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PLANO DE AULA APOSTILADO Escola Superior de Teologia do Espírito Santo Geografia Bíblica Geografia Bíblica Geografia Bíblica Geografia Bíblica Estudando a geografia do livro sagrado Escola Superior de Teologia do ES

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PLANO DE AULA APOSTILADO Escola Superior de Teologia do Espírito Santo

Geografia BíblicaGeografia BíblicaGeografia BíblicaGeografia Bíblica Estudando a geografia do livro sagrado

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A Escola Superior de Teologia do Espírito Santo – ESUTES, é amparada pelo disposto no parecer 241/99 da CES (Câmara de Ensino Superior) – MEC

O ensino superior à distância é amparado pela lei 9.394/96 – Artº 80 e é considerado um dos mais avançados sistemas de ensino da atualidade.

Sistema de ensino: Open University – Universidade aberta em Teologia O presente material apostilado é baseado nos principais tópicos e pontos salientes da matéria em

questão. A abordagem aqui contida trata-se da “espinha dorsal” da matéria. Anexo, no final da apostila,

segue a indicação de sites sérios e bem fundamentados sobre a matéria que o módulo aborda, bem como bibliografia para maior aprofundamento dos assuntos e temas estudados.

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__________

SSSSSSSSuuuuuuuummmmmmmmáááááááárrrrrrrriiiiiiiioooooooo

_______ _______ _______ _______

Noções elementares de história – as civilizações da antigüidade oriental...........................04

Geografia da palestina ....................................................................................................... 06

Jordânia é a arábia palestina? ........................................................................................... 07

A extenção geográfica do dilúvio ....................................................................................... 09

Dilúvio: global ou parcial? ...................................................................................................10

A profecia de Noé e o povoamento da Terra.......................................................................13

Deus o criador, e os primeiros deuses caldeus ..................................................................15

Montes transjordânicos........................................................................................................16

Hidrografia...........................................................................................................................17

Jerusalém ............................................................................................................................22

As estradas principais da palestina .....................................................................................25

Costumes orientais, principalmente os palestínicos ............................................................27

Família hebraica ..................................................................................................................27

A vida social hebraica .........................................................................................................29

Calendário e festas de israel ...............................................................................................36

Geografia política da palestina ............................................................................................39

Conclusões gerais ...............................................................................................................40

Bibliografia...........................................................................................................................42

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NNooççõõeess eelleemmeennttaarreess ddee hhiissttóórriiaa –– aass cciivviilliizzaaççõõeess ddaa aannttiigguuiiddaaddee oorriieennttaall

As principais civilizações da antiguidade e sua localização geográfica

a) No Vale do Nilo (Nordeste da África) - a civilização egípcia. b) Na Mesopotâmia (na região entre os rios Tigre e Eufrates) - as civilizações

dos sumérios, acádios, babilônicos e os assírios. c) No Litoral do Mediterrâneo - os povos fenícios e cretenses. d) Na Margem Ocidental do Jordão - a civilização dos Hebreus. e) No Planalto do Irã - os povos medos e os persas.

A economia dos povos da antiguidade oriental

A Base da economia na maioria desses povos é a agricultura As principais civilizações agrícolas eram:

a) EGÍPCIOS E MESOPOTÂMICOS - Desenvolveram às margens dos rios

sistemas aperfeiçoados de irrigação, drenagem e construção de barreiras, sendo por isso denominadas de civilizações hidráulicas (Hidro = água).

b) HEBREUS - destacam-se no pastoreio (criação de ovelhas, gado, etc) e também

na atividade comercial. Na agricultura destacam-se no cultivo de cereais, vinha e oliva.

c) PERSAS - a maioria da população persa se dedicava à agricultura. Mas o forte

da economia estava no comércio terrestre com o Oriente, o Egito e os povos da Mesopotâmia.

d) FENÍCIOS - desenvolveram o comércio marítimo e a construção naval.

Mantinham boas relações comerciais com os hebreus.

A sociedade dos povos orientais

O núcleo básico da sociedade oriental era a Família Patriarcal. O Patriarca (homem mais velho) era respeitado e obedecido por todos. Como líder do clã familiar exercia as funções de chefe, de juiz e de sacerdote, mantendo todos sob seu absoluto domínio.

A mulher era geralmente considerada como propriedade do marido e a este deveria obedecer e chamar de ‘meu senhor. Sua função, como mulher, resumia-se a procriação e a cuidar da casa e dos filhos.

A população escrava sempre foi muito numerosa entre as sociedades orientais e

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constituía a base de todo meio de produção, ou seja, a mão-de-obra escrava sustentava o poder econômico e político dos Estados organizados e o prestígio das classes dominantes: nobres membros das famílias reais, sacerdotes, escribas e demais funcionários civis e militares.

A vida religiosa desses povos

A religião foi o traço mais marcante na vida dos povos orientais. Ela influenciava tudo: economia, sociedade, política, cultura, artes, tudo. Praticamente, todos os povos orientais eram politeístas, isto é, adoravam a vários deuses. Só o Egito, por exemplo, possuía mais de dois mil deuses, uns em forma humana, outros de animais, de formas mistas, ou ainda deuses representantes de forças da natureza.

Pode-se afirmar que a única exceção dessa tendência politeísta esteve representada no monoteísmo dos hebreus. Egito, Babilônia, Assíria, Fenícia e outros povos formavam um extenso rol de nações pagãs e idólatras, onde práticas politeístas e antropomórficas caracterizavam seus cultos. Cada cidade, nesses países, possuía os seus próprios deuses e muitas das cerimônias religiosas se transformaram em terríveis carnificinas, com sangrentos sacrifícios humanos. Só Israel testificou de um único Deus, justo e verdadeiro em meio ao enraizado e diabólico paganismo oriental.

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GGeeooggrraaffiiaa ddaa PPaalleessttiinnaa

Introdução

O nome geográfico “Palestino” foi adotado da nomenclatura da administração romana e não da terminologia judaica original. É uma corruptela (modo errado de escrever ou empregar uma palavra) de “Filistia” que originalmente significava apenas a porção do literal sul daquilo que hoje chamamos Palestina, a parte do território habilitada pelos antigos filisteus. A região que nós conhecemos por ‘Palestina’ tem recebido, através dos tempos, inúmeras denominações, bem como, sofrido variadas alterações quanto à sua extensão. Os próprios judeus não tinham um nome especial para seu país, mas chamavam-no simplesmente de “A Terra”. Para eles, ela era, e ainda é, a terra por excelência; dádiva especial de Jeová ao seu Israel eleito. Vejamos alguns nomes que essa região já recebeu ao longo de sua história: a) A Terra de Canaã — é talvez o nome mais antigo por ser a terra habitada pela descendência de Canaã, filho de Cão, neto de Noé.(Gn. 10:6, 15-20). b)Terra de Israel — após o retorno do Egito e a conquista da terra-prometida. C)Reino de Israel (Norte) e Reino de Judá (Sul) — após a morte de Salomão. Esse foi o período do Reino Dividido. d)Terra de Judá — após a divisão, as tribos do Norte (Reino de Israel) foram dispersas pelos Assírios. Com isso, permanece o Reino de Judá. Entretanto, estes também foram cativos pelos babilônicos. Retornaram, porém, e habitaram a terra sendo seus habitantes chamados de Judeus, (mais tarde região conhecida por Judéia). e) Palestina — denominação dada por permissão romana. Consolidou-se após a grande dispersão do ano 7O d.C. (invasão romana — destruição de Jerusalém). f) Hoje – a Palestina está divida em dois países: Israel na margem ocidental do Jordão e Jordânia, na margem oriental.

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JJoorrddâânniiaa éé aa AArráábbiiaa PPaalleessttiinnaa?? O que é Palestina?

O nome Palestina é uma Corruptela e foi primeiro usado pelos Romanos para substituir o nome Judéia após o final da repressão, independência Judaica em 135 C.E ( Era Cristã ).

O nome Palestina foi ressurgido como um termo político quando a comunidade internacional, seguida da derrota da Turquia na Primeira Guerra Mundial, designou a Inglaterra como procuradora em 1920, e essa decisão foi confirmada mais tarde pela aliança em 1922. A ordem Palestina foi delineada e constituída em ordem para facilitar o estabelecimento da Palestina como casa nacional dos Hebreus, e para suas terras serem reconhecidas como casa nacional nessa região” (proveniente do preâmbulo* do mandato inglês para a Palestina).

Ao norte da Palestina estava a ordem Francesa na Síria, para o este, a ordem inglesa do lraque; e ao sul estavam os Ingleses ocupando o Egito.

*Preâmbulo: relatório que precede uma lei ou decreto. A Divisão da Palestina

Em 1922 a Inglaterra decidiu limitar a casa nacional dos Hebreus com diplomacia, para o oeste com 23% da região e os outros 77% como “província da Arábia ou suplemento da Palestina. Para administrar a pátria da Palestina que se chamava Transjordânia a Inglaterra instalou um membro na tribo de Mecca, Abdullah e Emir na Jordânia (o membro da tribo era tirado da Arábia pelos seus concorrentes, os Sauditas foram quem estabeleceram a Arábia Saudita em 1932)”.

Apenas poucos regulamentos Britânicos foram promulgados pelo alto chefe e sua administração; e estavam no oeste e leste da Palestina.

A ordem Britânica estava legalmente para atender as 2 margens do Rio Jordão. (Eles permaneceram legalmente para atender o Jordão até 1952) e habitantes do leste e oeste da Palestina, Judeus e Árabes igualmente. A ordem Palestina assegurava seus passaportes.

Independência de Jordão e Israel

Foi outorgada a independência da Transjordânia pela Inglaterra em 1946. Israel declarou sua independência em 1948.

Como resultado a oposição a guerra, Israel teve sua independência em 1948-1949. A Transjordânia ocupou a Judéia e Samaria, e em 1950 o nome dessa região foi trocado para Jordânia. Exceto a Inglaterra e Paquistão não reconheceram nessa região a ocupação da Jordânia.

Em 1967 a Jordânia uniu-se novamente a Arábia no esforço de destruir Jerusalém. Seguindo sucessivas guerras em sua defesa, a administração de Israel começou na Judéia e Samaria. Jordânia é a Arábia Palestina

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“A verdade é que Jordânia é Palestina e Palestina é Jordânia”, Rei Hussein da Jordânia, 1981. A Arábia é o cenário da Palestina • ‘Palestina, durante a ordem britânica teve seus limites indivisíveis’ • II artigo da convenção de aceitação do concílio nacional da Palestina 1965. • ‘Jordanianos e Palestinos são considerados pela OLP como um povo.’ • Farouk kaddoumi, chefe da OLP / Departamento de Política 1977. • “Palestina e Jordânia são um, Palestina está no litoral e a Transjordânia fica no interior, porém na mesma região”.Rei Abdullah, da Jordânia, 1948.

• Os Palestinos e os Jordanianos não permanecem com nacionalidades diferentes. Eles conseguiram os mesmos passaportes e tem a mesma cultura “.

• Abdue Hamid Sharap — Primeiro ministro da Jordânia, 1980.

Os Jordanianos 1 - Originalmente são tribos nativas de homens nômades para oriente da

Palestina, os quais são profundamente fiéis ao domínio dos membros das famílias reais.

2 - Para o oeste da Arábia Palestina: muitos dos que são descendentes de Árabes que imigraram para a Palestina e para os arredores da região durante o mandato Britânico.

No oeste Árabe e Palestino que entraram para a Jordânia durante as várias guerras entre Arábia e Israel estavam doando automaticamente sua cidadania jordaniana. Eles agora constituem aproximadamente 60% do total da população jordaniana.

Os Árabes Palestinos do oeste possuem por volta de 70% dos negócios (serviços) na Jordânia, e os outros 30% para todo governo jordaniano.

Os Árabes Palestinos do oeste têm sido primeiros ministros e embaixadores da Jordânia.

Amman ou Oman é a capital da Jordânia. Tem sido chamada de “a grandessíssima capital Palestina do mundo”. New York limes, 03 de agosto de 1975. A Arábia Palestina tem refugiado uma pátria na Jordânia

Desde 1948 Israel tem recebido acima de 1 milhão de judeus, mais de 800.000 deles são refugiados da região Árabe.

Passados 36 anos, a região árabe tem recusado em receber os refugiados da Arábia Palestina (relatado 600.000 em 1948). Também existe uma região a qual é predominantemente da população da Palestina e na geografia com a mesma língua, religião e cultura.

Esses são os que clamam para o estabelecimento do Estado da Palestina (na margem oeste e Gaza) visa, de fato, estabelecer o segundo Estado da Arábia Palestina.

O Propósito — Criação de uma base para futuros ataques terroristas e agressões militares contra Israel. O povo Palestino concluirá com êxito a independência do Estado da Palestina quando estiver começada a libertação em toda a Pátria. Nisto está começando a libertação e não está consumada, e não haverá hesitação próxima naquele Estado. A ressurreição do Estado da Palestina deverá estar começando com o fim de Israel. Abu Igad, Deputado de Arafat em Fatah — Novembro de 1984.

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AA eexxtteennssããoo ggeeooggrrááffiiccaa ddoo ddiillúúvviioo O Dilúvio se constitui hoje um fato praticamente aceito e comprovado pelos

estudiosos da ciência. Entretanto, um outro questionamento é levantado: a sua extensão geográfica; isto é, se ele foi realmente universal ou apenas local. A leitura atenta na Bíblia nos leva a entender que o dilúvio foi universal. (Gên. 7:19-21). Diz a Bíblia que todos os altos montes foram cobertos pelas águas e toda a raça, exceto Noé e sua família, foi destruída. Iogo, segundo o texto: entende-se que a terra foi coberta e que, portanto. o dilúvio foi universal.

Entretanto na dificuldade de se encontrar vestígios universais do dilúvio, tem crescido a aceitação em torno da localidade do acontecimento. Sabemos que o objetivo maior de Deus com o dilúvio era destruir a raça humana corrompida. Ora, de Adão a Noé haviam se passado 10 gerações e a população do mundo na época talvez não atingisse ainda 1 milhão de pessoas.

De forma alguma essa população teria condições de se dispersar e atingir

outros continentes, limitando-se basicamente às regiões da Mesopotâmia, Armênia e Cáucaso, regiões tidas como prováveis berços da raça humana. Portanto, para destruir toda raça humana. Bastava apenas que o dilúvio cobrisse as regiões habitadas da terra naquela época.

A questão parece estar na interpretação que damos aos termos “universal”, “toda terra - se os entendermos do ponto de vista de Moisés e Noé, segundo os quais as águas cobriram todos os altos montes que havia debaixo de todo o céu”, então teremos o dilúvio como universal. Entretanto, se os interpretarmos sob o prisma do mundo conhecido e habitado na época, então o dilúvio seria apenas local.

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DDiillúúvviioo:: gglloobbaall oouu ppaarrcciiaall??

Hoje a grande questão em torno do dilúvio não gira em torno da dúvida sobre

se ele aconteceu ou não. Já existem provas científicas de que ele existiu. A grande dúvida hoje é se ele foi parcial ou global.

Diante disso daremos argumentos em prol de um dilúvio universal e argumentos em prol de um dilúvio apenas parcial.

Argumentos em prol do dilúvio global

a) A linguagem dos capítulos de 6 a 9 de Gênesis refere-se a um dilúvio de proporções universais. Todos os picos e montes foram cobertos pelas águas tendo havido a destruição de todos os seres vivos terrestres.

b) A universalidade das narrativas sobre o dilúvio mostra que o dilúvio chegou a todos os lugares (Há narrativas de grandes inundações em várias civilizações da terra).

c) Há uma distribuição mundial dos depósitos aluviais do dilúvio. d) Houve uma súbita extinção dos mamutes peludos do Alaska e da Sibéria, na

hipótese de que eles morreram por afogamento e não por congelamento.

Argumentos em prol de um dilúvio parcial

a) Embora a linguagem de Gênesis 6-9 seja global, só o é para aquela parte do mundo que Noé observou na ocasião. Ele não fazia idéia da verdadeira extensão da terra. O trecho de Colossenses 1.6 também diz que o evangelho se espalhara pelo mundo inteiro, muito embora seja óbvio que isso indique o mundo que Paulo conhecia e não toda a superfície do globo. Havia muitos povos que Paulo jamais visitou.

b) A universalidade das histórias do dilúvio demonstra que estamos tratando

com um gigantesco cataclismo terrestre, com dilúvios que ocorreram em toda parte, como resultado desse cataclismo, mas não que as águas cobriram absolutamente toda a superfície terrestre. Quando os pólos magnéticos se alteram, há inundações generalizadas, mas nem todas as terras emersas são cobertas.

c) Há depósitos aluviais do dilúvio por toda parte, mas muitos desses

depósitos refletem dilúvios locais.

d) Segundo estudiosos, a destruição dos mamutes parece estar relacionada a algum cataclismo anterior ao dilúvio de Noé.

e) A quantidade de água. O monte Everest é o mais alto do mundo. Fazendo

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os cálculos, para encobrir o Everest, seria necessário seis vezes a quantidade de água que há hoje na terra. Teria sido impossível haver chuvas assim abundantes, dentro do tempo determinado em Gênesis 7.12, quarenta dias e quarenta noites, incluindo os depósitos naturais da água na terra para que isso pudesse acontecer. Além disso, como tanta água teria se evaporado?

PPrreeppaarraattiivvooss ppaarraa oo ddiillúúvviioo

Para termos uma idéia das dimensões da arca, é importante considerarmos o comprimento do côvado, que segundo alguns é o equivalente a dois palmos (44 cm) enquanto outros dizem que o côvado media 3 palmos (66 cm). Considerando a medida de 44 cm, a arca tinha as seguintes dimensões correspondentes em metros. Comprimento da arca: 300 côvado x 0.44 mt= 132 m Largura 50 côvado x 0,44 mt = 22 m Altura 30 côvado x 0,44 mt = 13,2 m Área de um pavimento 132m x 22 = 2.904 mt Área total (3 pavimentos) 2.904 mt x 3 8.712 mt

Vemos assim que a Arca era um navio, e não um simples barquinho. Noé

gastou 120 anos para construí-la. A humanidade antediluviana alcançou um grau muito elevado de cultura e

estrutura social. Isso gerou orgulho no homem, e o orgulho o levou ao pecado terrível e tenebroso descrito em Gn 6. 5. E o homem, por causa da sua tecnologia, e da sua ciência, esqueceu-se de Deus, entregando-se a loucura do seu obstinado coração. O resultado fatal desses pecados foi o castigo de Deus, o dilúvio. QQuuaannttoo tteemmppoo dduurroouu oo ddiillúúvviioo??

A Bíblia omite o tempo em que veio o dilúvio, no entanto, no “quanto” durou, é clara e rica em detalhes. O Novo Dicionário da Bíblia diz: “Noé entrou na Arca no décimo sétimo dia do segundo mês do ano de 600 de sua vida (7.11), e a terra já estava seca no vigésimo sétimo dia do segundo mês de seu ano 601, pelo que, se contarmos 30 dias para cada mês, o dilúvio ter-se-ia prolongado por 371 dias”.

As chuvas caíram durante 40 dias (7.12) e as águas continuaram subindo

durante mais 110 dias (7.24) 150 dias então as águas diminuíram durante 74 dias (8.5) = 224 dias: 40 dias depois foi solto o corvo (8.6,7) = 264 dias; sete dias mais tarde (8.12) = 271 dias; então a soltou novamente 7 dias mais tarde (8.10) 278 dias: e ainda pela terceira vez, sete dias mais tarde (8.12) 285 dias: Noé removeu a cobertura da Arca, 29 dias depois (8.13 ). 314 dias: e a terra ficou finalmente seca 57 dias depois (8.14), 371 dias no total.

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OOnnddee eessttáá aa aarrccaa ddee nnooéé?? No século passado, muito antes que Botta, Layard, Koldwey ou Woolley

pisasse no solo da Mesopotâmia algumas expedições foram organizadas com a finalidade expressa de escalar o Ararate para encontrar a arca.

Plantada no sopé do Ararate há uma aldeia Armênia chamada Bayzit, cujos habitantes freqüentemente se referiram à história de certo pastor, que dizia ter visto no Ararate, os restos de um colossal navio.

Em 1833 o governo turco organizou uma expedição que escalou partes do

Ararate e trouxe relatório parecendo confirmar a estória do pastor, que no verão, podia-se ver a carcaça de um navio.

Dr. Mouri, dignatário eclesiástico de Jerusalém e Babilônia em 1892, citando as

nascentes do Eufrates, diz ter visto os restos de um navio. Em plena vigência da Primeira Guerra Mundial, um aviador russo, chamado Roskowitzki, diz ter visto restos de um navio. Nicolas II, não perdeu tempo, sem levar em conta a guerra, enviou para o Ararate uma expedição que viu a arca e a fotografou.

Aconteceu, porém, que todos os documentos dessa expedição desapareceram

durante a revolução de outubro. Com a ocupação russa da região, nenhuma tentativa se faz mais no sentido de averiguar os fatos propalados.

Fernando Navarra, um espanhol, na companhia de seu filho Rafael, fez três viagens ao Ararate: 1952, 1953 e 1954. Diz ter encontrado a arca e trouxe pedaços de madeira tiradas da arca que foram submetidos a provas de laboratório e constatado ser verdadeira a sua versão.

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AA pprrooffeecciiaa ddee NNooéé ee oo ppoovvooaammeennttoo ddaa tteerrrraa

O primeiro pecado de Noé depois do dilúvio for sua embriaguez. Graças a Noé, tivemos a maravilhosa profecia quanto ao futuro de seus três filhos. A profecia encontra-se em Gn 9:25-27. Noé declara que Canaã, seu neto, em lugar do Cão seja maldito, servo dos servos de seus irmãos. Jeová seria o Deus de Sem; e a Jafé Deus alargaria o seu termo até vir morar nas tendas de Sem. Esta profecia está ainda em processo de cumprimento, mas o que já foi cumprido basta para nos convencer de sua origem divina. O cumprimento da profecia Aos descendentes de Cão coube a tarefa de povoar a África, a Ásia distante. A Oceania e por algum tempo, certas regiões do Oriente Médio; Babilônia e mediações do Mar Vermelho. Por algum tempo também esta raça promoveu e desenvolveu uma admirável civilização, representada pelos babilônios, egípcios, fenícios e outros. Desses antigos povos nos tem chegado urna vasta literatura e uma cultura que muito admiramos.

Depois os babilônicos foram vencidos pelos semitas; os fenícios. Notáveis especialmente na antiga cidade de Cartago, também sendo vencidos pelos jafetitas, enquanto outros ramos desta raça, espalhados pela Palestina, com diversos nomes, foram absorvidos pelos sernitas. Desta raça primitiva restam apenas a África sempre degradada e as civilizações rebarbadas da Ásia não chegando a produzir grandes povos nem grandes civilizações.

Dentre todos os semitas, destacam-se os hebreus, que se notabilizaram mais pelos penderes religiosos do que por outros títulos. Aliás, a profecia de Noé não contempla grandes civilizações provindas deste ramo, mas a religião. Jeová seria o Deus de Sem uma tarefa mais espiritual que material. Foi também cumprida a profecia. AA ggeenneeaallooggiiaa ddee JJaafféé

A Jafé couberam as ilhas do mar e as distantes paragens européias. Deus havia

de dilatar a Jafé por profecia. Assim, os jafetitas se dirigiram para o Ocidente, todas as ilhas do Mediterrâneo: toda Europa e parte da Ásia, aparecendo nos antigos e modernos persas e medos, e chegando a suplantar os cuchitas hindus. Coube-lhes a tarefa de desenvolver as artes e as indústrias, bem como as ciências.

São os jafetitas os detentores da cultura mundial. No seu afã de desenvolver as

suas faculdades, iriam alastrar-se por toda a terra até virem morar nas tendas de Sem, de acordo com a profecia. Hoje os jafetitas não só dominam a Europa e a América, mas também a Ásia e a África. Não há regiões geográficas que eles não dominem.

Descendentes de jafé — Gorner. Filho mais velho de Jafé foi o progenitor de

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muitas nações e povos, entre outros, os germanos, os cimérios (Cimeri, Ciméia). Magogue foi o pai dos citas: Madaí, dos medos: Javam. dos gregos; Tiras, dos trácios. Crê-se que foi o progenitor dos povos das mediações do Negro, de onde veio o nome de Axenus, mais tarde Euxino, Magigue, Tubal e Meseque são mencionados por Ezequiel (cap. 38:14.15); e os seus nomes correspondem aos Mogui, Mongólia, Toboski, Moscou e Moscovi. Destes vieram os povos das ilhas do Mediterrâneo e de outros povos da Europa. AA ggeenneeaallooggiiaa ddee CCããoo

Descendentes de Cão: O filho mais velho de Cão foi Cuche, o povoador dia Etiópia e do Egito, na África, e das mediações do Mar Cáspio. Cuche foi também pai de Niarode, chefe da primeira coligação dos povos da Mesopotâmia Miz ou Mizraim foi o progenitor dos egípcios, porque o Egito, na linguagem dos hebreus e outros, chamam-se Mizraim. Pute deu origem aos mauritânios.

Canaã, o mais moço dos filhos de Cão, foi pai dos cananeus, dos fenícios e

muitos outros pequenos povos, que foram destruídos pelos semitas. I-lete, um dos filhos de Canaã, foi progenitor de uma grande raça, ainda mal conhecida, a dos hiteus. Entre os seus segredos desvendados, aclararam muitos pontos obscuros da antiga civilização. Parece que esta raça dominou a Ásia Menor, onde teve uma das suas três capitais.

AA ggeenneeaallooggiiaa ddee SSeemm Descendentes de Sem. Os filhos de Sem foram Elão, Assur, Arfaxade, Lude e Arâ. Elão estabeleceu-se a leste da Pérsia e deu origem aos elamitas, bem notáveis no tempo de Abraão, Assur foi progenitor dos assírlos, notáveis guerreiros e conquistadores. Arfaxade, progenitor dos semitas, caldeus, que dominaram a Mesopotâmia, sendo vizinhos de Assur. Elão e outros. O neto Eber foi progenitor dos hebreus. Lude parece que foi o pai dos Hotos, Arã, pai dos arorreus, povo notável nos dias do reino de Israel, encontrando o seu fim no mpério assírio. Uz, filho nada velho de Ará, deu o nome ao pais de Jó, se bem que não tenha sido possível localizar o território. A verificação histórica de todos esses povos, graças aos pacientes estudos da Etnologia e Etnografia, foi de incalculável valor cientifico e especialmente, bíblico. Por ele, ficou evidente que a Bíblia é um tesouro da antigüidade.

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DDeeuuss oo ccrriiaaddoorr,, ee ooss pprriimmeeiirrooss ddeeuusseess ccaallddeeuuss

Sem qualquer dúvida, o culto dos primeiros caldeus era monoteísta. Disso temos amplas informações nos documentos primitivos, e mesmo nos mais recentes, onde se pode descobrir um traço de monoteísmo puro. O que causa surpresa é como esse culto puro foi convertido na mais torpe idolatria, que nos vem daqueles tempos. Examinando o assunto imparcialmente, verifica-se que o germe da desobediência tinha-se enquistado no coração do homem desde o dia da queda de Adão, e dali em diante cada passo seria um passo para o afastamento de Deus. O homem cedo aprenderia a lutar contra os elementos naturais, e breve passaria a ver as forças da natureza como contrárias ao seu bem-estar. Assim, sem abandonar a idéia de um Deus supremo — EL ou IL — acabaria por descobrir que era a chuva que dava fertilidade à terra; o trovão que modificava a atmosfera; o sol e a lua que exerciam poderosa influência na vida. Instintivamente, começaria a adorar estas forças da natureza. Os templos e as divindades planetárias começaram a surgir por toda parte. Anu era o deus dos céus, Bel o senhor do mundo invisível e Hea, a deusa dos infernos. Estas divindades principais tinham sido geradas por uma divindade suprema dos hebreus, que sempre apareceu com o nome de IL ou EL, o nome do Deus Supremo. Não seria preciso um engenho muito perspicaz para descobrir, nesta tríade, a doutrina da santíssima Trindade. Desses três deuses primeiros vieram depois muitos outros, e, à medida que o povo se ia afastando de Deus, ia multiplicando as suas divindades. O Egito sofreu da mesma moléstia. A religião egípcia foi naturalista em todo sentido, como a caldaica, com a diferença de que os caldeus adoravam mais as forças brutas da natureza, enquanto os egípcios, as forças vivas, tais como os animais da água e da terra. As pragas egípcias ordenadas por Moisés foram um castigo a todas as divindades.

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MMoonntteess TTrraannssjjoorrddâânniiccooss Estes também chamados Montes do Planalto Oriental (ou Montes de Galaada ou

Gileade), igualmente podem ser agrupados nas três regiões distintas em que se dividem as terras para o oriente do Jordão. a) Monte de Basã Não se trata de uma certa elevação e sim de um largo e fértil conjunto montanhoso

na parte norte do Planalto Oriental, limitado ao norte pelo Hermom, a leste pelo deserto da Síria e parte do deserto da Arábia, ao sul pelo Vale de Yarmuque e a oeste pelo Jordão e Mar da Galiléia. E o monte a que se refere o Salmo 68.15. Nos dias de Abraão esta parte da Transjordânia era habitada pelo povo de gigantes chamado refains, cujo último rei foi Ogue - morto pelos israelitas ainda sob o comando de Moisés - e cuja cama de ferro media cerca de 4m de comprimento por 1 ,80m de largura (Dt 3.11). Na conquista, esta região coube a meia tribo de Manassés. b) Monte de Galaada ou Gileade Outro conjunto montanhoso, ao sul de Yarmuque, indo até a parte norte do Mar

Morto, dividido ao meio pelo ribeiro de Jaboque. Na parte sul há uma montanha mais elevada, a qual os Árabes chamam de Jeber Jilade. Talvez este fosse o monte que deu nome a região toda; entretanto não há certeza disto. A linguagem bíblica parece que usa a designação Monte de Gileade com referência à região toda, que é um conjunto de elevações da parte central do Planalto Oriental. À esta região coube à tribo de Gade por ocasião da conquista e foi o primeiro território conquistado pelos Israelitas (Nm 21.24; Dt 2.3 6), até então dominado pelos amorreus, cujo rei era Seom. Esta foi a terra de Elias, o grande profeta de Israel (IRs 17.1). No tempo do Novo Testamento, esta parte da Transjordânia era conhecida como Peréia. c) Montes de Moabe Ainda que não se encontre na Bíblia uma expressão precisamente Montes de Moabe e sim “campo de Moabe” e “pais de Moabe”, o fato é que a região ocupada por moabitas ao sul da Transjordânia e ao oriente do Mar Morto é bastante montanhosa, destacando-se o conjunto mais próximo do Mar Morto, chamado “montes de Abarim” com as seguintes elevações: d) Nebo ou Pisga (Dt 34.1) - A cerca de 15 quilômetros a leste da foz do Jordão e por trás da Planície de Moahe, com 800m de altitude, de onde Moisés contemplou a Terra da Promessa e onde morreu (Dt 34.1-6). Alguns autores fazem distinção entre os montes Nebo e Pisga, apontando este último como um pico daquele. e) Peor - Este monte fica pouco a nordeste de Nebo. Do cume deste, Balaão contemplou o acampamento de Israel na planície e o abençoou pela terceira vez, quando era para ser amaldiçoado, como era o desejo de Balaque, rei de Moabe (Nm 23.28-24,25)

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HHiiddrrooggrraaffiiaa A hidrografia da Palestina pode ser dividida em três partes, a saber: mares, lagos e rios. 1) Mares (1) Mar Mediterrâneo - Também conhecido na Bíblia como o Mar Grande e Mar Ocidental. Este mar banha toda a costa ocidental da Palestina. É de pouca profundidade na costa palestina, assim impedindo a aproximação de navios de maior calado mesmo dos tempos antigos, razão por que o Mediterrâneo não funcionava para Israel como caminho marítimo, antes o isolava do mundo. O único porto do Mediterrâneo de que se valiam os israelitas era Jope, onde há um pequeno promontório com uma linha de arrecifes. Entretanto, devido a esses arrecifes e os bancos de areia, era de pouca procura pelos navegantes, preferindo estes os portos fenícios. Assim, do ponto de vista político-militar, o Mediterrâneo constituía para a Palestina uma vasta defesa natural de sua fronteira ocidental. Por este mar foram levados os famosos cedros do Líbano para Jope, destinados à construção do templo de Salomão em Jerusalém. Neste mar foi lançado o profeta Jonas quando fugia da missão recebida. Por suas águas navegou o apóstolo Paulo mais de uma vez em suas viagens missionárias. Neste mar ficam as ilhas referidas na Bíblia, das quais destacamos Chipre, Creta e Malta. (2) Mar Morto - Também conhecido pelos nomes de Mar Salgado, Mar Oriental, Mar de Ló, Asfaltite (Josefo), Mar do Arabá e Mar da Planície (Dt 3. 17;Jl 2.20; II Rs 14.25). Fica na foz do rio Jordão, entre os Montes de Judá e os Montes de Moabe, na mais profunda depressão do globo. É de forma ovulada, medindo 76 quilômetros de comprimento na direção norte-sul e 17 quilômetros de largura, com o seu nível a 426m abaixo do nível de profundidade máxima que se verifica na parte norte. Na parte sudeste (na altura do terço inferior) há um promontório ou península, chamada Lisa ou língua. As suas costas são mais planas no lado ocidental e bastante acidentadas e escarpadas no lado oriental. As suas águas são as mais densas da superfície da terra, com cerca de 25% de salinidade, em razão das enormes jazidas de sal no sul e da excessiva evaporação. O fato bíblico mais importante relacionado com este mar é a destruição de Sodoma e Gomorra, cidades que, parece, tiveram lugar no sul do Mar Morto,hoje coberto por um pantanal betuminoso. O seu nome atual, Mar Morto,foi lhe dado pelos geógrafos e historiadores antigos do século II da nossa era, Pausanias (grego) e Justino (romano), devido ao aspecto triste e desolador que domina a região. (3) Mar da Galiléia - Também conhecido pelos nomes de Mar de Quinerete (Nm

34.11), Mar de Tiberíades (Jo21.1) e Lago de Genezaré (Lc 5.1). Na verdade trata-se de um lago de água doce formado pelo rio Jordão, mas, devido as suas dimensões avantajadas e temporais violentos que freqüentemente o agitam, as populações adjacentes o tem chamado de mar. É o segundo lago equilibrador das águas do Jordão, sendo o primeiro o de Meronm que fica 20 quilômetros ao norte. Mede aproxi-madamente 24 quillômetros de comprimento por l4 de largura, tendo seu nível 225m

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abaixo do nível do Mediterrâneo e profundidade média de 50 m. Suas águas são claras e muito piscosas. As suas margens do lado oriental são montanhosas, enquanto do lado ocidental e na direção noroeste estendem-se planícies férteis com cidades importantes, como Cafarnaum, Corazim, Magdala, Genezaré, Betsaida, Tiberíades e outras. O clima da região, especialmente ao norte, é muito agradável, propício à lavoura e pecuária. As cidades das margens do Mar da Galiléia e as próprias praias e águas deste foram palco de acontecimentos importantes do ministério terreno de Jesus operando milagres, apaziguando a tempestade, andando sobre o mar, alimentando milhares com a multiplicação de pães, pronunciando preciosos ensinamentos (Sermão do Monte) e aparecendo aos discípulos após a ressurreição. 2) Lagos Um único lago encontramos no território palestínico- o Lago de Merom, também conhecido como Águas de Merom (Js 11.5,7), e modernamente como lago de Hulé (nome árabe). Também era formado pelas águas do Jordão, como o Mar da Galiléia, e localizava-se a 20 quilômetros ao norte deste. O seu comprimento era de cerca de l0 quilômetros por 6 de largura, achando-se o seu nível 2 m acima do nível do Mediterrâneo e tendo de 3 a 4 de profundidade. Uma vasta região alagadiça cercava as suas margens em todas as direções onde antigamente vicejava o papiro. Foi nas proximidades deste lago que Josué ganhou uma de suas grandes batalhas contra os inimigos confederados do norte de Canaã. Hoje o lago já não existe, pois foi drenado pela engenharia israelense. 3) Rios Os rios Palestinos são distribuídos em duas bacias hidrográficas: Bacia do Mediterrâneo e Bacia do Jordão. (1) Bacia do Mediterrâneo a) Belus – Segundo se crê, trata-se de Sior Libnate referido em Josué 19.26. Corre a sudoeste dos termos de Asser, na direção do Mediterrâneo, despejando as suas águas na Baía de Acre, pouco ao sul da cidade de Aco (mais tarde denominada Ptolemaide e Acre). É torrente que se manifesta somente na época das chuvas, permanecendo seco o seu leito por quase dois terços do ano. É um dos chamados Wadis que são abundantes na Palestina. b) Quisom (ou Kishon) - Este é o maior rio da Bacia do Mediterrâneo e o segundo da Palestina. Nascendo das pequenas correntes de Gilboa e Tabor, Montes da Galiléia, e recolhendo outras águas da Planície de Esdraelom, corre na direção noroeste ao largo do Monte Carmelo até desaguar no Mediterrâneo, na parte sul da Baía de Acre. As suas águas são impetuosas e perigosas durante o inverno, ao passo que no verão são escassas. Foi junto deste rio que Baraque derrotou Sísera, sendo os cadáveres dos seus soldados arrastados pela corrente do mesmo (Js 5.21), e Elias matou os profetas de Baal depois do célebre desafio no Monte Carmelo (1 Rs 18.40). c) Caná - Outro wadi ou torrente dos meses de chuvas, que nasce perto de Siquém e,

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atravessando a Planície de Sarom, verte no Mediterrâneo sete quilômetros ao norte de Jope. É mencionado em Josué 16.8 e 17.9 como limite entre as terras de Manassés e Efraim. d) Gaás -- É outro ribeiro, wadi, que atravessa a região de Sarom na direção leste-

oeste e deságuam no Mediterrâneo perto de Jope. o seu nome provavelmente deve-se a um monte, não identificado, perto do qual foi sepultado o grande líder Josué (Js 24.30). Quanto às referencias bíblicas ao ribeiro, encontramos em II Samuel 23.30e 1 Crônicas 11.32. e) Sorec -- Nascendo nas montanhas de Judá, a sudoeste de Jerusalém, este wadi,

seguindo a direção noroeste, despeja suas águas no Mediterrâneo entre Jope e Acalom, ao norte da Filistia. Os flancos suaves do vale que ele percorre, por sinal largo e fértil, são famosos pelos vinhedos de uma espécie de uva síria muito apreciada. Segundo Juízes 14.1-5 e 16.4, nas proximidades deste rio ficava Timná, cidade de Dalila, mulher filistéia que cavou a ruína de Sansão. 1) Besor - - Este é o mais volumoso de todos os wadis que desembocam no

Mediterrâneo. Nasce no sul das montanhas de Judá, passa ao largo de Berseba pelo lado sul desta cidade e lança-se no mar à uns oito quilômetros ao sul da cidade de Gaza. Seu nome moderno é wadi Sheriah. É mencionado nas Escrituras em 1 Samuel 30.1-25, no episódio da libertação dos habitantes de Ziclague das mãos dos amalequitas, por Davi e seus seiscentos homens, dos quais duzentos haviam ficado junto de Besor, cansados, para guardar a bagagem. (2) Bacia do Jordão a) Jordão - Este é o rio principal da Palestina e corre na direção norte-sul, assim dividindo o país em duas partes distintas - Canaã propriamente dita e Transjordânia. Seu nome significa declive ou o que desce. o Jordão origina-se da confluência de quatro pequenos rios, a 11 quilômetros ao norte do Lago de Merom, cujas cabeceiras - menos as do primeiro - encontram-se nos flancos ocidental e meridional do Monte Hermom. São eles: Bareighit, o mais ocidental e cujas fontes não se alimentam das torrentes do Hermom. Hasbani, o mais longo - cerca de 40 quilômetros de extensão - e tem sua nascente na encosta ocidental do Hermom, a 520m de altitude. Ledan, o mais volumoso porque se origina de muitas fontes nas proximidades da antiga cidade de Dã, no sopé meridional do Hermom, e cujo leito pode ser considerado como começo do Vale do Jordão; por ser o braço central das nascentes do grande rio. Banias, a mais oriental das quatro nascentes do Jordão, a mais curta, de apenas 8 quilômetros, porém a mais bela, que jorra de uma imensa gruta na encosta meridional do Hermom, pouco ao norte da antiga cidade de Cesárea de Filipe, da qual hoje resta apenas uma pequena aldeia cujo nome moderno é Banias. Costuma-se dividir o curso do Jordão em três trechos, para um estudo mais detalhado: o primeiro trecho, ou seja, a região das nascentes, é o que acabamos de descrever nos seus aspectos mais setentrionais e que vai até o Lago de Merom. Depois da junção das quatro nascentes, o Jordão atravessa uma planície pantanosa numa extensão de 11 quilômetros e entra no Lago de Merom. Neste trecho a sua largura varia muito e a profundidade vai a 3 e 4m. O segundo trecho, também chamado o Jordão Superior,

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compreende o rio entre o Lago de Merom e o Mar da Galiléia, extensão esta de cerca de 20 quilômetros. E um trecho quase reto, com um declive de 225m, o que tornam as suas águas impetuosas e provoca um enorme trabalho de erosão. A força da impetuosidade das águas do Jordão neste trecho é tanta que quase 20 quilômetros Mar da Galiléia adentro ainda se percebe a sua correnteza. Neste trecho o terreno é rochoso, de vegetação média e a largura do rio varia entre 8 e 1 5m. o terceiro trecho, ou o Jordão Inferior, estende-se do Mar da Galiléia ao Mar Morto numa distância de 117 quilômetros em linha reta e cerca de 340 quilômetros pelo leito sinuoso do rio, tendo uma largura que varia entre 25 e 35m e 1 a 4m de profundidade. Este trecho sofre um declive de 200m pelo qual o rio desce precipitadamente, formando numerosos meandros e cascatas e alargando o vale até 15 quilômetros, como ocorre na altura de Jericó. Este vale é limitado quase em toda a sua extensão por verdadeiras muralhas de rocha calcária, o que torna muito difícil a travessia do mesmo. Até o tempo dos romanos não havia ponte sobre o Jordão, de modo que a travessia do mesmo era feita em certos lugares de margens mais rasas e águas menos profundas, chamados vaus. Um desses vaus ficava defronte de Jericó, outro, perto da desembocadura do rio Jaboque; e o terceiro, nas proximidades de Sucote. O rio Jordão, sob todos os pontos de vista, como: geográfico, histórico, político, econômico e religioso, é o rio mais importante do mundo antigo. Está ligada a Revelação desde os dias de Abraão até os dias de Jesus. Nas suas margens ocorreram numerosos e importantes acontecimentos, como a separação das águas para o povo de Israel entrar na Terra de Canaã, sob o comando de Josué (Js 3.9-17); a permissão dada por Moisés às tribos de Rúben e Gade para ficarem na Transjordânia (Nm 32.1-32); a história de Gideão, bem como a de Jefté (Jz 7,8,10,11); as lutas políticas de Davi (2Sm 17.24, 19.18); a travessia, em seco, dos profetas Elias e Eliseu (II Rs 2.6-14); a cura de Naamã, general sírio que fora acometido de lepra (II Rs 5.1 -i 4); a recuperação do machado de um “seminarista’ (II Rs 6.1-7); a anexação dos territórios dos gaditas, rubenitas e manassitas (Transjordânia) à Síria pelo seu rei Hazael (II Rs 10.32,33); o ministério de João Batista e o batismo de Jesus (Mc 1 .5,9). b) Querite - Verdadeiramente não se trata de um rio perene, e sim de um wadi, torrente das épocas de chuvas, que desce dos montes de Efraim e desemboca no Jordão, pela margem ocidental, pouco ao norte de Jericó, depois de percorrer uma região agreste, povoada de corvos e águias. Em alguma gruta nas margens deste ribeiro escondeu-se o profeta Elias, por ordem do Senhor, onde foi sustentado pelos corvos que lhe levavam pão e carne todos os dias pela manhã e à tarde (1 Rs 17.1-7). c) Cedrom - Também este não é um rio perene, porem nas épocas de chuvas torna-se uma torrente impetuosa. Nasce a dois quilômetros a noroeste de Jerusalém e, correndo na direção sudeste, passa ao lado leste da Cidade Santa pelo Vale de Josafá - que separa esta do Monte das Oliveiras - e prossegue rumo sudeste até o Mar Morto, numa distância de cerca de 40 quilômetros, por um leito profundo e sinuoso. Os principais fatos bíblicos relacionados com o ribeiro de Cedrom são: a fuga de Davi por causa da revolta de Absalão, seu filho (25m 15.23), e a travessia de Jesus para o jardim de Getsêmane na noite de sua agonia (Jo 18.1).

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d) Yarmuque - Este é o principal afluente oriental do Jordão, embora não esteja mencionado na Bíblia. É formado por três braços, dos quais o mais setentrional recebe águas abundantes das vertentes orientais e meridionais do Monte Hermom e desemboca no Jordão, seis quilômetros ao sul do Mar da Galiléia. e) Jaboque - - É outro tributário oriental do Jordão. Nasce ao sul do Monte Gileade, corre para leste, depois para norte e noroeste, descrevendo uma verdadeira semi-elipse, até desaguar no Jordão, mais ou menos no meio do curso deste, entre o Mar da Galiléia e o Mar Morto, depois de ter percorrido cerca de 130 quilômetros. É célebre na história bíblica pela luta de Jacó com o anjo do Senhor, ocasião em que o nome deste foi mudado para Israel (Gn 32.22-32). f) Arnom -- Nasce nas montanhas de Moabe, a leste do Mar Morto, despejando neste as suas águas. Este rio primeiramente separava os moabitas dos amorreus e depois os moabitas do território da tribo de Rúben, ficando como limite meridional permanente dos territórios israelitas da Transjordânia. Os profetas Isaías e Jeremias pronunciaram condenações contra Moabe referindo-se a Arnom (Is 16.2; Jr 48.20). O missionário alemão F. A. Klein, em 1868, achou a célebre pedra Moabita nas ruínas da cidade de Dibon, que fica aS quilômetros ao norte de Arnom. Esta pedra contém uma inscrição feita pelo rei moabita Mesa em 850 a.C., em hebraico-fenício, que confirma a passagem bíblica de II Reis 3.1-27.

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JJeerruussaalléémm “Lugar de paz” “Habitação segura” entre as cidades mais célebres do inundo encontramos Jerusalém. No que diz respeito á história bíblica, ela ocupa o primeiro lugar. Esta posição privilegiada de Jerusalém não está em sua extensão, nem em sua riqueza ou expressão cultural e artística, e, sim, em sua profunda e ampla relação com a Revelação, ou seja, no seu sentido religioso. Ela foi, de um modo especial, o cenário das manifestações patentes e evidentes do poder; da justiça, da sabedoria, da bondade, da misericórdia, enfim, da grandeza de Deus. Por isto as alusões proféticas e apostólicas a apresentam como o próprio símbolo do céu (Is 52.1-4; Ap. 21). (1) Nomes - Durante a sua longa história -já cerca de 3.000 anos - a cidade era conhecida por vários nomes, assim como: a) Urasalim - Encontrado nas Cartas de Tel-el-Amarna escritas por volta de 1400 a.C., provavelmente é o seu nome mais antigo. b) Salém - É o nome mais antigo que aparece na Bíblia, já em uso nos dias de Abraão (Gn 14.18). Provavelmente trata-se de uma abreviação da palavra Jerusalém, cidade devotada a Shalém, antiga divindade semítica da paz e prosperidade. c) Jebus -- Assim era conhecida a cidade dos jebuseus na época dos Juízes (Jz 19.10,11). d) Jerusalém -É o nome mais comum e que permanece até o presente. e) Sião - Este era o nome de um dos montes da cidade. f) Cidade de Davi ou Cidade do Grande Rei -- Estes nomes relacionam-se como ato heróico de Davi na tomada da fortaleza, quando então a cidade foi conquistada e feita a capital do Reino de Israel (I Rs 8.1; IIRs 14.20; Sl 48.2). g) Cidade de Deus ou Cidade Santa -- Assim chamada por estar ali o templo nacional; o local do culto centralizado (Sl 46.4; Ne 11.1). h) Cidade de Judá - A capital do reino de Judá, a cidade principal do reino (II Cr 25.28). i) Aelia Capitolina - Foi o nome dado pelo imperador romano Adriano, que a reedificou no século II d.C. Aelia em honra a Adriano, cujo primeiro nome era Aelius, e Capitolina por ter sido dedicada a Júpiter Capitolino, divindade suprema dos romanos. j) El-Kuds - É o nome que os árabes deram a Jerusalém. O seu significado é “a santa” (2) Localização e Topografia - Jerusalém fica situada na parte sul da cordilheira central da Palestina, ou sei a, nas montanhas de Judá, na mesma latitude do extremo norte do Mar Morto, a 21 quilômetros a oeste do mesmo e a 51 quilômetros a leste do Mediterrâneo. Está edificada sobre um promontório a 800m de altitude, subdividido em uma série de montes ou elevações. A leste do promontório fica o Vale de Josafá ou Cedrom, que separa a cidade do Monte das Oliveiras. A oeste e ao sul fica o Vale de Hinom (Gehena, gr.) que em certa época da história foi o Vale da Matança, assim

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chamado por causa dos sacrifícios das crianças em holocausto ao ídolo Moloque (II Rs 23.10; Jr 7.31-34) e dos fogos que ardiam constantemente, consumindo o lixo da cidade, os detritos dos holocaustos pagãos etc. Daí, por analogia, a palavra grega Gehena - que significa Vale de Hinom - veio a designar o lugar de castigo eterno dos condenados, o inferno (Mt 13.42; Mc 9.43-48). Sendo que a cidade é isolada pelos lados leste, oeste e sul do conjunto da cordilheira pelos vales já mencionados, resta apenas o lado norte suscetível ao crescimento, uma vez que por ele o tabuleiro continua ligado ao conjunto montanhoso. O aspecto geral da cidade ao tempo de Cristo apresentava uma configuração de um trapézio irregular que se alarga do sul para o norte, dividindo-se em cinco zonas ou bairros caracterizados pelas elevações do tabuleiro: Ofel, que fica a sudeste e onde havia uma antiga fortificação; Moná, a leste, onde estava edificado o templo de Salomão; Bezeta, ao norte; Acra, a noroeste; e Sião, a sudoeste. Um vale interno chamado Tiropeom, que corria mais ou menos na direção de noroeste para sudeste e sul, separava alguns desses bairros. Porém, através dos tempos, a superfície da cidade tem sofrido muitas alterações com os aterros deste vale, desaparecendo, assim, o antigo aspecto em que as elevações eram mais distintas. (3) Muros e Portas -- Até a destruição da cidade pelos romanos no ano 70 d.C., Jerusalém era protegida ao leste, sul e oeste por uma só muralha, tendo havido, porém, ao norte três muros, edificados em épocas diferentes, por força da expansão da mesma. O primeiro, que data dos dias de Davi, Salomão e seus sucessores, rodeava a antiga cidade do Ofel, passando pelo sul do Vale do Tiropeom e do Monte Sião, su-bindo pelo lado oeste do mesmo, na direção norte, até o sul da elevação de Acra, e daí na direção leste, até o norte do Monte Moriá, descendo pela aba oriental deste até Ofel na direção sul. Trechos deste muro já existiam desde os tempos dos jebuseus. Este muro era provido de 60 torres para as sentinelas. O segundo muro foi levantado por Jotão, Ezequias e Manassés - e depois do cativeiro reedificado por Neemias - seguindo praticamente o mesmo traçado do primeiro nos lados leste, sul e oeste, abrangendo, porém, no lado norte novas áreas - Acra e parte de Bezeta. Porém a linha norte do segundo muro é muito discutida e por ora nada de definitivo se sabe a seu respeito. O terceiro muro, cujo fim era incluir os subúrbios do norte no sistema de segurança da cidade, foi obra de Herodes Agripa 1, começada cerca de dez anos após a crucificação de Cristo. Também os vestígios deste muro são escassos e discutidos quanto à sua exata direção. As portas nos muros de Jerusalém eram numerosas durante a longa história da cidade. No livro de Neemias, por exemplo, temos referência acerca de dez delas: porta velha, porta do peixe, porta de Efraim, porta das ovelhas, porta oriental, porta do gado, porta da água, porta dos cavalos, porta da fonte, porta do esterco. Nem todas elas podem ser localizadas. Porém as principais portas de Jerusalém, pelas quais o povo transitava mais freqüentemente, e cujos nomes perduraram por mais tempo, foram estas: a. Porta de Jope (ou Jafa) a oeste, que dava para as vias de comunicação com as cidades da região ocidental; b. Porta de Damasco ou Peixe, que no primeiro muro teve o nome de Efraim, ao norte, dando acesso ao centro e ao norte do país, bem como ao estrangeiro; e. Porta de Herodes, também ao norte, não é mencionada na Bíblia, pois ficava no muro que foi edificado pouco depois de Cristo mais ou menos na direção da porta velha do segundo muro; d. Porta das Ovelhas ou de Benjamim a

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leste, logo ao norte da esquina do templo; e. Porta Oriental ou do Ouro, hoje fechada, também a leste, como o próprio nome diz; f. Porta dos Cavalos, ainda a leste, logo ao sul da esquina sudeste da área do templo; g. Porta da Água, do mesmo lado oriental, que conduzia à fonte de Guiom; h. Porta da Fonte, ao sul, junto do tanque de Siloé e o açude velho para abeberar o gado; i. Porta do Esterco ou de Monturo, também ao sul; j. Porta do Vale, ou dos Essênios, ainda ao sul, no canto sudoeste da cidade. (4) Vias de Comunicação - Jerusalém sempre esteve ligada pelos quatro pontos cardeais a toda a Palestina e aos países estrangeiros. Ao norte partiam os caminhos para Samária, Galiléia, Fenícia, Síria e Mesopotâmia. A leste, desde as quatro portas orientais, convergiam os caminhos para Jericó e todo o Vale do Jordão, bem como para as estradas da Transjordânia que levavam os viajores para a Arábia, Síria etc. Ao sul a cidade comunicava-se com Hebrom e Egito. A oeste ligava-se com Jope e os caminhos para a Filistia e Egito, bem como para a Fenícia, na direção norte. Desde os tempos de Abraão já havia caminhos cruzando a Terra de Canaã em todas as direções. Certamente nos dias dos patriarcas esses caminhos não passavam de trilhos por onde trafegavam caravanas dos mercadores e dos pastores de rebanhos. Já nos dias de Josué, dos Juízes e da monarquia hebraica, vemos o uso de carros ferrados que certamente exigiam estradas mais definidas, embora seguindo os trilhos antigos. E no tempo dos romanos já havia até estradas pavimentadas para o deslocamento rápido de suas legiões militares. Tais noções podemos colher de Juízes 1.19; Ireis 22.31; 35.38; II Reis 23.30; Atos 8.28 etc.

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EEssttrraaddaass ddaa PPaalleessttiinnaa

CCoossttuummaa--ssee ddiivviiddiirr eemm qquuaattrroo ggrruuppooss pprriinncciippaaiiss aass eessttrraaddaass ddaa ppaalleessttiinnaa

1. Grupo da Costa Eram estradas que corriam paralelas à costa do Mediterrâneo, conhecidas também como Caminho da Terra dos Filisteus. Tinham a sua origem no Egito e estendiam-se até Fenícia e Síria, ao norte, onde se desviavam para oeste, na direção da Ásia Menor, e para leste, na direção da Mesopotâmia. Era um grupo composto de várias estradas com ramificações para oeste, atingindo cidades costeiras como Jope, Ptolemaida, Tiro, Sidom e outras, e também para leste, saindo um ramal de Gaza e passando por Berseba e sul da Judéia na direção da Arábia; outro de Lida para Jerusalém, Jericó e Transjordânia; e mais outro atravessando o Vale de Esdraelom, a baixa Galiléia, indo até Damasco. Este grupo, devido a sua importância internacional, era também chamado o caminho das nações. Os exércitos das grandes nações do norte, do leste e do sul da Palestina (Síria, Assíria, Babilônia e Egito) deslocavam-se por estas estradas para os seus encontros bélicos. 2. Grupo Central Este grupo partia do sul da Judéia, e, passando por Hebrom, Belém Jerusalém, Betel, Siquém, Samária, ia até Cafarnaum, ao norte da Galiléia, onde se entroncava com a estrada de Damasco. Também este grupo apresentava ramificações tanto para oeste como para leste, das quais as mais importantes são as seguintes: no extremo sul da Judéia uma ramificação para oeste, na direção de Gaza, indo até o Egito, e outra para leste, indo até a Arábia. Na altura de Jerusalém, uma ramificação para oeste, via Lida, indo até Jope, e outra para leste, via Jericó, atingindo a Transjordânia e entroncando-se com outro grupo de estradas na direção de Petra, para o sul, e na de Damasco, para o norte, via Peréia. Mais outra ramificação, embora não das mais antigas, ocorria na região central de Samária, na altura das cidades de Siquéme Samária, atingindo Cesaréia para oeste e Bete-Seã (Citópolis) para nordeste, onde havia uma passagem rasa do Jordão, ou vau, entroncando-se o ramal com as estradas da Transjordânia. De Bete-Seã também partia uma ramificação para norte indo até Cafarnaum, passando pelas cidades da margem ocidental do Mar da Galiléia. E por último, em Nazaré, a ramificação na direção noroeste atingia Ptolemaida (antiga Aco, ou Acre dos franceses), no sentido leste a cidade de Bete-Seã, e para nordeste chegava a Cafarnaum, onde entroncava-se com a estrada que vinha de Damasco. Note-se que, apesar de ser esta estrada do centro o caminho mais curto entre a Judéia e Galiléia, os judeus evitavam-na devido à inimizade antiga entre eles e os samaritanos, preferindo passar pela Transjordânia. Entretanto parece que Jesus não deu importância a este fato, pois, pelo menos em três vezes. durante o seu ministério, ele atravessou a Samária: quando manteve memorável diálogo com a mulher samaritana junto ao poço de Jacó perto de Sicar, no Vale de Siquém (Jo 4.3-42); quando os discípulos rogaram a Jesus poder para fazer descer fogo do céu para consumir os samaritanos que rejeitaram a presença de Jesus (Lc. 9.51-56); e quando curou os dez leprosos, sendo

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que somente um deles, que era samaritano, é que voltou para agradecer a graça recebida (Lc 17.11-19). 3. Grupo da Transjordânia ou Leste Havia neste grupo pelo menos duas estradas: uma que partia do vau do Jordão, em frente a Jericó, e se dirigia para o norte pelo lado leste do Jordão até o vau que fica defronte de Bete-Seã - que era itinerário preferido pelos judeus para evitar a passagem pela Samária - prosseguindo para nordeste até Damasco; e outra que, originando-se em Elate, no fundo do Golfo de Ácaba, passando por Petra e o leste do Monte Seir e do Mar Morto, dirigia-se para Hesbom, deixando para oeste uma ramificação que passava por Jericó e Jerusalém indo até Jope, e de Hesbom avançando pelos montes de Abarim e Gileade para o norte até Damasco. 4. Grupo de Damasco Neste grupo geralmente são contadas somente as estradas que partem da velha cidade Síria e se dirigem para o Mar Mediterrâneo. Segundo esta classificação, as que passam pelo território palestínico são apenas duas: a primeira, a que passa pelo sul do lago de Merom, desce para Cafarnaum, vai até Nazaré e antiga Ptolemaida na costa marítima; e a segunda, que deixando Damasco passava por Cesaréia de Filipe dirigindo-se para Tiro, cidade costeira da Fenícia. A primeira era pavimentada ao tempo dos romanos, e para se viajar por ela cobrava-se pedágio. Alguns acham que o ofício de Mateus, antes de seu chamado para o discipulado, era ode cobrar o pedágio. Havia outras estradas que cruzavam a Palestina, porém eram de menor importância. As que aqui mencionamos dão-nos uma idéia geral das vias de comunicação terrestre que dispunham os antigos na Palestina. Resta ainda fazer referência ligeira às estradas que partiam de Damasco para o norte até Hamate e Arã, de onde prosseguiam para a Ásia Menor, Grécia e Roma na direção oeste, e para a Mesopotâmia e Pérsia na direção leste. Destas últimas serviram-se os patriarcas nas suas peregrinações para Canaã, especialmente Abraão e Jacó e os hebreus cativos, e daqueles, os missionários das novas do evangelho de Cristo do primeiro século - Paulo, Suas, Timóteo e Lucas.

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CCoossttuummeess oorriieennttaaiiss eessppeecciiaallmmeennttee ooss ppaalleessttíínniiccooss Os habitantes do Oriente Próximo, ou das terras bíblicas, sempre tiveram, como ainda têm, os seus estilos peculiares de vida, de expressão e de pensamento. Isto se deve às particularidades geográficas, étnicas e religiosas dos mesmos. Na impossibilidade de uma apreciação vasta e completa do assunto - pois que o escopo deste livro é limitado, vamos apresentar aqui apenas um esboço sucinto desses costumes e usos das terras bíblicas, dada a importância deste conhecimento na interpretação bíblica.

FFaammíílliiaa hheebbrraaiiccaa (1) Casamento -- Os hebreus consideravam o casamento de origem divina e de importância básica para a vida individual, social e nacional (Gn 2.18; 1.28). Segundo o ideal divino, o casamento havia de ser monogâmico (Mt 19.1-8); a poligamia era tolerada no Antigo Testamento, porém no Novo Testamento inteiramente repudiada. O concubinato era tolerado nos casos de esterilidade da mulher legítima, mas freqüen-temente também fora desta condição, especialmente entre ricos, nobres e reis (Gn 16.2; 30.3,4,9; 1 Sm 1.2; 25m 5.13; Jz 8.30; 1 Rs 11.3). A posição de concubina sempre era de uma esposa secundária, pois geralmente tratava-se de uma serva (escrava) ou prisioneira de guerra, e poderia ser despedida em qualquer tempo e sem qualquer direito a amparo (Dt 21.10-14). Entretanto, a Bíblia não esconde os males da poligamia e da concubinagem. O casamento misto era proibido em defesa da família, da tribo e da pureza da raça (Dt7.1-4). Havia também o casamento por levirato, quando, por morte do marido que não deixava filhos, o irmão deste deveria casar-se com a cunhada viúva para suscitar descendência ao seu irmão falecido (Dt 25.5). a) Contrato de Casamento -- Este, geralmente, era feito por terceiros - pai do noivo, seu irmão mais velho, tio, ou algum amigo muito chegado, e só excepcionalmente pela mãe (Gn 21.21; 24.38; 34.8). Em alguns casos o próprio filho fazia a sua escolha, ficando, porém, com terceiros as negociações (Gn 34.4). Estas consistiam nas consultas quanto ao destino dos bens por força do enlace que não poderiam enfraquecer a tribo nem expor a moça ao desamparo (Nm 36); e nos acertos quanto ao dote que o noivo havia de pagar ao pai da moça (uma espécie de dádiva que compensava a perda da filha); geralmente oscilava entre 30 e 50 ciclos e selava o contrato matrimonial, mas podia ser efetuado também em forma de trabalho, como no caso de Jacó (Gn 29.15-20, 34.12; Ex 22.17; 1 Sm 18.25; Gn 24.22-53). O dote da concubina era o preço da compra (no caso de serva ou escrava). Os casamentos consangüíneos entre os hebreus eram proibidos (Lv 18.1-18), embora fossem comuns entre os caldeus (Gn 20.12), os egípcios, os persas e outras nações orientais.

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b) Noivado - Este era o primeiro ato do casamento, porém tão importante que somente a morte ou infidelidade podiam dissolvê-lo. Desde o momento em que o noivo entregava à noiva, ou ao representante dela, na presença de testemunhas uma moeda com a inscrição “Seja consagrada [casada] a mim” uma espécie de juramento - o jovem casal era (Rt 4.9-II; Ez 6.8) considerado casado, embora a sua vida conjugal se efetuasse só depois das núpcias (Mt 1.18) que, segundo o Talmude, poderiam ocorrer um mês depois para as viúvas e um ano depois para as virgens (no caso de Jacó durou sete anos). Durante o noivado o homem era isento do serviço militar. Depois do exílio babilônico, adotou-se o costume de lavrar um compromisso escrito. c) Núpcias - A festa de núpcias durava, geralmente, sete dias (Jz 14.12), prolongando-se, excepcionalmente, até catorze dias. O noivo, sendo rico, distribuía roupa nupcial aos convidados (Mt 22.11). Saindo de sua casa, ia à casa dos pais da noiva acompanhado de amigos e vestido de sua melhor roupa, com grinalda na cabeça (Ct 3.11; Is 61.10), ao som de música e de cânticos. Quando as núpcias eram realizadas à noite, as pessoas que acompanhavam o cortejo muniam-se de tochas (lâmpadas). Recebendo a esposa na casa dos pais desta, com rosto velado, acompanhada das bênçãos paternais, o esposo a conduzia, em cortejo ainda maior, para a casa de seu pai ou para a sua própria, onde seguia-se o banquete depois do qual os noivos eram conduzidos à câmara nupcial (Mt 22.1-10; 25.1-13). Nos seis dias subseqüentes, as festas continuavam, embora mais resumidas. A lua-de-mel legal era de um ano, durante a qual o marido estava isento das obrigações militares. (2) Divórcio - A dissolução dos laços matrimoniais entre os hebreus era permitida como uma “necessidade calamitosa”, porém não aprovada, e mesmo repudiada já na última parte do Antigo Testamento (Dt 24.1; Mt 2.13-16). Também Jesus repudiou o divórcio, exceto no caso de adultério (Mt 19.3-9). O divórcio tinha que ser efetivado por um documento escrito, chamado carta de divórcio, entregue à mulher pelo marido (1)t 24.3; Mt 19.7), para lhe dar direito a um novo casamento. Se, porém, viesse a divorciar-se do seu segundo marido ou mesmo se este viesse a morrer; já não poderia reconciliar-se com o primeiro, uma vez que se encontrava contaminada pela coabitação com outro homem (Dt 24.4). (3) Os Filhos - Estes eram considerados dádivas divinas (51127.3-5); especialmente os do sexo masculino. Por isso a esterilidade era julgada como uma falta de favor de Deus. A herança era dividida somente entre os filhos do sexo masculino. As filhas recebiam a herança somente na falta de filhos herdeiros. As filhas solteiras eram sustentadas pelos irmãos até que se casassem. Seu casamento podia ocorrer somente com alguém de dentro da mesma tribo. A primogenitura era honrada e respeitada entre todos os povos orientais. O primogênito recebia a porção dobrada dos bens paternos; com a morte do pai, assumia a direção da família e as funções sacerdotais da mesma (na época anterior à doação da lei mosaica). Quanto à educação dos filhos, o pai era obrigado a ensinar-lhes desde cedo - a par da instrução - um ofício que lhes garantisse a subsistência.(Nm 27; Dt 21.15-17). Áquila, Priscila e Paulo sabiam fabricar tendas (At 18.3).

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AA vviiddaa ssoocciiaall hheebbrraaiiccaa (1) O Lugar da Mulher na Sociedade -- De um modo geral, os orientais dos tempos antigos relegavam a mulher à uma condição bastante inferior à do homem. Porém os hebreus asseguravam à mulher o gozo de vários direitos não encontrados nos costumes de outras nações. Entre os hebreus ela merecia lugar de honra e distinção (Pv. 31.10-31). A mãe era digna das mesmas honras que se deviam ao pai (Êx 21.12; Pv. 1.8). Perante as autoridades, a mulher tinha o direito de requerer justiça (Nm 27.1; 1 Rs 3.16-18). Quanto às ocupações, quase que não existia distinção de sexo. Assim, a mulher moça pastoreava rebanhos (Gn 29.6; Êx 2.16); trabalhava nos campos (Rt 2.3) e carregava a água das fontes para o abastecimento da casa. Entretanto, as principais obrigações das mulheres eram os trabalhos domésticos, bem mais complicados e difíceis que aqueles que as mulheres têm hoje. Elas moíam o grão (Mt 24.41), preparavam as refeições (Gn 18.6; II Sm 13.8), “fiavam a lã e teciam o pano” (1 Sm 2.19). Na história do povo hebreu há também uma juíza (Jz 4.4) e pelo menos três profetisas (Êx 15.20; IIRs 22.14). (2) Saudações -- Estas sempre eram prolongadas no Oriente. Jesus, por exemplo, mandou aos seus discípulos que a ninguém saudassem pelo caminho justamente para poupar tempo (Lc 10.4). A posição mais comum era a inclinação do corpo para a frente e com a mão direita posta no lado esquerdo do peito (Gn 23.7,12). Outra maneira usada, especialmente perante pessoas superiores, era a prostração ou inclinação até a terra (Gn 18.2; 42.6). As expressões mais comuns eram: “Paz”, “Paz seja convosco”, “Paz esteja nesta casa” (ISm 25.6; Lc 24.36; ICr 12.18). (3) Enterros e Manifestação de Luto - - Constatada a morte, o corpo do falecido era lavado e enrolado com faixas ou lençóis impregnados de perfumes. Raramente eram usados esquifes ou caixões abertos. O embalsamamento não era costumeiro entre os hebreus. Embora José e Jacó tivessem sido embalsamados, sabemos, porém, que o foram pelos egípcios, que possuíam o segredo do processo. O enterro era feito no mesmo dia da morte - isto por exigência do clima quente que favorecia a decomposição rápida e também por força da lei que tornava imundo quem tocasse em um defunto (Nm 19.11-16) - acompanhado do cortejo fúnebre na seguinte ordem: as mulheres, as carpideiras (eram as lamentadoras profissionais), o defunto, os parentes e amigos mais próximos, e o povo. Os túmulos dos pobres eram simples covas no chão cobertas de terra e marcadas por uma pedra, ao passo que os sepulcros dos mais abastados eram cavados na rocha, com umas pedras grandes, redondas, à porta, para fechá-los. Os sepulcros eram geralmente localizados fora da cidade, mas também em certas regiões e épocas ficavam nos pátios das casas. O costume de caiar os túmulos era praticado para evitar a contaminação cerimonial por pisar neles. O período de luto era de sete dias, em casos excepcionais era delongado para mais (I Sm 31.13; Gn 50.1-4,10; Dt 34.8). As manifestações de luto eram variadas: o rasgar de roupas, o andar descalço, o lançar do pó na cabeça, o vestir-se de saco, o arrancar os cabelos e a barba, o lançar-se no chão, o jejuar; o choro desesperado, o andar com rosto

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coberto etc. (Gn 37.34; II Sm 18.3 1; 15.30; Jó 2.12; Am 8.10; Mc 5.38,39). Como demonstração de respeito filial e para a perpetuação da memória dos mortos (II Sm 18.18) costumavam os hebreus levantar “colunas” (monumentos que consistiam de uma pedra mais ou menos alongada que se fixava na terra no sentido vertical). HHaabbiittaaççõõeess (1) Tendas -Este era o tipo mais primitivo de habitação palestínica e de um modo

geral de todo o Oriente. A primeira referência a tendas na Bíblia temos em Gênesis 4.20. Originalmente parece que eram feitas de pele de cabra; depois evoluíram para tecido de pêlos de cabra de uma qualidade especial (de pêlo longo, escuro, muito resistente). Os tipos de tendas variavam de tempos em tempos, desde o mais primitivo - um grande pedaço de tecido retangular levantado sobre uma vara horizontal, apoiada em alguns esteios verticais, e preso pelos quatro cantos a estacas ao rés-do-chão até o mais complicado feitio octogonal, com uma ou duas colunas verticais no centro e divisões internas para dormitórios de homens, mulheres, crianças, casais, servos, sala, cozinha etc. (2) Cabanas - Eram ranchos feitos de estacas encimando varas cobertas de ramos

ou folhagens, ou mesmo de tecidos, destinados a permanência mais prolongada no local. (3) Tabernáculo - O termo que significa simplesmente habitação e que tanto pode

ser uma tenda como uma cabana. Entretanto, na Bíblia esta palavra é aplicada especificamente à tenda que durante a peregrinação dos israelitas pelo deserto servia para o culto de Deus. Era uma construção portátil de 30 côvados de comprimento por 10 côvados de largura, ou seja, aproximadamente 15m por 5m, que foi substituída pelo famoso templo de Salomão construído em Jerusalém. Aquele templo, segundo as descrições de I Reis 6 e II Crônicas 3, era algo majestoso. Porém, não sabemos se o seu tipo arquitetônico era egípcio, fenício ou algum outro.

(4) Casas -Pelas escavações arqueológicas, conclui-se que na Palestina as casas eram feitas de pedra, de tijolos e de madeira (menos Comum), dependendo do que era mais encontrado na região. Quanto ao tamanho, geralmente eram de um só cômodo e de um só andar. Os cidadãos mais abastados construíam casas de dois pavimentos com vários cômodos. Os telhados nas regiões mais quentes eram chatos e transformados em terraços, cercados de parapeitos, com acesso por uma escada exterior. Já nas regiões mais frias eram encontrados telhados em forma de meia-água ou cumeeira para o deslizamento da neve. Esses telhados ou terraços eram feitos de paus colocados em sentido cruzado ou paralelo, cobertos, de barro misturado com capim (estuque). Devido ao clima quente, à noite o terraço era o lugar preferido para o descanso, meditação e dormida, e durante o dia para secagem de roupa, de cereais etc. Dos telhados dos edifícios públicos proclamavam-se os decretos e os avisos de natureza coletiva (Lc. 12.3; Mt 10.27). A divisão interna das casas dependia das posses do dono e do tamanho da mesma. As casas de dois andares possuíam um pátio interno com

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poço, tanques e até piscina. Na parte da frente, logo à entrada, ficava a sala de visitas, ao lado, o quarto dos hóspedes e o dos donos da casa e, mais adiante, as acomodações dos servos, a cozinha, a despensa etc. No segundo andar; os cômodos dos filhos ou outros moradores da casa e freqüentemente também dos próprios donos. Esses cômodos sempre davam a porta para o pátio interno. As portas eram estreitas e baixas e as janelas poucas e sem vidros. A estalagem (khan - hospedaria) era sempre uma casa maior; de dois andares, acrescida de acomodação para os animais e servos na parte posterior; com a costumeira área central ou pátio. (5) Torres de Vigia - Eram armações de estacas e galhos, como as cabanas, com uma plataforma de 2m a 2,5m de altura para facilitar a vigilância dos pomares e das lavouras (Is 5.2; Mt 12.1). As torres de caráter permanente eram feitas de pedra com acomodações para a família na parte inferior; para os meses de calor; e uma plataforma em cima para a guarda. (6) Palácios - Eram as residências reais, construídas com requintes de luxo, em estilos que variavam com a época de influência histórica - egípcio, fenício, assírio, grego, romano (os últimos ao tempo do Novo Testamento). MMoobbíílliiaa A mobília dos antigos no Oriente era bem reduzida. Nas tendas geralmente

nada mais havia senão tapetes ou esteiras servindo como divã, cadeira, mesa e cama, pois os orientais tinham por costume sentar-se no chão sobre as pernas cruzadas. Os egípcios e babilônios, segundo parecem, introduziram mais cedo que os outros povos a cadeira e a mesa, estas de 20 e 25cm de altura. Outros objetos de um habitante de tendas eram: o martelo para fixar as estacas, duas pedras de moinho para moer o grão, algumas panelas de barro ou metal para preparar comida, tigelas, amassadeiras e odres (recipientes de couro de animais para leite e vinho) e sela de camelo. Nas casas já havia camas e cadeiras (II Rs 4.10), bem como mesas, embora estas sempre baixas. Os candeeiros eram de barro ou metal em forma de pires, com uma espécie de beiço num certo ponto da borda para o descanso do pavio, que era de algodão ou lã. O combustível comumente era o óleo de oliva (azeite) ou de sésamo (gergelim). Com o tempo os candeeiros passaram a ser cobertos por uma tampa em que havia um orifício para o pavio. Talheres não se usavam antigamente. Um pedaço de pão ou mesmo a mão eram usados para retirar a comida da tigela. Porém, havia garfos para uso no preparo do alimento na cozinha.

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AAlliimmeennttaaççããoo Pão, leite, mel, legumes, frutas, farinha, azeite e vinho eram a base alimentar. A carne geralmente aparecia somente em ocasiões festivas. Também o peixe era comum nas proximidades dos lagos e mares. O pão era feito de farinha de trigo, cevada, centeio ou milho. Também costumava-se comer o grão dos cereais cru - como vinha do campo - tostado, deixado de molho, cozido em leite ou em caldo de carne. Manteiga e queijo eram feitos de leite de cabra ou de vaca (mais raramente). O azeite era a gordura mais usada para temperar a comida. Os legumes mais comuns eram lentilha, cebola, alho, pepino, repolho e couve-flor. Também eram comuns as amêndoas, o cominho, o endro e o coentro. Das frutas fazemos a menção de uva, figo, tâmaras, ameixas, pêssegos. A carne mais apreciada era a de cabra, assada ou cozida em água ou no leite. VVeessttuuáárriioo As vestes eram confeccionadas de algodão, seda, linho ou lã.

(1) Peças do Vestuário Masculino

(a) Túnica - Era uma camisola de algodão ou linho, sem mangas, chegando até os joelhos. A túnica dos ricos e dos sacerdotes tinha mangas compridas e largas.

(b) Manto ou capa - Era uma peça de fazenda geralmente de lã que se usava por sobre a túnica, servindo também como cobertor; tapete, sela etc. Era uma peça bastante adornada com franjas e borlas (Dt 22.12). (c) O cinto do manto - Era feito de couro ou fazenda espesso, bastante comprido para dar várias voltas na cintura, por dentro do qual também carregavam-se dinheiro e outras miudezas. (d) O sapato dos palestinos era a sandália confeccionada de couro ou pano e presa ao pé por cordões de algodão ou fitas de couro fino. Os ornamentos masculinos mais comuns eram o cajado, o anel-sinete (que nos tempos mais remotos usava-se pendurado ao pescoço por meio de um cordão, porém posteriormente no dedo) e as filacténas (tiras de couro com caixinhas, contendo alguns trechos da lei, presas à testa e ao pulso esquerdo - Êx 13.9; Dt 6.8). (e) O turbante - Na cabeça usava-se o turbante, que consistia de uma fita longa enrolando a parte superior da cabeça, ora em forma esférica, ora em cônica, truncada, dependendo do gosto. Porém a cobertura mais comum, era um lenço quadrado preso por uma fita ao redor da cabeça, deixando a parte mais longa para trás a fim de proteger o pescoço. Geralmente a fita era de cor diferente dado lenço. Parece que os calções eram usados, por algum tempo, somente pelos sacerdotes (Ex 28.42; 39.28; Lv 6.11).

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(2) Peças do Vestuário Feminino - - As mulheres usavam as mesmas peças, porém mais longas e mais ornamentadas, exceto o turbante. As mulheres usavam o véu sobre o rosto quando apareciam em público. Quanto aos ornamentos e enfeites, apreciavam pendentes no nariz, nos lábios e nas orelhas; anéis e pulseiras; diademas na cabeça (Is 3.16-24). A pintura em volta dos olhos já era conhecida nos dias de Jezabel (II Rs 9.30). DDiinnhheeiirroo,, ppeessooss ee mmeeddiiddaass O intercâmbio comercial palestino sofreu as constantes influências políticas

estrangeiras. O uso mais remoto de permuta de valores entre os povos orientais era feito pela simples troca de mercadorias. Depois entrou em uso a troca de um certo peso de metais preciosos - em forma de pó, pipetas ou barras (cunhas) - pelos objetos ou propriedades imóveis. Assim, Abraão, ao necessitar de um campo para sepultar a sua esposa Sara, ‘pesou (...) quatrocentos ciclos de prata, moeda corrente entre os mercadores’ (Gn 23.16). O ciclo, portanto, era um padrão de peso que variava conforme o metal que se pesava (prata, ouro ou cobre). Talento era outro peso, para metais preciosos, usado para valores maiores (como

entre nós hoje usamos arroba, tonelada etc.). O ciclo cunhado (no valor de um e de meio ciclo) apareceu pela primeira vez entre os hebreus por volta do ano 143 a.C., nos dias do sacerdócio de Simão Macabeu, quando exerceu autoridade sobre a Palestina Antíoco VII da Síria. O lançamento das primeiras moedas de curso nas transações comerciais deve-se aos gregos entre 700 e 650 a.C., seguindo-se os persas por volta do ano 500 a.C. A primeira moeda citada na Bíblia é o dárico, uma moeda persa (Ed 2.69) com que os

hebreus já estavam familiarizados. Com a introdução de novas moedas na Palestina - de tempos em tempos - e face à exigência legal de pagamento de impostos do Templo, de ofertas e aquisição de animais para o sacrifício, surgiu o ofício de cambista, pois somente a moeda judaica podia entrar no tesouro sagrado. Como o uso e o valor das moedas variava de tempos em tempos e de país para país, toma-se muito difícil preparar um quadro exato das moedas orientais, seus valores nas diversas épocas e o seu valor correspondente nos dias presentes. Entretanto, damos, a seguir; algumas moedas e valores em curso na Palestina, principalmente nos dias do Novo Testamento. DDiinnhheeiirroo a) Shekel ou siclo - Era a unidade básica de peso entre os hebreus que servia

também como padrão de valor antes da cunhagem de moedas. Seu valor-peso correspondente em gramas dependia do metal tomado como padrão. Assim, segundo

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o historiador Josefo, o shekel ou siclo de ouro tinha cerca de 1 6g e o de prata aproximadamente 1 4g. Já o siclo babilônico era apenas de 8g. O siclo sagrado, ou o siclo de santuário (Êx 30.13), é interpretado de várias maneiras, mas parece não tratar-se de um siclo diferente do siclo comum - que era o de prata - mas de peso padrão preservado no Tabernáculo. b) Óbolo ou jeira - Era submúltiplo do siclo, ou seja, a sua vigésima parte (Nm 18.16). c) Beca - Outro submúltiplo de siclo, era igual a 10 óbolos ou meio siclo (Ex 3 8.26). d) Arratel - 300 gramas. e) Mané - Múltiplo de siclo, valendo 50 siclos, ou cerca de 800 gramas, era também chamado mina. f) Talento - 3 mil siclos, aproximadamente 50 quilogramas, ou 60 minas. (2) Moedas Cunhadas a) Dárico - A moeda cunhada persa mais antiga, conhecida pelos hebreus no período da restauração (Ed. 2.69), valendo, segundo John D. Davis, um dólar. b) Shekel ou siclo - A primeira moeda cunha da judaica (shekel e meio shekel de prata e a subdi visão em quartos de cobre, chamados leptos). c) Dracma - (moeda grega) e denário (moeda romana) - Ambas valiam um quarto de um shekel ou siclo. Didracma, meio siclo, era a moeda do tributo (Mt 17.2 1). d) Estáter - Moeda romana, igual a um siclo ou shekel judaico. e) Ceitil - Moeda romana, também chamada sescum, valia uma oitava parte de um as (Lc. 12.6; Mt 10.29). Dois ceitis equivaliam a um quadrante, e 4 quadrantes a um as ou asse. PPeessooss Segundo Levítico 19.36, os hebreus desde os tempos mais remotos de sua

nacionalidade usavam pesos e medidas para avaliar o dinheiro e outros artigos comerciais. Os pesos referidos na Bíblia são os seguintes: óbolo ou jeira, shekel ou siclo, beca, arratel, mané ou mina, e talento, cujos valores já foram apreciados na primeira parte do tópico sobre o dinheiro. MMeeddiiddaass

A. Medidas de Comprimento a) Cúbito ou côvado - A unidade principal que variava entre 45 e 55cm. b) Dedo ou dígito - Correspondendo à largura de um dedo; cerca de 2cm. c) Mão - Cerca de quatro dedos. d) Palmo -Aproximadamente 23cm. e) Vara ou cana de medir- Igual a seis côvados ou cúbitos. f) Braça - (medida grega) - Cerca de 2,20m (At 27.28). g) Estádio - (medida grega equivalente ao comprimento da pista do estádio de Olímpia, centro de competições atléticas) – Igual a 185m.

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h) Milha - (medida romana) - Equivalente a 1.500m. i) Caminho de um Sábado - Correspondia a 1.000m aproximadamente, e originou-se do costume observado no deserto, junto do Sinai, de não se percorrer no sábado distância maior que a do arraial até o tabernáculo.

B. Medida de Superfície Jeira, que, segundo Angus, “é um espaço de terra que uma junta de bois pode lavrar num dia” Evidentemente a dimensão exata da jeira não é possível de se estabelecer; mas os autores opinam em tomo de 2.500 m2.

C. Medidas de Capacidade Para secos: a) Efa - Unidade padrão contendo cerca de 36 litros.

b) Alqueire, seá ou três medidas - A terça parte de uma efa; mais ou menos 12 litros. Nota: alguns autores dão apenas 8,5 litros. c) Gomer ou omer - A décima parte de uma efa (Ex 16.36), cerca de 3,6 litros.

d) Cabo ou medida - Aproximadamente 1,5 litro. e) Homer ou coro - 10 efas ou 360 litros. Para líquidos: a) Bato - A unidade básica, igual à efa: com capacidade de 36 litros (Ez 45.11). b) Hin - Uma sexta parte de efa: 6,6 litros. c) Logue - Um doze avos de um hin, ou seja, cerca de meio litro.

d) Almude ou metreta - Igual ao bato: 36 litros. e) Léteque - Cinco batos: aproximadamente 180 litros. Nota: Algumas destas medidas variam de acordo com os autores e investigadores

que nem sempre tiveram ao seu alcance as melhores fontes. Nesta tabela baseamo-nos em Joseph Angus e John D. Davis, considerados os melhores.

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CCaalleennddáárriioo ee ffeessttaass ddee IIssrraaeell

(1) O Calendário Judaico Apresenta as seguintes divisões do tempo e maneiras de contá-lo: a) Dia -- Este era contado do pôr-do-sol até o pôr-do-sol do dia seguinte (Gn 1.5),

embora o termo também significasse o período da luz nas 24 horas. Quanto à subdivisão do dia, no Antigo Testamento, nota-se que o sistema de hora era desconhecido. Costumava-se dividir o dia simplesmente em períodos, com a nomenclatura seguinte:

Manhã - - de 6 até 10horas ou pouco mais; Calor do dia - de 10 até 14 ou 15 horas; Fresco do dia - de 15 às 18 horas. O período da noite obedecia a uma divisão em três vigílias: Primeira vigília: - de 18 horas até meia-noite; Segunda vigília: - de meia-noite às 3 horas; Terceira vigília: -de 3 às 6 horas da manhã. Já no Novo Testamento temos a seguinte subdivisão do dia: Terceira hora do dia -9 horas; Sexta hora do dia - 12 horas; Nona hora do dia - 15 horas; Décima segunda hora do dia - 18 horas. Ao passo que a.noite era dividida em quatro vigílias: Primeira vigília - de 18 às 21 horas; Segunda vigília – de 2l horas a meia-noite; Terceira vigília - de meia-noite às 3 horas, também designada pela expressão “o cantar do galo”; Quarta vigília - de 3 às 6horas, também chamada ‘a manhã” b) Semana - Esta era de sete dias chamados pelos ordinais - primeiro dia... etc., ainda

que o sexto dia geralmente fosse denominado o dia da preparação, e o sétimo, pelo seu caráter sagrado, o sábado (descanso). c) Meses - A observação das fases da lua determinou a divisão do ano em doze

meses ou período de 29 e 30 dias alternadamente, em cujos nomes percebe-se a raiz cananéia, bem como a babilônica: Abib (mais antigo) ou Nisã (pós-exílico) era o nome do primeiro mês correspondente ao fim de março ou começo de abril, Zife (Zive) ou lar; Sivã, Tamuz, Ab, flui. Etaním ou Tishrí, Bul (Chesvan ou Marchesvani) Kislev, Tebel, Shebat e Adar. Mas como o ano lunar retrocedia em números de dias e assim desencontrava das estações agrícolas determinadas pelo ciclo solar; tornou-se necessário intercalar um mês intermediário cada três anos, ou seja, o 13º mês, denominado Ve-Adar (exatamente sete vezes em cada ciclo de 19 anos), o que levou a se adotar o ano do ciclo solar. d) Anos - No calendário hebreu havia o ano religioso, que começava com a Páscoa

no dia do mês de Abib ou Nisã (março ou abril) e o ano civil, cujo início era assinalado com a Festa das Trombetas no dia 2 de Tishri ou Etanim (correspondendo ao final de setembro ou começo de outubro). Havia, também, de sete em sete anos um ano sabático (Ex 23.10,11) para o descanso do solo, destinação da produção espontânea para os pobres e peregrinos e cancelamento das dívidas, e o ano do jubileu, ou sela, cada 50 anos, quando todos os escravos hebreus eram libertados e as terras vendidas restituídas aos primitivos donos ou seus legítimos descendentes. Parece que isto contribuiu muito para a cultura social do povo, pois fui “O plano de Deus para evitar que a riqueza da nação fosse acumulada nas mãos de poucos” e que os irmãos de raça

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ficassem perpetuamente escravizados uns aos outros.

(2) As Festas de Israel Os judeus celebravam sete festas religiosas anualmente, sendo que cinco eram da

época mosaica e duas de épocas posteriores. As mais importantes delas - às quais um judeu homem não podia faltar por exigência da lei - eram três: a da Páscoa, a de Pentecostes e a dos Tabernáculos (Êx 23.14-19). Elas objetivavam manter viva no coração do povo a realidade de que tudo que ele possuía ou tudo que ele era em si vinham de Deus como dádiva. Inclusive a própria fertilidade da terra e a colheita resultante eram provas da providência de Deus a favor de seu povo. Em resumo, as lições que as festas pretendiam ensinar eram as seguintes: a) Tudo provém de Deus, como proprietário que é de todas as coisas; b) A natureza produz pela providência de Deus (uma espécie de maná); c) Este Deus a quem pertencem todas as coisas e que faz a terra produzir milagrosamente é o Deus dos hebreus, que os dirige, guia e protege, com o fim de habilitá-los a desempenhar no mundo uma missão específica e messiânica. Isto também fomentava a unidade nacional indispensável. De modo que o zelo na celebração das festas expressava a consonância espiritual do coração do povo com a sua conduta, ao passo que a negli-gência neste sentido provava o declínio espiritual do povo e atraía sobre o mesmo pobreza, tristeza e perturbações sociais e políticas que o faziam sofrer. Entretanto, a celebração simples e formal das festas, sem os fundamentos espirituais que as deviam motivar, não era aceita por Deus (Am 5.21-27). As festas eram as seguintes: a) Páscoa - Também chamada Festa dos Pães Asmos ou Dias dos Asmos, era celebrada de 14 a 21 do mês de Abib ou Nisã, o primeiro do ano religioso, como um memorial do livramento dos hebreus do jugo egípcio, destacando, especialmente, a passagem (este é o significado da palavra “páscoa”) do anjo que feriu os primogênitos dos egípcios, poupando, porém, os lares em cujos umbrais israelitas havia o sangue do cordeiro sacrificado na véspera. O cordeiro devia ser assado inteiro e comido com ervas amargas e com pães asmos (sem fermento). O sangue aspergido nos umbrais significava a redenção ou expiação; as ervas amargas eram alusivas à amargura do cativeiro; e os pães asmos eram o símbolo da pureza com que a festa devia ser celebrada. E como o ano começava na primavera, adicionou-se do segundo dia em diante uma significação relativa à alegria e gratidão pela colheita dos primeiros frutos da semeadura da cevada (o período das colheitas dividia-se em duas partes: da cevada e o do trigo), quando o sacerdote agitava perante o altar um molho deste cereal (Lv 23.10,11). b) Pentecostes - Denominada também Festa das Semanas, Festa da Ceifa ou Festa das Primícias. Celebrava-se 50 dias (ou sete semanas) após a Páscoa, no 3º mês, Sivã, e durava um dia. Comemorava aproximação do fim da colheita do trigo (e com ele a de todos o cereais) de que era feito o “pão de cada dia” ou seja, a alimentação comum do povo; A oferta peculiar desta festa era composta de dois “pães movidos” (Lv 23.17), fermentados - porque representavam as imperfeições do povo - e era acompanhada de uma outra, composta de dois cordeiros, para expiação de pecados. Depois do exílio

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babilônico adicionou-se à festa de Pentecostes também a comemoração da doação da lei no Sinai. c) Tabernáculos - Festa conhecida também como a da Colheita, Festa do Senhor ou simplesmente “a festa” (Êx 23.33-43; Dt 16.13-15; Jo 7.34), celebrava-se no 7 º mês; Tishri, e durava sete dias (15 a 21). De todas as festas, esta era a mais alegre porque caía justamente numa época do ano em que todos os corações estavam repletos de contentamento pelas colheitas guardadas nos celeiros, frutos recolhidos e a vindima feita, o que falava eloqüentemente do favor de Deus e ao mesmo tempo lembrava a proteção de Deus durante a peregrinação no deserto quando o povo habitava em tendas ou cabanas, isto é, tabernáculos (habitações portáteis, improvisadas). Diz A. Edersheim que três eram as coisas principais que distinguiam esta festa das demais: “o caráter alegre das celebrações, a habitação em “tendas” e os sacrifícios e ritos peculiares à semana” A habitação em tendas ou cabanas feitas de ramos de árvores, durante os sete dias da festa; visava a recordação dos 40 anos de peregrinação no deserto sob a proteção divina. Mais tarde, na história dos judeus, a celebração desta festa sofreu algumas modificações de pouca monta. d) Trombetas ou Lua Nova - Era observada no 10 e 20 dias de Tishri, 7º mês, porque assinalavam a 7ª lua nova do ano religioso e o inicio do ano civil. Entretanto, todo dia primeiro de cada mês caía em lua nova e era assinalado por ofertas e celebrações solenes. A particularidade desta celebração era o toque de trombetas dos sacerdotes com que se dava o início da festa. e) Dia da Expiação - Este era o dia l0 do 7º mês, Tishri. É observado com abstenção dos trabalhos e com jejum. Neste dia, somente o sumo sacerdote oficiava, e o fazia não com vestes comuns, mas especiais, como expressão de pureza. Este era o único dia do ano em que o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos para oferecer expiação por si mesmo, pelos sacerdotes e pelo povo. Era realmente o dia mais importante de todo o calendário judaico e o mais complexo no que diz respeito aos sacrifícios, seu preparo, seus detalhes e seu oficiante (Lv 16; 23.26-32; Hb 9 e 10). f) Purim - Festa instituída para comemorar o livramento dos judeus que habitavam a Pérsia nos dias da perseguição planejada por Hamã, que visava o extermínio total da raça judaica nos domínios persas. O termo purim significa sorte, e deriva-se do fato de Hamã ter lançado sorte para saber o dia em que seria executado o seu plano macabro (Et 3.7), plano este que tornou-se em maldição para Hamã (Et 9.25). A festa era celebrada nos dias 14 e 15 do 120 mês, ou seja, o mês de Adar (Et 9.21).

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GGeeooggrraaffiiaa ppoollííttiiccaa ddaa ppaalleessttiinnaa Antes dos aspectos geográficos relacionados com as fases político-históricas, apresentamos aqui um resumo do aspecto étnico dos hebreus, no que diz respeito, particularmente, à sua origem. 1. Origem dos Hebreus Como é do conhecimento de todo estudante da Bíblia, Deus tomou um caldeu, Abraão, no sul da Babilônia, de origem semita, para nele constituir um povo seu que viesse beneficiar todas as demais raças com a revelação que lhe daria do seu caráter, sua natureza e seu propósito (Gn 12.1-3). A data do nascimento de Abraão não é possível de ser determinada com precisão, mas a época geralmente aceita é 2000 a.C. Com 75 anos de idade, o patriarca deixou a sua cidade natal, Ur dos caldeus, ambiente idólatra e politeísta, e emigrou em companhia de seu pai e seu sobrinho Ló para Canaã, detendo-se em Arã, mais tarde conhecida como Sina, localizada no noroeste da Mesopotâmia. Algum tempo depois, morrendo seu pai Tera, Abraão deixa Arã, e com sua mulher Sara e seu sobrinho Ló, partem para Canaã ou Palestina, a sudoeste de Arã, terra que Deus havia prometido ao patriarca e sua descendência por herança perpétua (Gn 11.10-12.9). Não sabemos em que tempo também Naor, irmão de Abraão, fixou-se em Arã, mas tudo faz crer que foi ali que Abraão mandou buscar esposa para o seu filho Isaque, Filho da Promessa, encontrando-a na pessoa de sua sobrinha-neta, Rebeca, ou seja, neta de seu irmão Naor. Mais tarde o neto de Abraão, Jacó, encontra na mesma parentela e no mesmo lugar as suas duas esposas - Lia e Raquel, filhas de Labão, irmão de Rebeca. Destas duas uniões e mais duas com as concubinas, Bilá e Zilpa, que eram servas das suas esposas, nasceram a Jacó doze filhos, cujas famílias deram origem às doze tribos de Israel. Depois de cerca de cem anos de peregrinação na Terra da Promessa, Abraão morreu aos 175 anos de idade. Seu filho Isaque, seu neto Jacó e os doze bisnetos com as respectivas famílias habitaram na mesma terra, porém sem possuí-la, durante mais ou menos 215 anos, quando a tribo de Jacó desceu para o Egito, onde já estava José, filho de Jacó, como primeiro ministro do Faraó. Nesta altura eram 7Oos descendentes de Jacó em sua tribo. A área geográfica percorrida pelos três patriarcas durante as suas peregrinações na Palestina se fixava entre Siquém, Betel, Hebrom e Berseba; portanto a parte central e a do sul, próximo ao Egito. Naquela época da formação pré-tribal dos hebreus, a Palestina estava ocupada por vários povos, uns maiores, outros menores, sendo que o predominante era o cananeu. Durante a permanência dos israelitas (como são chamados os filhos de Israel ou Jacó) no Egito - que durou 215 anos, segundo a Septuaginta (tradução grega do Antigo Testamento) e 430 anos segundo Êxodo 12.40.- as doze tribos desenvolveram-se num grande povo que ao tempo do Êxodo deve ter chegado a cerca de três milhões de pessoas, segundo os cálculos dos entendidos. Este povo, que junto do Sinai foi constituído em nação, entrou em Canaã praticamente com o mesmo número de almas (comparar Nm 1.46 e 26.51). A área conquistada por Josué somada àquela que na Transjordânia já fora conquistada por Moisés, juntas, não representavam mais que uma sexta parte da área prometida por Deus a Abraão, que era desde o Egito até o rio Eufrates (Gn 15.18). Não foram conquistadas a Filistia, a Fenícia, a terra de Emate (Síria) nem as partes de Edom e Moabe ao sul e leste do Mar Morto.

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CCoonncclluussõõeess ggeerraaiiss

Parece evidente que nenhum etnólogo pode esperar, da atual conjuntura da raça humana espalhada pelo globo, uma delineação perfeita quanto aos seus elementos componentes. Os caldeamentos e os cruzamentos que se deram no decurso da história humana têm alterado muito a configuração atual dos povos. O que se pode dizer, nesta altura, e que dificilmente se poderá encontrar, entre os semitas e jafetitas, elementos puros.

É possível que entre os camitas se encontre a desejada pureza, mas nem ainda estes, atualmente, poderiam gabar-se de puro camitismo. Depois que os povos se fixaram nos seus territórios, como os africanos na Africa, os chineses na China, os japoneses no Japão etc. É possível que a pureza racial se tenha mantido, mas não seria assim no princípio, quando as disposições seriam constantes e obrigatórias na disputa da terra.

Os semitas atualmente mantêm-se afastados de qualquer miscigenação, por causa da religião. Desde quando, porém estão assim, ninguém sabe. As conquistas do séc. Provocaram a grande mistura dos povos, com a necessidade de braços para a indústria e a lavoura. Foi isso que forçou a escravatura no Brasil, na América do Norte e na América Central.

Possivelmente, os semitas judeus são um povo relativamente puro, racialmente falando, por causa das condições criadas com a dispersão, mas não é possível afirmar que os judeus, que foram obrigados a emigrar, quando das conquistas dos Assírius, tivessem ficado imunes a essa miscigenação. O que sabemos é que, quando voltaram do cativeiro caldaico, não tiveram pena de se misturar com os samaritanos, meio judeus meio outra raça.

Não obstante de fato, pode o etnólogo, com cuidado, aferir da maior ou menor mistura racial entre qualquer povo. As três raças fundamentais em que se divide o gênero humano são claras e básicas. Qualquer estudante pode verificar que a raça camita tem seus traços característicos, variando apenas de região para região. A mesma coisa se dá de acordo com a chamada raça branca ariana, que de acordo com a profecia de Noé, seria a dominadora de outra. A camita é a raça industrial, a raça da ciência e da civilização. Tudo que o mundo tem de melhor e de pior deve-se a essa raça. O japonês, que poderia ser dado como exceção, deve tudo ao que tem aos jafetitas, com os quais aprendeu a construir navios e montar fábricas. O chinês, que agora está vindo para a arena científico-industrial, deve o que tem aos judeus jafetitas. A mesma coisa se poderia dizer da jovem África. Com um mapa mundi diante dos olhos, podemos traçar as áreas em que se localizaram estas raças originais e que têm mantido as suas características até hoje, e as manterão até o final.

Outra vez agradecemos a Bíblia pela informação da origem das raças e do seu destino. A afirmativa de Noé de que os jafetitas viriam habitar nas tendas de Sem (Gn. 9.27) é um fato característico.

Deram a volta ao mundo, civilizaram a terra e estão pouco a pouco, se metendo nas tendas dos árabes. As riquezas petrolíferas dos árabes de nada valeriam se não fossem as indústrias jafetitas. Por milênios, o petróleo dormiu no coração da terra, sem

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valer coisa alguma A Sua utilidade é que o valoriza. “E habite nas tendas de Sem”, diz a profecia.

O autor não tem preconceitos raciais e entende até que a mistura de sangue

seja benéfica, para a cultura e o aperfeiçoamento da espécie. Corno estudioso deste assunto, apenas expõe a doutrina. A medida que os diversos povos se fundem desaparecerão as características raciais originais. As Lutas raciais de nossa época não têm razão de ser. Somos todos filhos de Adão, e de Noé depois do dilúvio. Portanto, não há Iugar para brigas raciais.

Se me perguntarem de onde vieram a raça negra e a amarela, estribada em estudos de bons etnólogos, seria que a diferença de estatura e cor são o resultado do local onde a raça ou tipo habita.

São dados três elementos como determinantes das diferenças entre os Povos: O sol que os aquece, a terra que os alimenta, e a região em que vivem. Um chinês que emigra para a América do Sul, dentro de gerações, irá demonstrando diferenças de cor, de feição e até de estatura, conforme a região para onde emigrar.

Deus não criou negros, brancos e amarelos, mas um casal, de quem provieram os diversos tipos de raças que povoam aterra.

Antes de dar a última palavra sobre este palpitante assunto, que tem preocupado tantos estudantes da Bíblia, chamaria a atenção para o fato de que no Brasil mesmo, temos elementos capazes de corporificar as afirmações acima oferecidas. Há no Brasil o tipo amazônico. O tipo norte-nordestino, o tipo centro-sul e o sulino, todos eles bem diferentes uns dos outros. Quem não conhece um nordestino, morando em São Paulo ou no Rio? A cor, o rosto, a cabeça, os cabelos, etc? Quem não reconheceria um tipo amazônico, baixote acaboclado, com alguma semelhança aos chineses? Há o mesmo tipo, genuinamente caboclo, que se acredita ser resultado de imigração, em tempos remotíssimos, de elementos vindos por via marítima, do Oriente distante.

Alguns Historiadores admitem que há tribos no rio Amazonas, oriundas do

Oriente, trazidas, quem sabe, pelos fenícios em suas viagens ao Amazonas. Não é lugar, repito, para longas descrições antropológicas, mas não é possível passar sem referir esses fatos, para orientação dos estudantes da Bíblia; justamente aqueles para os quais escrevo, que os fenícios estiveram no Brasil. Eu creio! E que muito do ouro de Salomão teria sido levado daqui.

Há ainda um exemplo a ser referido: Os moas, do Peru, e os astecas, do México,

com sua monumental civilização, vieram de onde? Possivelmente da Ásia, por meios que nós ignoramos. A história terá muita coisa a confessar quando tivermos outros conhecimentos que não temos agora. É muito impressionante a cultura asteca, no México, e a civilização inca, do Peru, coisa muito diferente das civilizações ameríndias, de modo geral.

Os filhos de Noé que saíram da arca foram Sem, Cão e Jafé... São eles filhos de Noé, e deles se povoou toda a terra”(Gn. 9.18, 19).

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BBiibblliiooggrraaffiiaa • RONIS, Osvaldo – Geografia Bíblica, sob o enfoque histórico e étnico – 3ª. Ed.

Rio de Janeiro, JUERP, 1999. • MESQUITA, Antonio Neves de – Povos e nações do mundo antigo: uma

história do Velho Testamento – 6ª. Ed. Rio de janeiro, JUERP, 1995.

OBS: É proibida a reprodução total e/ou parcial deste material, sem prévia autorização. Ele é de USO EXCLUSIVO da ESUTES, e protegido pela Lei nº 6.896/80 que regula direitos autorais e de compilação

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AVALIAÇÃO DO MÓDULO GEOGRAFIA BÍBLICA

1. Como era a vida religiosa dos povos orientais?

2. Como surgiu o nome Palestina?

3. Cite pelo menos dois argumentos em prol do dilúvio global:

4. Por quais outros nomes era conhecido o Mar da Galiléia? Cite as referências bíblicas:

5. Quem denominou o nome de Mar Morto e porquê?

6. Qual foi o principal evento bíblico ocorrido próximo ao Mar morto, relatado pela Bíblia?

7. Como eram feitas as casas dos palestinos?

8. Falando sobre os costumes dos Hebreus, como era realizado o noivado?

9. Fale sobre a festa de Pentecoste:

10. Fale sobre a origem dos Hebreus:

OBS: Não se esqueça de colocar nome em sua avaliação

a) O aluno deverá enviar a avaliação para o e-mail: [email protected]@[email protected]@esutes.com.br

b) O tempo para envio da avaliação corrigida para o aluno é de até 15 dias após o recebimento da avaliação Enquanto a prova é corrigida o aluno já pode solicitar NOVO MÓDULONOVO MÓDULONOVO MÓDULONOVO MÓDULO

c) Alunos que recebem o MÓDULO IMPRESSOMÓDULO IMPRESSOMÓDULO IMPRESSOMÓDULO IMPRESSO podem enviar sua avaliação também para e-mail: [email protected]@[email protected]@esutes.com.br

Caso opte por mandar sua avaliação pelo correio envie para o endereço abaixo: Rua Bariri, 716 – Glória - Vila Velha ES - CEP: 29.122-230

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seguirá com o próximo módulo solicitado

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DICAS DE ESTUDO ON-LINE

1- Procure utilizar em seu computador um protetor de tela para minimizar a claridade do monitor. Temos que cuidar de nossa visão

2- Se for estudar a noite, duas dicas:

a) Não deixe para estudar muito tarde, pois o sono pode atrapalhá-lo em sua concentração;

b) Não deixe a luz do ambiente em que estiver, apagada, pois a claridade da tela do computador torna-se ainda maior, provocando dor de cabeça e irritabilidade.

3- Pense na possibilidade de imprimir sua apostila, pois pode ser que isso dê a

opção, por exemplo, de carregá-la para onde quiser e de grifar com caneta, partes que ache importante.