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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DISCIPLINA: 1514M-04 – TEORIAS ANTROPOLÓGICAS CLÁSSICAS PROF.: FERNANDA BITTENCOURT RIBEIRO 2º SEMESTRE 2012 Nome do Aluno: CARLOS HENRIQUE M. PAREDES A hegemonia do evolucionismo no pensamento antropológico corresponde, aproximadamente, ao período entre 1871 e 1908. A ideia de evolução como explicação para a diversidade, ou de que os povos são diferentes porque estão em estágios diferentes de desenvolvimento, é decorrência direta da ideia de evolução de Darwin? Por que? Porque o impacto do livro do naturalista inglês Charles Darwin “On the Origins of Species by Means Natural Selection; or, The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life” (“Sobre a origem das espécies por meio da seleção natural; ou, a preservação das raças favorecidas pela luta pela vida”) argumentava que as espécies existentes haviam se desenvolvido lentamente a partir de formas de vidas anteriores, e apontou como mecanismo principal deste processo a teoria da “seleção natural” através de variações acidentais. Em meados dos anos 1870, talvez a maior parte das pessoas cultas na Europa e na América do Norte já tivesse aceito as ideias de Darwin. Muitas vezes, no entanto, a compreensão de sua teoria era vaga e superficial. Um dos fatores fundamentais para a aceitação da ideia de evolução era sua associação com a ideia de progresso, cuja imagem mais comum é da “escada”, cujos degraus estão dispostos numa hierarquia linear. Geralmente, o evolucionismo era percebido como a expressão científica desse princípio mais antigo e geral. É também importante perceber que a chamada “revolução” darwinista ocorreu em paralelo ao enorme alargamento do tempo histórico da espécie humana, para muito além dos cerca de cinco mil anos apontados pela tradição bíblica. Em 1858 foram descobertos artefatos humanos junto com os ossos de mamutes e outros animais extintos na caverna de Brixham, próxima a cidade de Torquay, na Inglaterra. Com isso, o mundo “antediluviano” recuou muito tempo, tornando-se “pré-histórico. Na mesma época, descobertas similares foram feitas na França, igualmente comprovando a grande antiguidade do homem sobre a terra. Indiretamente, essas descobertas reforçavam a suposição de que teríamos descendido de formas “inferiores” de vida há muito extintas. Resuma o postulado básico do evolucionismo na sua fase clássica: Para que serve o método comparativo na abordagem evolucionista? Dê um exemplo de ideia evolucionista presente na atualidade: O postulado básico do evolucionismo em sua fase clássica era, portanto, que, em todas as partes do mundo, a sociedade humana teria se desenvolvido em estágios sucessivos e obrigatórios, numa trajetória basicamente unilinear e ascendente. O método comparativo é uma solução para preencher as “lacunas” do longo período “primitivo”de

Trabalho Antropologia - Evolucionismo Cultural

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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SULFACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

DISCIPLINA: 1514M-04 – TEORIAS ANTROPOLÓGICAS CLÁSSICASPROF.: FERNANDA BITTENCOURT RIBEIRO

2º SEMESTRE 2012

Nome do Aluno: CARLOS HENRIQUE M. PAREDES

A hegemonia do evolucionismo no pensamento antropológico corresponde, aproximadamente, ao período entre 1871 e 1908.

A ideia de evolução como explicação para a diversidade, ou de que os povos são diferentes porque estão em estágios diferentes de desenvolvimento, é decorrência direta da ideia de evolução de Darwin? Por que?Porque o impacto do livro do naturalista inglês Charles Darwin “On the Origins of Species by Means Natural Selection; or, The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life” (“Sobre a origem das espécies por meio da seleção natural; ou, a preservação das raças favorecidas pela luta pela vida”) argumentava que as espécies existentes haviam se desenvolvido lentamente a partir de formas de vidas anteriores, e apontou como mecanismo principal deste processo a teoria da “seleção natural” através de variações acidentais. Em meados dos anos 1870, talvez a maior parte das pessoas cultas na Europa e na América do Norte já tivesse aceito as ideias de Darwin. Muitas vezes, no entanto, a compreensão de sua teoria era vaga e superficial. Um dos fatores fundamentais para a aceitação da ideia de evolução era sua associação com a ideia de progresso, cuja imagem mais comum é da “escada”, cujos degraus estão dispostos numa hierarquia linear. Geralmente, o evolucionismo era percebido como a expressão científica desse princípio mais antigo e geral.

É também importante perceber que a chamada “revolução” darwinista ocorreu em paralelo ao enorme alargamento do tempo histórico da espécie humana, para muito além dos cerca de cinco mil anos apontados pela tradição bíblica. Em 1858 foram descobertos artefatos humanos junto com os ossos de mamutes e outros animais extintos na caverna de Brixham, próxima a cidade de Torquay, na Inglaterra. Com isso, o mundo “antediluviano” recuou muito tempo, tornando-se “pré-histórico. Na mesma época, descobertas similares foram feitas na França, igualmente comprovando a grande antiguidade do homem sobre a terra. Indiretamente, essas descobertas reforçavam a suposição de que teríamos descendido de formas “inferiores” de vida há muito extintas.

Resuma o postulado básico do evolucionismo na sua fase clássica:Para que serve o método comparativo na abordagem evolucionista?Dê um exemplo de ideia evolucionista presente na atualidade:

O postulado básico do evolucionismo em sua fase clássica era, portanto, que, em todas as partes do mundo, a sociedade humana teria se desenvolvido em estágios sucessivos e obrigatórios, numa trajetória basicamente unilinear e ascendente.

O método comparativo é uma solução para preencher as “lacunas” do longo período “primitivo”de

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evolução cultural humana, sendo ele aplicado ao grande número de sociedades “selvagens” existentes contemporaneamente.

Como exemplo de ideia evolucionista presente na atualidade cito os bosquímanos, que vivem no deserto Kalahari, entre as terras altas e baixas da África do Sul. Eles são aproximadamente 100 mil, são o povo mais antigo da África Austral.

Os bosquímanos são vítimas do racismo das populações negras e brancas locais. Sobrevivem com pouca água. Encontram-na nos tubérculos, nas gotas de orvalho, na fruta. Também enterram ovos de avestruz cheios de água na estação das chuvas para a usar na estação seca. Eles cultivam pequenas hortas ou fazem trabalhos mal pagos em propriedades de brancos. Os que vivem nos subúrbios das cidades sofrem o desemprego, a exploração e o alcoolismo. Muitos abandonaram a própria língua e perderam o sentido para a vida. Eles são um povo de caçadores e coletores nômades. O corpo dos bosquímanos adaptou-se ao deserto. Eles têm grandes pálpebras que os protegem da luz solar. A sua pele alaranjada reflete o calor e, como é ligeiramente enrugada e não tem pêlos, suporta as altas temperaturas. O corpo armazena gordura nas nádegas para as épocas de escassez de alimentos. As veias aquecem o corpo no inverno.

Os antropólogos classificam os bosquímanos como fósseis vivos. O estudo do seu DNA indica que são próximos dos primeiros Homo sapiens. Há quem pense que o seu idioma seja a origem das línguas do mundo. Ele faz parte dos idiomas com clicks e consiste em sons com diferentes estalidos da língua. Não têm registros escritos. Há apenas pinturas rupestres de antílopes, elefantes, dançarinos e caçadores, com mais de 3000 anos.