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 CCDD  Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Teologia Psicolo gia Pastoral   Au l a 1 Professor Ne ir Moreira da Sil va

Teologia Psicologia Pastoral Aula 1

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Teologia Psicologia Pastoral 

 Aula 1 

Professor Neir Moreira da Silva

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Conversa InicialOlá estudante de teologia! Este é o nosso primeiro encontro, seja bem-

vindo a este fantástico mundo do conhecimento teológico, e em especial à

Psicologia Pastoral  – uma disciplina que por si só já se anuncia pertencente e

relacionada a dois contextos das ciências humanas: a arte psicológica e a prática

pastoral. Inicialmente, você vai conhecer o panorama geral desta disciplina a

partir do seu objeto de estudo. Além disso, sua compreensão e aprofundamento

em Psicologia Pastoral incluirá as definições fundamentais desta disciplina, o

conhecimento das concepções de humanidade, bem como a relação entre a

Bíblia e o gênero humano.

Está pronto para iniciar os seus estudos? Então se acomode e

vamos lá!

Conheça o professor Neir Silva, quem lhe direcionará ao longo desta

disciplina e apresentará o conteúdo de hoje. Confira no materialonline.

Contextualizando

Inicie seus estudos tentando responder as duas questões:

 A ciência ps icológica e a prát ica pastoral se relacionam

harmoniosamente?

Qual a relevância do conhecimento psicológico no contexto

religioso?

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Pode-se afirmar que o objeto de estudo em Psicologia Pastoral de fato é

o ser humano a partir do viés relacional entre os conceitos da Psicologia e os

fundamentos da Teologia com vista à compreensão não apenas do sujeito e suas

demandas existenciais e espirituais, mas na tentativa de permitir que ele reúna

condição e recursos para redefinir sua própria história diante de si, sua família,

sua comunidade e sua experiência espiritual. Com os temas abordados hoje

você poderá compreender melhor esta afirmação. Vamos lá!

Assista agora à contextualização pelo professor Neir no material online!

Pesquise

TEMA 1: Introduzindo a Psicologia Pastoral

Para darmos início ao nosso encontro, é preciso afirmar que para uma

boa compreensão da Psicologia Pastoral faz-se necessário partir do

entendimento do que vem a ser Psicologia. Desta forma, este primeiro momento

será dedicado a fazer uma revisão sobre as principais escolas e sistemas

psicológicos.

Entendida como “a ciência que estuda o comportamento humano e os

processos mentais” (Filho & Schallenberger, 2010, p.19), a Psicologia é uma

das ciências humanas derivadas da Filosofia; ou seja, antes do nascimento da

ciência psicológica, no final do século XIX, a Filosofia abarcava também oconhecimento psicológico, mas isso será estudado em detalhes posteriormente.

Entende-se por Psicologia:

“A ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos

da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e

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rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada,

sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade”

(Bock, 2002, p.19).

Ressalte-se que a ciência é caracterizada pelo processo de um novo

conhecimento a partir de algo previamente desenvolvido. E é esse movimento

que dá sentido ao contexto científico e o faz progredir constantemente.

Para ampliar a noção sobre a ciência psicológica, faça a leitura do artigo

“A Psicologia Como Campo de Conhecimento e Como Profissão de Ajuda”,

neste link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-

294X2004000100003&lng=pt&nrm=iso 

A ciência psicológica estuda cuidadosamente muitos conceitos, no

entanto, há dois que merecem especial atenção neste tema introdutório: o

comportamento e a experiência.

De acordo com Costa (2006, pp.28,29), às manifestações exteriores da

vida mental  –  atitudes diante do meio social em que vivemos, como ações,

gestos, expressões e linguagem  –  denomina-se comportamento. E o

comportamento pode ser normal ou patológico. Curiosamente, “o

comportamento anormal é mais observável do que o normal”. Por outro lado, a

experiência refere-se “ao estado consciente ou fenômeno mental, talvez um

sentimento, que é experimentado pela pessoa como parte de sua vida mental

interior”. 

“Após Wundt ter criado o primeiro laboratório de psicologiaexperimental, muitos estudiosos emigraram para a Alemanha paraestudarem com ele. A partir de então, desenvolveram-se váriasescolas ou sistemas de psicologia, diferenciando-se em suastécnicas e metodologias, que nos permitem estudar ocomportamento e a experiência religiosa do ser humano, comobjetivo de analisar e compreender o que as pessoas fazem, comofazem e por que fazem” (Costa, 2006, pp.29,30). 

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Portanto, é nesse momento que marca uma nova era na Psicologia por

se tratar do desenvolvimento inicial dos seus principais sistemas. Dentre eles,

podemos destacar os seguintes:

Estruturalismo | Funcionalismo | Psicologia de Gestalt | Psicologia

Individual | Psicolog ia Behaviorista | Psicologia analítica | Psicolog ia

Humanista

Vamos conhecer cada sistema!

Estruturalismo

Fundado por Edward B. Titchener, o seu objeto de estudo baseava-se no

sistema teórico de Wund, o qual consistia em estudar os fenômenos mentais

através de descrição pormenorizada e analítica das sensações. A esse relato

minucioso da experiência consciente, os estruturalistas chamaram de

introspecção.

Funcionalismo

William James “se opunha à psicologia experimental clássica doestruturalismo, por achar que se utilizava uma abordagem passiva ao estudar oconteúdo da mente” (Costa, 2006, p.30). Para o Funcionalismo, o objeto dapsicologia consiste em “descobrir como funcionam os processos mentais, tais

como o pensamento, a emoção, seus conhecimentos, suas aspirações, decisõese outros, para adaptar o ser humano ao meio ambiente” (Costa, 2006, p.30). 

Psicologia da Gestalt

Christian Von Ehrenfels, Koffka e Köhler (entre outros) são considerados

os precursores do movimento gestaltista, o qual teve origem em 1890.

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A rigor, “Gestalt” é uma palavra de origem alemã de significado e tradução

não muito precisos para o português, sendo aceita como “estrutura enquanto

conjunto somativo” ou configuração. Para a psicologia de Gestalt, “a experiência

que a pessoa traz consigo é uma característica de totalidade ou estrutura, isto é,

o ser humano deve ser compreendido como um todo, com os seus fatos

psíquicos, condutas e personalidade” (Costa, 2006, p.32). 

Há um lema muito conhecido que traduz certamente o pensamento

gestaltista: o todo não signif ica a soma das partes!

Psicologia Individual

Alfred Adler e principalmente Sigmund Freud são dois dos principais

representantes da psicanálise, a qual pertence a este sistema psicológico. Para

os analistas (como são chamados os psicanalistas), a origem e causa dos conflitos

ou traumas estão situados na infância dos pacientes, os quais contribuem para amanutenção ou agravamento dos problemas vividos na atualidade. Dessa forma,

os pacientes são estimulados a reviverem as experiências do passado resgatando

os conflitos inconscientes para o plano consciente. E, um dos caminhos viáveis

para se ter acesso ao conteúdo inconsciente são os sonhos, sendo a interpretação

destes um dos recursos fundamentais para o trabalho psicanalítico.

Psicologia Behaviorista

A partir dos experimentos do fisiologista russo Ivan Pavlov, os psicólogos

norte-americanos John Broadus Watson e Burrhus Frederik Skinner

desenvolveram aquela que seria uma das principais escolas psicológicas da

atualidade. Sabe-se que “behavior ”  é um termo inglês, traduzido por

“comportamento”. Para Skinner, o objeto da psicologia consiste em predizer e

controlar o comportamento individual.

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Psicologia AnalíticaCarl Gustav Jung elaborou esta teoria e método psicológicos como um

método genérico, os quais englobam a psicanálise freudiana, a psicologia

adleriana e outras tendências derivadas da psicologia geral. “Para Freud, o

indivíduo está preso ao passado de sua infância, e para Jung, o indivíduo está

preso ao passado da infância e também ao passado da espécie, e, antes disso,

à longa cadeia da evolução orgânica” (Costa, 2006, p.35). 

Psicologia Humanista

Diferentemente da maioria das escolas psicológicas este sistema está

mais vinculado à literatura e às áreas humanas do que com a ciência

propriamente dita. “Na abordagem fenomenológica da personalidade, o foco

central é a maneira como a pessoa percebe e interpreta os eventos em seu

ambiente atual, isto é, o objetivo desta psicologia é compreender a pessoa”(Costa, 2006, p.36). Carls Rogers desenvolveu a psicoterapia “centrada-no-

cliente”  a qual foi fundamentada em suas diversas experiências em

atendimentos psicoterapêuticos.

Portanto, com base na lista das diversas escolas psicológicas, é possível

tomarmos integralmente as palavras de Linda Davidoff, pois segundo ela, a

Psicologia “não é um corpo de conhecimentos nem unificado, nem completo. [...]

Existem muitos fenômenos importantes que não compreendemos. Assim, o leitor

não deve esperar uma abordagem única do objeto da psicologia ou resposta

para todos os seus problemas” (Costa, 2005, p.41). 

Viu só? Estudar Psicologia é estudar o ser humano em sua complexidade

e sua singularidade, afinal ele é considerado o personagem principal do processo

de desenvolvimento das suas ideias, seus pensamentos e seus

comportamentos. Sua maneira única de ser, pensar e agir é o que define sua

subjetividade.

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“Esta síntese – a subjetividade – é o mundo de ideias, significadose emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suasrelações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica;é, também, fonte de suas manifestações afetivas ecomportamentais. [...] A subjetividade é a maneira de sentir, pensar,fantasiar, sonhar, amar e fazer de cada um. [...] Ou seja, cada qualé o que é: sua singularidade” (Bock, 2002, p.23).

Segundo Bock (2002), os dois elementos básicos da subjetividade são o

movimento e a transformação. Portanto, a psicologia tem também o objetivo de

estudar e compreender esses elementos constitutivos da subjetividade humana

e as relações dos mesmos com a realidade concreta a partir da experiência do

indivíduo.

“A Psicologia colabora com o estudo da subjetividade: é essa a sua forma

particular, específica de contribuição para a compreensão da totalidade

da vida humana” 

(Bock, 2002, p.23).

Para a Psicologia, o indivíduo é o próprio construtor da transformação.

Transformação sua e do mundo no qual está inserido. Veja com o professor

Neir um pouco mais sobre este tema no material online!

TEMA 2: Defin indo Psicologia Pastoral

Para entender o que é a Psicologia Pastoral, estudaremos brevemente o

que é a Teologia, bem como vincular o tema à Psicologia Pastoral propriamente

dita.

Proveniente da associação dos radicais gregos teo (Deus) e logia (estudo,

tratado), pode-se afirmar categoricamente que Teologia significa literalmente o

estudo acerca de Deus (e a relação dele com a criação).

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Evidentemente, ninguém pode compreender totalmente Deus ou estudá-

lo em um laboratório, no entanto, a partir das Escrituras Sagradas é possível

estudar a pessoa e a obra de Deus, tanto em relação a si mesmo quanto em

relação à humanidade e à sua criação. E, tomando por base a relação de Deus

com a humanidade, podemos estabelecer um vínculo claro entre a teologia e a

psicologia, uma vez que ambas as ciências têm no sujeito humano o seu objeto,

de alguma forma.

Historicamente muitos pensadores, filósofos e teólogos constituíram fonte

excepcional para o conhecimento humano e, portanto, foram igualmente

importantes para o desenvolvimento da ciência psicológica, como Platão em que

sua característica principal do pensamento é o dualismo. Conheça outros a partir

da próxima tela!

“Em seu dualismo, Platão concebia o mundo como: a) Mundo material – decaído

e alienado, uma reprodução imperfeita, uma imitação malfeita, uma participação

limitada em um mundo ideal; b) Mundo das ideias – perfeito, eterno, incorruptível

e divino. [...] Para Platão, a alma se relacionava apenas com as ideias puras e

pertencia a Deus, enquanto o corpo, a Satanás” (Costa, 2006, p.13). 

AristótelesO homem não consiste apenas da alma, mas é produto da união

substancial da alma e do corpo; aquela concebida como forma e este como

matéria; logo, a alma simboliza um elemento espiritual, divino e imortal.

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Hipócrates

Esse médico grego desenvolveu um dos primeiros estudos sobre os tipos

de personalidade; para ele há quatro tipos básicos associados aos humores

corporais: a) melancólico (deprimido); b) colérico (irritável); c) sanguíneo

(otimista); e, d) fleumático (calmo).

Galeno

Formado em medicina, anatomia, filosofia, matemática e literatura (século

I d.C.), ele foi considerado o pai da neurofisiologia. “Galeno foi o primeiro a

reconhecer o cérebro como sede dos processos mentais, corrigindo os

ensinamentos de Platão de que a sensação era função do corpo, e de

 Aristóteles, de que a sede física da vida mental era o coração” (Costa, 2006,

p.21).

Agostinho

Considerando que o Cristianismo era a religião oficial do Império Romano,

esse teólogo, filósofo, escritor e bispo católico procurar justificar racionalmente

a fé cristã. “Inspirado em Platão, também fazia uma cisão entre alma e corpo.

Entretanto, para ele, a alma não era somente a sede da razão, mas a prova de

uma manifestação divina no homem. A alma era imortal por ser o elemento que

liga o homem a Deus” (Costa, 2006, p.21). 

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Tomás de Aquino

É considerado por muitos como o maior teólogo da Igreja Católica.

“Aquino viveu num período que prenunciava a ruptura da IgrejaCatólica, o aparecimento do protestantismo – uma época que pregavaa transição para o capitalismo, com a revolução francesa e arevolução industrial na Inglaterra. Essa crise econômica e social levouao questionamento da Igreja e dos conhecimentos produzidos por ela.Dessa forma, foi preciso encontrar novas justificativas para a relaçãoentre Deus e o homem. São Tomás de Aquino foi buscar em Aristóteles a distinção entre essência e existência” (Costa, 2006,p.22).

Neste momento é necessário destacar dois fatos importantes

relacionados à história eclesiástica, embora estejam separados por muitos anos.

Em primeiro lugar, a partir do século IV depois de Cristo, o Cristianismo foi

declarado religião oficial do Império Romano; a igreja “monopolizava a educação

e, em consequência, tinha-se uma cultura teocêntrica, isto é, o pensamento, as

artes e todos os campos do conhecimento ocupavam-se somente com o estudo

de Deus e da vida sobrenatural” (Costa, 2006, p.23). Em segundo lugar, no

século XVI, as pessoas identificadas como portadoras de transtorno mental e do

comportamento eram consideradas como possessas por espíritos malignos.

Ademais, cria-se também que os loucos à época eram feiticeiros.

Sobre a relação entre a teologia e a psicologia a partir das questões

existenciais, faça a leitura do artigo “Significação Religiosa do Sofrimento e

Posição Psicológica na Fé”: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

65642004000200010&lng=pt&nrm=iso 

E, talvez, uma das primeiras questões a serem levantadas aqui seria

aquela que discute a possibilidade de diálogo entre a teologia e a psicologia.

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Parece que o cuidado, o acolhimento, a empatia e o aconselhamento

(entre outras categorias) surgem como recursos de apoio emocional e espiritual

dentro do espectro que inclui ambas as ciências em foco. Esses recursos podem

ser considerados categorias fundamentais da Psicologia Pastoral.

No entanto, é preciso enfatizar que “a possibilidade de um diálogo entre a

teologia e psicologia é ao mesmo tempo desafiante e instigante, especialmente

por levantar questões que demandam hermenêuticas próprias, em virtude das

delimitações próprias de cada um dos campos de conhecimento” (Oliveira, 2004,

pp.43,44).

Assista o vídeo “Eu Tinha Um Cachorro Preto, Seu Nome Era

Depressão” que propõe a reflexão sobre uma das principais patologias que

acomete a raça humana em todas as épocas, a depressão. No link:

https://www.youtube.com/watch?v=dFKsN9J0hTM  

Em relação ao diálogo entre ambos os campos de saberes, deve-se

ressaltar que na interface com o Cristianismo, as primeiras produções

acadêmicas em Psicologia sofreram com a desconfiança e oposição.

Especialmente se for levado em consideração a referência repressiva que Freud

e a psicanálise fizeram em relação à religião. No entanto, a proposta de um

conceito integral do ser humano possibilitou que as diferenças fossem

minimizadas e que o diálogo interdisciplinar pudesse ser estabelecido.

“Na busca por abarcar conceitos da psicologia e da teologia,percebe-se que em ambas transparece o respeito pela dignidadedo ser humano. Assim, os aspectos relacionais do cuidado entre aspessoas (em família, escola, igreja, trabalho ou outros) somam-seaos cuidados pessoais. Tanto a psicologia quanto a teologia têm nacategoria cuidado um alicerce, onde se fundamentam seusconstrutos” (Oliveira, 2004, p.45). 

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A Psicologia Pastoral  visa estudar e analisar a influência do

aconselhamento pastoral derivado da Palavra de Deus (Bíblia) sobre o

comportamento do ser humano e dos grupos religiosos a partir do conhecimento

e entendimento dos ensinos morais e éticos de Jesus Cristo. A partir deste

entendimento contextual podemos avançar um pouco sobre a conceituação do

que vem a ser a Psicologia Pastoral. E, de acordo com os estudiosos da área, a

ênfase primordial e fundamental da Psicologia Pastoral visa estudar e analisar a

influência do aconselhamento pastoral derivado da Palavra de Deus (Bíblia)

sobre o comportamento do ser humano e dos grupos religiosos a partir do

conhecimento e entendimento dos ensinos morais e éticos de Jesus Cristo.

Acompanhe agora a explicação do professor Neir sobre o assunto, no material

online!

TEMA 3: Objeto de estudo da Psicologia Pastoral

Para ser considerado científico, todo e qualquer campo do conhecimento

exige um objeto específico de estudo. Da mesma forma que ocorre com as

ciências biológicas, sociais e exatas, igualmente é esperado um objeto

específico no estudo do contexto das ciências humanas.

Para auxiliar o entendimento sobre a importância da psicologia nainterface do conhecimento e práxis, faça a leitura do artigo “A Psicologia Como

Campo de Conhecimento e Como Profissão de Ajuda”: 

http://www.scielo.br/pdf/epsic/v9n1/22377.pdf  

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Diferentemente da maioria das outras áreas do conhecimento científico,

nas ciências humanas  –  que inclui a Antropologia, Sociologia, Economia e

especialmente a Psicologia – a identificação e estudo do objeto de estudo, o ser

humano, não é considerado um procedimento tão simples. Para você ter uma

noção deste problema vamos nos ater à questão do objeto de estudo em

Psicologia. Se levarmos em consideração apenas duas das principais escolas

psicológicas, teremos dois objetos de estudo. Por exemplo:

- Para um psicólogo behaviorista o objeto de estudo será o

comportamento humano, especialmente pelo fato dele poder ser predito,

mensurado e analisado;

- para um psicólogo psicanalista o objeto de estudo será o

inconsciente.

Pode ser que você pergunte: qual está correto? A resposta seria: ambos

estão corretos! Veja a explicação a seguir!

Considerando a Psicologia uma ciência que tem por definição estudar o

comportamento humano e os processos mentais, além de ser composta de

diversos sistemas, incluindo por exemplo o Behaviorismo e a Psicanálise, logo

ela não tem apenas um objeto de estudo, mas tanto quanto forem os sistemas

psicológicos que identifiquem específicos objetos de estudo e pesquisa. Sendo

assim, podemos inferir que o objeto de estudo desta disciplina, Psicologia

Pastoral, difere do objeto de estudo da Psicologia propriamente dita, conforme

explicado.

Entenda melhor a Psicologia como Ciência, acessando o link:

https://www.youtube.com/watch?v=Cfu-Q-8A9zo

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Portanto, não seria totalmente equivocado dizer que, dada às

multiplicidades das escolas psicológicas além do breve período de existência da

Psicologia (especialmente em comparação a outras ciências historicamente

reconhecidas), não há apenas um objeto de estudo, mas diversos objetos de

estudos, cada qual relacionado ao sistema psicológico equivalente.

Não bastante a questão levantada, há um outro fator que contribui

fundamentalmente para dificultar uma clara definição acerca do objeto de estudo

e pesquisa em Psicologia: o sujeito (pesquisador) pode ser confundido com o

objeto a ser pesquisado. Ou seja, no sentido mais completo do termo, o objeto

de estudo da Psicologia (e das demais ciências humanas, evidentemente) é o

ser humano. E, obviamente, o pesquisador igualmente está inserido nesta

categoria em estudo. Portanto, é possível admitir que a concepção de “ser

humano” que o referido pesquisador possui inevitavelmente influenc iará a sua

pesquisa nesta área.

Complemente também os seus estudos até aqui acessando o livro da

disciplina!

Retomando a questão do objeto de estudo em Psicologia, e

especialmente em Psicologia Pastoral, é fundamental destacar o lugar da

Teologia neste contexto. “[A teologia] é uma ciência cujo objetivo é o

conhecimento de Deus e de suas relações com o homem, bem como de seus

propósitos divinos. O livro básico do teólogo é a Bíblia Sagrada; no entanto, aonosso ver, para entendê-la é necessário que tenhamos conhecimento da língua

portuguesa, da psicologia e de outras disciplinas as quais cada um segundo o

seu interesse achar viável” (Costa, 2006, pp.111,112).

Como você estudou, não cabe ao teólogo conhecer Deus em sua

essência, pois isso é considerado inviável; o lugar da teologia é estudar e

compreender o propósito divino e especialmente a relação do Eterno com

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a humanidade. E esta compreensão passa obrigatoriamente pela revelação de

Deus a qual está inserida na Bíblia Sagrada.

O texto sagrado consiste num dos manuais para o estudo e

desenvolvimento em Psicologia Pastoral. Mas não apenas os livros sagrados

têm a sua importância neste contexto, mas outros componentes também, como

é o caso da relação entre a religião e a teologia, as quais não devem ser

entendidas como sinônimas, mas correlatas.

“Religião,  do latim religare, significando as atividades que religam o

homem a Deus, e teologia é o conhecimento acerca de Deus, ao qual se chega

racionalmente. Assim, religião é prática e teologia, conhecimento, ambas se

auxiliando na verdadeira experiência espiritual” (Costa, 2006, pp.113). 

Você deve também compreender sobre o significado particular e

divergente da religião com o texto de Augusto Von Atzingen, “Religião no

Tratamento da Doença Renal Crônica: Comparação Entre Médicos e

Pacientes”, acesse o link:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-

80422015000300615&lng=pt&nrm=iso 

Costa (2005) assim define Psicologia Pastoral:

É a aplicação dos conhecimentos da Psicologia no campo dareligião, cujo interesse principal está em fornecer os conhecimentosda Psicologia, para que o homem religioso, tendo o título de pastorou não, possa pôr em prática a sua fé cristã no seu viver diário paraamar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.A Psicologia Pastoral tem sua raiz no amor de Deus, que se revelana disponibilidade, atenção, compreensão, partilha, benevolência,paciência, diálogo e atitudes estas praticadas por Jesus Cristo emforma corpórea, que não só se preocupou em ajudar as pessoas atranspor conflitos intrapsíquicos, mas também a transpor asdificuldades biológicas, sociais e espirituais” (Costa, 2005, p.19). 

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Com base nos pressupostos mencionados, pode-se afirmar que o objeto

de estudo em Psicologia Pastoral de fato é o ser humano  a partir do viés

relacional entre os conceitos da Psicologia e os fundamentos da Teologia com

vista à compreensão não apenas do sujeito e suas demandas existenciais e

espirituais, mas a tentativa de permitir que ele reúna condição e recursos para

redefinir sua própria história diante de si, sua família, sua comunidade e sua

experiência espiritual.

Vamos fechar este tema com chave e outro para entrar no próximo?

Assista o vídeo a seguir e reflita junto,

https://www.youtube.com/watch?v=jpH0RfWGTZQ  

TEMA 4: Diferentes concepções do ser humano

O ser humano constitui-se como objeto de estudo das ciências humanas,

no entanto não há um consenso entre essas ciências, uma vez que elas

divergem sobre as concepções de ser humano. Além de filósofos, sociólogos,

psicólogos, pedagogos, teólogos, entre outros especialistas manifestarem

diferentes conceituações acerca do ser e da natureza humanos.

Dentre os diversos filósofos que se debruçaram sobre a questão da

concepção do ser humano, podemos destacar Sócrates. Seus conceitos

filosóficos sobre as reflexões do ser não apenas tiveram importância para sua

época como também serviu de inspiração para muitos outros filósofos ao longoda história das ciências humanas.

Sócrates foi o pioneiro do que atualmente se define como Filosofia

Ocidental. Nascido em Atenas, por volta de 470 ou 469 a.C., seguiu os passos

do pai, o escultor Sofrônico, ao estudar seu ofício, mas logo depois se devotou

completamente ao caminho filosófico, sem dele esperar nenhum retorno

financeiro, apesar da precariedade de sua posição social.

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Seu trabalho seria marcado profundamente pelos textos de Anaxágoras,

outro célebre filósofo grego.

Fonte: http://www.infoescola.com/filosofia/socrates/ 

Conheça agora alguns teóricos que contribuíram consideravelmente para

as Ciências Humanas com seus trabalhos e pesquisas em relação à

conceituação e diferenciação do gênero humano.

Rousseau

O autor da obra “Do Contrato Social” concebe o homem enquanto

indivíduo natural que abdica de sua vontade pessoal em favor da vontade da

maioria, eventualmente sacrificando a própria liberdade. Para Rousseau, o

Estado enquanto organização social tem o objetivo de manter a ordem social

bem como defender os interesses dos seus respectivos indivíduos. O homem

por sua vez, por ser capaz de raciocinar, é um ser social e político. Com isso,através da adesão ao contrato social, ele abdica do gozo da sua liberdade natural

para viver em sociedade. O Estado Civil, em sua perspectiva, é a forma mais

bem elaborada e não contraditória de valorizar a herança natural do homem

(bondade, liberdade) e em um sentido mais amplo, em meio aos demais

membros de uma dada sociedade.

Fonte: http://revistapandorabrasil.com/revista_pandora/filosofia_34/erberson.pdf  

Marx

A compreensão da essência humana no desenvolvimento histórico

somente é possível através do trabalho e da história. A rigor, a construção da

concepção de homem no modo de produção capitalista passa pela ideia da

definição da divisão do trabalho e outros conceitos fundamentais.

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O trabalho é categoria central na teoria marxista que o concebe para além

do conceito econômico, ou seja, em uma perspectiva filosófica, como uma

atividade vital, essencial e humana. Dessa forma, a humanidade no ser humano

em sua relação com o mundo é construída com base no caráter finito e limitado

da naturalidade humana que coloca o homem em uma situação de dependência

do seu eu complementar, chamado por Marx de “corpo inorgânico”. Esse “corpo”

refere-se ao mundo natural transformado pelo trabalho humano.

Fonte:

http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/168/3/01d09t02.pdf

Rogers

Foi um psicólogo norte-americano (falecido em 1987) que também deixou

sua notável contribuição incluindo sua concepção de ser humano o que

certamente demarcou e balizou sua pesquisa e prática psicológica. Vale

destacar que o seu pensamento foi influenciado por muitos autores, a saber,

Sócrates, Rousseau, Bergson e Kierkegaard. Apesar de ampla produção, o texto

abaixo resume parte de sua conceituação acerca do ser humano: há, subjacente

a todo o pensamento de Rogers, uma filosofia pessoal 40 que visa a essência

cristã da pessoa. O valor fundamental é, para Rogers, a pessoa e o seu objetivo

é ajudar outrem a aceder à pessoalidade, ao estatuto de pessoa. A pessoa  – 

persona – não é o personagem; o homem não se define pelo seu papel social – 

isso é a máscara, a fachada, o esconderijo; o homem não é um ator que

represente um papel (que, inclusivamente, pode não corresponder ao que elerealmente é) – quando muito, ele é esse papel.

Fonte: http://www.ipv.pt/millenium/Millenium36/4.pdf

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O pensamento filosófico da Grécia no período socrático estava

direcionado a resolver os problemas da natureza (physis), havendo contradições

dos naturalistas a respeito do princípio (arché) das coisas e na definição do ser,

havendo propostas que de certa forma apresentavam problemas insolúveis

como “o ser é uno, o ser é múltiplo; nada se move, tudo se move; nada se gera

nem se destrói, tudo se gera e se destrói” (REALE, vol.I, 1990, p.87). Com um

foco distinto de busca, Sócrates deixa de procurar a realidade das coisas e define

como principal objetivo de sua procura a realidade última do homem (Melo e

Naves, p.3.)

E a Pedagogia? Já parou para pensar o ela tem a ver com a

concepção do ser humano?

A Pedagogia é uma das ciências que historicamente tem pontuado acerca

desta concepção. E no contexto brasileiro, Paulo Freire é amplamente

identificado com um dos maiores pedagogos de sua época, ao estabelecer um

novo olhar sobre o sujeito, o qual não pode ser compreendido fora das relações

com o mundo, uma vez que o mesmo é um “ser -em-situação”. Para Freire, o ser

humano é ontologicamente chamado a desenvolver, nos limites de seu contexto

histórico, suas potencialidades materiais e espirituais.

“Em Paulo Freire, o ser humano historicamente situado (no mundoe com o mundo), ao se apresentar como ser de relações, mostra-se perfectível, inacabado, em permanente devir. Impulsionado pelasua curiosidade, como caminheiro em busca de novas paisagens,vocacionado a ser mais. Graças ao seu potencial criativo, crítico-propositivo, exercitado pelo trabalho transformador de si, do mundoe da história, em direção aos utópicos rumos da Liberdade, tambémcuida de tornar o seu cotidiano um mostruário do seu projeto,empenhando-se em que suas práticas sejam capazes de sinalizaro tipo de sociedade e de mundo que se acham comprometidos emconstruir. Eis aqui explícita sua inquietação de caráter ético, namedida em que trata de estabelecer critérios de conduta e de açãocapazes de articular adequadamente seu pensar, seu sentir e seuagir” (Calado, 2001, p.24). 

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Como você viu, o ser humano – objeto de estudo das ciências humanas

 –  provoca divergências conceituais nas mais diversas escolas filosóficas,

psicológicas e até teológicas. Apesar disso, é importante destacar que a maioria

destes conceitos conversam entre si de alguma maneira, mesmo porque a

ciência é fruto do encadeamento da pesquisa.

Agora confira a explicação do professor Neir no material online!

TEMA 5: A Bíblia e a humanidade

Pode-se destacar muitas áreas do conhecimento científico que

formularam teorias específicas acerca da concepção de ser humano. Contudo,

aqui daremos uma atenção especial à Teologia, o que não deveria ser

diferente, dada à relação que a disciplina Psicologia Pastoral tem com ela.

Com base em alguns textos da Bíblia Sagrada é possível compreender o

desenvolvimento teológico da concepção de ser humano. Inicialmente deve-sedestacar que na concepção bíblica mais antiga, o corpo é a unidade constitutiva

do ser humano – expressão na qual o sujeito se manifesta. O corpo na condição

de estrutura constituinte fundamental do ser humano é considerado uma obra-

prima da criação divina.

Levando em conta a concepção bíblica no Primeiro Testamento, é preciso

destacar primordialmente dois textos, ambos em Gênesis. Veja:

Gênesis 1.26,27 “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem,

conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as

aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se

move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o

criou; macho e fêmea os criou”.

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Este primeiro texto é considerado uma narrativa de natureza geral, mais

ampla  –  especialmente em relação ao segundo texto. Além disso, o que fica

realçado neste primeiro texto é fato de que o primeiro homem foi feito à imagem

de Deus. A rigor, toda a Antropologia Bíblica tem sido construída historicamente

com base nesta afirmação, mesmo que ao custo de muitos debates, afinal este

é um dos assuntos considerados controvertidos no relato bíblico  – obviamente

não discutiremos o referido assunto neste Tema, por considera-lo inapropriado

para a disciplina, além do que, outras disciplinas de natureza essencialmente

bíblico-teológicas o fará. No entanto, inserimos uma breve explicação sobre a

expressão divina: “nossa imagem, conforme a nossa semelhança” constante da

Bíblia de Jerusalém:

“‘Semelhança’ parece atenuar o sentido de ‘imagem’, excluindo a paridade. O

termo concreto ‘imagem’ implica uma similitude física, como entre Adão e seu

filho (5.3). Essa relação com Deus separa o homem dos animais.

Supõe, também, uma similitude geral de natureza, mas o texto não diz em

que precisamente consiste esta ‘imagem’ e esta ‘semelhança’. Ser à imagem e

a semelhança salienta o fato de que, dotado de inteligência e de vontade, o

homem pode entrar ativamente em relação com Deus. Mas para outros o

homem seria à imagem de Deus porque recebe dele um poder sobre os outros

seres vivos: inteligência, vontade, poder; o homem é pessoa. Prepara assim

uma revelação mais alta: participação da natureza pela graça” (Bíblia de

Jerusalém, 2012, p.34).

E com a queda, o homem perdeu a imagem e semelhança de Deus? Acesse

o link a seguir para saber: https://www.youtube.com/watch?v=tsjs4HpNtnU  

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O segundo texto, localizado em Gênesis 2.7 

“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas

narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”, revela que na

condição de obra das mãos de Deus fica evidente que o ser humano tem em si

uma marca inevitável de sua própria finitude. O homem mortal criado pelo Deus

imortal! A humanidade finita é criação da divindade infinita! Esse segundo texto

evidencia o termo hebraico adam como uma unidade, um corpo modelado pelo

próprio Deus por meio do pó do solo e animado pelo sopro de vida. “Temos

aqui a essência da antropologia semítica, que concebe o ser humano em vida

como uma grande unidade, corpo, lugar de encontro entre o divino e o terreno”. 

Também é importante fazer uma distinção importante aqui: a leitura do

texto bíblico indica igualmente que os animais, em geral, são identificados como

alma vivente segundo Gênesis 2.19:

“Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todo o animal do campoe toda a ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e

tudo o que adão chamou a toda alma vivente, isso foi o seu nome”. 

Porém a continuidade da narrativa da criação distingue o ser humano dos

demais animais, sobretudo pelo fato da humanidade ser dotada de natureza

moral, conforme os versículos 15 a 17 do mesmo capítulo de Gênesis: “E

tomou, pois, o Senhor Deus o homem e o pôs no jardim do Éden, para o lavrar

e guardar. E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do

 jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela

não comerás, porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. 

Então, a Antropologia Bíblica não situa o ser humano na mesma categoria

dos animais pela clara distinção dos primeiros textos da narrativa bíblica acerca

da criação divina. Isto é muito evidente!

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Observe: além destes primeiros textos, evidentemente a Bíblia Sagrada está

permeada de outros relatos que abordam sobre a concepção de ser humano

ao longo da própria história da raça humana e do desenvolvimento do

pensamento e estudo das ciências humanas. Sendo assim, faremos alusão a

alguns destes textos para ampliar e aprofundar a compreensão da concepção

de ser humano que a Bíblia e a Teologia apresentam. Diferentemente do

Primeiro Testamento que vi o sujeito ligado à sua constituição terrena (formado

do pó e ao pó retornaria), dando inclusive ênfase na velhice farta vivida pela

maioria dos patriarcas, o Segundo Testamento distingue o ser humano como o

templo de Deus (a glória que no Antigo Testamento restringia-se a lugares

sagrados agora habita a própria humanidade). O divino decide habitar o

humano!

Em suma: na concepção paulina, o corpo representa a totalidade da

existência humana concreta e deve experimentar, portanto, aquilo que

pareceria impossível  – uma transformação que, sem destruí-lo, confere-lhe a

qualidade de ser celeste. Está implícita nessa concepção a identificação do

corpo do cristão com o corpo de Cristo, identificação que em algumas

passagens chega a ser explícita (Rm 7,4; 1Cor 10,16s). Foi em um só corpo  – 

o seu próprio corpo – que Cristo reconciliou os cristãos com o Pai em sua morte

(Ef 2,16s; Cl 1,22). Assim, Cristo tornou a Igreja um só corpo  – o seu próprio

corpo – no qual habita um só espírito (Ef 4,4).

Fonte:  http://ciberteologia.paulinas.org.br/ciberteologia/wp-content/uploads/2009/12/03-

Corpo-uma-abordagem.pdf

Além das diversas contribuições conceituais que as ciências humanas

oferecem para o entendimento da concepção de ser humano, é com esta

conceituação bíblico-teológica que a Psicologia Pastoral terá que lidar para o

desenvolvimento de sua fundamentação teórica e sustentação para a práxis no

acolhimento pessoal.

O professor Neir fala um pouco sobre o nosso último tema de estudo,

veja no material online!

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Trocando ideias Leia a seguir o rodapé da Bíblia de Jerusalém e reflita:

“‘Semelhança’ parece atenuar o sentido de ‘imagem’, excluindo aparidade. O termo concreto ‘imagem’ implica uma similitude física,como entre Adão e seu filho (5.3). Essa relação com Deus separao homem dos animais. Além disso, supõe uma similitude geral denatureza, mas o texto não diz em que precisamente consiste esta‘imagem’ e esta ‘semelhança’. Ser à imagem e a semelhançasalienta o fato de que, dotado de inteligência e de vontade, ohomem pode entrar ativamente em relação com Deus. Mas paraoutros o homem seria à imagem de Deus porque recebe dele umpoder sobre os outros seres vivos: inteligência, vontade, poder; ohomem é pessoa. Prepara assim uma revelação mais alta:participação da natureza pela graça” (Bíblia de Jerusalém, 2012,p.34).

Agora acesse o Ambiente Vir tual de Aprendizagem (AVA) e poste qual

é o seu posicionamento quanto à nota de rodapé que você leu, sobre a análise

do fato de o ser humano ser à imagem e conforme a semelhança divina.

Fundamente sua posição.

Na Prática

Vamos testar os seus conhecimentos!

Na concepção bíblica mais antiga, o corpo é a unidade constitutiva do ser

humano – expressão na qual o sujeito se manifesta.

Reflita sobre esta afirmação com base nos conteúdos que você estudou hoje! Depois,

assista à sintetização com o professor Neir no material online!

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Síntese

Você chegou ao fim desta aula da disciplina Psicologia Pastoral.

A proposta consistiu em que você pudesse ser introduzido inicialmente

pela Psicologia numa visão geral e depois ter acesso à relação desta ciência

com a disciplina em foco, Psicologia Pastoral. A partir do objeto e das diferentes

concepções de ser humano por meio das várias áreas do conhecimento humano,

você iniciou ou recordou o seu conhecimento sobre o fantástico mundo que

permeia tanto a Psicologia quanto a Teologia. E esta relação teórico-prática é o

contexto sobre o qual vai se desenvolver a disciplina Psicologia Pastoral também

nas demais aulas.

Chamada de vídeo com or ientação para o aluno acessar o material on-line.

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Referências

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Paulus, 2012.

BOCK, Ana Mercês Bahia, FURTADO, Odair & TEIXEIRA, Maria de

Lurdes Trassi. Psicologias: UmaIntrodução ao Estudo de Psicologia.

São Paulo: Saraiva, 2002.

CALADO, Alder Júlio Ferreira. Paulo Freire: Sua Visão de Mundo, de

Homem e de Sociedade. Caruaru: FAFICA, 2001.

COSTA, Samuel. Psicologias e Cristianismo. Rio de Janeiro: Editora

SilvaCosta, 2006.

COSTA, Samuel. Psicologia Pastoral. Rio de Janeiro: Editora

SilvaCosta, 2005.

FILHO, Paulo Penha de Souza & SCHALLENBERGER, Djoni.

Psicologia Geral. Curitiba: Editora Unidade, 2010.

OLIVEIRA, Roseli Margareta Kühnrich. (2004). Cuidando de Quem

Cuida: Propostas de Poimênica aos Pastores e Pastoras no Contexto

de Igrejas Evangélicas Brasileiras. Dissertação de Mestrado em

Teologia, São Leopoldo, Escola Superior de Teologia.

http://catolicaonline.com.br/revistadacatolica2/artigosv3n5/artigo12.pdf  

http://ciberteologia.paulinas.org.br/ciberteologia/wp-

content/uploads/2009/12/03-Corpo-uma-abordagem.pdf  

https://psicologadrumond.files.wordpress.com/2013/08/tornar-se-

pessoa-carl-rogers.pdf  

http://revistapandorabrasil.com/revista_pandora/filosofia_34/erberson.

pdf  

http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/168/3/01d09t0

2.pdf  

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http://www.entrenacoes.com.br/Download/eBooks/%C3%89%20Proibi

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http://www.ipv.pt/millenium/Millenium36/4.pdf  

http://www.marceloquirino.com/2007/06/fundamentos-do-

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http://www.paulofreire.org/ 

http://www.scielo.br/pdf/epsic/v9n1/22377.pdf  

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

65642004000200010&lng=pt&nrm=iso 

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-

294X2004000100003&lng=pt&nrm=iso 

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-

80422015000300615&lng=pt&nrm=iso