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TEORIA DOS EFEITOS LIMITADOS Também conhecida como efeitos mínimos, teve grande peso nas décadas de 1940 a 1960. Dos seus principais autores, destacaram-se

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TEORIA DOS EFEITOS LIMITADOS

Também conhecida como efeitos mínimos, teve grande peso nas décadas de 1940 a 1960. Dos seus principais autores, destacaram-se Paul Lazarsfeld, Elihu Katz, Robert Merton e Joseph Klapper. Os dois principais elementos da teoria dos efeitos limitados ou mínimos foram fluxo de comunicação em dois níveis e a teoria dos líderes de opinião.

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Passava a acreditar-se que os media impressos e eletrônicos exerciam uma influência escassa [em nítida oposição ao poder total da teoria da agulha hipodérmica], pois qualquer mensagem provinda destes meios era filtrada por líderes de opinião (com mais conhecimentos ou capacidades de retórica e argumentação, mas também com poder informal relacionado com um grupo social).

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O líder de opinião é um elemento que (inter)medeia a mensagem, limitando o efeito, que podia ser de: 1) reforço, 2) ativação, e 3) conversão. Para Lazarsfeld os efeitos das mensagens sobre os receptores dependiam essencialmente do meio e não tanto do conteúdo da mensagem. Valorizou-se, pois, a comunicação interpessoal.

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TEORIAS DOS EFEITOS COGNITIVOS.

Como resultado da revisão da importância dos efeitos das mensagens na audiência, após a perda de importância atribuída pela teoria dos efeitos limitados, de Paul Lazarsfeld, surgiram diversas teorias apontando efeitos cognitivos a longo prazo face à exposição de mensagens mediáticas.

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Saperas (1993) sistematizou o estudo desta matéria. Para ele, os efeitos cognitivos da comunicação de massa são o conjunto das consequências que, sobre os conhecimentos públicos partilhados por uma comunidade, se deduz da ação mediadora dos media. Os indivíduos e os grupos sociais necessitam de grande quantidade de informação para reconhecerem o meio envolvente e se adaptarem às mudanças e tomadas de decisão. Os media atuam como instituições mediadoras entre a população e as instituições responsáveis pelos processos de decisão pública.

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Os media atuam como instituições mediadoras entre a população e as instituições responsáveis pelos processos de decisão pública. O estudo dos efeitos cognitivos recentrou o conceito de opinião pública e os vínculos estabelecidos entre o sistema político e os media. Trata-se, pois, da superação dos efeitos diretos dos media nas atitudes e opiniões da audiência e do reconhecimento dos efeitos indiretos e cumulativos que incidem nos conhecimentos tidos por uma comunidade sobre o seu meio envolvente.

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Das teorias mais importantes, destacam-se o agendamento (McCombs e Shaw), a tematização (Luhman), a espiral do silêncio (Nöelle-Neumann), a produção da notícia como construção social da realidade ou newsmaking (Tuchman) e a hipótese do diferencial de conhecimento (Tichenor et al.).

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Agendamento. Poder de estruturar assuntos, foi um termo cunhado por McCombs e Shaw (1972). Como escreve McQuail (2003: 463), fazendo a síntese do conhecimento do estabelecimento de agendas: “o debate público é representado por um conjunto de assuntos salientes (uma agenda para a ação). McCombs e Shaw descrevem três agendas – política, pública e mediática – e partem do princípio que os acontecimentos são demasiados para terem espaço igual nos media e que o público (leitores, espectadores) não têm tempo para assimilar toda a informação, pelo que se impõe uma seleção. Interesses competitivos promovem a saliência dos assuntos – a agenda. Os media escolhem os assuntos de maior ou menor atenção, de acordo com várias pressões, especialmente as dos interesses das elites da opinião pública.

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Tematização. Para Niklas Luhman, a tematização enquadra-se dentro da análise da opinião pública. Perante o número ilimitado de temas a veicular nos media, a atenção pública manifesta-se de forma limitada. Isto quer dizer que a opinião pública deixa de ser o resultado livre da discussão de temas de interesse público e passa a ser uma estrutura formada por temas institucionalizados, os quais obedecem a uma valoração de relevância por parte dos media (ver Saperas, 1993: 90-91).

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Espiral do silêncio. Na Europa, a investigadora alemã Elizabeth Nöelle-Neumann (1995, 1995a) considerou que as discussões científicas se centram na questão de saber se os media noticiosos antecipam a opinião pública ou apenas a refletem. Partindo do princípio que os media noticiosos estruturam percepções e opiniões das pessoas para reforçarem o consenso em torno de pontos de vista dominantes, forma-se uma espécie de espiral do silêncio. Os indivíduos, disponíveis a exprimirem opiniões minoritárias ou impopulares, não o fazem por receio de isolamento social. A tendência de manter o silêncio é considerável, o que dá a impressão de uma “maioria silenciosa”.

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Newsmaking. Para Gaye Tuchman, a notícia define um acontecimento e reconstitui significados sociais e formas de fazer coisas. Um artigo conta uma estória, com lógica própria, teia de fatualidade e forma narrativa associada. Por outro lado, as notícias esboçam e reproduzem as estruturas institucionais. No desempenho rotinizado das tarefas, o jornalista trabalha atento a regras organizacionais, que delimitam o campo de atuação. Na medida em que a consciência e o sentido de pertença a um grupo profissional se articulam com os objectivos da organização noticiosa, a produção noticiosa considera-se construção social da realidade. O enquadramento noticioso é constituído por sequências da vida quotidiana, pedaços seleccionados da actividade permanente, fluxos inteligíveis e negociáveis no interior da redacção. A noticiabilidade é, assim, um produto de negociações planeadas para escolher as ocorrências diárias de entre a multitude de acções.

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Hipótese do diferencial (ou distanciamento) de conhecimento. Tichenor, Donohue e Olien defendem que o conhecimento transmitido pelos media não contribui para um melhor entendimento das populações mais pobres mas aumenta o conhecimento das populações mais ricas e já com um maior potencial de acesso à informação. Os media reforçam o desnível de conhecimento que existem em diferentes níveis sociais e econômicos dos públicos, o que põe em causa a ideia de igualdade na exposição às mensagens.

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A Escola de Frankfurt foi fundada em 1924 por iniciativa de Félix Weil, filho de um grande negociante de grãos de trigo na Argentina. Antes dessa denominação tardia (só viria a ser adotada, e com reservas, por Horkheimer na década de 1950), cogitou-se o nome Instituto para o Marxismo, mas optou-se por Instituto para a Pesquisa Social.

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Max Horkheimer como todos os intelectuais da Escola de Frankfurt, era judeu de origem Por intermédio de seu amigo Pollock, Horheimer associou-se em 1923 à criação do Instituto para a Pesquisa Social, do qual foi diretor, em 1931 sucedendo o historiador austríaco Carl Grünberg.

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A Dimensão Estética A arte possui um tônus revolucionário especial: não pode mudar a sociedade mas é capaz de transformar a consciência daqueles que modificam o mundo. Isso porque indica um "princípio de realidade" incompatível com a coerção política e psíquica.

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Theodor Wiesengrund Adorno descobriu a obra de Kant, vinha de um meio de musicistas e amantes de músicas e logo se orientou para a estética musical. Com o fim da Guerra, torna-se diretor-adjunto do Instituto Para Pesquisa Social e seu co-diretor em 1955.

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Herbert Marcuse estudou filosofia em Berlim e Freiburg, onde conheceu os filósofos e professores de filosofia Husserl e Heidegger e se doutorou com a tese "Romance de artista".

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A Escola de Frankfurt, partindo de Marx, substituiu progressivamente o conceito de classe operária, sujeito da História, por outro conceito, o de massa, que existe desde o Império Romano e designa populações totalmente manipuláveis e sujeitas ao discurso do poder.

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Assim, os autores de Frankfurt assumem a teoria da agulha de injeção, segundo a qual os meios de comunicação inoculam um veneno contra o qual as vítimas não têm qualquer defesa. Paralelamente, estabelecem uma hierarquia de qualidade com base no princípio de que os produtos industriais em cultura são sempre inferiores a obras ditas eruditas, produzidas em condições artesanais.

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Frankfurt é uma escola pessimista, apocalíptica. Alguns textos de Frankfurt – como os de Habermas – são exemplares brilhantes de uma tradição que, na filosofia alemã, reporta-se a Kant, carregada de um idealismo essencialista que pouco tem, realmente, com Marx.

No entanto, algumas análises que decorrem dessa linha teórica podem ser questionadas com base nos fatos. Entre elas a tese de que a notícia é o produto que o jornal põe à venda.

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A credibilidade – entendida como aceitação e prestígio social – é fator absolutamente desconsiderado nas análises fundadas no modelo de Frankfurt, com sua visão esquemática do capitalismo. E provavelmente esse caráter esquemático é o que terá mais contribuído para a rápida difusão e aceitação do modelo frankfurtinano.

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Ao contrário do que ocorreu com o projeto gráfico, a reforma do texto jornalístico é processo cumulativo, que incorpora experiências de jornais e jornalistas de todo o mundo ao longo de décadas.

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A técnica do lead (guia ou orientação para o leitor) é aquela em que o jornalista anuncia no primeiro parágrafo os cinco elementos da notícias:

QUEM, QUANDO, ONDE, COMO, POR QUÊ.

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A origem do lead não se prende à moda nem a qualquer escolha literária. O lead decorre da maneira como as pessoas contam umas às outras episódios pontuais a que assistiram, começando pelo mais relevante, com o objetivo evidente de atrair a atenção do interlocutor. Se formalizarmos esses tópicos orais situando o evento no tempo e espaço e dando nomes civis a pessoas e temas, chegaremos ao lead clássico. E não é verdade que o lead descontextualize o fato: apenas faz com que a exposição do fato anteceda a exposição do contexto.

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No contexto da Escola de Frankfurt – que despreza a existência na indústria cultural de textos informativos, atribuindo a toda mensagem função conativa, de convencimento – resta ainda estabelecer porque a forma centrada no lead seria embalagem mais adequada ao consumo da notícia do que qualquer outra. E, se isso ocorresse, qual o sentido de técnica similar não ser adotada por outros discursos propagandísticos. Ou porque a retórica (dos discursos políticos, por exemplo) inclui procedimentos e estratégias suprimidos na técnica de escrever notícias.

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O ideólogo da era da informação

 

Herbert Marshall McLuhan (1911-1980) não está mais na moda. Mas suas idéias estão. Elas aparecem no discurso dos porta-vozes das corporações tecnológicas do império americano – um Negroponte, um Bill Gates – tanto quanto em textos de autores que vêem futuro sombrio na era da informação, como Jean Baudrillard

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McLuhan foi um fenômeno de massa. Seus livros foram best sellers. Cunhou expressões infinitamente repetidas: “aldeia global”, “o meio é a mensagem”, “globalização”. Algumas de suas proposições parecem proféticas, como esta, que antecipa o mundo da Internet (que ele não conheceu) e as perspectivas que se abrem com os estudos da inteligência artificial:

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“Três mil anos após uma explosão produzida pelas tecnologias, mecânicas e fragmentárias, o mundo ocidental implode. Durante a era mecânica, prolongamos nossos corpos no espaço. Hoje, após mais de um século de tecnologia de eletricidade, é nosso sistema nervoso central mesmo que lançamos como uma rede sobre o conjunto do globo, abolindo assim o espaço e o tempo, pelo menos no que concerne a nosso planeta.

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Aproximamo-nos rapidamente da fase final dos prolongamentos do homem: a simulação tecnológica da consciência.”

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Ao colocar as tecnologias como determinantes da história, McLuhan não foi original: é exatamente assim que se classificam períodos pré-históricos – as idades da pedra, da pedra lascada, do ferro etc.

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Sua originalidade consiste em dar prioridade a um tipo de tecnologia – a da informação – para explicar a evolução das civilizações, principalmente nas idades moderna e contemporânea. Incorre, no entanto, em evidente reducionismo: atribui ao fim dos fornecimentos de papiro a queda do Império Romano; ao surgimento do estribo o começo do feudalismo; e à chegada da pólvora ao Ocidente o início da bancarrota do sistema feudal

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No século XVI, a palavra impressa – a Galáxia de Gutenberg – teria, segundo ele, criado o individualismo e o nacionalismo.

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Como estabelece essas ilações? Quanto ao papiro, escreve que a falta desse produto egípcio provocou “as quedas posteriores dos valores visuais”, fazendo “as estradas romanas caírem em desuso e o império desintegrar-se”;

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Quanto ao estribo, alega que permitiu “uma nova maneira de guerrear e uma nova forma de sociedade ocidental européia, dominada por uma aristocracia de guerreiros dotados de terras”;

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A pólvora teria tornado inúteis as armaduras protetoras utilizadas pelos senhores feudais.

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É evidente a fragilidade dessas análises, quando se considera que o Império Romano sucumbiu a invasões germânicas e à crise do sistema escravocrata; que os determinantes do feudalismo foram, entre outros, o vazio de poder deixado pelo ocaso do império.; que o fim do feudalismo liga-se certamente à expansão mercantil e esta ao surgimento do papel e da imprensa, das caravelas, dos floretes (que superavam, pela agilidade, armaduras e espadas pesadas), do treinamento e aprimoramento das raças de cavalos, entre outras inovações tecnológicas – incluída a pólvora. Pode-se sustentar que as tecnologias atendem a demandas sociais e não estas às tecnologias: é questão de escolha.

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De onde vêm as idéias de McLuhan

As influências que McLuhan recebeu para formular suas teorias foram mapeadas:

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1.     Em Cambridge, onde estudou literatura inglesa, tomou contato com o lingüista I. A. Richard, idealizador da Nova Crítica, que procura compreender a obra literária não a partir da biografia do autor, mas dos efeitos neurofisiológicos sobre os leitores. Daí tirou McLuhan sua tese de que os meios de comunicação são extensões do sistema nervoso humano e de que é mais importante estudar os efeitos do que os conteúdos da mídia;

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2.     Ainda na Inglaterra, afeiçoou-se à poesia de T. S. Eliot e Erza Pound, autores fascistas, de onde tirou a idéia de que a percepção humana se altera e depende dos sentidos utilizados pelo receptor. Interessou-se também por James Joyce, de quem tomou (de Finnegans Wake) um trocadilho que se tornaria célebre: message com o duplo sentido de mensagem e massagem. Daí, “o meio é a mensagem” e “o meio é a massagem”;

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3.     Professor na Universidade de Saint Louis, Estados Unidos, aproximou-se de Lewis Mumford, autor de Technics and civilization.

Para esse crítico social, a industrialização teria vivido um período paleotécnico, mecanizado e simbolizado na máquina a vapor; uma época uniformizante. Depois um

período neotécnico, caracterizado pela energia elétrica, que permite a comunicação mundial instantânea, o telégrafo e o telefone.

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Previa, a partir daí, a reversão do quadro centralizador representado pela concentração do poder pelo Estado e pela indústria.

Essa a origem da aldeia global, na qual a convivência tribal e ritualizada ressurgiria, permeada pelas relações que as tecnologias eletrônicas tornam possíveis;

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4.     No mesmo período, conheceu o historiador suíço Seigfried Giedion, para quem o surgimento de cada nova tecnologia abalava a existência humana, revelando novos padrões de vida;

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5.     Já na Universidade de Toronto, no Canadá, seu país natal, aproximou-se de Harold Adams Innis, do Departamento de Economia Política.

Innis atribuía o desenvolvimento canadense, principalmente, à demanda de peles pela Europa e à motivação tecnológica para explorar as peles.

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Esse é o tipo de análise que McLuhan ampliará para explicar qualquer processo histórico.

O relativo otimismo diante da evolução tecnológica reflete a fé católica de McLuhan. O catolicismo herdou dos filósofos epicuristas a tese de que a Terra é a cidade do homem – uma irmandade que a aldeia global, enfim, promete configurar.

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Em O meio é a mensagem, ele se refere ao Século XX como “o século da ansiedade” e fala da tecnologia em termos ambivalentes, como contendo, ao mesmo tempo, possibilidades de emancipação e dominação;

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No entanto, sua proposta mais constante é a de que as novas possibilidades humanas estão dentro da experiência tecnológica e não fora dela

http://ultra.pucrs.br/famecos/rf7laran.html

Laranjeira, Álvaro. “A polêmica é o conteúdo”. Famecos/PUCRS

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B – Um resumo das teses de McLuhan

Geralmente considera-se a falta de uma teoria econômica consistente o ponto crítico das análises de McLuhan – e exatamente aquele que permite a fácil apropriação de suas idéias. A utopia da aldeia global que, segundo ele, igualaria todos os homens, forneceu à liderança corporativa tecnológica um sentido de destino histórico.

Eis algumas citações de McLuhan:

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Todos os veículos de comunicação nos envolvem completamente. São tão abrangentes em suas conseqüências pessoais, políticas, econômicas, estéticas, psicológicas, morais, éticas e sociais que não deixam parte alguma de nós intocada, não afetada, inalterada. O meio é a massagem. Qualquer compreensão das mudanças sociais e culturais é impossível sem o conhecimento da maneira em que mídia age como meio ambiente.

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Todos os veículos de comunicação são extensões de uma faculdade humana – física ou psíquica.

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O jovem Narciso (narcisus significa narcose ou adormecimento) tomou seu reflexo na água por outra pessoa. Essa extensão de si mesmo pelo espelho esmaeceu sua percepção até torná-lo um servomecanismo de sua própria extensão ou imagem repetida.

A ninfa Echo tentou ganhar seu amor com fragmentos de seu próprio discurso, mas em vão. Ele estava alheio. Adaptara-se à extensão de si mesmo e tornara-se um sistema fechado. Agora, a essência desse mito é o fato de que os homens fascinam-se de imediato pela extensão de si mesmos em qualquer material externo.

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Os meios ambientes não são invólucros passivos, mas processos ativos que nos envolvem completamente, massageando a razão dos sentidos e impondo suas asserções silenciosas. Mas o meio ambiente é invisível. Suas regras mestras, sua estrutura abrangente, seus padrões dominantes eludem a percepção imediata.

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Todo movimento de apetite dentro do labirinto da cognição é como um minotauro que deve ser morto pelo artista herói. O que quer que interfira com a cognição – seja a concupiscência, o orgulho, a imprecisão ou a vagueza – é um minotauro pronto a devorar a beleza. Assim, Joyce foi não só o primeiro a revelar a ligação entre os estágios de apreensão e o processo criativo, mas também o primeiro a compreender como o drama da cognição em si é a chave arquetípica do todo mito ritual e toda lenda humana

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Na percepção humana comum, os homens recriam dentro de si mesmos – em suas faculdades interiores – o mundo exterior. Esse milagre é o trabalho do nous poietikos de nosso intelecto ativo – isto é, o processo poético ou criativo. O mundo exterior, em cada instante da percepção, é interiorizado e recriado de nova maneira. Nós mesmos.

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Pondo nossos corpos físicos dentro de sistemas nervosos expandidos por meio da mídia elétrica, construímos uma dinâmica pela qual todas as tecnologias prévias – meras extensões de mãos, pés, dentes e controles corporais, todas extensões de nossos corpos, inclusive as cidades – traduzem-se em sistemas de Informação. A tecnologia eletromagnética requer do ser humano docilidade e inércia meditativa, de maneira que se comporta como um organismo que tem seu cérebro exposto e seus nervos fora da pele.

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Através da evolução prévia, protegemos o sistema nervoso central externando este ou aquele órgão físico em ferramentas, casas, roupas, cidades. Mas cada extensão de um órgão era também aceleração e intensificação do meio ambiente – até que o sistema nervoso rebelou-se. Tornamo-nos tartarugas. O casco ficou para dentro, os órgãos para fora. Tartarugas com cascos moles degeneram.

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Quando um órgão é retirado (por ablação), fica dormente. O sistema nervoso central ficou dormente (para sobreviver). Entramos na idade da inconsciência com a eletrônica, e a consciência migra para os órgãos físicos, mesmo o corpo político. Há grande aumento da acuidade física e grande queda da acuidade mental quanto o sistema nervoso central é externalizado.

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A linguagem como tecnologia da extensão humana, cujos poderes de divisão e separação conhecemos tão bem, pode ter sido a Torre de Babel pela qual o homem buscou alcançar o paraíso. Hoje os computadores nos prometem traduzir instantaneamente qualquer código ou língua para outro código ou língua. O computador, em suma, promete pela tecnologia a condição pentecostal do entendimento e unidade universais.

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O próximo passo lógico será não traduzir mas superar as línguas em favor de uma consciência cósmica que pode ser como o inconsciente coletivo sonhado por Bergson. A condição de não ter peso, que os biólogos dizem prometer a imortalidade física, pode ser paralela da condição de não ter fala, capaz de conferir a perpetuidade da paz e harmonia coletivas.

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Todo movimento de apetite dentro do labirinto da cognição é como um minotauro que deve ser morto pelo artista herói. O que quer que interfira com a cognição – seja a concupiscência, o orgulho, a imprecisão ou a vagueza – é um minotauro pronto a devorar a beleza. Assim, Joyce foi não só o primeiro a revelar a ligação entre os estágios de apreensão e o processo criativo, mas também o primeiro a compreender como o drama da cognição em si é a chave arquetípica do todo mito ritual e toda lenda humana

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C – Algumas frases de McLuhan

Só pequenos segredos precisam proteção.

As grandes descobertas são protegidas pela incredulidade pública.

Dinheiro é o cartão de crédito dos pobres.

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A invenção é a mãe das necessidades

Olhamos para o presente através de um espelho retrovisor. Marchamos de ré para o futuro.

Notícias, mais do que arte, são artefatos.

A resposta está sempre dentro do problema, não fora.

Esta é uma informação altamente secreta. Quando tiver lido, destrua-se,

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Alguns títulos de livros de McLuhan:

A galáxia de Gutenberg (1962);

Entendendo a mídia: as extensões do homem (1964);

O meio é a massagem: um inventário de efeitos (1967);

Guerra e paz na aldeia global (1968); Do clichê ao arquétipo (1970).Há farto material sobre McLuhan na Internet. Pelo conteúdo, sugere-sehttp://www.mcluhanmedia.com/nmclm001.html

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“Sabemos que no decurso do século XIX nasceram duas ou três crianças que não eram esperadas: Marx, Nietzsche, Freud. Filhos ‘naturais’, no sentido em que a natureza ofende os bons costumes, o direito, a moral e o bom-viver: natureza, isto é, a regra violada, a mãe solteira, a ausência de pai legal. A uma criança sem pai, a Razão Ocidental fá-lo pagar caro (...): preço contabilizado em exclusões, condenações, injúrias, miséria, fome, morte ou loucura.” in Freud e Lacan, do livro ‘Posições’, ob. cit., p. 15.

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“o mundo nada mais é do que casos, o que ‘nos acontece’ (Wittgenstein) sem prevenção. Esta tese, de que não existe mais do que casos e indivíduos singulares totalmente distintos entre si, é a tese fundamental do nominalismo”

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“Nem Marx, nem Engels se aproximaram duma teoria da história, no sentido do acontecimento histórico imprevisto, único, aleatório (...). Lenine, Gramsci e Mao pensaram-na só em parte; o único que pensou a teoria da história política, da prática política no presente foi Maquiavel. Está aí uma enorme lacuna a preencher, cuja importância é decisiva e que, uma vez mais, nos remete para a filosofia”

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Althusser foi evoluindo para formas cada vez mais anti-autoritárias de pensamento político, o que o levava a encarar com desconfiança qualquer tentativa sistemática em filosofia. Trabalhou sobre uma “verdadeira tradição materialista” (Spinoza, Maquiavel, Hobbes, Rousseau).

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Há ainda pesquisas sobre um “materialismo aleatóreo” em Epicuro e Demócrito: “trata-se de um materialismo do encontro, da contingência, em suma, do aleatório, que se opõe inclusive aos materialismos já recenseados, incluindo o comumente atribuído a Marx, Engels e Lenine, que, como todo o materialismo da tradição racionalista, é um materialismo da necessidade e da teleologia, isto é, uma forma disfarçada de idealismo”

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Marx usou aqui, na análise das formações sociais, o conhecido tópico do edifício: a infrastrutura (econômica) e as superestruturas (jurídico-política e ideológica).

Dispõem de autonomia relativa e de uma acção influenciadora de retorno sobre a base.

A primeira é a dominante no conjunto, mas as segundas não são meros epifenômenos seus.

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Frequentemente, a contradição principal ver-se-á mesmo suplantada por uma contradição ou grupo condensado de contradições secundárias, passando uma destas a mostrar-se temporariamente dominante.

Em Maio de 68 foi fundamental a luta ideológica. A revolução de Outubro triunfou apesar do atraso das forças de produção na Rússia.

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Refletindo a distinção entre contradição principal e as secundárias existem, no seio mesmo de cada contradição particular, um aspecto principal e aspectos secundários da contradição (cujos papéis podem também ser permutados conjunturalmente).

As contradições podem ser (tornar-se) antagônicas ou não antagônicas, podendo a agudização do seu antagonismo atingir eventualmente um carácter explosivo.

Cada contradição particular (principal ou secundária) reflete em si e nas suas características (antagonismo ou não, aspecto principal, etc.) a sobre determinação pelo conjunto estruturado no todo.

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Uma mutação da contradição principal dá início a um “estádio” ou “época” novos. Se o aspecto dominante da contradição principal numa dada época atinge um grau explosivo,

então “a revolução está na ordem do dia” (Lenine) e põe-se a questão de uma transformação radical na própria estrutura articulada do todo

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Louis Althusser nasceu em 1918 em Birmandreis, na Argélia, tendo falecido em Outubro de 1990 no instituto psiquiátrico de La Verrière, cidade da região parisiense. Escreveu diversos livros, que lhe granjearam notoriedade e admiração em todo o mundo. Militou desde os anos 40 no Partido Comunista Francês.

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Em Novembro de 1980, num acesso de loucura (era maníaco-depressivo, com crises de melancolia aguda), estrangulou sua esposa Hélène Rhytmann. Ficou conhecido como um filósofo e teórico marxista intelectualmente arrojado e elegante, com uma ponta de rigidez provocadora e ferina no seu staccato argumentativo.

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Poeta e místico heresiarca. Ativista católico na sua juventude («La bonne nouvelle est-elle annoncé aux hommes d’aujourd’hui?»), Althusser era um ser frágil, perseguido por uma exigência absoluta de utopia, serenidade e beleza. A grande paz. A alegria partilhada.

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Pelas sendas de um pensamento trágico e dilacerado, procurou incansavelmente (por vezes com ferocidade, quantas vezes cedendo à vertigem do ódio e horror de si próprio) uma via de salvação para o homem concreto seu próximo, mergulhando por fim no desespero de um sofrimento atroz, prolongado, final e desamparado.

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Althusser cunha os conceitos de “modo de produção de conhecimento” e de “aparelho de pensamento”, aqui com alusão ao “aparelho psíquico” freudiano, do qual retém uma fundamental propriedade estrutural: “o fato de que o pensamento não é nunca ‘contemporâneo’ a ele próprio, transparente às suas próprias determinações”

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(1). Há assim uma matéria-prima básica, os tais saberes vulgares não-críticos, sobre os quais vai ser exercido um trabalho teórico com base na aparelhagem conceptual da ciência, que funciona aqui com instrumento de produção, findo o qual os primeiros se verão transformados em conhecimentos científicos novos.

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Althusser reproduz assim o esquema spinozista das três generalidades

Generalidades I, a matéria-prima ideológica;

Generalidades II, a teoria;

Generalidades III, o conhecimento novo produzido

Partes integrantes de um processo a que ele denominou “prática teórica”

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Apoiado em Spinoza (verum index sui et falsi), e Lenine (“a teoria marxista é todo-poderosa porque é verdadeira”), Althusser teve a suprema ousadia de propor que, uma vez fundada uma ciência, esta não carece de ver as suas conclusões confirmada pela prática (a material agora).

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A necessidade de validação dos conhecimentos científicos, seria um preconceito decorrente da ideologia juridicista da epistemologia burguesa. Um conhecimento é verdadeiro, no sentido em que é um justo conhecimento do seu objeto, desde que respeite integralmente as regras do processo das três generalidades, independente de qualquer “prova” material, confrontação posterior com os “fatos”, validação por “peritos” independentes.

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No caso do materialismo histórico, que é uma ciência totalmente imersa na luta de classes, ela própria um instrumento maior dessa luta, como se acharia aliás essa validação objetiva?

Althusser manteve esta proposição até ao fim, através mesmo de todas as autocríticas às suas tendências “teoricistas”

Por isso faz sentido a constatação amarga de Balibar de que “o verdadeiro pode perecer”.

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O althusserianismo é a última escola ideológica que teve uma grande influência sobre as gerações de esquerda ainda existentes na América Latina.

Nas décadas de sessenta e setenta do século passado, Althusser sustenta a tese da supremacia da luta de classes na reprodução da sociedade capitalista e na produção de uma sociedade socialista.

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Muitos revolucionários foram prisioneiros ao longo da história. Juntamente com o longo cativeiro do líder negro Nelson Mandela, a prisão que o regime fascista de Benito Mussolini impôs a António Gramsci [1891-1937] constitui uma das mais célebres do mundo.

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Desde 1910 até 1926 a produção teórica de Gramsci (em grande parte jornalística), ainda que de grande fôlego, correspondeu sobretudo a necessidades políticas conjunturais.Em Cadernos do cárcere retoma as análises e as experiências anteriores à prisão mas desenvolve uma reflexão política estratégica e de longo prazo sobre a revolução no ocidente.

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Sua atividade de jornalista político é marcada pela "convicção profunda de que a tarefa mais urgente do movimento socialista tinha natureza cultural e educacional".

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Ressalta ainda a forte presença de Vico na certeza de Gramsci de que a emancipação passa pelo conhecimento, especialmente pelo conhecimento "dos outros", de sua história e cultura, e pela forja de uma "consciência superior".

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A gestação do conceito de hegemonia e sua presença orgânica nos Cadernos, que seriam "o registro de uma extensa investigação destinada a 'conhecer os outros'“, "uma relação pedagógica, que se verifica não apenas no interior de uma nação, entre as diversas forças que a compõem, mas em todo o campo internacional e mundial".

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A hegemonia, nessa sua essência pedagógica, atuaria inclusive no interior das próprias classes dirigentes, acentuando-lhes a capacidade de ver além de seus interesses corporativos (talvez ajudando a explicar as "reservas políticas" das classes dominantes nas sociedades avançadas).

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O Iluminismo, como expressão da hegemonia revolucionária na Revolução Francesa, teria funcionado como "uma Internacional espiritual burguesa" por si só revolucionária. As questões centrais da educação, como a diferença na instrução recebida pelas classes privilegiadas e setores desfavorecidos, são propriamente as questões da hegemonia.

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As duas abordagens mais utilizadas seriam a Macrossocial, que procura estabelecer explicações sobre a Escola e seu papel (Gramsci e outros), e que contrapõe a Escola mantenedora do Status Quo, à Escola transformadora da sociedade (que se pretende ser para melhor), e a microssocial, que procura “... a natureza do estrutural” (op. cit.), a partir da captura do discurso dos atores envolvidos.

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Quando Marx critica o sistema produtivo apenas questionando a MAIS VALIA, o quem se beneficia do produto do trabalho, esquecendo-se do indivíduo e privilegiando o socius, apenas propõe uma nova moral, tão coercitiva e heterônoma quanto a anterior.

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É na esteira deste pensar que Gramsci, ainda que percebendo o óbvio, o privilégio da super estrutura sobre a infra estrutura, vai propor uma nova escola, um novo bom senso, uma nova ética.

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Eu creio navida mansa!!

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