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1 TEXTO “No mundo moderno, cuja legitimidade é baseada na liberdade e igualdade de seus membros, o poder não se manifesta abertamente como no passado. No passado, o pertencimento à família certa e à classe social certa dava a garantia, aceita como tal pelos dominados, de que os privilégios eram ‘justos’ porque espelhavam a ‘superioridade natural’ dos bem-nascidos (...). A ideologia principal do mundo moderno é a ‘meritocracia’, ou seja, a ilusão, ainda que seja uma ilusão bem fundamentada na propaganda e na indústria cultural, de que os privilégios modernos são ‘justos’ (...). O ponto principal para que essa ideologia funcione é conseguir separar o indivíduo da sociedade (...). O ‘esquecimento’ do social no individual é o que permite a celebração do mérito individual, que em última análise justifica e legitima todo tipo de privilégio em condições modernas.” (Jessé Souza, A Ralé Brasileira, 2009, p. 43) Escreva uma redação argumentativa discutindo o texto acima, na qual, além de seu ponto de vista sobre as ideias defendidas pelo autor, estejam explícitos os seguintes aspectos: - em que consiste a meritocracia? - por que o autor considera a meritocracia uma “ilusão”? - de que maneira a meritocracia se manifesta na realidade brasileira? Para avaliar a redação, serão considerados, principalmente: o conhecimento de fatos históricos, geográficos e da realidade atual, necessários ao desenvolvimento do texto; a correta expressão em língua portuguesa; a clareza, a concisão, a coesão e a coerência; a capacidade de argumentar. Instruções : - A redação deverá seguir as normas da língua escrita culta*. - O texto deverá ter, no mínimo, 20 e, no máximo, 30 linhas escritas. - Textos fora desses limites não serão corrigidos, recebendo, portanto, nota zero. - A redação deverá ser apresentada a tinta. - A página 2 é destinada ao rascunho e não será considerada na correção da prova. * As questões das provas do Vestibular foram elaboradas conforme as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, promulgado, no Brasil, pelo Decreto 6.583, em 29/09/2008. No texto escrito pelos candidatos, serão aceitos os dois Sistemas Ortográficos em vigor.

TEXTO -  · forma de capitalismo - para o mundo efêmero e descentralizado da tecnologia, do consumismo e da indúst ria cultural, no qual as indústrias de serviços, finanças e

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1

TEXTO

“No mundo moderno, cuja legitimidade é baseada na liberdade e igualdade de seus membros,

o poder não se manifesta abertamente como no passado. No passado, o pertencimento à família

certa e à classe social certa dava a garantia, aceita como tal pelos dominados, de que os privilégios

eram ‘justos’ porque espelhavam a ‘superioridade natural’ dos bem-nascidos (...).

A ideologia principal do mundo moderno é a ‘meritocracia’, ou seja, a ilusão, ainda que seja

uma ilusão bem fundamentada na propaganda e na indústria cultural, de que os privilégios

modernos são ‘justos’ (...). O ponto principal para que essa ideologia funcione é conseguir separar o

indivíduo da sociedade (...). O ‘esquecimento’ do social no individual é o que permite a celebração

do mérito individual, que em última análise justifica e legitima todo tipo de privilégio em condições

modernas.” (Jessé Souza, A Ralé Brasileira, 2009, p. 43)

Escreva uma redação argumentativa discutindo o texto acima, na qual, além de seu ponto de

vista sobre as ideias defendidas pelo autor, estejam explícitos os seguintes aspectos: - em que consiste a meritocracia? - por que o autor considera a meritocracia uma “ilusão”? - de que maneira a meritocracia se manifesta na realidade brasileira? Para avaliar a redação, serão considerados, principalmente:

• o conhecimento de fatos históricos, geográficos e da realidade atual, necessários ao desenvolvimento do texto;

• a correta expressão em língua portuguesa;

• a clareza, a concisão, a coesão e a coerência;

• a capacidade de argumentar.

Instruções: - A redação deverá seguir as normas da língua escrita culta*. - O texto deverá ter, no mínimo, 20 e, no máximo, 30 linhas escritas. - Textos fora desses limites não serão corrigidos, recebendo, portanto, nota zero. - A redação deverá ser apresentada a tinta. - A página 2 é destinada ao rascunho e não será considerada na correção da prova.

* As questões das provas do Vestibular foram elaboradas conforme as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, promulgado, no Brasil, pelo Decreto 6.583, em 29/09/2008. No texto escrito pelos candidatos, serão aceitos os dois Sistemas Ortográficos em vigor.

1

Leia com atenção o seguinte texto.

Pós-modernidade é uma linha de pensamento que questiona as noções clássicas de verdade, razão,

identidade e objetividade, a ideia de progresso ou emancipação universal, os sistemas únicos, as grandes

narrativas ou os fundamentos definitivos de explicação (...). Essa maneira de ver, como sustentam alguns,

baseia-se em circunstâncias concretas: ela emerge da mudança histórica ocorrida no Ocidente para uma nova

forma de capitalismo - para o mundo efêmero e descentralizado da tecnologia, do consumismo e da indústria

cultural, no qual as indústrias de serviços, finanças e informação triunfam sobre a produção tradicional, e a

política clássica de classes cede terreno a uma série difusa de políticas de identidade. (Terry Eagleton, As ilusões do pós-modernismo, 1998)

Com base no texto acima, escreva uma redação argumentativa na qual estejam explícitos os

seguintes aspectos: - em que consiste a "política clássica de classes"? - em que consistem as "políticas de identidade"? - as "circunstâncias concretas" às quais alude o autor se fazem presentes na realidade brasileira

contemporânea? Justifique.

Observação: O desenvolvimento dos aspectos acima deve estar integrado ao texto de sua redação.

Para avaliar a redação, serão considerados, principalmente: - o conhecimento de fatos históricos, geográficos e da realidade atual, necessários ao desenvolvimento do texto; - a correta expressão em língua portuguesa; - a clareza, a concisão, a coesão e a coerência; - a capacidade de argumentar.

Instruções:

- A redação deverá seguir as normas da língua escrita culta*. - O texto deverá ter, no mínimo, 20 e, no máximo, 30 linhas escritas. - Textos fora desses limites não serão corrigidos, recebendo, portanto, nota zero. - A redação deverá ser apresentada a tinta. - A página 2 é destinada ao rascunho e não será considerada na correção da prova.

* As questões das provas do Vestibular foram elaboradas conforme as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, promulgado, no Brasil, pelo Decreto 6.583, em 29/09/2008. No texto escrito pelos candidatos, serão aceitos os dois Sistemas Ortográficos em vigor.

1

Leia a notícia abaixo:

Uma agência de marketing suscitou críticas ao contratar moradores de rua de Austin (Texas) para que

caminhassem carregando transmissores sem fio móveis, oferecendo, assim, acesso à internet para os

participantes de um congresso de tecnologia, em troca de doações.

A BBH Labs, divisão de inovação da agência internacional de marketing BBH, equipou 13 voluntários de

abrigo local que atende a moradores de rua com os aparelhos, cartões de visita e camisetas que exibiam

seus nomes. Os sem-teto foram instruídos a andar por áreas mais movimentadas do evento. Os

participantes desse projeto, chamado Homeless Hotspots, recebiam diárias de US$20,00 e podiam ficar

com as doações obtidas de usuários dos serviços de rede sem fio. Mas surgiram alegações de que contratar

pessoas em situação precária para fazer delas torres de comunicação sem fio era uma exploração. O

responsável pelo projeto negou que estivesse explorando os sem-teto, afirmando que já obtivera sucesso

com ideias semelhantes, e que o modelo de seu projeto inspirava-se nos jornais que os próprios sem-teto

produzem e vendem por US$1,00.

Jenna Wortham, do New York Times. Folha de S. Paulo, 14/03/2012. Adaptado.

Redija uma dissertação argumentativa, na qual você apresente seu ponto de vista sobre os fatos

relatados na notícia acima transcrita. No desenvolvimento de seu texto, procure usar argumentos

consistentes e coerentes para discutir as seguintes questões, relacionadas aos fatos noticiados:

1) O modo pelo qual o autor do projeto Homeless Hotspots entende o trabalho é estranho ou

inusitado no mundo contemporâneo?

2) Qual o principal aspecto ético envolvido nesse projeto?

3) O progresso tecnológico e o progresso social caminham juntos?

Instruções:

• A redação deverá seguir as normas da língua escrita culta*.

• O texto deverá ter, no mínimo, 20 e, no máximo, 30 linhas escritas.

• A redação deverá ser apresentada a tinta e com letra legível.

• Textos que não seguirem essas orientações não serão corrigidos e receberão nota zero.

• A página 2 é destinada ao rascunho e não será considerada na correção da prova.

* As questões das provas do Vestibular foram elaboradas conforme as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, promulgado, no Brasil, pelo Decreto 6.583, em 29/09/2008. No texto escrito pelos candidatos, serão aceitos os dois Sistemas Ortográficos em vigor.

Observe atentamente as mensagens-estímulo que se seguem, pois são a base para odesenvolvimento da proposta de Redação.

Texto I (imagem)

| DIREITO GV | PROVA DE REDAÇÃO |

2

Salvador Dali. Soft Self-Portrait with Fried Bacon. (Tenro Auto-Retrato com Bacon Frito) 1941. Surrealism– The Movement and the Masters. UWE M. SCHNEEDE (org.) Harry N. Abrams, New York. p. 29.

Texto II

Texto III

| DIREITO GV | PROVA DE REDAÇÃO |

3

Trecho extraído do poema “Pecado Original”, de Fernando Pessoa por Álvaro de Campos.PESSOA, Fernando. Obra Poética. Rio de Janeiro: Aguilar, 1976. p. 388.

Michel Foucault in Microfísica do Poder (Org. e Tradução de Roberto Machado. 26ª ed. São Paulo:Edições Graal, 2008. p. 12).

“Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido?Será essa, se alguém a escrever,A verdadeira história da Humanidade.

O que há é só o mundo verdadeiro, não é nós, só o mundo;O que não há somos nós, e a verdade está aí.

Sou quem falhei ser.Somos todos quem nos supusemos.A nossa realidade é o que não conseguimos nunca.

Que é daquela nossa verdade ― o sonho à janela da infância?Que é daquela nossa certeza ― o propósito à mesa de depois?

Medito, a cabeça curvada contra as mãos sobrepostasSobre o parapeito alto da janela de sacada,Sentado de lado numa cadeira, depois de jantar.

Que é da minha realidade, que só tenho a vida?Que é de mim, que sou só quem existo?”

“O importante, creio, é que a verdade não existe fora do poder ou sem poder(não é — não obstante um mito, de que seria necessário esclarecer a históriae as funções — recompensa dos espíritos livres, o filho das longas solidões,o privilégio daqueles que souberam se libertar). A verdade é deste mundo; elaé produzida nele graças a múltiplas coerções e nele produz efeitos regula-mentados de poder. Cada sociedade tem seu regime de verdade, sua ‘políti-ca geral’ de verdade: isto é, os tipos de discurso que ela acolhe e faz fun-cionar como verdadeiros; os mecanismos e as instâncias que permitem dis-tinguir os enunciados verdadeiros dos falsos, a maneira como se sancionauns e outros; as técnicas e os procedimentos que são valorizados para aobtenção da verdade; o estatuto daqueles que têm o encargo de dizer o quefunciona como verdadeiro.”

PROPOSTA

Ao analisar as mensagens-estímulo dos três discursos — plástico, poético e filosófico —,é possível perceber questões concernentes à verdade ou ao verdadeiro apresentadas demaneiras diversas, todavia, convergentes, visto que, nelas, a noção de verdadeiro é per-meada pela linguagem. Acrescenta-se, na abordagem de Michel Foucault, a estreitarelação entre verdade e poder.Elabore um texto Dissertativo problematizando a referida convergência entre as três men-sagens; esse texto deverá ter um Título que sintetize o ponto de vista por você defendido.

| DIREITO GV | PROVA DE REDAÇÃO |

4

1

A imagem e os textos apresentados a seguir constituem um pequeno conjunto de ideias e estímulos

que informam a proposta de redação. Por isso, leve-os em consideração ao redigir o seu texto

dissertativo.

Texto I

A transparência veio para ficar

Independentemente de países ou mesmo de classes sociais, temos um amplo e crescente

aumento do fluxo de informação. Nesta época de blogs e redes sociais (como Twitter, Facebook e

Orkut), abastecidos por aparelhos celulares que são também gravadores e câmeras fotográficas, tudo

se sabe e a informação flui em poucos segundos. Assim, entramos numa fase em que tudo o que um

indivíduo ou uma empresa faz pode virar público instantaneamente. [...]

De certa maneira, podemos dizer que a luz está acesa, e aqueles processos que dependiam das

sombras para sobreviver estão condenados a desaparecer. Isso é muito positivo, pois poderemos

conhecer cada vez melhor as pessoas, as empresas e os governos como eles são, e não como eles

gostariam que fossem percebidos. […]

Precisamos de líderes que encorajem a abertura e a discussão e estejam sempre em busca do

diálogo com os vários públicos com os quais se relacionam. Precisamos de uma sociedade com

valores claros e que saiba reconhecer o benefício desse caminho. Em tempos de hipervelocidade de

informação, a transparência será total, e todos sairemos ganhando.

Fábio Barbosa, presidente do Grupo Santander Brasil e da Febraban. Folha de S. Paulo, 13 de junho de 2010 (excerto).

Texto II

Entrevista com Eben Moglen, concedida a Andrea Murta

Enquanto os membros do Facebook discutem as minúcias dos controles de privacidade de seus

perfis, provedores de serviços on-line seguem silenciosamente construindo dossiês sobre as ações de

seus usuários. Para Eben Moglen, professor de Direito na Universidade Columbia (Nova York) e diretor

do Centro Legal para Software Livre, a tendência construiu uma “polícia secreta do século 21”, que

“tem mais dados do que agências de espionagem de regimes totalitários do passado”. […] Folha - Somos nós que estamos nos expondo demais?

Eben Moglen - Não creio. É perfeitamente razoável pensar que o capitalismo do século 21 se baseie

na descoberta de uma nova matéria-prima - a informação sobre nossas vidas privadas. O objetivo de

sites como o Google é a reorganização da publicidade para favorecer o consumo em estilo

americano. Se você sabe o que as pessoas buscam, pode definir sua publicidade por isso. E

ferramentas como redes sociais sabem tudo sobre o consumidor.

As redes sociais espionam deliberadamente?

Sim, esse é seu negócio. A forma que encontraram de ganhar acesso à vida privada é oferecer

páginas gratuitas e alguns aplicativos. É uma péssima troca para o usuário - degenera a integridade

da pessoa humana. É como viver num regime totalitário.

2

O Facebook diz que as pessoas querem compartilhar suas vidas e eles só facilitam.

Sim, é um ótimo argumento. É por isso que a “polícia secreta do século 21” não tortura nem executa,

e sim oferece “doces”. Nos ensinam a gostar disso. […]

Mas o Facebook é abertamente sobre exposição...

Toda a internet é sobre exposição. A diferença entre o que você pensa que está publicando e o que

está de fato tornando público é na prática muito grande. Praticamente todos os movimentos na rede

estão arquivados em algum servidor externo, fora do controle do usuário.

Folha de S. Paulo, 29 de junho de 2010 (excerto)

Imagem fotográfica

O cogumelo atômico de Hiroshima

Texto III Chega-se a um ponto em que, à notícia de uma nova invenção técnica, a humanidade responde com um grito de horror.

Bertolt Brecht (adaptado)

Proposta

Como se há de ter observado, os textos e a imagem aqui apresentados partilham um mesmo tema.

Se o tema lhes é comum, suas perspectivas sobre ele são, no entanto, até opostas: de um lado, a ideia

de um esclarecimento irrestrito e de uma “transparência total” é vista como um grande triunfo social

e humano; de outro lado, essa mesma tendência é vista como a própria realização do mal social por

excelência: a degeneração da pessoa humana, o totalitarismo, a alienação e a catástrofe. Como você

vê essa questão? Em um texto dissertativo, exponha seu ponto de vista a respeito do assunto. Dê a

sua redação um título adequado.

1

Leia com atenção os seguintes textos:

Texto I

O filósofo brasileiro Paulo Arantes apresenta e discute uma tendência sociológica – corrente nos

Estados Unidos e em países europeus desenvolvidos – que acredita que está ocorrendo uma

“brasilianização do mundo”. Segundo essa opinião, o Brasil estaria se convertendo em um modelo social

para o mundo, mas um modelo negativo: nas últimas décadas, até países ricos estariam apresentando

um quadro “brasileiro”, cujos traços principais seriam: favelização das cidades, insegurança generalizada,

precarização (“flexibilização”) do trabalho, distanciamento maior entre centro e periferia, “jeitinho”

(brasileiro) para negociar com a norma etc.

Assim, para a referida tese da “brasilianização”, o Brasil seria “o país do futuro”, só que de um futuro que

promete mais regressão e anomia social.

Paulo Arantes. “A fratura brasileira do mundo”. Zero à esquerda. S. Paulo, Conrad, 2004.

Texto II

O antropólogo brasileiro Roberto da Matta assim reagiu a essas teses da “brasilianização do

mundo”:

“O uso da expressão brasilianização para exprimir um estado de injustiça social me deixa ferido e

preocupado. De um lado, nada tenho a dizer, pois a caracterização é correta. De outro, tenho a dizer que

o modelo de Michael Lind exclui várias coisas. A hierarquia e a tipificação da estrutura social do Brasil

indicam um modo de integração social que tem seus pontos positivos. Nestes sistemas, conjugamos os

opostos e aceitamos os paradoxos da vida com mais tranquilidade. Seria este modo de relacionamento

incompatível com uma sociedade viável em termos de justiça social? Acho que não. Pelo contrário, penso

que talvez haja mais espaço para que estes sistemas híbridos e brasilianizados sejam autenticamente

mais democráticos que estas estruturas rigidamente definidas, nas quais tudo se faz com base no sim ou

no não. Afinal, entre o pobre negro que mora na periferia e o branco rico que mora na cobertura há

muito conflito, mas há também o carnaval, a comida, a música popular, o futebol e a família. Quero crer

que o futuro será mais dessas sociedades relacionais do que dos sistemas fundados no conflito em linhas

étnicas, culturais e sociais rígidas. De qualquer modo, é interessante enfatizar a presença de um estilo

brasileiro de vida como um modelo para os Estados Unidos. É sinal de que tem mesmo água passando

embaixo da ponte.”

Idem. p. 60. Adaptado.

2

Texto III

Por sua vez, o compositor e escritor Jorge Mautner posicionou-se, quanto à mesma questão, da

seguinte maneira:

A minha trajetória de vida me faz interpretar o Brasil pela forma radical da amálgama. Essa é a

pedra fundamental do século 21. A amálgama é miscigenação, mas vai além: é ela que possibilita ao

brasileiro reinterpretar tudo de novo em apenas um segundo, e mais ainda, a absorver pensamentos

contrários, atingindo o caminho do meio, que era o sonho de Lao Tsé, do Buda e de Aristóteles.

É por causa dessa importância tremenda que teremos a Olimpíada e a Copa aqui. Ou o mundo se

brasilifica ou vira nazista. Até o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal, é amálgama também: ele já foi pai

de santo, faz descarrego. É quase umbanda!

Depoimento a Morris Kachani. Artur Voltolini. (Colaboração para a Folha de S. Paulo). Adaptado.

Tendo em conta as ideias acima apresentadas, redija uma dissertação em prosa sobre o tema

Brasil: um modelo positivo ou negativo para o mundo?, argumentando de modo a deixar claro seu

ponto de vista.

-----------X-----------

Obs. Releia as instruções na capa deste caderno.

REDAÇÃO

Um mundo por imagens

A imaginação simbólica é sempre um fator de equilíbrio. O símbolo é concebido como uma síntese equilibradora, por meio da qual a alma dos indivíduos oferece soluções apaziguadoras aos problemas.

Gilbert Durand.

Ao invés de nos relacionarmos diretamente com a realidade, dependemos cada vez mais de uma vasta gama de informações, que nos alcançam com mais poder, facilidade e rapidez. É como se ficássemos suspensos entre a realidade da vida diária e sua representação.

Tânia Pellegrini. Adaptado.

Na civilização em que se vive hoje, constroem-se imagens, as mais diversas, sobre os mais variados aspectos; constroem-se imagens, por exemplo, sobre pessoas, fatos, livros, instituições e situações.

No cotidiano, é comum substituir-se o real imediato por essas imagens.

Dentre as possibilidades de construção de imagens enumeradas acima, em negrito, escolha apenas uma, como tema de seu texto, e redija uma dissertação em prosa, lançando mão de argumentos e informações que deem consistência a seu ponto de vista.

Instruções: ! Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da modalidade escrita culta

da língua portuguesa. ! Dê um título para sua redação, a qual deverá ter entre 20 e 30 linhas. ! NÃO será aceita redação em forma de verso.

Página 12/14 � Caderno Reserva

Página 12/14 � Caderno Reserva

0000�00 12 758

Área ReservadaNão escreva no topo da folha

REDAÇÃO

Observe esta imagem e leia com atenção os textos abaixo.

Texto 1

Um grandioso e raro espetáculo da natureza está em cena no Rio de Janeiro. Trata-se da floração de palmeiras Corypha umbraculifera, ou palma talipot, no Aterro do Flamengo.

Trazidas do Sri Lanka pelo paisagista Roberto Burle Marx, elas florescem uma única vez na vida, cerca de cinquenta anos depois de plantadas. Em seguida, iniciam um longo processo de morte, período em que produzem cerca de uma tonelada de sementes.

http://veja.abril.com.br, 09/12/2009. Adaptado.

Texto 2 Quando Roberto Burle Marx plantou a palma talipot, um visitante teria comentado: “Como elas levam tanto

tempo para florir, o senhor não estará mais aqui para ver”. O paisagista, então com mais de 50 anos, teria dito: “Assim como alguém plantou para que eu pudesse ver, estou plantando para que outros também possam contemplar”.

http://www.abap.org.br. Paisagem Escrita. nº 131, 10/11/2009. Adaptado.

Texto 3 Onde não há pensamento a longo prazo, dificilmente pode haver um senso de destino compartilhado, um

sentimento de irmandade, um impulso de cerrar fileiras, ficar ombro a ombro ou marchar no mesmo passo. A solidariedade tem pouca chance de brotar e fincar raízes. Os relacionamentos destacam-se sobretudo pela fragilidade e pela superficialidade.

Z. Bauman. Vidas desperdiçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. Adaptado.

Texto 4 A cultura do sacrifício está morta. Deixamos de nos reconhecer na obrigação de viver em nome de qualquer

coisa que não nós mesmos. G. Lipovetsky, cit. por Z. Bauman, em A arte da vida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.

Como mostram os textos 1 e 2, a imagem de abnegação fornecida pela palma talipot, que, de certo modo, “sacrifica” a própria vida para criar novas vidas, é reforçada pelo altruísmo* de Roberto Burle Marx, que a plantou, não para seu próprio proveito, mas para o dos outros. Em contraposição, o mundo atual teria escolhido o caminho oposto.

Com base nas ideias e sugestões presentes na imagem e nos textos aqui reunidos, redija uma dissertação argumentativa, em prosa, sobre o seguinte tema:

O altruísmo e o pensamento a longo prazo ainda têm lugar no mundo contemporâneo?

*Altruísmo = s.m. Tendência ou inclinação de natureza instintiva que incita o ser humano à preocupação com o outro. Dicionário Houaiss da língua portuguesa, 2009.

Instruções:Lembre se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua

portuguesa.A redação deverá ter entre 20 e 30 linhas.Dê um título a sua redação.

Página 12/14 � Caderno Reserva

0000�00 12 758

Área ReservadaNão escreva no topo da folha

REDAÇÃO

Texto 1

A ciência mais imperativa e predominante sobre tudo é a ciência política, pois esta determina quais são as demais ciências que devem ser estudadas na pólis. Nessa medida, a ciência política inclui a finalidade das demais, e, então, essa finalidade deve ser o bem do homem.

Aristóteles. Adaptado.

Texto 2

O termo “idiota” aparece em comentários indignados, cada vez mais frequentes no Brasil, como “política é coisa de idiota”. O que podemos constatar é que acabou se invertendo o conceito original de idiota, pois a palavra idiótes, em grego, significa aquele que só vive a vida privada, que recusa a política, que diz não à política.

Talvez devêssemos retomar esse conceito de idiota como aquele que vive fechado dentro de si e só se interessa pela vida no âmbito pessoal. Sua expressão generalizada é: “Não me meto em política”.

M. S. Cortella e R. J. Ribeiro,

Política – para não ser idiota. Adaptado.

Texto 3

FILHOS DA ÉPOCA

Somos filhos da época e a época é política.

Todas as tuas, nossas, vossas coisas diurnas e noturnas, são coisas políticas.

Querendo ou não querendo, teus genes têm um passado político, tua pele, um matiz político, teus olhos, um aspecto político.

O que você diz tem ressonância, o que silencia tem um eco de um jeito ou de outro, político.

(...)

Wislawa Szymborska, Poemas.

Texto 4

As instituições políticas vigentes (por exemplo, partidos políticos, parlamentos, governos) vivem hoje um processo de abandono ou diminuição do seu papel de criadoras de agenda de questões e opções relevantes e, também, do seu papel de propositoras de doutrinas. O que não significa que se amplia a liberdade de opção individual. Significa apenas que essas funções estão sendo decididamente transferidas das instituições políticas (isto é, eleitas e, em princípio, controladas) para forças essencialmente não políticas ! primordialmente as do mercado financeiro e do consumo. A agenda de opções mais importantes dificilmente pode ser construída politicamente nas atuais condições. Assim esvaziada, a política perde interesse.

Zygmunt Bauman. Em busca da política. Adaptado.

Texto 5

Os textos aqui reproduzidos falam de política, seja para enfatizar sua necessidade, seja para

indicar suas limitações e impasses no mundo atual. Reflita sobre esses textos e redija uma dissertação em prosa, na qual você discuta as ideias neles apresentadas, argumentando de modo a deixar claro o seu ponto de vista sobre o tema Participação política: indispensável ou superada?

Instruções: ! A redação deve obedecer à norma padrão da língua portuguesa. ! Escreva, no mínimo, 20 e, no máximo, 30 linhas, com letra legível. ! Dê um título a sua redação.

SIMULADO

1

Redação - Texto 1 Leia a matéria abaixo, publicada na revista acadêmica Pesquisa Rio. Imagine que um diretor de uma escola se entusiasmou com o projeto e decidiu divulgá-lo no site de sua instituição. Para isso fez uma pequena entrevista com a coordenadora da Oficina de Experimentação Corporal mencionada na matéria. Crie essa entrevista, marcada pelo discurso oral formal, na qual deverão constar, necessariamente:

x três perguntas que explorem dados importantes da matéria; e x as respectivas respostas, também com base na matéria.

Lembre-se de que não deverá recorrer à mera colagem de trechos do texto lido.

Perceber sem ver

Imagine não conseguir ver o mundo que nos cerca e, mesmo assim, ter que aprender a viver nele. Esse desafio é uma realidade para mais de 1 milhão de cegos e 4 milhões de pessoas com deficiência visual que vivem no Brasil. No Instituto Benjamim Constant (IBC), a Oficina de Experimentação Corporal, coordenada pela professora Márcia Moraes, procura promover e ampliar os modos pelos quais as pessoas com deficiência visual experimentam e conhecem o próprio corpo e o mundo à sua volta. O trabalho, que contou com o apoio da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), é realizado por meio de uma parceria entre a UFF (Universidade Federal Fluminense) e o IBC, e conta com nove jovens – graduandos e mestrandos de psicologia da UFF e estudantes de dança da pós-graduação da Faculdade Escola Angel Vianna – que organizam as oficinas. Nelas, procura-se trabalhar a percepção do corpo, os movimentos, a noção de espaço e as diferentes texturas dos objetos. A finalidade é que, por meio dessas experimentações e sensibilizações corporais, os integrantes do grupo possam conhecer melhor o espaço a sua volta, o outro e a si mesmos, o que contribui para uma maior autonomia e independência do grupo. Os encontros, que ocorrem duas vezes por semana, têm duas horas de duração. Em 2008, o grupo deixou de trabalhar com crianças e passou a fazer oficinas com jovens e adultos com cegueira adquirida ou com baixa visão. Os exemplos bem-sucedidos têm sido muitos. “Quando você perde a visão, você morre e nasce de novo”, fala Camila Araújo Alves, de 18 anos, cega desde os 14, por conta de uma doença congênita. Da revolta à aceitação, Camila passou por várias fases difíceis enquanto perdia gradativamente a visão. A determinação para ingressar na universidade a levou a estudar com enorme afinco. O resultado compensou: dos seis vestibulares que prestou, passou em quatro e acabou optando pelo curso de psicologia da UFF, onde conheceu a coordenadora da oficina. Camila não só começou a participar das oficinas de experimentação corporal como também é membro da equipe de pesquisa. Além disso, passou pelos cursos de reabilitação no instituto. “Nas aulas de Atividades da Vida Diária e de Orientação e Mobilidade reaprendi a fazer uma série de atividades cotidianas e pude reconquistar certa autonomia. Hoje moro com minha prima e me viro sozinha.” (Adaptado de “Perceber sem ver”, Pesquisa Rio, março de 2010, ano III, número 10.)

SIMULADO

2

Redação - Texto 2 Leia a crônica abaixo e coloque-se na posição de um adulto que teve uma experiência escolar de “menino triste” e resolveu relatá-la em uma carta endereçada ao autor da crônica. Nessa carta, marcada por uma interlocução bem definida, você deverá:

x relatar sua experiência escolar de menino triste; e x relacionar essa experiência com a posição de M-1 ou de M-2, mostrando como sua escola lidou com a

questão. Lembre-se de que não deverá recorrer à mera colagem de trechos do texto lido.

Olho de menino triste

Duas pessoas que não conheço dialogam no ônibus e participo, em silêncio, ouvindo e pensando. Adorável conversa a três na qual apenas dois falam. M-1 é a moça um. M-2 é a moça dois, a interlocutora. A-T sou eu. Elas conversavam, eu ouvia e pensava. M-1 – Nada me comove mais que olho de menino triste. Você não tem vontade de chorar? M-2 – Ah, minha filha, eu nem olho muito. De triste já chega a vida. Finjo que não vejo e só reparo os meninos alegres, aqueles comunicativos. Criança, para mim, tem que ser feito aquelas dos anúncios: sempre perfeitas, fortes, gordas, engraçadinhas e modelares. M-1 – Também acho, mas quando vejo uma criança de olho triste, não consigo me desligar do que ela estará pedindo sem falar. Fico numa agonia danada querendo adivinhar qual é o seu problema. Tenho certeza de que ninguém alcança. A-T – Não adianta, moça. O inconsciente humano, assim como carrega o passado do homem e da espécie, também tem germens de antecipação do futuro. As dores da humanidade, presentes, passadas e por vir, já acompanham algumas pessoas. E modelam seus rostos, olhos e mensagens corporais silenciosas... M-2 – Deixa isso pra lá. A gente não vai salvar o mundo, mesmo. Se você ficar sempre olhando o lado triste quem acaba na fossa é você e sem nenhum proveito. Fossa pega, menina. E quem fica na fossa não tira ninguém dela. Sei lá. Se você ficar triste, por causa dele, o menino de olho triste vai ficar mais triste ainda. M-1 – Pode ser que você tenha razão. Mas se fico negando a parte triste e transformo tudo em alegria, tenho a sensação de estar enganando minhas crianças (nessa hora, percebi que ambas eram professoras). O que é que vou fazer, se lá no colégio sinto mais simpatia pelos que ficam quietinhos, morrendo de medo dos outros, loucos de vontade de brincar mas sem coragem de se enturmar. A-T – Esses vão ser assim sempre. Claro que terão, na mocidade, um período de reação, no qual tentarão se extroverter e nesse afã seguramente hão de exagerar. Lentamente, porém, como um rio após a enchente, voltarão para o leito de sua disposição inata e seguirão pela vida sempre olhando os brinquedos do lado de fora da vitrina. M-2 – Bobagem sua. Com jeito, você pode ir atraindo os mais encabulados para a brincadeira dos outros. Se eles sentem que você está com peninha, nunca vão reagir. Vão é se basear na sua pena para ficar ainda mais tristes. M-1 – E você pensa que não tenho tentado? É que observei que os meninos tristes, mesmo quando incentivados a brincar com os demais, acabam voltando ao que são, dentro da brincadeira. Os mais alegres e soltos sempre levam a melhor. Fico pensando se não seria o caso de se inventar uma pedagogia especial para a sensibilidade. Não há currículo? Não há nota? Não há teste de inteligência e de habilidades psicomotoras? Se tudo isso é importante, por que a escola não inventa, também, um tipo de currículo ou de pedagogia ou até mesmo escolas especiais para as crianças mais sensíveis? Acho que, se a gente consegue integrá-las na média, mais do que educando estará é violentando uma parte boa delas. Você não acha? M-2 – Não acho, não. Se a escola conseguir formar e aprimorar sensibilidades, você acha que depois, na vida aqui de fora, haverá a mesma compreensão para os sensíveis? Essa não. Não é o mundo que tem que se adaptar às pessoas. Elas é que têm que se adaptar ao mundo. A-T – Estava na hora de saltar. Desci feliz. Uma conversa como esta, de duas professoras, mostra que o mundo pode ser salvo. Mas fiquei pensando: talvez sejam os meninos tristes que o salvarão, sempre que a escola, um dia, os entenda e aprenda a cuidar-lhes sensibilidade e emoção da mesma maneira que se lhes aprimora a inteligência. Mas pedagogias à parte: haverá algo mais apatetante, culposo e dolorido que menino de olho triste? (Artur da Távola. Mevitevendo (Crônicas). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996: 25-27.)

SIMULADO

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Redação - Texto 3 Coloque-se na posição de um jornalista que, com base na leitura do texto abaixo, deverá escrever um editorial, isto é, um artigo jornalístico opinativo, para um importante jornal do país, discutindo o crescimento do e-lixo no Brasil. Seu texto deverá, necessariamente:

x abordar dois dos problemas relacionados ao crescimento do e-lixo no Brasil levantados pelo texto abaixo; e

x apontar uma forma possível de enfrentar esse crescimento. Atenção: Por se tratar de um editorial, você deverá atribuir um título ao seu texto. Lembre-se de que não deverá recorrer à mera colagem de trechos do texto lido.

Aumento na geração de e-lixo e responsabilidade compartilhada Quando você descarta um equipamento eletrônico, você está gerando o que se conhece como “e-lixo”. São materiais tais como pilhas, baterias, celulares, computadores, televisores, DVD’s, CD’s, rádios, lâmpadas fluorescentes e muitos outros que, se não tiverem uma destinação adequada, vão parar em aterros comuns e contaminar o solo e as águas, trazendo danos para o meio ambiente e para a saúde humana. Com a rápida modernização das tecnologias, os aparelhos tornam-se ultrapassados em uma velocidade assustadora. Na composição dos equipamentos eletrônicos existem substâncias tóxicas como mercúrio, chumbo, cádmio, belírio e arsênio – altamente perigosos à saúde humana. A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu em 22 de fevereiro de 2010 medidas urgentes contra o crescimento exponencial do lixo de origem eletrônica em países emergentes como o Brasil. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) apresentou um relatório que ressalta a urgência de estabelecer um processo ambicioso e regulado de coleta e gestão adequada do lixo eletrônico uma vez que a geração desse lixo cresce mundialmente a uma taxa de cerca de 40 milhões de toneladas por ano. Casemiro Tércio Carvalho, coordenador de planejamento ambiental da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, credita a posição do Brasil à ampliação da inclusão digital no país e ao aumento do poder aquisitivo das classes C, D e E. Para o professor Fernando S. Meirelles, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), a questão do lixo eletrônico no Brasil não é necessariamente um problema de governo. "É um fator cultural. O mercado de reciclados ainda é muito incipiente e não há coletores suficientes." Embora ainda tramite no Senado o projeto de lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (aprovado pela Câmara dos Deputados em março de 2010 após 19 anos de tramitação), é possível fazer alguns comentários sobre o conjunto de obrigações legais que estruturarão juridicamente, no Brasil, a Logística Reversa (o retorno do equipamento usado para o fabricante ou comerciante), que tem como implicação a Responsabilidade Compartilhada entre os Produtores/Fabricantes, os Comerciantes e Distribuidores, e os Consumidores. Está visto que não adianta a boa vontade dos consumidores se não existir uma infraestrutura de recolha do lixo eletrônico. É essa falta de estrutura que representa o grande entrave na política de gestão prevista na PNRS. Não podemos ignorar que a nossa cultura de gestão de resíduos é "zero". Daí porque o planejamento de política pública é o ponto inicial para qualquer medida que pretenda ser eficaz nessa área. (Adaptado das seguintes fontes: http://www.e-lixo.org/elixo.html (acessado em abril de 2010), www.uol.com.br por Juan Palop (publicada em 22.02.2010) e http://lixoeletronico.org por Diogo Guanabara (publicado em 20.04.2010))

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TEXTO 1 Imagine-se como um jovem que, navegando pelo site da MTV, se depara com o gráfico “Os valores de uma geração” da pesquisa Dossiê MTV Universo Jovem, e resolve comentar os dados apresentados, por meio do “fale conosco” da emissora. Nesse comentário, você, necessariamente, deverá:

a) comparar os três anos pesquisados, indicando dois (2) valores relativamente estáveis e duas (2) mudanças significativas de valores;

b) manifestar-se no sentido de reconhecer-se ou não no perfil revelado pela pesquisa.

I - Viver em uma sociedade mais segura, menos violenta.

G - Ter uma vida tranquila, sem correrias, sem estresse.

A - Ter união familiar, boa relação familiar.

B - Divertir-se, aproveitar a vida.

K - Ter uma carreira, uma profissão, um emprego.

F - Ter independência financeira/ Ter mais dinheiro do que já tem.

H - Viver num país com menos desigualdade social/ Viver numa sociedade mais justa.

M - Poder comprar o que quiser, poder comprar mais.

C - Ter fé/ Crer em Deus. E - Ter mais liberdade do que já tem. J - Ter amigos. D - Beleza física/ Ser bonito.

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TEXTO 2 Coloque-se no lugar de um líder de grêmio estudantil que tem recebido reclamações dos colegas sobre o ensino de ciências em sua escola e que, depois de ler a entrevista com Tatiana Nahas na revista de divulgação científica Ciência Hoje, decide convidá-la a dar uma palestra para os alunos e professores da escola. Escreva um discurso de apresentação do evento, adequado à modalidade oral formal. Você, necessariamente, deverá:

a) apresentar um diagnóstico com três (3) problemas do ensino de ciências em sua escola; e b) justificar a presença da convidada, mostrando em que medida as ideias por ela expressas na entrevista

podem oferecer subsídios para a superação dos problemas diagnosticados.

Escola na mídia Tatiana Nahas. Bióloga e professora de ensino médio, tuiteira e blogueira. Aos 34 anos, ela cuida da página Ciência na mídia, que, nas suas palavras, "propõe um olhar analítico sobre como a ciência e o cientista são representados na mídia". Ciência Hoje: É perceptível que seu blogue dá destaque, cada vez mais, à educação e ao ensino de ciências. Tatiana Nahas: Na verdade, é uma retomada dessa direção. Eu já tinha um histórico de trabalho em projetos educacionais diversos. Mas, mais que isso tudo, acho que antes ainda vem o fato de que não dissocio sobremaneira pesquisa de ensino. E nem de divulgação científica. CH: Como você leva a sua experiência na rede e com novas tecnologias para os seus alunos? TH: Eu não faço nenhuma separação que fique nítida entre o que está relacionado a novas tecnologias e o que não está. Simplesmente ora estamos usando um livro, ora os alunos estão criando objetos de aprendizagem relacionados a determinado conteúdo, como jogos. Um exemplo do que quero dizer: outro dia estávamos em uma aula de microscopia no laboratório de biologia. Os alunos viram o microscópio, aprenderam a manipulá-lo, conheceram um pouco sobre a história dos estudos citológicos caminhando em paralelo com a história do desenvolvimento dos equipamentos ópticos, etc. Em dado ponto da aula, tinham que resolver o problema de como estimar o tamanho das células que observavam. Contas feitas, discussão encaminhada, passamos para a projeção de uma ferramenta desenvolvida para a internet por um grupo da Universidade de Utah. Foi um complemento perfeito para a aula. Os alunos não só adoraram, como tiveram a possibilidade de visualizar diferentes células, objetos, estruturas e átomos de forma comparativa, interativa, divertida e extremamente clara. Por melhor que fosse a aula, não teria conseguido o alcance que essa ferramenta propiciou. Veja, não estou competindo com esses recursos e nem usando-os como muleta. Esses recursos são exatamente o que o nome diz: recursos. Têm que fazer parte da educação porque fazem parte do mundo, simples assim. Ah, mas e o monte de bobagens que encontramos na internet? Bom, mas há um monte de bobagens também nos jornais, nos livros e em outros meios “mais consolidados”. Há um monte de bobagens mesmo nos livros didáticos. A questão está no que deve ser o foco da educação: o conteúdo puro e simples ou as habilidades de relacionar, de interpretar, de extrapolar, de criar, etc.? CH: Você acha que é necessário mudar muita coisa no ensino de ciências, especificamente? TN: Eu diria que há duas principais falhas no nosso ensino de ciências. Uma reside no quase completo esquecimento da história da ciência na sala de aula, o que faz com que os alunos desenvolvam a noção de que ideias e teorias surgem repentinamente e prontas na mente dos cientistas. Outra falha que vejo está no fato de que pouco se exercita o método científico ao ensinar ciências. Não dá para esperar que o aluno entenda o modus operandi da ciência sem mostrar o método científico e o processo de pesquisa, incluindo os percalços inerentes a uma investigação científica. Sem mostrar a construção coletiva da ciência. Sem mostrar que a controvérsia faz parte do processo de construção do conhecimento científico e que há muito desenvolvimento na ciência a partir dessas controvérsias. Caso contrário, teremos alunos que farão coro com a média da população que se queixa, ao ouvir notícias de jornal, que os cientistas não se resolvem e uma hora dizem que manteiga faz bem e outra hora dizem que manteiga faz mal. Ou seja, já temos alguns meios de divulgação que não compreendem o funcionamento da ciência e a divulgam de maneira equivocada. Vamos também formar leitores acríticos?

(Adaptado de Thiago Camelo, Ciência Hoje On-line. Disponível em http.cienciahoje.com.br. Acesso em: 04/03/2010.)

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TEXTO 3

Coloque-se na posição de um articulista que, ao fazer uma pesquisa sobre as recentes catástrofes ocorridas em função das chuvas que afetaram o Brasil a partir do final de 2009, encontra a crônica de Drummond, publicada em 1966, e decide dialogar com ela em um artigo jornalístico opinativo para uma série especial sobre cidades, publicada em revista de grande circulação. Nesse artigo você, necessariamente, deverá:

a) relacionar três (3) problemas enfrentados recentemente pelas cidades brasileiras em função das chuvas com aqueles trabalhados na crônica;

b) mostrar em que medida concorda com a visão do cronista sobre a questão.

Os dias escuros Carlos Drummond de Andrade

Amanheceu um dia sem luz – mais um – e há um grande silêncio na rua. Chego à janela e não vejo as figuras habituais dos primeiros trabalhadores. A cidade, ensopada de chuva, parece que desistiu de viver. Só a chuva mantém constante seu movimento entre monótono e nervoso. É hora de escrever, e não sinto a menor vontade de fazê-lo. Não que falte assunto. O assunto aí está, molhando, ensopando os morros, as casas, as pistas, as pessoas, a alma de todos nós. Barracos que se desmancham como armações de baralho e, por baixo de seus restos, mortos, mortos, mortos. Sobreviventes mariscando na lama, à pesquisa de mortos e de pobres objetos amassados. Depósito de gente no chão das escolas, e toda essa gente precisando de colchão, roupa de corpo, comida, medicamento. O calhau solto que fez parar a adutora. Ruas que deixam de ser ruas, porque não dão mais passagem. Carros submersos, aviões e ônibus interestaduais paralisados, corrida a mercearias e supermercados como em dia de revolução. O desabamento que acaba de acontecer e os desabamentos programados para daqui a poucos instantes. Este, o Rio que tenho diante dos olhos, e, se não saio à rua, nem por isso a imagem é menos ostensiva, pois a televisão traz para dentro de casa a variada pungência de seus horrores. Sim, é admirável o esforço de todo mundo para enfrentar a calamidade e socorrer as vítimas, esforço que chega a ser perturbador pelo excesso de devotamento desprovido de técnica. Mas se não fosse essa mobilização espontânea do povo, determinada pelo sentimento humano, à revelia do governo incitando-o à ação, que seria desta cidade, tão rica de galas e bens supérfluos, e tão miserável em sua infraestrutura de submoradia, de subalimentação e de condições primitivas de trabalho? Mobilização que de certo modo supre o eterno despreparo, a clássica desarrumação das agências oficiais, fazendo surgir de improviso, entre a dor, o espanto e a surpresa, uma corrente de afeto solidário, participante, que procura abarcar todos os flagelados. Chuva e remorso juntam-se nestas horas de pesadelo, a chuva matando e destruindo por um lado, e, por outro, denunciando velhos erros sociais e omissões urbanísticas; e remorso, por que escondê-lo? Pois deve existir um sentimento geral de culpa diante de cidade tão desprotegida de armadura assistencial, tão vazia de meios de defesa da existência humana, que temos o dever de implantar e entretanto não implantamos, enquanto a chuva cai e o bueiro entope e o rio enche e o barraco desaba e a morte se instala, abatendo-se de preferência sobre a mão de obra que dorme nos morros sob a ameaça contínua da natureza; a mão de obra de hoje, esses trabalhadores entregues a si mesmos, e suas crianças que nem tiveram tempo de crescer para cumprimento de um destino anônimo. No dia escuro, de más notícias esvoaçando, com a esperança de milhões de seres posta num raio de sol que teima em não romper, não há alegria para a crônica, nem lhe resta outro sentido senão o triste registro da fragilidade imensa da rica, poderosa e martirizada cidade do Rio de Janeiro.

Correio da Manhã, 14/01/1966.

1

TEXTO 1 Imagine que, ao navegar em uma página da internet especializada em orientação vocacional, você encontra um fórum criado por concluintes do Ensino Médio para discutir o que leva uma pessoa a investir na profissão de cientista. Um dos participantes do fórum, que se autonomeia Estudante Paulista, postou o gráfico reproduzido abaixo e escreveu o seguinte comentário:

Você decide, então, participar da discussão, postando um comentário sobre a mesma pesquisa, em resposta à pessoa que assina como Estudante Paulista. No comentário, você deverá:

x fazer uma análise do gráfico, sugerindo o que pode ser concluído a partir dos resultados da pesquisa;

x posicionar-se frente à opinião do Estudante Paulista, levando em conta a análise que você fez do gráfico.

Respostas de estudantes de vários países à pergunta “Gostaria de ser cientista?”, apresentadas em escala de 1 a 4. Quanto maior o número, maior a quantidade de respostas positivas. Em destaque, os índices dos municípios brasileiros de Tangará da Serra (MT) e São Caetano do Sul (SP).

(Adaptado de Ciência Hoje, n. 282, vol. 47, jun. 2011, p. 59.)

Às 15h42, Estudante Paulista escreveu:

Vejam este gráfico! Ele mostra o resultado de uma pesquisa sobre o interesse de estudantes de vários lugares do mundo pela carreira científica. Vocês não acham que essa pesquisa reflete muito bem a realidade? Eu, por exemplo, sempre morei em São Paulo e nunca pensei em ser cientista!

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TEXTO 2 Coloque-se no lugar dos estudantes de uma escola que passou a monitorar as páginas de seus alunos em redes sociais da internet (como o Orkut, o Facebook e o Twitter), após um evento similar aos relatados na matéria reproduzida abaixo. Em função da polêmica provocada pelo monitoramento, você resolve escrever um manifesto e recebe o apoio de vários colegas. Juntos, decidem lê-lo na próxima reunião de pais e professores com a direção da escola. Nesse manifesto, a ser redigido na modalidade oral formal, você deverá necessariamente:

x explicitar o evento que motivou a direção da escola a fazer o monitoramento;

x declarar e sustentar o que você e seus colegas defendem, convocando pais, professores e alunos a agir em conformidade com o proposto no documento.

Escolas monitoram o que aluno faz em rede social Durante uma aula vaga em uma escola da Grande

São Paulo, os alunos decidiram tirar fotos deitados em colchonetes deixados no pátio para a aula de educação física. Um deles colocou uma imagem no Facebook com uma legenda irônica, em que dizia: vejam as aulas que temos na escola. Uma professora viu a foto e avisou a diretora. Resultado: o aluno teve de apagá-la e todos levaram uma bronca.

O caso é um exemplo da luta que as escolas têm

travado com os alunos por conta do uso das redes sociais. Assuntos relativos à imagem do colégio, casos de bullying virtual e até mensagens em que, para a escola, os alunos se expõem demais, estão tendo de ser apagados e podem acabar em punição. Em outra instituição, contam os alunos, um casal foi suspenso depois de a menina pôr no Orkut uma foto deles se beijando nas dependências da escola.

As escolas não comentaram os casos. Uma delas diz

que só pediu para apagar a foto porque houve um "tom ofensivo". Como outras escolas consultadas, nega que monitore o que os alunos publicam nos sites.

Exercícios - Como professores e alunos são "amigos" nas redes sociais, a escola tem acesso imediato às publicações.

Foi o que aconteceu com um aluno do ABC

paulista. Um professor soube da página que esse aluno criou com amigos no Orkut. Nela, resolviam exercícios de geografia – cujas respostas acabaram copiadas por colegas. O aluno teve de tirá-la do ar.

O caso é parecido com o de uma aluna de 15

anos do Rio de Janeiro obrigada a apagar uma comunidade criada por ela no Facebook para a troca de respostas de exercícios. Ela foi suspensa. Já o aluno do ABC paulista não sofreu punição e o assunto ética na internet passou a ser debatido em aula.

Transformar o problema em tema de discussão

para as aulas é considerado o ideal por educadores. "A atitude da escola não pode ser policialesca, tem que ser preventiva e negociadora no sentido de formar consciência crítica", diz Sílvia Colello, professora de pedagogia da USP.

(Adaptado de Talita Bedinelli & Fabiana Rewald, Folha de S. Paulo, 19/06/2011.)

3

TEXTO 3

Imagine-se na posição de um leigo em informática que, ao ler a matéria Cabeça nas nuvens, reproduzida abaixo, decide buscar informações sobre o que chamam de computação em nuvem. Após conversar com usuários de computador e ler vários textos sobre o assunto (alguns dos quais reproduzidos abaixo em I, II e III), você conclui que o conceito é pouco conhecido e resolve elaborar um verbete para explicá-lo. Nesse verbete, que será publicado em uma enciclopédia on-line destinada a pessoas que não são especializadas em informática, você deverá:

x definir computação em nuvem, fornecendo dois exemplos para mostrar que ela já está presente em atividades realizadas cotidianamente pela maioria dos usuários de computador;

x apresentar uma vantagem e uma desvantagem que a aplicação da computação em nuvem poderá ter em um futuro próximo.

Cabeça nas nuvens

Quando foi convidado para participar da feira de educação da Microsoft, Diogo Machado já sabia que projeto desenvolver. O estagiário de informática da Escola Estadual Professor Francisco Coelho Ávila Júnior, em Cachoeiro de Itapemirim (ES), estava cansado de ouvir reclamações de alunos que perdiam arquivos no computador. Decidiu criar um sistema para salvar trabalhos na própria internet, como ele já fazia com seus códigos de programação. Dessa forma, se o computador desse pau, o conteúdo ficaria seguro e poderia ser acessado de qualquer máquina. A ideia do recém-formado técnico em informática se baseava em clouding computing (ou computação em nuvem), tecnologia que é a aposta de gigantes como Apple e Google para o armazenamento de dados no futuro. Em três meses, Diogo desenvolveu o Escola na nuvem (escolananuvem.com.br), um portal em que estudantes e professores se cadastram e podem armazenar e trocar conteúdos, como o trabalho de matemática ou os tópicos da aula anterior. As informações ficam em um disco virtual, sempre disponíveis para consulta via web.

(Extraído de Galileu, no. 241, ago. 2011, São Paulo: Editora Globo, p. 79.)

I

II

III

Vamos dizer que você é o executivo de uma grande empresa. Suas responsabilidades incluem assegurar que todos os seus empregados tenham o software e o hardware de que precisam para fazer o seu trabalho. Comprar computadores para todos não é suficiente – você também tem de comprar software ou licenças de software para dar aos empregados as ferramentas que eles exigem. Em breve, deve haver uma alternativa para executivos como você. Em vez de instalar uma suíte de aplicativos em cada computador, você só teria de carregar uma aplicação. Essa aplicação permitiria aos trabalhadores logar-se em um serviço baseado na web que hospeda todos os programas de que o usuário precisa para o seu trabalho. Máquinas remotas de outra empresa rodariam tudo – de e-mail a processador de textos e a complexos programas de análise de dados. Isso é chamado computação em nuvem e poderia mudar toda a indústria de computadores. Se você tem uma conta de e-mail com um serviço baseado na web, como Hotmail, Yahoo! ou Gmail, então você já teve experiência com computação em nuvem. Em vez de rodar um programa de e-mail no seu computador, você se loga numa conta de e-mail remotamente pela web.

(Adaptado de Jonathan Strickland, Como funciona a computação em nuvem.Disponível em http://informatica.hsw.uol.com.br/computacao-em-nuvem.htm.)

A simples ideia de determinadas informações ficarem armazenadas em computadores de terceiros (no caso, os fornecedores de serviço), mesmo com documentos garantindo a privacidade e o sigilo, preocupa pessoas, órgãos do governo e, principalmente, empresas. Além disso, há outras questões, como o problema da dependência de acesso à internet: o que fazer quando a conexão cair? Algumas companhias já trabalham em formas de sincronizar aplicações off-line com on-line, mas tecnologias para isso ainda precisam evoluir bastante.

(Adaptado de O que é Cloud Computing? Disponível em: http://www.infowester.com/cloudcomputing.php.)

“Você quer ter uma máquina de lavar ou quer ter a roupa lavada?”

Essa pergunta resume de forma brilhante o conceito de computação em nuvem, que foi abordado em um documentário veiculado recentemente na TV.

(Adaptado de http://toprenda.net/2010/04/computacao-em-nuvem-voce-ja-usa-e-nem-sabia.)