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Caracterização do século XVIII: Nível político, económico e social No século XVIII, o Império Português era assim: Ø Ásia / Oceânia Goa, Damão, Diu, Macau, Timor; Ø África Arquipélagos de Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe, Guiné, Angola, Moçambique; Ø América Brasil. Com a concorrência dos franceses, ingleses e holandeses, o comércio Oriental dos portugueses diminuiu e foi necessário procurar outras fontes de riqueza. O Brasil tornou-se cada vez mais importante para Portugal (à cultura açucareira juntou-se o tabaco e o algodão). A sociedade Ø A Nobreza Durante o século XVIII, o prestígio de Portugal estava ao nível das principais potências Europeias, devido às riquezas que nos chegavam, principalmente do Brasil. Os nobres estavam rodeados de luxo e conforto, e tinham belos palácios (solares) com jardins decorados com estátuas e painéis de azulejo. No interior, colocavam móveis de madeira trabalhados, objectos de prata e porcelanas da Índia. Eram frequentes as touradas, banquetes, bailes, saraus e espectáculos teatrais. Ø Burguesia Curso Licenciatura em Enfermagem | 1º Ano

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Caracterização do século XVIII: Nível político, económico e social

No século XVIII, o Império Português era assim:

Ø Ásia / Oceânia – Goa, Damão, Diu, Macau, Timor;

Ø África – Arquipélagos de Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe, Guiné,

Angola, Moçambique;

Ø América – Brasil.

Com a concorrência dos franceses, ingleses e holandeses, o comércio

Oriental dos portugueses diminuiu e foi necessário procurar outras fontes de riqueza. O

Brasil tornou-se cada vez mais importante para Portugal (à cultura açucareira juntou-se

o tabaco e o algodão).

A sociedade

Ø A Nobreza

Durante o século XVIII, o prestígio de Portugal estava ao nível

das principais potências Europeias, devido às riquezas que nos chegavam,

principalmente do Brasil.

Os nobres estavam rodeados de luxo e conforto, e tinham belos

palácios (solares) com jardins decorados com estátuas e painéis de azulejo. No interior,

colocavam móveis de madeira trabalhados, objectos de prata e porcelanas da Índia.

Eram frequentes as touradas, banquetes, bailes, saraus e

espectáculos teatrais.

Ø Burguesia

A burguesia continuou a enriquecer com o comércio brasileiro e as suas

casas procuravam imitar os solares dos nobres.

Ø Povo

O Povo mantinha uma vida difícil. Eram vendedores ambulantes,

leiteiros, lavadeiras, artesãos, pequenos comerciantes, etc. No campo, os trabalhadores

rurais viviam com grandes dificuldades e muitos deles abandonavam as suas terras para

tentar a sua sorte nas cidades ou no Brasil, onde esperavam enriquecer.

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As festas religiosas e populares reuniam todos os grupos sociais. Havia

ainda cerimónias públicas como cortejos, desfiles de barcos no Tejo, corridas de touros

muito ao gosto do Rei em que o povo também participava.

Exploração económica

Neste século, as culturas do açúcar, tabaco, café, cacau e algodão atraiam

muitos colonos para o Brasil. Grupos de exploradores tentavam encontrar ouro, pedras

preciosas e escravos índios.

Em Portugal foi introduzida a cultura do milho e da batata. A produção

de azeite e vinho aumentou e desenvolveu-se a indústria de curtumes.

A Monarquia Absoluta

No século XVIII, a forma mais comum de governo na Europa era a

monarquia absoluta. Os reis reforçavam o seu poder tomando decisões importantes sem

consultar a corte, tal como fizeram D. João V e os seus sucessores, D. José e D. Maria I.

Construções

D. João V utilizou uma boa parte do ouro do Brasil na construção de

monumentos como:

Ø Aqueduto das Águas livres, em Lisboa;

Ø Santuário de Nossa Senhora dos remédios, em Lamego;

Ø Torre dos Clérigos, no Porto;

Ø Biblioteca da Universidade de Coimbra;

Ø Convento de Mafra.

A Reforma Pombalina

Poucos meses depois de Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro

Marquês de Pombal, assumir o cargo de ministro, Lisboa foi devastada pelo terrível

terramoto de 1755, que destruiu a parte ribeirinha da cidade. Os jesuítas consideravam

aquela calamidade como um castigo de Deus e o Marquês de Pombal viu então um

pretexto para uma campanha contra os jesuítas que iniciou com o confiscar dos bens até

à expulsão destes do império Português (em 1759). Como a companhia de Jesus

controlava grande parte do ensino em Portugal, o Governante viu-se na obrigação de

criar aulas gratuitas de gramática Latina, em cada um dos bairros de Lisboa. Criou 4

escolas em Lisboa, 2 em Coimbra, Évora e Porto.

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A necessidade de mudança na política educativa tornou-se evidente no

século XVIII, com críticas públicas ao ensino dos jesuítas por vários autores. É neste

contexto que se dá a reforma dos estudos, que acaba por abranger todos os sectores no

ensino (primeiras letras, ensino secundário técnico e de humanidades, ensino

universitário) e define os contornos de um sistema educativo moderno, dirigido pelo

Estado.

Em 1772, Pombal concretizou a reforma da Universidade de Coimbra.

Esta passava agora a orientar-se pela nova ciência – a filosofia natural – baseada na

observação onde predominavam os estudos de botânica, física, matemática e medicina.

Com estas medidas Portugal foi pioneiro na Europa na Organização de

um sistema de ensino de primeiras letras, distribuído por todo o reino, pago e

administrado pelo Estado (1772). No entanto não havia noção ainda que o ensino das

crianças deveria ser feito em locais próprios adaptados à sua idade, pois, geralmente, a

escola era a casa do professor ou salas em antigos conventos. A lei de 1772 que instituiu

as escolas régias foi omissa quanto à educação feminina. No mandato da Rainha Maria I

esta decidiu que deveriam existir 18 mestras em Lisboa e definiu um currículo básico

composto por ler, escrever, doutrina cristã, coser, bordar e cortar. Porém, a nomeação

destas mestras régias só se efectuou em 1816, em Lisboa e a maior parte da população

permaneceu analfabeta.

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Evolução da História do Cuidar

A vacinação

A vacinação no século XVIII está mais associada à varíola devido a esta doença

ser o primeiro caso um problema grave, o que exigia uma prevenção segura.

A varíola produzia grandes pústulas por todo o corpo e os doentes morriam à

febre. Mas quem sobrevivia ficava com cicatrizes profundas e com a imunidade à

doença. Em 1720, chegou a notícia a Inglaterra de que na Turquia se inoculava em

indivíduos saudáveis o pus das chagas daqueles que tinham contraído formas ligeiras de

varíola.

Edward Jenner (1749-1823) observou que pessoas que mantinham contacto com

bovinos não adoeciam de varíola, nem mesmo durante as grandes epidemias.

Principalmente, as mulheres encarregadas da ordenha contraíam das vacas uma doença

semelhante à varíola, designada varíola bovina.

Jenner apercebeu-se que quem tinha adoecido de varíola bovina também estava

protegido contra a varíola e assim levou a cabo uma experiência extremamente

arrisacada. A 4 de Maio de 1796 encontrou uma ordenhadora com varíola bovina,

extraiu-lhe um pouco de líquido de uma das bolhas a rapariga e injectou-a numa criança

saudável que naturalmente adoeceu de varíola bovina. Dois meses depois, Jenner

inoculou-lhe a varíola e a criança permaneceu saudável, ou seja, a inoculação da varíola

bovina protegia efectivamente da varíola.

Jenner repetiu a experiência noutras pessoas e revelou-se eficaz. A vacinação deu-

se por volta de 1798 na qual toda a Europa acedeu.

A Anestesia

Antes dos finais do Século XVIII, muitas operações cirúrgicas eram impossíveis

ou muito difíceis de se realizar devido às dores sentidas pelo paciente. Muitas pessoas

preferiam morrer a submeter-se aos ferros dos cirurgião e suportar dores horríveis.

Assim a necessidade de eliminar, total ou parcialmente, a sensibilidade do paciente ao

ser operado tornava-se agora muito importante.

Começaram a conhecer então os efeitos do protóxido de azoto que provoca um

“sono artificial” a quem o inalava, mas durante muito tempo não foi utilizado. No início

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do século XIX, descobriu-se também que o éter tinha propriedades analgésicas,

começando por ser utilizado nos Estados Unidos da América por vezes por dentistas

para adormecer os nervos dos dentes dos pacientes na hora da extracção.

O clorofórmio começou a ser utilizado por vários profissionais, entre eles James

Y. Simpson, obstreta inglês, que utilizava para diminuir as dores das parturientes. Já nos

finais do século XIX, a cocaína, era utlizada como anestésico o que no início deu

resultados particularmente bons na cirurgia.

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A Sociedade, A Saúde e a Doença

A enfermagem é uma profissão que surgiu ao longo dos séculos e com

estreitas relações com a história da civilização.

Houve épocas em que esta profissão era uma actividade regida pelo

espírito de serviço e obediência, associado às ciências e às suas superstições sem

nenhuma conotação científica. A actividade do Homem é estudada em favor do

Homem, sendo uma ocupação em que o sujeito dá mais do que recebe. Podemos dizer

que é um auxílio ao seu semelhante e um combate aos maiores males que afligem a

Humanidade e por isso, deve ser exercida em espírito de dedicação ao próximo,

exigindo do profissional uma grande dose de disponibilidade e amor.

No passado eram os sacerdotes e os seus colaboradores quem se

dedicavam a cuidar dos enfermos nos templos e, ainda hoje, os motivos religiosos

inspiram muitas pessoas no desejo de valer ao próximo e na cura das suas enfermidades.

De facto, não há nada como o ideal religioso para inspirar a coragem e a dedicação de

quem se dispõe a viver para o bem estar dos que sofrem.

Até aos finais do século XIV, o Homem considerava a vida espiritual e os

problemas religiosos como centro de todos os seus interesses. Foi nos séculos XIV e

XV, que alguns membros da burguesia e associações cooperativas implantaram pelas

cidades numerosos hospícios. Estes hospícios eram regidos pela igreja e destinavam-se

a acolher não só doentes, como também miseráveis. Mais tarde, estes hospitais

passaram a albergar um pouco de tudo, desde peregrinos, mulheres em ocasião de parto,

crianças e até doentes crónicos e inválidos. Construíram-se também refúgios (junto a

santuários) para cegos, para regeneração de raparigas extraviadas, crianças abandonadas

e peregrinos.

Contudo, nos tempos da Idade Média surgiu uma nova mentalidade ideal

de vida: o Renascimento.

O Renascimento é um vasto movimento de renovação intelectual e

artística, marcado por valores que decorreram entre os séculos XVI e XVIII.

Este movimento contribuiu para o desenvolvimento científico e atingiu

áreas de conhecimento humano e em várias vertentes como o ensino e a prática da

ciência médica, com aceitação de muitos e rejeição de alguns, incluindo a igreja. Com o

Renascimento, estabeleceu-se uma ruptura entre as ideias pois foram colocados de parte

o pensamento, o ensino e a prática de medicina empírica, teórica e erudita, tendo estas

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sido substituídos pela ciência médica fundamentada na experimentação, na fisiologia e

na comprovação.

A revolução filosófica, científica e técnica iniciada com o Renascimento

dá os seus frutos práticos em grande escala no século XVIII, com o aparecimento do

Iluminismo. Este movimento procurava trazer o esclarecimento à sociedade através da

renovação filosófica baseado no racionalismo e no experimentalismo. Com isto,

desenvolveu-se o espírito de pesquisa e de investigação que deram, consequentemente

origem a novas formas de pensamento e de visão sobre o mundo e as coisas. Os

pensadores que defendiam estes ideais acreditavam que o pensamento racional deveria

ser levado adiante substituindo as crenças religiosas e o misticismo, que segundo eles,

bloqueavam a evolução do homem. O homem deveria ser o centro e passar a buscar

respostas para as questões que, até então, eram justificadas somente pela fé. Assim, o

“teocentrismo” (onde Deus se encontra como o centro de tudo) cai, dando lugar ao

“antropocentrismo”, onde o ser humano passa a ocupar o centro. Deste modo, a arte, a

ciência e a filosofia desvinculam-se cada vez mais da teologia cristã, conduzindo com

isso a uma instabilidade e descentralização do poder da igreja.

Como forma de reconquistar o centro das atenções e o poder perdido, a

Igreja Católica instaurou os Tribunais da Inquisição, iniciando a “caça as bruxas”. Ao

analisarmos o contexto histórico, vemos que as bruxas eram as parteiras, as enfermeiras

e as assistentes. Isto, porque elas conheciam e entendiam sobre o emprego de plantas

medicinais para curar epidemias, feridas e doenças nas comunidades em que viviam.

Estas mulheres eram, muitas vezes, a única possibilidade de atendimento médico para

pessoas pobres. A caça às bruxas terminou com o Iluminismo, terminado portanto com

a associação de bruxaria e poderes sobrenaturais das enfermeiras e das assistentes.

No entanto, a prática de enfermagem continuou sob exploração

deliberada, sendo considerada um serviço doméstico, acabando por se tornar indigna e

sem atractivos para as mulheres de casta social elevada. Esta fase tempestuosa, que

significou uma grave crise para a enfermagem, permaneceu por muito tempo, e apenas

no limiar da revolução industrial é que alguns movimentos reformadores, que partiram,

principalmente, de iniciativas religiosas e sociais, tentaram melhorar as condições do

pessoal ao serviço dos hospitais.

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Prestação de cuidados e respectiva representação social

Segundo Colliére, “desde que surge a vida que existem cuidados porque é preciso

“tomar conta” da vida para que ela possa permanecer” e, como tal, pressupõe-se que o

ser humano sempre cuidou de modo a garantir a continuidade da vida e, assim, a

sobrevivência da espécie, uma vez que, “cuidar é e sempre será indispensável á vida

dos indivíduos e de todo o grupo social”. 1

É em torno da fecundidade que surgem os cuidados, pelo que esta se torna o

símbolo representativo da continuidade da vida. Cuidar é “um acto de vida, que tem

primeiro e antes de tudo, como fim, permitir à vida continuar e desenvolver-se.” 2 A

Mulher seria, assim, socialmente responsável por prestar esses mesmos cuidados.

Para cuidar, é necessário que alguém desempenhe esse mesmo papel. O papel de

prestador de cuidados sofreu grandes alterações ao longo do tempo, a que

corresponderam diferentes denominações, nomeadamente, Mulher (termo utilizado até à

Idade Média), [Mulher] Consagrada (termo utilizado desde a Idade Média até ao final

do século XIX e [Mulher] Enfermeira – auxiliar do médico (termo utilizado até ao final

dos anos 60, com início no princípio do século XX).

No século XVIII, a prática de cuidados identificava-se com a [Mulher]

Consagrada. Como a própria denominação sugere, este papel de prestador de cuidados

baseava-se directamente nas crenças e regras religiosas da época. Desta forma,

defendia-se que “o corpo dissociado do espírito é impuro. Só o corpo sofredor,

deserdado pode ser alvo das práticas de cuidados. O papel da [Mulher] Consagrada

está regido pelas regras conventuais que ditam a conduta das mesmas”. 3 A Igreja

determinava, assim, todo o comportamento da [Mulher] Consagrada fazendo com que a

prestação de cuidados não constituísse um ofício, uma vez que não eram remuneradas,

mas um modo de vida. Ser uma Consagrada era, logo à partida, optar por uma vida

religiosa e de submissão – uma vida de regras, deveres, preceitos e oração. A vocação

de servir era, por essa razão, imprescindível.

O papel individual de cada [Mulher] Consagrada era constituído em função do

modelo social da prática de cuidados, a que tinham de se moldar.

_________________________1Collière, M. (1998), Promover a Vida2 Collière, M. (1998), Promover a Vida3 Collière, M. (1998), Promover a Vida

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Este papel consistia na dedicação da vida a Deus, aos pobres e aos infelizes. Como as

[Mulheres] Consagradas actuavam à volta da população, o seu trabalho era socialmente

reconhecido e valorizado. A escolha da virgindade pelo voto da castidade, tornava-as

nas “Virgens Consagradas” o que enaltecia ainda mais o seu papel: “Como a sua glória

é maior, maior deve ser a vigilância a seu respeito.” 4 Segundo o Bispo, o perfil ideal

da Virgem Consagrada seria “ (…) um coração humilde, uma face pálida e magra, uma

pele ressequida pelo silício e não cuidada por banhos frequentes, é ser reservada no

momento de falar, obediente no momento de escutar; é a frugalidade no comer, a

sobriedade no beber, a gravidade na atitude, o traje grosseiro (…) a alma faz

progressos no desprezo de si própria. Quanto mais alguém é vil aos seus próprios

olhos, tanto mais se eleva aos olhos do criador.” 5

Da prestação de cuidados, fazia ainda parte os cuidados básicos, nomeadamente,

“a separação dos doentes por sexo, receber os doentes, fazer serviço de vela, mudar as

camas, manter o local limpo, assistir às sangrias, amortalhar os cadáveres, entre

outros”.6 Estes cuidados eram prestados nas instituições hospitalares, nas Congregações

e nos campos como é o exemplo das Filhas da Caridade.

As Filhas da Caridade é uma ordem religiosa constituída pelas [Mulheres]

Consagradas, cuja função principal é cuidar e representam o modelo de uma vida

religiosa secularizada. Constituem em 1715, as “Filles de la Sagesse” que asseguravam,

nos bairros pobres, actividades polivalentes de professoras, eram prestadoras de

cuidados e “animadoras culturais”. Figuras lendárias que perduraram como grandes

prestadoras de cuidados. No entanto, em 1950, surgem as primeiras enfermeiras liberais.

Mesmo assim, as Filhas da Caridade desenvolveram, nos anos 50, o serviço de cuidados

ao domicílio, para qualquer classe social e, nos anos 70, deram o primeiro impulso aos

centros de cuidados. Será a [Mulher] Consagrada, pelos seus feitos que, mais tarde, dá

origem à [Mulher] Enfermeira – auxiliar do médico: “o aparecimento da medicalização

e a promulgação das leis anticlericais que prenunciam o recuo da identificação da

prática de cuidados com a [Mulher] Consagrada, contribuindo esta para construir e

alimentar uma outra imagem: a da [Mulher] Enfermeira – auxiliar do médico.” 7

_________________________4Collière, M. (1998), Promover a Vida5 Collière, M. (1998), Promover a Vida6Costa (1996), pp. 171-1727 Collière, M. (1998), Promover a Vida

Obras e personalidades que marcaram esta épocaCurso Licenciatura em Enfermagem | 1º Ano

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“Postilla religiosa e arte de enfermeiros” do Padre !!!...

Esta obra publicada em 1741 é o primeiro manual de formação em

cuidados de enfermagem de que há notícia em Portugal.

A obra destinava-se explicitamente à formação dos noviços

do Convento de Elvas, "para perfeição da vida religiosa e voto da

hospitalidade", sendo apresentada como resultado da experiência do autor

em “quarenta anos de Religião” (Do prólogo ao leitor. In: Santiago, 1741.

IV-VII).

 O livro de 300 páginas, está dividido em três partes ou neste

caso chamados tratados, que por sua vez estão divididos capítulos:

I Tratado - "postilla religiosa” – é constituído pelas

"advertências para a perfeição religiosa do estado de noviço até ao de

prelado superior" (5 capítulos, da página 1 a 71).

II Tratado - "arte de enfermeiros" - e como subtítulo "para assistir aos

enfermos, com as advertências precisas para a aplicação dos remédios": é o tratado que

possui o maior número de capítulos, são cinquenta e nove, e o maior número de páginas,

cerca de cem (da 72 à 172).

III Tratado - "advertências para bem morrer" – está dividido em sete

capítulos  com um total de pouco mais de oitenta páginas, e incluem os anexos (da

página 173 a 256). Esta parte tem a ver com  o "modo para o enfermo examinar a sua

consciência, exortações para a sua salvação, forma de fazer testamento, e para ajudar a

bem morrer".

No final (da página 257 a 300), pode-se encontrar um índice de A a Z

com as "coisas mais notáveis deste livro", que ajuda o leitor a recapitular e a memorizar

a matéria.

Ignaz Phillip Semmelweis (1818-1865)

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Foi um médico húngaro que ficou famoso porque descobriu em 1847 que

a lavagem das mãos poderia reduzir drasticamente a incidência da febre puerperal, e

assim reduzir a taxa de mortalidade provocada por esta doença.

Trabalhava numa clínica onde a taxa de mortalidade para esta

doença era muito elevada comparativamente com outras clínicas. Foram

criadas várias comissões com o intuito de descobrir a causa de tantas mortes,

mas acabaram todas por atingir o fracasso. Certo dia, regressado de férias,

Semmelweis foi surpreendido com a morte de um amigo que durante uma

autópsia havia sido cortado pelo bisturi de um estudante. Então ao analisar os

dados das autópsias reparou que eram iguais aos das parturientes, e conclui

que a causa poderia ser mesma, eram os médicos que nas suas mãos

transportavam as partículas até às parturientes. A análise do histórico permitiu

tornar ainda mais segura esta hipótese e estavam assim explicadas as diferenças da taxa

de mortalidade entre as clínicas.

Uma vez que já tinha uma hipótese para o sucedido, elaborou medidas de

controlo e de monitorização da sua eficácia. Estas propostas centraram-se em três

pontos principais: isolamento de casos, lavagem das mãos e ferver os instrumentos e

utensílios. Assim sendo e por iniciativa própria decidiu afixar na porta da unidade o

seguinte cartaz: "A partir de hoje, 15 de Maio de 1847, todo estudante ou médico, é

obrigado, antes de entrar nas salas da clínica obstétrica, a lavar as mãos, com uma

solução de ácido clórico, na bacia colocada na entrada. Esta disposição vigorará para

todos, sem excepção".

Assim sabão, escovas e ácido clórico tiveram entrada na unidade de

obstetrícia. A mortalidade, que chegou aos 18,27%% em Abril de 1847, caiu a partir de

Junho desse mesmo ano para uma média de 3,04%.

Louis Pasteur (1822-1895)

Foi um cientista francês cujas descobertas tiveram enorme

importância na história da química e da medicina, nomeadamente a vacina.

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A primeira grande descoberta de Pasteur foi o processo

denominado de pasteurização, através de estudos que efectuou em meios de

cultura que haviam sido solicitados por agricultores devido às doenças que

afectavam as suas culturas.

Outra grande descoberta foi a vacina. Ele descobriu que se

utiliza-se micróbios enfraquecidos, estes serviriam de agentes imunizantes

contra uma forma mais perigosa desse micróbio, o que resultou na

descoberta da vacinação como forma de prevenir as doenças. Uma nova

descoberta foi a do agente transmissor da raiva, e assim em Março de 1886

apresentou os resultados para a vacina anti-rábica na academia de ciências

francesas. A partir daqui foi criado o instituto Pasteur idealizado para ser um centro de

tratamento de doenças infecciosas, raiva e educação.

Pasteur era tido em conta como um benfeitor, devido ao seu carácter

humanista, pois todo o seu trabalho foi desenvolvido com o intuito de melhorar a

condição de vida humana.

Tendo em conta todos estes factos, este homem é um dos mais

reconhecidos cientistas da história.

Joseph Lister (1827-1912)

Foi um cirurgião e pesquisador inglês que iniciou uma nova era no

campo da cirurgia quando demonstrou, em 1865, que o fenol era um agente

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anti-séptico efectivo, o que reduziu o número de mortes por infecções pós-

operatórias.

Quando, em 1865, Louis Pasteur sugeriu que a cárie era causada

por organismos vivos do ar, Lister fez a relação com a sepsia da ferida.

Como pesquisador meticuloso e cirurgião, Lister reconheceu a

relação entre a sua pesquisa e a de Pasteur Pasteir. He considered that microbes

in the air were likely causing the putrefaction and had to be destroyed before they

entered the wound. Ele considerou que os micróbios no ar foram provavelmente

causando a putrefacção e tinham que ser destruídos antes que entrassem na ferida.

In the previous year Lister had heard that 'carbolic acid' was being used to

treat sewage in Carlise, and that fields treated with the affluent were freed of a parasite

causing disease in cattle. No ano anterior Lister tinha ouvido dizer que o fenol estava a

ser utilizado no tratamento de esgotos e que os campos que foram tratados foram

libertos de um parasita que causa a doenças em bovinos.

Assim Lister começou a limpar feridas com uma solução de fenol. E

assim em 1867 numa reunião da associação britânica de medicina, anunciou que a sua

ala ficara livre de sepsia durante nove meses.

Inicialmente os seus métodos foram vistos com indiferença e hostilidade

mas gradualmente foram começando a ser adoptados pelos médicos.

Edward Jenner (1748-1823)

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Page 14: Trabalho escrito

Médico britânico que ficou conhecido pela invenção da vacina da varíola,

a primeira deste género na história.

Jenner tinha um particular interesse pelos casos de varíola bovina

em pessoas, e após analisar uma série de casos publicou em 1796 os seus

resultados. Nas primeiras etapas da sua investigação, deparou-se com o facto de

que as pessoas que tinham contraído a varíola bovina mesmo que expostas à

estirpe humana da doença não eram afectadas pela mesma.

A partir destes dados, decidiu dar início a uma série de

experiências. Em primeiro lugar injectou, em pessoas que já tinham tido a

varíola bovina, a varíola humana mas estas mantiveram-se intransigentes.

De seguida Jenner embarcou numa experiência um pouco mais perigosa,

injectou a varíola bovina numa criança de 8 anos provocando a doença mas de uma

forma branda. Depois injectou a varíola humana no mesmo menino e num adulto que

não havia sofrido de nenhuma das duas. Por fim verificou que a varíola humana apenas

afectou o adulto e que o jovem havia ficado imune à doença.

Quando tornou publica a sua descoberta foi criado uma enorme confusão

pelos mais diversos motivos, muitos diziam que se estava a interferir com a natureza e

que em vez de proteger os humanos, estariam sim a matá-los. Passando algum tempo,

Edward Jenner teve possibilidade de demonstrar a eficácia do seu método e aí sim, foi

devidamente reconhecido. Recebeu muitos presentes e agradecimentos de vários países.

Teve uma enorme coragem por ter infectado humanos com uma doença

branda como forma de os proteger de uma estirpe perigosa e muito contagiosa.

Christian Friedrish Samuel Hahneman (1755-1843)

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Médico alemão de formação tradicional que se encontrava descontente

com a forma de actuação da medicina de seu tempo, onde os tratamentos utilizados

nesta época tinham uma conotação um tanto radical. Desistiu, então, daquela

medicina que não o convencia e se dedicou à tradução de livros, mas ainda da

área médica.

Um dia quando traduzia um artigo de um médico escocês de seu

nome Cullen, despertou-lhe interesse a influencia que a casca de quinino, erva

utilizada naqueles tempos, era usada para tratar malária. A sua curiosidade

levou-o a testar os efeitos deste tratamento, e foi então que percebeu que ao

tomar a tal substancia, em determinadas doses e com determinada frequência,,

passava a apresentar as mesmas manifestações de febre periódica, e que

quando suspendia o tratamento, passados alguns dias regressava à sua

condição normal.

Tendo em contas os resultados desta experiencia, e conciliando-os com os

seus conhecimentos sobre medicina, entre outras razoes, formulou quatro princípios, os

princípios da homeopatia:

Ø Experimentação na pessoa sã - todas as substâncias ou drogas utilizadas como

remédio homeopático tem de ser testadas num homem são.

Ø Doses infinitesimais - as substâncias utilizadas como tratamento devem ser

administradas em doses diminutas, diluídas e dinamizadas (técnica específica

para o preparo de medicamentos homeopáticos).

Ø Lei dos semelhantes - os medicamentos homeopáticos devem ser seleccionados

em concordância com a lei farmacológica de similitude, onde se observa que tais

remédios causam, em indivíduos sadios, os mesmos sintomas que a enfermidade

causaria. Similia similibus curanter ou seja “os semelhantes curam-se pelos

semelhantes”. A ideia principal deste principio é que o médico tente igualar os

sintomas que uma droga é capaz de provocar numa pessoa saudável aos

sintomas do paciente, e assim a droga pode ser usada para curar a doença.

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Page 16: Trabalho escrito

Ø Medicamento único - as drogas homeopáticas sugeridas aos pacientes devem ser

o único remédio, não se deve misturar com outras para não correr o risco de o

remédio não actuar como seria desejado.

Depois desta descoberta Samuel Hahnemann escreveu alguns livros e

artigos sobre o assunto.

Durante este período a homeopatia foi muito utilizada já que a medicina

deste tempo, como já foi referido, servia-se de soluções muito drásticas. Assim os

tratamentos passaram a ser menos agressivos e com resultados eficazes que diminuíam

os riscos de vida dos pacientes. Com isto iniciou-se uma nova onda de pesquisas neste

novo ramo da medicina.

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