TEXTO SEMINARIO INFECÇÃO

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN

    DIOGO GIOVANE DE OLIVEIRA BARROS

    GABRIEL PORTES FERRIANI

    JORGE LUIZ DALLAZEN

    RAFAEL DELINSKI DOS SANTOS

    INFECO HOSPITALAR

    CURITIBA

    2013

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN

    DIOGO GIOVANE DE OLIVEIRA BARROS

    GABRIEL PORTES FERRIANI

    JORGE LUIZ DALLAZEN

    RAFAEL DELINSKI DOS SANTOS

    INFECO HOSPITALAR

    Trabalho apresentado Disciplina de

    Microbiologia aplicada Farmcia, do curso de

    Farmcia, da Universidade Federal do Paran.

    ProfDrIlmaHirokoHiguti

    CURITIBA

    2013

  • SUMRIO

    INFECO HOSPITALAR: CONCEITOS BSICOS E HISTRIA....................................4

    O PAPEL DO FARMACUTICO NO CONTROLE DAS IH.................................................8

    MEDIDAS CONTRA INFECO HOSPITALAR: HIGIENE, LIMPEZA E PROTEO.....8

    DIAGNSTICO DE INFECO HOSPITALAR.................................................................13

    ANTIMICROBIANOS E RESISTNCIA.............................................................................14

    PREVENO.....................................................................................................................17

    EXEMPLO DE MEDIDA DE PREVENO.......................................................................18

    INFECES MAIS COMUNS NO AMBIENTE HOSPITALAR..........................................19

    Infeco do Trato Urinrio (ITU)...............................................................................19

    Infeco de Ossos e Articulaes.............................................................................22

    Infeces de Pele e Tecido Subcutneo..................................................................24

    Infeces Gatrointestinais.........................................................................................26

    Infeces do Sistema Nervosos Central...................................................................27

    Infeco Sistmica....................................................................................................28

    Infeces do Trato Respiratrio Pneumonia Hospitalar........................................28

    CONCLUSO....................................................................................................................30

    REFERNCIAS..................................................................................................................31

  • 4

    INFECO HOSPITALAR: CONCEITOS BSICOS E HISTRIA

    Infeco hospitalar, ou infeco nosocomial , segundo o Ministrio da

    Sade (PORTARIA MS 2616/98), aquela adquirida aps a admisso do paciente

    e cuja manifestao ocorreu durante a internao ou aps a alta, podendo ser

    relacionada com a internao ou procedimentos hospitalares.

    Louis Pasteur (1822-1895) provou a existncia de organismos invisveis a

    olho nu, que causavam diversos tipos de infeces e que estes poderiam ser

    eliminados pelo processo de esterilizao (ou pasteurizao). O Ingls Joseph

    Lister (1827-1912) revolucionou a cirurgia com a utilizao de cidos carboxlicos

    como agentes antisspticos, reduzindo consideravelmente infeces ps-

    operatrias. Em 1928, a descoberta da Penicilina, feita pelo mdico Alexander

    Fleming, tornou o tratamento de diversas infeces possvel e reduziu

    sensivelmente o nmero de mortes por infeco, pois inibia a multiplicao de

    Staphylococcus (MURRAY et al, 2009). No entanto, o uso indiscriminado desse

    antibitico tornou muitas cepas bacterianas resistentes, sendo necessrio o

    desenvolvimento de novas classes de medicamentos, mais eficientes e com maior

    espectro de ao. A estreptomicina e as tetraciclinas foram desenvolvidas ente as

    dcadas de 40 e 50, seguida pelos aminoglicosdeos, penicilinas semissintticas,

    cefalosporinas e quinolonas. Contudo, com a introduo de novos agentes

    teraputicos, as bactrias tm mostrado grande capacidade de desenvolver

    resistncia (MURRAY et al, 2009).

    Desde ento, diversos outros pesquisadores ao longo da histria vm se

    preocupando com essas infeces adquiridas no meio hospitalar, que so muitas

    vezes provocadas por precariedade na higiene, alm de fatores como a

    resistncia a antimicrobianos (pelo uso indiscriminado deles) e da suscetibilidade

    do prprio paciente infeco.

    Turrini e Santo (2002) afirmam que as maiores taxas de infeco

    hospitalar so observadas em pacientes nos extremos da idade e nos servios de

    oncologia, cirurgia e terapia intensiva. Villas Bas e Ruiz (2004) ainda

    estabelecem que as topografias mais frequentes de infeco hospitalar so

    infeco do trato urinrio, pneumonia, infeco do stio cirrgico e sepse (Grfico

  • 5

    1). Segundo os mesmos autores, ainda, o indivduo idoso est mais suscetvel a

    adquirir infeco hospitalar devido a alteraes fisiolgicas do envelhecimento,

    declnio da resposta imunolgica e realizao de procedimentos invasivos.

    Macleanet al (2008) descobriram que determinados comprimentos de onda

    podem inativar bactrias comuns no ambiente hospitalar, como o caso do

    Staphylococcus aureus resistente Meticilina (MRSA), inativado potencialmente

    em faixas de comprimento de onda entre 400 e 420 nm. Villas Bas e Ruiz (2004)

    tambm consideram infeco hospitalar:

    quando, na mesma topografia em que foi diagnosticada infeco comunitria,

    foi isolado um germe diferente, seguido do agravamento das condies clnicas

    do paciente;

    a manifestao clnica de infeco que se apresentou a partir de 72 horas

    aps a admisso hospitalar, quando se desconhecia o perodo de incubao do

    microrganismo e sem evidncia clnica e/ou dado laboratorial de infeco no

    momento da internao;

    aquela manifestada antes de 72 horas da internao, quando associada a

    procedimentos diagnsticos e/ou teraputicos realizados durante esse perodo.

    Tais consideraes so relevantes, pois em muitos casos a infeco

    hospitalar pode ser confundida com infeco comunitria. As portarias 196/83 e

    2616/98 do Ministrio da Sade definem infeco comunitria como infeco

    constatada ou em incubao no ato da admisso do paciente, desde que no

    relacionada com internao anterior no mesmo hospital.

    No Brasil, a infeco hospitalar tem sido estudada massivamente

    principalmente aps a morte do Presidente Tancredo Neves, em 1985, por conta

    de um evento de infeco. Antes disso, porm, o Ministrio da Sade j havia

    institudo leis que regem a preveno e o controle de infeces hospitalares em

    territrio nacional. A Portaria 196/83 do Ministrio da Sade instituiu a

    implantao de Comisses de Controle de Infeco Hospitalar (CCIH) em todos

    os hospitais do pas. Essas comisses, institudas em cada hospital, so as

    responsveis pelo diagnstico e levantamento estatstico dos casos de infeco

    hospitalar que ocorrem dentro das dependncias do estabelecimento. A execuo

    dessas tarefas de responsabilidade do Servio de Controle de Infeco

  • 6

    Hospitalar, que dentre outras atribuies, realiza a Vigilncia Epidemiolgica no

    hospital. A Lei 8080/90, que tambm institui o Sistema nico de Sade, define

    como Vigilncia Epidemiolgica o conjunto de aes que proporciona o

    conhecimento, a deteco e preveno de qualquer mudana nos fatores

    determinantes e condicionantes de sade individual e coletiva, com o intuito de

    recomendar e adotar medidas de controle de doenas e agravos. O quadro 1

    mostra um exemplo de classificao feita em servios de Vigilncia

    Epidemiolgica, de acordo com o potencial de contaminao.

    Grfico 1. Distribuio por topografia das Infeces hospitalares em Pacientes internados em UTIs

    de adulto de 182 hospitais brasileiros. ANVISA/FSP-USP 2001/2003 (N= 8861 pacientes)

    Grfico 2. Distribuio de Hospitais de Acordo com a Adoo de Polticas de Utilizao de

    Antimicrobianos, Germicidas e de Materiais Mdico- Hospitalares.

  • 7

    Turrini e Santo (2002) afirmam que no Brasil os dados sobre infeco

    hospitalar ainda so pouco divulgados, devido dificuldade de registro na

    certido de bito dos pacientes. Dados do Programa Nacional do Controle de

    Infeces Hospitalares no Brasil (PNCIH) (ANVISA, 1998) revelam que a maior

    causa das infeces est ligada ao sistema respiratrio do paciente (grfico 1).

    Ainda, sobre o uso de antimicrobianos, 41% dos hospitais no adotam a poltica

    de utilizao de microbianos, germicidas e materiais mdico-hospitalares,

    conforme legislao (grfico 2). O PNCIH definido como um conjunto de aes

    desenvolvidas e deliberadas de forma sistemtica, com o objetivo de reduzir ao

    mximo a incidncia e gravidade de infeces nosocomiais (Dantas, 2011).

    Quadro 1. Classificao da ferida operatria de acordo com seu potencial de contaminao.

  • 8

    O PAPEL DO FARMACUTICO NO CONTROLE DA INFECO HOSPITALAR

    A Comisso de Controle de Infeco Hospitalar (CCIH) deve ser uma

    equipe multidisciplinar. Segundo a Portaria 2612/98 do Ministrio da Sade, cada

    CCIH deve ser composta por profissionais de sade, de nvel superior,

    consultores e executores. Os executores devem ser no mnimo 2 tcnicos de nvel

    superior para cada 200 leitos. Os consultores devero representar os servios

    mdicos, de enfermagem, de farmcia, de microbiologia e administrativos. Dentro

    de uma estrutura hospitalar, a farmcia responsvel pela aquisio e produo

    de agentes antimicrobianos necessrios para procedimentos teraputicos e de

    higienizao do ambiente hospitalar. responsabilidade da farmcia hospitalar o

    uso racional e o monitoramento do uso de saneantes e germicidas em todos os

    setores hospitalares (Usberco et al, 2000).

    Segundo a American Society of Health-System Pharmacists, as

    responsabilidades do farmacutico no controle da infeco hospitalar incluem:

    reduo da transmisso das infeces, promoo do uso racional de

    antimicrobianos e educao continuada para profissionais da sade e pacientes.

    A participao do farmacutico, juntamente com os demais membros da CCIH

    importante para definir uma poltica de seleo e utilizao de antimicrobianos

    realizada juntamente com a comisso de Farmcia Teraputica (CFT) (DANTAS,

    2011).

    MEDIDAS CONTRA INFECO HOSPITALAR: HIGIENE, LIMPEZA E

    PROTEO.

    A maioria das doenas causada por agentes infecciosos, cuidados com

    a higiene pessoal e principalmente a higiene dos aparelhos e do ambiente

    hospitalar, so as principais armas para a no proliferao de doenas (LIFE,

    2012).

    No caso da higiene hospitalar todos os cuidados so de extrema

    importncia, devido o risco de contaminao cruzada. Um dos pontos

    fundamentais para uma boa higienizao ter um profissional qualificado para

    orientar a equipe de limpeza na realizao das tcnicas corretas, como por

    exemplo, limpar sempre em sentido nico, de cima para baixo, do ambiente

    menos contaminado para o de maior risco de contaminao. Os cuidados no

  • 9

    ficam restritos apenas ao mbito hospitalar, mais tambm a nossa higiene

    pessoal (SANTOS, 2002).

    O Manual de Isolamento e Precaues do Centro de Controle de Doenas

    de Atlanta (CDC) e do Comit de Aconselhamento para as Prticas de Controle

    de Infeces em Hospitais (HICPAC) recomenda a lavagem das mos entre

    contatos com pacientes; aps contato com sangue, secrees corporais,

    excrees, secrees, equipamentos ou artigos que possam estar contaminados;

    imediatamente aps a retirada de luvas e entre atividades com o mesmo paciente,

    para evitar a transmisso cruzada entre diferentes stios corporais. O rgo

    administrativo para segurana e sade ocupacional do governo Norte Americano

    (OSHA) j recomenda que as mos sejam lavadas imediatamente ou assim que

    possvel, aps a remoo de luvas ou de equipamentos de proteo individual.

    Ainda, os profissionais devem lavar as mos com gua e sabo imediatamente

    aps contato com sangue ou outras secrees corporais potencialmente

    infectantes, como o smen, secrees vaginais, lquor, lquidos pleural,

    pericrdico, peritoneal e amnitico, saliva ou qualquer outro lquido com

    contaminao visvel por sangue. Na ausncia de condies para a lavagem das

    mos, devem ser usados lenos ou toalhas embebidos em antisspticos,

    realizando a lavagem das mos assim que possvel (SANTOS, 2002).

    Durante a jornada de trabalho no hospital obrigatrio o uso de

    equipamentos de proteo individual EPIs que tm como objetivo oferecer

    segurana aos funcionrios, evitando e minimizando os riscos sade, uma vez

    que o histrico mdico pode no identificar com total confiabilidade todos os

    pacientes portadores de doenas infecciosas transmissveis, seja por via

    sangunea (como HIV, hepatites B e C, etc) ou por patgenos de transmisso por

    via respiratria (tuberculose, sarampo, etc) (UFSC, 2013).

    A adequao do EPIs est diretamente vinculada atividade

    desenvolvida. So indicados nas reas clnicas e de apoio diagnstico (BRASIL-a,

    2010). Os tipos de EPIs so:

    Mscara com filtro qumico: indicada para quando o profissional necessite

    manipular substncias qumicas txicas.

    Mscara cirrgica: evita a liberao de microrganismos oriundos do nariz

    e da boca dos profissionais, protegendo o cliente de contaminao na

  • 10

    inciso cirrgica. Do lado do profissional, protege suas mucosas de

    respingos de sangue e outros fluidos do cliente.

    Luvas cirrgicas: servem como barreira tanto para proteger o cliente da

    flora microbiana das mos da equipe cirrgica, como para evitar infeco

    ocupacional pelo contato com sangue do cliente.

    culos de acrlico: proteo de mucosa ocular. Deve ser de material

    acrlico que no interfira com a acuidade visual do profissional, que tenha

    capacidade de no embaar, permita uma perfeita adaptao face e

    oferea proteo lateral.

    Protetor facial de acrlico: proteo da face. Deve ser de material acrlico

    que no interfira com a acuidade visual do profissional e permita uma

    perfeita adaptao face. Deve oferecer proteo lateral. Indicado

    durante a limpeza mecnica de instrumentais (Central de Esterilizao,

    Expurgos), rea de necropsia e laboratrios.

    O Prop tem como finalidade na preveno de contaminao do cho de

    reas crticas por microrganismos que so carreados nas solas dos

    sapatos e podem ser liberados ao ambiente (por exemplo, em hospitais:

    hemodilise, hemodinmica, centro cirrgico, centro obsttrico, central de

    material e esterilizao, expurgo ou outros setores preconizados pela

    CCIH do hospital).

    Touca: barreira de proteo contra microrganismos do cabelo e couro

    cabeludo em tamanho adequado para a cobertura total do cabelo.

    Uniforme privativo: evita liberao de microrganismos da pele, tronco e

    membros, fornecidos em tamanhos que atendam os diferentes manequins

    dos usurios. O jaleco precisa cobrir todo o tronco, do final do pescoo

    at o incio da plvis. Devido riscos de contato dos braos com fluidos

    orgnicos, deve ter manga mais longa. Isso tambm protege contra a

    liberao de microrganismos das axilas. A cala precisa cobrir totalmente

    os membros inferiores.

    Avental cirrgico: evita a liberao de microrganismos oriundos do corpo

    dos profissionais e a contaminao dos stios invadidos dos clientes. Com

    relao ao profissional, protege a pele do corpo da exposio ao sangue

    e outras substncias orgnicas do cliente.

  • 11

    Deve-se almejar a proteo total quando se identifica um risco aumentado

    de exposio (PAZ, 2000)

    A limpeza e a desinfeco de superfcies so elementos que convergem

    para a sensao de bem-estar, segurana e conforto dos pacientes, profissionais

    e familiares nos servios de sade. Isso tambm colabora para o controle das

    infeces relacionadas assistncia sade, por garantir um ambiente com

    superfcies limpas, com reduo do nmero de microrganismos, e apropriadas

    para a realizao das atividades desenvolvidas nesses servios (BRASIL-b,

    2010).

    Considerando a variedade das atividades desenvolvidas em um servio

    de sade, o ambiente hospitalar dividido em vrias reas especficas para o

    desenvolvimento de atividades administrativas e operacionais. As reas so

    classificadas em relao ao risco de transmisso de infeces com base nas

    atividades realizadas em cada local (BRASIL-b, 2010).

    reas crticas: so os ambientes onde existe risco aumentado de

    transmisso de infeco, onde se realizam procedimentos de risco, com

    ou sem pacientes ou onde se encontram pacientes imunodeprimidos. So

    exemplos desse tipo de rea: Centro Cirrgico, Centro Obsttrico,

    Unidade de Terapia Intensiva, Unidade de Dilise, Laboratrio de

    Anlises Clnicas, Banco de Sangue, Setor de Hemodinmica, Unidade

    de Transplante, Unidade de Queimados, Unidades de Isolamento,

    Berrio de Alto Risco, Central de Material e Esterilizao, Lactrio,

    Servio de Nutrio e Diettica , Farmcia e rea suja da Lavanderia.

    reas semicrticas: so todos os compartimentos ocupados por pacientes

    com doenas infecciosas de baixa transmissibilidade e doenas no

    infecciosas. So exemplos desse tipo de rea: enfermarias e

    apartamentos, ambulatrios, banheiros, posto de enfermagem, elevador e

    corredores.

    reas no crticas: so todos os demais compartimentos dos

    estabelecimentos assistenciais de sade no ocupados por pacientes e

    onde no se realizam procedimentos de risco. So exemplos desse tipo

  • 12

    de rea: vestirio, copa, reas administrativas, almoxarifados, secretaria,

    sala de costura.

    Atualmente, essa classificao questionada, pois o risco de infeco ao

    paciente est relacionado aos procedimentos aos quais ele submetido,

    independentemente da rea em que ele se encontra. Entretanto, essa

    classificao pode nortear o lder, supervisor ou encarregado do Servio de

    Limpeza e Desinfeco de Superfcies em Servios de Sade na diviso de

    atividades, dimensionamento de equipamentos, profissionais e materiais

    (BRASIL-b, 2010).

    O Servio de limpeza e desinfeco nos servios de sade deve manter

    um ambiente limpo e preparado para o atendimento de seus clientes e a

    conservao das superfcies fixas e equipamentos permanentes da instituio

    (SO PAULO, 2012).

    Os tipos de limpeza relacionados a seguir esto classificados de acordo

    com a sua abrangncia, frequncia e os objetivos a serem atingidos.

    a) Limpeza concorrente: aquela realizada, de forma geral, diariamente, e

    inclui a limpeza de pisos, instalaes sanitrias, superfcies horizontais de

    equipamentos e mobilirios, esvaziamento e troca de recipiente de lixo, de

    roupas e arrumao em geral. Ainda a manuteno e reposio de

    materiais de consumo (papel toalha, sabonete lquido, papel higinico,

    etc.). Em condies especiais esse tipo de limpeza pode e deve ser

    realizado mais de uma vez por dia e em reas crticas, duas vezes ao dia,

    ou mais.

    b) Limpeza imediata ou descontaminao: trata-se da limpeza quando

    realizada quando ocorre sujidade aps a limpeza concorrente em reas

    crticas e semicrticas, em qualquer perodo do dia. Tal sujidade refere-se,

    principalmente quelas de origem orgnica, qumica ou radioativa, com

    riscos de disseminao de contaminao. Essa limpeza limita-se a

    remoo imediata dessa sujidade do local onde ela ocorreu e sua

    adequada dispensao. A tcnica utilizada depender do tipo de sujidade

    e de seu risco de contaminao.

    c) Limpeza de manuteno: constituda de alguns requisitos da limpeza

    concorrente. Limitam-se mais ao piso, banheiros e esvaziamento de lixo,

  • 13

    em locais de grande fluxo de pessoal e de procedimentos, sendo

    realizada nos 3 perodos do dia (manh, tarde e noite) conforme a

    necessidade, atravs de rotina e de vistoria contnua. Exemplo de onde

    esse tipo de limpeza ocorre com frequncia no pronto socorro ou

    ambulatrio, devido alta rotatividade de atendimento.

    d) Limpeza terminal: trata-se de uma limpeza e ou desinfeco mais

    completa, abrangendo horizontalmente e verticalmente pisos, paredes,

    equipamentos, mobilirios, inclusive camas, macas e colches, janelas,

    vidros, portas, peitoris, varandas, grades do ar condicionado, luminrias,

    teto e em todas as suas superfcies externas e internas. A periodicidade

    de limpeza de todos esses itens depender da rea onde os mesmos se

    encontram e de sua frequncia de sujidade. Como exemplos, a limpeza

    terminal da unidade de um paciente internado dever ser realizada a

    qualquer momento aps sua alta, transferncia ou bito. J a limpeza

    terminal do centro cirrgico realizada diariamente aps a realizao de

    cirurgias eletivas do dia.

    J desinfeco o processo aplicado a uma superfcie, visando a

    eliminao dos microrganismos, exceto os esporos, e evitar o seu eventual

    deslocamento para outros pontos. O agente utilizado para essa operao o

    sabo ou detergente, seguido de enxgue e aplicao de desinfetante que

    remove com o auxlio de meios mecnicos e/ou fsicos, a sujidade depositada nas

    superfcies inertes que constituem um porte fsico e nutritivo para os

    microrganismos (SO PAULO, 2012).

    DIAGNSTICO DE INFECO HOSPITALAR

    Essencial na escolha do tratamento mais eficaz contra os patgenos, o

    diagnstico realizado a partir do isolamento do agente infectante e no

    reconhecimento de sua sensibilidade aos microbianos, atravs do antibiograma.

    A bacterioscopia, esfregao da amostra e aplicao dos reagentes de

    Gram, auxilia na identificao de quais os germes mais provveis pela infeco.

  • 14

    ANTIMICROBIANOS E RESISTNCIA

    A era dos antibiticos, iniciada no incio dos anos 40 no sculo XX, foi um

    momento de grandes avanos no processo de erradicao de infeces e,

    consequentemente, no aumento da expectativa de vida da populao.

    Porm seu uso indiscriminado, abusivo e intensivo desses medicamentos

    acabou causando uma presso seletiva sobre bactrias. Presso seletiva o

    processo em que cepas sensveis a ao antimicrobiana so eliminadas enquanto

    cepas resistentes, por meio de mutaes, a ao desses frmacos multiplicam-se

    e transmitem informaes genticas para outras bactrias. Esse fenmeno pode

    ser observado quando Ehrlich e seus colaboradores (1905) trataram culturas de

    tripanossomas africanos com arsnico, substncia qumica com finalidade

    teraputica que desativa enzimas envolvidas em processos biolgicos da clula, e

    algumas colnias da mesma populao microbiana sobreviviam. Os autores

    descreveram que em um primeiro tratamento houve uma diminuio no nmero

    de colnias. Porm, um novo tratamento mostrou-se ineficaz pelo

    desenvolvimento de resistncia ao arsnico por parte das bactrias, que

    comearam a transmitir essa caracterstica para as geraes subsequentes

    (TAVARES, 2000).

    A propagao de mecanismos de resistncia entre as espcies gera uma

    grande preocupao para profissionais de sade, pois os mtodos de profilaxia

    atualmente usados tendem a ser ineficazes no futuro e o controle de infeces

    hospitalares se torna ainda mais difcil.

    Existem trs diferentes mecanismos para a transmisso de resistncia de

    uma bactria para a outra:

    Transduo - o DNA bacteriano transferido de uma clula doadora para

    uma clula receptora. Primeiramente, um vrus infecta uma bactria e

    deposita seu material gentico. Os genes do vrus se acoplam com o

    genoma bacteriano, que comea a produzir as protenas virais. Essas

    protenas so envolvidas por capsdeos e so liberadas durante a lise da

    clula bacteriana. Algumas protenas da bactria poder ser envolvidas por

  • 15

    capsdeos e, posteriormente, infectar e transmitir informaes genticas

    para outras bactrias;

    Fonte:

    (KREUZER, 2002).

    Transformao - bactria capta fragmentos de DNA "nu" em soluo e

    realiza recombinao com seu prprio DNA;

    Fonte:

    (KREUZER, 2002).

    Conjugao - fragmento de DNA bacteriano circular, plasmdeo,

    transferido atravs de pili sexuais, projees da superfcie da clula

    doadora que entram em contato com a receptora e auxiliam a unir as

    duas clulas em contato direto. Os plasmdeos possuem genes que

    garantem o crescimento bacteriano em condies especiais como, por

    exemplo, na presena de antimicrobianos.

  • 16

    Fonte:

    (KREUZER, 2002).

    Efeitos adversos quanto ao uso abusivo de antimicrobianos em ambiente

    hospitalar correspondem a 23% de todas as reaes adversas, afirma Classen

    (1991). Devido esse fato, os gastos em hospitalizaes e em mtodos para

    eliminao do patgeno se elevam.

    Na tabela 1 esto representadas algumas das bactrias que vem

    apresentando uma resistncia crescente ao uso de antimicrobianos, gerando

    grande preocupao no ambiente hospitalar.

    Tabela 1 - Bactrias resistentes presentes no ambiente hospitalar

    Germes Resistncia

    1. Gram-positivos

    - S. aureus MRSA

    2. Gram-neqativos

    - Enterobactrias Produtoras de Betalactamases de Espectro

    Ampliado (ESBL)

    - H. nfluenzae Betalactamase positiva

    - P. aeruginosa Mutante de porin

    - Stenotrophomonasspp Resistncia inerente

    Fonte:. (DAVID, 1998).

    MRSA, Staphylococcus aureus resistentes a meticilina, restringiram as

    drogas de combate a esta classe de estafilococos apenas aos glicopeptdeos

    vancomicina e teicoplanina. Porm, desde 1997 j existem relatos da existncia

    da cepa MRSA resistente a vancomicina. Essas cepas tambm foram

  • 17

    encontradas em 2000 em um hospital de referncia do municpio de Queimados,

    no Rio de Janeiro.

    Acreditava-se, por meio de estudos realizados em laboratrio, que a

    resistncia a vancomicina seria originria do gene Van contido em plasmdeos,

    provenientes de Enterococcus. No entanto, esta hiptese foi desconsiderada pois

    os genes Van A e B pesquisados utilizando a tcnica de PCR no foram

    encontrados. Ento, surgiu a hiptese de que o espessamento da parede celular

    seria o responsvel pela resistncia a vancomicina. Estudos bioqumicos e de

    microscopia eletrnica de transmisso da parede celular da cepa VRSA sugerem

    que essa clula produz maior quantidade de peptideoglicano e monmeros de

    murena. Com isso, uma maior quantidade de molculas de vancomicina fica

    retidas nas camadas de peptideoglicano, enquanto uma quantidade muito menor

    do antibitico chega a membrana citoplasmtica, onde ocorre a sntese do

    peptideoglicano (SANTOS, 2007).

    Impacto da resistncia bacteriana, segundo Wannmacher (2004):

    Paciente: tem o custo da doena na solucionada e risco de eventual morte;

    exigncia do uso de medicamentos alternativos, usualmente mais caros.

    Sistema pblico de sade: gasta excessivamente, desequilibrando

    recursos geralmente em escassez.

    Viso social: h reduo de fonte de sade (infeces mais graves, menos

    frmacos eficazes) para a populao.

    Indstria farmacutica: estmulo para o desenvolvimento de novos

    produtos. o nico segmento que lucra.

    Entres as prticas a serem tomadas para que a resistncia microbiana

    seja evitada destacam-se: o controle de infeces, o uso racional de

    antimicrobianos e a deteco do perfil de bactrias presentes no ambiente

    hospitalar.

    PREVENO

    De maneira a minimizar os casos de infeco hospitalar, Andrade e

    Angerami (1999) propemmedidas a serem executadas antes da internao do

    paciente. Entre elas estoa melhoria das condies sanitrias, de programas

  • 18

    efetivos de vacinao, melhoria dos servios bsicos de sade e no tratamento

    hbil das doenas, evitando-se internaes desnecessrias e por tempo

    prolongado. A integrao entre profissionais de diversas reas tambm contribui

    na elaborao de estratgias para o combate dessas infeces, tendo em vista

    que cada um deles possuem princpios e vises diferenciadas em relao a um

    mesmo contexto.

    Deve-se lembrar de que a omisso ou a prtica inadequada dos mtodos

    de preveno geram riscos de infeco tanto para os profissionais atuantes

    quanto para os pacientes. O simples ato de lavar as mos, usar luvas, aventais e

    outros materiais de proteo, negligenciados por alguns, contribui de maneira

    significativa na precauo de infeces.

    EXEMPLO DE MEDIDA DE PREVENO

    No dia 25 de outubro de 2010, a ANVISA publicou uma nota tcnica

    (n1/2010) na qual se torna obrigatria a presena de soluo alcolica,

    disponibilizada pelos servios de sade brasileiros, para higienizao das mos

    dos profissionais de sade em todos os pontos de atendimento aos pacientes.

    Alm disso, farmcia e drogarias passam a reter a receita mdica durante a

    venda de antibiticos (ANVISA, 2010). Essa medida foi tomada em decorrncia

    do aumento de casos de infeco hospitalar registrados no Brasil, em sua maioria

    devido ao aumento da resistncia dos microrganismos. Entre os mecanismos

    desenvolvidos, a enzima Klebsiellapneumoniaecarbapenemase(KPC) foi a mais

    presenciada em concomitncia com o aumento do nmero de infeces.Entre

    2009 e 2010 foram relatados casos nos hospitais do Esprito Santo (3); Gois (4);

    Minas Gerais (12); Santa Catarina (3); Distrito Federal (157) e So Paulo (70)

    Essa enzima pode ser produzida por vrios tipos de enterobactrias

    (Salmonella enterica, Enterobacter sp. e Enterobacter cloacae, presentes no trato

    gastrintestinal), e o conhecimento cientfico tem demonstrado que ela confere s

    bactrias uma resistncia ainda maior aos antibiticos, podendo inativar

    penicilinas, cefalosporinas e outros betalactmicos.

  • 19

    A prpria Klebsiella pneumoniae causa infeces graves no ambiente

    hospitalar atravs da ao em pacientes que esto com a sade muito debilitada,

    caracterizando uma bactria oportunista.

    No Brasil, o primeiro relato desse novo mecanismo de resistncia ocorreu

    em 2005, em Recife (PE), e estava relacionado bactria Klebsiellapneumoniae.

    O tratamento dos pacientes realizado por meio dos antibiticos Polimexina Be

    Colistina, sendo que ambos atuam na membrana celular bacteriana.

    INFECES MAIS COMUNS NO AMBIENTE HOSPITALAR

    As infeces hospitalares podem ser desencadeadas tanto por vias

    endgenas, ou seja, pela prpria flora do paciente que entra em contato com a

    flora bacteriana do hospital, quanto por vias exgenas, como mos, secrees e

    fluidos corpreos, ar e materiais contaminados como equipamentos e

    instrumentos utilizados em processos invasivos (soros, cateteres e cirurgias),

    penetrando as barreiras de proteo do corpo e elevando as chances de infeco.

    (CARNEIRO, 2008)

    H tambm fatores de susceptibilidade que favorecem as infeces, como

    imunossupresso, recm-nascidos e idosos (so grupos vulnerveis), uso abusivo

    de antibiticos e falhas nos procedimentos de controle de infeco.

    (CARNEIRO,2008)

    Os patgenos mais recorrentes nas infeces hospitalares so: Escherichia

    coli, Klebsiella, Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus e os

    Enterococus. (SIMPSIO DE MEDICINA INTENSIVA, 1998)

    As infeces mais recorrentes no meio hospitalar so: (LEVY, 2004)

    - Infeco do trato urinrio (ITU):

    As infeces do trato urinrio (ITU) esto entre as doenas infecciosas

    mais comuns no meio hospitalar, sendo apenas menos freqente que as do trato

    respiratrio. Atinge crianas, adultos jovens e mulheres sexualmente ativas.

    Definem-se como ITU as infeces do trato urinrio baixo (bexiga, uretra,

    prstata e epiddimo) como cistites e as do trato urinrio alto (parnquima renal ou

    ureteres) como pielonefrites.

  • 20

    Ao realizar uma investigao microbiolgica de suspeita da infeco

    urinria pela urocultura, permite diferenciar dois grupos de pacientes com

    bacteriria ( 100.000 bactrias por ml de urina): os sintomticos, com infeco

    urinria, e, portanto necessidade de tratamento imediato, e os assintomticos,

    portadores da bacteriria assintomtica, com maiores chances de desenvolver

    ITU no futuro, e assim no implicando tratamento imediato.

    O segundo grupo constitudo de meninas em idade escolar (1 a 2%) e de

    mulheres jovens com vida sexual ativa (5%). Outro grupo de importncia com

    relao abacteriria assintomtica so as gestantes, idosos e pacientes

    cateterizados.

    Outro grupo de importncia com relao a bacteriria assintomtica em

    meios hospitalares so as gestantes, idosos e pacientes cateterizados.

    Nos pacientes com cateterismo vesical, os microrganismos podem atingem

    a bexiga atravs de trs momentos: insero do cateter, atravs da luz do cateter

    e atravs da interface mucosa-cateter. Essa insero provoca, por exemplo,

    fenmenos inflamatrios locais por identificar o cateter como corpo estranho.

    Existem trs possibilidades do microrganismo alcanar o trato urinrio:

    - Via ascendente: uretra, a bexiga, ureter e o rim;

    - Via hematognica: ocorre devido intensa vascularizao do rim e causada

    pelos Staphylococcus aureus, Mycobacterium tuberculosis, Histoplasmaspp.,

    sendo tambm a principal via das ITU(s) em neonatos;

    - Via linftica: rara, mas ha possibilidade de microrganismos alcanarem o rim

    pelas conexes linfticas entre o intestino e o rim ou entre o trato urinrio inferior

    e superior.

    Aps o microrganismo atingir uma dessas vias, pode ou no ocorrer

    infeco, uma vez que o hospedeiro pode adequar seus mecanismos de defasa

    para combater esse patgeno, por exemplo: por meio da elevao da

    osmolalidade e baixo pH da urina atuando como propriedade antibacteriana na

    mucosa do trato urinrio (mecanismo de antiaderncia e citocinas), o simples

    efeito de mico e a resposta imune e inflamatria.

    A virulncia do microrganismo confere a ele aderncia s clulas

    uroepiteliais e vaginais, resistncia atividade bactericida do soro, produo de

    hemolisina e fator citotxico necrotizante tipo I.

  • 21

    Neonatos e crianas at dois anos de idade com ITU(s) podem ser

    totalmente assintomticos ou apresentarem sintomas inespecficos como:

    irritabilidade, diminuio da amamentao, menor desenvolvimento pondero-

    estatural, diarria e vmitos, febre e apatia.

    Crianas maiores podem apresentar: disria, frequncia e dor abdominal.

    Adultos com ITU baixa apresentam disria frequente, urgncia miccional e

    ocasionalmente dor na regio pielonefrite. As ITUs altas (pielonefrite) so

    acompanhadas pelos mesmos sintomas das infeces baixas, porem com dor nos

    flancos e febre.

    Quadro 2 - Manifestaes clnicas e microrganismos frequentemente associados com os vrios

    tipos de ITUs.

  • 22

    A maioria das ITUs pode ser diagnosticada por dados clnicos e

    laboratoriais como piria e pela urocultura com contagem de colnias.

    A pesquisa da piria reflete a possibilidade de resposta inflamatria do

    trato urinrio bactrias, ou seja, a presena de leuccitos na urina, na qual a

    urocultura utilizada para confirmao.

    Quadro 3 Pesquisa da Piria por mtodos manuais e automatizados.

    Os meios de cultura utilizados nas anlises laboratoriais so: Mac Conkey

    (seletivo), gar Sangue de Carneiro a 5% (no seletivo e favorece crescimento de

    Gram positivos, como Enterococos e Streptococcusagalactiaeou leveduras) e

    meio CLED, o qual permite crescimento das enterobactrias, impedindo o

    crescimento de Proteus, maioria dos gram positivos e leveduras.

    - Infeces de Ossos e Articulaes:

    O tecido sseo apresenta normalmente defasa natural contra infeces,

    mas em casos de fratura (traumas) e deficincia na nutrio pode ocasionar e

    favorecer uma infeco bacteriana, a qual geralmente desencadeia uma

    osteomielite aguda e se no tratada uma osteomielite crnica (presena de

    necrose tecidual, pus e sequestro sseo).

  • 23

    A bactria geralmente introduzida no corpo humano pelo trauma, lceras,

    via hematognica (bacteremia ou mbolo), introduo de prteses e por

    processos cirrgicos (quebram barreira natural do corpo).

    A amostra clnica deve ser analisada por: bacterioscopia pelo Gram,

    quando indicado colorao de Ziehl Neelsen, exame histopatolgico, cultura para

    bactrias aerbias e facultativas e cultura para fungos, micobactrias e

    anaerbios. Os meios de culturas adequados se encontram na tabela abaixo.

    Quadro 4 Meios de Cultura para infeces do tecido sseo e articulaes.

    Aps realizar as culturas deve ser feito a microscopia para identificar o

    microrganismo.

    A osteomielite geralmente causada por: Staphylococcus aureus,

    Staphylococcus spp.,S. agalactiae (recm-nascido), Salmonellaspp.,

    Pseudomonasaeruginosa, Candidaspp. (cateter).

  • 24

    -Infeces da Pele e Tecido Subcutneo:

    A pele, por ser o rgo mais acessvel do corpo, esta mais suscetvel a

    leses e traumas que podem ocasionar uma possvel infeco, a qual abrange

    uma imensa diversidade de agentes etiolgicos e patgenos mltiplos.

    As infeces so classificadas como primarias (porta de entrada visvel) ou

    secundrias (porta de entrada feita por traumas cirrgicos ou feridas penetrantes),

    aguda ou crnica (durao da infeco), mono ou polimicrobianas. Essas

    infeces podem ainda ser localizadas ou disseminadas pelo corpo.

    Quadro 5 Infeces superficiais.

    Em lceras cutneas h uma perda parcial do tecido drmico ou

    epidrmico. J nos ndulosh focos inflamatrios porem a maior parte da camada

    superficial cutnea est intacta.

  • 25

    Quadro 6 lceras e ndulos.

    Fstula uma comunicao entre o tecido profundo infectado atravs do

    tecido subcutneo abrindo-se sobre a superfcie cutnea, ocorrendo

    principalmente em infeces profundas.

    Quadro 7 Fistulas.

    Em queimaduras contm tecido morto e fluido rico em protenas, onde

    acaba sendo um ambiente adequado para que microrganismos da flora do prprio

    paciente ou do meio ambiente se proliferem nesta superfcie.

    J em infeco de ferida cirrgica (intra-operatrio ou peri-operatrio)

    ocorre quando a mesma contaminada com microrganismos. Este caso mais

    agravante em obesidade, diabetes melitus, insuficincia vascular e

    imunodeficincias.

  • 26

    Quadro 8 Infeces de feridas cirrgicas.

    - Infeces Gastrointestinais:

    As infeces gastrointestinais quase sempre so acompanhadas por

    quadros de dor, diarria ou disenteria, sendo caudas geralmente por bactrias,

    fungos (menos freqentes), vrus, parasitas e protozorios. Podem ser tambm

    no infecciosas, como as causadas por alrgicas, erro alimentar (intolerncia a

    substancias) e envenenamento.

    A doena diarrica persiste como o maior problema da sade humana e

    particularmente devastador em crianas de pases em desenvolvimento que

    sofrem de doenas infecciosas, como sarampo, imunodeficincia e subnutrio

    protica.

    A diarria de origem hospitalar ocorreu aps trs dias de internao sendo

    geralmente induzida por vrus durante o momento da internao. Em adultos, o

    Clostridium difficile o nico agente bacteriano detectado em fezes de pacientes

    com diarria de origem hospitalar.

    Os agentes causadores da diarria podem apresentar diversos fatores

    patognicos, como toxinas (E. coli ETEC e Staphylococcus aureus), capacidade

    de invaso (Shigellaspp.) e capacidade de adeso (E. coli).

    O diagnstico laboratorial feito solicitando um breve e recente histrico do

    uso inadequado e exagerado de antimicrobianos, solicitando tambm pores de

    fezes (contendo muco, sangue ou pus) e exames para causade resposta alrgica

    ou toxinas.

  • 27

    As principais bactrias e procedimentos de isolamento se encontram no

    quadro abaixo:

    Quadro 9 - Isolamento dos principais agentes bacterianos de infeco intestinal.

    - Infeco do Sistema Nervoso Central:

    As infeces do Sistema Nervoso Central mais comuns no meio hospitalar

    so causadas por Enterobactrias, Acinetobacter spp.,Pseudomonas spp.,

    Candidaspp., Staphylococcus spp. Elas desencadeiam quadros de meningite

    aguda, meningite crnica, encefalite, mielite e neurite, abscesso cerebral,

    empiema subdural, abscesso epidural e flebite intracraniana supurativa.

    As infeces no meio hospitalar esto associadas a procedimentos

    invasivos e dispositivos implantados no SNC.

    O diagnstico laboratorial feito a partir da colorao de Gram, colorao

    de Ziehl-Neelsen, cultura em gar chocolate, amostras de aspirado de abscesso e

    de material obtido em cirurgia ou em necropsia.

    - Infeco Sistmica:

  • 28

    As infeces sistmicas so importantes causas de morbidade e

    mortalidade em hospitais. So causadas por infeces relacionadas ao acesso

    vascular utilizando cateteres venosos centrais (CVC) contaminados por,

    principalmente, cocos gram-positivos, como o Staphylococcus aureus e os

    Staphylococcus coagulase-negativos com incidncia crescente de bactrias gram-

    negativas multirresistentes (GIRO, 2012).

    O diagnstico laboratorial feito com culturas das bactrias do CVC, com

    secrees pericateter (secreo purulenta no stio do CVC colhendo com swab

    da secreo e posteriormente realizando microscopia com colorao de GRAM e

    cultura), e hemoculturas (GIRO, 2012).

    - Infeces do Trato Respiratrio Pneumonia Hospitalar:

    As infeces do trato respiratrio inferior tm grande relevncia dentre as

    diversas infeces hospitalares, umas vez que elas ocorrem com grande

    frequncia e possuem grande taxa de morbidade associada, sendo a infeco

    pulmonar a que mais leva a morte e a que possui maior risco na Unidade de

    Terapia Intensiva.

    De maneira geral os microrganismos alcanam o trato respiratrio pela

    aspirao de secrees da orofaringe, pela passagem de

    microrganismos do trato gastrointestinal, pela inalao de aerossis contendo

    bactrias, ou pela disseminao hematognica de um foco a distncia.

    Entretanto, para que ocorra a infeco, o hospedeiro deve estar

    imunodeprimido ou ser contaminado por um inculo suficiente para atingir o trato

    respiratrio.

    A pneumonia de origem hospitalar aquela que aparece aps um perodo

    maior ou igual a 48 horas de admisso e no est incubada no momento da

    hospitalizao. Ela ocorre geralmente atravs de ventilao mecnica utilizando

    entubao orotraqueal ou traqueostomia.

    Os agentes patolgicos so: Bacilos Gram negativos; Enterobactrias

    (Klebsiellas spp., E. coli, Enterobacter spp.); Bacilos Gram negativos no

    fermentadores (P. aeruginosa, Acinetobacter baumanii); Cocos Gram positivos,

    principalmente Staphylococcus aureus.; Legionella pneumophila, Vrus

  • 29

    Respiratrio Sincicial (VRS), Aspergillus spp. E Pneumocystis carinii so comuns

    em surtos de pacientes imunodeprimidos.

    O quadro clnico de pacientes com pneumonia hospitalar inclui filtrado

    pulmonar, febre, leucocitose e secreo traqueobrnquica purulenta. Entretanto,

    esses sintomas se confundem muito com outras doenas, levando ao tratamento

    inadequado e agravamento da pneumonia.

    O diagnstico laboratorial pode ser feito a partir de uma bacterioscopia do

    escarro pela colorao de Gram, pois um recurso simples, rpido, barato e

    muito til para orientao teraputica. Pode ser realizado tambm exame fsico,

    aspirado transtraqueal, broncoscopia com fibra ptico, bipsia pulmonar,

    hemocultura, exames imunolgicos como: imunofluorescncia e ELISA, puno

    de derrame pleural para realizao de exames bioqumicos, citolgicos e

    microbiolgicos, Raio X simples e tomografia computadorizada.

    J com relao aos meios de cultura, os mais recomendados so: gar

    Sangue; gar Mac Conkey; gar Chocolate; gar Sangue suplementado para

    anaerbios.

  • 30

    CONCLUSO

    Como possvel observar, a infeco hospitalar um problema de ordem

    pblica, com diversas leis e determinaes que definem parmetros de controle e

    preveno desses eventos. Sabe-se que a presena de Comisses de Controle

    importante para a definio de aes contra a infeco hospitalar e que a

    presena do farmacutico clnico indispensvel nessa equipe. Como foi

    apresentado, este profissional o responsvel direto pelo uso racional de

    antimicrobianos e germicidas no hospital, cabendo a ele sugerir quando e como

    utilizar cada um desses produtos. No entanto, no Brasil ainda h impasses com

    relao ao controle desse problema, devido dificuldade e/ou despreparo dos

    profissionais para coleta de dados de cada hospital. O fornecimento de

    informaes confiveis influencia diretamente na maneira como se agir perante

    um caso de resistncia a um antimicrobiano ou ainda na escolha de tratamento de

    pacientes com infeces diagnosticadas. Por isso, a equipe de vigilncia

    epidemiolgica deve ser constantemente treinada.

  • 31

    REFERNCIAS

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