus (11,29) discorre sobre os anjos:

os santos anjos não alcançam o conhecimento de Deus mediante palavras soantes, mas pela própria presença da verdade imutável, isto é, do Verbo Unigênito, e conhecem o Verbo, o Pai e o Espírito Santo. Sabem que Eles formam a Trindade inseparável, na qual as Pessoas em si mesmas são uma única substância, e no entanto não são três deuses, mas um só Deus. Eles conhecem estas verdades melhor do que nós nos conhecemos a nós mesmos. Também conhecem as criaturas na sabedoria de Deus... e nela conhecem igualmente a si mesmos [...],(Bettencourt 1987, pg. 497-498).

“Juntamente com os anjos, formamos uma só e mesma Cidade de Deus” (Cidade de Deus,10,7).

Para S. Agostinho a palavra anjo que signifi ca mensageiro é referente a um encargo, não de natureza, pois pela natureza seria um espírito e pelo enviado é um anjo.

“É espírito por aquilo que é; é anjo por aquilo que faz” (In Psalm. (103,1,5), [...], (Bettencourt 1987, pg. 498).

S. João Crisóstomo (+407) afi rma: que os anjos: os Serafi ns, Querubins, milhares de Arcanjos e incontáveis Anjos estavam na capital celeste (Jerusalém).

Para S. Gregório Magno (+ 604) o homem é espírito e carne enquanto os anjos são somente espíritos e que são mais íntimos de Deus do que os homens.

S. João Damasceno (+749) em sua “Exposição da Fé Ortodoxa” refl ete que:

por serem espíritos, [...] os anjos não são fi sicamente circunscritos. De fato, eles não possuem corpo nem tem três dimensões, mas estão presentes e operam espiritualmente para onde quer que vão; por outro lado, não podem atuar simultaneamente em dois lugares diferentes [...], (Bettencourt 1987, pg. 498-499).

Para o santo os Anjos são efi cazes e rápidos, pois estão no mesmo instante no lugar onde a vontade de Deus há de se manifestar e que por ordem de Deus eles governam a vida do homem e o ajuda.

- O Magistério da Igreja:

Conforme visto no Curso de Eclesiologia (pg. 4): A Fórmula de Fé reafi rma “diariamente a fé na importância da Igreja e dos seus dogmas, tradições e fundamentos [...]”.

MÓDULO IX – OS ANJOS

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Esta Fórmula professada no Concílio de Niceia I (325) também foi reafi rmada pelo Concilio de Constantinopla I (381): “Creio em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra e de todas as coisas visíveis e invisíveis”.

Por ser uma verdade repetida a Fórmula de Fé foi denominada “Credo niceno-constantinopolitano”.

E destaca-se aqui que as “coisas Invisíveis” professadas por esta verdade se referem aos seres espirituais e aos anjos.

Deus criou os anjos bons e os anjos maus são aqueles que se rebelaram por isto o Concilio do Latrão IV (1215) declarou:

o diabo e os demais demônios foram certamente por Deus criados bons em sua natureza, mas por si mesmos se tornaram maus” (DS 800; FC 6060). - Este esclarecimento, ao qual se poderiam acrescentar outros semelhantes, de data anterior ou posterior, tinha em vista o dualismo, que admitia dois Princípios coeternos: o do Bem e o do Mal, Deus e o Diabo, (Bettencourt 1987, pg. 498-499).

O Sínodo de Constantinopla (543) tendo em mira os partidários de origenistas afi rma que a punição dos demônios é infi ndável e não existe reintegração dos mesmos na Graça de Deus.

O Concilio de Braga (561) visando a errônea afi rmativa de Maniqueu e Prisciliano professou que seja anátema:

se alguém diz que o diabo não foi primeiramente um anjo bom, criado por Deus, e que sua natureza não foi obra de Deus, mas, ao contrário, diz que emergiu do caos e das trevas e que não tem autor; pois é ele mesmo o princípio e a substância do mal. Se alguém crê que o diabo fez no mundo algumas criaturas e que por sua própria autoridade continua produzindo os trovões, os raios, as tempestades e as secas [...], (Bettencourt 1987, pg. 498-500).

O Concilio de Sens, (1140) recusou a tese que Satanás pode sugestionar o homem através de ervas e pedras.

A Profi ssão de Fé proposta a Durando de Huesca e seus companheiros que eram dualistas (valdenses) inseriu o artigo: “Cremos que o diabo se fez mau não por criação, mas por seu livre arbítrio” (DS 797; FC 3009 apud (Bettencourt 1987, pg. 501).,

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O Concilio de Florença no Decreto para os Jacobitas (1442), declarou que:

“A Igreja fi rmemente crê, professa e ensina que ninguém concebido de homem e de mulher foi jamais libertado do domínio do diabo a não ser pela fé no Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, Nosso Senhor” (DS 1347 apud Bettencourt 1987, pg. 501).

O Concilio de Trento afi rma, no Decreto sobre a justifi cação (1547) afi rma que os homens por causa do pecado original, são dominados pelo diabo e pela morte e os que pecam após o batismo entregam-se: “à servidão do pecado e ao poder do demônio”, (DS 1668; 9233, apud Bettencourt 1987, pg. 501).

Quanto à Unção dos Enfermos o mesmo Concilio em 1551 afi rmou que o nosso adversário (diabo) está sempre aproveitando ocasiões para poder devorar a alma dos homens e que graças a este sacramento o homem em seus últimos suspiros resiste às suas tentações.

Inocêncio XI, ao condenar os erros de Miguel de Molínos (1687), afi rmou que o homem é responsável por seus atos pecaminosos, uma vez que cai em tentação para cometê-los.

Leão XIII (1887) condenou a proposição de Rosmini sobre o pecado original:

já que os demônios possuíam o fruto (proibido), julgaram que, se o homem o comesse, eles entrariam no homem; pois, convertido aquele alimento no corpo vivo do homem, poderiam entrar livremente na sua animalidade, isto é, na vida subjetiva do homem e assim dispor dele, como haviam proposto, (DS 3233, apud Bettencourt 1987, pg. 502).

O Papa Pio XII, em sua encíclica Humani Generis (1950), censurou o pensamento daqueles que se os anjos e o diabo eram fi guras pessoais, para combater os que negavam a existência do demônio, aceitando-o apenas como mera fi gura literária.

E o Concilio do Vaticano II afi rma que:

o “Filho de Deus, por sua morte e ressurreição, nos livrou do poder de Satanás” (Sacrosanctum Concilium 6); [...] “o Pai enviou seu Filho a fi m de por Ele arrancar os homens ao poder das trevas e de Satanás” (Ad Gentes 3) [...] “Cristo derrotou o Império do diabo” (Ad Gentes 9). “(Aludindo a Ef (6,11-13), o Concilio faladas ‘ciladas do demônio’” (Lumen Gentium 48), apud Bettencourt 1987, pg. 502-503).

O Papa Paulo VI afi rmou a existência e a criatividade maléfi ca do diabo em sua homilia de 29/06/72: “‘Através de uma brecha penetrou a fumaça de Satanás no templo de Deus.”.

MÓDULO IX – OS ANJOS

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O Catecismo da Igreja Católica (CIC) afi rma a existência dos seres espirituais, não corporais como uma verdade de fé, que são dotados de inteligência e de vontade e sua perfeição superam a todas as criaturas visíveis.

Quanto à queda dos anjos o CIC prega que o Diabo e outros demônios criados por Deus eram bons e se tornaram maus por iniciativa própria, ocorrendo assim, a queda:

a Escritura e a Tradição da Igreja veem neste ser um anjo destronado, chamado Satanás ou diabo. A Igreja ensina que ele tinha sido anteriormente um anjo bom, criado por Deus. ‘diabolus enim et alii daemones a Deo quidem natura creati sunt boni, sed ipsi per se facti sunt mali , (Bettencourt 1987, pg. 504).

Salienta-se que o poder de Satanás não é infi nito e é incapaz de impedir a construção do Reino de Deus.

9.4 Homens Santos e Anjos

- Papa João XXIII:

O santo Padre João XXIII recomenda aos católicos a invocação dos anjos e afi rma para o fi el não se descuidar e ter total devoção ao seu Anjo da Guarda pois além de ser bom conselheiro ele:

intercede junto a Deus a nosso favor: ajuda-nos nas nossas necessidades; defende-nos dos perigos e dos acidentes. O Papa gostaria de que os fi éis sentissem toda a grandeza desta existência dos anjos (Discurso de 26/10/1962 apud Bettencourt 1987, pg. 541).

O Papa ainda alega que a devoção dos Anjos deve ser frequente, que cada um tem seu Anjo da Guarda e pode não apenas conversar com ele como também com os Anjos da Guarda dos outros.

A Irmã Ângela Roncalli recebeu do seu tio João XXIII, quando ainda era bispo, a seguinte carta carregada de humanismo: “O teu nome de religião, que recorda o de teu tio, o de teu bisavô e o de teu irmão, dos quais estes dois últimos já gozam da companhia visível dos anjos, deve ser para ti um estímulo para manter uma intimidade familiar com o teu Anjo da Guarda e também com os Anjos da Guarda das pessoas que conheces e amas, na santa Igreja e na tua Congregação. É um consolo sentir perto de nós

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este custódio celestial, este guia de nossos passos, esta testemunha de nossos atos mais íntimos. Eu mesmo recito a oração ‘Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador’ pelo menos cinco vezes por dia e com frequência converso espiritualmente com ele, sempre com sossego e paz. Quando tenho de visitar algum personagem importante para tratar de assuntos da Santa Sé, peço ao meu Anjo da Guarda que se ponha de acordo com o do alto personagem, para que infl ua na sua disposição de ânimo. É uma devoção que nos recomendava muitas vezes o Santo Padre Pio XI e que me é muito fecunda” (Carta de 3/10/1948). Outro fato, pouco conhecido, que teve uma infl uência incalculável no destino da Igreja: numa confi dência a um bispo canadense, João XXIII atribuiu a uma inspiração do seu Anjo da Guarda a ideia de convocar o Concilio Vaticano II, Bettencourt 1987, pg. 542).

- S. João da Cruz:

Este grande doutor místico da Igreja Católica afi rma que os anjos tem uma forma de agir inalterável e que cumpre aquilo a que se obriga que é a santifi cação das almas.

Algumas frases que S. João da Cruz proclamava:

“Olha que teu Anjo da Guarda nem sempre move o apetite para agir, embora sempre ilumine a razão. Portanto, não esperes pelo gosto para praticara virtude: que te bastem a razão e o entendimento” (D 35); “Quando o apetite está posto em outra coisa, não dá lugar a que o anjo o mova” (D 36); “Todas as obras e inspirações vindas dos anjos, diz a Sagrada Escritura, com verdade e propriedade, vêm deles e de Deus ao mesmo tempo. O Senhor, efetivamente, costuma comunicar suas vontades aos anjos, e eles as vão, por sua vez, comunicando uns aos outros sem dilação alguma, como um raio de sol que atravessasse vários vidros colocados na mesma linha. O raio, embora atravesse todos, todavia, atravessa-os um por um, e cada vidro transmite luz ao outro, modifi cada na proporção em que a recebe, com maior ou menor esplendor e força, quanto mais ou menos cada vidro está perto do sol” (2N 12,3 apud Bettencourt 1987, pg. 555).

- S. João Bosco:

Este santo era devoto dos anjos e aos jovens principalmente ele confia o anjo da guarda.

Abaixo um testemunho da dignidade do homem confiado a um Anjo da Guarda, por Deus:

MÓDULO IX – OS ANJOS

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um argumento que mostra a excelência do homem é o fato de ele ter um Anjo da Guarda. Uma vez criado o céu, a terra e todas as coisas neles contidas, Deus deixou que as coisas seguissem o curso das leis naturais de acordo com a ordem da cotidiana Providência que as preserva. Para o homem, contudo, não foi assim. Além de enriquecê-lo com nobres qualidades, tanto espirituais como corporais, tornou-o responsável de todas as outras criaturas e quis que um espírito celeste cuidasse dele. Desta maneira, desde o primeiro instante em que o homem aparece no mundo, um Anjo lhe assiste noite e dia. Acompanha-o nas viagens, nas estradas, defende-o dos perigos da alma e do corpo, e lhe diz o que é bom, para que o siga. Grande dignidade do homem, grande bondade de Deus, dever permanente ao qual haveremos de corresponder!, apud Bettencourt 1987, pg. 556).

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MÓDULO IX – OS ANJOS

QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTO

1. Qual o signifi cado da palavra Anjo?

2. O que ocorre com algumas tendências antiéticas nos

dias atuais ao lidar sobre anjos?

3. Quais eram as funções dos anjos no AT?

4. O que são os Anjos Maus?

5. Qual foi o nome do primeiro anjo mau?

6. Como são as ações dos anjos no NT?

7. Para S. Agostinho a palavra anjo que signifi ca mensageiro é referente a quê?

8. Por ser uma verdade repetida em dois Concílios, como foi denominada a Fórmula de Fé?

9. O que recusou o Concilio de Sens?

10. O que o Concilio de Trento afi rma no Decreto sobre a justifi cação?

11. Conforme a Unção dos Enfermos, o Concilio de Trento afi rma que o diabo está sempre fazendo o quê?

12. O que prega o CIC sobre a queda dos anjos?

13. O que o Papa João XXIII recomenda aos católicos?

14. O que afi rma S. João da Cruz sobre os anjos?

15. Qual argumento S. João Bosco nos mostra?

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RESUMO MÓDULO IX

OS ANJOS

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RESUMO MÓDULO IX

OS ANJOS

A palavra anjo é originária do grego ángelos, e seu signifi cado é mensageiro.

• Abordar sobre os Anjos, criaturas invisíveis também criadas por Deus é essencial devido ao fato de nos dias atuais existirem algumas tendências antiéticas que negam a existência ou exageram o poder de ação dos mesmos perante o mundo e as coisas do mundo, em conformidade com a fantasia que foi criada:

na verdade, como diz o Catecismo da Igreja Católica, “a existência dos seres espirituais, não-corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a unanimidade da Tradição” (§ 328) apud BETTENCOURT 1997, pg. 484).

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RESUMO MÓDULO IX

OS ANJOS

Os Anjos no Antigo Testamento

• Em hebraico o nome que o designa o anjo é mal’ak Yahweh, enviado ou mensageiro do Senhor.

• Às vezes é identifi cado com o próprio Deus, o anjo aparece como mensageiro, mas quem fala é Deus.

• A intenção é ressaltar que não existe politeísmo que há apenas um Deus, que se comunica com os homens sob o aspecto que quiser. Isso fi ca bem claro no momento em que o próprio Deus aparece a Moisés no monte Horeb: “O Anjo de Iahweh lhe apareceu numa chama de fogo, do meio de uma sarça [...]. Deus o chamou do meio da sarça[...].” (Gn 3,2-4).

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RESUMO MÓDULO IX

OS ANJOS

Os Anjos no Antigo Testamento

No AT os Anjos também executam outras funções:

• Anjos Protetores

• Anjos Cortesãos de Deus

• Anjos Executores dos Desígnios de Deus

• Anjos Maus

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RESUMO MÓDULO IX

OS ANJOS

Os Anjos no Novo Testamento

• No NT torna-se mais evidente a existência dos anjos, às vezes como cortesãos, às veze como arautos do Reino de Deus que vieram a terra por Jesus Cristo: Há o exército celeste: “De repente juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste a louvar a Deus” (Lc 2,13); há milhões e milhares de Anjos (Ap 5,11), Jesus Cristo citou “doze legiões de Anjos”, que são apenas fi guras de linguagem para seu elevado número e os anjos O acompanham durante sua vida na terra;

• O anjo Gabriel quem anunciou a Maria a Encarnação do Verbo de Deus (lc 1,26-38); os anjos avisam os pastores sobre o nascimento do Messias (Lc 28,4);

• Os anjos ajudaram Jesus após as tentações que Ele sofreu no deserto (Mc 1,13);

• Anunciaram com antecedência a Parusia após a ascensão: “[...] assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu”, (At 1,10); E, se alegram pela conversão dos pecadores: “Eu vos digo que, do mesmo modo, há alegria diante dos anjos de Deus por um só pecador que se arrependa”. (Lc 15,10).

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RESUMO MÓDULO IX

OS ANJOS

Os Anjos no Novo Testamento

• No NT também há a ocorrência de anjos maus sob diversos nomes: Satanás (Mc 1,13), demônio (Lc 4,2) entre outros tais como Belial, tentador, inimigo, espirito impuro, grande dragão, etc.

• Jesus Cristo disse: “[...] Ele foi homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque nele não há verdade: quando ele mente, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira”, (Jo 8,44).

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RESUMO MÓDULO IX

OS ANJOS

A Tradição Oral

• Entre os antigos escritores cristãos era unânime sua crença na existência de Anjos (bons e maus). S. Agostinho (+430) em sua obra Cidade de Deus (11,29) discorre:

os santos anjos não alcançam o conhecimento de Deus mediante palavras soantes, mas pela própria presença da verdade imutável, isto é, do Verbo Unigênito, e conhecem o Verbo, o Pai e o Espírito Santo. Sabem que Eles formam a Trindade inseparável, na qual as Pessoas em si mesmas são uma única substância, e no entanto não são três deuses, mas um só Deus. Eles conhecem estas verdades melhor do que nós nos conhecemos a nós mesmos. Também conhecem as criaturas na sabedoria de Deus... e nela conhecem igualmente a si mesmos [...],(Bettencourt 1987, pg. 497-498).

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RESUMO MÓDULO IX

OS ANJOS

• Para S. Agostinho a palavra anjo que signifi ca mensageiro é referente a um encargo, não de natureza, pois pela natureza seria um espírito e pelo enviado é um anjo: “É espírito por aquilo que é; é anjo por aquilo que faz” (In Psalm. (103,1,5), [...], (Bettencourt 1987, pg. 498).

• S. João Crisóstomo (+407) afi rma: que os anjos: os Serafi ns, Querubins, milhares de Arcanjos e incontáveis Anjos estavam na capital celeste (Jerusalém).

• Para S. Gregório Magno (+ 604) o homem é espírito e carne enquanto os anjos são somente espíritos e que são mais íntimos de Deus do que os homens.

• S. João Damasceno (+ 749) em sua “Exposição da Fé Ortodoxa” refl ete que: por serem espíritos, [...] os anjos não são fi sicamente circunscritos. De fato, eles não possuem corpo nem tem três dimensões, mas estão presentes e operam espiritualmente para onde quer que vão; por outro lado, não podem atuar simultaneamente em dois lugares diferentes [...], (Bettencourt 1987, pg. 498-499).

•  Para o santo os Anjos são efi cazes e rápidos, pois estão no mesmo instante no lugar onde a vontade de Deus há de se manifestar e que por ordem de Deus eles governam a vida do homem e o ajuda.

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RESUMO MÓDULO IX

OS ANJOS

O Magistério da Igreja

• Conforme visto no Curso de Eclesiologia (pg. 4): A Fórmula de Fé reafi rma “diariamente a fé na importância da Igreja e dos seus dogmas, tradições e fundamentos [...]”.

• Esta Fórmula professada no Concílio de Niceia I (325) também foi reafi rmada pelo Concilio de Constantinopla I (381): “Creio em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra e de todas as coisas visíveis e invisíveis”.

• Por ser uma verdade repetida a Fórmula de Fé foi denominada “Credo niceno-constantinopolitano”.

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RESUMO MÓDULO IX

OS ANJOS

• O Sínodo de Constantinopla (543) tendo em mira os partidários de origenistas afi rma que a punição dos demônios é infi ndável e não existe reintegração dos mesmos na Graça de Deus.

• O Concilio de Braga (561) visando a errônea afi rmativa de Maniqueu e Prisciliano professou que seja anátema se alguém diz que o diabo não foi primeiramente um anjo bom, criado por Deus, e que sua natureza não foi obra de Deus, mas, ao contrário, diz que emergiu do caos e das trevas e que não tem autor; pois é ele mesmo o princípio e a substância do mal.

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RESUMO MÓDULO IX

OS ANJOS

• O Concilio de Sens, (1140) recusou a tese que Satanás pode sugestionar o homem através de ervas e pedras.

• O Concilio de Florença no Decreto para os Jacobitas (1442), declarou que: a Igreja fi rmemente crê, professa e ensina que ninguém concebido de homem e de mulher foi jamais libertado do domínio do diabo a não ser pela fé no Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, Nosso Senhor” (DS 1347 apud Bettencourt 1987, pg. 501).

• O Concilio de Trento afi rma, no Decreto sobre a justifi cação (1547) afi rma que os homens por causa do pecado original, são dominados pelo diabo e pela morte e os que pecam após o batismo entregam-se: “à servidão do pecado e ao poder do demônio”.

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RESUMO MÓDULO IX

OS ANJOS

• O Concilio de Trento afi rma quanto à Unção dos Enfermos que o nosso adversário (diabo) está sempre aproveitando ocasiões para poder devorar a alma dos homens e que graças a este sacramento o homem em seus últimos suspiros resiste às suas tentações.

• Inocêncio XI, ao condenar os erros de Miguel de Molínos (1687), afi rmou que o homem é responsável por seus atos pecaminosos, uma vez que cai em tentação para cometê-los.

• Leão XIII (1887) condenou a proposição de Rosmini sobre o pecado original: já que os demônios possuíam o fruto (proibido), julgaram que, se o homem o comesse, eles entrariam no homem; pois, convertido aquele alimento no corpo vivo do homem, poderiam entrar livremente na sua animalidade, isto é, na vida subjetiva do homem e assim dispor dele, como haviam proposto, (DS 3233, apud Bettencourt 1987, pg. 502).

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RESUMO MÓDULO IX

OS ANJOS

• O Papa Paulo VI afi rmou a existência e a criatividade maléfi ca do diabo em sua homilia de 29/06/72: “‘Através de uma brecha penetrou a fumaça de Satanás no templo de Deus.”.

• O Catecismo da Igreja Católica (CIC) afi rma a existência dos seres espirituais, não corporais como uma verdade de fé, que são dotados de inteligência e de vontade e sua perfeição superam a todas as criaturas visíveis.

• Quanto à queda dos anjos o CIC prega que o Diabo e outros demônios criados por Deus eram bons e se tornaram maus por iniciativa própria, ocorrendo assim, a queda

• Salienta-se que o poder de Satanás não é infi nito e é incapaz de impedir a construção do Reino de Deus.

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RESUMO MÓDULO IX

OS ANJOS

Homens Santos e Anjos

• O santo Padre João XXIII recomenda aos católicos a invocação dos anjos e afi rma para o fi el não se descuidar e ter total devoção ao seu Anjo da Guarda pois além de ser bom conselheiro ele intercede junto a Deus a nosso favor.

• O Papa ainda alega que a devoção dos Anjos deve ser frequente, que cada um tem seu Anjo da Guarda e pode não apenas conversar com ele como também com os Anjos da Guarda dos outros.

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RESUMO MÓDULO IX

OS ANJOS

Homens Santos e Anjos

• S. João da Cruz: Este grande doutor místico da Igreja Católica afi rma que os anjos tem uma forma de agir inalterável e que cumpre aquilo a que se obriga que é a santifi cação das almas.

• S. João Bosco: Este santo era devoto dos anjos e aos jovens principalmente ele confi a o anjo da guarda: [...] desde o primeiro instante em que o homem aparece no mundo, um Anjo lhe assiste noite e dia. Acompanha-o nas viagens, nas estradas, defende-o dos perigos da alma e do corpo, e lhe diz o que é bom, para que o siga.Grande dignidade do homem, grande bondade de Deus, dever permanente ao qual havere-mos de corresponder!, apud Bettencourt 1987, pg. 556).

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RESUMO MÓDULO IX

OS ANJOS

BETTENCOURT, E. Mater Ecclesiae. Apostila: Curso De Historia Da Igreja Por Correspondência, 1987, RJ.

BÍBLIA DE JERUSALÉM, 5ª Impressão, ISBN 978-85-1977-7, Ed. Paulus, 2008.

BIBLIA DE JERUSALEM.JAR, Disponível em: <http://www.4shared.com/fi le/LJOaH3W2/Biblia_de_Jerusalem.html> - Acesso em 7 jul 2014.

Imagens de Dominínio Público: https://pixabay.com

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MÓDULO X POSSESSÃO DEMONÍACA - EXORCISMO - SATANISMO

10.1 Possessão Demoníaca

Segundo os Apóstolos Jesus expulsava demônios e possuídos foram até Ele pedindo expulsão.

Antes de explorar o assunto seria conveniente salientar que o extremo de se acreditar facilmente que qualquer possa estar possesso é tão ruim quanto o fato de negar a existência da possessão demoníaca.

E negar um assunto espiritual deste porte é negar toda mensagem de Cristo, pois Jesus afi rmava que a expulsão demoníaca que Ele fazia indicava que o Reino de Deus já tinha chegado aos homens: “Contudo, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus já chegou a vós.”, (Lc 11,20).

A possessão demoníaca é uma situação em que uma pessoa está dominada pelo diabo em seu corpo (diretamente) e em sua alma (indiretamente) fi cando á mercê do seu poder maligno e ações maléfi cas.

Portanto é bem diferente a possessão diabólica de um estado histérico, epiléptico ou de um quadro patológico referente a alguma doença nervosa.

A Igreja conta com uma equipe de estudiosos para efetuar um diagnóstico e diferenciar sé é um quadro patológico de um quadro de possessão.

Observa-se que o demônio não tem ação contínua em um possesso, há os momentos de crise e quando diagnosticada afi rmativamente a possessão demoníaca, a Igreja permite o exorcismo.

Observa-se, porém que o fato de estar possesso, nem sempre implica culpa, pois Deus tem seus desígnios e:

[...] pode permitir este estado por motivos que nos escapam, mas que fazem parte de um plano sábio e providencial. Não está excluído, porém, que a possessão seja consequência de uma vida devassa ou libertina, (Bettencourt 1987, pg. 533).

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10.2 Exorcismo

Originada do grego exorkismós, a palavra exorcismo dentro da literatura eclesiástica refere-se ao ato de conjurar e desviar o demônio.

O exorcismo é diferenciado em duas formas, o simples e o solene.

Podem-se distinguir as orações para afastar o diabo como exorcismo simples, da mesma forma que o Ritual do Batismo onde está presente “a renúncia a Satanás, às suas pompas e às suas obras”, (Bettencourt 1987, pg. 534).

O exorcismo solene é realizado através de sacramentos, com orações solenes de um Bispo ou de um sacerdote devidamente capacitado para isto e escolhido pelo Bispo de sua Diocese, onde toda a Igreja unida reza a Deus pedindo a expulsão de Satanás:

o exorcismo solene, chamado ‘grande exorcismo’, só pode ser praticado por um sacerdote, com a permissão do Bispo. Nele é necessário proceder com prudência, observando estritamente as regras estabelecidas pela Igreja, (Bettencourt 1987, pg. 535).

Segundo o Direito Canônico os sacramentais são as velas, água benta, medalhas, terços, etc. Também refere-se a benção, exorcismos, consagrações, etc.

Estes Sacramentais são utilizados pela Igreja com o intuito de obter efeitos espirituais.

Apenas quem tem permissão especial do Ordinário local poderá fazer exorcismos e esta permissão somente será concedida a um sacerdote piedoso, prudente e íntegro, conforme reza o Canon 1172, § 1B e § 23 (Bettencourt 1987).

Já o CIC em seu § 1673 professa que o exorcismo ocorre quando a Igreja com autoridade, em nome de Cristo exige que uma pessoa ou determinado objeto sejam protegidos contra a infl uência de Satanás e os tira de seu domínio.

O próprio Jesus Cristo praticou o exorcismo e vem dele o poder e o encargo de a Igreja exorcizar após a constatação da possessão demoníaca, pois:

bem diferente é o caso de doenças, sobretudo psíquicas, cujo tratamento depende da ciência médica. “É importante, pois, assegurar-se, antes de celebrar o exorcismo, se se trata de uma presença do Maligno ou de uma doença”, (Bettencourt 1987, pg. 535).

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10.3 Satanismo

Satanismo é um culto a Satanás praticado por um grupo de fanáticos. Seus rituais podem ser realizados às escondidas ou declaradamente, podem ser de existência efêmera ou duradoura e dividem-se e subdividem-se frequentemente.

Seus ritos tem a única intenção de adorar e evocar o diabo para que seus seguidores venham a alcançar algum benefício para ou desgraça para outro alguém.

Quando acontece de se querer a destruição espiritual ou material de alguém, os cultos são feitos à noite quando a pessoa está dormindo são realizados em cemitérios, Igrejas desativadas ou lugares de difícil localização e: “Não se exclui que, por ocasião de tais ritos, haja profanação de cadáveres, violência física sobre menores, práticas eróticas e até homicídios rituais.”, (Bettencourt 1987, pg. 544).

A seita “Church of Satan” , nos Estados Unidos foi fundada em 1966 por Anton Szandor La Vey, autor de três livros satânicos entre eles a Bíblia Satânica.

O principal rito é a missa negra e o símbolo da seita é denominado “o selo de Bafomé”, que é :

uma cabeça de bode, no interior de uma estrela de cinco pontas contida dentro de círculo e trazendo na extremidade de cada ponta cinco letras hebraicas; esse conjunto, por sua vez, é encerrado em outro círculo, (Bettencourt 1987, pg. 545).

- Crenças Satânicas:

As crenças satânicas variam de um grupo a outro e para os satanistas suas crenças rezam a religião da carne, a felicidade do hoje e sem céu para os retos e sem inferno para os pecadores.

Uns consideram Satanás como o Príncipe das Trevas, outros creem que se trata de Lúcifer, porém é difi cultoso defi nir com precisão o conceito de Satã em suas respectivas seitas.

O que carregam em comum é o ódio a Deus, o desprezo pelos valores cristãos como o Evangelho, a Eucaristia, a Igreja, Deus e a afi rmação com soberba da autonomia do homem.

O que motivam os satanistas é a obtenção de bens materiais, a aquisição de poderes especiais, o desejo de contestar a realidade social de forma bizarra, ou então, a aversão de traumatismos ocorridos na infância e o desejo mórbido de se livrar destes temores dentro de ritos que contam com libertinagem sexual, dentre outras coisas.

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Pergunta-se: as pessoas que se entregam ao culto de Satanás, podem ser tidas como possessas do demônio [...]. Não necessariamente. A possessão diabólica é algo que aliena a pessoa a si mesma, fazendo-a joguete do Maligno, o que não parece ocorrer sempre no caso de satanistas, (Bettencourt 1987, pg. 547).

- Valores Satânicos:

A inversão de valores é a característica principal do satanismo, onde tudo que é correto e benéfi co é desconsiderado e os valores que transmite baseiam em erro e falsidade, no pecado.

A isto se associa a almejada liberdade absoluta que:

formulada no seguinte axioma de Croweyl: “Fazer o que tu queres - eis toda a lei”. Isto quer dizer na prática que a liberdade do indivíduo não termina onde começa a liberdade do vizinho, (Bettencourt 1987, pg. 547).

- Missa Negra:

É uma imitação grotesca da Missa Católica onde se predomina a chacota e a sátira a tudo que se refere às coisas de Deus e a Deus.

No rito participam o celebrante da tal “missa”, o diácono e o subdiácono, e todos os membros se vestem de preto.

Alguns instrumentos utilizados no culto são correspondentes ao utilizado na Missa Católica como velas, hissopo, um cálice de vinho e até mesmo com ousadia uma hóstia consagrada numa Igreja Católica.

Outros itens são: o símbolo do bode dentro da estrela de cinco pontas, uma espada e um crucifi xo de cabeça para baixo, entre outros detalhes:

o altar da Missa Negra é uma mulher desnuda. Os participantes vestem trajes pretos com capuzes. O rito segue aproximadamente o curso da Missa Católica, com partes recitadas em latim, em francês ou em inglês. Em vez do nome de Deus, é invocado o nome de Satanás, como também o de diversos demônios. O Pai nosso é recitado com inversão do respectivo sentido (assim “Pai Nosso que estais no inferno...”). São proferidas blasfêmias contra Jesus Cristo; a hóstia é profanada de diversas maneiras, utilizada em práticas sexuais e verberada com ódio, (Bettencourt 1987, pg. 548-549).

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Segundo o livro de Roland Villeneuve apud Bettencourt (1987, pg. 548-549), a partir do século XVI que a missa do diabo se tornou a contrapartida da Missa em Louvor a Jesus Cristo, tendo todos os objetos amaldiçoados, tudo em preto e no momento de se elevar a hóstia gritam “corvo preto” no intuito de invocar Satã, entre contorções e saltos.

No momento em que se consagra o cálice todos veem a borboleta (Satanás) em volta do cálice e então o nome de Belzebu é aclamado, sem acompanhamento de sinos e sinetas.

Como o cálice, também a hóstia é preta e, mais, difícil de ser engolida; traz a fi gura do Demônio, que diz por ocasião da consagração: “Isto é meu corpo”. O celebrante levanta a hóstia acima de seus chifres; neste momento toda a assembleia a adora. Cercando o altar em semicírculo, prostram-se por terra, O Demônio faz então um sermão e intima-os a comungar, dando a cada qual um pedacinho da hóstia, a fi m de que o possam engolir; entrega a cada qual dois goles de um remédio infernal, e uma bebida de tão mau gosto e odor que, ao engolirem-na, suam e, ao mesmo tempo, fi cam gelados em seus corpos, em seus nervos e em suas medulas, (Bettencourt 1987, pg. 550).

Durante o culto os seguidores são incentivados ao estupro, incesto e sodomia pelo celebrante que ouve em uníssono os membros pedirem a ajuda do seu mestre e a partir de então urina é aspergida como água benta:

“As profanações do SS. Sacramento eram frequentes no fi m da Idade Média e nos dois séculos seguintes: as hóstias eram pisoteadas, conculcadas, transpassadas. podiam ser torradas no forno.”, (Bettencourt 1987, pg. 551).

As ladainhas e orações em homenagem ao Demônio vinham carregadas de blasfêmias e Satã satirizando os dogmas católicos, prometia vida eterna e se declarava o verdadeiro deus.

São estes alguns traços típicos dos cultos satânicos, que culminam na chamada “Missa Negra”, paródia sacrílega da S. Missa. A existência desse ritual em nossos dias signifi ca a capitulação da razão e da sanidade mental diante da imaginação e dos impulsos desregrados da carne. Também a mística precisa dos subsídios da razão. O Demônio existe, mas não pode ser concebido como um deus poderoso, ao qual se deva prestar culto, (Bettencourt 1987, pg. 552).

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- Música Rock sua Mensagem e seus Conjuntos:

Desde os anos 70 que as mensagens nas músicas dos conjuntos de Rock fi guram entre temas agressivos voltados ao Satanismo, referindo-se em suas letras a Satanás, aos demônios e ao inferno.

Como exemplo citam-se os conjuntos de Rock e algumas das sua mensagens, entre outros existentes:

- O conjunto Iron Maiden em seu disco “O número da Besta”: “Tochas acesas e cantos sagrados [...] o ritual começou, a obra de Satã está feita”;

- O conjunto Black Sabath em seu disco “Nascido de novo”: “Olha este Príncipe do Mal combatendo por tua alma [...]”;

- Conjunto HC-DC em canção: “O inferno não é um Lugar Ruim para aí estarmos”.;

- O conjunto Ozzi Osborne em seu disco Ladrando para a Lua: “Agora ressurgi. Fazem falta Milagres para salvar aqueles que a Besta procura [...]. Encontraram o seu céu vomitando a partir da boca do inferno”;

- O Conjunto Twisted Sister e canções: “Arder no Inferno”, “A Besta”;

- O Conjunto Venon e as canções como “Mil Dias em Sodoma”. “Em Aliança com Satã”, “Filhos de Satã”, “Vive como um Anjo, Morre como um Demônio”, etc.

- O Conjunto Kiss e seu disco: “Criaturas da Noite” e canções como “Rock and Roll, inferno”.

- Em muitos discos se encontra a mensagem satânica quando estes são girados ao contrário, como é o caso do disco Congratulations de Pink Floyd oque ao girar o disco ao contrário de como normalmente se toca depara-se com a mensagem: “Precisamente acabas de descobrir a mensagem secreta do Diabo, comunica-te com o Velho”;

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No disco Fire on High de ELO se aclama:: “Volta, Satã, volta, volta, volta!”;

No Snow-Blind de Stix: “Mostra-te, Satã, manifesta-te em nossas vozes”;

E no Stairway to Heaven de Led Zeppelin com a mensagem: “Quero ir ao Reino, quero ir ao Inferno, ao Oeste da Terra plana, canto porque vivo com Satã”.

Mesmo assim muito peritos em Rock julgam que os roqueiros:

dão muito mais importância ao ritmo e ao aparato sonoro e colorido do “Rock” do que à letra das respectivas canções; a veemência das letras, mesmo daquelas que invocam Satã, não tem valor para os roqueiros senão na medida em que constituem protesto contra a ordem estabelecida, e ruptura com as gerações anteriores, tidas como fracassadas. Uma pesquisa feita entre estudantes da Califórnia deu a ver que poucos davam atenção ao signifi cado da letra de suas canções; 37% eram incapazes de identifi car o tema (sexo, violência, droga, Satã...) de suas canções preferidas, (Bettencourt 1987, pg. 554).

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MÓDULO X - POSSESSÃO DEMONÍACA - EXORCISMO - SATANISMO

QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTO

1. Quanto à possessão demoníaca o que o extremo nos mostra?

2. O que é a possessão demoníaca?

3. O demônio tem que o demônio tem ação contínua em um possesso?

4. Ao que se refere a palavra exorcismo dentro da literatura eclesiástica?

5. Quais as duas formas de exorcismo?

6. No Ritual do Batismo o que está presente?

7. O que são os sacramentais segundo o Direito Canônico?

8. O que o CIC professa sobre o exorcismo?

9. O que é Satanismo?

10. Quais as intenções do rito satânico?

11. Qual é o principal rito?

12. Como é denominado o símbolo da seita satânica?

13. O que rezam as crenças dos satanistas?

14. O que motivam os satanistas?

15. Qual a característica principal do satanismo?

16. O que é a Missa Negra?

17. O que incentiva os seguidores durante o culto satânico?

18. Que mensagens as músicas de Rock carregam em suas letras?

19. O que julgam os peritos em Rock sobre os roqueiros?

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RESUMO MÓDULO X

POSSESSÃO DEMONÍACA EXORCISMO - SATANISMO

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RESUMO MÓDULO X - POSSESSÃO DEMONÍACA - EXORCISMO - SATANISMO

POSSESSÃO DEMONÍACA

• A possessão demoníaca é uma situação em que uma pessoa está dominada pelo diabo em seu corpo (diretamente) e em sua alma (indiretamente) fi cando á mercê do seu poder maligno e ações maléfi cas.

• Portanto é bem diferente a possessão diabólica de um estado histérico, epiléptico ou de um quadro patológico referente a alguma doença nervosa.

• A Igreja conta com uma equipe de estudiosos para efetuar um diagnóstico e diferenciar sé é um quadro patológico de um quadro de possessão, portanto, é bem diferente a possessão diabólica de um estado histérico, epiléptico ou de um quadro patológico referente a alguma doença nervosa.

• A Igreja conta com uma equipe de estudiosos para efetuar um diagnóstico e diferenciar sé é um quadro patológico de um quadro de possessão.

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RESUMO MÓDULO X - POSSESSÃO DEMONÍACA - EXORCISMO - SATANISMO

EXORCISMO

• Originada do grego exorkismós, a palavra exorcismo dentro da literatura eclesiástica refere-se ao ato de conjurar e desviar o demônio.

• O exorcismo é diferenciado em duas formas, o simples e o solene:

Podem-se distinguir as orações para afastar o diabo como exorcismo simples, da mesma forma que o Ritual do Batismo onde está presente “a renúncia a Satanás, às suas pompas e às suas obras”, (Bettencourt 1987, pg. 534).

O exorcismo solene é realizado através de sacramentos, com orações solenes de um Bispo ou de um sacerdote devidamente capacitado para isto e escolhido pelo Bispo de sua Diocese, onde toda a Igreja unida reza a Deus pedindo a expulsão de Satanás.

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RESUMO MÓDULO X - POSSESSÃO DEMONÍACA - EXORCISMO - SATANISMO

EXORCISMO

• Segundo o Direito Canônico os sacramentais são as velas, água benta, medalhas, terços, etc. Também refere-se a benção, exorcismos, consagrações, etc.

• Estes Sacramentais são utilizados pela Igreja com o intuito de obter efeitos espirituais.

• Apenas quem tem permissão especial do Ordinário local poderá fazer exorcismos e esta permissão somente será concedida a um sacerdote piedoso, prudente e íntegro, conforme reza o Canon 1172, § 1B e § 23 (Bettencourt 1987).

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RESUMO MÓDULO X - POSSESSÃO DEMONÍACA - EXORCISMO - SATANISMO

SATANISMO

Crenças Satânicas

• Satanismo é um culto a Satanás praticado por um grupo de fanáticos. Seus rituais podem ser realizados às escondidas ou declaradamente, podem ser de existência efêmera ou duradoura e dividem-se e subdividem-se frequentemente.

• Seus ritos tem a única intenção de adorar e evocar o diabo para que seus seguidores venham a alcançar algum benefício para ou desgraçCrenças Satânicasa para outro alguém.

• Quando acontece de se querer a destruição espiritual ou material de alguém, os cultos são feitos à noite quando a pessoa está dormindo são realizados em cemitérios, Igrejas desativadas ou lugares de difícil localização e: “Não se exclui que, por ocasião de tais ritos, haja profanação de cadáveres, violência física sobre menores, práticas eróticas e até homicídios rituais.”, (Bettencourt 1987, pg. 544).

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RESUMO MÓDULO X - POSSESSÃO DEMONÍACA - EXORCISMO - SATANISMO

SATANISMO

Crenças Satânicas

• As crenças satânicas variam de um grupo a outro e para os satanistas suas crenças rezam a religião da carne, a felicidade do hoje e sem céu para os retos e sem inferno para os pecadores.

• O que carregam em comum é o ódio a Deus, o desprezo pelos valores cristãos como o Evangelho, a Eucaristia, a Igreja, Deus e a afi rmação com soberba da autonomia do homem.

• O que motivam os satanistas é a obtenção de bens materiais, a aquisição de poderes especiais, o desejo de contestar a realidade social de forma bizarra, ou então, a aversão de traumatismos ocorridos na infância e o desejo mórbido de se livrar destes temores dentro de ritos que contam com libertinagem sexual, dentre outras coisas.

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RESUMO MÓDULO X - POSSESSÃO DEMONÍACA - EXORCISMO - SATANISMO

OS ANJOS

Valores Satânicos

• A inversão de valores é a característica principal do satanismo, onde tudo que é correto e benéfi co é desconsiderado e os valores que transmite baseiam em erro e falsidade, no pecado.

• Missa Negra: É uma imitação grotesca da Missa Católica onde se predomina a chacota e a sátira a tudo que se refere às coisas de Deus e a Deus.

• Música Rock: Sua Mensagem e seus Conjuntos: Desde os anos 70 que as mensagens nas músicas dos conjuntos de Rock fi guram entre temas agressivos voltados ao Satanismo, referindo-se em suas letras a Satanás, aos demônios e ao inferno.

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RESUMO MÓDULO X - POSSESSÃO DEMONÍACA - EXORCISMO - SATANISMO

POSSESSÃO DEMONÍACA EXORCISMO - SATANISMO

BETTENCOURT, E. Mater Ecclesiae. Apostila: Curso De Historia Da Igreja Por Correspondência, 1987, RJ.

BÍBLIA DE JERUSALÉM, 5ª Impressão, ISBN 978-85-1977-7, Ed. Paulus, 2008.

BIBLIA DE JERUSALEM.JAR, Disponível em: <http://www.4shared.com/fi le/LJOaH3W2/Biblia_de_Jerusalem.html> - Acesso em 7 jul 2014.

Imagens de Dominínio Público: https://pixabay.com

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BETTENCOURT, E. Mater Ecclesiae. Apostila: CURSO DE ÂNTROPOLOGIA TEOLÓGICA, 1987, RJ. BÍBLIA DE JERUSALÉM, 5ª Impressão, ISBN 978-85-1977-7, Ed. Paulus, 2008.

BIBLIA DE JERUSALEM.JAR, Disponível em: <http://www.4shared.com/fi le/LJOaH3W2/Biblia_de_Jerusalem.html> - Acesso em 7 jul 2014.

GALLICA, Artigo Imagem: Sacramentarium gelasianum. Disponível em: <http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b60000317/f373.item.zoom> - Acesso em 19 ago 2016.

REFERÊNCIAS