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Trabalho Final
Economia
Tema: Quais os efeitos diretos da carga tributária na indústria brasileira?
Turma: GE-9 Nomes: Eduardo Martins Fabio Baltazar Marcos Pimentel Marcio Castro Paulo Ziolle Samuel Canuto
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Tema: Quais os efeitos diretos da carga tributária na indústria brasileira?
Carga tributária exprime a relação entre o quanto as pessoas físicas e jurídicas pagam
periódica e compulsoriamente ao governo, via impostos, taxas, contribuições e outros
títulos e o PIB. Ou, de outra maneira mais simples, é a divisão do total arrecadado em
impostos pelo PIB do país. Mesmo causando alguma confusão quando discutido
genericamente, o que a maioria das pessoas contesta é o numerador da equação.
Pensado desta forma, veremos que, mesmo assim, ao se mencionar “carga tributária”,
podemos tomar a parte como o todo, como é o caso deste texto, e seguir aos brados
clamando por menos impostos e menor “carga tributária”, doravante sem as aspas.
O Brasil hoje detém uma carga tributária equivalente à média dos países mais ricos do
globo, acima até de muitos países emergentes. No primeiro trimestre de 2008, seu valor
atingiu 38,90% do PIB nacional. Porém, sua economia ainda não detém força suficiente
para suprir toda essa demanda, e, para as indústrias brasileiras, geradoras de 80% do
arrecadado no país, tal carga reflete, como maior mazela notada, em um baixo nível de
competitividade nos mercados nacional e internacional.
Além da pesada carga, com mais de 61 tributos cobrados, o Brasil possui um sistema
tributário complexo, cheio de normas e burocracias que exigem cerca de 1,5% do
faturamento das empresas. Para piorar, algumas anomalias e distorções nos cálculos dos
impostos mascaram um acréscimo nominal do preço final dos produtos e serviços em
até 7,2% do valor real. Para a empresa média nacional, que trabalha em um ambiente
altamente competitivo e sofre a concorrência dos importados, é praticamente impossível
repassar estes custos para o consumidor sem praticar preços não-atrativos, algo que as
grandes empresas, nacionais e multinacionais, conseguem efetuar sem muito esforço,
pois conseguem trabalhar com margens mais reduzidas.
Se verificado também que as empresas devem manter em seus quadros pessoas
exclusivamente dedicadas a operar e processar todos estes procedimentos e
informações, constata-se que parte dos recursos deve ser direcionada para mais mão-de-
obra empregada, conseqüentemente, a folha de pagamentos torna-se mais onerosa.
Levando-se em conta que o salário de um empregado representa quase o dobro para a
empresa, devido a pagamentos compulsórios de mais impostos devidos a fins
trabalhistas, mais se chega à conclusão de que é difícil para uma empresa manter-se
produtiva, competitiva e economicamente viável neste cenário.
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Outro golpe deste complexo sistema fica por conta das pesadas multas e sanções
previstas em lei a serem imputadas aos não cumpridores da obrigatoriedade dos tributos.
Se para a empresa é interessante manter a sua idoneidade e, por conseqüência, a sua
imagem junto ao cliente, sua saúde financeira permanecerá sempre próxima do limiar ao
se cumprir todas as exigências. Entretanto, se, por algum momento, a empresa entrar em
“tempos difíceis” de receita, inexoravelmente ocorrerá sua morte num futuro próximo,
caso não houver retornos rápidos e substanciais para cobrir estes imprevistos.
Com tudo isso, verifica-se que todos estes empecilhos impedem a captação de
investimentos para se melhorar a produção, reduzir custos, e, conseqüentemente,
disponibilizar produtos com maior valor agregado e menores preços. Isto se agrava
quando se percebe que quanto mais se investe em agregar valor a um produto, maior o
imposto pago pelo mesmo. Com isso, o consumo se reduz por conta dos altos preços
repassados, principalmente aos produtos direcionados para a classe média, classe esta
que mais consome. Reduzindo o consumo, não há receita suficiente. Sem receita, sem
investimentos, e o círculo vicioso se completa. Isso até a quebra total da empresa.
Mas, voltemos a nossa atenção para o início de uma empresa: para uma empresa iniciar
as suas atividades, ela deve percorrer um longo calvário de papéis e licenças e mais
burocracias e outros percalços na caminhada que, já no começo, exaurem as suas
reservas. Aliado a isto, a falta de incentivos fiscais também reduzem as perspectivas de
retorno da indústria em produzir localmente. Se a indústria opta por se instalar por aqui,
terá de apresentar preços acima do suportado pela demanda. Mais uma vez, veremos o
desinteresse do mercado local, que encontrará nos produtos importados os baixos preços
subsidiados por seus respectivos governos.
Também, pudera: com seus 38,9% de tributos, o Brasil fica em uma posição
desconfortável comparando-se com outros importantes países emergentes no cenário
mundial, como, por exemplo, a China e a Índia. Nestes países com cargas tributárias de,
respectivamente, 16% e 17,5%, suas empresas possuem maior incentivo para alavancar
seus negócios, obtendo mais dividendos e possibilitando maior infra-estrutura para
competir no cenário mundial. Já o empresariado brasileiro fica penalizado frente à
competitividade no mercado externo, pois tem que arcar com um regime irrestrito de
impostos ministrados pelo seu próprio governo.
Ou seja, a indústria brasileira não consegue competir nem em sua própria casa, nem no
ambiente internacional. O resultado, então, estoura na balança comercial, com as
importações de produtos acabados e já industrializados freando o bom desempenho das
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exportações de matéria-prima bruta, como minérios, suco de laranja concentrado e soja,
que ainda encontram boa receptividade lá fora, sem muita concorrência de peso.
O fato é que mesmo tendo condições de atender a padrões de qualidade internacionais, a
mordida tributária deixa grandes feridas no bolso das empresas, impedindo que estas
usem este dinheiro até para conseguirem sobreviver por um período razoável, quanto
mais para manter um plano de investimentos adequados a sua melhoria tecnológica e
produtiva. As margens de lucro caem, o negócio sofre baixas no investimento, não se
consegue mais honrar os compromissos junto aos fornecedores e ao fisco e logo a
empresa recorre à sonegação como saída para se ter uma sobrevida maior que os cinco
anos, em média, que as empresas nacionais agüentam até quebrar. Mesmo com as
pesadas multas previstas por lei, as empresas preferem os subterfúgios e as artimanhas
fiscais e contábeis para se manterem de pé, esperando encontrar horizontes mais
propícios. Uma empresa que sonega obtém uma vantagem de 30% no preço final. Com
isso, estima-se que a renda de um pequeno comerciante varejista de alimentos pode
triplicar se ele decidir não pagar os impostos. Isto geraria um desequilíbrio na
competição pelo mercado, pois as empresas mais eficientes prevaleceriam se o jogo
fosse justo.
Com uma informalidade avançada, a arrecadação diminuiria, e, daí, para o governo
aumentar a tributação seria uma questão de tempo. De qualquer forma, seriam as
empresas idôneas que pagariam cada vez mais pelo desfalque gerado pelas
inadimplentes. Isso até não suportarem o fardo e debandarem também para a rentável
sonegação. Mas, embora não seja exclusividade do nosso país, muitas vezes a
sonegação ocorre até por desconhecimento. Sem o amparo de uma equipe interna
preparada e sabedora dos ditames das sagradas normas e leis fiscais, obscuras e
tortuosas até para os estudiosos do assunto, a média empresa ocasionalmente incorre em
contingências sem nem perceber tal ato. Para estas empresas, planejamento tributário é
um luxo não suportado pelas restrições orçamentárias. E muitas delas sequer ouviram
falar da possibilidade de se efetuar um estudo deste tipo.
O lado bom dessa história é que muitas das empresas que têm ciência do planejamento
tributário e que podem efetuar um, ou até já fizeram, exigem do governo a tal sonhada
reforma tributária. Seja para a redução dos impostos propriamente ditos, quanto para a
facilitação dos processos, muitos resolutos já tomaram o novelo nas mãos e se
empenharam em seguir o fio da meada, achar uma, ou mais, pontas soltas, atá-las
novamente, ou criar novas pontas, jogando alguns quilômetros fora e encurtar o máximo
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possível do longo caminho. Algumas empresas mais perseverantes e impacientes
apelaram para o recurso jurídico para fazer valer suas necessidades. Se a lei é dúbia e
fadada a interpretações, certamente ferirá a constituição em algum ponto. E neste caso,
se bem argumentado, a causa será certamente ganha. Como mostra as muitas ementas
do CTN.
E embora tenha um lado bom, a história não necessariamente termina com um final
feliz: muitos encurtamentos devem receber o crivo governamental para ter validade. E
muito se promete e pouco se cumpre. Neste 2008 eleitoral, o assunto até entrou em
pauta. Mas, ninguém se atreve a percorrer esta seara com medo de manchar sua
imagem. E é mais lógico cuidar da campanha e da perpetuação do cargo do que perder
tempo discutindo algo que não terá fim tão cedo.
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