TEORIAS DA APRENDIZAGEM

Professora Mônica Caetano Vieira da Silva

01

UNIDADE DE ESTUDO 01

APRENDIZAGEM: REFLEXÕES ACERCA DO TEMA

A aprendizagem suscita inúmeras reflexões. Entender como a aprendizagem ocorre, quais são os agentes deste processo, bem como reconhecer as diferentes formas de aprender, são algumas das questões que envolvem o tema “aprendizagem”.

Ao percorrer diferentes contextos e períodos, observa-se um en-tendimento muitas vezes contraditório em relação ao ato de apren-der. Na antiguidade, por exemplo, Sócrates, Platão e Aristóteles buscaram compreender como o conhecimento se constrói e apre-sentaram diferentes concepções filosóficas, como o Inatismo e Empirismo.

A perpectiva inatista entende que o sujeito nasce com poten-cialidades e aptidões que serão desenvolvidas de acordo com o amadurecimento biológico. Seu aprendizado não de-pende das influências do meio e das interações com os obje-tos, pois nessa perspectiva, o homem já nasce pronto [...] (POSSOLLI; HANNA, 2012, p.27).

Para esta perspectiva o conhecimento é inato, ou seja, ao nascer o homem já traz algumas ideias, potencialidades; ideia con-trária ao empirismo que, não aceita que o conhecimento é anterior às experiências.

Já no século XX, surge na psicologia a concepção Behaviorista ou Comportamentalista com origens na filosofia empirista e, ainda ao longo do século XX, destaca-se a psicologia da educação que apresenta algumas teorias que dão subsídios para a compreensão do processo da aprendizagem. Na concepção Behaviorista, a aprendizagem vai depender de fatores externos e o homem vai construir seu conhecimento por meio de estímulos. De acordo com Possolli; Hanna (2012, p.52), “esses estímulos moldam o compor-tamento humano tornando as atividades condicionáveis e condi-cionantes”, ou seja, o homem apresenta comportamentos que foram ensinados a ele e os reproduz de maneira condicionada.

02

As experiências que são oportunizadas pelo ambiente e que o homem vivencia são consideradas estímulos. Diante de um estí-mulo novo, o homem apresenta uma resposta e desta forma, torna seu comportamento condicionado. A teoria behaviorista baseia-se então numa relação entre estímulo e resposta (Possolli; Hanna, 2012, p.52).

A psicologia da educação, constituiu-se durante o século XX e apresenta, dentre suas contribuições à educação, o estudos do processo ensino e aprendizagem. Jean Piaget, Lev Vygotsky e Henri Wallon, foram estudiosos que colaboraram com pesquisas para o entendimento sobre o desenvolvimento humano e a cons-trução do conhecimento.

Piaget e Vygotsky têm uma concepção interacionista do conhe-cimento. Estes estudiosos defendem que:

o conhecimento não é inato nem só transmitido; não está só no objeto nem é dado apenas pelo objeto, mas se forma e se transforma pela interação entre ambos. A criança não é pas-siva nem o professor é simples transmissor de conhecimen-to. Nem por isso o aluno dispensa a atuação do mestre e dos companheiros com os quais interage. Mais propriamente, o conhecimento resulta de uma construção contínua, entreme-ada pela invenção e pela descoberta. (ARANHA, 2002, p.202)

Percebe-se que a aprendizagem ocorre a partir da interação entre a criança e o objeto e a criança é um sujeito ativo na constru-ção do conhecimento. O professor, nesta concepção não é aquele que só transmite conhecimento, mas alguém que interage com os alunos.

03

Compreende-se a partir destas ideias sobre a construção do conhecimento, desde a Antiguidade, que vários estudiosos ao longo do tempo, se propuseram a compreender e explicar o pro-cesso de aprendizagem. Mas, atualmente o que se pensa sobre a aprendizagem, a partir dos estudos realizados? Segundo a psico-pedagoga Alícia Fernandez:

todo sujeito tem a sua maneira própria de aprendizagem e os meios de construir o conhecimento, esse processo inicia--se desde o nascimento e constitui-se em molde ou esque-ma, sendo fruto do inconsciente simbólico. Assim, as mudan-ças que acontecem no comportamento da pessoa são resul-tados do vínculo entre as experiências anteriores e os novos conhecimentos adquiridos. (ALEXANDRE, p.53)

Desta forma compreende-se que a aprendizagem ocorre desde

que o sujeito nasce e provoca mudanças que são observadas com facilidade, pois a criança, por meio de sua curiosidade está sempre explorando o meio e desta forma aprendem.

Esta mesma autora aponta que a sociedade atual passa por inúmeras modificações e o ato de aprender passa a ser visto de diferentes formas.

Fica cada vez mais evidente a necessidade de uma apren-dizagem mais dinâmica e voltada para os desejos da socie-dade ora intitulada sociedade do conhecimento. Neste con-texto o aluno ideal é aquele capaz de assimilar informações de maneira rápida e de diferentes formas, seria então: um aprendiz auditivo (aprende por meio de ondas sonoras), um aprendiz visual (aprende com os olhos), um aprendiz sinesté-sico aprende com o tato) (ALEXANDRE, p. 53).

Pode-se constatar que o processo de aprendizagem continua sendo estudado e que novos contextos e entendimentos sugerem novos formas de aprender. A compreensão sobre o processo de aprendizagem muitas vezes leva o professor a questionar sua ação docente. Sabe-se que a prática pedagógica deve estar fun-damentada em teorias que justificam o trabalho realizado em sala de aula, portanto é necessário definir qual concepção será consi-derada pelo professor ao se pensar o processo de ensino e aprendizagem.

04

Mesmo com uma ideia clara sobre a forma de aprender de seus alunos, o professor pode se deparar com momentos em que alguns alunos, que mesmo com condições físicas e psíquicas nor-mais, não aprendem. O professor percebe que mesmo com condi-ções de aprender, determinados alunos não conseguem evoluir.

São vários os fatores que podem levar o aluno a apresentar difi-culdades no momento de aprender. Racy (2010, p.133) aponta que “em primeiro lugar, precisamos verificar se a criança é dotada de acuidade visual e motora”. Para ela, as crianças com déficit auditi-vo e visual não consegue explicar e entender o que está aconte-cendo à sua volta. O papel do professor é importante pois muitas vezes os pais desconhecem o problema e vários testes podem ser realizados em sala de aula.

[...] Nas escolas públicas, existe, em geral, orientação e trei-namento para a aplicação desses testes com todos os alunos no começo do ano letivo. Trabalha-se, assim, de modo preventivo, não se esperando que as dificuldades surjam para que só assim sejam resolvidas. (RACY, 2010, 134)

Para Racy (2010, 134-135), problemas relacionados às condi-ções físicas (fome, doenças) e materias (carência de livros, cader-nos, lápis, canetas, uniformes); fatores emocionais e afetivos também são fatores que podem causar dificuldades no momento da aprendizagem.

Sabe-se que o professor não é médico, portanto não será ele quem dará o diagnóstico e realizará exames oftalmológicos e exames em otorrinolaringologia, assim como não é psicólogo para realizar atendimento quando o aluno apresentar fatores emocio-nais e afetivos que prejudicam o seu rendimento em sala de aula, mas entende-se que é o professor quem poderá inicialmente pres-tar auxílio ao seu aluno.

Ao demonstrar interesse em ajudar; ao abrir espaço para o diá-logo e oportunizar formas de resolver algumas situações que são possíveis em sala de aula, o professor desperta a confiança do aluno e o encoraja a enfrentar as dificuldades.

O professor ao perceber que o seu aluno não está aprendendo, deve buscar compreender o que pode estar causando esta situa-ção e dividir com o pedagogo e com a família o que observou.

05

Desta forma, juntos poderão encontrar caminhos para a solu-ção do problema, contando inclusive com a ajuda de especialistas (médicos, psicólogos, fonoaudiólogos) para que o aluno possa vencer os obstáculos e aprender em sala de aula.

06

REFERÊNCIAS

ALEXANDRE, Sueli de Fátima. Aprendizagem e suas aplica-ções no processo educativo. Disponível em: <ht-tp://www.slmb.ueg.br/iconeletras/artigos/volume6/aprendiza-gem-e-suas-implicacoes.pdf>. Acesso em: 04 mar. 2016.

ARANHA, M. L. A. Filosofia da Educação. São Paulo: Editora Moderna, 2000.

POSSOLI, G. E.; HANNA, P. C. M. Epistemologia. Curitiba: Insti-tuto Federal do Paraná, 2012.

RACY, P. M. P. B. Psicologia da Educação: origem, contribui-ções, princípios e desdobramentos. Curitiba: IBPEX, 2010.