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1. PROVA DOCUMENTAL Na definição de Carnelutti, documento é “uma coisa capaz de representar um fato”. É o resultado de uma obra humana que tenha por objetivo a fixação ou retratação material de algum acontecimento. Contrapõe-se ao testemunho, que é o registro de fatos gravados apenas na memória do homem. Em sentido lato, documento compreende não apenas os escritos, mas toda e qualquer coisa que transmita diretamente um registro físico a respeito de algum fato, como os desenhos, as fotografias, as gravações sonoras, filmes cinematográficos etc. Mas, em sentido estrito, quando se fala da prova documental, cuida-se especificamente dos documentos escritos, que são aqueles em que o fato vem registrado através da palavra escrita, em papel ou outro material adequado. Podem esses documentos ser classificados em públicos e particulares, conforme provenham de repartições públicas ou sejam elaborados pelas próprias partes. Costuma-se distinguir entre documento e instrumento. Documento é gênero a que pertencem todos os registros materiais de fatos jurídicos. Instrumento é, apenas, aquela espécie de documento adrede preparado pelas partes, 3

Trabalho Processo Civil - Paginação Correspondente Ao Sumario - Unidade 2

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Trabalho sobre Provas em espécies

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1. PROVA DOCUMENTALNa definio de Carnelutti,documento uma coisa capaz de representar um fato. o resultado de uma obra humana que tenha por objetivo a fixao ou retratao material de algum acontecimento.Contrape-se ao testemunho, que o registro de fatos gravados apenas na memria do homem.

Em sentido lato, documento compreende no apenas os escritos, mas toda e qualquer coisaque transmita diretamente um registro fsico a respeito de algum fato, como os desenhos, as fotografias, as gravaes sonoras, filmes cinematogrficos etc.

Mas, em sentido estrito, quando se fala da prova documental, cuida-se especificamente dos documentos escritos, que so aqueles em que o fato vem registrado atravs da palavra escrita, em papel ou outro material adequado.

Podem esses documentos ser classificados em pblicos e particulares, conforme provenham de reparties pblicas ou sejam elaborados pelas prprias partes.

Costuma-se distinguir entre documento e instrumento. Documento gnero a que pertencem todos os registros materiais de fatos jurdicos. Instrumento , apenas, aquela espcie de documento adrede preparado pelas partes, no momento mesmo em que o ato jurdico praticado, com a finalidade especfica de produzir prova futura do acontecimento. Assim, a escritura pblica instrumento do contrato de compra e venda de imveis e o recibo de pagamento dos aluguis instrumento da quitao respectiva. Mas uma carta, que um contraente dirigisse ao outro, tratando de questes pertinentes ao cumprimento de um contrato anteriormente firmado entre eles, seria umdocumento, mas nunca uminstrumento.

Pode, outrossim, o documento ser utilizado como prova, emoriginalou atravs de cpias.

So reprodues eficazes dos documentos pblicos ou particulares:a)o traslado;b)o traslado do traslado;c)a pblica-forma;d)o registro pblico;e)a certido de inteiro teor, de tudo que constar de livro pblico ou de autos;f)a certido por extrato parcial de documento, ou a certido em forma de relatrio sobre o processo;g)a fotocpia ou a xerocpia autenticada.82

a. REGRA TRADICIONAL

Produo de prova na fase postulatria (art.396CPC). O momento oportuno para a produo da prova documental inegavelmente na fase inicial da demanda, sendo apresentados documentos pelo autor junto com a petio inicial e pelo ru junto com a contestao.

Trata-se de meio de prova fundamental para a demanda, sendo possvel que venha o julgador a encerrar a instruo j na fase inicial do pleito, quando convencido de que a prova aportada pelas partes na primeira oportunidade de se manifestar nos autos j suficiente para a perfeita compreenso do litgio (art.330,ICPC).

Tambm a prova documental auxilia o juiz para que determine se vivel, em tese, o bem pretendido, determinando se for o caso a emenda da inicial (art.284CPC) ou indeferindo de plano a petio inicial (art.295CPC), quando no for o caso ainda de julgamento imediato do mrito (art. 285-ACPC).

Vale, da mesma forma, o registro de que a partir da prova documental proferida a primeira e tradicional deciso interlocutria no processo, deferindo-se ou no a Assistncia Judiciria Gratuita (AJG, Lei n1.060/50) parte que a pleiteia.

Assim, cabe parte autora alm de juntar os documentos fundamentais para lhe garantir resultado final vantajoso no processo, apresentar dados teis ao convencimento do Estado-juiz no sentido de que no tem condies de litigar em juzo arcando com os custos da sua tramitao sem prejuzo do seu prprio sustento.

Agora, se a parte autora pretende antecipar o resultado final vantajoso para a fase postulatria da demanda, fundamental que traga documentos suficientes para identificar o perigo de demora e a verossimilhana de suas alegaes, a fim de que venha a ser concedida a tutela antecipada (art.273CPC).

Por todos esses aspectos, v-se quo importante instruir bem a demanda, sendo que de todos esses documentos, que instruem a petio inicial, o ru ter vista quando da oportunidade de confeco da pea contestacional, devendo deles tratar um a um, impugnando especificamente os fatos articulados e assim cada um dos documentos relevantes nesse contexto (art.302CPC).

b. REGRA EXCEPCIONALDocumentos novos a qualquer tempo (art.397CPC). Cabe a parte juntar documentos na fase inicial do pleito, mas permitido, por outro lado, juntar aos autos documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados, ou para contrap-los aos que foram produzidos nos autos. Embora a prtica judiciria costume toler-la com maior largueza, a rigor s se admite a juntada de documentos pelos litigantes em fase mais avanada do feito em circunstncias realmente especiais.

Da leitura dos artigos de regncia do Cdigo Processual extrai-se que devem ser juntados em fases avanadas do procedimento, documentos quando recentes, confeccionados em perodo posterior ao ajuizamento da demanda sendo que se tais documentos se referirem a algum fato constitutivo, modificativo e extintivo do direito, ocorrido depois da propositura da ao, cabe ao juiz tom-lo em considerao mesmo de ofcio (art.462CPC).

Presume o modelo vigente que os documentos velhos deveriam ter sido apresentados com a inicial ou contestao, trazendo muita insegurana guerra ritualizada ser admitido que a parte deixe propositadamente de trazer documentos na fase inicial e passe a juntar mais adiante, tumultuando o procedimento e trazendo perturbao estratgia processual montada pela parte contrria. Assim, os tais documentos velhos s podem ser juntados, por regra, se a parte demonstrar justa razo para tanto (art.517c/c 183, ambosCPC), comprovando que deixou de junt-los ao tempo devido por motivos de fora maior.

Agora, sendo documentos novos podem ser apresentados a qualquer tempo, registra o diploma processual. Tal expresso significa, na verdade, que tais documentos podem ser juntados em qualquer fase da instruo, inclusive em fase recursal, quando compete ao Tribunalad quemreanalisar o processo em virtude do amplo efeito devolutivo do recurso. De fato, entendemos que a possibilidade de juntada de novos documentos no se restringe ao primeiro grau, sendo, por outro lado, difcil de se pensar que nas instncias extraordinrias (terceira instncia) ser possvel a juntada de documentos em razo de ser feito, to somente, julgamento de questes de direito pelo STJ/STF.Assim, documentos novos devem ser propostos at em segundo grau de jurisdio, inexistindo m-f e respeitado o contraditrio a ser perfectibilizado, neste caso, quando a parte contrria sobre eles se manifestar em contrarrazes de recurso; tal assertiva se confirma ainda mais quando os documentos juntados na fase recursal apenas corroboravam as alegaes das partes e todo o conjunto probatrio j encartado aos autos, constituindo-se o prprio fundamento da ao.

c. PROVA DOCUMENTAL PARA PRESTAO DE CONTAS EM JUZODispe a lei que as contas devem ser instrudas com os documentos justificativos (art. 917). Isto no quer dizer que toda conta s possa ser fundamentada em prova documental pr-constituda. A inteno do legislador foi a de determinar o momento da produo da prova documental por aquele que presta contas em juzo.

A parte dever, portanto, seguir as regras do procedimento prprio da prova por documentos, e especialmente dever cuidar para que seus elementos de prova escrita sejam produzidos juntamente com as contas.No empecilho apresentao das contas a inexistncia de prova documental para uma, algumas ou todas as parcelas arroladas. Outros meios probatrios podem existir ao alcance da parte, e o prprio Cdigo, em mais de uma oportunidade, refere-se, por exemplo, possibilidade de percia contbil (arts. 915, 1oe 3o; 916, 2o).

O que importa que as parcelas, se no determinadas, sejam pelo menos determinveisno curso da instruo probatria. Diante da controvrsia sobre parcelas no inteiramentecomprovadas ou esclarecidas por documentos, proceder o juiz, para sua definio, como se faz para o acertamento de qualquer direito de crdito quando, em juzo, se veja envolvido em contestao em torno do quantumdevido.

Impugnada alguma parcela por falta ou deficincia de prova a soluo ser encontrada, ao longo do processo, segundo as regras gerais do nus da prova (CPC, art. 333) e no pela sujeio do prestador de contas, ao rigor inflexvel de um sistema legal de prova obrigatria que no transija com outro elemento de convico que o documental.

2. CONFISSOHconfissoquando, segundo o art. 348, a parte admite a verdade de um fato, contrrio ao seu interesse e favorvel ao adversrio. Pode ser feita em juzo ou fora dele (art. 348,in fine).

Para bem se alcanar o conceito desse meio de prova, deve-se recorrer definio extrada dos clssicos ensinamentos de Joo Monteiro e Lessona, aproximadamente, nos seguintes termos:confisso a declarao, judicial ou extrajudicial, provocada ou espontnea, em que um dos litigantes, capaz e com nimo de se obrigar, faz da verdade, integral ou parcial, dos fatos alegados pela parte contrria, como fundamentais da ao ou da defesa.

No se trata de reconhecer a justia ou injustia da pretenso da parte contrria, mas apenas de reconhecer a veracidade do fato por ela arrolado. Dessa forma, a confisso no pode ser confundida com a figura do reconhecimento daprocedncia do pedido, que, segundo o art. 269, II, causa de extino do processo, com resoluo de mrito.

a confisso apenas um meio de prova, que, como os demais, se presta a formar a convico do julgador em torno dos fatos controvertidos na causa. Pode muito bem ocorrer confisso e a ao ser julgada, mesmo assim, em favor do confitente. Basta que o fato confessado no seja causa suficiente, por si s, para justificar o acolhimento do pedido.

A confisso obtida judicialmente, portanto, pode ser ficta (quando a parte no comparece em audincia para o seu depoimento pessoal ou se recusar a depor), provocada (quando comparece para depoimento pessoal e provocada pela parte contrria acaba admitindo a verdade sobre determinada questo ftica), ou mesmo espontnea (em audincia ou fora dela por escrito, quando a parte deliberadamente acaba admitindo a verdade sobre determinada questo ftica); no se confundindo com a revelia, que representa a perda de prazo processual do ru de contestar o processo oportunamente, o que implica tambm em presuno (relativa) de veracidade dos fatos, mas na fase postulatria, o que em tese gera maior prejuzo ao ru que a prpria confisso.De fato, a revelia quando comparada com a confisso ficta mostra-se, a priori, mais prejudicial parte omissa, j que aquela tradicionalmente verificada em momento procedimental mais avanado, o que implica em menores nus parte negligente, tendo em conta que nesse perodo (perto do encerramento da instruo) o juiz ter outros meios probatrios capazes de elidir a presuno gerada pela confisso.No h dvidas de que os fenmenos (confisso e revelia) so prximos, sendo que em ambos h necessidade de notificao pessoal da parte (mandado intimatrio na confisso art.238CPC, e mandado citatrio na revelia art.285CPC) alertando que o seu no comparecimento oportuno (na audincia e na apresentao de defesa) determinar aconstituiode presuno de veracidade dos fatos articulados pela parte contrria.

Alm disso, no em qualquer demanda que a omisso da parte vai determinar que se concretize uma presuno de veracidade dos fatos discutidos na lide. V-se assim que o art.351CPCregistra que no vale como confisso a admisso, em juzo, de fatos relativos a direitos indisponveis; regra idntica prevista no art.320,IICPC, o qual prev que a revelia no induz a reputao de veracidade dos fatos afirmados pelo autor se o litgio versar sobre direitos indisponveis[35].

De qualquer sorte, h evidente distino dos fenmenos, o que se confirma pelo momento procedimental em que se sucedem, sendo que s o ru pode ser revel e confesso no mesmo processo; basta, para tanto, que deixe de contestar a demanda envolvendo bens disponveis e depois de requerer regular trmite processual requerendo os demais meios de prova lcitos (prova pericial e testemunhal, por exemplo), deixe de comparecer sem justificativa audincia de instruo e julgamento, mesmo que regularmente intimado pessoalmente para tanto.Evidente que se trata de situao excepcional, mas o exemplo auxilia a identificar os momentos em que ocorrem os fenmenos, sendo seguro que se o ru j tiver contestado regularmente a demanda, s poder ser confesso diante de audincia de instruo que se avizinha sendo, pois, tecnicamente incorreto que a parte autora, nesse cenrio, venha a requerer o depoimento pessoal, informando na petio a respeito que deve a parte contrria comparecer ao evento solene sob pena de confisso e revelia. Aqui, realmente, s haveria espao para a confisso, reitere-se.

3. DEPOIMENTO DA PARTEDepoimento pessoal o meio de prova destinado a realizar o interrogatrio da parte, no curso do processo. Aplica-se tanto ao autor como ao ru, pois ambos se submetem ao nus de comparecer em juzo e responder ao que lhe for interrogado pelo juiz (art. 340, I).

A iniciativa da diligncia processual pode ser da parte contrria (art. 343) ou do prprio juiz (art. 342). A finalidade desse meio de prova dupla: provocar a confisso da parte e esclarecer fatos discutidos na causa.

O momento processual da ouvida do depoimento pessoal, quando requerido pela parte contrria, a audincia de instruo e julgamento (art. 343). Ao juiz, porm, cabe a faculdade de determinar, em qualquer estado do processo, o comparecimento da parte, para interrog-la sobre os fatos da causa (art. 342).

Incumbe parte intimada:a) comparecer em juzo;b) prestar o depoimento pessoal, respondendo, sem evasivas, ao que lhe for perguntado pelo juiz.Se a parte no comparecer, ou, comparecendo, se recusar a depor, o juiz lhe aplicar apena de confisso (art. 343, 2o). Essa pena consiste em admitir o juiz como verdadeiros os fatos contrrios ao interesse da parte faltosa e favorveis ao adversrio. Sua imposio, todavia, depender de ter sido o depoente intimado com a advertncia prevista no 1odo art. 343 (vide, infra, no432).

Diante dessa situao, se tais fatos forem suficientes para o acolhimento do pedido do autor, o juiz poder dispensar as demais provas e passar ao julgamento da causa, observado, porm, o debate oral, se a falta de depoimento pessoal ocorrer em audincia.

O nus da parte no apenas o de depor, mas o de responder a todas as perguntas formuladas pelo juiz, com clareza e lealdade. Dessa forma, quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que lhe for perguntado, ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstncias e elementos de prova, declarar, na sentena, que houve recusa de depor (art. 345).

Isto quer dizer que o juiz pode, conforme as circunstncias, considerar comorecusa de depoimento pessoalo depoimento prestado com omisses ou evasivas. E a consequncia ser a mesma do art. 343, 2o, isto , a aplicao dapena de confesso.

H casos, porm, em que se considera liberta a parte do nus de depor. Sua recusa, ento, ser feita com motivo justificado, como diz a ressalva do art. 345, e no ter aplicao a pena de confesso.

Essas excees esto previstas no art. 347, que dispe no estar a parte obrigada a depor sobre:I fatos criminosos ou torpes, que lhe forem imputados; eII fatos a cujo respeito, por estado ou profisso, deva guardar sigilo.O direito de escusa, todavia, no se aplica aes de filiao, de separao de cnjuges e de anulao de casamento (art. 347, pargrafo nico).

O objetivo do depoimento pessoal, por sua vez, a obteno da confisso da parte contrria (na modalidade provocada); por isso o advogado da parte no pode exigir o depoimento pessoal do seu prprio constituinte. A lgica do sistema processual vai justamente no sentido de que a parte j teve inmeras oportunidades de se manifestar nos autos, atravs do seu procurador constitudo, razo pela qual no deve necessariamente se manifestar perante o Juzo em audincia.No h, pois, como estudar o depoimento pessoal sem necessrias referncias (e constantes vinculaes) entre este e a confisso tambm sendo por esse motivo que oCdigo de Processo Civiltrata, logo aps reger o depoimento da parte, da confisso.No entanto, pode o juiz de ofcio tomar o depoimento da parte, mesmo que oex adversono tenha exigido o depoimento pessoal fenmeno denominado de interrogatrio. Nesse caso, o objetivo da manifestao da parte prestar algum esclarecimento sobre a causa, no sendo o foco central a obteno de confisso, embora possa acontecer (na modalidade espontnea).Eis aqui mais um cenrio em que visvel a concesso de poderes instrutrios ao juiz, a fim de que no fique impedido de ouvir a parte, na hiptese do litigante adversrio no manifestar interesse no seu depoimento pessoal tudo a melhor incrementar a direo e conduo do processo pelo magistrado interessado em se aproximar da verdade formal, adotando assim a legislao processual mecanismos que garantem a obteno de solues adequadas s especificidades dos problemas surgidos durante a instruo.Por fim, relevante a disposio contida no art. 343, 1 ao registrar expressamente que a parte deve ser intimada pessoalmente para comparecer em audincia. Em poucas oportunidades, o Cdigo Processual exige que a parte seja intimada pessoalmente, mesmo porque o procurador constitudo ser tambm regularmente intimado no seu endereo profissional. Ocorre que aqui o objetivo da intimao assegurar que a parte comparea em Juzo, a fim de ser tomado o seu depoimento pessoal, devendo a parte estar devidamente advertida, atravs do competente mandado intimatrio, de que o seu no comparecimento formar presuno de veracidade dos fatos contra ela alegados (confisso na modalidade ficta).A forma de interrogao das partes a mesma prevista para a inquirio de testemunhas (art. 344). Prestar, portanto, seu depoimento pessoal, fora da audincia normal e nos locais mencionados no art. 411, a parte que for uma das autoridades elencadas no referido dispositivo.

O interessado dever requerer o depoimento pessoal da parte contrria pelo menos no prazo de cinco dias antes da audincia (arts. 407 e 185).Se o depoente residir fora da comarca onde corre o feito, poder ser ouvido atravs de carta precatria ou rogatria.

A intimao da parte para prestar o depoimento dever ser feitapessoalmente, e no mandado constar a advertncia de que se presumiro confessados os fatos contra ela alegados, caso no comparea, ou, comparecendo, se recuse a depor (art. 343, 1o).

Na audincia, o depoimento das partes ser tomado antes da ouvida das testemunhas, primeiro o do autor e depois o do ru (art. 452, II).Poder, naquele ato, ou em petio anterior, a parte pedir dispensa do nus de depor, alegando motivo justo. O juiz decidir de plano e aplicar a pena de confesso, caso haja indeferimento do pedido e recusa de depor (art. 343, 2o).

O interrogatrio ser feito pelo juiz diretamente parte, que, em princpio, no poder se representar por procurador (art. 346).61Ao advogado da parte contrria, aps as perguntas do juiz, tambm ser franqueado o direito de interrogar o depoente. Suas perguntas, no entanto, sero dirigidas ao juiz, que, julgando-as pertinentes, as repetir parte.

Ao litigante que ainda no prestou depoimento vedado assistir ao interrogatrio da outra parte (art. 344, pargrafo nico).As respostas ao interrogatrio devem ser orais, no podendo a parte servir-se de escritos adrede preparados.O Cdigo, todavia, autoriza o juiz a permitir que a parte consulte notas breves, desde que objetivem completar esclarecimentos (art. 346,in fine).

Ao advogado da prpria parte que est prestando depoimento no permitido formular perguntas. Isto no impede, contudo, sua interveno para pedir ao juiz que esclarea dubiedades ou pontos obscuros no relato do depoente, o que poder ser requerido ao final do interrogatrio, antes de seu encerramento.

O depoimento pessoal, como o das testemunhas, deve ser reduzido a termo, assinado pelo juiz, pelo interrogado e pelos advogados.Pode haver antecipao de depoimento pessoal, em casos de urgncia, nos termos do art. 847, o que poder ser feito mesmo antes do ajuizamento da causa, ou incidentalmente, no curso desta, antes da audincia de instruo e julgamento.

4. PROVA TESTEMUNHALProva testemunhal a que se obtm por meio do relato prestado, em juzo, por pessoas que conhecem o fato litigioso.Testemunhas, pois, so no dizer de Paula Batista as pessoas que vm a juzo depor sobre o fato controvertido.

No podem ter interesse na causa e devem satisfazer a requisitos legais de capacidade para o ato que vo praticar. Assim, completa a definio de Joo Monteiro que conceitua a testemunha como a pessoa, capaz e estranha ao feito, chamada a juzo para depor o que sabe sobre o fato litigioso.No se confunde com o perito, porquanto este informa sobre dados atuais extrados do exame do objeto litigioso, feito aps a ocorrncia do fato que serviu de base pretenso da parte. J a testemunha reproduz apenas os acontecimentos passados que ficaram retidos em sua memria, desde o momento em que presenciou o fato litigioso ou dele tomou conhecimento.

S prova testemunhal a colhida com as garantias que cercam o depoimento oral, que obrigatoriamente se faz em audincia, em presena do juiz e das partes, sob compromisso legal previamente assumido pelo depoente e sujeio contradita e reperguntas daquele contra quem o meio de convencimento foi produzido. No se pode atribuir valor de prova testemunhal, portanto, s declaraes ou cartas obtidas, particular e graciosamente, pela parte.

H testemunhas presenciais, de referncia e referidas. As presenciais so as que, pessoalmente, assistiram ao fato litigioso; as de referncia, as que souberam dele atravs de terceiras pessoas; e referidas, aquelas cuja existncia foi apurada por meio do depoimento de outra testemunha.

Costuma-se, tambm, classificar as testemunhas emjudiciriaseinstrumentrias. Aquelas so as que relatam em juzo o seu conhecimento a respeito do litgio e estas as que presenciaram a assinatura do instrumento do ato jurdico e, juntamente com as partes, o firmaram.Peso da prova testemunhal dentro da lgica de preponderncia de provas: geralmente com peso complementar, diante da prova documental e pericial j realizada. Em alguns casos, at excluda como prova exclusiva, como nos contratos acima de 10 salrios mnimos e discusses quanto a pagamento/remisso de dvida (art. 401/403CPC); bem como para prova de tempo rural previdencirio (Smula 149 STJ).

A prova testemunhal, de fato, pode ter o seu peso discutido diante da realidade do caso concreto, mas se trata inegavelmente de meio probante lcito oportuno, mesmo que subsidirio, para que o julgador forme a sua convico.

O rol de testemunhas deve ser apresentado em perodo prvio audincia, em at 10 dias (art.407CPC), a fim de ser oportunizada a produo de provas e ser possvel a contradita das testemunhas. Na hiptese de ser requerido o rol antes de ser aprazada a audincia, no h, na verdade, prazo peremptrio para que a parte adote tal medida, embora importante que cumpra o prazo em perodo razovel.

O art.412, 1doCPCautoriza que a parte se comprometa a conduzir a testemunha, que tiver arrolado, independentemente de intimao. Se verdade que na ausncia da testemunha, presume-se que a parte desistiu de ouvi-la, tal autorizao legal permite, por outro lado, que a testemunha seja trazida perante o juzo que ir julgar a causa, ao invs de deixar que a testemunha seja ouvida mediante carta precatria na hiptese de residir em outra comarca, o que acaba por confirmar a relevncia do princpio da identidade fsica do julgador (art.132CPC).

A colheita da prova testemunhal deve ser posterior ao depoimento pessoal das partes; em ambos os casos, primeiro se ouve o autor, depois o ru; (a) qualificada a testemunha, (b) oportuniza-se momento preclusivo para ser oferecida a contradita (art.414, 1CPC), (c) sendo s aps prestado compromisso pela testemunha, de dizer a verdade sob as penas da lei.

No pode, portanto, aps se iniciar a inquirio da testemunha sob a subordinao do Estado-juiz, ser levantada a questo da contradita, j que o momento oportuno para tanto na fase inicial da audincia, aps regular qualificao da testemunha. Nessa oportunidade cabe, ento, a parte interessada alegar impedimentos e suspeies reguladas no art.405CPC. Pode o magistrado, nesses casos, desqualificar a pessoa arrolada como testemunha e ouvi-la como informante, quando se mostrar relevante para a soluo do objeto litigioso. Em qualquer caso, sendo discutida a questo da contradita, pode ser feita breve instruo a respeito do incidente na prpria audincia, desafiando a deciso interlocutria do Juzo o recurso de agravo retido oral.5. PERCIAOs fatos litigiosos nem sempre so simples de forma a permitir sua integral revelao ao juiz, ou sua inteira compreenso por ele, atravs apenas dos meios usuais de prova, que so as testemunhas e documentos.

Nem admissvel exigir que o juiz disponha de conhecimentos universais a ponto de examinar cientificamente tudo sobre a veracidade e as consequncias de todos os fenmenos possveis de figurar nos pleitos judiciais.

No raras vezes, portanto, ter o juiz de se socorrer de auxlio de pessoas especializadas, como engenheiros, agrimensores, mdicos, contadores, qumicos etc., para examinar as pessoas, coisas ou documentos envolvidos no litgio e formar sua convico para julgar a causa, com a indispensvel segurana.

Aparece, ento, a prova pericial como o meio de suprir a carncia de conhecimentos tcnicos de que se ressente o juiz para apurao dos fatos litigiosos.

Como ensina Amaral Santos, a percia pode consistir numa declarao de cincia ou na afirmao de um juzo, ou, mais comumente, naquilo e nisto. declarao de cincia quando relata as percepes colhidas, quando se apresenta como prova representativa de fatos verificados ou constatados, como,v.g., no caso em que so descritos os danos sofridos pelo veculo acidentado, bem como os sinais materiais encontrados na via pblica onde se deu a coliso. afirmao de um juzoquando constitui parecer que auxilie o juiz na interpretao ou apreciao dos fatos da causa, como,v.g., ao dar sua explicao de como ocorreu o choque dos veculos e qual foi a causa dele.

a percia, destarte, meio probatrio que, de certa forma, se aproxima da prova testemunhal, e no direito antigo os peritos foram, mesmo, considerados como testemunhas. Mas, na verdade, h uma profunda diferena entre esses instrumentos de convencimento judicial. O fim da prova testemunhal apenas reconstituir o fato tal qual existiu no passado; a percia, ao contrrio, descreve o estado atual dos fatos; das testemunhas, no dizer de Lessona, invoca-se amemria, dos peritos, acincia.

Segundo o art. 420 do atual Cdigo de Processo Civil, a prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliao. Consiste oexamena inspeo sobre coisas, pessoas ou documentos, para verificao de qualquer fato ou circunstncia que tenha interesse para a soluo do litgio.Vistoria a mesmainspeo, quando realizada sobre bensimveis. E avaliaoouarbitramento a apurao de valor, em dinheiro, de coisas, direitos ou obrigaes em litgio.

A percia regulada pelo Cdigo semprejudicial, isto , realizada em juzo, por perito nomeado pelo juiz. Mas existem tambm perciasextrajudiciaispromovidas por iniciativa das partes, atravs de tcnicos particulares ou agentes administrativos. Sua fora de convencimento no pode, naturalmente, ser a mesma da percia judicial, e o juiz examinar tais laudos como simplespareceres, dando-lhes a credibilidade que merecem.

A jurisprudncia, no entanto, tem entendido que o laudo do exame pericial administrativo realizado, logo aps a coliso dos veculos, por agente do DNER, rgo incumbido da fiscalizao do trnsito nas rodovias federais, tem a presuno de verdade dos atos administrativos em geral. De sorte que no se pode admitir que suas concluses sejam elididas por depoimentos de testemunhas que, nada podendo relatar, por no haverem presenciado o fato, permitiram-se emitir apreciaes opinativas.

Milita em favor dos laudos oficiais expedidos pela administrao pblica uma presunoiuris tantumde veracidade, que, segundo a jurisprudncia dominante, no pode ser infirmada por simples suscitao de dvidas.Suas concluses, por isso, devem prevalecer at prova em contrrio.

Mas, se o laudo administrativo foi elaborado tardiamente, ou se entra em conflito com as testemunhas que presenciaram o evento, deve prevalecer a prova oral e no a do documento elaborado pelos agentes pblicos.

Ainda, dentro do conceito de percia judicial, os tribunais tm admitido, em casos de acidentes automobilsticos, que as custosas e demoradas vistorias sejam substitudas por oramentos de oficinas idneas a respeito do custo dos reparos do veculo.

Com o novo texto do art. 427 do CPC, dado pela Lei n 8.455, de 24.08.1992, abriu-se grande rea para utilizao das percias extrajudiciais, visto que o juiz ficou autorizado a dispensar a percia judicial quando as partes, na inicial e na contestao, apresentarem sobre as questes de fato pareceres tcnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes (v., adiante, o no468).

Necessidade de prova pericial ligada a questes tcnicas (art.420CPC). Mesmo porque no deve ser realizada quando for desnecessria em vista de outras provas produzidas (entenda-se: prova documental j acostada ao processo).

Trata-se, pois, de meio de prova tcnico, importantssimo quando h necessidade de aprofundamento da instruo (fase instrutria, ps saneamento). Na verdade, prova to relevante, que pode ser verificada mesmo em fase de execuo, para fins de quantificao dos valores devidos, com a possibilidade de abertura de incidente de liquidao de sentena (arts. 475-A a 475-HCPC).

Na forma tradicional, deve a prova pericial ser produzida depois da prova documental e antes da audincia de instruo e julgamento, mesmo porque podem os peritos, oficial e assistentes, comparecerem audincia para responderem quesitos de esclarecimento (art.435CPC).

H ainda condio da prova tcnica indispensvel no ser produzida, quando emprestada de outro feito. Nessa hiptese, de prova atpica, opera-seotranslado da prova de processo originrio para processo secundrio, devendo ter (em ambos os processos) a participao da parte contra quem a prova desfavorece, sendo ento importante o estabelecimento do contraditrio no processo originrio com a participao ao menos desta parte em caso de no existir essa identidade, pode-se cogitar de utilizao dessa prova no com o peso de prova emprestada (que determinaria a desnecessidade de realizao da prova tcnica no feito secundrio), sendo recebida como prova documental unilateral (pr-constituda sendo inclusive essa a forma que vai assumir no feito a ser julgado), a estar obrigatoriamente sujeito ao contraditrio no momento de ingresso no processo secundrio.

Nomeao dos assistentes tcnicos e indicao de quesitos at realizao da data da percia oficial: interpretao extensiva do art.421CPC. A participao dos assistentes tcnicos em contraditrio pleno com o perito oficial importante para a qualidade do resultado da percia. Da por que entendemos perfeitamente vivel ser prorrogado, pelo Juzo, o prazo para apresentao dos assistentes e mesmo o encaminhamento dos quesitos ao perito oficial, na situao do procurador da parte no ter cumprido com o prazo legal de 5 dias para tais medidas, contados a partir da intimao da data aprazada para o evento solene.

Trata-se aqui de tpico prazo dilatrio, que pode ser prorrogado em situaes excepcionais. Pela relevncia da participao do perito assistente (necessrio no estabelecimento do contraditrio tcnico) e dos prprios quesitos judiciais (a nortear a percia, fazendo com que o laudo oficial contenha dados efetivamente teis soluo do litgio), parece-nos acertado que eventual no cumprimento estrito desse prazo pela parte no merea censura judicial to grave. H de se destacar,in casu, a incrvel exigidade de tal comando legal a admitir ponderao do julgador, desde que requerida dilao de prazo pela parte interessada.Nesse sentir, louvvel a posio j adotada pelo STJ, embora no unnime, pela relativizao criteriosa da disposio processual: O assistente tcnico poder ser indicado pela parte aps a dilao consignada na lei, mas desde que no iniciada a prova pericial, sempre com a ressalva do signatrio, entendendo tratar-se de prazo peremptrio.

O que chamamos de contraditrio tcnico envolve a participao do assistente desde o incio da produo da prova pericial, passando muitas vezes (a) pelo auxlio ao advogado na confeco dos quesitos, (b) pela presena no dia da percia, colaborando com o perito oficial em tudo que puder, (c) e pela anlise do laudo oficial, com apresentao de laudo escrito a respeito.

Portanto, a participao dos assistentes tcnicos importante para formar o contraditrio tcnico, seja no momento de realizao do ato solene (art. 431-ACPC), seja no momento de entrega do laudo do assistente nos autos (art.433, nico CPC). , por isso mesmo, razovel o posicionamento judicial, comum na prtica forense, de analisar com certa desconfiana o laudo do assistente tcnico juntado aos autos, quando h nele crticas firmes ao laudo oficial, mas se confirma que o assistente deixou de comparecer ao evento solene.

De qualquer forma, no estamos aqui defendendo que a juntada aos autos do laudo do assistente no tenha qualquer valor. Bem pelo contrrio, temos posio formada de que aqui tambm o espao para ser reconhecido o direito da parte de provar as suas alegaes (ainda mais quando o laudo oficial manifestamente contrrio aos seus interesses). Por isso entendemos que o prazo para juntada do laudo do assistente dilatrio, como na verdade todos os prazos na instruo.

A viso tradicional (e largamente difundida) da utilizao da precluso processual desemboca em aplicar rigidamente o ditame constante no art. 433, nico do Cdigo Buzaid, determinando assim que se, em dez dias da juntada do laudo oficial e independentemente de intimao, as partes (prazo comum) no juntarem respectivamente os pareceres dos seus assistentes tcnicos, no mais podero fazer: O prazo de que dispe o assistente tcnico para juntada de seu parecer preclusivo, de modo que, apresentado extemporaneamente, deve ser ele desentranhado.

No parece, realmente, ser esse entendimento jurisprudencial o melhor caminho. Na verdade, caberia ao julgador, relativizando a letra fria do cdigo de acordo com o direito constitucional prioritrio prova, viabilizar a juntada posterior do laudo do perito assistente, se assim fosse possvel e requerido pela parte interessada que, no prazo legal de dez dias a contar da intimao da juntada do laudo oficial, deveria informar da impossibilidade de cumprimento do prazo e requerer expressamente a posterior juntada dentro de prazo razovel.

A regra da liberdade motivada dos julgamentos autoriza relativizao parcial ou mesmo total do laudo oficial, diante dos demais elementos de prova (preponderncia de provas, art.436CPC).

Se em matria de prova documental a disposio do contraditrio, contida no art.398CPC, a referncia mais importante e lembrada, em matria de prova pericial o paralelo deve ser feito com o previsto no art.436do diploma processual; cuja exegese a contrrio revela que, em situaes hodiernas, o laudo pericial h de ser prestigiado em face das demais provas, sem que isso represente retrocesso prova legal ou o estabelecimento de hierarquias.

Mesmo assim, em razo do modelo contemporneo de valorao da prova (persuaso racional, art.131CPC), o magistrado no est vinculado ao resultado da prova pericial mesmo porque qualquer entendimento diverso autorizaria a concluso de que o juiz pode transferir o seu poder de julgar a terceiro sem legitimidade poltica.

O que ocorre, no raro na prtica forense, que o magistrado se v impedido de julgar a causa fora dos contornos do laudo pericial, em razo de a parte prejudicada com o laudo no ter conseguido apresentar meios lcitos aptos a relativizar o documento tcnico. Nesse contexto, se a parte no se desincumbiu do seu nus probatrio, realmente no h como o Estado-juiz se valer do comando legal que autoriza desconsiderar o teor do resultado pericial: ainda que o art.436doCdigo de Processo Civildisponha que o Juiz no est adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convico com outros elementos ou fatos provados nos autos, certo que, luz do modelo de constatao ftica aplicvel ao caso, no h elementos ou provas outras que autorizem concluso diverso daquela a que chegou a Magistrada a quo.

Encerrando o ponto da prova pericial, devemos examinar a possibilidade judicial de autorizao de uma segunda percia, sem excluso dos resultados da primeira, a fim de que melhor se examine a questo tcnica (art.437CPC). Trata-se de hiptese em que, a requerimento da parte ou mesmo de ofcio, o magistrado se convence que a matria no est suficientemente esclarecida, sendo da razovel que outro profissional colabore com o deslinde da causa apresentando seu parecer tcnico. Cabe ao juiz, em sentena, apreciar livremente o valor de uma e outra percia, aproveitando, inclusive, aspectos relevantes de cada uma delas para se obter qualificada sntese apta ao esclarecimento dos objetos litigiosos do processo.

6. INSPEO JUDICIALInspeo judicial o meio de prova que consiste na percepo sensorial direta do juiz sobre qualidades ou circunstncias corpreas de pessoas ou coisas relacionadas com litgio.

Como regulamentao legal novidade instituda pelo art. 440 do Cdigo de Processo Civil de 1973, que confere, expressamente, ao juiz o poder deex officioou a requerimento da parte, em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que interesse deciso da causa. Mas a praxe forense e a opinio doutrinria j, mesmo antes do Estatuto atual, acolhiam esse meio de prova.

O objeto da inspeo pode ser:a)pessoas: podem ser partes ou no do processo, desde que haja necessidade de verificar seu estado de sade, suas condies de vida etc.;b)coisas: mveis ou imveis e mesmo documentos de arquivos, de onde no possam ser retirados;c)lugares: quando, por exemplo, houver convenincia de se conhecer detalhes de uma via pblica onde se deu um acidente ou outro acontecimento relevante para a soluo da causa.

No se reconhece parte o direito de exigir a inspeo judicial. Cabe apenas ao juiz deliberar sobre a convenincia, ou no, de realiz-la, de sorte que seu indeferimento no configura cerceamento de defesa.

O juiz, como diretor do processo, pode a qualquer tempo analisar diretamente o objeto litigioso (pessoa ou coisa), desde que se mostre necessrio (art.440c/c art.125,IIe 130 todos doCPC). A inspeo, como meio de prova formal, pode ser feita em audincia, em gabinete (excepcionalmente) ou em in loco, quando no puder ser apresentada ao diretor do processo dentro do foro e sempre que houver necessidade de o magistrado melhor avaliar ou esclarecer um fato controvertido.

V-se, pois, como pode ser desenvolvida com profundidade a instruo na audincia derradeira, sendo feitos os movimentos probatrios destacados no item anterior, com a complementao de uma (sexta) medida de inspeo direta pelo julgador da demanda.

As partes, importante que se registre, tm o direito de acompanhar a inspeo, fazendo observaes teis situao que garante o contraditrio, indispensvel tambm nesse meio direto de prova.

As concluses da inspeo judicial devem compor um auto circunstanciado, com dados teis soluo do litgio situao que indicaria para a importncia do mesmo juiz julgar a causa, decorrncia lgica do princpio da identidade fsica.A toda evidncia, a atividade do juiz nesse caso se assemelha muito a de um perito oficial, mesmo porque: (a) pode ser assistido de experts, (b) ouve as partes no local da inspeo como se fossem assistentes, (c) poder instruir o auto com desenho, grfico ou fotografia.

7. REFERNCIAS DOUTRINRIAS (BIBLIOGRAFIA)JUNIOR, Humberto Teodoro. Curso de Direito Processual Civil: Teoria Geral do Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. 55 Edio. Forense, 2015.RUBIN, Fernando. Das provas em espcie: da prova documental inspeo judicial, disponvel em:http://fernandorubin.jusbrasil.com.br/artigos/121943629/das-provas-em-especie-da-prova-documental-a-inspecao-judicial; Acesso em: 08 Mai. 2015.

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