7
Maria Criçtina Caçtilho Costa Professora Livre-Docente do Departamento de Comunicações e Artes da ECA-USP. E-mnil: [email protected] EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ENTRE O ENTUSIASMO hamamos de educação a dis- tância a metodologia de en- sino utilizada para que conhe- cimento, atitudes e comportamentos sejam desenvolvidos em grupos de pes- soas distantes que se comunicam ape- nas, ou preferencialmente, através dos meios de comunicação de massa. décadas que o correio, o hdio, a televi- são e o video têm sido utilizados com essa finalidade, em todo o mundo, tan- to nos processos de educação formal como informal. Essas iniciativas têm mostrado sua capacidade para levar conhecimento a pessoas sem acesso a ele, quer por estarem distantes dos cen- tros educativos, quer por não disporem de recursos e tempo para se desloca- rem até eles. As experiências desenvol- vidas com maior ou menor êxito têm deixado evidente, entretanto, as gran- des limitações das midias analógicas para essa finalidade, principalmente em razão da baixa interatividade que faz da comunicação uma via quase que exclu- sivamente de mão única que vai do edu- cador ao aprendiz. Essa unidirecionalidade impede a troca e o diálogo, elementos fundamentais do processo de aprendiza- do. Outm dificuldade dessas metodologias de ensino é a ausência de contato cons- tante entre os alunos integrados gelos pro- gramas que se baseiam no uso do rádio ou da televisb. Por isso o advento dos computado- res e da comunicação em rede' e a pos- sibilidade de USA-10s no ensinolapren- dizagem tem tornado as demais teçnologias limitadas e obsoletas, a ponto de a educaçiio a distância tomar-se qua- se sinônimo de educação por computa- dor. Muitas tEm sido as ferramentas I. Desdc a década de 1960 os cientistas norte - americanos estudam a possibilidade dc v5rios computadores trabalharem cm conjunto. A primeira rcde criada foi a WAN - Wide Área Network. A Internet viria anos depois. AS primeiras rcdes eram Iigadas por linhas telefbn~cas, mais tarde foram utilizados cabos e s;itClites.

Texto Complementar I IPT BrunoCésar 05012013

Embed Size (px)

DESCRIPTION

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Citation preview

  • Maria Critina Catilho Costa Professora Livre-Docente do Departamento de Comunicaes e Artes da ECA-USP. E-mnil: [email protected]

    EDUCAO A DISTNCIA - ENTRE O ENTUSIASMO

    hamamos de educao a dis- tncia a metodologia de en- sino utilizada para que conhe-

    cimento, atitudes e comportamentos sejam desenvolvidos em grupos de pes- soas distantes que se comunicam ape- nas, ou preferencialmente, atravs dos meios de comunicao de massa. H dcadas que o correio, o hdio, a televi- so e o video tm sido utilizados com essa finalidade, em todo o mundo, tan- to nos processos de educao formal como informal. Essas iniciativas tm mostrado sua capacidade para levar conhecimento a pessoas sem acesso a ele, quer por estarem distantes dos cen- tros educativos, quer por no disporem de recursos e tempo para se desloca- rem at eles. As experincias desenvol- vidas com maior ou menor xito tm deixado evidente, entretanto, as gran-

    des limitaes das midias analgicas para essa finalidade, principalmente em razo da baixa interatividade que faz da comunicao uma via quase que exclu- sivamente de mo nica que vai do edu- cador ao aprendiz. Essa unidirecionalidade impede a troca e o dilogo, elementos fundamentais do processo de aprendiza- do. Outm dificuldade dessas metodologias de ensino a ausncia de contato cons- tante entre os alunos integrados gelos pro- gramas que se baseiam no uso do rdio ou da televisb.

    Por isso o advento dos computado- res e da comunicao em rede' e a pos- sibilidade de USA-10s no ensinolapren- dizagem tem tornado as demais tenologias limitadas e obsoletas, a ponto de a educaiio a distncia tomar-se qua- se sinnimo de educao por computa- dor. Muitas tEm sido as ferramentas

    I. Desdc a dcada de 1960 os cientistas norte - americanos estudam a possibilidade dc v5rios computadores trabalharem cm conjunto. A primeira rcde criada foi a WAN - Wide rea Network. A Internet viria anos depois. AS primeiras rcdes eram Iigadas por linhas telefbn~cas, mais tarde foram utilizados cabos e s;itClites.

  • Educao a distncia - entre o entusiasmo e a critica

    desenvolvidas com essa finalidade como CD-ROMs2, bancos de dados, sofhunr~s~ cducativos, site$ especial izades, jogos e simuladores e at o campeo de uso na rede que o e-nini15. Nem todos es- ses recursos so de comunicao simul- tnea6 ou interativa, mas as possibilida- des de um relacionamento direto entre professor e aluno e entre os alunos entre si para trabalhos coletivos deixa otimis- tas os mais ferrenhos crticos da educa- o a distncia. As experincias mais bem sucedidas so aquelas que tentam integrar algumas dessas tecnologias educativas em processos que combinam a comunicao off-liite e on-line7, sincrnica e assincrnica.

    Algumas das ferramentas mais dese- jadas e desafiantes, todavia, so aque- las que colocam em contato professores e tilunos de forma sincrnica e interativa coin os recursos de som e imagem - re- criando o contato pessoal, ainda que me- diado pelo computador, to caratersti- co da educao presencial. So elas as vdeo e teleonferncias que introduzem na relao comunicativa um forte senti- do de presena.

    Chamamos de videoonferncia a comunicao que se estabelece entre pessoas atravs de computadores liga- dos cm rede, aos quais esto acopladas

    cmeras digitais, monitores de televi- so e microfones, possibilitando a trans- misso de imagens fixas e em movimen- to, alm de sons, atravs de uma relao inzerativa que permite o dialogo entre os interlocutores. A videoonferncia dis- tingue-se da teleconferncia por utili- zar um aparato tecnolgico mais sim- ples e por envolver platias menores que dificilmente ultrapassam o nmero de quarenta a cinqenta pessoas. As teteconferncias destinam-se a um p- blico que pode chegar a centenas de pessoas e que, portanto, possibilitam muito pouca interatividade.

    Taiito na videoconfel.ncia como tia teleconferSncia, as

    1 inguagcrrs oral e gestual s5o n1u ito impor-tat~t cs, ao con trrrio de fcruns, c.hcxri;" e4-inails que fazem uso, pi-incipalmcrite, do

    texto escrito.

    Minha experincia com vdeo c teleconferncias era pequena quando

    2. CD-HOM 6 a sxgla de Compact Disk - Read Only Mernory - designao de discos pticos gnvveis a lascr. lima nica vez. 3. .%fiii-arr o nome genrico de programas quc instruem os computadores para todo tipo de aio desde cditorcs de texio ate IigaCxs em rede. 4. Site*\ ou stios sio domnios ou cndcrcos de computadores remotos ligados A rede Inicmet 5. E-iirnil c a abreviatura de rlrrroiiic iiinrl ou correio elerr0nico. o primeiro servio instalado por redes de computadores. 6. Comunicao simult.inea em meios digitais 12 aquela em que duas ou mais pessoas concctam-se ?I rede ao mesmo tempo. pmlendu Jsenvolvcr tarefas em conjiinto. de ppos a trab.ilhos cm grupo. 7. Diz-se que uma comunicao L' oii-Iirrr quando se d l por compiiwdores coneciados i redes. O computador est8 o#-liiir quando trabalha isoladamcnie, dcsconcciado de qualqucr rcdc. 8. Llrat ou conversa, cm portugus. o nome de uin servio disponibilizado na Internet que permite aos usuzrios trocar mensagens escriias em tempo real.

  • Comunicao & Educao, So Paulo, (27): 79 a 85, maio/ago. 2003

    participei da Conferncia Anual da As- sociao de Centros de Cincia e Tecnologia" realizada na cidade de Charlotte, na Carolina do Norte (USA), em 2002. Embora pequena, essa expe- rincia trazia-me i memria grandes di- ficuldades tcnicas na tentativa de colo- car em contato pessoas ligadas a terminais remotos. Sistemas claudicantes e imagens com baixo grau de resoluo tornaram maantes as palestras on fine a que eu havia assistido. Em razo dis- so, inscrevi-me em um workshop de educao a distncia atravs d e videoconferncia - interessava-me sa- ber como se resolviam as questes tkc- nicas, comunicativas e pedaggicas.

    O warkshoplO, oferecido pelo Museu de Histria Natural da Carolina do Nor- te, teve como coordenadoras Liz Baird, especialista em educao a distncia, e Mary Ann Brittain, diretora do Programa Educsitivo do Museu. Cerca de quacnta alunos estavam inscritos e preparavam- se para uma aula sobre Histria Natural.

    Fomos encaminhados para uma sala com cadeiras que se dispunham de for- ma irregular, permitindo que formsse- mos pequenos grupos sem grandes trans- tornos. Fomos recebidos por Mary Ann que nos aguardava acompanhada por um tcnico responsivel pelas instalaes. Ao centro e frente de ns havia um monitor de vdeo de 29 polegadas e acima dele uma crnera pela qual nossa imagem era transmitida ao laboratrio do Museu, onde

    Lis Baird nos observava atravs da tela de seu rnicrocornputadot.

    No monitor aparecia uma mulher de cerca de quarenta anos, bem apessoada e que nos sorria da tela, agradecendo nossa presena. Estava em p e tinha i sua frente uma mesa com um computa- dor na qual apoiava as mos. No canto da tela abria-se uma pequena janela onde podamos ver as imagens de nos- sa prpria sala, tal como eram transmi- tidas para o Museu. Acomodamo-nos nas cadeiras formando crculos de ma- neira a podermos olhar o vdeo que passava a ser nosso centro de ateno, como a ctedra nas salas de aula con- vencionais. L podamos assistir pro- fessora e nossa performance transmi- tida no canto inferior da tela.

    Liz BaIrd se apresentou e, sempre sorrindo, incumbiu-nos de nossas tare- fas - cada grupo recebeu de Mary Ann a reproduo de um animal (inseto ou rptil) em plstico ou cera e um texto no qual havia informaes a seu res- peito. A professora pediu que inicial- mente contssemos para os demais in - tegrantes do grupo o que sabiamos a respeito daquele espcime e que, de- pois, lssemos o texto em busca de mais informaes cientficas.

    Para o nosso grupo coube uma enor- me e bonita borboleta amareja e preta, presa em uma caixa de vidro. Conver- samos sobre sua aparncia, tamanho e forma e contei a meus colegas norte-

    9. A Associatiou of Sciencc-Technology Ccnters Incorporated - AST 6 uma organizao sem fins lucrat- vos que rene centros dc pesquisa e niuseus com o objetivo de difundir a cincia para dilerentcs pblicos. Fundada em 1973, a ASTC possui 583 membros em 42 pases. Anualmente realiza encontros internacionais ccunindo scus mcmbros, quc apresentam trabalhos a toda a comunidade cientfica. Em 2002. a Conferencia Anual realizou-se na cidade de Charlotie. capital do estado norte-americano da Carolina do Nortc, cntre os dia$ 12 c 15 dc outubro 10. O ~vnrkrhop Di.irairrc Lanrtiitrq frottr tnirrctriiis: irsiiig Iiattds-nri tna~erial.~ iii videaroi~f~reririiis ocorreu no dia 14 de outubro, no Bell South Ruilding, em Charlotte.

  • Educao a distncia - entre o entusiasmo e a crtica

    americanos que no Brasil havia muitos especimes como aquele e que possuia- mos um grande numero de diferentes ri- pos de borboletas. Depois disso, procu- ramos no livro mais informaes como Seu nome cientfico e seu significado.

    Passada essa etapa de trabalho em grupo, Liz Baird - que ficara assistindo a nosso trabaIho de longe, chamou-nos. Pediu para que abrssemos os pequenos crculos e que designssemos um repre- sentante para comunicar ao resto da clas- se os resultados de nossos estudos. Os representantes levantavam-se e se diri- giam ao vdeo para seu relato. A profes- sora balanava a cabea em aprovao. Quando no compreendia bem alguma frase, pedia que a repetssemos.

    Findas as apresentaes, Liz tornou em suas mos uma caixa contendo um lagarto vivo. Tirou-o de dentro do invii- lucro e apresentou-o a ns, aproxirnan- d o a cimera do animal. Comeou a descrev-lo h medida que focalizava partes de seu corpo - as escamas, as pa- tas e os olhos. Enquanto isso ela nos explicava as vantagens dessa aula a dis- tncia. Dizia que o uso da tecnologia permitia que animais pequenos pude- sem ser observados de perto, com suas caractersticas aumentadas pelo zooni da rimera, em completa segurana e numa perspectiva jamais conseguida ao vivo.

    Uril nico animal, explicou eln. poderia servir a toda irna classe e at a vrias classes integrantes

    de unl mesmo projeto. 1150 liavendo necessidade dc se

    iiiantei- eili cativeiro diversos

    O uso de animais e plantas para au- las laboratoriais se torna assim, segun- do ela, mais higinico e prudente.

    Terminada a aula de histria na- tural, a professora passou a expli- car seus procedimentos tecnol- gicos. Em primeiro lugar, disse ela, preciso atuar sempre em duplas, aqui no laboratrio, pois a coorde- nadora deve ficar permanentemente no foco das cirneras, sem se virar ou se deslocar pelo ambiente. As- sim, enquanto ela se dirige aos alu- nos, uma monitora ou assistente de produo vai lhe entregando aquilo de que necessita para a aula. Por ou- tro lado, na sala remota tambm se fazem necessirios dois profissionais - um professor que ajude os alunos no desenvolvimento das atividades e um tcnico que se responsabilize pe- los equipamentos, pois o ambiente com o qual o laboratrio se conecta pode no dispor de equipamentos con- venientes e adequados. Qualquer pro- blema que surja deve ser ajustado ra- pidamente. Essa a equipe mnima para uma aula que no pretende ser apcnas uma palestra transmitida pela rede e que pressupe atividades Iahoratoriais ou de treinamento.

    O laboratrio deve estar bem equi- pado com computadores e crneras potentes e a professora virtual deve aprender a manusear os aparelhos de maneira a mostras detalhes daquilo que apresenta, sejam os olhos de um lagarto, seja o resultado de uma equa- o. Uma nova postura exigida dos profissionais da educaso. Segundo Liz Baird, o professor de ensino a dis-

    espcimes para as aulas. tncia tem que aprender a portar-se

  • Cornunicao & Educao, So Paulo, (27): 79 a 85, rnaio/ago. 2003

    diante d e uma wehcarn'l e lembrar que aquele instrumento que levar sua imagem para um ponto distante. Tudo isso sem esquecer-se d e olhas na tela de seu computador onde apa- rece a imagem da classe. Como ela diz - precisamos estas atentos ao que cada aluno est fazendo e, se neces- srio, devemos monitorar a crnera existente na sala remota para focali- zar melhor algum aluno distrado ou mal comportado.

    Liz Baird explicou que aulas como aquela que ela acabara d e realizar conosco j fazem parte do programa de diversas escolas na Carolina d o Norte, embora ela no aconselhe mais do que duas aulas por semana atravs de Y ideoconfernci a que devem estar mescladas a encontros presenciais e a outras estratkgia de comunicao a dis- thc ia . Perguntada sobre a faixa etria dos alunos desses programas ela con- cordou que alunos do ensino mdio so os mais indicados para esse tipo de experincia.

    Ainda apontando outras vantagens da tecnologia que ela apresentava, Raird afirmou ser possvel utilizar tam- bm textos, sons e imagens extrados da Iniernet - Pode~enios, no meio rin nula, i~iosrrnr orirrns snlns do Museu tnrnbni ligadrrs ,4 Intenlet.

    O custo no baixo. A preparao e os equipamentos do Laboratrio cus- tam cerca de US$ 200.0a3,00, custo que pode ser pago com a multiplicao de salas de aula ligadas ao programa. O

    resultado, entretanto, animador - a qualidade da imagem e sua estabilida- de so impressionantes. O tcnico for- neceu aos alunos as especificaes tc- nicas dos equipamentos.

    Ao final, continuando a sorrir, a professora despediu-se, mas sua ima- gem permaneceu na tela atk que sais- semos. Mary Ann acompanhou-nos e distribuiu cartes de visitas para contatos futuros.

    A experincia com videoconferncia fora entusiasmante - a aula se asseme- lhara em muito com uma atividade presenial, a tecnologia havia ofereci- d o boa qualidade de transmisso, interagir com o vdeo se mostrara uma tarefa simples e cotidiana e as vanta- gens d a metodologia de fend idas pela professora-coordenadora eram convincentes. Mas, meu senso criti- co de pesquisadora da comuniao inquietava-se.

    A primeira inquietao dizia respei- to presena da tela de video como centro protagonista daquela experin- cia. Apesar de estarmos de frente ao professor, numa atitude que simulava a sala de aula, e da amabilidade da loira Mary Ann, o contato pessoal entre gro- fessor e aluno no se d. Os olhos do mestre jamais encontram os do aluno naquela comunicao to secreta quan- to especial que aqueles que apreciam o magistrio sabem reconhecer.

    1 1 . Wrliratn - nome dado i s cmeras digiiais que concciadas ao computador permitem a tsansrnisso de imagcns dc um computador a outro.

  • Educao a distancia - entre o entusiasmo e a crtica

    O olhar que guia a fala do professor, que alcana os alunos - at o mais dis- trado - e que os convida para o dialogo no existe na videoconferncia.

    Ele substitudo pela atno da ima- gem tcnica que tremula diante de ns. E, como telespectdores contumazes, ra- pidamente nos adaptamos Aquela comu- nicao e fazemos da tela a retina da rela- o educativa - a membrana que tudo reflete e onde a imagem toma corpo.

    E, pensando nessas questes, dei-me conta de que a imagem da professora virtual lembrava-me a de publicidades de sabo em p, com garotas-propagan- das interpretando donas-de-casa e di- zendo-nos que com tal sabo a roupa de seu marido ficar mais branca. Nes- se momento a cmera deixa o rosto sor- ridente e satisfeito da modelo e focali- za uma camisa branca reluzente. Ou

    ginrio j codificado, tornando difcil no nos apoiarmos nele para nossas interpretaes.

    E. ern razcio disso, por ~ n n i s que seja berifico o oeficieiite

    mvl tiplicndor dessas experincias vir-tuais, no

    devemos nos esquecer de que a educao feita tambm de

    circuitos ii-itegrados que passam por um contato ntimo

    e por uiil olhar profundo e que. nesse setitido, toda e qualquer tecr~ologin deixa

    sempre a desejar. seria um lagarto? Assim nos conscienti- zamos de que aquela imagem poderia muito bem no ser de uma professora, que poderia ser de uma modelo que interpreta uma professora. Que pode- ria ser uma imagem sntese construida no computador, como certos filmes tm demonstrado ser possvel. Poderia ser t udo isso sem que deixssemos d e aprender, como em um bom documen- trio, o nome cientifico do lagarto. Pois temos j uma prontido para a comu- nicao televisiva e por computador e todas essas experincias imagticas nos so familiares.

    Assim, se o uso do video possibili- ta uma maior interatividade, tambm nos faz mergulhar num universo ima-

    Desse modo, entre o entusiasmo e a crtica fica a considerao de que edu- cao a distancia um excelente recur- so para todo aluno que por qualquer motivo - distncia, falta de tempo e de meios de transporte - no possa parti- cipar ao vivo e em cores de uma rela- o de aprendizado. As novas tecnologias da comunicao oferecem, sem dvida nenhuma, as melhores al- ternativas para essa necessidade. Mas, como alternativa para as polticas de educao ou como forma de produo em massa do conhecimento, corre-se o perigo de levar gato por lebre ou sabo em p em vez de lagartos.

  • Comunicaqo & Educado, SQo Paulo, (271: 79 a 85, maiolago. 2003

    Resumo: A autora relata sua experiencia em um workshop de vdeoconfer6ncia durante a conferncia Anual da Associao de Cen- tros de Cincia e Tecnologia, realizada na cidade de Charlotte, na Carolina do Norte (USA), em 2002. O artigo reflete o olhar criti- co e ao mesmo tempo entusiasmado da pes- quisadora de comunicao em relao a educao a distancia, Mostra o quanto o olhar que guia a fala do professor, que alcana os alunas - ate o mais distrado - e que os con- vida para o dilogo no existe na videoconfer&ncia. A autora ressalta, ainda, que, embora o uso do video possibilite uma maior interatividade, no devemos nos es- quecer de que a educao feita de circui- tos integrados e de um olhar profundo e que, nesse sentido, toda e qualquer tecnologia deixa sempre a desejar.

    Palavras-chave: educaso a distncia, videoconferncia, teleconferncia, novas tecnologias

    (Distante learning - between enthusiasm and critique) Abstract The author reports on her experiente in a videoconference workshop held during the Yearly Conference of the Science and Technology Center Asocfation, carried out in the city of Charlotte, Noith Carolina (USA), in 2002.The article reflects the eommunieation researcher's critica! and, at the same time, enthusiastic view regarding distanoe leaming, She hows how the look of the eye, which guides the professor's speech and reaches lhe students-even the mo9 distracted-and imites them dor dialogue, does not exist pn videoconfe7ences.The author also emphasizes that although the video allows for greater interactivity, we should not forget that education is built in integrated circuits and through a deep look and that, in this regard, any and all technologies aiways leave to be desired.

    Key wrds distance learning, videmonference, teleconference, new technologies