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Madrigal Desdobramentos Históricos
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7/21/2019 Trabalho Neto - Texto Inicial - Inacabado (Falta Seção 4 e Conclusão)
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Departamento de Música da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
de Ribeirão Preto
(FFCLRP)
Desdobramento Histórico do Madrigal entre
os Séculos XIV e XVI
Ribeirão Preto – SP
2015
7/21/2019 Trabalho Neto - Texto Inicial - Inacabado (Falta Seção 4 e Conclusão)
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1.
Introdução
Os séculos XVI e XVII marcaram a transição da Era Medieval e Era Moderna.
Entre os feitios ocorridos neste período de transição encontram-se: colonização
marítma, surgimento das escolas nacionais de ciências experimentais e artes,
fragmentação da religião, surgimento da imprensa e a ópera. Não é de surpreender que a
música, assim como as ciências e outras artes, floresceu durante a Renascença. Como a
ascensão da classe média, mais pessoas se mudaram para a cidade. A formação musical
tornou-se parte da educação comum, e com o surgimento da imprensa, a música escrita
tornou-se mais acessível para a população (RAZZI, 1980).
No século XVI, observa-se o surgimento dos estilos nacionais, especialmente na
música vocal profana (secular; vernacular). Diferentes regiões desenvolveram
simultaneamente seus estilos distintos baseados na poesia e práticas regionais. A música
difundida através do impresso fomentou e disseminou a música, tornando possível a
prática dessa música por amadores (GROUT & PALISCA, 1994). A ascensão da
música é refletida na reorganização e consolidação do estudo de música, assim como do
mecenato também para os compositores (LOWINSKY, 1954).
Entre os gêneros nacionais do século XVI estavam o villancico espanhol, a
frottola italiana e um novo tipo de chanson francesa, toda estrófica, homofônica,
facilmente cantável e portanto facilmente executável por amadores. O gênero que se
tornou mais importante ao longos dos anos, foi o madrigal italiano, que durante a
Renascença, foi o gênero mais apreciado por poetas e compositores (TARUSKIN,
2009). Os madrigais e canções polifônicas próximas da forma madrigalesca foram
escritas em abundância na Itália, e sua produção continuou intensa durante parte do
século XVII (GROUT & PALISCA, 1994). O gênero se tornou um veículo
experimental para caracterização, dramatização dessa maneira instigando novas
abordagens composicionais. Os compositores, frequentemente, utilizavam-se de textosdos poetas consagrados, e os temas variavam entre temas de amor, pastoris e eróticos.
Utilizavam-se de diferentes texturas e técnicas expressivas, que criavam atmosferas e
sensações utilizando-se do cromatismo para dar a semanticidade ao texto cantado (Idem,
1994). O debate entre compositores e intelectuais da época acerca do uso da ars
perfecta, utilizado na canção litúrgica, e um estilo musical mais livre e expressivo,
seconda pratica, levou a divisão de estilos e gêneros mais definidos, de maneira que os
compositores se viam obrigados a escolher entre ambos a depender da finalidade, estilotextura e texto de sua música (TARUSKIN, 2009).
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2.
A Música e o Renascimento
Cronologicamente, historiadores e musicólogos definem como Renascença o
período que engloba o início do Séc. XV até o começo do Séc. XVII. Embora esta
delimitação de tempo ajude a compreender movimentos estéticos, filosóficos,
científicos e políticos de época, se torna problemático, como observa Lowinsky (1954,
p. 510):
A “Ars Nova” do Trecento tem elementos em comum tanto com o
período medieval quanto com a Renascença de maneira que a interpretação
dela (Ars Nova) como final do Período Medieval ou Renascença Inicial
podem ser defendidas. Para estabelecer um critério, nos concentraremos no
período que vai entre 1450 até 1600. Com as ferramentas analíticas então
poderemos voltar a examinar os elementos do renascentismo na música do
Trecento (tradução minha).1
Através desta citação, é plausível defender que o Renascimento se utiliza de
técnicas e elementos composicionais do período anterior, tais como os elementos
rítmicos e o cromatismo – agora como recurso expressivo – bem como se desdobra
historicamente em desenvolvimentos ulteriores relacionados à prática composicional do
século XVII. É importante ressaltar que o período que antecede o Renascimento é
marcado pela crescente diversidade e liberdade no tratamento da questão rítmica, bem
como no tratamento cromático dado em pontos cadenciais (GROUT & PALISCA,1994).
Historicamente, a Itália e França, especialmente são as nações que lideram os
movimentos nacionais, no período renascentista. Alemanha, Espanha e Inglaterra estão
em segundo plano, influenciados pelas práticas francesa e italiana. Países como
Hungria, Polônia, Portugal e outros países, possuem também seus movimentos
nacionais, porém em desenvolvimento periférico. A música profana (secular) floresceu
em inúmeras cortes pela Europa, em especial na Itália, onde são relatadas a importânciado fazer musical no cotidiano da corte tanto nos tratados quanto em cartas de nobres e
burgueses (LOWINSKY, 1954).
A ascensão das práticas musicais profanas no século XV é refletida na
reorganização e consolidação dos grandes centros artísticos-musicais, e também no
1 Tradução aproximada. No texto original em inglês: “The ‘ars nova’ of the Trecento hás enough elements
in common with both medieval and Renaissance concepts that its interpretation either as late Middle Ages
or as early Renaissance can be defended on good grounds. In order to establish clear criteria we willconcentrate on more mature period between 1450 and 1600. With the analytical tools thus prepared wemay then return to a brief examination of the Renaissance elements in the music of the Trecento.”
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aumento cada vez mais gradual do prestígio dos músicos contratados pelas cortes.
(TARUSKIN, 2009).
O humanismo afetou a música em período relativamente mais tarde em relação
aos outros domínios, como a poesia e a literatura. A redescoberta dos tratados gregos,
levou a uma busca pelo ideal grego, como forma a transformar a prática (GROUT &
PALISCA, 1994). Importantes teóricos da música no período foram influenciado pelos
tratados gregos. Embora essa influencia seja nítida, a visão moderna da época fez com
que os princípios adotados não invalidassem práticas anteriores que foram
transformadas sob a luz desse conhecimento até então não difundido livremente para
aqueles não ligados à igreja (TARUSKIN, 2009).
Resgata-se a crença da escolha do modo para despertar emoções, e Glareano no
seu famoso tratado Dodekachordon, descreve quatro novos modos aos oito tradicionais,
afirmando ter resgatado (erroneamente) o sistema de Aristóxeno (GROUT &
PALISCA, 1994). O uso cada vez maior de cromatismos estimula a busca por novos
sistemas de afinação que comportassem consonâncias mais suaves bem como expansão
dos recursos diatônicos e cromáticos da escrita musical predominante no período. O
ritmo se associa cada vez mais ao ritmo das palavras faladas, sejam em latim ou língua
vernácula (Idem, 1994). Todas estas mudanças tornavam mais acessível, expressiva e
cativante a música da época para o ouvinte.
É mais adequado afirmar que o Renascimento foi mais um movimento cultural-
estético, do que necessariamente o desenvolvimento de um conjunto de técnicas
específicas. Durante o período renascentista ocorre um grande processo de
“emancipação” (emancipação no sentido de não ser estrito) como escreve Lowinksky
(1954, p. 541):
[...]emancipação do Canto Gregoriano, do Cantus Firmus, da técnica
de composição sucessiva, dos padrões preexistentes de forma e ritmo.Similarmente, pode-se interpretar o desenrolar da música instrumental na
Renascença como um processo de emancipação lenta, ainda dominado pela
música vocal, mesmo quando estes instrumentos eram usados para reforçar o
cantar alguma das vozes faltantes [...] A música para dança, embora em até
certo grau independente, tomou para si emprestada melodias da música
profana e da música folclórica. Mas foram as peças vocais o carro-chefe do
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repertório renascentista de ensembles instrumentais e do próprio teclado.
(tradução minha).2
3. A Tradição Musical Italiana: Desdobramento Histórico do Madrigal
Muito embora houvesse uma influência franco-flamenca na composição litúrgica
de toda a Europa no séc. XV e XVI, observa-se a valorização, desenvolvimento e
afirmação dos estilos nacionais (GROUT & PALISCA, 1994). Dentre os tipos de
canção do estilo nacional italiano do século XV, encontram-se a frottola, a lauda, a
ballada e o madrigal. Cabe ressaltar que o madrigal do trecento era uma canção
estrófica ligada as formas fixas, enquanto o madrigal do século XVI não tem nenhuma
relação com a forma fixa (GROUT & PALISCA).
De acordo com o que se produziu acerca do trecento italiano, a maior parte dascomposições italianas até o final da primeira metade do século XIV eram a duas vozes.
Canções em três vozes não apareceram até pouco antes de 1340 na caccia e no
madrigal, enquanto a ballata na sua forma polifônica surge por volta de 1360
(FISCHER, 1961). Este fato indica que a monofonia teve papel central até metade do
século XIV, já que elementos da monofonia podem ser achados mesmo na música
polifonia do trecento (Idem, 1961). Cada um destas formas se relaciona com a estrutura
textual de uma poesia. Sobre as relações do texto e música, Harran (1969, p. 27):A poesia madrigalesca do século XVI inclui uma grande variedade
de tipos de versos. Sonetos , ballate, canzoni, ottava rima, madrigale, e
ocasionalmente extratos de prosa – todas denominadas madrigal. Uma
distinção precisa ser feita entre o madrigal como um termo de referencia e
madrigale, uma forma poética específica. Tal distinção não é nova na língua
italiana. O termo frotolla apresenta o mesmo problema: pode designar
genericamente um numvero variado de diferentes tipos de verso – oda,
strambotto, capitol, soneto e frottola – ou, mais especificamente, a canção
conhecida como barzelleta. (tradução minha)3.
2 Tradução aproximada. No artigo original (p. 541): “One can view the evolution of vocal music in theRenaissance as one great process of emancipation: emancipation from the Gregorian Chant, from thecantus firmus, from technique of successive composition, from preexistent patterns of form and rhythm.Similarly, one can interpret the evolution of instrmental music in the Renaissance as a slow process ofemancipation from the domination of vocal music. Throughout the Renaissance, instruments were calledupon to reinforce the parts sung by the choir; they substituted for missing voices; they accompanied thesolo voice [...] Dance music, thought enjoying a certain measure of independence, borrowed notinfrequently from secular art melodies or from folk-song. But vocal pieces constituted the chief repertoryof purely instrumental ensembles and of the keyboard player.
3 Tradução aproximada. No artigo original em inglês: “The poetry of the early 16th-century madrigalincludes a wiede variety of verses types. Sonnets, ballate, canzoni, the ottava rima, the madrigale,
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Sobre os primórdios do madrigal renascentista, acredita-se que a prática musical
popular do século anterior, bem como as canções oriundas das formas fixas possam ter
sido as bases originárias do madrigal. Acerca disso, Fischer e Newman (1961, p. 47):
A teoria que vê o começo da arte italiana em formas simples, quase
indígena (ingênua) de fazer musica, crescendo a partir da monodia
instrumentalmente acompanhada, me parece mais adequado do que as
tentativas anteriores de determinarem a evolução do estilo trecentista
ligando-o às grandes formas da Ars Antiqua, quais evoluíram por e para uma
classe social completamente diferente (parênteses meu: talvez para os nobres
e eclesiásticos).Decameron de Boccaccio descreve performances relacionadas
com a ballata, qual não estava escrita polifonicamente na época de escrita do
livro, logo após 1350. Significantemente, o Decameron quase nunca
menciona performance com mais de um cantor (parênteses meu: ligados à prática polifônica na música folclórica/popular). [tradução minha].4
Os textos utilizados nos madrigais eram de tema sentimental ou erótico, com
cenas e alusões inspiradas na poesia bucólica (GROUT & PALISCA, 1994). A técnica
do word-painting (pinturas com palavras, também conhecida como text-painting ou
tone painting – pintura do texto e pintura tonal respectivamente) era utilizada nos
madrigais. A técnica consistia de ressaltar e/ou ilustrar o texto com os recursos
musicais e semânticos – alterações rítmicas e cromáticas – para ilustrar e destacar parte
do texto que se faz importante (TARUSKIN, 2009). O uso de tais recursos é descrito
por Zarlino em seu tratado Le Institutioni Harmoniche (apud GROUT & PALISCA,
1994, p. 238):
Quando um compositor pretender exprimir a aspereza, a amargura e
coisas semelhantes o melhor será dispor as vozes da composição por forma
que evoluam em movimentos que não comportem o meio-tom, como o tom
inteiro e o dítono. Deve permitir que a sexta maior e a décima terceira maior,
que são por natureza, algo ásperas, se façam ouvir acima da nota mais grave
occasional prose extracts – all are know by the name “madrigal”. A distinction ought to be drawn then
between “madrigal” as a general term of ference and “madrigal”, or madrigale, as a specific poetic form.Such a distinction is not new to Italian music. The term “frottola” presents an analogous case: it can betaken as generic designation for number of differente verse types – oda, strambotto capitolo, sonnet and
frottola – or, more specifically, as a reference to the last, the frottola proper, otherwise known as barzelletta.
4 Tradução aproximada. No texto original em inglês: “A theory that sees the Italian art’s beginnings insimple, indigenous type of music-makng, arising from an originally instrumentally accompanied monody,seems to me more cogent than the previous attemps to determine the evolution of trecento style by linkingit to the Ars Antiqua’s larger forms, which were evolved by and for an entirely different social class.
Boccaccio’s Decameron describes such performances in connection with the balata, which was not yetwritten down as polyphonic art-form at the time the book was written (shortly after 1350). Signifcantly,the Decameron almost never mentions a performance by more than one singer.
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do concentus, bem como recorrer ao retardo [sincopa] da quarta ou da décima
primeira acima da voz mais grave, a par de movimentos relativamente lentos,
entre os quais pode também utilizar-se o retardo da sétima. Todavia, quando
pretender exprimir efeitos de tristeza e desgosto deverá (observando as regras
indicadas) recorrer a movimentos que evoluam por meio de meio-tom, dosemiditono e de intervalos semelhantes, utilizando com frequência sextas ou
décimas terceiras menores acima da nota mais grave da composição, sendo
estas, por natureza, suaves e brandas, especialmente quando combinadas de
maneira justa e com discrição e critério [...]. Os movimentos naturais são os
que se fazem entre as notas naturais de uma composição onde não intervem
nenhum sinal ou nota acidental. Os movimentos acidentais são os efetuados
por meio das notas acidentais que são indicadas pelos sinais # e b. Os
movimentos naturais tem mais virilidade do que os movimentos acidentais
que são um tanto lânguidos [...] Por este motivo os primeiros movimentos
podem servir para exprimir efeitos de aspereza e amargura e os últimos para
efeitos de dor e tristeza.
O Madrigal do século XVI apresenta, em contraste do madrigal ligado às formas
fixas, um tipo de poesia livre dentro das convenções do verso italiano. Harran (1969)
afirma que os madrigais estão dentro dos estilo de “rima livre” e que se relacionam com
a estrutura poética da maneira que o compositor achar mais adequado. Claramente esta
liberdade tem limites, já que o madrigal é confinado, sem alguma exceção, a manter as
relações métricas dos versos, que podem ter entre sete e onze sílabas (HARRAN, 1969).
Os madrigais foram compostos cada vez mais para o prazer musical de uma sociedade
que cultivava a literatura. A expressão literal que era uma característica dominante do
madrigal e de outras canções ligadas a poesia, se desdobra em maior ligação com a
expressão textual em Marenzio, até que em Monteverdi esta expressividade culmina na
ópera (DENT, 1930).
A inclinação para a música ligada a poesia foi vista inicialmente como um
desdobramento histórico da Frottola. Porém, já foi proposto que o desdobramento do
madrigal foi produto da confluência de duas correntes musicais que interagiram entre si
na região de Florença. E estas duas correntes foram o “Movimento Petrarca” e o uso de
textos italianos em estilos de polifonia associadas com a escola Franco-Flamenca, tanto
sacra – motetos em latim – tanto quanto profanas – chansons (TARUSKIN, 2009). O
próprio uso do termo madrigal para identificar o novo estilo italiano já demonstra uma
certa influencia Petrarchiana, visto que não há nenhuma conexão com o madrigal do
século XVI com o do trecento italiano (século XIV). O ultimo, foi esquecido como
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gênero musical e foi trago para a consciência do século XVI como gênero literário, em
espécie de versos pastoris (Idem, 2009). Parte disso se confirma e justifica exatamente
no intercambio cultural que havia entre os compositores, que muitas vezes deixavam
sua região natal para estudar em centros como Florença e Paris.
4. O Madrigal do Sec. XIV, A Ballata e O Madrigal do Sec. XVI
(FALTAM AINDA DUAS SESSÕES E CONCLUSÃO)
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