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ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 1 PLANO DE AULA APOSTILADO Escola Superior de Teologia do Espírito Santo Teologia Pastoral Teologia Pastoral Teologia Pastoral Teologia Pastoral Os diversos aspectos do ministério pastoral Escola Superior de Teologia do ES

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PLANO DE AULA APOSTILADO Escola Superior de Teologia do Espírito Santo

Teologia PastoralTeologia PastoralTeologia PastoralTeologia Pastoral Os diversos aspectos do ministério pastoral

Escola Superior de Teologia do ES

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A Escola Superior de Teologia do Espírito Santo – ESUTES, é amparada pelo disposto no parecer 241/99 da CES (Câmara de Ensino Superior) – MEC

O ensino superior à distância é amparado pela lei 9.394/96 – Artº 80 e é considerado um dos mais avançados sistemas de ensino da atualidade.

Sistema de ensino: Open University – Universidade aberta em Teologia O presente material apostilado é baseado nos principais tópicos e pontos salientes da matéria em

questão. A abordagem aqui contida trata-se da “espinha dorsal” da matéria. Anexo, no final da apostila, segue a indicação de sites sérios e bem fundamentados sobre a matéria que o módulo aborda, bem como

bibliografia para maior aprofundamento dos assuntos e temas estudados.

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SSSSSSSSuuuuuuuummmmmmmmáááááááárrrrrrrriiiiiiiioooooooo

_______ _______ _______ _______

A Importância da Chamada divina Para o Ministério............................................................................... 4

A Chamada direta ou Indireta Para o Ministério...................................................................................... 6

A Preparação do Ministro........................................................................................................................ 9

Atitudes do Ministro no Desempenho de Seu Ministério........................................................................ 13

O Caráter do Ministro............................................................................................................................. 17

Algumas designações dadas aos Ministros........................................................................................... 19

Tipos de Mistérios.................................................................................................................................. 20

Objetivo de Ministério............................................................................................................................ 22

As Prioridades do Ministro.................................................................................................................... 24

Perigos no Caminho do Ministro............................................................................................................ 29

Bibliografia............................................................................................................................................. 65

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AA IImmppoorrttâânncciiaa ddaa CChhaammaaddaa ddiivviinnaa ppaarraa oo MMiinniissttéérriioo

SUA NATUREZA Quanto à natureza intrínseca, a chamada para o ministério neotestamentário apresenta as seguintes características: a) Divina - A responsabilidade da chamada ministerial é do Senhor. “e Ele mesmo concedeu uns para...” (Ef 4.11). Não se trata de uma incumbência dada por convenção, concílio ou igreja. Embora que estes possam ser instrumentos de Deus na chamada de alguém. b) Pessoal - A chamada para a salvação é universal. É para todos. A chamada para o ministério é pessoal; Deus tem o ministério ou missão certa para a pessoa certa. Ele é onisciente, conhecendo a capacidade de cada um, por isso, na distribuição dos talentos, estes são distribuídos segundo a capacidade de cada um (Mt 25.14,15). As responsabilidades diferem, por isso o Senhor chama o seu servo para o ministério e designa-lhe o lugar ou a missão, respeitando a sua capacidade, as suas características pessoais. A Paulo foi dado o ministério entre os gentios (At 9.15); a Pedro o ministério entre os judeus.

A partir desta premissa básica, o homem chamado pelo Senhor deve estar consciente de que:

* Do Senhor vem a recompensa (1 Pe 5.2-4) * Pelo Senhor ele será julgado (1 Co 4.3-5).

A certeza da chamada de Deus faz o servo do Senhor superar obstáculos

considerados, pelo homem comum, insuperáveis ou além de qualquer possibilidade humana, senão vejamos:

* Como compreender a posição de Moisés diante das rebeliões e tumultos que

ele enfrentou no deserto? (Nm 12.1-16; 14.1-9; 16.1-19). Como entender sua fervorosa oração intercessória quando Deus quis destruir o povo israelita e fazer dele um novo e grande povo? (Nm 14.10-19). Só um homem vocacionado por Deus poderia ter capacidade, calma e equilíbrio para vencer nesses momentos críticos. Moisés não era um super-homem, mas era um homem chamado pelo Senhor.

* Como entender a perseverança de Paulo, que foi dado por morto, depois de ser

apedrejado pelos judeus opositores do evangelho da graça, em continuar na sua missão de pregar essas boas-novas? (At 14.19-22).

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* Inúmeros outros exemplos poderiam ser citados. Homens, que, no dizer do escritor da carta aos Hebreus, “por meio da fé, subjugaram reinos, praticaram a justiça, obtiveram promessas, fecharam bocas de leões, extinguiram a violência do fogo, escaparam ao fio da espada; da fraqueza tiraram força; fizeram-se poderosos em guerra...” (Hb 11.33,34).

SUA OCASIÃO Se Deus cama como quer, isto é, de modo soberano, é lógico que Ele também chama quando quer. Não há faixa etária privilegiada, como vemos a seguir: * Desde o ventre, o Senhor chamou Jeremias (Jr 1.5) e Paulo (Gl 1.15,16). * Soberana. A soberania de Deus é ainda pouco entendida por muitos, e, para se começar a entendê-la, é necessário que levemos em conta alguns aspectos acerca da personalidade do Senhor. Ele é a origem de todas as coisas. “Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro lhe deu a Ele para que lhe venha a ser restituído? (Rm 11.34,35) O servo do Senhor, ao ser chamado, deve aceitar com humildade, submissão, e como ato de soberania divina. Certamente não conseguirá respostas para muitas indagações imediatas. Só com o correr do tempo entenderá os desígnios do Senhor (Is 55.8,9; 1Co 2.16). A chamada para o ministério é também uma chamada para o discipulado. Logo, esta chamada envolve algumas condições indispensáveis, tais como: * Que o ministro exerça seu ministério sem interesse de recompensa material (Lc 9.57,58), embora saibamos que “fiel é aquele que chamou”. * Que a prioridade maior entre as suas atividades seja o próprio Senhor Jesus. * Que haja no ministro abnegação e renúncia. Em primeiro lugar estará a vontade do Senhor (Mt 16.24; Lc 14.26,33). A chamada para o ministério é definitiva. Aquele que é chamado não pode impor condições. Pelo contrário, deve agradecer a Deus o privilégio de ser chamado, como o fez Paulo (1 Tm 1.12,13).

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AA CChhaammaaddaa ddiirreettaa oouu iinnddiirreettaa ppaarraa oo MMiinniissttéérriioo Deus chama homens para exercerem as mais distintas tarefas em sua obra, e , como Ele é soberano em seus desígnios, estão não existe um método definido para a chamada divina, Existe, sim, o método divino, soberano e poderoso. A Bíblia registra a chamada de vários servos de Deus, e, por uma questão didática apenas, queremos abordar este assunto sob dois aspectos: a) MÉTODO DIRETO

Deus tem chamado homens de um modo direto. Entre esses, encontramos:

Moisés “Vem, agora, e Eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito” (Ex 3.10). Moisés fracassou em sua primeira tentativa de ajudar seu povo (Ex 2.11-13), e, sem dúvida, esse revés marcou sua vida, e ele passou a se julgar incapaz para qualquer tipo de empreitada dessa ordem. A chamada de Moisés contém o antídoto para sua frustração interior. Deus o chamou, primeiramente para si: “Vem, agora” e se identificou como o Deus de seus pais, Abraão, Isaque e Jacó (Ex 3.1-22). Moisés precisava conhecê-lo. Ele não tinha nenhuma experiência com Deus, a não ser os ensinamentos da infância, recebidos de sua mãe. Quem é chamado por Deus deve conhecê-lo. Em segundo lugar, Deus o enviou e comissionou: Essa extraordinária chamada é que deu condição de Moisés realizar tão notável empreendimento. Samuel “Todo o Israel, desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado como profeta do Senhor” (1Sm 3.20). Os filhos de Eli, que seriam seus sucessores, tinham se tornado execráveis diante de Deus e do povo, em virtude dos abusos que praticavam, violando a lei, que deviam cumprir e ensinar, e fazer o povo obedecer. Por esse motivo, a palavra do Senhor se tornou rara em todo o território de Israel, isto é, não havia profetas nem profecias. Deus se revelou a Samuel e lhe fez ciente de seu juízo sobre os filhos de Eli (1 Sm 12.1-4). Isaías “Vai, e dize a este povo...” (Is 6.9). A chamada de Isaías deu-se em meio a uma visão maravilhosa, onde se destaca a santidade do Senhor. Na visão, Isaías se conscientiza de três coisas: - deus é Santo; ele (Isaías) é impuro e o povo está desviado dos retos caminhos do Senhor (Is 6.1-8). Essa visão marca todo o ministério de profético de Isaias, o que é demonstrado ao longo de seu livro. Ele compreende a grandeza da glória, perfeição, justiça e

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santidade de Deus, e, ao mesmo tempo, conhece a necessidade de seu povo – a redenção (Is 59). A chamada de Isaías é muito semelhante à chamada neotestamentária: O pregador precisa conhecer a justiça de Deus e a necessidade do pecador, e a redenção em Cristo. Os apóstolos “E Jesus disse: Vinde após mim, e Eu farei que sejais pescadores de homens”(Mc 1.17. Leia ainda Mateus 4.18-22; João 1.35-42). O Senhor chamou pessoalmente a cada um dos doze apóstolos. Houve o momento, inclusive, em que eles faziam parte de um número bem maior de discípulos, porém o Senhor Jesus fez questão de separá-los novamente e fazer uma designação específica: apóstolos (Lc 6.12-16). Por que o Senhor Jesus fez tanta questão de chamá-los pessoalmente e ficar tanto tempo com eles? Não temos dúvida de que a missão era por demais importante. Estes doze judeus iriam mudar o curso da história da humanidade. A maioria deles, e outros que seriam chamados posteriormente, haveriam de escrever com o próprio sangue algumas páginas da História. Por esse motivo, justifica-se o empenho do Mestre divino em chamá-los e prepará-los. Paulo “Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial” (At 26.19). O arrogante Saulo se considerava justo diante de Deus, pela justiça da Lei (Fp 3.6) e achava que, matando os cristãos, estava prestando grande serviço a Deus (At 9.3-19). A conversão de Paulo tornou-se no acontecimento mais importante desde o Pentecostes até nossos dias. Está narrada três vezes (At 9.1-18; 22.1-11; 26.12-18). Logo após essa extraordinária conversão, Paulo já começou a testemunhar de Cristo.

Alguns dias depois de sua conversão, Paulo foi encaminhado para sua terra natal, a cidade de Tarso. Dez anos mais tarde, Barnabé foi buscá-lo, e é nessa época que Paulo inicia seu ministério apostólico (At 9.30; 11.25-26). b) MÉTODO INDIRETO Deus não somente chamou de forma direta, mas também vemos na Bíblia que Ele usou método indireto com grande objetividade. José Ainda moço, José teve alguns sonhos que indicavam sua proeminência ou liderança sobre seus irmãos, porém, não se tratava de uma chamada definida (Gn 37.5-10). Analisemos as fases da vida de José: a) Odiado e vendido pelos seus irmãos. B) De filho, transformado em escravo. C) Acusado injustamente, tornou-se prisioneiro no calabouço do rei egípcio. d) De prisioneiro, é elevado a primeiro-ministro do Egito.

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O Egito na época de José era governado pelo hicsos e os Faraós eram considerados divinos, com poderes absolutos. Governar essa nação já era uma tarefa difícil, muito mais ainda em duas fases distintas: uma de fartura e outra de extrema fome. Quando examinamos as fases da vida de José, verificamos que não passam de um árduo e difícil treinamento, com o objetivo de moldar o caráter desse servo de Deus. Entre outras coisas, José aprendeu:O que os homens são capazes de fazer, quando são alimentados pelo ódio, interesses, cobiça e inveja; o que Deus é capaz de realizar em favor e através de seus servos. Josué “Então disse o Senhor a Moisés: toma para ti a Josué, filho de Num, homem em quem há o Espírito, e põe a tua mão sobre ele” (Nm 27.18; Nm 27.15-23; Dt 1.38; 3.21; 31.7,8). Josué é fruto de discipulado. Ele esteve ao lado de Moisés desde o início da jornada no deserto. A primeira missão que lhe coube foi selecionar homens para guerrear contra Ameleque (Ex 17.9). Em seguida, ele aparece como servidor de Moisés (Ex 24.13; 32.17; 33.11; Nm 11.28). Esteve presente em todos os momentos críticos da jornada pelo deserto. Com isso, no serviço e na obediência prática, ele se transformou em um grande líder: “E Josué, filho de Num, estava cheio de espírito de sabedoria, porquanto Moisés tinha posto sobre ele as suas mãos; assim os filhos de Israel lhe deram ouvidos e fizeram como o Senhor ordenara a Moisés” (Dt 34.9). Grandes homens de Deus aprenderam o discipulado com seus líderes espirituais. Durante anos, tiveram a oportunidade de demonstrar obediência, fidelidade e submissão. Quando foram chamados a ocupar a liderança, estavam preparados, e Deus lhes falou, e confirmou a chamada para sua obra. O grande empecilho hoje é que muitos não querem esperar, obedecer, e submeter-se. Por isso são rejeitados. Timóteo “Saúda-vos Timóteo, meu cooperador...”(Rm 16.21). Timóteo é o exemplo típico do ministro do Novo Testamento, fruto do discipulado contínuo. Desde jovem tornou-se companheiro e cooperador do apóstolo Paulo (At 16.1; 17.14; 18.5; 19.22; 20.4). Mirou-se no exemplo, firmeza e fidelidade do grande apóstolo. A palavra enxertada por sua piedosa mãe, na infância, teve terreno e ambiente fértil para desenvolver-se. Paulo o chama de: “Meu filho amado e fiel no Senhor” (1Co 4.17); “ministro de Deus... no evangelho de Cristo” (1Ts 3.2) e, ainda, de “verdadeiro filho na fé” (1Ts 1.2). Estas expressões demonstram o apreço que o apóstolo tinha por Timóteo, e também o seu caráter. Com o passar dos anos, não foi difícil a Timóteo compreender sua camada ministerial.

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AA pprreeppaarraaççããoo ddoo MMiinniissttrroo

A necessidade da preparação É indispensável que o ministro tenha adequada preparação para desempenhar

com êxito seu ministério. É evidente que a preparação ministerial tem variado de acordo com a época, circunstâncias e lugar. Porém, todos os servos de Deus que escreveram páginas da história da Igreja foram homens preparados adequadamente.

Entendemos que a preparação para o exercício ministerial compreende pelo menos três aspectos: O Espírito Santo disse, através de Paulo, que o ministro “não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça, e incorra na condenação do Diabo” (1Tm 3.6). Originalmente, “neófito” significa recém-plantado, novo convertido, inexperiente. A experiência não se aprende na escola teológica ou secular. Aprende-se na escola da vida. Assim, compreendemos porque alguns sevos de Deus passaram por muitos sofrimentos: José – Para exercer com dignidade e pleno êxito o cargo de primeiro-ministro do Egito experimentou a angústia da traição de seus próprios irmãos, a solidão do cárcere. Essas duras experiências o prepararam para o seu ministério. Moisés – Quanta diferença vemos no Moisés recém-saído do palácio, afoito e imprudente, que até cometeu um homicídio, e o Moisés quarenta anos depois, no deserto! No palácio, ele só viu a política, os conchavos, as pressões, a arrogância dos poderosos. No deserto ele teve tempo para meditar na grandeza e no poder do Criador. Os apóstolos – Passaram três anos servindo e obedecendo ao Senhor e o seguindo. Poderia haver melhor experiência? Paulo – Recolheu-se durante dez anos em Tarso, sua cidade natal, para melhor compreender sua nova fé. Que diríamos dos demais profetas e ministros de Deus? – Todos tiveram tempo e oportunidade de passarem por longas e duras experiências pessoais, para se conhecerem a si mesmos, em suas fraquezas e limitações, para conhecerem os homens que os rodeiam, com seus pecados, fracassos, necessidades, falsidades e maldades; para conhecerem ao Senhor seu Deus, com seu pder, amor e verdade. Concluindo, a experiência pessoal leva o servo de Deus a se conhecer, conhecer os homens e o seu Senhor (Jr 17.5; Pv 28.26; Sl 20.7; 1Cr 28.9). O ministério é coisa muito séria, por isso a primeira condição para exercê-lo é que o candidato não seja um neófito ou inexperiente.

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a) A formação teológica Muitos continuam a dizer que a formação teológica é plenamente dispensável, e, para comprovar suas afirmações, apontam para o fato de que os apóstolos não freqüentaram nenhuma escola teológica. No entanto, estas afirmações são, no mínimo, ingênuas, pois jamais houve outra escola tão extraordinária quanto a que freqüentaram os apóstolos. O professor foi o próprio Senhor Jesus Cristo, que não somente os ensinou a interpretar o Antigo Testamento, mas também, com a prática, mostrou-lhe o que seria o ministério deles após sua morte e ressurreição. Todavia, o que se deve ter em mente é que, independente do método ou do modo, o obreiro cristão deve ser preparado adequadamente no conhecimento teológico (2Tm 2.15; 1Tm 4.13; 1Pe 1.10). A formação teológica deve incluir, além da Teologia Sistemática, conhecimento de hermenêutica e exegese, história e geografia bíblica, homilética, ética cristã, etc. Tem sido considerada adequada a formação de boas escolas e seminários teológicos ligados ao nosso movimento, obedecendo à orientação de ministérios ou convenções. b) Formação Cultural As igrejas estão cada vez mais atingindo pessoas das diferentes classes sociais. Portanto, o ministro do Senhor Jesus Cristo não deve ser uma pessoa culturalmente atrasada. A comunicação eficiente da Palavra de Deus exige bons conhecimentos da língua pátria e da atualidade. Criar objeções contra a cultura, citando textos tais como: Coríntios 1.19-21; 2.6-8; Colossenses 2.8; primeira Timóteo 6.20, é desconhecer o verdadeiro sentido dessas passagens, pois elas não condenam o valor da ciência, mas a sua má aplicação e o antagonismo criado contra Deus e sua Palavra. A formação cultural não depende da conquista de um título de advogado, economista, sociólogo, etc. Muitas pessoas com um ou mais títulos de bacharelado são culturalmente retrógradas e pouco versáteis, É interessante que o ministro tenha algum conhecimento geral e noções de ciências sociais, como sociologia, antropologia, psicologia sócia, etc., pois, embora não seja isso essencial, pode ajudá-lo. Na sua preparação teológica e cultural é indispensável que o pastor: * Tenha o seu gabinete para oração, estudo e meditação, por mais modesto que seja esse lugar; o importante é que seja um local silencioso e livre das constantes interrupções do telefone e das visitas. * Organize sua biblioteca própria com bons e selecionados livros de estudo e leitura. * E o que é mais importante: crie o hábito de ter seu tempo separado para oração, estudo e meditação.

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c) Modelo para o rebanho O pastor é o exemplo ou modelo do rebanho em tudo. Como filho, como esposo, como pai, como aquele que compra ou que vende, etc. Na sua maneira de falar, de decidir, de se vestir, em tudo, os crentes o observarão. Feliz aquele que puder afirmar: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1Co 11.1). Paulo e seus companheiros não tinham medo ou receio de se indicarem como exemplo para os irmãos (Fp 3.17; 2Ts 3.9; 1Tm 1.16). E a sua recomendação a Timóteo e a Tito era que se tornassem modelos para o rebanho de Deus (1Tm 4.12; Tt 2.7). Portanto, o pastor não tem como escapar, ele é o modelo ou exemplo dos seus liderados, obreiros ou membros. As árduas tarefas ministeriais: o sofrer injustiça, a falta de reconhecimento dos crentes, longos períodos sem qualquer descanso, podem levar o pastor a um espírito amargurado e a demonstrar estar trabalhando por obrigação. Então, é tempo de parar e renovar as forças físicas e mentais (com descanso mesmo) e as forças espirituais aos pés do Senhor. d) Não Avarento O Evangelho sofre atualmente grande desgaste no seio da sociedade por causa dos “mercenários”, homens que fazem do ministério fonte de enriquecimento, verdadeiro comércio. A avareza pode levar o servo de Deus a destruir seu ministério, pois se transforma num sentimento maligno, capaz de apagar os mais nobres anseios do espírito (Pv 15.27; Ec 5.10; Jr 17.11; 1Tm 6.10; Tg 5.3). Eis, o que a avareza pode fazer: • Acã apanhou o quer era ilícito, mesmo sabendo que se tornaria maldito (Js 7.21). • Balaão foi capaz de dar perverso conselho para ter os prêmios de Balaque (Nm

31.15-16; 22.5; 23.8; 2Pe 2.15; Jd 11; Ap 2.14). • Judas Iscariotes traiu o Mestre por causa de trinta moedas de prata (Mt 26.4-16). O pastor, portanto, deve ter cuidado para não se deixar dominar pelo sentimento da avareza. Em busca de bom salário, pode sair do plano de Deus, e seu ministério naufragar (Nm 16.15; 1Sm 12.4; At 20.33). e) Não dominador O pastor não é um ditador, nem dono da igreja. O pastor é um servo, e como tal deve liderar o rebanho de Deus. O ensino básico sobre os governo da igreja foi dado pelo Mestre (Mt 20.25-28; Mc 10.42-45).

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A vida de oração e consagração levará o homem de Deus a desenvolver seu padrão de vida normal, de santidade e integridade, em direção ao padrão divino. Não será fácil, pois o Inimigo fará constante oposição (2 Tm 3.12). Mas vale a pena, pois os homens piedosos são poderosos em palavras e atitudes.

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AAttiittuuddeess ddoo MMiinniissttrroo nnoo ddeesseemmppeennhhoo ddee sseeuu MMiinniissttéérriioo

Além das qualificações especificadas no item anterior, e que entendemos serem próprias do caráter intrínseco do homem espiritual, queremos listar também, algumas atitudes que devem ser inerentes ao ministro no desempenho de seu ministério, diante da igreja do Senhor. São qualificações que se evidenciam no relacionamento, por exemplo, do pastor com os demais obreiros da igreja, ou mesmo no relacionamento do pastor com os membros da igreja. Estas qualificações afetam sobremodo o andamento da obra de Deus. Os crentes são estimulados pelos obreiros que desposam atitudes coerentes e exemplares como descrevemos a seguir. a) Voluntariedade “Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangidos, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes tornando-vos modelos do rebanho” (1 Pe 5.2,3). No texto acima, o apóstolo Pedro fala de quatro atitudes que o obreiro deve ter ao desempenhar seu ministério pastoral. A primeira é a voluntariedade ou espontaneidade. O verdadeiro obreiro demonstra sempre ser um soldado voluntário, que trabalha porque ama seu Senhor. È como se fosse ouvida dos seus lábios esta canção: “Agrada-me fazer a tua vontade, ó meu Deus; dentro em meu coração está a tua lei” (Sl 40.8). Assim se apresentou Isaías para o ministério: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.8). b) Cordato

Uma pessoa é o oposto do irascível, do contendedor, e do violento. Busca sempre a paz e a unidade do grupo de que participa. É gentil e trata a todos com igualdade. O servo do Senhor participa normalmente de um grupo de obreiros, de líderes, de cooperadores, portanto, deve ser cordato, para conquistar o respeito dos seus pares, e a coesão do grupo no qual está integrado. O contendedor é uma pessoa perigosa porque desagrega o grupo e é rancoroso e invejoso: busca só os seus interesses, quer ser sempre o primeiro, o líder. Por isso, o servo de Deus deve se livrar dessa perversa qualidade. “É necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e, sim, deve ser brando para com os todos...” (2Tm 2.24; Rm 12.16,18; 14,19; Ef 4.1-3).

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c) Justo O ministro enfrenta quase que diariamente situações ou questões que o obrigarão a ter de julgar ou tomar uma decisão. E Paulo recomenda que o servo de Deus seja justo, isto é, não seja parcial. Não julgue pela aparência. É evidente que a prática da justiça exige sabedoria de Deus. Só aqueles que têm sabedoria de Deus sabem discernir entre o certo e o errado, o justo e o injusto. O exemplo típico é o de Salomão ao julgar a causa de duas mulheres. d) Piedoso Em sentido prático, o ministro deve ser justo em relação ao seu semelhante, e piedoso em relação ao seu Senhor. “Piedoso no caráter” significa ser santo. É a santidade progressiva que mostra que o servo de Deus está no processo de se tornar semelhante ao Senhor Jesus Cristo em sua vida e comportamento diário (Ef 4.1; Hb 7.26). A Bíblia não considera toda ira como pecado. Poderá haver momentos em que será preferível irar-se. A ira se constitui em pecado quando se prolonga e gera ressentimentos e desejos de vingança. Neste caso, é uma porta aberta para o Diabo operar (Ef 4.26,27; Rm 12.19). As recomendações da Palavra de Deus contra o iracundo e contra a ira são inúmeras (Pv 22.24,25; 19.19; 20.2; Ec 7.9). Ao servo do Senhor, portanto, não fica bem a ira, uma vez que lhe tira a condição de liderar, de aconselhar, e ainda mais se a ira se transforma em ressentimentos de vingança (Rm 12.17-21). e) Não violento Normalmente, a ira gera a violência. A violência, portanto, é, na realidade, a ira fora do controle, não meramente no aspecto verbal, mas também fisicamente. Na tradução da Bíblia Viva, diz que o bispo não seja valentão, isto é, dado a brigas no aspecto físico. É interessante notar que, tanto em primeira Timóteo 3.3, como Tito 1.7, a recomendação “não violento” vem depois de “não dado ao vinho”. Ora, todos sabemos que as brigas e contendas mais freqüentes são fruto do uso de bebida alcoólica. Compreendemos a preocupação de Paulo, nos dois textos, quando lemos primeira Coríntios 6.9-11, onde ele revela de onde foi tirada a Igreja. Logo, a recomendação é pertinente e adverte para que não haja qualquer volta ao estado passado. Não importa nossa origem, de onde saímos. O importante é que o servo de Deus deve ter a graça de Deus, para manter-se tranqüilo diante de situações de provocações, de dificuldades e angústias (Cl 3.12-15). Deve-se entender que esta qualidade de ser não-violento é válida para todos os aspectos da vida cristã, isto é, na igreja, no trabalho secular e no lar. Muitos, às vezes, são calmos na igreja, porém são valentões em casa, espancando os filhos e até a esposa.

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f) Ordeiro Palavra também traduzida por honesto (ARC) e modesto (ARA – 1Tm 3.2). Alguns se prendem apenas ao significado superficial da palavra, que trata do comportamento ordeiro ou do modo de vestir. Entretanto, originalmente, o escritor determina que o ministro deve cumprir seus deveres e ordenar sua vida interior, da qual surge o comportamento exterior. O servo de Deus deve primeiro tratar de seus conflitos interiores, suas frustrações e ressentimentos, eliminando-os. Caso contrário, sua aparência exterior não passará de uma máscara. Ordenando sua vida interior, o homem de Deus passa a ter um comportamento exemplar nos negócios (ITs 4.10-12; Cl 3.23,24); na sociedade (ICo 10.31-33; Cl 4.5,6; IPe 2.12-15); na igreja (Fp 1.27; Rm 14.19; Fp 2.3,4). g) Não arrogante O arrogante é obstinado em sua própria opinião, teimoso. Recusa-se a obedecer a outras pessoas. Mesmo havendo evidências de que está errado, mantém obstinadamente sua própria opinião e não aceita ponderações e conselhos de outras pessoas. O arrogante procura sempre seus próprios interesses e direitos e não leva em consideração os direitos, sentimentos e interesses de outras pessoas.

Nunca se deveria separar para o ministério alguém que demonstre essa terrível qualidade negativa. O ministro não pode ser arrogante; ele tem de saber ouvir; de reconhecer, quando estiver errado; de saber obedecer para saber liderar. h)Irrepreensível Um homem cuja maneira de viver, reputação e atitudes, não podem sofrer qualquer reprovação. Paulo escolheu Timóteo para seu companheiro de viagem, porque “dele davam bom testemunhos aos irmãos em Listra e Icônio” (At 16.2). Não havia necessidade de que ele mesmo dissesse quem era, e nem de um punhado de certidões negativas, mas os irmãos testemunharam de sua conduta.

As fontes para informarem se o obreiro é irrepreensível são sua própria família, as famílias da igreja, os moços e moças, os seus vizinhos, os comerciantes que lhe vendem, o locador do imóvel onde mora, ou morou, etc.

i)Temperante Descreve-se aquele que é temperante ou vigilante como uma pessoa que é moderada nos seus apetites quanto à bebida, e tem um correto conhecimento da transitoriedade da vida e seus prazeres. O ministro temperante é visto como uma pessoa de fé. Assim o foram Abel, Noé, Abraão, os profetas e apóstolos. Colocaram, pela fé, suas vidas no altar de Deus, e tiveram como de pouco valor o usufruírem os prazeres do mundo (Hb 11.13).

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j) Sóbrio São vários os versículos do Novo Testamento onde aparece a palavra “sóbrio” (ITm 3.2; IPe 1.13; 5.8; 4.7; Tt 1.8; 2.11,12; ITs 5.6). Também é diversamente traduzido por “sóbrio”, sensato, cordato, prudente, etc.

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OO CCaarráátteerr ddoo MMiinniissttrroo

O êxito no ministério está fundamentalmente ligado ao caráter santificado do ministro. O ministro lidera pessoas a quem deve ensinar a verdade e por quem deve trabalhar para promover o crescimento e o bem-estar espiritual. Logo, é exigido que a vida do ministro seja autentica, isto é, transparente aos olhos dos liderados. Não significa que o servo Deus seja perfeito, sem pecado. Os apóstolos não foram. Todos tiveram seus erros e defeitos de personalidade, porém, no todo, suas vidas demonstram elevado grau de piedade, sinceridade e santidade. Cooperador Cooperador é aquele que trabalha ao lado do operador. Deus é o operador. Ele opera a salvação, os milagres, o crescimento (Jo 1.3-5, 12-13; 3.5; At 3.16; ICo 3.7). E sem Ele nada pode ser feito (Jo 15.4,5; ICo 3.5,6). O ministro é chamado para estar ao lado do Senhor e se constituir no instrumento que Ele usa no devido tempo. Homem de Deus Este título fala muito mais do testemunho pessoal do ministro. Ele deve ser reconhecido na comunidade onde vive e serve como um homem de Deus. Na Velha Aliança, muitos deram exemplo e foram como tal reconhecidos (Dt 33.1; Jz 13.6; ISm 2.27; IRs12.2;IIRs 1.9; IICr 8.14; Jr 35.4).

Ministro São muitas as qualificações nas quais se emprega este termo: ministro de Cristo, ministro da Palavra, ministro da justiça, ministro de Deus, ministro do Novo Testamento, ministro do Evangelho, etc. Cada uma identificando o ministro dentro da sua nobre missão. Servo Paulo, Pedro, Tiago e Judas se autodenominam de servos de Deus e de Cristo (Rm 1.1; Fp 1.1; Tt 1.1; IIPe 1.1; Tg 1.1; Jd 1). Quando lemos os textos paulinos, parece que notamos ser este o título que mais o honrava. Realmente, o ministro consciente de sua vocação sente-se feliz de ser servo de Deus. Um servo de “orelhas furadas” (Ex 21.6), isto é, para sempre pertencer ao Senhor, porque o ama. O servo não tem direitos e sempre depende de seu Senhor. Sejamos servos do Deus Altíssimo e com alegria (IITm 2.24).

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Despenseiro O desrespeito é o encarregado da despensa. Atualmente é o mesmo que almoxarife, aquele que cuida dos bens ou valores de alguém. No Novo Testamento, o ministro é designado como: Despenseiro dos ministérios de Deus (I Co 4.1). O obreiro prega, e ensina á igreja do Deus vivo acerca dos ministérios: Cristo, os dons, as profecias, etc. • Despenseiro da graça de Deus (IPe 4.10). Em Tito 2.1 lemos que “a graça de Deus se

manifestou salvadora a todos os homens”, portanto, o ministro está comissionado a distribuir a graça divina pela pregação e ensino. Deve distribuir a graça e não a Lei, a graça e não a contenda e a confusão.

• Despenseiro de Deus ou da casa de Deus (Tt 1.7). O ministro deve distribuir, no

devido tempo, o sustento àqueles a quem Deus lhe confiou (Lc 12.42-48; Mt 24.45-51). É um grande privilégio, mas também uma grande responsabilidade.

• Despenseiro dos ministérios de Deus (I Co 4.1). O obreiro prega, e ensina á igreja

do Deus vivo acerca dos ministérios: Cristo, os dons, as profecias, etc. Embaixador de Cristo O embaixador representa seu rei ou governante em outra nação. É um cargo de elevadíssima responsabilidade, que exige grande preparação, pois o embaixador deve conhecer muito bem seu rei ou presidente e seus planos de governo. O ministro é um embaixador do Rei dos reis e Senhor dos senhores, é indispensável que o conheça; que conheça a sua palavra e esteja em constante contato com Ele, para poder executar sempre a sua vontade.

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AAllgguummaass ddeessiiggnnaaççõõeess ddaaddaass aaooss MMiinniissttrrooss Em virtude da importância do ministério e da amplitude do assunto no Novo Testamento, muitas designações são dadas aos ministros. Essas designações também propiciam conhecer a extensão da atividade ministerial. Anjo da igreja Em Apocalipse 1.20; 2.1, o pastor da igreja é chamado de anjo da igreja. Considerando que a palavra “anjo” significa, no grego, mensageiro, compreende-se que o pastor da igreja é o mensageiro de Deus pelo Espírito Santo para transmitir a mensagem que edifica, conforta e dirige a igreja. O pastor Muitos teólogos preferem agrupar pastor e mestre num só ministério. Realmente, torna-se difícil aceitar um pastor que não seja mestre, porém, podemos verificar que existiram e ainda existem mestres que, pelo menos, não exerceram o ministério pastoral. Portanto, sem querer entrar no mérito da divergência teológica, preferimos estudar os dois ministérios separadamente. Trata-se do ministério mais destacado nas Escrituras, tendo como maior exemplo o Senhor Jesus (Jo 10.11; Hb 13.20; IPe 2.25; 5.4). O ministério pastoral é muito amplo, e compreende os seguintes aspectos: * Governar. Aos pastores cabe a função de supervisão (de forma sábia e competente) de reuniões, assembléias e atividades administrativas das igrejas (ICo 14.40; ITm 5.17). * Defender. Defender o rebanho de falsos mestres e profetas, que, como suas heresias, podem estragar ou desbaratar o rebanho de Deus (Tt 1.9-11; IIPe 2.1,3). * Alimentar. O rebanho de Deus necessita de alimento são e dosado pela Palavra. Aos pastores cabe alimentar de forma adequada a igreja, pelo ensino e doutrinação (ITm 4.11). * Cuidar. Sempre existem ovelhas fracas, feridas, e algumas vezes querendo desgarrar-se do rebanho. O pastor, tem de cuidar de todas (IPe 5.1-4; At 20.28).

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TTiippooss ddee MMiinniissttéérriiooss Dons e serviços na igreja local Quando lemos primeira Coríntios 12, temos a visão da Igreja de Cristo como seu corpo vivo, com uma infinidade de membros, cada um executando articuladamente sua função, dentro de uma diversidade de funções. A essas funções a Palavra de Deus denomina de dons, que classificamos em: dons ministeriais, dos espirituais, e serviços. Numa classificação mais ampla, incluímos os dons naturais que também são uma dádiva divina, quando os crentes consagrados os colocam a serviço do reino de Deus. Constatamos que o fato de estes dons e serviços aparecerem juntos num só texto demonstra a importância de todos sem distinção. Todos esses dons são igualmente importantes. A diversidade tem como objetivo o pleno funcionamento do corpo, para seu crescimento quantitativo e qualificativo.

Comparando os diversos textos paulinos, conclui-se que essas formas de

ministérios podem ser especificadas assim: • Dons espirituais (I Co 12.7-12). • Dons ministeriais(I Co 12.27-31). • Serviços (Rm12.3-8; ICo 12.4-6,28; Ef 4.11).

Os dons espirituais são nove, e estão discriminados em primeira Coríntios 12.8-10, os dons ministeriais em Efésios 4.11. Os serviços compreendem atividades específicas e que são realizadas de forma contínua na igreja, tais como ensino, administração, socorro, aconselhamento, etc. (Rm 12.3-8). Uma das maravilhas que observamos ao longo das escrituras é que Deus se manifestou em três Pessoas divinas e age como Deus único e Verdadeiro. No estudo dos dons e serviços, a unidade divina opera através da diversidade (ICo 12.27-30). Pelo estudo do Novo Testamento, entende-se a importância e como são indispensáveis os dons ministeriais para a edificação e expansão da Igreja de Cristo (Ef 4.9-16). a) Dons espirituais São manifestações do Espírito Santo concedidas à igreja com o objetivo de sua edificação, exortação e consolação. São nove, e estão citados nos capítulos doze (12) e catorze (14) da Primeira Epístola aos Coríntios; e que explicamos sucintamente a seguir: 1) A palavra da sabedoria, a palavra do conhecimento e o discernimento de espíritos, constituem o primeiro grupo, também chamado de “dons de revelação”. Estes dons são

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indispensáveis na administração espiritual e material das igrejas, no estudo e exposição da Palavra, no combate espiritual contra os ardis de Satanás (At 5.1-11; 6.3,10; 16.16-18). 2 – A fé, dos de curar e operações de milagres, formam o grupo dos “dons de poder”. Paulo diz que Deus escolheu as coisas loucas, fracas, humildes, desprezadas e que nada representam, para confundir e envergonhar os sábios e poderosos deste mundo (ICo 1.26-29). Foi munida deste poder que a igreja primitiva “transtornou o mundo” em uma só geração (At 3.1-13; 5.12; 13.6-13; 19.1-20, etc.) 3 – A profecia, variedade de línguas e capacidade de interpretá-las, constituem o grupo chamado de “dons de expressão verbal”. Seu valor é indiscutível para “edificação, exortação e consolação”, assim como para levar os homens à presença de Deus (ICo 14.3,24). Crentes consagrados a Deus podem ser instrumentos do Espírito Santo através dos dons espirituais. Porém, outros crentes podem ser obreiros desempenhando “Dons em Forma de Serviço”, como veremos: b)Os dons ministeriais O Mestre O dom de ensino é a capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para comunicarem informações relevantes para a saúde e o ministério do Corpo de Cristo e seus membros, fazendo-o de tal maneira que outros sejam capazes de aprender. Sempre é necessário manter em mente o para que serve o dom de ensino: que as pessoas aprendam.Este dom figura em todas as três listas primárias dos dons espirituais. Isso não quer dizer que um dom seja mais válido somente porque é mencionado mais de uma vez, embora provavelmente signifique que é mais universal. Este dom, usualmente, é um dom que envolve tempo integral.Ao inverso de outros dons que usualmente só são utilizados ocasionalmente, como o de libertação ou o de discernimento de espíritos, uma vez descoberto e estando em operação, o ensino geralmente envolve um uso regular e constante, em que muito tempo é dedicado ao estudo e à preparação. Os mestres que receberam o dom de ensino também se mostram pacientes com seus alunos.Eles criam uma atmosfera, em classe, onde os estudantes sentem-se livres para levantar indagações de qualquer tipo. É o que ensina a doutrina (doutor). Pega as verdades mais difíceis e complicadas e traz de maneira clara para a Igreja entender. O ensino tem um lugar muito bem definido nas Escrituras, e muito especialmente no Novo Testamento. É uma das formas de alimentar o rebanho. Crentes novos precisam crescer espiritualmente (IPe 2.2,3), e os antigos muitas vezes carecem de incentivo e correção (ITm 4.13). O mestre conforme Efésios 4.1, não é apenas uma pessoa dotada de técnicas, habilidades e conhecimentos para ensinar. Trata-se, na verdade, de uma vocação dada

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pelo Senhor. Na vocação e consagração a Deus está segredo da autoridade no ensino (Mt 7.29; Mc 1.22; I Co 2.4,5). O mestre vocacionado não ensina de si mesmo (Jo 7.16), não busca fama, glória humana ou recompensa. Ensina para a edificação e crescimento da igreja, e para que em tudo o nome do Senhor seja engrandecido.

O Profeta É aquele que aponta a direção para a Igreja. Enxerga a posição em que a igreja está e para onde ela está caminhando. Ele tem a visão de Deus para encaminhar a Igreja, sendo um canal de revelação de Deus para a igreja. Ajuda os santos a compreenderem o que foi revelado pelo Senhor. O profeta pode ser movido mais em palavra de sabedoria, como Ágabo (Atos 11.27-30; 21.10-11) ou em exortação, edificação e consolação, como no caso de Judas e Silas (Atos 15.32). Não se pode confundir o ministério de profeta (Ef 4.11) como o dom de profecia (ICo 14.3) nem tampouco como o ministério de evangelista e pastor. Verificamos, no livro de Atos, que se tratava de um ministério distinto (At 11.28; 13.1; 15.32; 21.10). O profeta fala a Palavra de Deus sob inspiração do Espírito, relacionando-a com eventos futuros, interpretando as profecias com clareza, apelando à consciência dos ouvintes pela emoção. Pode até predizer acontecimentos futuros (At 11.28), o que não é uma norma, pois a mensagem poderá ser para alegrar, consolar e fortalecer os crentes (At 15.32).

O Evangelista Para entender o tipo de trabalho do evangelista e sua importância, basta ler Atos 8.4-40, onde estão relatadas as atividades evangelísticas do diácono Filipe (At 6.15), mais tarde chamado de evangelista (At 21.8). Apesar das escassas referências sobre o ministério de evangelista, não temos dúvida de que se constitui num ministério distinto e de grande alcance. O evangelista é um portador inflamado pelo amor de Deus de boas-novas às almas perdidas, e cuja mensagem principal é a graça redentora de Deus. No ministério evangelístico, é o normal Deus operar grandes milagres como objetivo de despertar o povo pra a mensagem da sua Palavra. Assim aconteceu em Samaria (At 8) e tem acontecido através dos tempos. É importante registrar que não se trata de sensacionalismo, e muito menos de mercenarismo; as operações divinas sempre têm objetivos santos e redundam na glorificação de Deus. Ressalte-se, ainda, que os milagres não dispensam, de forma alguma, a mensagem da Palavra. O Apóstolo

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Apóstolo é um enviado. É aquele que lança os fundamentos da vida da Igreja. Trabalha edificando a Igreja nas suas bases(Ex.: Tiago , Marcos). Na Bíblia encontramos três tipos de apóstolos: 1) Os 12 Apóstolos (que estiveram com Jesus); 2) Os apóstolos primitivos e fundadores da Igreja (como Paulo e Barnabé); 3)O ministério apostólico de caráter permanente (que Cristo segue dando a igreja até que se complete a edificação de seu corpo). A função de um apóstolo é fundar igrejas e evangelizar novas regiões. É um ministério que Deus levanta para trabalhar na base da vida da Igreja, nos princípios da vida da Igreja. Ele também restaura princípios e mantém a Igreja na base correta, dando-lhe a verdadeira fundamentação. Seu ministério é universal. Por exemplo: Paulo ia para Corinto, pregava o evangelho, fazia discípulos, estabelecia presbíteros (liderança) e ia para outro lugar. Depois ele escrevia para eles e de vez em quando passava por lá para ver como as coisas estavam indo. A sublimidade do ministério apostólico encontramos no seu maior exemplo – o Senhor Jesus Cristo: “Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial,, considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus, o qual é fiel àquele que o constituiu” (Hb 3.1,2ª). O significado da palavra “apóstolo” no grego é: aquele que é enviado ou mensageiro. Neste sentido, os discípulos foram chamados: “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, Eu também vos envio” (Jô 20.21). No sentido amplo da palavra e da comissão dada pelo Senhor (Mc 16.15; Mt 28.19), todos os servos de Deus são apóstolos. Porém, nos sentido restrito da palavra, o apóstolo é chamado e comissionado a realizar uma obra específica. A partir desta última premissa, conclui-se que, observados os aspectos da experiência, chamada e obra realizada (comissão) pelos primeiros apóstolos (Paulo foi o último), eles tiveram a grande e importante missão de lançar os fundamentos da Igreja, como está relatado em Efésios 20.20: “Edificamos sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular”. Pastor É o que cuida de vidas, o que apascenta, que tem aliança com o povo e com ele está envolvido. O dom de pastor é aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para assumirem uma responsabilidade pessoal, a longo termo, pelo bem-estar espiritual de um grupo de crentes

Os pastores são aqueles que dirigem a congregação local e cuidam das suas necessidades espirituais.

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c) Dons de serviço 1) Socorro e misericórdia - Sempre há na igreja, crentes que se destacam ao amparo dos aflitos e necessitados, à hospitalidade. O Novo Testamento registra nominalmente alguns desses servos de Deus: Dorcas, Gaio, Maria, Febe, entre outros. 2) Doadores ou contribuintes - Constitui privilégio para alguns crentes abastados cooperarem de forma especial na manutenção da obra do Senhor com sua fazenda. Durante seu ministério público, o Senhor Jesus teve a cooperação de algumas mulheres voluntárias, que certamente supriam o Mestre e seus discípulos com roupa, alimentação e outros bens. “E Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e muitas outras, as quais lhe prestavam assistência com seus bens” (Lc 8.3 – Leia também: At 4.36,37). 3) Governos - Em primeira Coríntios 12.28, o apóstolo fala de “governos”, em Romanos 12.8, ele fala de “o que preside” ambos com “dons”. Entende-se que o escritor se refere a serviços na administração das igrejas, e que não necessariamente iguala estes dons ao de pastor. Podem existir muitos cargos na igreja que exijam habilidades administrativas e que poderão ser ocupados por membros, porém, com essas qualificações. 4) Exortação - Exortar significa aconselhar, encorajar, estimular, animar. Alguns têm idéia errada, achando que exortar é tratar com dureza o irmão. Uma só palavra de ânimo, de conselho, pode levantar o irmão abatido ou desviado, mostrar um novo caminho para o indeciso, afastar do perigo o jovem que se deixou influenciar pelas más companhias. Portanto, irmãos que têm estes dons são uma benção para a igreja e grandes aliados do pastor no aconselhamento. “Como maças de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo” (Pv 25.11). 5) Ministério - O termo usado pelo escritor sacro em romanos 12.7 tem significado muito amplo: “Se ministério, dediquemo-nos ao ministério”. Para entendermos, precisamos saber que o vocábulo “ministério” vem do grego “diaconia”, e significa qualquer tipo de serviço, desde a ministração da Palavra (At 6.4) até a administração dos assuntos materiais da igreja (At 6.3). Em sentido figurado, corresponde a todos os serviços dos sacerdotes e levitas no tabernáculo da Velha Aliança. Nas igrejas neotestamentárias está relacionado com o trabalho de secretaria, tesouraria, assistência social, administração patrimonial, apoio logístico na realização de qualquer evento, tais como seminários e cruzadas. c) Dons naturais Todos os dons e habilidades naturais, assim como as qualificações desenvolvidas durante a aprendizagem profissional, devem ser colocadas à disposição do reino de Deus, pois também constituem uma dádiva divina. Aliás, o cristão não deve separar a sua vida em secular e sagrada. A vida cristã é vivida onde está o cristão , nolar, no trabalho, na igreja. Assim, o crente que tem facilidade natural para cantar, compor, tocar, ensinar, argumentar, ou qualquer outra habilidade, deve colocá-la a serviço do reino de Deus, e

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será um obreiro. Igualmente, o médico, o advogado,o contador, o engenheiro, o carpinteiro, o pedreiro e qualquer outro profissional, todos são úteis na obra do Senhor. E podem se tornar obreiros de Deus, na empresa secular, como na própria igreja. Dentro desta perspectiva, os obreiros da igreja local não são apenas o diácono e o presbítero. São todos os verdadeiros crentes que colocam em ação o dom recebido do Senhor. Eles atuam na igreja numa diversidade de funções, porém de forma harmônica, sendo de pouca importância se têm algum título ou cargo.

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OObbjjeettiivvoo ddoo MMiinniissttéérriioo O Serviço Pastoral A prioridade fundamental do ministério é aperfeiçoar os santos para a obra do ministério. Do ponto de vista prático, esta prioridade se efetiva, pelo menos em grande parte, no serviço pastoral, pois ao pastor, como o “anjo da igreja” cabe a responsabilidade de liderar e orientar o rebanho de Deus. O serviço pastoral compreende vários aspectos, que a seguir, abordaremos de forma sucinta, e dentro do ponto de vista da Teologia Pastoral. A pregação e o ensino Pregar e ensinar constitui a base do serviço pastoral considerando-se: a) O ministério do Senhor Jesus era desdobrado em: ensinar, pregar e curar (Mt 4.23; 9.35; Mc 1.14,15). b) A Grande Comissão dada pelo Senhor Jesus é registrada em Marcos como: “Ide e pregai”, e Mateus diz: “Ide fazei discípulos, ensinando-os”. c) O apóstolo Paulo diz a respeito de seu ministério: “para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e mestre” (IITm 1.11). E em muitos outros textos ele afirma que foi chamado para pregar e ensinar (ITm 2.7; At 28.31). d) Os demais apóstolos e discípulos ensinaram e pregaram (At 4.2,18; 5.42; ITm 4.11,13; IITm 4.2). O pastor, portanto, deve estar apto a pregar a Cristo aos homens, o único meio de redenção (At 4.12; 8.5; 10.42; Rm 10.9-13). É através da pregação ungida pelo Espírito Santo que os homens são convencidos de sua situação miserável e recebem o Senhor Jesus como Salvador (Jo 16.7-11). Ao pastor cumpre a missão de pregar em cultos públicos, festividades, concentrações evangélicas, casamento, funerais e outras oportunidades, sempre como o santo objetivo de anunciar a salvação em Cristo Jesus, e edificar a igreja no verdadeiro fundamento da fé. A pregação evangelística visa revelar Cristo aos perdidos, no fiel cumprimento da ordem estabelecida pelo Senhor. “E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15). Porém a pregação não é, necessariamente, sempre evangelística. A pregação expositiva, principalmente, tem grande proveito na edificação e crescimento espiritual dos santos.

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O ensino tem como objetivo incutir o conhecimento das doutrinas, história, geografia bíblica, e outras matérias teológicas. O ensino, em certo sentido, é mais profundo e proporciona maior riqueza de detalhes. Todavia, uma coisa deve ficar claro, a pregação e o ensino são instrumentos poderosos no aperfeiçoamento dos santos. A pregação A pregação ou proclamação do evangelho consiste em anunciar as boas-novas de salvação àqueles que não a conhecem. João Batista proclamou a proximidade do reino de Deus (Mt 3.2; Lc3.18). O Senhor Jesus deu continuidade à mensagem de João Batista (Lc 4.43; Mt 4.23; 9.35). Os apóstolos anunciaram o Senhor Jesus, cumprindo sua missão (At 5.42; 11.20). A pregação evangélica deve enfatizar que o Senhor Jesus Cristo é o enviado do Pai como Senhor e Salvador. Ele não é apenas porta-voz do Reino: Ele mesmo é o Rei (At 8.5; 9.20; ICo 1.23; IICo 4.5; Fp 1.15). O conteúdo da pregação cristã, portanto, apresenta alguns aspectos de suma importância, tais como:

• Pela pregação cristã, é dado conhecer aos pecadores os grandes fatos salvívicos de Deus, realizados em e por Cristo: sua encarnação (Jo 1.14), seu nascimento (Lc2.1,14), sua morte (Mt 27.45-56), sua ressurreição (Mt 28.1-15) e sua exaltação (At 2.22-37). • Pela pregação, dá-se testemunho do que Deus pode proporcionar aos homens através de Cristo: perdão, vida eterna, libertação do medo, da morte, de frustrações e poder do Espírito Santo (Mc 16.15-18; At 10.43; 13.38; Cl 1.14; Jo 3.36; 5.24; 8.32; At 1.8).

A pregação apostólica era acompanhada de penetrantes convites ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo (At 2.38,39; 3.19-26; 17.30-31). Atualmente, existe a pregação que se constitui numa mera apresentação dos benefícios que recebe aquele que aceita o Senhor Jesus Cristo como seu Salvador. É a pregação que mostra apenas a “cura divina”, a “libertação”, etc. Dá idéia de uma salvação comercializada, que só mostra os efeitos e não a causa. Pode provocar distorções, pois dá ênfase à felicidade que desfruta o crente, e não ao senhorio de Cristo; realça os benefícios da salvação, e não submissão ao Senhor. Algumas vezes despreza até a regeneração do pecador em uma nova criatura. A pregação, portanto, é uma forma de comunicar a Palavra de Deus, e deve ser cristocêntrica. O ensino O ensino ocupou, sem dúvida, a parte principal do ministério do Senhor Jesus, conforme registram os evangelhos. Na Grande Comissão, registrada por Mateus, o

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Senhor ordena: “Ide, portanto, fazei discípulo de todas as nações, batizando-os em nome do pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os todas as coisas que eu vos tenho ordenado. E eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28.19,20).

A pessoa que aceita o Senhor Jesus como seu Salvador pessoal, no dizer de Pedro, é como uma criança recém-nascida (IPe 2.2). Seu crescimento depende do ensino lógico e sistemático da Palavra. Esse novo crente precisa aprender a adorar, a amar e a servir a Deus; a vencer as astutas ciladas do Diabo, a combater o pecado, e viver de modo digno, de acordo com sua posição espiritual privilegiada. Isso só é possível pelo ensino da Palavra de Deus. O Mestre ensinou tudo com grande sabedoria (Mc 1.21; 6.6; Lc 4.15; Jo 6.59). Os apóstolos seguiram o exemplo do Mestre (At 4.2; 5.42; 11.26). O apóstolo Paulo diz a Timóteo que homens fiéis devem ensinar (IITm 2.2), e que, ensinar deve ser uma qualificação básica dos bispos (ITm 3.2). Pelo ensino os crentes são arraigados e edificados (Cl 2.6,7) e aprendem a vencer erros e hábitos condenáveis (Tt 1.9-11). Portanto, todo o conselho de Deus, isto é, todas as verdades reveladas, devem ser objeto de ensino (At 20.27). O ensino não é mera transmissão de conhecimento,, antes, porém, é fator de mudança, correção e edificação. Logo, o ensino é um modo importante de comunicar a Palavra de Deus.

A comunicação das benditas verdades da Palavra de Deus se realiza de três modos distintos, porém combinados, como podemos verificar a partir do ministério do Senhor Jesus: “Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas Sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo” (Mt 4.23). Esse método tríplice de comunicar a Palavra de Deus é visto em todo o ministério público do Senhor (Mt 9.35; Lc 4.17-19), e foi seguido pelos apóstolos, como podemos verificar em todo o livro de Atos (At 5.12,42; 6.2,4; 15.35). Características do ensino na igreja a) Abrangência O ensino na igreja deve ser ministrado da criança ao ancião. Todas as faixas etárias devem ser alvo do ensino bíblico (Dt 4.9; 11.19; Pv 22.6; Sl 71.17; Cl 1.28). O pastor deve sempre estar alerta para cientificar-se de que todas as faixas etárias estão sendo alvo do ensino da Bíblia em sua igreja, de forma adequada e cuidadosa. Escreva em uma folha de papel todas as atividades da igreja durante a semana, e, na frente, coloque o objetivo e a quem se dirige. É possível que o irmão chegue `a conclusão de que não tem nenhuma dirigida a crianças. (Leia com atenção Provérbios 22.6)

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b) Método O ensino deve ser ministrado com método e de forma sistemática. Nunca aleatoriamente. O método do Divino Mestre até hoje é copiado pelos ensinadores. Seu ensino era agradável e poderoso porque empregou método audiovisual nunca antes usado, e ensinava sob inspiração do Espírito Santo (Lc 4.16-22; Rm 12.7; Mt 6.28). As igrejas têm se beneficiado com o advento da Escola Dominical, onde se ministra a Palavra de Deus, obedecendo a princípios indispensáveis: classes por faixa etária, material didático (revistas, flanelógrafos, trabalhos manuais) de acordo com a idade, salas separadas, etc. O pastor deve organizar, liderar e incentivar a Escola Dominical. É estranho que alguns obreiros a desprezem, não comparecendo ou não a incentivando. c) Objetivo Do ponto de vista prático, o pastor deve estar preocupado no sentido de que o ensino da Palavra de Deus seja distribuído por todos os membros e congregados de sua igreja. Organizando de forma prática, o pastor deve: 1) Ensinar aos membros e congregados da igreja a sã doutrina, visando mudar as más atitudes e o comportamento e promover o crescimento espiritual, para que atinjam a varonilidade cristã (Ef 4.12-16; Cl 1.28; ITs 3.12; Hb 5.14; 6.1; IPe 3.18; ICo 13.11). 2) Ensinar e treinar os obreiros para as diversas atividades da igreja, tais como: professores da Escola Dominical, líderes de grupos familiares, dirigentes de congregações, líderes de mocidade, diáconos, presbíteros, e outros obreiros (IITm 2.2; 3.10,14; Tt 1.5,9). 3) Ensinar aos jovens. A corrupção generalizada da sociedade tem atingido principalmente a mocidade. O pastor deve atenção ao ensino, treinamento e aconselhamento específico para a juventude de sua igreja, proporcionando a eles maturidade para tomarem decisões quanto à profissão que desejam seguir, ao casamento, e ao ministério divino (ITm 5.1). 4) Ensinar e aconselhar os casais. As mudanças sociais, ao invés de melhorar, vêm degradando a família. A instituição do divórcio, aborto ainda ilegal, mas praticado aos milhares anualmente, e outras violências contra a família, são as aramas que Satanás vem usando para destruir esta instituição divina. Acrescente-se, ainda, que, devido, muitas vezes, à necessidade de complementar o orçamento familiar, as mães têm saído de casa para enfrentar o trabalho em escritórios, fábricas, lojas, e outras empresas. Essa situação tem contribuído negativamente no relacionamento conjugal e na criação dos filhos. O pastor deve estar atento a essas circunstâncias para prover em tempo hábil o ensino adequado (cursos, palestras) e o aconselhamento, para noivos e casais.

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Visitação “Visitar” significa ir ver alguém em casa ou em outro lugar com algum objeto (afeição, cortesia, dever). O pastor tem o dever de visitar suas ovelhas, a fim de conhecer, aconselhar, ensinar, e prestar alguma ajuda. O ministério do Senhor Jesus foi desenvolvido de casa em casa. Nas casas ele pregava, ensinava e fazia grandes maravilhas. Nos primórdios da igreja primitiva os apóstolos continuaram ensinando de casa em casa (At 5.42; 20.20). Mesmo que a igreja disponha de boa equipe de irmãos voluntários para visitar, o pastor deve continuar a exercer este serviço pastoral, como oração e humildade. Todavia, precisa tomar as devidas precauções para não falhar, cair em ciladas, livrar-se da aparência do mal. Por isso, ao visitar faça-se acompanhar de sua esposa. No caso de sua esposa estar impossibilitada, então convide um irmão idôneo. Algo que pastor não deve fazer é: *Avisar a família a ser visitada com intuito de ser recepcionado com almoço, jantar, lanche, etc., pois é uma atitude pouco recomendável. (Aliás, o pastor nunca deve habituar-se a fazer visitas com esse objetivo). *Visitar em horas inadequadas. Hora de trabalho, quando a família está envolvida como outras visitas de familiares distantes, etc. *Visitar a esposa quando o chefe da família não estiver em casa. O aconselhamento O aconselhamento atinge da criança ao ancião na igreja e, às vezes, o pastor é chamado também a aconselhar não-crentes. É um serviço árduo, desgastante, porém, muito importante. Malaquias diz: “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, porque ele é mensageiro do Senhor dos Exércitos” (Ml 2.7). Quem quiser ser um bom conselheiro precisa depender inteiramente do Espírito Santo. Ele conhece as necessidades e anseios íntimos (Rm 8.26,27). Atualmente, já existem nas livrarias evangélicas, bons manuais sobre aconselhamento que podem ajudar. Quanto ao dever de aconselhar, basta saber que exortar significa aconselhar, estimular, persuadir, etc. (Ler os textos: Rm 12.8; IITs 3.12; ITm 4.13; 6.12; Tt 2.15) A disciplina É uma das tarefas mais difíceis para o pastor, porém indispensável, e deve ser realizada sob a direção do Espírito Santo – o Paracleto da Igreja, em nome do Senhor Jesus (Jo 14.26; 16.13; At 15.28,29; ICo 5.3-5).

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a) Objetivo da disciplina A disciplina visa destruir almas, desmoronar lares, desestimular pessoas, pelo contrário, os alvos são: *Edificar (IICo 10.8; 13.2,3,10). A correção oportuna edifica as vidas para serem úteis ao Senhor. *Preservar a sã doutrina das heresias e misturas com ensinos sem valor (ITm 1.3-5; Tt 1.13,14). *Repreender e admoestar os que pecarem, afastando-os, pelo menos temporariamente, para que ser arrependam e se corrijam (ICo 5.3-5; ITm 5.20; IITm 4.2). b) Como disciplinar A disciplina exige do pastor algumas qualidades, tais como: *Amor. A disciplina nunca deve ser feita como ódio, rancor, excessiva severidade ou dureza de coração, mas com amor (IICo 2.6-8). *Imparcialidade. O pastor não pode favorecer um em detrimento deoutro. Diante da disciplina, todos são iguais: pobre, rico, sábio, iletrado, de qualquer cor ou posição social (ITm 5.21; Tg 3.17). * Prudência. Todos são alvos do inimigo, portanto, devemos agir com prudência, par que não sejamos também tentados (Gl 6.1; Rm 15.1; Ef 4.1,2). *Justiça. A discipllina deve ser de acordo com a gravidade da falta. Uma disciplina muito severa pode desencorajar o servo de Deus. É preciso ter sempre em mente o valor de uma alma e o preço pago no Calvário para salvá-la (Ef 5.9; ITm 6.11; IITm 2.22). A administração Outro serviço pastoral compreende a administração espiritual e material da igreja que Deus lhe confiou. Isto significa: a) A administração espiritual diz respeito a todo servo espiritual da igreja, abrangendo cultos, ordenanças, festas, estudos bíblicos, louvor, etc. Evidentemente que o pastor não faz tudo, porém, organiza, supervisiona, designa os que devem dirigir. b) A administração do serviço material da igreja corresponde à sua organização jurídica (Presidência, Tesouraria, Secretaria, Patrimônio), assim como as compras de bens móveis e imóveis, construções, etc. Na administração material, o pastor deve colocar-se na posição de supervisor, delegando as tarefas e responsabilidades a pessoas realmente convertidas, dizimistas fiéis e capazes.

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Conclusão: Em todo o serviço pastoral, o ministro nunca se deve julgar um super-homem, capaz de realizar tudo sozinho. Deve, pelo contrário, habituar-se a delegar tarefas e responsabilidades a seus cooperadores. O pastor deve ter em mente sempre a posição assumida pelos apóstolos: “E, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da Palavra” (At 6.4). Os Obreiros Locais O Senhor Jesus nunca cogitou de estabelecer um clero organizado hierarquicamente para dominar a igreja. Mas, deu sabedoria aos seus apóstolos, no tempo oportuno, para estabelecerem homens fiéis nos serviços indispensáveis da igreja. O diácono Primeiramente, foi notada a necessidade de prover a igreja de homens altamente qualificados, para servirem, principalmente, em serviços materiais. Então, foram separados os diáconos, que, no original, significa, servos (At 6.1-6) As qualificações exigidas para ser diácono foram: boa reputação (testemunho dos de fora), cheios do Espírito Santo e de sabedoria. E, quando o apóstolo Paulo doutrinou sobre a escolha de homens para exercerem o diaconato, ele equiparou as virtudes morais e espirituais exigidas ao nível do ministro. Isso mostra as elevadas responsabilidades do diácono. Entre essas qualificações estão: respeitáveis, de uma só palavra, sóbrios, não-avarentos, maridos fiéis e pais que sabem governar suas casas (ITm 3.8-13). Os candidatos ao diaconato devem ser homens provados no serviço cotidiano da igreja (ITm 3.10). Alguns diáconos, de acordo com o desempenho de suas tarefas, podem mais tarde vir a ocupar o ministério (ITm 3.13; At 8.5; 21.8). O presbítero Presbítero e bispo indiscutivelmente indicam o mesmo ofício, conforme os seguintes textos bíblicos: Tito 1.5-7; Atos 20.17,28. Entendemos que ancião ou presbítero refere-se a mesma pessoa, enquanto bispo à função do ofício. Alguns fatos concernente à instituição de presbíteros são notáveis: a) Eram separados por imposição de mãos (At 14.23; Tt 1.5). b) Sempre são citados no plural, isto é, não é mencionado uma só igreja onde houvesse apenas um presbítero (At 11.30; 15.2,4,6. 20.17; Tg 5.14; IPe 5.1). c) A palavra bispo vem do grego “episkopos” que significa superintendente. As funções dos presbíteros e bispos: *Governar (ITm 3.4,5; 5.17). * Ensinar (ITm 5.17). * Preservar a igreja das investidas do erro (Tt 1.9; At 15.6,22). * Pastorear o rebanho de Deus (At 20.28; Hb 13.17; IPe 5.2).

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Chama-nos também a atenção que na igreja em Jerusalém havia presbíteros trabalhando com os apóstolos (At 15.2,4,6). Sem dúvida eram homens chamados por Deus para exercerem as importantes funções supracitadas. A contribuição dos presbíteros no crescimento e edificação das Assembléias de Deus é imensurável, e só a eternidade poderá revelar. Em virtude de a igreja local ser, ao mesmo tempo, uma entidade jurídica e espiritual, onde as atividade materiais, próprias das organizações, estão lado a lado com as atividades espirituais; há necessidade de que o diáconos e presbíteros estejam sob a orientação pastoral e coesos com o seu pastor, no desempenho de todos os serviços, sejam administrativos ou espirituais. Por outro lado, devem os pastores ter o cuidado de separar para o diaconato e o presbiterato, homens consagrados e que já tenham dado provas suficientes no desempenho dessas funções. Separar par o diaconato e para o presbiterato com o objetivo de honrar determinadas pessoas na igreja tem provocado sérias dificuldades para o próprio pastor e trazido conseqüências indesejáveis para a igreja. Estabelecendo a cooperação O exame da tipologia bíblica concernente à Igreja como corpo de Cristo, a cabeça, mostra uma riqueza insondável de significados. Os textos, por si só, revelam aspectos expressivos, tais como: a) A interdependência entre a cabeça e o corpo. A cabeça se expressa através do corpo , que depende em tudo da cabeça, inclusive sua existência. b) As interrelações que existem entre os membros devem obedecer a dois princípios: a mutualidade (os membros dependem uns dos outros), e a harmonia (todos são importantes e necessários, e trabalham com um mesmo objetivo). (Examine Rm 12.5; ICo 12.27; Ef 1.23; 4.12; Cl 1.18). Todavia, na realidade diária da igreja local, onde seus membros são pessoas que procedem de classes sociais diferentes, há formações sociais, familiares e culturais diversas, atitudes e idéias pessoais, e não é tão fácil conseguir que os princípios da mutualidade e harmonia se expressem em sua plenitude. Sempre existirão conflitos (At 6.1; Fp 4.2). Ao pastor, na qualidade de homem de Deus e líder do povo, cabe a árdua tarefa de estabelecer princípios pela Palavra de Deus e na orientação do Espírito Santo, para obter a melhor cooperação entre obreiros e membros. Dois princípios são indispensáveis: a) O principio da autoridade - O pastor deve ter condição suficiente para decidir, orientar, ensinar, advertir (IICo 10.8; 13.10). b) O principio do respeito - Deve existir respeito mútuo entre o pastor e seus cooperadores. Todos são sevos de Deus, por isso, com submissão à vontade de divina,

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humildade e renúncia de seus propósitos e interesses, devem buscar solução para possíveis divergências. Paulo reconhecia o valor de seus cooperadores na obra do Senhor. Em Filipenses 2.25, ele se refere a Epafrodito como irmão, cooperador e companheiro. Que relacionamento devia existir entre esses dois homens de Deus! Certamente muito amor e respeito. Nas cartas pastorais, vemos como o velho apóstolo demonstra grande apreço por todos os seus cooperadores, inclusive Marcos que, no passado, tinha sido rejeitado (IITm 4.11). Palavras de incentivo e exortação para que desempenhem o ministério são abundantes. Ganham as igrejas cujo pastor e seus cooperadores trabalham num espírito de elevada cooperação.

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AAss PPrriioorriiddaaddeess ddoo MMiinniissttrroo

Uma das armas mais eficazes que Satanás tem usado contra a Igreja do Senhor Jesus é desviar os ministros de suas reais prioridades, envolvendo-os com coisas secundárias, ou fazendo-os inverter a ordem das prioridades. É preciso estudar com atenção este assunto, porque muitas vezes os nossos hábitos adquiridos, e arraigados durante anos, nos impedem de aceitar uma revisão de prioridades para o nosso ministério. Preferimos continuar nos mesmos hábitos, no mesmo estilo de vida, embora a Palavra de Deus diga o contrário. Preferimos dividir as prioridades em dois aspectos, mas, sem dúvida, não é única maneira de estudá-las. Prioridades Pessoais do Ministro O ministro e sua vida com Deus A primeira tentativa de desvirtuar os apóstolos de suas reais prioridades deu-se nos primeiros dias da Igreja (At 6.1-7). Note-se que o motivo apresentado foi justo. Os helenistas achavam que suas viúvas estavam sendo preteridas na distribuição diária de alimentos, então foram aos apóstolos e exigiram uma solução para o caso. É possível que, na maneira de pensar deles, estivesse a idéia de que os apóstolos bem poderiam presidir a esse trabalho. Os apóstolos, porém, não abriram mão de suas prioridades: “Nós nos consagraremos à oração e ao ministério da Palavra” (At 6.4). Imediatamente, outros irmãos foram designados para o trabalho das mesas. O versículo supracitado destaca as duas grandes prioridades do ministro: a pessoal e a ministerial. A primeira prioridade pessoal do ministro é o seu relacionamento com Deus: “Nós nos consagraremos à oração”. Ao tomarem esta decisão, estavam seguindo o exemplo do mestre, que, embora sendo Senhor e Mestre, separou parte das horas do dia, as mais privilegiadas, para dedicar-se à comunhão plena com o Pai (Mc 1.35; 6.46,47). Na relação “ministro-Deus-ministro” está a oração, a meditação na palavra, a reflexão no trabalho desenvolvido. Sem esta estreita relação, não existe consistência no ministério, pois devemos entender que:

• Ele é o Senhor e o ministro um servo (Jo 13.13; Fp 2.9-11). • Do Senhor depende o ministro em tudo (Jo 15.5; IICo 3.5). • A Igreja é dele e para Ele (Ef 1.22,23; Cl 1.18).

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O ministro e a sua vida com a esposa No casamento, duas pessoas de sexo oposto se unem de tal forma que as Escrituras dizem: “tornando-se os dois uma só carne” (Mt 19.4-6; Ef 5.29-31). Lendo os textos citados, convencemo-nos de que não existe união mais profunda e mais séria do que o casamento. A esposa, portanto, é a companheira inseparável do ministro. Ninguém mais conhece tão profundamente os propósitos, a sinceridade, o sofrimento, as alegrias do servo de Deus, do que sua própria esposa. Por esse motivo, a segunda prioridade do pastor é sua esposa, a quem ele deve dar amor, tempo e atenção, com o objetivo de que essa união não seja uma farsa. É impossível que o ministro tenha uma perfeita comunhão com Deus, se a sua vida conjugal é um desastre. É preciso reconhecer que, ao nos levantarmos para pregar, diante de nós temos uma testemunha em “carne e osso” de todos os nossos atos, por mais íntimos que sejam. Nosso ensino e conselhos também são para ela, caso ela nos tenha como homens de Deus. O ministro e sua vida com a família A terceira prioridade do ministro é sua própria família, que inclui esposa e filhos. O apóstolo Paulo diz que o bispo “deve governar a sua própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo respeito” (ITm 3.4). No versículo seguinte, inclusive, o escritor diz que aquele que não governar a sua casa está desqualificado para o ministério. (Leia com atenção o texto). É indispensável que o pastor não esqueça seus deveres com sua família. Para com a esposa:

• Respeitá-la (IPe 3.7). • Amá-la (Ef 5.25; Cl 3.19). • Ser-lhe fiel (Hb 13.4; Ml 2.14,15).

Para os filhos: • Amá-los (Tt 2.4). • Levá-los a Cristo (Mt 19.13,14). • Instruí-los na palavra de Deus (Dt 4.9; Pv 22.6). • Não provocá-los (Ef 6.4; Cl 3.21). • Prover para eles (IICo 12.14; ITm 5.8). • Corrigi-los (Pv 13.24; 19.18; Hb 12.7).

Portanto, é de suma importância que o ministro cuide de sua família, dando-lhe amor, tempo, instrução e correção. Em tudo seja um exemplo. Não esquecendo que sua família é uma prioridade sua, e que não pode delegar essa função e responsabilidade apenas à sua esposa.

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Prioridade do Ministério Em virtude das múltiplas atividades que o pastor tem acumulado nos últimos decênios, com a renovação das igrejas evangélicas e seu conseqüente crescimento, a verdadeira prioridade tem sido ofuscada, e, até mesmo, esquecida, em algumas igrejas. A situação é tão grave que muitos confundem a função de pastor com a de conselheiro, assistente social, administrador, capataz de obras, etc. Todavia, Pedro e os demais apóstolos foram decisivos ao responderem à comunidade dos irmãos: “Nós nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra”. Eles definiram de uma vez por todas que a prioridade do ministério, seja do apóstolo, do profeta, do evangelista, do pastor ou mestre, é o ministério da Palavra. Um pastor deve ser conhecido como um pregador, um homem da palavra. Nenhuma outra distinção lhe é tão adequada. Seu alvo é simplesmente levar os crentes que Deus lhe deu à maturidade, pelo ministério da Palavra. Os pastores não deveriam cair na armadilha de que o sucesso de seu ministério deve ser baseado na quantidade de membros que tem sua igreja, ou no tamanho do templo. Pois, não é esse o propósito de Deus ao dar ministros (apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres) à igreja. Basta lermos com muita atenção o texto básico: “E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.11,12). O texto diz clara e enfaticamente que o propósito de Deus, ao conceder os ministros à igreja, é que estes promovam o aperfeiçoamento dos santos. No sentido original, a palavra “aperfeiçoar” corresponde em nossa língua ao mesmo que equipar, treinar ou preparar. Podemos representar graficamente a função dos ministros: MINISTROS FUNÇÃO OBJETIVOS:

A atividade básica do ministério é treinar, incentivar e orientar os santos para desempenharem o seu serviço de acordo como o dom ou capacidade que Deus lhes concedeu, e promover a edificação de todo o corpo de Cristo – a Igreja. Este propósito está implícito na ordem do Senhor Jesus Cristo, registrada por Mateus: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do

Apóstolos Profetas Evangelistas Pastores Mestres

APERFEIÇOAR OS SANTOS

DESEMPENHO DO SEU SERVIÇO

EDIFICAÇÃO DO CORPO DE CRISTO

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Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28.19,20). “Fazer discípulo” subentende um exercício de treinamento e orientação, de forma que o crente seja firme, consciente e plenamente instruindo na plenitude da mensagem das Escrituras. Os apóstolos não perdem de vista o propósito de aperfeiçoar os santos dentro dos objetivos declarados em Efésios 4.11-16. Paulo diz que a palavra de Deus é suficiente para tornar o homem de Deus perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (IITm 3.17), e que ele trabalhava com todo o empenho dentro desse objetivo: “o que nós anunciamos advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo” (Cl 1.28). Ao mesmo tempo determina a Timóteo que ministre a Palavra em todo o tempo (IITm 4.1,2). O ensino das Escrituras deveria se constituir na prioridade máxima do ministério de seu discípulo Timóteo (ITm 4.6,11-13; IITm 2.2). Portanto, através do ministério da Palavra, os pastores promovem o aperfeiçoamento dos santos com dois objetivos: a) desempenho do seu serviço; b) edificação do corpo de Cristo. Desempenho do seu serviço Deus capacita a cada crente com dons, dentro de uma diversidade extraordinária, conforme descreve o apóstolo Paulo em Romanos 12.3-8 e primeira Coríntios 12. Ao pastor cabe a tarefa de cooperar com Deus na preparação particular de cada crente, para que este desempenhe com equilíbrio, firmeza e alegria o seu ministério no corpo de Cristo. Assim, uns serão líderes de grupos familiares, outros, socorro, outros serão usados com dons espirituais, outros participarão do ministério da música, e assim por diante. Edificação do corpo de Cristo No desempenho de seu ministério específico, os santos também promovem a edificação da igreja. Seja ajudando um ao outro ou ministrando conforme seu dom. Ao pastor cabe, como acima foi dito, em primeiro lugar, o aperfeiçoamento dos santos, e em segundo lugar coordenar as múltiplas atividades da igreja, delegando, quando necessário; incentivando, e cobrando resultados. O atingimento dos dois objetivos acima se desdobra em vários aspectos, conforme está descrito em Efésios 4.11-16: * Os crentes crescem na unidade da fé, cumprindo-se o anelo do Senhor Jesus (Jo 17.21). Desaparecem as divisões, o partidarismo e outros males. Há uma conscientização quanto à missão da igreja (I Co 3.1-3; Gl 4.1-3).

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* Todos buscam o pleno conhecimento do Filho de Deus. O conhecimento de Cristo leva o crente a ter experiências profundas e crescentes (Jo 8.31,32; 17.3; Fp 3.10). * A edificação desenvolve-se em direção “à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo”. Os crentes deixam de ser meninos inconstantes para se tornarem adultos na fé, na experiência cristã. Conclui-se que a prioridade máxima do ministro é APERFEIÇOAR OS SANTOS.

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PPeerriiggooss nnoo CCaammiinnhhoo ddoo MMiinniissttrroo Não são poucos os perigos pelos quais passa o ministro diariamente. Em virtude da elevada posição que ocupa e das responsabilidades inerentes à sua função, quando o inimigo consegue derrotá-lo, atinge inevitavelmente muitas outras pessoas, dentro e fora da igreja. Os escândalos têm terríveis conseqüências para a igreja, por isso todo cuidado é pouco, e devemos dar toda atenção à recomendação da Palavra de Deus: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina!” (ITm 4.16a). Tentaremos abordar alguns desses perigos, identificando imediatamente algumas providências que o servo de Deus deve tomar para evitá-los. A acomodação Obreiros com a mesma mensagem de sempre, sem iniciativa na obra de Deus, que dizem estar sempre esperando a revelação de Deus, são obreiros acomodados. O apóstolo Paulo retrata o obreiro cristão com duas figuras muito significativas: o soldado e o atleta (ITm 2.3-5; Co 9.25-27). E, tanto o soldado quenato o atleta se distinguem pela constante atividade, iniciativas, espírito de luta, e, principalmente, por perseguirem com persistência alvos certos. O obreiro acomodado, sem ânimo e preguiçoso, não oferece nenhum perigo ao Diabo, pelo contrário, pode se tornar presa fácil para suas astutas ciladas. Como vencer a acomodação O meio de vencer a acomodação é a auto disciplina, isto é, o pastor deve cultivar a sua própria saúde pastoral, para poder fazer com alegria a obra do Senhor. Em primeira Timóteo 4.6-12, encontramos os passos da autodisciplina. a) Alimentar-se com as palavras da fé (v 6). b) Alimentar-se com a boa doutrina (v 6). c) Abster-se das fábulas profanas (v 7a; Hb 5.11-14). d) Exercitar-se na piedade (v 7b). O pastor deve ter vida devocional particular de oração e leitura das Escrituras para satisfazer suas próprias necessidades espirituais. Rejeitar as polêmicas sobre coisas inúteis e exercitar-se na piedade é necessário. “Piedade”, neste texto, significa o elevado padrão da santidade e dos propósitos divinos, que o pastor deve buscar alcançar pelo treinamento necessário na oração, na Palavra e no serviço.

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O Profissionalismo Muitos pastores me têm confidenciado que se sentem constrangidos quando são obrigados a preencher fichas cadastrais onde consta profissão. Esses amados irmãos estão cheios de razão, pois o ministério não é profissão. O ministério, como já foi visto, é uma vocação divina. Todavia, o ministro pode inadvertidamente tornar-se um profissional do evangelho. O ministro profissional é aquele que realiza a obra de Deus por dinheiro, de modo mecânico, porque não tem outro que a faça, e, por necessidade, sem atentar a quem serve e como deve servir. Muitos dizem viver pela fé, mas nunca estão dispostos a pregar, cantar ou tocar sem saberem qual é a oferta. Isto, também é profissionalismo. Como vencer o profissionalismo Basta ler o capítulo 20 do livro de Atos dos Apóstolos para cientificar-se do verdadeiro padrão do obreiro. A força que movia Paulo a servir à igreja era o amor, amor que demonstrava de várias maneiras: a) Amor pela profunda afeição existente entre ele e os irmãos, de modo recíproco (At 20.1,36-38). Paulo servia porque amava os irmãos, e, para servi-los sem lhes ser pesado, trabalhava com as próprias mãos para seu sustento; na afeição entre Paulo e os irmãos, vista nos versículos 36-38, e várias outras passagens de Atos, constata-se que Paulo, o grande apóstolo Paulo, não era um intocável; hoje há obreiros que se isolam do povo, são intocáveis. Cuidado! b) Amor demonstrado pelo espírito liberal. Paulo passava pela Macedônia (At 20.1; I Co 16.1-4) para recolher um oferta para os pobres de Jerusalém/ quando lemos os textos que tratam da coleta que Paulo encarregou-se de fazer e favor dos pobres da igreja em Jerusalém, podemos sentir o amor com que exercia este serviço; Paulo sabia dar, assim como sabia receber (Fp 4.10-20). c) Amor demonstrado pela disponibilidade para o ministério. Paulo não tinha gabinete nem horário para servir aos irmãos (At 20.7-11), mas ele estava sempre pronto a anunciar a Palavra de Deus, ministrando com amor e dedicação insuperáveis. As Tentações São muitas as tentações a que está exposto o homem de Deus, na sua vida e no seu ministério, embora alguns irmãos pensem que o ministro é um super-homem. Esta imagem é falsa, e o servo de Deus deve ter cuidado, pois o Diabo não descansa, mas graças a Deus que o servo obediente sempre tem vitória (IPE 5.8,9; Pv 1,.10; 4.14; Rm 6.13; Ef 6.13; II Pe 2.9).

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Tentações do sexo Causas principais deste tipo de tentação: a) Relaxar na autodisciplina. b) Mau relacionamento com a esposa e com a família. c) Deixar-se envolver com alguma irmã, com quem passa a conversar longo tempo, e) até mesmo permitir confidências. d) Dar asas aos pensamentos pecaminosos. Sugestões para vencer este tipo de tentação: a) Reconhecer o problema e admitir que se trata de cobiça. b) Voltar imediatamente à autodisciplina (oração/meditação). c) Procurar eliminar os problemas da vida conjugal, melhorando a comunicação familiar. d) Fazer da esposa a companheira inseparável na hora do aconselhamento de irmãs e na visitação pastoral. Tentações do Dinheiro Causas deste tipo de tentação: a) Sentir inveja daqueles que, fora do ministério, estão prosperando. b) Quando dedicado integralmente ao ministério, sentir vontade de voltar a associar a vida espiritual com outras atividades lucrativas, mesmo que isto vá prejudicar a sua espiritualidade, a sua família e o seu relacionamento com Deus. c) Achar que, por ser pastor, não precisa contribuir para a igreja, é tornar-se usurário. d) Sendo um pastor pobre, discriminar os irmãos ricos, achando desonesto. e) Administrar mal os recursos da igreja, achando que, por ser o pastor, deve dispor dos seus recursos como bem entender. Sugestões para vencer essas tentações: Aprender com o apóstolo Paulo e outros servos de Deus (Fp 4.10-20; ITm 6.6-12; Hb 13.5,6; Pv 15.16). A meditação nesses textos é suficiente para nos levar à plena confiança de que o importante é estarmos no centro da vontade de Deus. Ele é fiel para com aqueles a quem chamou para sua obra. Sejamos fiéis igualmente.

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Tentações Pela Inveja no Ministério Alguns servos de Deus têm caído na cilada maligna do inconformismo, da inveja, da cobiça. Nunca estão satisfeitos com o que estão fazendo. Se estão dirigindo um igreja, acha que merecem e são capazes de dirigir outra maior ou mais bem localizada. Certo jovem veio numa manhã a Spurgeon e lhe disse: “Eu tenho um queixa a fazer. Minha congregação é muito pequena”. Respondeu o grande pregador: “Bem, talvez ela seja do tamanho pelo qual você será capaz de prestar contas no dia do julgamento”. Homens de Deus há que perderam a condição de servirem a Deus, porque caíram no mesmo pecado de Miriã e Arão, e de Coré e seus seguidores (Nm 12.1-8; 16.1-35). Querem o lugar e a função que não lhes pertence. Não se conformam em ser liderados, em permanecer no lugar onde foram colocados e esperar no Senhor. Acham que foram chamados para liderar, apenas. Muitos já caíram neste tipo de tentação. Absalão (II Sm 15.1,2,4); Adonias (IRs 1.5); os filhos de Zebedeu (Mt 20.20,21). Ainda outros não se conformam em desempenhar o ministério ou serviços para o qual realmente foram vocacionados. Sempre estão querendo mudar para fazer o trabalho de outro irmão. É preciso ter cuidado, pois alguns já percorreram esse caminho e se deram muito mal. Uzias (IICr 26.16-21) e Diótrefes (III Jo 9,10) são exemplos disso. Reconheçamos também que existem diferentes dons e que cada um deve ser diligente segundo o dom que recebeu do Senhor (ICo 12.12-30). Sugestões para vencer este tipo de tentação: a) Duas perguntas o homem de Deus precisa fazes a si mesmo: “Estou no lugar onde Deus quer?”“Estou exercendo o ministério de Deus como Ele quer?” Caso estas respostas sejam positivas, agradeça a Deus e prossiga para o alvo. Caso sejam negativas, coloque-se à disposição do Senhor e espere nele. b) Faça seu trabalho sem se preocupar com o que os outros estão fazendo. A troca de experiência é válida, quando é feita com humildade e sinceridade, para glória de Deus. c) Lembre-se de que ciúme e inveja são pecados, e que o ressentimento e o inconformismo podem prejudicar inteiramente sua vida espiritual (Hb 12.14,15). d) O espírito de rivalidade só prejudica a igreja e seu próprio ministério. e) Agradeça constantemente a Deus pelo que Ele está fazendo em sua obra. Tentações no púlpito No púlpito está a grande força da igreja pois é dele que o ministro prega e ensina a Palavra de Deus, com o objetivo de aperfeiçoar os santos e salvar os perdidos.

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Qualquer distorção ou enfraquecimento desse objetivo é um derrota para a igreja, e o Diabo sabe disso; portanto, é importante que o pastor tenha cuidado com o púlpito e no púlpito. As tentações mais comuns que sofre o ministro em relação ao púlpito são: a) A auto-exaltação. O ministro é tentado a achar-se um grande pregador ou ensinador. Certo pastor descia do púlpito, depois de pregar, e um irmão lhe disse: _”O senhor pregou maravilhosamente”. O pastor respondeu: “O Diabo também me disse isso, lá no púlpito”. Tenha cuidado com a auto-exaltação (Rm 12.16; Pv 13.10; 16.18; IPe 5.5). b) Confiança em sua capacidade. O ministro passa a depender muito de sua capacidade, habilidade e eloqüência, ao invés de depender do Espírito Santo (Jo 3.27; II Co 3.5). c) Pregar a Palavra de Deus sem que ela seja uma realidade em sua própria vida (IITs 3.9; ITm 4.12; Tt 2.7; Tg 2.12). d) Mentir ou exagerar quando está contando uma ilustração ou estória (Ef 4.25; Pv 12.19). e) Falar aquilo que as pessoas querem ouvir ao invés de obedecer ao Espírito Santo (At 4.20). f) Manipular os seus ouvintes com estórias e ilustrações emocionantes. g) Usar o púlpito como martelo, para descarregar suas frustrações e nervosismos. h) Relaxar na preparação da mensagem da Palavra por preguiça, e desculpar-se de que o Espírito dá a mensagem (At 17.11; Rm 15.4; ITm 4.13-15; Sl 1.2). Clericalismo ou Sacerdotalismo Parece alguma coisa nova ou sem grande importância, porém, já se nota no seio da igreja a penetração desta cunha maligna. O desvio da igreja primitiva deveu-se à institucionalização. E essa institucionalização deu-se em três níveis interdependentes: o culto, a doutrina e a organização. Com o intuito de “preservar” a “estabilidade” e a continuidade da igreja, alguns “líderes” do terceiro século substituíram a liberdade do Espírito por formas rígidas e institucionalizadas nos três níveis. Atualmente, o maior perigo se relaciona com o clericalismo ou a organização ministerial que surge quando os ministros se tornam uma classe separada do corpo e passam a dominá-los com suas leis, regulamentos e exigências, Ou ainda, quando passam a impor a consagração de seus filhos e parentes ao ministério, mesmo que estes sejam inexperientes ou sem vocação. A tendência é a formação de uma casta sacerdotal.

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É fundamental que se entenda que não e encontra em todo o Novo Testamento qualquer norma ou regulamento sobre o culto e a organização da igreja e do ministério. Nem tampouco o Senhor Jesus deixou expressa qualquer ordem nesse sentido. Donde se concluiu que o culto deve ser dentro da liberdade do Espírito, preservando-se a ordem e a decência (função do ministério). A doutrina está toda revelada na Palavra de Deus. E os ministros devem servir, que o Senhor lhe deu. Nunca passou na mente do Senhor que eles deveriam se constituir em casta ou em clero organizado. A prepotência de liderança de grandes igrejas também está relacionada com o clericalismo, pois basta examinar a história da Igreja Cristã para verificar que esta foi um das formas de surgimento do bispado e, mais tarde, do papado. Toda e qualquer distorção da forma neotestamentária do culto, doutrina ou ministério causa tristeza ao Espírito Santo e pode impedir sua ação. A Política e as Sociedades Secretas O ministro não necessita viver alheio aos acontecimentos políticos de seu país. Pelo contrário, como cidadão, o pastor precisa conhecer alinha de pensamento ideológico dos partido políticos para poder orientar seu povo. Todavia, como ministro de Deus, o pastor sabe que a origem dos graves problemas econômicos e sociais de sua pátria não está na forma de regime político, mas na desobediência dos homens aos preceitos de Deus. Sabe também que a solução, ao contrário do que propala a Teologia da Libertação, não esta na instalação imediata do Reino de Deus na Terra, como forma de governo, mas no arrependimento e na aceitação de Jesus Cristo como Salvador e Senhor. Pelo exposto acima, o pastor não deve atrelar-se a políticos nem a partidos, e, muito menos a igreja. A independência do pastor e da igreja da política evitará constrangimentos, quando houver e ataques de adversários. Isso pode denegrir a vida da igreja e macular a sua imagem diante da sociedade (Jo 15.19; At 2.40; IITm 2.4). Não se pode nem pensar num verdadeiro ministro de Deus pertencendo a sociedade secretas. Ao homem que foi chamado por Deus para exercer o ministério pastoral não é permitido comprometer-se com outros senhores, sociedades e filosofias. Qualquer associação espúria ou subserviência a doutrinas, filosofias ou ritos de origem pagã, deixará dúvidas sobre a legitimidade da chamada divina do pastor que a isso se sujeita. Ética Ministerial Ética é a ciência dos deveres do homem; uma ciência que ensina como proceder na sociedade. A ética vem a ser, pois, um código de regras ou princípios morais que regem a conduta, considerando as ações dos homens com referência á sua justiça ou injustiça, tendência ao bem ou ao mal. Tomada como disciplina de ordem puramente humana, a ÉTICA é um ramo da Filosofia, porque examina e investiga uma parte da experiência humana, a que concerne à vontade responsável e à conduta moral.

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Atualmente, quase todas as profissões seculares dispõem de um código de ética profissional, com vistas a orientar o comportamento de seus associados. Que diremos do Ministério Evangélico? Que diremos das santas normas reveladas nas Escrituras e fundamentadas no caráter santo do Senhor? O ministro de Deus tem de “orientar” sua vida de tal modo que “não se torne causa de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem tampouco para a Igreja de Deus” (ICo 10.32). Portanto, o ministro do Evangelho não pode fugir à ética, sobe pena de cometer falhas irreparáveis, que, acumuladas ao longo dos anos, podem comprometer seu ministério. Não temos a pretensão de estabelecer princípios ou normas próprias ou meramente humanas, antes nosso alvo é mostrar o que diz a Bíblia, com o objetivo de ajudar nossos futuros ministros. Aparência pessoal Na Velha Aliança os sacerdotes vestiam-se como pompa, inclusive com roupas especiais, de acordo com o dia de festa (Lv 8.7-13). Era uma exigência divina. Embora no Novo Testamento não haja qualquer referência ao traje do ministro, temos certeza de que o zelo de Deus concernente a seus servos determina que os ministros se trajem com decência, elegância e discrição. O ministro tem o dever de apresentar-se bem vestido em todas as ocasiões, a fim de evitar se expor ao ridículo. O uso de cores extravagantes e roupas completamente fora de moda não é adequado ao ministro. Faz parte da indumentária e deve requerer certo cuidado ao ministro o uso de sapatos limpos e engraxados. (Sapatos sujos dão idéia de relaxamento). Por outro lado, o ministro deve apresentar-se sempre com barba feita, cabelos cortados, unhas limpas, etc. Não pode se descuidar com a higiene pessoal. É comum o ministro participar de longas reuniões durante o dia, e em lugares quentes. Nesse caso deve tomar tantos banhos quantos forem necessários, e trocar de roupa para evitar mau odor; deve escovar os dentes após as refeições para evitar o mau hálito. O ministro é uma autoridade na comunidade onde vive, e representa a igreja à qual serve; portanto, sua aparência pessoal, de algum modo, reflete a aparência de seu povo. Não é bom esquecer que o traje está relacionado com o meio ambiente, e o ministro não deve exagerar em usar roupas caras e de grande luxo, em lugares humildes. Pode humilhar, ou, pelo menos, constranger as pessoas. Isto é uma questão de bom-senso. A linguagem sã “Torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza” (ITm 4.12) – é determinação do velho apóstolo e mestre ao seu discípulo, para que ser tornasse um padrão na maneira de conversar. Aliás, é bom que fique claro o que envolve este aspecto do comportamento humano:

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a) Tonalidade da Voz O ministro deve moderar sua voz para que não fale gritando, nem fale tão baixo que seja difícil ouvi-lo. Falar alto demais pode parecer exaltação, falta de convicção do que se fala, ou até mesmo falta de educação. b) Vocabulário O vocabulário do pastor não feve ser recheado de gírias e palavras obscenas (Ef 5.3; Sl 34.13; Pv 13.3; 21.23). Durante a pregação, devemos ter cuidado para não usar palavras “pesadas”, ou então palavras incompreensíveis aos ouvintes. O vocabulário deve ser de acordo com o auditório. Porém, é sempre preferível usar um vocabulário simples para ser compreendido. c) Tipo de conversação A Palavra de Deus condena a conversação torpe e vã. Conversas fúteis, anedotas e piadas constituem perda de tempo e pervertem os ouvintes. O pastor que se dá ao hábito de contar piadas ou anedotas, contar fatos de sua vida ministerial, do seu relacionamento som membros, com o objetivo de fazer gracejo ou até menosprezar irmãos humildes, perde respeito e a autoridade (Ef 5.3,4; ICo 15.33; Pv 17.27; Cl 4.6; Tt 2.8; Ef 5.19). d) Gestos A fala também envolve os gestos, e o pastor deve ter cuidado para não ser exagerado nos seus gestos ao falar. Gesticular exageradamente chama muito a atenção das pessoas e, normalmente, se transfere para o púlpito na hora de pregar. Nada justifica que o ministro de Deus venha fazer gestos obscenos, mesmo em hora de ira. e) Os Compromissos O pastor tem um compromisso inalienável com a verdade. A Bíblia recomenda que o servo de Deu seja “de uma só palavra” (ITm 3.8). “Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não; O que disto passar, vem do maligno” (Mt 5.37). A mentira não tem grau. Alguns querem se desculpar que disseram um “mentirinha” ou então que foi uma “mentira inofensiva”. Toda mentira desvaloriza a pessoa humana, logo, o pastor que usa de mentiras estará se depreciando diante de seu povo. O pastor deve ter cuidado com seus compromissos. Ao empenhar sua palavra, ele deve fazer todo o possível para cumprir o prometido, mesmo com prejuízo. Muitas pessoas se escandalizam ou rejeitam o evangelho porque fizeram tratos com obreiros e depois estes se negaram a cumpri-los (Pv 6.16,17; 19.5; Zc 8.16; IICo 13.8).

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Dívidas são compromissos. O texto de Romanos 13.8, segundo a melhor interpretação, não proíbe tomar emprestado, mas sim faltar com o pagamento ou contrato de devolução, o que é contrário à vontade de Deus. O calote demonstra falta de amor para com aquele que está sofrendo o prejuízo, e o cristão tem o dever de amar seus semelhantes (Rm 12.10; 13.8-10). Amor e respeito devido ao colega Em virtude do conhecimento da Palavra de Deus que possuem os ministros, e da necessidade de entrosamento nas convenções ou ministérios, na dependência mútua, devem eles ter mais cuidado no relacionamento interpessoal, para que se evite o desgaste da imagem do pastor. O amor e o respeito entre os pastores deve ser o primeiro exemplo a ser recebido pelo rebanho do Senhor. Infelizmente, nem sempre isso acontece. O amor entre os ministros manifesta-se na forma como cada um se refere ao outro. Em primeiro lugar o pastor não deve falar mal do seu colega: “Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala mal do irmão ou julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz”. Se ele fala mal do seu colega, não pode exigir dos irmãos que vivam em paz uns com os outros, e sem falar mal uns dos outros. O pastor é o exemplo do rebanho (Sl 50.19-21). O respeito também se manifesta na forma como nos referimos a outra pessoa ou ao seu trabalho. Por isso o pastor, ao se referir a um seu colega, não deve fazê-lo de forma a depreciar a sua pessoa ou o seu trabalho. Ninguém é perfeito, nem todos têm o mesmo dom, e o julgamento da obra de cada um pertence ao Senhor (ICo 4.3-5). Alguns princípios que fazem falta Tendo em vista a sua posição social, o pastor deve estar preparado para todas as situações, a fim de não dar e nem sofrer constrangimentos. Por isso é recomendável que o pastor tome algumas lições, com professor ou em livros, sobre as regras de boas maneiras, tais como: *As normas de cumprimento; * As normas de apresentação; *A arte de conversar; *Como evitar vícios e cacoetes; * O bom procedimento à mesa (uso de talheres, modo de sentar-se, etc.), em almoços, jantares e banquetes. E muitas outras regras da etiqueta social. O ministro não somente faz casamentos, mas também participa das recepções, onde freqüentemente estão autoridades e pessoas da sociedade. E é vexatório ver o ministro falar com a boca cheia, mastigar fazendo barulho, pegar os talheres de modo errado, etc. O ministro sempre é visto como exemplo em tudo, portanto não pode falhar nestes detalhes.

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O Sustento Pastoral Não existe a menor dúvida quanto à legitimidade de o ministro receber seu sustento da igreja, à qual serve: “Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho, que vivam do evangelho”. (ICo 9.14). “Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino. Pois a Escritura declara: Não amordaces o boi, quando pisa no grão. E ainda: O trabalhador é digno do seu salário” (ITm 5.17,18). A igreja deve estar sempre atenta para despesas extras de transporte, hospedagem, quando seu pastor viajar a seu serviço. A fixação do salário pode ser função do ministério local, e sempre que possível deve se evitar explorações públicas quanto a valores. Algumas igrejas são muito liberais em relação ao sustento de seu pastor, outras, porém, fazem de seu pastor um empregado de segunda classe, que recebe quando sobra. Os extremos são condenáveis, por isso, não concordamos com pastor que gasta quanto quer, tampouco aceitamos que o servo de Deus sofra necessidades. O apóstolo Paulo gloriava-se em trabalhar com as próprias mãos para se manter, sem depender da igreja (At 18.3; 20.34; IITs 3.8). Não se tratava de orgulho, e sim de precaução contra falsos obreiros que tentavam acusá-lo de muitas coisas. Com essa atitude, ele tinha sempre plena liberdade de falar com autoridades em defesa dos seus ensinos (ICo 9.15; At 20.33,34; IITs 3.6-11). A humildade e a gratidão do apóstolo é demonstrada quando recebeu as ofertas da igreja em Filipos (Fp 4.14-17). O trabalho pastoral feito com dedicação é pesado o bastante para ocupar integralmente o pastor. Na Velha Aliança Começaremos examinando este assunto a partir da Velha Aliança. Nessa dispensação, Deus fez um concerto com Arão e seus filhos, chamando-os para o sacerdócio, e com os levitas para sevirem no tabernáculo (Nm 18.1-7). Deus quis que os sacerdotes e levitas se dedicassem integralmente ao seru serviço (Dt 18.5), por isso tomou a providência de suprir suas necessidades de sustento (Nm 18.8,12,13; Dt 18.1,3,4). Veja a seguinte afirmação feita por Deus aos levitas: “O Senhor é a sua herança, como lhes tem dito”(Dt 18.2 – Leia também Números 18.20). Com esta palavra, o Senhor determinava que eles deviam cuidar para não se intrometerem com os negócios desta vida. Não teriam campo para plantar ou criar, apenas restritas propriedades para manterem os animais entregues pelo povo como dízimo e ofertas. Na Nova Aliança O Senhor é o mesmo (Hb 13.8), e, nesta dispensação, tem chamado homens para serem seus ministros (Ef 4.11; At 13.2,4), e promete cuidar deles (Fp 4.19). Assim como na Antiga Aliança o Senhor determinou ao povo de Israel que entregasse seus dízimos e ofertas para sustento dos sacerdotes e levitas e manutenção

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do tabernáculo, assim também, nesta dispensação, o povo de Deus deve entregar seus dízimo e ofertas para manutenção do ministério e expansão do reino de Deus. Em Israel, quando o povo se desviava para a idolatria deixava de trazer ofertas e dízimos, então os sacerdotes e levitas abandonavam o altar do Senhor e partiam em busca de trabalho nas outras tribos. Era um sinal evidente de decadência espiritual, tantas vezes constatada com tristeza (Ne 13.10; ICr 31.4-11). Portanto, podemos afirmar que o sustento pastoral visa levar o ministro a se dedicar em tempo integral ao ministério, para cumprir fielmente a missão para a qual foi chamado. Ao fixar o sustento do seu pastor, a igreja deve levar em consideração alguns aspectos relevantes: a) O salário deve ser adequado ao tamanho de sua família, aos compromissos ministeriais, às exigências da própria igreja. b Deve ser suficiente para que o pastor e sua família tenham alimentação, vestes, meios de transportes, etc., de modo que a própria igreja sinta-se bem com o tratamento que está dando ao seu pastor.

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A ética cristã aplicada à liderança Embora saibamos que não exista uma liderança ou administração crista propriamente, no entanto, a elevada ética cristã, devidamente aplicada à liderança, auxilia na sua otimização. Para maior compreensão, citamos alguns exemplos: Propósito. O pastor, como líder, procura glorificar a Deus no seu serviço (Sl 22.23; Mt 5.16; Jo 15.8; Rm 15.6; ICo 6.20). Age voluntariamente e não tem como objetivo se auto-promover, mas busca a glória de Deus (Jo 5.44). Método - Na liderança secular, o líder comanda, chefia, com case no seu prestígio pessoal. O Senhor Jesus recomendou aos seus servos: “Quem quiser ser o primeiro entre vós, será servo de todos” (Mc 10.44 – Leia Marcos 10.42-45). Motivação - Na vida moderna, muitas são as motivações do líder: fama, dinheiro, poder, etc. Na vida cristã, a motivação errada torna todo nosso trabalho questionável. Portanto, é bom sabermos que o amor deve ser a base de todo relacionamento cristão, principalmente do pastor como líder. O pastor deve funcionar como modelo para seus liderados (ICo 4.16; Fp 3.17; IITm 1.13). O PASTOR COM LÍDER - O SIGNIFICADO DA LIDERANÇA “Liderança”, no seu significado secular, é a capacidade de comandar (liderar) baseada no prestígio pessoal e aceita espontaneamente pelos liderados. O líder consegue atingir objetivos significativos com a participação voluntária e entusiasta de outras pessoas. O líder não é apanhado de surpresa pelos acontecimentos, ele faz as coisas acontecerem. O trabalho de um líder Como líder do rebanho o pastor: Determina objetivos - Os alvos estabelecidos são mesuráveis a tal ponto que não há dúvidas sobre quando se deve atingir o quê. Planeja atividades - Para atingir objetivos, é necessário realizar atividades específicas. Essas atividades são planejadas de modo que o líder saiba o que deve acontecer a curto, meio e longo prazo. Estabelece prioridades - Nem tudo pode ser feito ao mesmo tempo, por isso se pergunta constantemente: O quê? Por quê? Quando? Quem? Como? E, a partir das respostas, o líder estabelece o que é mais importante.

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O PASTOR, A ESCOLA DOMINICAL E OS CULTOS Não existe outra organização dentro da igreja local tão abrangente e de maior alcance quanto a Escola Dominical. Da mais tenra idade ao ancião, todos têm grande vantagem em participar de uma classe, como, por exemplo: * Acompanhamento direto, de acordo com o seu desenvolvimento físico, mental e psicológico; *Atenção direta do professor para seus problemas e dúvidas; * Maior facilidade de integrar-se nas diversas atividades da igreja; *Estudo sistemático e facilitado da Bíblia; * Integração na igreja como comunidade religiosa e social. Não se podem avaliar os efeitos benéficos da Escola Dominical através dos tempos. Mas, se pode sentir no cotidiano a benção do crescimento espiritual, a salvação de almas e a integração resultante do seu bom funcionamento. A mobilização do povo para a participação na E.B.D É de suma responsabilidade do pastor, no que tange a escola dominical: * Mobilizar o povo para se tornar participante; * Preparar os professores e demais obreiros, e, * Providenciar as condições mínimas para o seu funcionamento. O pastor só consegue mobilizar os membros e congregados da igreja para se tornarem efetivos participantes da Escola Dominical, quando: * Ele mesmo e sua família são participantes entusiastas; * Ele mostra ao povo os benefícios do estudo sistemático da Palavra de Deus; * Ele fala constantemente sobre a responsabilidade dos pais em trazerem seus filhos à escola Dominical. Estes são alguns dos pontos relevantes para incentivar o povo de Deus a participar da Escola Dominical. A preparação de professores Os professores precisam estar preparados para enfrentarem o desafio de ensinar a Palavra, aproveitando a graça de Deus, a ajuda do Espírito, os recursos audiovisuais, e o seu conhecimento da Palavra. Não se ensinem crianças como se fossem adultos e vice-versa. Cada faixa etária deve ser respeitada dentro de suas peculiaridades mentais e psicológicas. O pastor, portanto, deve promover cursos para a preparação dos professores e demais obreiros. A liderança da Escola pode ser delegada a um irmão, com a supervisão do pastor.

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Resumindo, podemos dizer que o culto deve ser solene, sem, no entanto, ser rígido, formalista ou frio. Os cultos de oração e ensino Toda igreja tem semanalmente um culto de oração e ensino. Em algumas igrejas só é permitida a entrada de membros nesse dia, e em outro dia se realiza uma reunião especial de instrução para novos convertidos e congregados. Quanto a essa separação, a definição depende da conveniência, do costume e da decisão da própria igreja. O importante é que a igreja mantenha essa reunião semanal para seus membros, congregados e novos convertidos. É uma grande oportunidade de efetuar estudo de temas e livros bíblicos de forma sistemática. Nestes cultos não se deve perder tempo com muito cântico, anúncios, e outros assuntos de importância secundárias. O pastor também deve ter o cuidado de planejar, com oração, evidentemente, os estudos a serem ministrados. Devem ser estudos doutrinários profundos e com aplicação prática. O descuido destes itens vem sendo a alegação de muitos crentes para abandonarem os cultos de oração e ensino. O culto público Numa igreja cristã amadurecida, não pode haver única conotação, de que os cultos públicos são necessariamente evangelísticos. Em primeiro lugar porque a partir da quarta perseguição movida contra a igreja, aproximadamente no ano 34d.C., os santos assumiram a ordem missionária do Senhor Jesus (Mc 16.15; Mt 28.19,20), como relata Lucas: “Entrementes os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra” (At 8.4). “A mão do Senhor estava co eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor” (At 11.21). E, como vimos em capítulo anterior, aos santos pertence a função de desempenhar seu ministério visando ao aumento do corpo (Ef 4.11-16). Em segundo lugar, o culto público onde a Palavra de Deus é exposta expositivamente, promove o crescimento e a edificação espiritual. Alguns cuidados são indispensáveis na realização do culto público, para melhor proveito e a fim de que se evitem censuras. Horário. Deve haver horário para começar e terminar qualquer culto, seja público ou privativo da congregação. Não é raro notar-se desleixo quanto ao horário de inicio dos cultos. Isso repercute muito mal para o visitantes. Quanto ao término, achamos que deve terminar no horário marcado, exceto quando há um a “operação divina” no culto, como por exemplo, milagres, batismo no Espírito Santo ou renovação espiritual, então, seu retardamento se faz naturalmente. O culto não deve ser prolongado, por falta de organização ou disciplina na distribuição de suas diversas partes. Os motivos para não ultrapassar o horário estabelecido são vários: a atenção é dispersa, os visitantes saem, pois com crianças pequenas possivelmente terão aborrecimentos; irmãos e irmãs que trabalham no dia seguinte muito cedo ficam aborrecidos com os pastores que prolongam o culto até tarde da noite, acusando-os de

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que assim procedem por não serem obrigados a enfrentar o trabalho secular no dia seguinte. Comportamento correto no púlpito O comportamento do obreiro no púlpito exerce profunda influência na congregação, e mesmo no culto. Obreiros conversando, rindo, irreverentes na postura, que mais parecem estar assistindo ao culto do que participando, causam má impressão e prejudicam o andamento e a reverência do culto. O pastor, demonstrando nervosismo ou tensão, leva os cooperadores à mesma situação, e afeta também o culto. A leitura das Escrituras - A leitura da Bíblia deve ser escolhida com antecedência e de acordo com a mensagem a ser proferida. Cada pastor tem um método de realizar essa leitura, todavia o importante é que seja feita com toda reverência e clareza. A solenidade do culto - Todas as atividades dos obreiros no púlpito devem ser reverentes. Os hinos devem ser escolhidos antecipadamente, e o período de louvor conduzido com alegria e reverência, de modo a preparar a congregação para ouvir a mensagem da Palavra. O PASTOR, AS REUNIÕES E O TRABALHO ADMINISTRATIVO São várias as reuniões a que a igreja local realiza com finalidades as mais diversas. Todas essas reuniões têm características próprias. Cabe ao pastor, dentro da orientação do Espírito e pela Palavra de Deus, buscar todos os meios para que, num clima verdadeiramente espiritual, o nome do Senhor seja engrandecido, os crentes edificados e os perdidos salvos. Os recém-convertidos devem ser instruídos, e devem observar nos crentes mais antigos a maneira responsável e solene com que são tratados os assuntos da igreja. Pra melhor compreensão, procuramos dar algumas instruções sobre determinados tipos de reuniões. Reunião de negócios As igrejas devem tem uma reunião trimestral, semestral ou anual, para tratar de sua administração material. São as chamadas reuniões de negócios, quando a Diretoria presta contas e aprova o orçamento para o período seguinte. No seio das Assembléias de Deus é raro o procedimento de aprovar orçamento ou “previsão de receitas e despesas”. Porém, trata-se, de forma apropriada e pertinente, de administrar recursos financeiros, prevenindo-se de crises ou dificuldades no cumprimento de compromissos. Nessas reuniões, a participação somente de membros é mais aconselhável. Além de permitir uma discussão mais ampla dos assuntos administrativos, impede-se, um pouco, de tornar público, aos curiosos, assuntos delicados da administração financeira da igreja. Concluindo, asseguramos que quaisquer que sejam as reuniões que se realizem na igreja, o pastor como seu líder natural, deve tomar conhecimento, e dar a devida

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orientação, demonstrando interesse pelas diferentes atividades, mesmo que não seja necessária sua presença. O Pastor e a Construção de Templos Muitos pastores já tiveram a responsabilidade de construir pelo menos um templo para sua igreja. Em muitos casos o pastor assume a função de mestre-de-obras, construtor, pedreiro e até ajudante. Tudo isso é muito nobre, porém o principal é que os pastores tenham uma visão global das necessidades reais da igreja para que, concluindo um templo, não tenha uma má distribuição do espaço físico: falta de comodidade, capacidade ociosa exagerada, etc. É interessante saber que, mesmo entregando o projeto a um bom arquiteto ou engenheiro, esses técnicos necessitam da orientação do pastor para produzirem um bom projeto, pois eles não conhecem o funcionamento, os objetivos e as necessidades da igreja. Na hora de iniciar a elaboração de um projeto, o pastor não experiente, pode recorrer ao expediente de: *Conversar com outros pastores e obreiros mais experientes e com boa visão no assunto. * Visitar templos de outras igrejas. * Examinar com cuidado os objetivos de sua congregação quanto aos seviços que ela desejar prestar no presente e no futuro. A título de orientação, damos a seguir alguns princípios que devem ser motivo de reflexão na hora de construir um templo. 1) Funcionalidade. Devemos ter o cuidado de que as diversas dependências do templo sejam dispostas da maneira mais prática possível. Os problemas mais comuns são: a) a disposição do batistério com pouca visibilidade, o que implicas na retirada do púlpito e outros móveis no dia de batismo; b) púlpito muito alto que obriga a congregação a olhar para cima; c) galerias que não oferecem visibilidade do púlpito aos que a ocupam, e são de difícil controle pelo dirigente; d) salas da Escola Dominical sem ventilação; e) difícil acesso aos sanitários, etc. 2) Acústica. É indispensável que, na ocasião da elaboração do projeto arquitetônico, se pense também no projeto de sonorização do templo, em todos os seus aspectos. 3) Ventilação. É comum encontrar templos em cidades quentes com péssima ventilação causando sérios problemas de desconforto em dias de grandes reuniões. Todo cuidado é pouco com a ventilação. Não se trata do tamanho de portas e janelas, mas da sua colocação estratégica. 4) Simplicidade. Além das críticas maldosas que a construção de templos suntuosos causa, outros motivos como a evolução do estilo de construção, apontam para a construção de templos amplos, porém simples e confortáveis.

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Evidentemente que o tamanho do templo está relacionado com o número existente de membros, com o crescimento quantitativo experimentado nos últimos anos, e com as atividades desenvolvidas pela igreja. Podemos, de uma forma simples, dividir o templo nas seguintes partes: a) Santuário. É o templo propriamente dito, também chamado de salão ou nave. Localizam-se no santuário os assentos para o povo, o púlpito, o batistério. b) Dependências Sanitárias. Devem se localizar de tal forma que haja fácil acesso do público. c) Berçário. Geralmente anexo ao santuário para facilitar o acesso das mães e pessoas encarregadas. Pode se dividir em dois: numa parte ficam os berços para nenês, e na outra crianças que engatinham e estão começando a andar. d) Dependências Administrativas. Compreendem gabinete pastoral, sala de espera, secretaria, tesouraria, almoxarifado. Não há necessidade de ficarem juntas. e) Dependências da Escola Dominical. É uma pena verificar que inúmeros grandes templos neste país não dispõem de dependências adequadas para a Escola Dominical. Há necessidade de salão para um departamento infantil, salas para diversas classes, salas para as classes de adolescentes e jovens. Lugar para a secretaria da Escola e guarda de material didático. Quando há dependências para a Escola Dominical, também pode se realizar a Escola Bíblica de Férias e outros eventos que envolvam crianças, adolescentes e jovens. f) Dependências para Assistência Social. Se a igreja tem algum departamento que cuida da assistência social aos menos favorecidos, então é indispensável que existam dependências para esse fim. g) Dependências par Eventos. Algumas igrejas costumam manter Escolas Bíblicas Temporárias para obreiros, às vezes, extensivas aos irmãos em geral. Neste caso, deve ser projetada cozinha, refeitório e lugar para hospedagem. Dependendo da funcionalidade, as dependências para Escola Dominical podem ser adaptadas para este fim. h) Dependências para Zeladoria. De acordo com o tamanho e influência da igreja, há necessidade de ter residência para o zelador. A Hora de Mudança O pastor é um servo que deve sempre estar no lugar designado por Deus e desempenhando a tarefa que Deus naquele momento determina. Por esse motivo,

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quando um pastor reivindica a vitalicidade para seu pastorado em um igreja, há motivo de preocupação. É sinal evidente de queda, de apostasia. Enquanto o Senhor não vem, haverá pastores deixando igrejas e pastores assumindo igrejas. Desde que dentro da vontade divina, é um movimento benéfico para o pastor, para a sua família e para as igrejas. Portanto, o servo de Deus deve estar atento quanto ao término de seu tempo na igreja que pastoreia. Se houvesse obediência irrestrita por parte de todos os homens de Deus, certamente muitos escândalos teriam sido evitados. Ao pastor que está para deixar uma igreja convém trabalhar até o último minuto como se fosse ficar por toda a vida naquele lugar. Eis alguns princípios que deve observar: a) Não endividar a igreja para seu sucessor. b) Preparar os irmãos, incentivando-os a receberem seu novo pastor com alegria. Para isso deve realçar as qualidades de seu sucessor, se as conhecer. c) Ter cuidado para não deixar dívidas pessoais, contratos não cumpridos, e outras pendências que poderiam comprometer seu bom testemunho. d) Não exigir indenizações sob qualquer pretexto. A igreja não é empresa, nem o ministério profissão. Ao pastor que assume uma nova igreja recomendamos trabalhar como se tivesse de prestar contas a o Mestre na próxima semana, e ainda: a) Não falar mal e nem desfazer o trabalho de seu antecessor (Pv 16.5). b) Primeiro, observar atentamente as atividades e costumes da igreja, para depois efetuar mudanças. Mudanças bruscas e sem saber o que está fazendo poderão trazer graves conseqüências (Pv 13.16). c) Procurar conhecer seus novos companheiros de trabalho. Ter cuidado com aqueles que querem aparecer de qualquer maneira, nem que seja falando mal dos outros. Concluímos este tópico dizendo que a igreja não é uma herança ou propriedade de pastores. A igreja é do Senhor e os pastores são servos que devem sempre estar dispostos a mudar, porém no tempo. O uso da expressão “minha igreja” como mera identificação não tem nenhuma mal, mas o seu uso, como se realmente a igreja fosse nossa é uma afronta ao Senhor Jesus Cristo (Ef 5.24-26; Rm 16.16). O Pastor e a Evangelização Quando lemos o livro de Atos dos Apóstolos, percebemos que a igreja apostólica envolveu-se com amor, ousadia e poder na obra de evangelização, a pondto de em poucas décadas ter revolucionado o Império Romano com a mensagem do Evangelho. Alguns fatos narrados em Atos devem ser considerado seriamente pelos pastores: Primeiro, a evangelização na igreja apostólica era um estilo de vida dos crentes, e não atividade esporádica ou exclusiva dos ministros. Entendemos “estilo de vida” como a nossa maneira de viver, de tratar; algo que faz pare de nossas atitudes e

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comportamento. Pois bem, evangelizar estava embutido em todos esses aspectos da vida de cada crente daquela época. Quando saíram de Jerusalém por causa da terrível perseguição movida por Saulo de Tarso, eles iam por toda parte anunciando a fé em Jesus Cristo (At 8.4,5; 11.19-22). Igrejas em muitas cidades e vilas foram fundadas pelo testemunho dos crentes, e só mais tarde receberam a assistência pastoral (At 8.14; 11.22). PERIGOS NA LIDERANÇA Um líder eficaz pode fracassar em plena atividade, pois são muitos os perigos a serem superados. E não é difícil esquecer algumas armadilhas colocadas no caminho. Ei-las: Autoconfiança. É uma tendência natural, quando as coisas vão bem, confiar em nossas habilidades, experiências, sabedoria, ao invés de depender de Deus. Esquecemos que Deus é quem efetua em nós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade (Fp 2.13 – medite também em Salmo 127.1; Jeremias 10.23; João 3.27; 15.5; segunda Coríntios 3.5). Negligência. O pastor, como líder de uma grande obra, pode envolver-se tanto com muitas atividades, a ponto de negligenciar o maior bem, a fonte de sua própria força e motivação: a adoração. É na adoração que o pastor repassa para o Senhor seus conflitos interiores, suas frustrações e temores, suas angústias. É na adoração que o pastor recebe novas forças e motivações (Gl 5.22; Jo 10.9). Não ouvir. “Risco muito sutil que ameaça os líderes cristãos experientes é a incapacidade de saber ouvir colegas mais jovens” (1). Todos os obreiros que estão ao redor do pastor merecem ser ouvidos com atenção, e ter oportunidade de contribuir para a obra do Senhor, de forma participativa. O pastor, com líder, precisa não apenas ouvir, mas ter humildade para reconhecer, quando errar, e tomar providências para corrigir-se. Assim se estabelece a autenticidade, e em nada afeta a autoridade, até a fortalece. Perder a Verdadeira Motivação e o Gozo de Servir. O papel mais elevado da liderança cristã é o de servo dos servos. Este foi o exemplo transmitido pelo próprio Senhor Jesus que não veio para ser servido, mas para servir. Dois aspectos não podem ser deixados para trás: o amor que motiva, que leva o servo de Deus a servir sem interesse próprio, mas para glória de Deus; e o gozo desse serviço. “A alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8.10b). “Servi ao Senhor com alegria, apresentai-vos diante dele com cânticos” (Sl 100.2). O amor motiva e a alegria fortalece, não obstante as dificuldades e os contratempos. O PREÇO DA LIDERANÇA O Senhor Jesus definiu claramente o preço a ser pago por quem aceita seu convite para liderar: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará” (Lc 9.23,24).

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A liderança otimizada pelos elevados princípios da ética cristã exige um preço a ser pago pelo líder. Paulo, ao comparar o obreiro cristão com o atleta romano, afirma que sem autodisciplina não existe prêmio (ICo 9.25-27). E ao escrever a seu discípulo Timóteo, acrescenta: “Igualmente o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas” (IITm 2.5). O mesmo escritor dá uma visão mais prática às palavras do Senhor (Lc 9.23,24), quando afirma: “Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou” (IITm 2.4). A liderança legítima exige um preço a ser pago pelo líder, que ser apresenta de muitas formas. Analisaremos alguns destes aspectos. Porém, o leitor poderá descobrir muitos outros. A crítica. Dependendo da forma como é feita, a crítica desestimula, aflige e pode provocar sérios problemas para o líder. Só aqueles que estão emocional e espiritualmente preparados suportam e até transformam a crítica num bem. Essa transformação se dá quando o líder, diante da crítica, faz uma acurada reflexão e leva o problema ao Senhor em oração. A meditação. O líder precisa ter tempo para se dedicar à meditação e ao pensamento criativo. Líderes muito ocupados, que não têm tempo para refletir, avaliar seu trabalho, planejar suas atividades, etc., geralmente entram na rotina ou em crise. O exemplo maio está no Senhor Jesus, que separava tempo para estar a sós com Deus. Decisões difíceis. Um outro preço a ser pago pelo pastor como líder, está na hora de tomar decisões. Existem decisões difíceis que merecem tempo para avaliar suas conseqüências e pedir orientação a Deus. Outras decisões não agradáveis a certas pessoas ou grupos na igreja precisam ser tomadas, e o pastor não pode fugir à sua responsabilidade. Afastar obreiros incapazes ou problemáticos, fazer mudanças administrativas, exigir ordem e disciplina, são algumas decisões que nem sempre agradam as todos os crentes. Tentações. Mas umas vez temos de falar sobre tentações; neste caso elas constituem um preço a ser pago pelo pastor. Rejeitá-las, manter-se vigilante, para não se deixar dominar, nem sempre é fácil. É um preço a ser pago. Entre as tentações que mais atacam o pastor como líder estão: o abuso de poder, o orgulho, a inveja e a competição. Ao ser colocado na liderança de uma igreja, o pastor recebe autoridade legítima para exercer controle e influência, com o objetivo de edificar seus membros (Mt 16.19; 18.18; IICo 10.8; 13.10). O uso dessa autoridade deve ser sempre dentro do que ensina a Palavra de Deus e da orientação do Espírito Santo. O pastor nunca deve permitir que sua autoridade leve à exaltação do ego e ao autoritarismo. A popularidade, a fama, e o poder podem afetar o desempenho do líder, quando ele deixa que sentimentos de orgulho e inveja o dominem. É comum tais pessoas se julgarem indispensáveis ou infalíveis. Sentem-se tão seguras de si, e pensam que jamais podem ser substituídos à altura. Em seus conceitos, as outras pessoas são incapazes – pensam –, mesmo que não expressem em palavras tal sentimento. Por outro lado, essa

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falsa segurança leva-as a não reconhecerem seus erros, nem ouvirem conselhos e advertências. A humildade que vem de Deus pelo sei Espírito é o preço que o pastor deve pagar para evitar o naufrágio. O Novo Testamento compara a vida cristã a uma competição espiritual, onde o servo de Deus esforça-se por atingir o alvo estabelecido por Deus – a perfeição em Cristo (ICo 9.24; Fp 3.14; Hb 12.1; IITm 4.7,8). Porém, condena a competição no sentido de emulação, porfia, pois esta é carnal e diabólica, cujos resultados são a inveja, a disputa, a contenda (IICo 12.20). A competição espiritual satisfaz ao espírito, agrada a Deus, não recebe elogios nem condecorações dos homens. A emulação satisfaz ao ego, desagrada a Deus, leva o líder cristão à vulgaridade.

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O Pastor e a Responsabilidade Social A maneira como vemos o Senhor Jesus Cristo, determina, sem dúvidas, nosso estilo de vida como cristãos. Alguns ó vêem o Cristo amoroso, misericordioso, porém, não conseguem ver o Cristo justo e santo. Outros vêem o Cristo que oferece alívio ao sofredor, todavia não o vêem como Salvador e doador da vida ao pecador. É bastante lógico concluirmos que o nosso serviço cristão é resultado de nossa visão de Cristo, da imagem que temos do Senhor. Por isso alguns afirmam que a igreja deve se preocupar exclusivamente em pregar a salvação pela fé; a assistência social é problema do governo. Outros fazem exatamente o contrário; esquecem a pregação da fé, porém dedicam à obra social com todo o afinco. Exemplo de Jesus Ao examinarmos os Evangelhos, podemos compreender que o Senhor Jesus desempenhou um ministério integral, do qual analisaremos alguns aspectos fundamentais: Primeiro, Ele esteve totalmente comprometido com toda a vontade de Deus. Com o Pai, que é o Santo, que é amor e que é justiça. “Porque Eu desci do céu não para fazer a minha própria vontade; e, sim, a vontade daquele que me enviou” (Jo 6.38 – Leia-se ainda: Lc 22.42; Jo 5.30). A oração do Getsêmani (Mt 26.39; Lc 22.42) é um testemunho de que Ele pensou e agiu a partir do compromisso com toda a vontade do Pai. Segundo, o seu ministério foi inteiramente colocado no cumprimento da vontade e do plano preestabelecido pelo Pai. O Senhor Jesus rejeitou o mínimo desvio de sua missão. Isto constatamos quando Ele replicou certo homem que desejava torná-lo juiz: “Mas Jesus lhe respondeu: Homem, quem me constituiu juiz ou repartidor entre vós?” (Lc 12.14). Todas as atividades que o Mestre empreendeu durante o seu ministério estavam relacionadas com sua missão. Terceiro, o Senhor Jesus cumpriu integralmente o seu ministério quanto à abrangência que estava determinada no plano de Deus, por isso não respeitou classe social, raça, religião, ou outro obstáculo. Pregou a ricos e plebeus: a homens e mulheres ilustres, como a meretrizes. Quarto, o ministério do Senhor Jesus alcançou o “homem integral”, isto é, na sua triunidade: corpo, alma e espírito. O seu ministério foi uma resposta a todo corpo enfermo, possesso, faminto, sedento; à alma triste, abatida, aflita, desconsolada; ao espírito sem paz e sem comunhão com Deus: “E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades. Vendo Ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9.35,36). A compaixão do Senhor era a motivação suprema de seu serviço. Jesus se comovia profundamente ao ver as necessidades humanas. Seus olhos nunca estiveram fechados ante o sofrimento dos homens. Vendo, comovia-se, e, em seguida, entrava em ação, libertando, curando, ensinando ou salvando. São muitos os exemplos que os evangelhos relatam:

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Mateus 14.14: “Desembarcando, viu Jesus uma grande multidão, compadeceu-se dela e curou os seus enfermos”. Marcos 1.40,41: “Aproximou-se dele um leproso rogando-lhe, de joelhos: Se quiseres, podes purificar-me. Jesus, profundamente compadecido, estendeu a mão, tocou-o, e disse-lhe: Quero, fica limpo!” Marcos 8.2,3,8: “Tenho compaixão desta gente, porque há três dias que permanecem comigo e ao têm o que comer. Se Eu os despedir par suas casas em jejum, desfalecerão pelo caminho; e alguns deles vieram de longe...Comeram e se fartaram...” Lucas 7.13-15: “Vendo-a, o Senhor se compadeceu dela e lhe disse: Não chores! Chegando-se, tocou o esquife e, parando os que o conduziam, disse: Jovem, Eu te mando: Levanta-te. Sentou-se o que estivera morto e passou a falar; e Jesus o restituiu à mãe.” Lucas 18.41,42: “Que queres que Eu te faça? Respondeu ele: Senhor, que eu torne a ver. Então Jesus lhe disse: Recupera a tua vista; a tua fé te salvou.” O exemplo da igreja primitiva Os apóstolos não esqueceram os ensinos e o exemplo do Senhor Jesus. Mantiveram os mesmos princípios, atendendo às necessidades do corpo, da alma e do espírito. A evangelização e assistência social mantiveram-se unidas no primeiro e segundo séculos, pelo menos. Atos 4.32,34a: “Da multidão dos que creram era um coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém lhes era comum... Pois nenhum necessitado havia entre eles...” Atos 20.35: “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados, e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.” Romanos 12.13: “Compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade.” Hebreus 13.16; “Não negligenciais igualmente a prática do bem a mútua cooperação; pois com tais sacrifícios Deus se compraz.” A quem dirigir o serviço social O amor em ação, isto é evidenciado no serviço social, nas boas obras, e deve começar em casa. Assim lemos em Atos 4.32-35, e assim recomenda o apóstolo: “Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gl 6.10). Está explícito no texto que o limite do serviço social cristão é o nosso amor, porque todos incluídos nesta ação: “Façamos o bem a todos”. Esta afirmativa corresponde ao ensino do Senhor na parábola do bom samaritano (Lc 10.30-37), e quando Ele rechaçoou o esnino dos fariseus: “Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5.43,44).

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Evangelização e serviço social A negligência da igreja através dos séculos em relação à ação social tem levado ao extremo de colocar a evangelização oposta à ação social, como se uma excluísse a outra. Ambas devem ser autênticas expressões do amor de Deus derramado em nossos corações. Os exemplos do Senhor Jesus e da igreja primitiva demonstram que o evangelho não visa apenas à alma, ou apenas ao corpo, mas ao homem como pessoa humana integral. Aqui não existe qualquer defesa ao que se chama de “evangelho social” que tenta substituir as boas-novas de salvação por uma mensagem de simples promoção social. Cabe ainda acrescentar as palavras do grande teólogo de nosso tempo, John R. W. Stott: “Muitos de nós temos sido insensíveis quanto a estes assuntos. Temos pensado e atuado como se Deus só fosse o Redentor, e não o Criador de todos os homens; como Jesus só tivesse pregado e não tivesse sido movido pela compaixão a alimentar os famintos e sarar os enfermos. Naturalmente, se tivéssemos de escolher entre evangelização e serviço social, teríamos presente que a vida espiritual e eterna é mais prioritária que a material e temporal. Mas não temos de escolher, ou pelo menos, serão contadíssimas as ocasiões em que teremos de fazê-lo. Jesus não escolheu: manteve as duas coisas juntas”.

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BBiibblliiooggrraaffiiaa

MENDES, José Deneval - Teologia pastoral - 10 ª Ed. Rio de Janeiro – Editora CPAD

NOUWEN, Henri J. M. - Tentações e desafios do ministério pastoral - O Perfil do Líder Cristão do Século XXI - 2 ª Ed. Editora Atos FISHER, David - O pastor do século 21 – Uma reflexão bíblica sobre os desafios do ministério pastoral no terceiro milênio -4 ª Ed. São Paulo - Editora Vida

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Avaliação do Módulo Teologia Pastoral

1. Explique à luz da apostila como seria a chamada divina direta e a indireta para o

ministério Pastoral e dê exemplos bíblicos de cada caso. 2. Apresente pelo menos 05 características necessárias ao caráter de um pastor. 3. Segundo nos apresenta o apóstolo Paulo, quais são os cinco dons ministeriais? 4. Quais são os dois principais objetivos do ministério pastoral? 5. Quais as três características do ensino na igreja? 6. Quantos e quais são os dons espirituais listados pelo apóstolo Paulo em I Coríntios 12? 7. Faça uma lista de quais são os dons de serviço enumerados por Paulo. 8. Explique a função do diácono no corpo de Cristo. 9. Explique a função do presbítero. 10. Em sua opinião é justo o pastor receber um salário mensal de sua igreja? Embase sua opinião na Bíblia.

OBS: Não se esqueça de colocar nome em sua avaliação

a) O aluno deverá enviar a avaliação para o e-mail: [email protected]@[email protected]@esutes.com.br b) O tempo para envio da avaliação corrigida para o aluno é de até 15 dias após o recebimento da

avaliação Enquanto a prova é corrigida o aluno já pode solicitar NOVO MÓDULONOVO MÓDULONOVO MÓDULONOVO MÓDULO

c) Alunos que recebem o MÓDULO IMPRESSOMÓDULO IMPRESSOMÓDULO IMPRESSOMÓDULO IMPRESSO podem enviar sua avaliação também para e-mail: [email protected]@[email protected]@esutes.com.br

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DICAS DE ESTUDO ON-LINE

1- Procure utilizar em seu computador um protetor de tela para minimizar a claridade do monitor. Temos que cuidar de nossa visão

2- Se for estudar a noite, duas dicas:

a) Não deixe para estudar muito tarde, pois o sono pode atrapalhá-lo em sua concentração;

b) Não deixe a luz do ambiente em que estiver, apagada, pois a claridade da tela do computador torna-se ainda maior, provocando dor de cabeça e irritabilidade.

3- Pense na possibilidade de imprimir sua apostila, pois pode ser que isso dê a opção, por exemplo, de carregá-la para onde quiser e de grifar com caneta, partes que ache importante.

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