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DENÚNCIA ESPONTÂNEA

Trabalho Denuncia Espontanea - Direito Tributário III

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DENÚNCIA ESPONTÂNEA

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DENÚNCIA ESPONTÂNEA

DIREITO TRIBUTÁRIO IIIProfessor Ms. Romeu Giora Junior

Curso de Direito.Etapa: 9; Turma: A.

Grupo:

Edson Rodrigues TIA: 3108814-7Gustavo Ladislau TIA: 3090228-2Jairton Ferraz TIA: 3107713-7 Julia Pares Panigassi TIA: 3107568-1Lucas Frizzo TIA: 3107940-7Natália da Silva Cardoso TIA: 4094142-6Thiago Henrique S. Oliveira TIA: 3108842-2Walquiria Yugar de Mello TIA: 3102463-7Zínia Baeta de Medeiros TIA: 4070342-8

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EMENTÁRIO: INTRODUÇÃO; 1 A DENÚNCIA ESPONTÂNEA; 2 O PARCELAMENTO DA

DÍVIDA NO CASO DE DENÚNCIA ESPONTÂNEA; CONCLUSÃO; REFERÊNCIAS;

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por escopo a análise da denúncia espontânea,

confissão do cometimento de uma infração tributária pelo contribuinte, suas

características e a defesa do parcelamento do crédito tributário devido ao

Fisco, mediante entendimento doutrinário e jurisprudencial.

2 A DENÚNCIA ESPONTÂNEA

A denúncia espontânea ocorre quando o sujeito passivo procura o Fisco

espontaneamente e confessa o cometimento de uma infração tributária. Com

efeito, somente haverá reconhecimento e validade da denúncia espontânea

quando for de desconhecimento do Fisco a existência do tributo denunciado.

Vejamos:

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO

JURISDICIONAL. NÃO CONFIGURADA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA.

TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO,

DECLARADO E NÃO PAGO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. 1. Não viola

o artigo 535, II, do CPC, nem importa negativa de prestação

jurisdicional, o acórdão que, mesmo sem ter examinado

individualmente cada um dos argumentos trazidos pelo vencido,

adotou, entretanto, fundamentação suficiente para decidir de modo

integral a controvérsia posta. 2. O art. 138 do CTN, que trata da

denúncia espontânea, não eliminou a figura da multa de mora, a que

o Código também faz referência (art. 134, par. único). É pressuposto

essencial da denúncia espontânea o total desconhecimento do

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Fisco quanto à existência do tributo denunciado (CTN, art. 138,

par. único). Conseqüentemente, não há possibilidade lógica de

haver denúncia espontânea de créditos tributários já

constituídos e, portanto, líquidos, certos e exigíveis. 3. Segundo

jurisprudência pacífica do STJ, a apresentação, pelo contribuinte, de

Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF

(instituída pela IN-SRF 129/86, atualmente regulada pela IN8 SRF

395/2004, editada com base no art. 5º do DL 2.124/84 e art. 16 da Lei

9.779/99) ou de Guia de Informação e Apuração do ICMS – GIA, ou

de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de

constituição do crédito tributário, dispensada, para esse efeito,

qualquer outra providência por parte do Fisco. 4. A falta de

recolhimento, no devido prazo, do valor correspondente ao crédito

tributário assim regularmente constituído acarreta, entre outras

conseqüências, as de (a) autorizar a sua inscrição em dívida ativa, (b)

fixar o termo a quo do prazo de prescrição para a sua cobrança, (c)

inibir a expedição de certidão negativa do débito e (d) afastar a

possibilidade de denúncia espontânea. 5. Nesse entendimento, a 1ª

Seção firmou jurisprudência no sentido de que o recolhimento a

destempo, ainda que pelo valor integral, de tributo anteriormente

declarado pelo contribuinte, não caracteriza denúncia espontânea

para os fins do art. 138 do CTN. 6. Recurso especial a que se dá

provimento.” (STJ, Primeira Turma, RESP - RECURSO ESPECIAL –

825135, Data da Publicação: 25/05/2006.) (Grifo Nosso)

Para incentivo do contribuinte, conforme prescreve no artigo 138 do

Código Tributário Nacional (CTN), na denúncia espontânea sua

responsabilidade é excluída, bem como, se for o caso, a multa de mora:

Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da

infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo

devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada

pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa

de apuração.

Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia

apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou

medida de fiscalização, relacionados com a infração.

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Em relação ao parágrafo único, cumpre observar que além da existência

de procedimento formalmente instaurado é necessária a efetiva ciência do

sujeito passivo para fins de cessação da espontaneidade. Afinal, pode correr

processo administrativo por longos anos sem que o contribuinte saiba ao

menos de sua existência.

Desta forma, com a denúncia espontânea o contribuinte tem sua

responsabilidade tributária excluída. Entretanto, caso o cometimento da

infração esteja vinculado ao não recolhimento de um tributo, a denúncia deverá

ser acompanhado do pagamento crédito tributário devido ou de requerimento

de apuração de seu montante.

Por sua vez, no tocante às responsabilidades acessórias autônomas,

segundo as quais não há vínculo direto com a existência do fato gerador do

tributo, como, por exemplo, escrituração nos termos das previsões fiscais e

comerciais, o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que a

denúncia espontânea não exclui a multa moratória:

TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ENTREGA

EM ATRASO DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1.A

denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa

decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos,

uma vez que os efeitos do artigo 138 do CTN não se estendem

às obrigações acessórias autônomas. Precedentes. 2. Recurso

especial não provido. (STJ, Segunda Turma, RESP - RECURSO

ESPECIAL – 1129202, Data da Publicação: 29/06/2010).” (Grifo

nosso).

No tocante à hipótese de lançamento por homologação, a súmula 360 do

Superior Tribunal de Justiça prescreve que “o benefício da denúncia

espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação

regularmente declarados, mas pagos a destempo”.

Isso porque, a súmula pretendeu abranger casos em que o contribuinte,

ciente de que cometeu infração tributária, teme ser descoberto e, em função

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disso, confessa a prática do ilícito antes do conhecimento do fato gerador pelo

Fisco.

3 O PARCELAMENTO DA DÍVIDA NO CASO DE DENÚNCIA ESPONTÂNEA

Há profunda divergência no âmbito doutrinário e jurisprudencial no

tocante à aplicação da denúncia espontânea em relação aos tributos

declarados pelo contribuinte, mas não pagos de imediato, e sim, de forma

parcelada.

Como pode ser depreendido da análise do acórdão prolatado nos autos

do Recurso Especial nº 1.102.577-DF (anexo 1), que trata a respeito da

inaplicabilidade do artigo 138 do Código Tributário Nacional, a denúncia

espontânea com o parcelamento da dívida deve ser afastada, uma vez que é

defendido o pagamento integral do crédito tributário para a sua efetivação.

Nesse prisma, o Ministro Franciulli Netto defende que quando ocorre o

parcelamento do débito não podemos ter a denúncia espontânea, uma vez

que:

o cumprimento da obrigação foi desmembrado, e só será quitada quando satisfeito integralmente o crédito. O parcelamento, pois, não é pagamento, e a este não substitui, mesmo porque não há presunção de que, pagas algumas parcelas, as demais igualmente serão adimplidas.

A adoção da tese da inaplicabilidade da denúncia espontânea

caracterizaria má-política fiscal, pois igualaria a situação daquele que confessa

com o da pessoa que não confessa, acabando por tornar mais atrativa ao

contribuinte a escolha de não declarar e torcer para que o Fisco nunca

descubra seus ilícitos.

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Sobre o tema, Ricardo Alexandre afirma:

tratar-se de uma infeliz interpretação literal do artigo 138 do CTN, pois acaba por estimular que os infratores que queiram se livrar dos riscos de uma punição, mas não tenham recursos para adimplir integralmente a obrigação, apostem no acaso, torcendo para que a irregularidade não seja descoberta. Afinal, se a confissão não o livra da multa, pode parecer mais interessante esperar. Se o Fisco descobrir o ilícito, o sujeito passivo parcela e paga o tributo e a multa; se não, o passar do tempo e o instituto da decadência resolverão seu problema (grifo com alterações) 1.

Todavia, pelo entendimento de Hugo de Brito Machado em seu livro

“Curso de Direito Tributário”, quando da interpretação do artigo 138 do CTN,

temos a seguinte evolução jurisprudencial:

Os dois argumentos geralmente utilizados pelos que sustentam ser o art. 138 do CNT aplicável aos casos de denúncia espontânea seguida de parcelamento do débito consistem: o primeiro, na interpretação literal do art. 138 que, por não distinguir o pagamento à vista do pagamento em parcelas, abrangeria os dois, certamente aplica-se a ambos; e o segundo, no caráter injusto da interpretação restritiva, que termina por favorecer exatamente os que dispõem de recursos financeiros, e prejudicar aqueles que se encontram em dificuldades.2

O referido autor é defensor da tese da aplicabilidade da denúncia

espontânea ao parcelamento, tendo em vista o fato de afirmar que a

literalidade do artigo 138 do CTN, na verdade, não diferencia pagamento

imediato de pagamento parcelado. Assim, seria possível o pagamento

parcelado.

Não obstante, aduz ser injusto igualar a situação daquele que, apesar de

não ter dinheiro para adimplir sua obrigação, a confessa, com a daquele que,

1 ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário esquematizado. 4. ed. São Paulo: Método, 2010. p. 360.2 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2011. p. 167

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demonstrando desprezo às regras tributárias, simplesmente deixa de

confessar, e após descoberto, pede parcelamento.

Continuando a expor o seu ponto de vista, após interessantes

considerações a respeito de justiça, arremata:

Assim, em muitos casos, negar a aplicação do artigo 138 aos que, em vez de pagar, pedem o parcelamento do débito implica dar a estes o mesmo tratamento que é dado aos que preferiram permanecer na situação irregular até que a Fiscalização, constatando-a, lavrasse o auto de infração respectivo, formulando a exigência. E isto, evidentemente, contraria de modo flagrante o princípio da isonomia.3

Sendo assim, podemos verificar a ocorrência de lacuna na Lei no que diz

respeito ao pagamento da dívida, tendo ainda violação ao Princípio da

Isonomia.

Ives Gandra da Silva Martins também tem opinião com a qual

concordamos, fundada no princípio da legalidade, sendo a expressão se for o

caso, autorizadora da aplicação da denúncia espontânea sem a efetuação do

pagamento total da dívida tributária de imediato, desde que haja norma válida

dispondo neste sentido.

Para o julgado abaixo, o parcelamento deveria ser considerado

pagamento para fins de denúncia espontânea, independentemente de lei:

EMENTA: TRIBUTÁRIO – DENÚNCIA ESPONTÂNEA – PARCELAMENTO – MULTA MORATÓRIA – AFASTAMENTO – PRECEDENTES (ERESP. 193.530/RS). – A eg. Primeira Seção do STJ já assentou o entendimento no sentido de que, não havendo procedimento administrativo em curso pelo não recolhimento do tributo e tendo sido deferido o pedido de parcelamento, está configurada a denúncia espontânea, que exclui a responsabilidade do contribuinte, tornando inexigível o pagamento da multa moratória. – Ressalva do ponto de vista do relator. – Recurso conhecido e provido. (STJ,

3 MACHADO, Hugo de Brigo. Curso de direito tributário. 24. ed. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 164

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2ª Turma, REsp n° 237.841/CE, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, j. 12.03.2002, v.u., DJU 13.05.2002) (grifo nosso).

Ante todo o exposto, mesmo não sendo este o atual entendimento do

Superior Tribunal de Justiça, pensamos ser possível o parcelamento da dívida

nos casos de denúncia espontânea, eis que, o pedido para parcelar demonstra

que o contribuinte está com a intenção de pagar o que deve, pois se assim não

fosse, sequer confessaria espontaneamente para o fisco, que praticou infração

tributária.

Não é o parcelamento, sozinho, que exclui a incidência de juros e

multas. É a denúncia espontânea, acompanhada do pagamento, imediato ou

parcelado. Portanto, o art. 155-A, §1º, do Código Tributário Nacional só afirma

o óbvio, e em nada contribui para solucionar a questão na medida em que deve

ser entendido em conjunto com o art. 138 do mesmo referido diploma, no que

se refere ao termo “disposição de lei em contrário”, ao qual aquele faz alusão.

No que tange à discussão sobre a incidência ou não de multa moratória

ao parcelamento, demonstrada no art. 155-A, do CTN, entendemos que a

mesma é excluída quando configurado o instituto do artigo 138 e tratar-se de

benefício instituído por este.

Outrossim, quando parcelado o valor, sobre este não incidirá multa

moratória sobre o tempo passado, mas nas parcelas serão incluídos os juros e

multas legais, não em caráter de punição ao contribuinte que não paga

imediatamente a dívida, mas em decorrência da incidência legal disposta no

Código Tributário Nacional.

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CONCLUSÃO

Em síntese ao exposto, verifica-se que o artigo 138 do Código Tributário

Nacional ao excluir a responsabilidade do contribuinte, devido à confissão do

cometimento de infração tributária, afasta, de antemão, eventual prejuízo que o

Fisco sofreria, agindo bem ao permitir o arrependimento pelo sujeito passivo e

a proteção da economia brasileira.

Da mesma maneira, apesar da divergência quanto ao tema do

parcelamento do crédito tributário para fins de viabilização da denúncia

espontânea, conclui-se que a sua admissão é convergente com a atual política

fiscal, considerando que independente da modalidade de pagamento do crédito

tributário, seja ela parcelada ou integral, o Fisco será beneficiado com o

arrecadamento do tributo e o contribuinte com a regularidade fiscal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário esquematizado. 4. ed. São Paulo:

Método, 2010.

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 32. ed. São Paulo:

Malheiros, 2011.

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