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Aspectos Legais

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Aspectos LegaisPinheiro Neto Advogados é um escritório brasileiro, independente, de atuação diversificada (full service), especializado em operações multidisciplinares e capaz de traduzir o ambiente legal brasileiro em benefício de seus clientes nacionais e internacionais. Pinheiro Neto Advogados foi uma das primeiras firmas no Brasil a prospectar clientes estrangeiros e se especializar em direito empresarial. À medida que a indústria brasileira foi se desenvolvendo e a economia se sofisticando, a carteira de clientes nacionais foi se expandindo e atualmente representa aproximadamente a metade dos nossos clientes. Em decorrência de sua atuação diversificada e da excelência de seus profissionais, o escritório é capaz de prestar assistência a clientes de qualquer setor econômico em todas as áreas do Direito, o que lhe permite desenvolver relacionamentos de confiança mútua, tanto no dia-a-dia como em decisões estratégicas, envolvendo questões legais sofisticadas, complexas ou tecnicamente desafiadoras .

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Apresentação

Brasil – Dados consolidados em 2014

Tipos societários

Sistema bancário

Parceria público-privada, corporate finance e project finance

M&A

Concorrência

Transportes

Energia

Águas e saneamento

Petróleo e gás

Mineração

Tecnologia: telecomunicações, mídia e internet

Propriedade intelectual

Privacidade

Saúde e vigilância sanitária (Life sciences)

Meio ambiente

Construção

Licitações públicas e contratos administrativos

Relações de consumo e responsabilidade civil pelo produto ou serviço

Tributação

Comércio exterior

Imobiliário

Seguro

Emprego e imigração

Integridade (Compliance)

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Resolução de controvérsias

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Sumário

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O Brasil é um país dinâmico, com multiplicidade de valores e características peculiares. O poder público e a iniciativa privada convivem em um ambiente de negócios singular, o que torna o país um verdadeiro desafio para organizações de outras culturas.

O que uma empresa deve levar em conta ao colocar o Brasil em seu plano de negócios? Quais são as oportunidades do ponto de vista legal e os desafios que se apresentam aos interessados em estabelecer negócios no país?

Para responder essas e outras perguntas, Pinheiro Neto Advogados desenvolveu Brasil – Aspectos Legais, um guia legal prático com informações essenciais para empresas estrangeiras que pretendem estabelecer ou adquirir negócios no Brasil. Fizemos isso com a experiência de um escritório que, em seus mais de 70 anos, contribui diretamente para aperfeiçoar o sistema econômico-jurídico nacional.

Começando com uma breve introdução sobre o Brasil, passaremos por temas que afetam diretamente seu processo decisório. Em cada capítulo deste guia você encontrará informações gerais sobre assuntos complexos. A proposta é que esta leitura seja leve e de fácil compreensão.

Para opiniões legais ou detalhamentos técnicos a respeito de qualquer dos assuntos tratados, recomendamos que procure um de nossos advogados. Contamos com uma equipe multidisciplinar e altamente qualificada, capaz de atender nossos clientes em todas as áreas do Direito. Os contatos estão indicados em cada capítulo.

Esperamos que esta seja uma leitura útil e nos colocamos à disposição para auxiliá-lo da melhor maneira possível. Alexandre Bertoldi Sócio gestor Outubro 2015

Brasil – Aspectos Legais é um guia desenvolvido por Pinheiro Neto Advogados para apresentar informações básicas sobre aspectos legais relacionados ao ambiente de negócios brasileiro.

Apresentação

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O Brasil é o maior país da América do Sul e o quinto do mundo em extensão territorial. Com proporções continentais, estende-se por área com mais de 8,5 milhões de km² dividida em 26 estados e um Distrito Federal (Brasília). Em razão da dimensão territorial, existem três fusos horários em vigor no país. Cortado ao norte pela linha do Equador e ao sul pelo trópico de Capricórnio, o Brasil é habitado por pouco mais de 200 milhões de habitantes, que vivem em sua maioria nas cidades, segundo o último Censo promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A população foi formada pela combinação entre povos europeus, que migraram ao país em diferentes fases de sua história, negros africanos trazidos como escravos e nativos indígenas. A maioria dos brasileiros é formada por mestiços e negros (50,7%). Os brancos correspondem a 47,7% dos habitantes.

O país é a maior economia da América Latina, segunda da América – atrás apenas dos Estados Unidos – e sexta maior economia do mundo. Os setores agrícola, mineral, manufatureiro e de serviços são os mais fortes no país. Equipamentos elétricos, aeronaves, suco de laranja, automóveis, álcool, têxtil, minério de ferro, aço, café, soja e carne são alguns dos principais produtos exportados pelos brasileiros.

Com seus vizinhos Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela, o Brasil forma o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), do qual é participante ativo. Trata-se de um amplo mercado com mais de 240 milhões de potenciais consumidores. O país também vem expandindo sua presença nos mercados financeiros internacionais e faz parte de um grupo de cinco economias emergentes ao lado de Rússia, Índia, China e África do Sul, conhecido como BRICS.

O Brasil é uma república federativa presidencialista, formada pela União, estados e municípios, nos quais o exercício do poder se atribui a órgãos distintos e independentes. O chefe de Estado é eleito pelo povo para um mandato de quatro anos, sendo permitida uma reeleição. As funções de chefe de Estado e chefe de Governo são acumuladas pelo presidente da República. Os estados têm autonomia política e o sistema político brasileiro é multipartidarista.

Os poderes da União são o Executivo (tendo o presidente da República como autoridade máxima), o Legislativo e o Judiciário. O poder Legislativo da União é formado pelo Congresso Nacional, que abrange o Senado e a Câmara dos Deputados (sendo os membros desta última eleitos com base em representação proporcional, favorecendo os estados menos populosos). O poder Judiciário é exercido pelo Supremo Tribunal Federal, pelo Tribunal Superior de Justiça e por varas federais e tribunais estaduais de instância inferior.

A Constituição da República Federativa do Brasil, em vigor desde 1988, é a Lei Maior do país. Os 26 estados federados têm autonomia para elaborar suas próprias constituições estaduais e leis. Entretanto, sua competência legislativa é limitada pelos princípios estabelecidos na Constituição Federal.

Um pouco de tudoDados consolidados em 2014

Grupos étnicos: PIB: R$5,52 trilhõesPIB – composição por setores da economia:

Taxa de desemprego: 4,8% Principais parceiros comerciais: China, Estados Unidos e Alemanha

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Área: 8.511.965 km2

População: 204,2 milhõesCapital: Brasília, Distrito Federal

Taxa de alfabetização: 92,6%Forma de governo: República federativaSistema de governo: Presidencialismo Língua oficial: Português Moeda oficial: Real

Força de trabalho: 110,9 milhõesForça de trabalho – composição por setores da economia:

Brancos

Mestiços

Negros

Asiáticos

Indígenas

Serviços

Indústria

Agricultura47,7%

43,1%

7,6%

1,1% 0,4%

70,4%

23,8%

5,8%

Serviços

Indústria

Agricultura71%13,3%

15,7%

Brasil

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No Brasil, os tipos societários mais adotados são a sociedade limitada e a sociedade por ações. Em ambos, a responsabilidade dos sócios restringe-se ao valor por eles subscrito no capital social, salvo na ocorrência de atos ilícitos.

Em ambos os casos, é necessária a existência de ao menos dois sócios, que podem ser tanto pessoas físicas quanto jurídicas, brasileiras ou estrangeiras. Sócios domiciliados no exterior devem manter procurador no Brasil para representá-los na condição de sócios e para cadastro perante a Receita Federal do Brasil.

No Brasil, os tributos e suas respectivas alíquotas são determinados com base na receita da pessoa jurídica e não no tipo societário sob o qual ela se reveste. Portanto, a adoção de determinado tipo societário não é relevante do ponto de vista fiscal.

Empresas estrangeiras podem constituir filiais no Brasil. No entanto, tendo em vista que a abertura de uma filial no Brasil é um processo bastante burocrático, esse tipo de veículo somente é recomendável quando existirem benefícios significativos à empresa no exterior. A filial deve observar toda a legislação local como se fosse uma sociedade brasileira.

Sociedades limitadasAs sociedades limitadas são regidas pelo Código Civil (e, subsidiariamente, pela Lei das Sociedades por Ações).

No contrato social da sociedade limitada devem constar, entre outros: a qualificação de cada um dos sócios; a denominação da sociedade; o objeto social; o endereço da sede social; seu período de duração; o capital social e sua divisão e forma de integralização.

A administração da sociedade limitada pode ficar a cargo dos próprios sócios ou, ainda, de terceiros por eles indicados no contrato social ou em ato separado. É permitida a nomeação de estrangeiros como administradores, desde que possuam visto válido para assim atuar no Brasil. O contrato social da sociedade limitada pode submeter determinadas decisões da administração à aprovação dos sócios. O contrato social pode ainda prever a existência de outros órgãos administrativos (tais como o conselho consultivo e o conselho fiscal), ainda que não sejam de caráter obrigatório para sociedades limitadas.

As deliberações sobre assuntos sociais são tomadas em reunião ou assembleia de sócios. Contudo, estas podem ser dispensadas sempre que todos os sócios decidirem, por escrito, sobre determinada matéria.

Sociedades por açõesAs sociedades por ações (“companhias”) são regidas por lei especial, podendo constituir-se como companhia de capital aberto ou fechado. As companhias abertas estão sujeitas às regras da Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”).

Tipos societários

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O capital social pode ser subscrito ou autorizado, e dividido em ações ordinárias e preferenciais. As ações não necessitam ter valor nominal. A cada ação ordinária corresponde um voto nas assembleias gerais da companhia. As ações preferenciais podem ter direito de voto. As ações de mesma classe conferem iguais direitos a seus titulares.

As ações podem ser integralizadas em dinheiro ou em bens. Cumpre à assembleia geral aprovar a avaliação dos bens aportados ao capital social. Quando subscrito em dinheiro, ao menos 10% do capital subscrito precisa ser integralizado.

Não é permitido às companhias abertas ter diferentes classes de ações ordinárias. As ações preferenciais das companhias fechadas ou abertas podem pertencer a uma ou mais classes, com diferentes direitos econômicos e decisórios. As ações preferenciais sem voto ou com voto restrito podem representar até 50% do capital social.

As companhias podem ainda emitir outros títulos, a saber: partes beneficiárias, bônus de subscrição e debêntures. As normas relativas a titularidade e circulação das ações aplicam-se também a esses títulos, embora estes não façam parte do capital.

Acordo de acionistasÉ permitido aos acionistas celebrar acordos para reger a compra e venda de ações, direitos de preferência e exercício do direito de voto ou do poder de controle da companhia. Nas assembleias e nas reuniões do conselho de administração não devem ser computados os votos proferidos em desacordo com acordos de acionistas devidamente arquivados na sede da companhia.

Assembleias geraisA assembleia geral de acionistas tem poderes para deliberar a respeito de todos os assuntos relativos aos negócios sociais. Em geral, as deliberações são tomadas por maioria simples de votos.

Tipos societários 01

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Compete às assembleias gerais ordinárias de acionistas (i) votar as demonstrações financeiras; (ii) eleger os administradores e os membros do conselho fiscal; e (iii) deliberar sobre a destinação do lucro líquido de cada exercício fiscal e a distribuição de dividendos. Os demais assuntos exigem a convocação de assembleia geral extraordinária.

Órgãos administrativosA administração da sociedade pode ser atribuída a um Conselho de Administração e a uma Diretoria, ou, ainda, a somente uma Diretoria. O Conselho de Administração é obrigatório para as companhias abertas, para aquelas de capital autorizado, e para os bancos. Em qualquer caso, a Diretoria é responsável pela representação da companhia.

Conselho FiscalO Conselho Fiscal é um órgão obrigatório cujo funcionamento, todavia, não precisa ser permanente. A instalação de um Conselho Fiscal não permanente ocorre por solicitação dos acionistas detentores de pelo menos 10% das ações ordinárias ou 5% das ações sem direito a voto).

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Sistema Financeiro NacionalA atual estrutura do Sistema Financeiro Nacional (“SFN”) atribui a três entidades principais a função de regular e supervisionar as instituições financeiras brasileiras:

Sistema bancário

Sistema bancário

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(i) Conselho Monetário Nacional (“CMN”): órgão superior do SFN com a responsabilidade de formular as políticas monetárias e creditícias do país.

(ii) Banco Central do Brasil (“Banco Central”): responsável pela execução das políticas estabelecidas pelo CMN, bem como por regular e supervisionar as instituições financeiras.

(iii) Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”): entidade responsável pela implementação de políticas voltadas para organização e funcionamento do mercado de capitais.

Além das entidades mencionadas acima, o SFN é composto por instituições financeiras públicas e privadas. Integram as instituições financeiras privadas: bancos comerciais, bancos de investimento, bancos múltiplos, bancos de câmbio, sociedades de crédito, financiamento e investimento, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, sociedades corretoras de valores, cooperativas de crédito, sociedades de arrendamento mercantil, entre outras.

A constituição das instituições financeiras privadas está sujeita a certas restrições como, por exemplo, a obrigatoriedade de autorização prévia por parte do Banco Central para poderem funcionar. Além disso, a participação do capital estrangeiro

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em instituições financeiras brasileiras está constitucionalmente sujeita não só à prévia aprovação do Banco Central, como também à expedição de um decreto por parte do presidente da República confirmando o interesse nacional e autorizando tal participação. O decreto presidencial também é exigido para a abertura, no Brasil, de filial de instituição financeira sediada no exterior.

Uma vez autorizadas, as instituições financeiras passam a ser amplamente supervisionadas pelo Banco Central. Assim, todas as medidas envolvendo alterações estatutárias, eleição de administradores, aumentos e reduções de capital, alienação de controle, fusão, cisão e incorporação, bem como outros atos societários não rotineiros das instituições financeiras, requerem a aprovação prévia do Banco Central.

O valor do capital social e do patrimônio líquido das instituições financeiras deve sempre ser compatível com as regras de estrutura de capital e capitalização mínima impostas pelo CMN, as quais inclusive já se encontram adequadas ao Acordo de Basileia III.

É permitido ainda às instituições financeiras estrangeiras constituir escritórios de representação no Brasil, mediante prévia aprovação do Banco Central. A função de tais escritórios é somente atuar como contato entre a sede no exterior e seus eventuais clientes domiciliados no país. Assim, não lhes é permitido o desempenho de qualquer atividade privativa de instituição financeira brasileira, sob pena de cancelamento da autorização concedida, sem prejuízo de outras sanções administrativas e penais cabíveis.

Meios eletrônicos de pagamentosO Banco Central também é responsável pela administração do Sistema de Pagamentos Brasileiros (“SPB”), o qual compreende as entidades, os sistemas e os procedimentos relacionados a processamento e liquidação de transferência de fundos, operações com moeda estrangeira e operações com ativos financeiros e valores mobiliários.

A partir de 2013, foi criado um novo arcabouço normativo visando regulamentar as atividades e serviços de meios eletrônicos de pagamento, os quais passaram, também, a integrar o SPB.

Nesse contexto, foram introduzidos os conceitos de “arranjos de pagamento” (definidos como o conjunto de regras que disciplinam a utilização de instrumentos de pagamento aceitos por mais de um recebedor) e de “instituições de pagamento” (prestadores de serviços de pagamento que participam de tais arranjos).

Com isto, o CMN e o Banco Central receberam amplos poderes para regulamentar e supervisionar essas entidades, inclusive no que se refere à sua constituição e funcionamento, gerenciamento de riscos, e abertura e movimentação de contas de pagamento – seguindo, em grande parte, um regime semelhante ao já existente para as instituições financeiras, inclusive no que se refere a sujeição das instituições de pagamento aos regimes de administração especial temporária, intervenção e liquidação extrajudicial próprios das instituições financeiras.

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A parceria público-privada (“PPP”) consiste em um contrato administrativo de concessão de médio ou longo prazo, que pode ser celebrado na modalidade patrocinada ou administrativa. Na PPP patrocinada, a remuneração devida ao parceiro privado é paga em parte pela Administração Pública e em parte pela tarifa que o concessionário cobra dos usuários. Na PPP administrativa, a Administração arca integralmente com a remuneração paga ao parceiro privado.

A PPP submete-se ao processo licitatório, em respeito ao princípio da supremacia do interesse público, e é regida pelas disposições da Lei nº 8.987/1995 (que regula as concessões comuns) e da Lei nº 11.079/2004 (a chamada Lei das Parcerias Público-Privadas).

Antes da celebração do contrato, é preciso constituir uma Sociedade de Propósito Específico (“SPE”), incumbida de implantar e gerir seu objeto. Esta pode, inclusive, assumir a forma de companhia aberta, com valores mobiliários admitidos à negociação no mercado.

Dentre as garantias previstas, estão aquelas outorgadas ao concessionário para assegurar o pagamento integral e tempestivo das obrigações pecuniárias assumidas pelo parceiro público (como, por exemplo, a vinculação de receitas, bem como a instituição ou utilização de fundos especiais), sem prejuízo de demais mecanismos admitidos em lei.

Corporate financeVia de regra, esta modalidade de financiamento prescinde da constituição de entidade ou SPE, uma vez que é contratada na pessoa do próprio empresário ou tomador e

Parceria público-privada, corporate finance e project finance

Parceria público-privada, corporate finance e project finance03

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conduzida em conjunto com outras atividades e negócios por ele desempenhados. Seu objetivo é maximizar a valorização do tomador, seja ele pessoa física, jurídica ou ente despersonalizado, aprimorando a gestão de riscos financeiros. Para a estruturação legal e contratual, em princípio, basta um mero acordo entre credor e devedor, que pode ser garantido ou não com bens de sua titularidade e/ou de seus sócios, acionistas ou quotistas.

Nessa modalidade de financiamento, os credores tipicamente possuem pouca ingerência na gestão do tomador, exceto por disposições contratuais que lhe imponham limites à contratação de novas dívidas ou restrições correlatas, sobretudo voltadas a aspectos creditícios ou que previnam a deterioração de sua situação econômico-financeira.

Operações de corporate finance geralmente contam com ativos do próprio empresário ou tomador como garantia, seja esta real ou fidejussória, de modo que o direito de regresso dos credores costuma recair sobre tais ativos e/ou sobre ativos de seus sócios ou controladores.

Os riscos em contratos e projetos desse gênero podem ser mitigados por meio da diversificação de negócios do tomador, em virtude do que os ganhos de uma determinada atividade equilibrariam as perdas de outra.

Project financeVia de regra, nessa modalidade, o projeto gera os recursos destinados ao pagamento da dívida contraída para o seu financiamento. São prestadas garantias privadas que recaem sobre os próprios ativos do projeto e há bastante flexibilidade contratual, societária e fiscal na estruturação dessas operações.

Sem definição expressa no direito brasileiro, trata-se de uma técnica em que o processo de avaliação, estruturação e concessão dos recursos é primordialmente focado na capacidade financeira do projeto per se. Credores costumam basear suas decisões de crédito na capacidade do projeto de saldar suas dívidas e remunerar o capital, não necessariamente dependendo dos ativos de sponsors ou de fluxos de caixa de outros empreendimentos que explorem (non-recourse).

Por essas razões, há profunda preocupação com a capacidade do projeto de operar em nível satisfatório, gerando receita para cobrir o custo incorrido durante a sua implementação e, ainda, propiciar retorno aos stakeholders. Busca-se redistribuir riscos relacionados ao projeto entre as partes que tenham melhor expertise e capacidade de assumi-los (fornecedores, construtores, operadores etc.), conferindo-lhes instrumentos de influência na gestão do projeto de forma mais ativa do que em financiamentos tradicionais.

O projeto costuma ser explorado por meio de um veículo com personalidade jurídica própria e distinta daquela de seus sócios e fornecedores, outra característica marcante de operações de project finance. Gestão e contabilidade são também segregadas. Constitui-se uma SPE, cujo capital é geralmente integralizado pelo empresário, sendo que os riscos são específicos dela (e do projeto), e não necessariamente se comunicam com outras atividades do empresário.

A SPE fica sujeita a intenso monitoramento, dado o significativo risco de performance assumido na operação. Em geral, as garantias oferecidas à entidade de financiamento abrangem ônus reais sobre ativos tangíveis e receitas ligadas à SPE, porém podem abarcar praticamente qualquer modalidade de recebível atribuído à SPE e/ou ao projeto por ela explorado.

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As fusões e aquisições (M&A, do termo mergers and acquisitions, em inglês), em geral, são operações de aquisição de participação societária em sociedades existentes ou constituídas no contexto da transação. As razões que justificam a ocorrência de tais operações são diversas e podem estar relacionadas com problemas de sucessão, obtenção de sinergias de custo, melhoria da eficiência/ganhos de escala, absorção de um concorrente ou pela simples oportunidade de aquisição de uma empresa desvalorizada.

EstruturasEm geral, as operações de fusão e aquisição podem ser estruturadas na forma de compra e venda de ativos e/ou participação societária, subscrição de novas ações e operações societárias stricto sensu (fusão, incorporação, incorporação de ações, cisão, dropdown). Em termos de estrutura, no Brasil, usualmente adota-se a aquisição direta de participação societária, em contrapartida à aquisição de ativos/negócios, pois geralmente a transferência direta dos ativos é ineficiente do ponto de vista fiscal, tanto para o comprador quanto para o vendedor, além de ser mais burocrática.

RegulamentaçãoAinda que sem uma regulamentação legal específica, diversos diplomas normativos aplicam-se às transações de M&A, tais como o Código Civil, a Lei de Sociedades Anônimas, a Lei de Mercado de Capitais, a Lei de Defesa da Concorrência, bem como regulamentos emitidos por entidades reguladoras do mercado como, entre outras, o Conselho Monetário Nacional (“CMN”), o Banco Central do Brasil (“Banco Central”) e, no caso de companhias abertas, a Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”). Além disso, em geral, a alienação de controle de entidades reguladas depende da aprovação prévia da autoridade governamental competente.

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EtapasDo ponto de vista legal, uma operação de M&A costuma seguir o seguinte roteiro: (i) contratação de assessores pelas partes envolvidas (advogados/auditores); (ii) mapeamento dos potenciais interessados na oportunidade; (iii) apresentação da oportunidade aos potenciais interessados previamente selecionados; (iv) celebração de acordo de confidencialidade e submissão de informações sigilosas; (v) submissão de oferta não vinculativa ou negociação preliminar de carta de intenções, memorando de entendimentos ou term sheet (por intermédio do qual pode-se, inclusive, garantir uma exclusividade nas negociações); (vi) due diligence pelo potencial investidor para verificação do status do objeto da transação; (vii) realizada a due diligence e acordadas as condições comerciais e legais da transação (definição da estrutura, por exemplo), assina-se o contrato de compra e venda/investimento; (viii) o fechamento (isto é, a efetivação) da operação ocorre somente apenas o cumprimento de condições precedentes, se aplicável, sendo a mais relevante (na maioria dos casos) a aprovação prévia pelas autoridades de defesa da concorrência – tendo a nova Lei de Defesa da Concorrência introduzido diversas mudanças ao controle de atos de concentração, particularmente a adoção do controle prévio de fusões e aquisições; e (ix) após o fechamento da operação, conforme o caso, apura-se eventual ajuste do preço de compra, geralmente com base em variações de capital de giro e dívida líquida.

Due DiligenceA due diligence é um processo investigativo multidisciplinar que permite às partes tomarem uma decisão informada de investimento. Sob a ótica do comprador, a due diligence auxilia na avaliação da empresa alvo e possibilita ao comprador sanar e/ou mitigar eventuais contingências após o fechamento da operação e definir proteções contratuais e critérios de alocação de riscos, sejam eles materializados ou ocultos. Sob a perspectiva do vendedor, aumenta sua credibilidade e antecipa a identificação e o adequado tratamento das questões a serem apontadas pelos potenciais adquirentes. Quanto melhor a diligência, mais fácil tende a ser a transição. As áreas tributária, previdenciária, trabalhista e ambiental são as que costumam apresentar contingências mais significativas.

ContratoO contrato de compra e venda (ou acordo de investimento) é o documento definitivo que serve de base para a formalização da operação pretendida. Tal documento contém todos os termos para a implementação dos passos relevantes, obrigações das partes (pagamento do preço, indenização, não concorrência etc.), declarações e garantias acerca da condição do objeto da transação e condições para o fechamento. Na maioria dos casos, assinatura e fechamento ocorrem em momentos distintos. Via de regra, não há pagamento de preço na data de assinatura do contrato (exceto no caso de eventual sinal), e sim somente no fechamento.

Registro de investimento estrangeiroO registro de capital estrangeiro é exigido para ingresso de recursos no país, bem como para a remessa de lucros ao exterior, repatriamento de capital e registro de reinvestimentos. Os investimentos são sempre registrados na moeda estrangeira em que forem efetivamente realizados, ou em moeda nacional, caso os recursos sejam provenientes de conta de não-residente devidamente mantida no Brasil ou ainda decorrentes de ativos localizados no país.

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Em vigor desde maio de 2012, a Lei de Defesa da Concorrência introduziu diversas mudanças significativas, especialmente no que se refere ao controle de concentrações, particularmente por meio da adoção de um sistema de análise prévia dos chamados “atos de concentração”, mediante o qual a aprovação de operações pela autoridade concorrencial passou a ser condição precedente ao fechamento ou consumação do ato.

Critérios de notificaçãoNos termos da lei, fusões, aquisições de controle direto ou indireto ou de partes de uma empresa, contratos associativos, consórcios ou joint ventures são entendidos como “atos de concentração” e deverão ser submetidos à autoridade concorrencial brasileira (“CADE”) para revisão e aprovação nas seguintes hipóteses:

Concorrência

(i) se ao menos um dos “grupos econômicos” envolvidos na operação tiver registrado, no último balanço, faturamento bruto anual ou volume de negócios total no país, no ano anterior à operação, equivalente ou superior a R$ 750 milhões; e

(ii) se ao menos um outro grupo envolvido na operação tiver registrado, no último balanço, faturamento bruto anual ou volume de negócios total no país, no ano anterior à operação, equivalente ou superior a R$ 75 milhões.

Para fins de cálculo do faturamento, a definição geral de “grupo econômico” leva em consideração (i) as empresas sob controle comum e (ii) as empresas nas quais as empresas sob controle comum detenham pelo menos 20% do capital social ou votante.

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Caso a operação envolva fundos de investimento, devem ser entendidos como membros do mesmo grupo econômico, cumulativamente: (i) o fundo envolvido na operação; (ii) o grupo econômico de cada cotista que detenha direta ou indiretamente participação igual ou superior a 50% das cotas do fundo envolvido na operação via participação individual ou por meio de qualquer tipo de acordo de cotistas; e (iii) as empresas controladas pelo fundo envolvido na operação e as empresas nas quais o referido fundo detenha direta ou indiretamente participação igual ou superior a 20% do capital social ou votante.

Em tal cálculo, deve ser considerado 100% do faturamento da empresa, independentemente da quantidade de participação societária detida.

Ainda, consórcios criados com o propósito de participação em licitações públicas e contratos delas decorrentes estão isentos da obrigatoriedade de notificação.

Quando notificarA notificação antitruste deve ser feita de preferência após a assinatura de um documento vinculativo formal e necessariamente antes que qualquer ato relacionado à operação seja consumado. Portanto, em tese, é possível notificar até mesmo antes da assinatura de um documento vinculativo. Na prática, entretanto, a maioria das empresas opta por fazer a notificação simultaneamente (ou logo após) a execução de contratos definitivos, pelas seguintes razões: (i) uma vez notificada no Brasil, a operação se tornará pública (mediante publicação de pequeno resumo no Diário Oficial da União). Assim, notificando-se após a assinatura dos contratos definitivos, evita-se a divulgação prematura da operação enquanto as negociações ainda estão em andamento; e (ii) se os termos principais/finais de determinada operação não estão definidos quando a notificação é feita (a estrutura final, o preço de compra/condições de pagamento, cláusulas de não concorrência, entre outros aspectos), o CADE pode declarar a notificação incompleta ou, ainda, analisá-la e julgar o ato, mas determinar que nova notificação seja feita caso as disposições contratuais definitivas alterem a natureza do ato e, consequentemente, a análise concorrencial.

Ritos aplicáveis e cronologia para aprovaçãoDuas entidades principais fazem parte do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência: (i) a Superintendência-Geral do CADE; e (ii) o Tribunal Administrativo do CADE.

A primeira autoridade a analisar atos de concentração é a Superintendência-Geral. Em casos de controle de atos de concentração “simples” (ou seja, casos de “menor potencial ofensivo à concorrência” ou que não requeiram diligências adicionais), a Superintendência-Geral pode publicar uma decisão definitiva aprovando a operação.

Em casos mais complexos – isto é, se a Superintendência-Geral entender que a operação deve ser rejeitada ou aprovada sob certas condições, ou nas hipóteses em que uma terceira parte recorra da decisão da Superintendência-Geral aprovando a operação, por exemplo – os autos serão enviados ao Tribunal Administrativo. Nesses casos, a Superintendência-Geral irá publicar uma opinião não vinculante e o Tribunal Administrativo será a entidade responsável pela análise e julgamento final da operação.

No contexto do novo regime concorrencial, as operações podem ser notificadas ao CADE por meio de dois ritos diversos: (i) o rito sumário; ou (ii) o rito ordinário. A decisão sobre qual dos procedimentos será adotado é discricionária do CADE.

O rito sumário (que significa uma análise mais rápida a ser conduzida pelo CADE, e pelo qual as partes preenchem um formulário mais simples) aplica-se aos casos em que, em virtude da natureza da operação em si, há menor potencialidade de prejuízos à concorrência. Em termos práticos, o rito sumário atende operações resultantes em

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sobreposições horizontais e/ou integrações verticais que não excedam um market share de 20% e 30%, respectivamente, de determinado mercado relevante.

O rito ordinário, por sua vez, implica um processo mais longo de análise (pelo qual um formulário mais complexo deve ser preenchido) e aplica-se a casos que resultem em concentrações maiores ou iguais a 20% de um determinado mercado relevante, ou em integrações verticais nas quais uma das partes envolvidas detenha mais de 30% de determinado mercado relevante.

Sobre os prazos para que uma decisão do CADE seja proferida tem-se que, nos termos da lei, a análise concorrencial deve ser concluída em, no máximo, 240 dias a contar do protocolo de petição ou de sua emenda, prazo este que somente poderá ser dilatado (i) por até 60 dias, improrrogáveis, mediante requisição das partes envolvidas na operação; ou (ii) por até 90 dias, mediante decisão fundamentada do Tribunal Administrativo, devendo nela constar as razões para a extensão, o prazo da prorrogação (não renovável), e as providências necessárias para julgamento do processo.

Em média, e com base nos precedentes do CADE até agora, pode-se afirmar que os casos submetidos ao procedimento sumário são julgados entre 20 e 30 dias. Casos analisados por meio do procedimento ordinário podem demorar meses até serem concluídos (mas, em média, o CADE tem sido bastante eficiente em suas análises mesmo em casos complexos, concluindo-as em uma média de três a quatro meses).

Para casos aprovados pela Superintendência-Geral, a operação só pode ser fechada depois de 15 dias consecutivos a partir da publicação da decisão no Diário Oficial da União (depois de decorrido o prazo para apelação de terceiro interessado habilitado no processo ou para pedidos de revisão pelo Tribunal Administrativo).

CustosOs principais custos envolvem o pagamento de uma taxa de notificação ao CADE (R$ 85.000 a partir de janeiro de 2016) e custos incorridos com a tradução juramentada dos contratos da operação.

O papel repressivo do CADEAlém do papel no controle de atos de concentração, o CADE possui também função repressiva, que se traduz na análise de condutas que podem ser consideradas lesivas à ordem econômica, orientada pelos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico.

Com vistas a assegurar a defesa dos interesses dos consumidores e de outros participantes do mercado, portanto, o CADE tem dentre as suas funções reprimir condutas potencialmente ilícitas, impondo penalidades de forma a minimizar o dano dessas ações que prejudicam a operacionalidade do mercado, como cartéis, vendas casadas, preços predatórios, acordos de exclusividade etc. Assim, o CADE monitora mercados que podem ser alvos de condutas anticoncorrenciais, podendo instaurar investigações para apurar a ocorrência de condutas ilícitas, bem como impor multas e outras penalidades administrativas caso conclua que de fato houve violação da lei.

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A legislação aplicável às atividades desenvolvidas por operadores de logística no Brasil, diferentemente de outros países, estende-se de maneira esparsa por entre as diferentes modalidades de transporte – quer aéreo, ferroviário, rodoviário, ou marítimo e hidroviário. Assim, para apresentar um panorama do setor de transportes no Brasil, é necessário analisar especificamente as normas relativas a cada uma das modalidades mencionadas acima.

Transporte aéreoA aviação é regulada (i) pelos tratados e convenções internacionais sobre o tema, tais quais a Convenção de Chicago, a Convenção de Montreal e a Convenção da Cidade do Cabo; (ii) pela Constituição Federal; (iii) pelo Código Brasileiro de Aeronáutica (“CBA”); (iv) pela Lei nº 11.182/2005, a qual institui oficialmente a Agência Nacional de Aviação Civil (“ANAC”), autarquia reguladora da aviação civil no Brasil incumbida, dentre outros, de administrar o Registro Aeronáutico Brasileiro (“RAB”); (v) por legislação infralegal, tais como portarias e resoluções da ANAC, Regulamentos Brasileiros da Aviação Civil (“RBAC”); e (vi) por normas editadas pelo Comando da Aeronáutica, especialmente no que concerne à navegação aérea no Brasil. Em conjunto, todos esses normativos regulam o setor aeronáutico sob suas diversas perspectivas, desde o registro e manutenção de aeronaves até as questões de responsabilidade civil no transporte aéreo.

Desde 2005 a aviação civil brasileira é controlada pela ANAC, agência reguladora que sucedeu o Departamento de Aviação Civil (“DAC”), órgão militar até então responsável. No entanto, a sucessão não foi integral e a navegação aérea e o controle do espaço aéreo permaneceram sob comando da Força Aérea Brasileira, através do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (“DECEA”).

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A exploração do transporte aéreo regular ou não-regular de passageiros, carga e mala postal depende de autorização prévia da ANAC e de obtenção de concessão ou autorização do poder público, conforme dita a Constituição Federal. Nesse sentido, há limite de participação estrangeira em tais atividades, sendo esse de 20% do capital votante para empresas constituídas como sociedades anônimas e de 75% para as limitadas. É também restrita a brasileiros a direção de tais sociedades. Há projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional para rever os percentuais de restrição de modo a alcançar pelo menos um limite de 49% (maioria simples detida por brasileiros).

Em matéria de financiamento aeronáutico, o Brasil ratificou a Convenção da Cidade do Cabo sobre Garantias Internacionais Incidentes sobre Equipamentos Móveis, possibilitando o desenvolvimento de novas estruturas (tais como EETC – Enhanced Equipment Trust Certificates), já que tal convenção pode facilitar a execução de garantias e retomada de aeronaves por seus proprietários e/ou arrendadores, inclusive com a utilização de IDERAs, autorizações irrevogáveis para cancelamento de registro.

O Governo Federal, através do Plano de Aviação Regional (“PAR”), objetiva fomentar e subsidiar as operações por companhias aéreas em rotas secundárias, em aeroportos com menor capacidade operacional e com a utilização de aeronaves de até 60 assentos. Ainda que o plano inicie-se por localidades na região amazônica, o PAR, quando totalmente implementado, cobrirá o território nacional e poderá ser utilizado por qualquer companhia aérea interessada nesse tipo de transporte.

No que concerne a responsabilidade civil no transporte aéreo, é comum encontrar decisões em que o Código de Defesa do Consumidor prevaleça sobre as convenções internacionais que regulam o assunto (por exemplo a de Montreal). A corrente majoritária no judiciário brasileiro tem sido em favor dos passageiros e desconsidera os limites pecuniários das indenizações conforme disciplinados nos respectivos tratados.

Transporte ferroviárioO então degradado sistema ferroviário brasileiro foi quase integralmente repassado à administração privada, por meio de concessões, em 1997. Os investimentos privados na recuperação da malha e na modernização de locomotivas e vagões, aliados a novos métodos de gestão, trouxeram resultados positivos para o setor, quase dobrando a porcentagem de transporte por ferrovias no Brasil.

O atual marco regulatório do setor ferroviário brasileiro surgiu com a extinção da Rede Ferroviária Federal S.A. (“RFFSA”). A concessão, a fiscalização e as regras de operação tornaram-se atribuições da Agência Nacional de Transporte Terrestre (“ANTT”). A fase moderna da legislação regente do setor ferroviário no Brasil inicia-se com a publicação do Regulamento dos Transportes Ferroviários (“RTF”).

Entre suas principais características, o RTF disciplina a segurança nos serviços ferroviários e as relações entre: (i) a administração pública e as administrações ferroviárias; (ii) as administrações ferroviárias, inclusive no tráfego mútuo; e (iii) as administrações ferroviárias e os seus usuários.

Entre os principais aspectos do transporte ferroviário regulamentados e regulados pelas resoluções da ANTT estão: usuário dependente; usuário investidor; interconexão ferroviária – tráfego mútuo e direito de passagem; penalidades pelo não cumprimento de metas – segurança e produção; estabelecimento de novas metas quinquenais de segurança e produção; transporte ferroviário de passageiros – turístico e cultural; comunicado de acidentes; treinamento; e transporte de produtos perigosos.

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Transporte rodoviárioO transporte rodoviário é utilizado para o transporte de mercadorias e pessoas por veículos automotores (ônibus, caminhões, veículos de passeio, etc.). Como possui, na maioria dos casos, preço de frete superior ao hidroviário ou ferroviário, é adequado para mercadorias de alto valor.

Nos anos 1990, com a intensificação do processo de reformas econômicas e a implementação do Programa Nacional de Desestatização, foram instituídas diretrizes gerais sobre a concessão e permissão da prestação de serviços públicos ao setor privado, criando subsequentemente órgãos reguladores do setor, em especial a ANTT.

Em 1993, foram promovidas alterações institucionais para transferir ao Departamento de Transporte Rodoviário a responsabilidade pelo transporte de passageiros. A criação do Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte (“CONIT”) e da ANTT, por sua vez, adveio da intenção do governo de desenvolver uma política com foco especial em transporte setorizado e inserção do transporte rodoviário de passageiros.

As principais normas reguladoras do transporte rodoviário são (i) a Constituição Federal, (ii) a Lei nº 8.666/1993 conforme alterada pela Lei nº 8.883/1994 (a qual institui normas para licitações e contratos da administração pública), (iii) a Lei nº 8.987/1995 conforme alterada pela Lei nº 9.648/1998 e a Lei nº 9.074/1995 (no tocante ao regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos), (iv) a Lei nº 9.503/1997 (a qual institui o Código de Trânsito Brasileiro), (v) a Lei nº 11.079/2004 (a qual institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito da administração pública), (vi) o Decreto nº 2.521/1998 (sobre serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros), (vii) as resoluções emitidas pelo CONTRAN, (viii) as instruções normativas do Tribunal de Contas da União, e (ix) resoluções emitidas pela ANTT.

Transporte marítimoEm termos gerais, o Direito Marítimo é um conjunto de normas que regula todas as atividades atinentes à navegação marítima, lacustre e fluvial, incluindo o transporte de cargas e pessoas. O Direito Marítimo é de competência exclusiva da União, sendo regido precipuamente pela segunda parte do Código Comercial de 1850, o qual foi mantido no Código Civil de 2002, e por leis esparsas (leis infraconstitucionais e decretos), bem como por pactos e convenções internacionais.

A entidade das Forças Armadas, a Marinha do Brasil, por lei, exerce poder marítimo como uma função subsidiária e é a autoridade marítima brasileira, representada por diretorias especializadas, sendo a principal delas a Diretoria de Portos e Costas (“DPC”).

As principais normas regulatórias do direito marítimo incluem (i) a Lei nº 7.652/1988 (sobre a propriedade marítima), (ii) a Lei nº 9.537 e o Decreto nº 2.596/1998 (sobre a segurança do tráfego aquaviário), (iii) a Lei nº 5.972/1973 (sobre os procedimentos para o registro da propriedade de bens imóveis discriminados administrativamente ou possuídos pela União), e (iv) as normas da autoridade marítima conhecidas como NORMAM.

Em 2013 foi promulgada a Lei de Modernização dos Portos, uma nova legislação cujo principal objetivo foi resolver grandes desafios práticos e jurídicos geralmente enfrentados pelos portos brasileiros. Um projeto de lei para um novo código marítimo está sendo atualmente discutido no Congresso Nacional.

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O setor elétrico brasileiro, após dois processos relevantes de reestruturação, desenvolveu-se sob um marco regulatório seguro e bem estruturado. Constituído por um sistema elétrico integrado hidrotérmico, o setor possui a energia hidrelétrica como principal fonte da matriz (aproximadamente 62%, excluindo Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCH, i.e. aquelas com capacidade instalada entre 3 MW e 30MW e sujeitas ao regime de autorização, e Centrais Geradoras Hidrelétricas – CGH, i.e. aquelas com capacidade instalada de até 3 MW e submetidas a regime de comunicação), e a termelétrica como relevante fonte complementar (aproximadamente 29% da matriz).

Tendo os investimentos na indústria sido realizados durante décadas por empresas estatais (os principais agentes atuantes no setor até a década de 1980), a década de 1990 pautou-se pela abertura do mercado à iniciativa privada. O marco legal da indústria recém-aberta ao setor privado estava fundado sobretudo na Lei nº 8.987, que dispõe sobre a prestação de serviços públicos; Lei nº 9.074, que estabelece regras para a reestruturação e prorrogação das concessões, ambas editadas em 1995; e Lei nº 9.427, promulgada em 1996 para instituir a agência reguladora do setor (Agência Nacional de Energia Elétrica – “ANEEL”). O objetivo da reforma promovida era estabelecer um mercado competitivo, eficiente e confiável.

O mercado foi posteriormente submetido a uma nova reforma institucional, sobretudo como reação ao racionamento de energia de 2001. A nova reforma, ocorrida em 2004, teve como fundamentos a segurança de suprimento, a modicidade tarifária e a estabilidade regulatória. O modelo regulatório de 2004 aprofundou a desverticalização das diferentes etapas da cadeia produtiva (geração, transmissão,

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distribuição e comercialização) através de restrições sobre as atividades das distribuidoras, porém preservando o caráter competitivo dos segmentos de geração e comercialização. A comercialização de energia ganhou novo tratamento regulatório, tendo sido criados novos ambientes de contratação: o mercado regulado (Ambiente de Contratação Regulada – “ACR”) e o mercado livre (Ambiente de Contratação Livre – “ACL”).

Assim, sob o modelo regulatório atualmente vigente, a energia no ACR é comercializada mediante leilões realizados pelo Poder Público. Por meio dos leilões, geradoras competem pelo critério de menor tarifa (R$/MWh) para vender energia para as distribuidoras compradoras, que, à exceção de algumas hipóteses legais, estão obrigadas a comprar no ACR para atender à demanda do seu mercado.

Nos denominados leilões de energia nova (aqueles realizados para a contratação de empreendimentos novos), as geradoras, além de celebrarem contratos de compra e venda de energia com as distribuidoras, também participam do processo licitatório para obterem do Poder Público a respectiva outorga de geração, necessária à exploração da usina. Enquanto as usinas hidrelétricas cuja capacidade instalada seja superior a 50 MW estão obrigadas a participar dos leilões para obterem a respectiva concessão (cuja outorga deve ser precedida de licitação), as usinas submetidas ao regime de autorização podem obter a outorga de geração sem a necessidade de participação no leilão. Nos leilões de energia nova, as geradoras vencedoras celebram contratos de longo prazo plenamente financiáveis, cujos prazos de vigência variam entre 15 e 30 anos, dependendo do tipo do leilão.

Por outro lado, geradoras com usinas já em operação e que queiram vender energia no ACR podem optar por participar de leilões de energia existente, no âmbito do qual celebram contratos com as distribuidoras também financiáveis e cuja vigência pode variar de um até 15 anos. As empresas também podem vender a produção de suas usinas no ACL, no âmbito do qual a energia é livremente negociada entre geradoras, comercializadoras, consumidores livres e especiais. Atualmente, o mercado livre corresponde a aproximadamente 25% do mercado consumidor.

Novos projetos de transmissão também são submetidos a leilões, por meio dos quais o Poder Público fixa uma receita teto (máximo valor para a Receita Anual Permitida – “RAP”), e os participantes competem pelo critério de menor RAP oferecida para terem novas concessões outorgadas. Através da contratação de novas linhas de transmissão e subestações, o Poder Público visa assegurar a expansão da rede, como forma de ampliar a capacidade do sistema elétrico de promover intercâmbios de energia entre os diferentes submercados.

Fontes alternativas de energia (PCHs, eólicas, térmicas a biomassa, e solares) vêm gradativamente se fortalecendo e ampliando seu papel na matriz elétrica brasileira. O Plano Decenal de Expansão de Energia 2023, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (“EPE”), indica uma expansão média anual das fontes alternativas de 10,7% em termos de capacidade instalada. Enquanto as usinas eólicas têm se tornado mais competitivas nos últimos anos, as PCHs perderam sua histórica competitividade, especialmente por conta de riscos ambientais e outros relacionados aos custos da construção e de imóveis. Com relação à energia solar, a despeito de o seu desenvolvimento se mostrar relativamente limitado em comparação com outras fontes alternativas (especialmente a eólica), existe espaço para crescimento em médio e longo prazos. Apesar de ter considerado usinas solares fotovoltaicas no horizonte do PDE 2023, a EPE reconhece a importância de geradoras heliotérmicas para complementar a geração por fontes renováveis intermitentes.

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Nos próximos anos, o setor elétrico brasileiro deve continuar a expandir sua capacidade. Para o período 2014-2023, a EPE estima investimentos de R$ 223 bilhões em geração de energia – dos quais 38,4% em hidrelétricas de grande porte, 52,1% em fontes alternativas e 9,5% em termelétricas –, e de R$ 78 bilhões em transmissão de energia. Desde que os investidores sejam capazes de avaliar adequadamente os riscos e aspectos envolvidos em cada tipo de investimento, o setor elétrico deve ser considerado seguro para a realização de investimentos de longo prazo.

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A Constituição Federal estabelece que é de competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios estabelecer diretrizes e promover programas relacionados aos recursos hídricos e ao saneamento básico.

Na esfera federal, as atividades relacionadas a água e saneamento básico são reguladas principalmente pela Lei nº 9.433/1997 (Lei de Recursos Hídricos) e pela Lei nº 11.445/2007 (Lei de Saneamento Básico), regulamentadas pelo Decreto nº 7.217/2010 e pelo Decreto nº 8.141/2013 (Lei do Plano Nacional de Saneamento Básico), respectivamente.

A Lei de Recursos Hídricos estabelece que qualquer ato que altere o regime, a quantidade ou a qualidade da água estará sujeito à outorga do direito de uso pelo Poder Público. O direito de uso dependerá de ato do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal, conforme a política nacional de recursos hídricos, e não poderá exceder 35 anos, podendo ser renovado.

A outorga do direito de uso dos recursos hídricos poderá ser suspensa em circunstâncias específicas, incluindo, entre outros, nos casos de: (i) violação dos termos da outorga pelo outorgado; (ii) ausência de uso por três anos consecutivos; (iii) necessidade de uso de água para atender a situações de calamidade; e (iv) necessidade de se atender a usos prioritários e de interesse coletivo.

A Lei de Recursos Hídricos estabelece que a gestão de recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas. Sem prejuízo das regras ambientais aplicáveis, a Agência Nacional de Águas (“ANA”), autarquia federal criada em 2000, é responsável pela implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e deve garantir o aproveitamento múltiplo e integrado dos recursos hídricos.

Águas e saneamento

Águas e saneamento

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Além da ANA, o aproveitamento dos recursos hídricos pode estar sujeito à ingerência de outras agências reguladoras, conforme o caso, incluindo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (“ANTAQ”) (autarquia federal instituída em 2001) no que diz respeito ao transporte aquaviário, e a Agência Nacional de Energia Elétrica (“ANEEL”) (autarquia federal instituída em 1996) quanto aos potenciais de energia hidráulica.

Planos de saneamento básico também devem estar de acordo os planos de recursos hídricos das bacias hidrográficas em que os municípios estiverem inseridos. Se os serviços públicos de saneamento básico necessitarem de recursos hídricos para serem implementados, será preciso obter a outorga de direito de uso sobre tais recursos nos termos da Lei de Recursos Hídricos.

Os serviços de saneamento – assim entendidos como o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água potável, esgoto sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas – são realizados pela entidade estatal titular (estado, município ou Distrito Federal) da seguinte forma:

(i) diretamente, por meio de (i.a) órgãos de sua administração direta; ou (i.b) autarquia, empresa pública ou sociedade de economia mista que integre a sua administração indireta, podendo contratar terceiros conforme estabelecido pela Lei de Licitações e Contratos Administrativos;

(ii) de forma contratada (ii.a) mediante concessão ou permissão, sempre precedida de licitação na modalidade concorrência pública, conforme estabelecido pela Lei de Concessões; ou (ii.b) no âmbito de gestão associada de serviços públicos, mediante contrato de programa autorizado por contrato de consórcio público ou por convênio de cooperação entre entes federados; ou

(iii) mediante autorização para usuários organizados em cooperativas ou associações para serviços limitados.

A competência comum entre estado, município ou Distrito Federal para realização dos serviços de saneamento pode trazer conflitos quanto à entidade estatal titular em uma determinada área do estado.

O serviço de saneamento é fiscalizado e regulado por uma entidade pública indicada pela entidade estatal titular dos serviços. As atividades administrativas de regulação são exercidas por (i) agência reguladora; (ii) consórcio público de regulação; (iii) autoridade regulatória; ou (iv) qualquer outro órgão ou entidade de direito público que possua competência própria de natureza regulatória, desde que não exerça prestação dos serviços regulados.

Cada segmento da prestação de serviços de saneamento pode ter sua própria regulação, sempre objetivando estabelecer os termos e condições de uma prestação de serviços adequada, assim como prevenir e reprimir o abuso do poder econômico. A regulação do serviço público define também tarifas e preços públicos que assegurem a eficiência na prestação dos serviços.

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A Constituição Federal dispõe que constituem monopólio da União, entre outras, as seguintes atividades: (i) a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; (ii) a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; (iii) a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades acima; e (iv) o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no país, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem.

A União pode contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades acima, observadas as condições estabelecidas em lei.

As condições para a exploração das atividades mencionadas acima foram estabelecidas principalmente no âmbito das chamadas Lei do Petróleo, Lei do Gás, Lei da Cessão Onerosa, e Lei da Partilha de Produção.

A Lei do Petróleo regulamentou a política energética nacional e as atividades relativas ao monopólio do petróleo, bem como instituiu o Conselho Nacional de Política Energética (“CNPE”) e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (“ANP”), entre outras providências. A Lei do Petróleo foi alterada pela Lei da Partilha de Produção, que dispõe sobre a exploração e a produção de petróleo, gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos, sob o regime de partilha de produção em áreas do pré-sal e outras áreas estratégicas, bem como sobre a criação do Fundo Social.

As atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural são exercidas por empresas constituídas no Brasil, com sede e administração no país, mediante contratos de concessão, precedidos de licitação, ou sob o regime de partilha de produção nas áreas do pré-sal e nas áreas estratégicas, conforme regulamentação específica. Um regime específico também se aplica a determinadas áreas cedidas à Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras pela União, enquanto acionista controladora da Petrobras (cessão onerosa), nos termos da Lei da Cessão Onerosa.

Nesse sentido, cabe ao Ministério de Minas e Energia (“MME”) a competência para propor ao CNPE (ouvida a ANP), e ao CNPE a competência para propor ao presidente da República, os blocos a serem objeto de concessão (na forma da regulamentação da Lei do Petróleo) ou de partilha de produção (na forma da regulamentação da Lei da Partilha de Produção).

O CNPE é a entidade com a atribuição de apresentar políticas nacionais e medidas específicas ao presidente da República, ao passo que a ANP é o principal órgão regulador das atividades de petróleo no país. A ANP é entidade integrante da Administração Federal indireta, submetida ao regime autárquico especial, como órgão regulador da indústria do petróleo, vinculada ao MME. A ANP tem como

Petróleo e gás

Petróleo e gás09

principal atribuição promover a regulação, a contratação e a fiscalização das atividades econômicas da indústria do petróleo, inclusive a regulamentação dos processos licitatórios.

A licitação para a outorga de contratos de concessão ou de partilha de produção obedece ao disposto na Lei do Petróleo ou na Lei da Partilha de Produção, conforme o caso, bem como na regulamentação expedida pelo MME, pelo CNPE e pela ANP e no respectivo edital de licitação. As empresas que atendem aos requisitos técnicos, econômicos e jurídicos estabelecidos pela ANP ou pelo MME, conforme o caso, podem estar habilitadas a participar de licitações para concessão de exploração e produção de petróleo ou gás natural ou de exploração e produção de petróleo ou gás natural nas áreas de pré-sal.

As vencedoras das licitações firmam contratos de concessão ou de partilha de produção com a ANP ou o MME, conforme o caso, nos exatos termos do edital e da proposta vencedora. A Lei do Petróleo e a Lei da Partilha de Produção estabelecem a adoção de regras específicas a cada regime e, ainda, a obrigatoriedade de cláusulas específicas em cada tipo de contrato.

Observada a participação mínima obrigatória da Petrobras (como operadora) no consórcio responsável pela exploração das áreas de pré-sal sob o regime de partilha de produção, a Lei da Partilha de Produção permite a cessão de direitos e obrigações relativas aos contratos de partilha de produção somente mediante a prévia autorização do MME e observadas determinadas condições adicionais. O mesmo se aplica aos contratos de concessão, mediante a prévia autorização da ANP, nos termos da Lei do Petróleo.

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Dentre os principais aspectos constitucionais atinentes a atividades minerais estão:

Mineração

(i) o domínio dos recursos minerais e do solo não se confundem;

(ii) os recursos minerais in situ pertencem à União;

(iii) a pesquisa e a lavra enquadram-se como atividades de interesse nacional;

(iv) é garantida ao concessionário a propriedade sobre o produto da lavra;

(v) os proprietários do solo, assim como a União, estados e municípios, fazem jus a royalties;

(vi) a lavra depende de licenciamento ambiental.

O Código de Mineração define e classifica jazidas e minas, estabelece os requisitos e condições para obtenção de autorizações e concessões, e estabelece os direitos e obrigações dos titulares.

Nesse contexto, o Código de Mineração estabelece dois principais regimes para pesquisa mineral e lavra, quais sejam, a autorização de pesquisa e a concessão de lavra (outros regimes são aplicáveis para lavra garimpeira, extração de substâncias de emprego imediato na construção civil, extração de substâncias de emprego imediato em empreendimentos do Governo, e monopólio sobre minerais nucleares).

Mineração

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PesquisaA pesquisa mineral é permitida a pessoas físicas ou jurídicas brasileiras1, com base em uma autorização de pesquisa outorgada pelo diretor-geral do Departamento Nacional de Produção Mineral (“DNPM”).

A autorização de pesquisa é outorgada segundo a sistemática de prioridade, contanto que o pedido abranja áreas consideradas “livres” (isto é, aquelas não previamente vinculadas a terceiros com direitos minerários em vigor). A autorização é válida por um a três anos, sendo tal prazo renovável a critério do DNPM. O título é passível de transferência (no todo ou em parte) mediante aprovação do DNPM e averbação nessa entidade.

O titular possui exclusividade na condução das atividades de pesquisa nos limites da área objeto da correspondente autorização. Tais atividades podem ser conduzidas em áreas de domínio público ou privado. Por outro lado, cumpre ao titular (i) compensar financeiramente o proprietário ou posseiro pela ocupação do solo e por prejuízos que a atividade ocasionar; (ii) notificar o DNPM acerca da descoberta de substância mineral não incluída na autorização; (iii) apresentar um relatório anual ao DNPM a respeito das despesas de exploração incorridas; e (iv) pagar uma taxa anual de pesquisa ao DNPM.

Transição de pesquisa para lavraDentro do prazo de validade da autorização de pesquisa ou sua prorrogação, o titular deve apresentar ao DNPM um relatório dos trabalhos realizados e correspondentes resultados obtidos. Se o relatório de exploração for positivo (indicando a exequibilidade técnico-econômica da lavra de recursos minerais) e aprovado pelo DNPM, o titular da autorização de pesquisa pode requerer a concessão de lavra dentro do período de um ano. Se o titular não o fizer até que findo esse prazo, decai o direito de requerer a lavra.

LavraDefinida na legislação mineral brasileira como o conjunto de operações coordenadas objetivando o aproveitamento industrial de uma jazida (desde a extração de substâncias minerais úteis até o seu beneficiamento), a lavra poderá ser efetuada por intermédio de uma concessão de lavra, a ser outorgada pelo Ministério das Minas e Energia a empresas brasileiras.

A concessão de lavra é válida até a exaustão da jazida, sendo transmissível (no todo ou em parte) mediante aprovação pelo DNPM e correspondente averbação. A concessão de lavra também pode ser dada em garantia ou, ainda, ser objeto de constrição judicial.

O titular de concessão de lavra possui direitos exclusivos sobre a área de lavra. Além disso, ele pode gozar de servidões sobre a área objeto da concessão ou adjacências, para aproveitamento econômico, beneficiamento e instalação de infraestrutura. Por outro lado, cumpre ao concessionário (i) iniciar os trabalhos dentro do período de 180 dias; (ii) não suspender as atividades por período superior a seis meses, salvo mediante aprovação prévia do DNPM; (iii) conduzir os trabalhos de acordo com o plano de aproveitamento econômico aprovado pelo DNPM; (iv) pagar ao superficiário

1 Pessoas jurídicas constituídas no Brasil, com sede e administração no país. Não existem

restrições à participação estrangeira em pessoas jurídicas constituídas no Brasil e que se dediquem

às atividades de pesquisa e lavra (salvo na fraixa de fronteira, ou seja, a faixa interna de 150km de

largura, paralela à linha divisória terreste do território nacional, caso em que o Governo entende que

a participação estrangeira deve limitar-se a 49%).

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renda pela ocupação da área; (v) pagar os royalties aplicáveis; (vi) recuperar as áreas degradadas pela atividade de lavra; e (vii) apresentar ao DNPM um relatório anual de atividades, produção e vendas.

RoyaltiesAs jazidas produtivas devem pagar uma compensação financeira ao Poder Público, sendo tal receita compartilhada entre o município (65%), o estado (23%) e a União (12%). As alíquotas variam entre 0,2% a 3%, dependendo da substância. Os royalties são calculados com base na receita auferida com a comercialização do minério, após deduzidos os impostos sobre vendas, custos de transporte externo e seguro. As mineradoras que verticalizam suas operações (isto é, que industrializam a substância mineral) calculam os royalties sobre o custo de extração e beneficiamento do minério até o estágio de processo produtivo imediatamente anterior à industrialização.

Nas jazidas em produção, o proprietário do solo também tem o direito de receber uma participação nos resultados da lavra, equivalente a 50% da compensação financeira paga ao Poder Público.

Novo Código de MineraçãoEm junho de 2013, o Governo encaminhou ao Congresso Nacional um projeto de lei visando à instituição de um novo Código de Mineração. A proposta abrange (i) uma reforma institucional pela qual o DNPM seria substituído por uma Agência Nacional de Mineração, criando-se um Conselho Nacional de Política Mineral no âmbito do governo; (ii) uma reforma na política de remuneração, que aumentaria a participação devida ao governo; e (iii) uma reforma regulatória.

O novo sistema regulatório proposto no projeto de lei estabelece, entre outros: (i) um único título para pesquisa e lavra, outorgado sob a forma decontrato de concessão; (ii) requisitos mínimos de investimento em pesquisa; (iii) um período de 40 anos (renovável) para pesquisa e lavra; e (iv) a substituição do regime de prioridade por processos de licitação ou oferta pública.

À ocasião da elaboração deste capítulo, a proposta estava sob análise da Câmara dos Deputados. Uma comissão especial foi instituída, e o relator apresentou um projeto de lei substitutivo que se afastava do projeto originalmente submetido pelo Executivo, restituindo o regime de prioridade. O substitutivo é ainda mais minucioso em relação a direitos e obrigações, servidões e desapropriação, registro de atividades minerárias, mecanismos de financiamento e normas de transição.

A reforma do código de mineração precisa ser aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, para então ser sancionada pelo presidente da República.

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Assim como ocorre em outros países, o Brasil depara-se com uma constante tensão entre o desenvolvimento tecnológico e o arcabouço jurídico que deveria acompanhá-lo. Da mesma forma, os setores de telecomunicações, mídia e internet enfrentam o desafio de terem sido regulamentados em décadas diferentes e, embora sejam altamente convergentes, possuem abordagens radicalmente diferentes.

TelecomunicaçõesDa forma como atualmente existente, o setor de telecomunicações brasileiro começou a tomar corpo em 1997 com a privatização das operadoras estatais de telefonia e com a criação da Agência Nacional de Telecomunicações (“ANATEL”).

A Lei Geral de Telecomunicações constitui o marco regulatório das telecomunicações no Brasil, seguindo um modelo baseado em duas premissas essenciais (a universalização e a competição do setor), estabelecendo ainda os direitos fundamentais dos usuários de serviços de telecomunicações. A ANATEL possui um conselho diretor composto de cinco conselheiros. Suas competências incluem a implementação das políticas de telecomunicações estabelecidas pelos Poderes Executivo e Legislativo, a emissão de outorgas para a prestação de serviços de telecomunicações, e o controle de recursos de órbita e espectro de radiofrequências.

As outorgas para exploração de serviços de telecomunicações são expedidas e reguladas principalmente conforme o regime (privado versus público) e a abrangência (interesse coletivo versus interesse restrito) do serviço. Cada oferta de serviço de telecomunicação

Tecnologia: telecomunicações, mídia e internet

Tecnologia: telecomunicações, m

ídia e internet 11

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distinto requer uma outorga específica, estando esta sujeita a regulamentação própria. Os principais serviços de telecomunicações, na forma da regulamentação vigente, são a telefonia fixa, a telefonia móvel, a banda larga e a TV por assinatura. A internet não constitui serviço de telecomunicações, mas serviço de valor adicionado que utiliza uma plataforma de telecomunicações. Portanto, VoIP (voz sobre IP) e outros serviços OTT (over-the-top) não são regulamentados pela ANATEL.

Não há qualquer restrição à participação estrangeira em empresas de telecomunicações, embora o Poder Executivo tenha competência para tanto nos termos da Lei Geral de Telecomunicações.

Restrições à titularidade de participação cruzada entre empresas de TV aberta (free-to-air) e de telecomunicações foram introduzidas em 2011.

As fusões e aquisições no setor de telecomunicações podem sujeitar-se a aprovação prévia da ANATEL, que adota uma definição ampla de controle visando monitorar as alterações de controle societário para atendimento da regulamentação. A análise concorrencial é realizada separadamente pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (“CADE”).

MídiaA regulamentação aplicável à TV por assinatura foi reestruturada em 2011, com a criação de um novo serviço de telecomunicação (o chamado Serviço de Acesso Condicionado – “SeAc”), acompanhada da instituição de obrigações de programação significativas, o que inclui a veiculação obrigatória de conteúdos brasileiros. O cumprimento dessas obrigações é aferido pela Agência Nacional do Cinema (“ANCINE”), agência reguladora do mercado audiovisual no Brasil.

Os serviços de rádio e TV aberta são regulados pelo Ministério das Comunicações (e não pela ANATEL), não estando assim sujeitos à Lei Geral de Telecomunicações. Grande parte da regulamentação dos serviços de TV aberta remonta à década de 1960.

É vedada a participação de estrangeiros superior a 30% do capital total e votante de empresas de TV aberta. O controle editorial é privativo de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos. Controle editorial compreende a responsabilidade editorial, bem como a seleção e a direção da programação veiculada.

Em geral, a outorga da TV aberta é geograficamente limitada a uma cidade. A outorga é precedida de um leilão promovido pelo Ministério das Comunicações, sujeitando-se às aprovações do presidente da República e do Congresso Nacional. A implantação da TV digital no país deverá ser concluída em 2018.

Internet A internet não era objeto de ampla regulamentação até 2014, quando instituído o Marco Civil da Internet no Brasil. Nele dispõe-se que o acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, estabelecendo princípios, garantias, direitos e deveres básicos para o uso da internet no Brasil. Dentre suas principais disposições destacam-se a proteção da privacidade, a guarda de registros visando o cumprimento da legislação, a responsabilidade por conteúdo gerado por terceiros e a neutralidade da rede. O Marco Civil contém também regras sobre a neutralidade da rede, embora este aspecto ainda dependa de regulamentação adicional por parte da ANATEL e do Comitê Gestor da Internet no Brasil.

Não há restrições em geral quanto à titularidade de participações societárias por estrangeiros, salvo quando a internet estiver sendo utilizada para o exercício de atividade que seja ela própria regulada.

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A Lei 9.279/1996 estabelece diretrizes para a proteção dos direitos de propriedade industrial, direitos esses cuja concessão ocorre por meio do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (“INPI”). A legislação brasileira atende aos princípios estabelecidos no Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (“TRIPS”), assinado pelos membros da Organização Mundial do Comércio.

Invenções e modelos de utilidade são protegidos por patentes concedidas pelo INPI, sendo válidas por 20 anos no caso de invenções e por 15 anos para os modelos de utilidade.

Marcas são protegidas em território brasileiro mediante registro no INPI, mas marcas não registradas podem, excepcionalmente, contar com proteção caso sejam consideradas notoriamente conhecidas no Brasil, nos termos do artigo 6bis da Convenção de Paris.

Nomes empresariais também são protegidos mediante arquivamento dos atos constitutivos da pessoa jurídica na junta comercial. A proteção é, em regra, limitada ao estado da federação em que a empresa se situa, podendo ser ampliada para todo o Brasil mediante registro específico.

Concorrência deslealHá também regras para a repressão da concorrência desleal, a qual se configura por meio de quaisquer atos tendentes a prejudicar, mediante fraude, negócios de terceiros. Configuram concorrência desleal, entre outros, atos como a obtenção de segredos industriais de concorrentes por meio de ex-empregados, a utilização de publicidade falsa ou abusiva, ou a publicação de informação falsa a respeito de concorrente.

Propriedade intelectual

Propriedade intelectual12

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Contratos de transferência de tecnologia e licença de marcas e de patentesContratos de transferência de tecnologia, de licença de marcas e de patentes estão sujeitos a averbação no INPI, sendo esta indispensável para que o documento produza efeitos perante terceiros, permita a remessa de royalties ao exterior e possibilite a dedução fiscal de tais valores.

Os contratos de transferência de tecnologia devem especificar seu objeto e detalhar como a tecnologia será transferida. Já os de licenciamento devem especificar as condições para o uso efetivo das marcas ou patentes, se a licença é outorgada a título oneroso ou gratuito, se é exclusiva, e se o sublicenciamento é permitido.

O contrato de franquia também requer averbação no INPI. Sua validade depende de dois aspectos: a remuneração paga ao franqueador e a concessão temporária de direitos, como o uso de marcas, a prestação de serviços de assistência técnica ou outra modalidade de transferência de tecnologia.

Direito autoral e softwareO direito autoral é regulado por legislação específica que protege criações do espírito humano de qualquer modo exteriorizadas. Essa legislação garante ao titular direitos de natureza moral e patrimonial, isto é, o direito de ter o seu nome ligado à obra e preservar a sua integridade, bem como o de explorá-la comercialmente.

O registro da obra intelectual é opcional, não sendo essencial para sua proteção. A vantagem do registro em órgão específico é a constituição de prova da sua titularidade. Obras literárias, por exemplo, podem ser registradas na Biblioteca Nacional, mas há diferentes entidades dependendo do tipo de obra.

O software é também considerado obra intelectual protegida por direito autoral.

Publicidade e propaganda A veiculação de anúncios publicitários é regulamentada principalmente pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (“CONAR”), por meio de seu Código de Autorregulamentação Publicitária. O CONAR, órgão não estatal, é formado por entidades ligadas à publicidade, como associações de consumidores, anunciantes, veículos de comunicação, entre outras.

O CONAR instaura, de ofício ou mediante reclamações de consumidores ou associados, representações contra campanhas veiculadas em qualquer meio de comunicação. A representação pode ter três resultados possíveis: arquivamento, alteração ou suspensão. Não há possibilidade de se obter ressarcimento ou indenização no CONAR, o que deve ser pleiteado judicialmente.

Internet O Marco Civil da Internet estabelece direitos e deveres para o uso da internet no Brasil. Tais deveres incluem a obrigação de provedores armazenarem sob sigilo dados de usuários por seis meses e prestarem tais informações ao Poder Judiciário quando houver ordem expressa. Os provedores também são obrigados a não discriminar pacotes de dados com relação a conteúdo, origem, destino, serviço, terminal ou aplicação, o que implica a “neutralidade da rede”.

Ademais, ficou expressa no texto do Marco Civil a ausência de responsabilidade civil dos provedores pelos conteúdos gerados por terceiros, salvo se ordem judicial que obrigue o provedor a tornar o material indisponível não for atendida.

Além dessas obrigações, há no Marco Civil outras disposições bastante relevantes em termos de propriedade intelectual e que trazem consequências imediatas para usuários e empresas que atuam por meio da internet.

13

O ordenamento jurídico brasileiro assegura a proteção da privacidade por meio da Constituição Federal e de normas infraconstitucionais de caráter genérico, como o Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor, contando com leis específicas sobre o tema apenas em relação a determinados setores de mercado. Entre estas, destaca-se o Marco Civil da Internet, principal norma de proteção de registros, dados pessoais e comunicações privadas de usuários da internet.

A Constituição Federal confere tutela expressa à proteção da privacidade, adotando como princípios a inviolabilidade da intimidade e da vida privada, assim como a inviolabilidade do sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, garantias alçadas à condição de direitos fundamentais. Como princípio geral decorrente do regime instituído pela Constituição Federal, tem-se que qualquer forma de interferência em ou utilização de dados passíveis de identificar uma pessoa, tais como nome, número de documentos, endereço e telefone, assim como das informações que integram a sua esfera de privacidade, como suas correspondências privativas e informações bancárias, depende, ressalvadas as previsões legais e ordens judiciais em sentido contrário, do consentimento do titular, a quem é assegurado um direito prima facie de controlar as informações sobre si mesmo.

A tutela constitucional e legal da privacidade assegura também aos indivíduos o direito de pleitear judicialmente a cessação de atos que exponham publicamente, de forma abusiva, elementos da sua vida privada, tais como fotografias íntimas e notícias a respeito de atos e situações estritamente particulares, não revestidos do interesse público apto a justificar sua publicação. O direito de pleitear indenização por danos

Privacidade

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morais e materiais decorrentes da violação da privacidade é também assegurado de forma ampla no ordenamento jurídico brasileiro, inclusive pela Constituição Federal e pelo Código Civil.

Reafirmando a tutela constitucional da inviolabilidade da intimidade, da vida privada e do sigilo das comunicações, o Marco Civil da Internet estabelece o regime de proteção dos registros de conexão de usuários da internet (informações referentes à data e hora de início e término de cada conexão à internet, sua duração e IP utilizado), registros de acesso a aplicações de internet (informações referentes à data e hora de uso de uma aplicação a partir de um determinado endereço IP), outros dados pessoais e conteúdo de comunicações privadas de usuários da internet, estabelecendo como premissa geral que toda modalidade de uso e divulgação dessas informações depende de consentimento expresso do seu titular e/ou de determinação judicial. O Marco Civil da Internet também estabelece hipóteses excepcionais em que, a fim de tutelar a privacidade, determinado tipo de conteúdo gerado por usuários da internet deve ser bloqueado pelo provedor de aplicação que o veicula independentemente de ordem judicial, sob pena de responsabilização cível.

Outras normas relevantes voltadas à tutela da privacidade são: a Lei nº 9.296/1996 (que estabelece as hipóteses e condições para a realização de interceptação de comunicações telefônicas e do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática), o Estatuto da Criança e do Adolescente (que prevê um regime específico de proteção da privacidade de crianças e adolescentes), e a Lei nº 12.527/2011 e o Decreto nº 7.724/2012 (que regulam o tratamento de informações pessoais em poder de órgãos públicos, sociedades controladas pelo Estado e entidades privadas sem fins lucrativos que recebam recursos públicos para realização de ações de interesse público).

Ainda em estágio preliminar ao processo legislativo, um anteprojeto de lei para a proteção de dados pessoais, concebido por iniciativa do Ministério da Justiça em parceria com o Comitê Gestor da Internet no Brasil, prevê que as atividades de tratamento de dados pessoais deverão atender a princípios como o da finalidade, pelo qual o tratamento deve ser realizado com finalidades legítimas, específicas, explícitas e conhecidas pelo titular, necessidade, pelo qual o tratamento deve se limitar ao mínimo necessário para a realização das finalidades almejadas, transparência, pelo qual devem ser garantidas aos titulares informações claras e adequadas sobre a realização do tratamento, e não discriminação, pelo qual o tratamento não pode ser realizado para fins discriminatórios.

14

O mercado regulatório de saúde brasileiro é basicamente regulado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (“ANVISA”), órgão relacionado ao Ministério da Saúde, e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (“MAPA”).

A ANVISA é responsável, dentre outras atividades, por regulamentar: (i) as atividades de extração, produção, transformação, purificação, fracionamento, embalagem, re-embalagem, importação, exportação e armazenamento de medicamentos, drogas, insumos farmacêuticos e produtos para saúde, cosméticos, saneantes e alimentos específicos; (ii) a propaganda de produtos sujeitos à vigilância sanitária; e (iii) os serviços de profissionais de saúde tais como clínicas, hospitais, unidades de tratamento e laboratórios.

Para que empresas realizem atividades sujeitas a vigilância sanitária, devem possuir uma instalação física no Brasil, bem como estar devidamente licenciadas pelas autoridades de vigilância sanitária competentes para praticarem suas atividades.

Após a obtenção das devidas licenças sanitárias, empresas que fabricam e comercializam produtos sujeitos à vigilância sanitária, em regra geral, precisam obter o prévio registro na ANVISA.

Os produtos sujeitos à análise da ANVISA dividem-se basicamente em seis categorias: (i) medicamentos, (ii) insumos farmacêuticos, (iii) cosméticos, perfumes, produtos de higiene pessoal, (iv) produtos sanitários domésticos, (v) produtos para saúde, e (vi) alimentos com diferentes propriedades.

Saúde e vigilância sanitária (Life sciences)

Saúde e vigilância sanitária (life sciences)14

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Os medicamentos comercializados no Brasil devem possuir preço previamente aprovado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (“CMED”). Ademais, fabricantes de medicamentos inovadores podem requerer a concessão de patentes perante o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (“INPI”), o qual, mediante prévia anuência da ANVISA, poderá conceder tal patente a fim de garantir a exclusividade das informações relativas às características técnicas do produto.

Com relação aos produtos para saúde, aqueles considerados de alto risco (classes de risco 3 e 4) devem obter Certificado de Boas Práticas de Fabricação expedido pela ANVISA (após vistoria técnica da instalação física do fabricante, quando este estiver no exterior).

A ANVISA e o Departamento de Vigilância Sanitária possuem poderes para, mediante o descumprimento das normas de vigilância sanitária, aplicar advertência e multa, suspender a atividade ou cancelar as autorizações, licenças e registro dos produtos.

Por seu turno, incumbe ao MAPA, dentre outras atribuições, regulamentar a fabricação, a padronização, o envase, o comércio atacadista, a exportação e a importação de produtos de origem animal e vegetal.

Estabelecimentos que comercializam produtos de origem animal devem obter prévio licenciamento do MAPA, bem como obter o Serviço de Inspeção Federal (“SIF”) para cada rótulo do produto a ser comercializado. Já estabelecimentos que comercializam produtos de origem vegetal estão sujeitos ao prévio licenciamento do estabelecimento no MAPA e devem registrar cada um dos seus produtos no referido ministério.

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A Constituição Federal estabelece o direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, reconhece o meio ambiente como bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, e impõe ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Nesse contexto, o Sistema Nacional do Meio Ambiente (“SISNAMA”) é responsável pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. Em âmbito federal, o SISNAMA compreende, dentre outros órgãos, o IBAMA (órgão executivo) e o ICMBio (gestão das unidades de conservação). Compõem também o SISNAMA os órgãos estaduais e municipais de proteção e fiscalização do meio ambiente, como CETESB, INEA e FEAM.

Estão sujeitos a licenciamento ambiental os empreendimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais ou potencialmente poluidores (p.ex., extração mineral, indústria metalúrgica, transmissão de energia elétrica, e outros especificados na legislação esparsa).

Via de regra, o licenciamento é trifásico: (i) a licença prévia aprova sua localização e concepção; (ii) a licença de instalação autoriza a instalação do empreendimento; e (iii) a licença de operação autoriza seu funcionamento. As licenças têm prazo de validade (de 5 a 10 anos, conforme a licença) e sua renovação deve ser requerida 120 dias antes de expirado esse prazo.

Para empreendimentos considerados de significativo impacto ambiental, o licenciamento ambiental depende de elaboração e aprovação de Estudo de Impacto Ambiental e pagamento de compensação ambiental, no valor de até 0,5% do total investido na implantação do empreendimento.

Meio ambiente

Meio am

biente15

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O licenciamento compete (i) à União, no caso de empreendimentos localizados em mais de um estado ou em terra indígena, dentre outras circunstâncias previstas em lei; (ii) aos municípios, no caso de impacto ambiental de âmbito local; e (iii) aos estados, em todos os demais casos. A competência para apuração de infrações administrativas observa a competência para licenciamento.

Os imóveis rurais, por sua vez, devem manter uma parcela de sua área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal. Na Amazônia Legal, essa parcela é de 80% (em caso de floresta) ou 35% (em caso de cerrado). Para as demais regiões do país a parcela é de 20% da área do imóvel.

Além disso, o Código Florestal também institui as Áreas de Preservação Permanente (“APP”), áreas protegidas com objetivo de preservar atributos e funções ambientais, como as faixas marginais de cursos d’água. A supressão de vegetação em APP depende de autorização e só pode ocorrer em caso de utilidade pública, interesse social e/ou baixo impacto ambiental. A localização da Reserva Legal e da APP deve ser informada no Cadastro Ambiental Rural (“CAR”) do imóvel.

A supressão de vegetação nativa, por seu turno, depende de prévia autorização do órgão ambiental estadual, do registro do imóvel no CAR e, conforme o caso, de reposição florestal.

No que trata dos recursos hídricos, estão sujeitos à prévia outorga de direito de uso: a captação de água, a extração de água subterrânea, e o lançamento de efluentes em corpo hídrico, dentre outros. A competência para emissão da outorga depende da dominialidade das águas (federal ou estadual).

Em matéria ambiental, a pessoa física ou jurídica que adotar conduta ou desenvolver atividade lesiva ao meio ambiente está sujeita a responsabilização em três esferas distintas, cumulativas e independentes entre si:

(i) administrativa, quando houver qualquer ação ou omissão que represente violação às regras jurídicas de uso e proteção do meio ambiente (como, por exemplo, a instalação ou o funcionamento de empreendimento sem licença ambiental), sujeitando a pessoa física ou jurídica à aplicação de advertências, multas (de R$ 50 a R$ 50 milhões) e embargos pelos órgãos ambientais, dentre outras sanções previstas;

(ii) criminal, quando a conduta praticada tipificar um dos crimes previstos na Lei de Crimes Ambientais. Além da pessoa jurídica, a responsabilidade criminal pode alcançar seus gerentes, diretores, administradores ou mandatários que de algum modo concorreram para a prática do crime ou deixaram de impedi-la;

(iii) civil, consistente na obrigação de reparar ou remediar eventuais danos causados ao meio ambiente e/ou a terceiros, ou de indenizar, caso não seja possível a reparação ou remediação do dano. Diferentemente das responsabilidades administrativa e criminal, a civil é objetiva, de modo que a responsabilidade do agente ou do “poluidor” decorre da constatação de nexo causal entre determinada atividade e o dano causado ao meio ambiente, independentemente da existência de qualquer conduta culposa ou dolosa que lhe possa ser imputável.

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A entrada em vigor da Lei de Licitações e Contratos Administrativos, a criação do Conselho Nacional de Desestatização, a adoção de um plano de concessões de serviços públicos e a edição da Lei de Arbitragem proporcionaram ao Brasil um ambiente econômico mais adequado para receber vultosos investimentos estrangeiros. Esse esforço do Governo Brasileiro de incentivar a privatização representou uma mudança radical do papel até então preponderante reservado ao Estado na infraestrutura, e culminou, a partir dos anos 1990, na adoção de melhores práticas e inovações na área do direito da construção e contratos de engenharia no Brasil, com a introdução de práticas internacionais e crescente influência de conceitos de common law.

A contribuição da iniciativa privada estrangeira trouxe não só sofisticação aos grandes empreendimentos de infraestrutura (tais como obras aeroportuárias, rodoviárias, ou relacionadas ao setor de geração e transmissão de energia), mas também permitiu a criação de um ambiente propício ao exercício do value engineering. A evolução dos negócios, da tecnologia e de financiamentos estruturados tornou os conceitos tradicionais de simples prestação de serviços e de empreitadas obsoletos, exigindo-se novo arcabouço jurídico, novas fórmulas e modelos para atender os sofisticados projetos de infraestrutura.

Outrora definida por Clóvis Bevilacqua (sob inspiração do antigo Código Civil de 1916) como “a locação de serviço em que o locador se obriga a fazer ou mandar fazer certa coisa mediante retribuição denominada ou proporcional ao trabalho executado”, a empreitada tornou-se contrato nominado, típico, a partir do novo Código Civil. O objeto do contrato de empreitada, sob o atual diploma civil, é obrigação de fazer uma obra, sendo uma obrigação de resultado e de execução continuada. A obra concluída

Construção

Construção16

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é o resultado que se espera da ação do empreiteiro. Nesse contexto, a construção pode ser contratada mediante a empreitada de trabalho ou de trabalho e materiais.

Embora sujeitos às regras do Código Civil, os contratos de empreitada de obras públicas estão sujeitos também à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, que estabeleceu os seguintes regimes de contrato: (i) a empreitada por preço global, (ii) a empreitada por preço unitário, (iii) a tarefa, e (iv) a empreitada integral.

Na prática internacional, o EPC – Engineering, Procurement and Construction é o modelo mais comum e conhecido. Nos contratos EPC, o dono da obra contrata uma empresa para assumir responsabilidade por todas as suas fases:concepção, projeto, construção, fornecimento de materiais e mão de obra, fornecimento de equipamentos, montagem e instalação. Em outra modalidade, no EPCM – Engineering, Procurement and Construction Management, o dono da obra contrata uma empresa que assume a responsabilidade pela concepção e gestão (atuando normalmente em seu benefício) e outra empresa para executar a construção. No modelo de aliança, os envolvidos são parceiros e compartilham custos, lucros e perdas, impondo-se metas e indicadores que vão nortear o projeto. São diversos os modelos contratuais. Contratos de cooperação, de gerenciamento, de desenvolvimento de projetos (contratos atípicos), instrumentos mais hábeis e eficazes para acompanhar os avanços da vida moderna, ganharam espaço.

A busca por padronização de modelos contratuais no setor da construção objetiva dar segurança jurídica e previsibilidade. Os principais modelos FIDIC1, versões atuais do Rainbow Suite2, distinguem-se basicamente quanto aos seguintes aspectos: (i) o objeto a ser executado pelo contratado; (ii) a tarefa de projetar a obra e seus efeitos; e (iii) a alocação de risco e responsabilidade entre as partes contratantes. Não há um único modelo perfeito. Trata-se de escolha cuidadosa e definição da melhor estrutura para determinado empreendimento, buscando-se a gestão e a alocação de riscos mais adequadas, com o objetivo primordial de se ver o empreendimento concluído dentro do prazo e do custo previstos, com menor impacto possível.

A introdução, no Brasil, dos disputes boards – junta de especialistas indicados pelas partes, formada geralmente no início dos projetos, quando da celebração do contrato de construção, para acompanhar a execução das obras e emitir recomendações e/ou decisões à medida que as controvérsias forem surgindo – é outro sinal dos novos tempos, constituindo inegável avanço em termos de prevenção de litígios no setor da construção. Largamente utilizados nos Estados Unidos da América e em países europeus, africanos e asiáticos, os disputes boards passaram a integrar a pauta das principais empresas que executam projetos de infraestrutura. É um mecanismo que funciona em tempo real, permitindo aos profissionais que formam o board conhecer as dificuldades do momento, observar e analisar as provas no site da obra e, principalmente, minimizar os litígios.

1 Fédération Internationale des Ingénieurs-Conseils, em francês, ou International Federation

of Consulting Engineers, em inglês, é uma organização internacional não governamental, que

reúne engenheiros, instituições financeiras privadas, donos de obras, fornecedores, bancos de

desenvolvimento e outros profissionais da indústria de engenharia e construção.2 In: www.fidic.org

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Enquanto a contratação entre os particulares é regida pelo direito privado, que estabelece a autonomia da vontade das partes contratantes, a celebração de contratos com entes públicos deve obedecer a determinadas regras e princípios próprios da Administração Pública.

A licitação é o procedimento prévio à celebração dos contratos administrativos, através do qual o ente público proporciona aos particulares interessados, em igualdade de condições, a possibilidade de formularem propostas (de acordo com as condições previamente fixadas no instrumento convocatório), dentre as quais será selecionada a que se apresentar mais conveniente para o ente público.

A obrigatoriedade de licitação prévia à celebração de contratos com a Administração Pública é estabelecida pela própria Constituição Federal. Além desta, diversos diplomas normativos disciplinam aspectos gerais do procedimento licitatório. Entre eles, a principal norma é a Lei nº 8.666/1993, que estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.

Outras leis estabelecem regras específicas sobre determinados aspectos procedimentais da licitação ou sobre as várias espécies de contratos, abrangendo, dentre outros aspectos: (i) o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos; (ii) a adoção da modalidade denominada pregão, para aquisição de bens e serviços

Licitações públicas e contratos administrativos

Licitações públicas e contratos administrativos

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comuns; (iii) a instituição de normas para a contratação de parceria público-privada (“PPP”); (iv) a possibilidade de preferências de contratações para as microempresas e empresas de pequeno porte; (v) a instituição de normas sobre contratações de serviços de publicidade; (vi) a promoção do desenvolvimento sustentável como um dos objetivos da licitação, com a possibilidade de ser estabelecida margem de preferência para produtos manufaturados e para serviços nacionais que atendam a normas técnicas brasileiras; e (vii) a adoção do Regime Diferenciado de Contratação (“RDC”) para obras de infraestrutura vinculadas à Copa do Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016.

Principais etapas do procedimento licitatórioCada modalidade licitatória possui um procedimento próprio. No entanto, a análise das fases da concorrência permite compreender as linhas gerais de todos os procedimentos licitatórios.

A concorrência é dividida em duas grandes etapas: a fase interna (de responsabilidade do ente público) e a fase externa da licitação.

A fase externa inicia-se com a publicação do edital e inclui basicamente as seguintes fases:

(i) Instrumento convocatório: o edital define o objeto da contratação, fixa todas as regras do procedimento e os requisitos exigidos para a participação no certame, e convida todos os interessados a apresentarem suas propostas;

(ii) Habilitação: nessa fase, os licitantes apresentam documentos relativos à habilitação jurídica, regularidade fiscal, qualificação técnica e qualificação econômico-financeira;

(iii) Classificação: nessa fase são analisadas e julgadas as propostas formuladas pelos concorrentes habilitados, de acordo com os critérios estabelecidos no edital;

(iv) Homologação: a homologação é o ato de controle pelo qual a autoridade hierarquicamente superior àquela que realizou o certame examina a regularidade do procedimento e o ratifica se não encontrar irregularidades;

(v) Adjudicação: é o ato declaratório e vinculado de atribuição jurídica do objeto da licitação ao vencedor do certame.

Excepcionalmente, a legislação autoriza a realização de contratação direta, por dispensa de licitação (contratações emergenciais ou de pequeno valor dentre outras hipóteses previstas em lei). Há, ainda, casos em que a licitação é inviável, por exemplo por haver apenas uma empresa capaz de fornecer o bem ou serviço de que a Administração Pública necessita. Tratam-se de hipóteses denominadas como “inexigibilidade de licitação.’

Principais peculiaridades dos contratos administrativosOs contratos administrativos possuem um regime jurídico distinto daquele aplicável aos contratos privados. Destacam-se os seguintes elementos de distinção: (i) aplicação dos princípios e normas de direito público (defesa do interesse público); (ii) desigualdade entre as partes (o ente público ocupa posição de superioridade contratual, podendo aplicar penalidades ao particular que cometer irregularidades); e (iii) mutabilidade (possibilidade de alteração ou rescisão unilateral por parte do ente público).

Por outro lado, ao particular são sempre garantidos o equilíbrio financeiro do contrato e o respeito ao conteúdo econômico de sua proposta.

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Via de regra, as relações de consumo são regidas pelo Código de Defesa do Consumidor (“CDC”), amparando-se na premissa de que o consumidor é a parte vulnerável na relação.

A relação de consumo é aquela existente entre o fornecedor, de um lado, e o consumidor, de outro, na prestação de um serviço ou na venda de um produto. A relação de consumo é definida pela presença dos seguintes elementos:

Relações de consumo e responsabilidade civil pelo produto ou serviço

(i) Consumidor: toda pessoa física ou jurídica que adquire um produto ou serviço como destinatário final. O conceito de relação de consumo foi ampliado pelo legislador para abranger (i.a) a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja de qualquer forma participado das relações de consumo; e (i.b) as pessoas que, ainda que não sejam parte de um contrato ou relação jurídica, sejam vítimas de um acidente de consumo (bystanders).

(ii) Fornecedor: aquele que oferece produtos e serviços no mercado de consumo.

(iii) Produtos e serviços: produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, ao passo que serviço identifica qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária.

Relações de consumo e responsabilidade civil pelo produto ou serviço

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Responsabilidade civil e criminalOs fornecedores de mercadorias e os prestadores de serviços respondem solidária e objetivamente por vícios nas mercadorias/serviços ou, ainda, por vício de segurança advindo da prestação. Além da responsabilidade civil objetiva, o CDC dispõe expressamente sobre responsabilidade na esfera criminal em relações de consumo, por conta de produtos perigosos, omissão de informações pertinentes ou propaganda enganosa.

IndenizaçãoPedidos de reparação de danos materiais sofridos pela parte prejudicada, e/ou de danos morais (que envolvam sentimentos de uma pessoa, sua honra e/ou imagem), podem ser apresentados contra o autor do dano.

Proteção contratualUm capítulo especial do CDC dedica-se à proteção de consumidores em contratos. Uma seção de tal capítulo trata especificamente de cláusulas abusivas, as quais são consideradas nulas e sem efeito de pleno direito.

O sistema de defesa do consumidor no BrasilA defesa dos direitos dos consumidores pode ser exercida em juízo, individualmente ou a título coletivo. Ações coletivas podem ser propostas por aqueles legitimados para proteger interesses coletivos (por ex., o Ministério Público). Finalmente, na esfera administrativa, as entidades ou órgãos federais, estaduais ou municipais têm, no âmbito de suas respectivas competências, atribuição para apurar e punir infrações às normas das relações de consumo.

19

Estruturado como uma república federativa dividida em três níveis político-administrativos, o Brasil possui três autoridades tributárias independentes: a federal, a estadual e a municipal. Pela Constituição Federal, cada uma delas tem competência para exigir determinados tributos específicos.

Tributos federaisNa esfera federal, podem incidir os seguintes tributos, dependendo da atividade econômica desenvolvida pelo contribuinte:

• Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas/Contribuição Social sobre o Lucro (“IRPJ/CSL”): tributos incidentes sobre os lucros à alíquota conjunta de 34% (ou 40%, para instituições financeiras) ao final de cada trimestre ou ano fiscal. Em termos gerais, o IRPJ e a CSL podem ser apurados com base no Regime de Lucro Real ou no Regime de Lucro Presumido. Sob o primeiro regime, a empresa pode deduzir despesas e diferir prejuízos indefinidamente, enquanto no segundo regime a receita bruta total está sujeita ao IRPJ e à CSL em uma base presumida dependendo do ramo de atividade da empresa. Apenas as empresas que obtiveram receita bruta inferior ou equivalente a R$ 78 milhões no ano fiscal anterior (ou o valor de R$ 6,5 milhões multiplicado pelo número de meses calendário, se a empresa funcionou por menos de 12 meses) podem optar por serem tributadas sob o regime de lucro presumido.

• Imposto de Renda na Fonte (“IRF”): rendimentos, ganhos de capital e demais proventos pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos por fonte situada no país a uma pessoa física ou jurídica residente no exterior estão sujeitos ao IRF

Tributação

Tributação19

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a alíquotas que variam de 15% (rendimentos em geral, juros e royalties) a 25% (beneficiários localizados em paraísos fiscais), havendo também certas isenções (investimentos em bolsa de valores, desde que atendidos determinados requisitos).

• Contribuições para o Programa de Integração Social e para o Financiamento da Seguridade Social (“PIS/COFINS”): contribuições incidentes sobre a receita bruta da empresa, as quais podem incidir sob o regime cumulativo (alíquota de 3,65% sobre a receita bruta em geral) ou sob o regime não-cumulativo (alíquota de 9,25% sobre a receita bruta em geral, sendo porém permitido aos contribuintes compensar determinados créditos). Há certos casos em que as contribuições ao PIS e COFINS podem incidir à alíquota de 4,65% (instituições financeiras, venda de determinadas participações societárias, receita financeira apurada a partir de 1º de julho de 2015, etc.). As contribuições ao PIS e COFINS incidem também sobre a importação de mercadorias (11,75%) e de serviços (9,25%) do exterior.

• Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (“CIDE”): contribuição incidente sobre pagamentos efetuados a residentes estrangeiros em decorrência de pagamentos de royalties, transferência de tecnologia e importação de determinados serviços. A alíquota aplicável é de 10% sobre os valores remetidos pela parte brasileira.

• Imposto sobre Operações Financeiras (“IOF”): imposto regulatório incidente sobre a liquidação de operações de câmbio, crédito, derivativos, seguro e valores mobiliários. Quando se trata de investidores não residentes, as alíquotas costumam variar de zero a 6,38%, sendo em geral adotada a alíquota de 0,38%.

• Imposto sobre Produtos Industrializados (“IPI”): imposto sobre o valor agregado e não cumulativo incidente sobre a industrialização nacional de produtos, bem como sobre a importação de produtos estrangeiros. O IPI é recolhido pelo respectivo fabricante ou importador. Os pagamento do IPI sobre matérias-primas, produtos semiacabados e material de embalagem, entre outros, pode gerar créditos fiscais. As alíquotas variam de acordo com a natureza do produto e podem atingir até 365%.

• Impostos de Importação/Exportação (“II/IE”): impostos ad valorem incidentes sobre operações de importação ou exportação, cujas alíquotas variam de acordo com a classificação fiscal do produto. Para informações adicionais, vide o capítulo “Comércio Exterior”.

• Imposto Territorial Rural (“ITR”): incidente sobre o valor das propriedades rurais, com alíquotas que variam de acordo com a sua extensão e uso (entre 0,03% a 20%).

Tributos estaduaisNa esfera estadual, os dois principais impostos podem ser resumidos da seguinte forma:

• Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (“ICMS”): imposto sobre o valor agregado não cumulativo incidente sobre a circulação de mercadorias e a prestação de certos serviços. O valor da operação geralmente serve como base de cálculo. Cada estado brasileiro tem a liberdade de estabelecer suas próprias alíquotas (via de regra, entre 17 e 18%). As isenções de ICMS por determinado estado estão condicionadas a convênios aprovados pelos demais. No entanto, os estados comumente concedem benefícios para atrair investimentos sem o consentimento dos outros, gerando a chamada “guerra fiscal”.

• Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doações de quaisquer Bens ou Direitos (“ITCMD”): incidente sobre o valor do bem ou direito transmitido nessas circunstâncias, com alíquotas que variam de 4% a 8%.

Tributação19

Tributos municipaisNa esfera municipal, destacam-se os seguintes impostos: (i) Imposto sobre Serviços (“ISS”), a alíquotas que atingem até 5%; (ii) Imposto Predial e Territorial Urbano (“IPTU”), incidente sobre propriedades, participações societárias ou posse de imóveis localizados na área urbana de uma municipalidade; e (iii) Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (“ITBI”), imposto sobre a transferência inter vivos que geralmente incide à alíquota de 3%. O ITBI não pode incidir sobre a contribuição de bens ou direitos ao capital de uma empresa, ou devido à sua dissolução.

Tributação InternacionalTratados internacionais, TIEAs, FATCA e BEPS

O Brasil não mantém um grande número de tratados internacionais, tendo celebrado acordos para evitar a dupla tributação com apenas 33 jurisdições (31 em vigor e dois aguardando ratificação pelo Congresso). Com exceção de algumas poucas disposições, tais acordos geralmente seguem a Convenção Modelo da OCDE, embora o Brasil não seja um estado membro e não aplique suas normas com efeitos vinculativos.

Nos últimos anos, o Brasil celebrou acordos de intercâmbio de informações tributárias (“TIEAs”) com sete jurisdições. No entanto, até o momento apenas aquele celebrado com os Estados Unidos entrou em vigor. Paralelamente, em 2014 o Brasil também assinou com os Estados Unidos um acordo de cooperação intergovernamental (“IGA”) para a implementação da Foreign Account Tax Compliance Act (“FATCA”) no Brasil. No entanto, esse acordo específico ainda aguarda ratificação pelo Congresso.

O Brasil está participando do grupo de discussões sobre Erosão de Base de Cálculo e Deslocamento de Lucros (“BEPS”) junto à OCDE. No entanto, não houve alterações específicas na legislação brasileira por força ou influência de plano de ação ou discussões mantidas nesse âmbito.

Normas relativas a estabelecimento permanenteO direito tributário brasileiro não ampara o conceito de “estabelecimento permanente” normalmente adotado pelos tratados internacionais. A legislação interna brasileira, por sua vez, definiu circunstâncias específicas sob as quais entende-se que a parte estrangeira está “fazendo negócios no Brasil”, em virtude do que a receita decorrente de suas transações realizadas no Brasil estaria sujeita à tributação aplicável às pessoas jurídicas brasileiras.

Entretanto, a legislação brasileira ressalta que o conceito de “fazendo negócios no Brasil” somente se aplica aos casos em que os representantes brasileiros têm poderes para obrigar contratualmente a parte estrangeira, exercendo referido poder no âmbito de suas atribuições regulares. Assim, para evitar a possível caracterização da situação de “fazendo negócios no Brasil”, é importante que o representante ou o agente da empresa estrangeira no Brasil tenha poderes limitados, especialmente sem a possibilidade de obrigar a parte estrangeira

Normas do IFRS no BrasilAté 2007, o Brasil adotava suas próprias normas contábeis também para fins fiscais (“BRGAAP”). A partir daquele ano, no entanto, os princípios das Normas Internacionais de Relatórios Financeiros (“IFRS”) foram introduzidos na contabilidade brasileira, levando a alterações também na área fiscal. Os efeitos de tais alterações foram inicialmente neutralizados; porém, a partir de 1º de janeiro de 2015, a Lei nº 12.973/2014 tornou-se integralmente eficaz, abarcando não somente os principais efeitos fiscais decorrentes das alterações promovidas pela introdução das novas normas contábeis, mas também suscitando diversas discussões acerca da matéria.

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O Brasil é signatário de alguns acordos comerciais internacionais, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (“OMC”), da Associação Latino-americana de Integração (“ALADI”) e do Mercado Comum do Sul (“MERCOSUL”), entre outros, estando assim vinculado às obrigações e condições previstas em tais acordos.

A OMC é uma organização internacional constituída com o principal objetivo de definir normas e políticas comerciais vigentes entre seus atuais 161 membros. Os acordos celebrados no âmbito da OMC abrangem o comércio de bens, medidas de defesa comercial (direitos antidumping, medidas compensatórias etc.), direitos de propriedade intelectual, entre outros, e têm como principais propósitos (i) definir os princípios para liberalização comercial, assim como as exceções permitidas, o que inclui o compromisso de redução de barreiras e tarifas comerciais; (ii) estabelecer os procedimentos para resolução de controvérsias; (iii) delinear um tratamento especial a países em desenvolvimento; e (iv) impor aos países-membros a adoção de políticas abertas e transparentes acerca da legislação e outras normas comerciais aplicáveis.

O Brasil também integra a ALADI, associação criada em 1980 com o propósito de implementar, de forma progressiva e gradual, um mercado comum latino-americano, por intermédio da adoção de preferências tarifárias e eliminação de restrições não-tarifárias. No âmbito da ALADI, o Brasil assinou, em 1991, o Tratado de Assunção que instituiu o MERCOSUL, que tem como propósito instituir uma área de livre comércio mediante a eliminação de restrições e barreiras não-tarifárias entre seus membros, além de introduzir uma união alfandegária viabilizada por intermédio de uma Tarifa Externa Comum (“TEC”). Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela integram atualmente o MERCOSUL. O Brasil (individualmente, e em conjunto com os demais países-membros do Bloco) também possui acordos bilaterais com diversos países.

Comércio exterior

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Comércio exterior

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Em termos práticos, qualquer pessoa física ou jurídica brasileira que pretenda se dedicar a atividades de importação/exportação deve estar credenciada para operar o Sistema Integrado de Comércio Exterior (“SISCOMEX”). Esse credenciamento ocorre mediante habilitação no sistema de Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros (“RADAR”) perante a Receita Federal do Brasil (“RFB”).

Via de regra, as importações estão dispensadas de licenciamento. Todavia, dependendo do produto e/ou da operação, os importadores precisam obter uma licença de importação antes do embarque das mercadorias no exterior, devendo tal licença de importação ser também processada via SISCOMEX e aprovada pelo competente órgão governamental. Quando da chegada das mercadorias, a correspondente declaração de importação precisa ser registrada através do SISCOMEX para sua efetiva internalização. Esse registro dá início ao processo de liberação alfandegária.

Todos os produtos importados objeto de liberação alfandegária estão sujeitos a controle pelas autoridades brasileiras. O valor alfandegário das mercadorias importadas constitui o principal elemento para apurar a base tributável do imposto de importação e, ainda, dos demais impostos brasileiros incidentes sobre importações, cujas alíquotas podem variar de acordo com o código tarifário das mercadorias na Nomenclatura Comum do MERCOSUL. O imposto de importação não incide quando o produto originário de um país-membro do MERCOSUL é importado por outro país-membro, contanto que as normas de origem tenham sido observadas.

No que diz respeito à exportação de mercadorias, os seguintes controles poderão ser-lhe impostos, entre outros: proibição, fixação de quotas anuais para exportação de determinados produtos, e suspensão temporária das exportações de produtos específicos. O imposto de exportação incide apenas sobre a exportação de determinadas espécies de produtos nacionais ou nacionalizados (tais como cigarros, peles, armamentos e munições).

A legislação brasileira estabelece também determinados regimes alfandegários especiais, os quais são outorgados pela RFB com o intuito de facilitar as importações e exportações de determinadas mercadorias (por ex., mediante a redução de custos de logística) e, com isto, reduzir a carga tributária sobre tais operações.

Ademais, os importadores/exportadores brasileiros de serviços devem prestar informações acerca de suas atividades por intermédio do Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços Intangíveis e Outras Operações que Produzam Variações no Patrimônio (“SISCOSERV”), sistema informatizado desenvolvido pela União para servir como instrumento voltado ao aprimoramento de ações que visem fomentar, desenvolver, acompanhar e definir políticas públicas nas áreas de serviços e bens intangíveis.

Para mais informações, envie um e-mail para [email protected] ou consulte www.pinheironeto.com.br

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Bens imóveis no BrasilA Constituição Federal e o Código Civil garantem expressamente o direito de propriedade, e a legislação brasileira prevê que os bens são regulados pelas leis do país onde estiverem localizados. O Código Civil também estabelece as regras relativas a bens móveis e imóveis, posse e propriedade, entre outros.

Propriedade imobiliáriaO proprietário tem o direito de usar, gozar e dispor de seus bens, bem como de reavê-los do poder de quem quer que injustamente os detenha. A propriedade imobiliária é geralmente transferida por meio de um título de transferência, o qual, para ser válido, deve ser registrado junto ao cartório de registro de imóveis competente na matrícula de imóvel correspondente. Documento público emitido pelo cartório de registro de imóveis competente, a matrícula comprova a situação de um imóvel até a data de sua emissão, nela constando: (i) o nome do proprietário, (ii) a existência de ônus ou gravame sobre o imóvel (por exemplo, hipoteca, penhora, alienação fiduciária), (iii) áreas construídas, e/ou (iv) registros de locação, entre outros aspectos.

Pode haver limites ao direito de propriedade, tais como controles de zoneamento municipal e o exercício da função social da propriedade constitucionalmente previsto, entre outros.

Alternativas de investimento imobiliário Há diversas alternativas para investir em imóveis, tais como: (i) o investimento direto em imóveis; (ii) o investimento por intermédio de sociedade de propósito específico (“SPE”) que detenha bens imobiliários; (iii) fundos de investimento imobiliário; e (iv) fundos de investimento em participações para deter participação societária

Imobiliário

21de empresas que detenham e/ou desenvolvam bens imóveis. Cada alternativa apresenta prós e contras dependendo do objetivo do investimento, da estrutura de financiamento, das características de governança, entre outros critérios.

Aquisição de imóveis por estrangeirosA legislação brasileira faz distinção entre imóveis urbanos e rurais. Com relação aos imóveis urbanos, geralmente não há restrições impostas a investimentos estrangeiros.

Já em relação a imóveis rurais, há atualmente restrições para investimentos estrangeiros. A aquisição e o arrendamento de imóveis rurais por empresas brasileiras controladas por estrangeiros podem exigir a aprovação de determinadas autoridades governamentais como, por exemplo, o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (“INCRA”), e dependendo do caso, até mesmo o Congresso Nacional. A aquisição por estrangeiros de imóveis rurais localizados em áreas consideradas de segurança nacional (zona de fronteira) deve ter o consentimento prévio da Secretaria Executiva do Conselho de Defesa Nacional (“CDN”).

Tributação sobre imóveisTantos os imóveis rurais quanto os urbanos são tributados no Brasil. O imposto territorial rural (“ITR”) é exigido pelo governo federal. O imposto predial e territorial urbano (“IPTU”) é exigido pelo município.

Os imóveis transferidos em negócio inter vivos estão sujeitos ao ITBI, exigido pelo município com jurisdição sobre o local do imóvel. Esse imposto não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio da pessoa jurídica em realização de capital nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão, incorporação, cisão ou extinção de uma pessoa jurídica, salvo se a atividade preponderante do adquirente for imobiliária.

Em caso de transferência causa mortis e doação de qualquer propriedade ou direitos, o ITCMD é aplicável.

Garantias imobiliáriasAs possíveis garantias imobiliárias são: (i) a hipoteca; e (ii) a alienação fiduciária de imóveis.

A hipoteca pode ser definida como uma garantia imobiliária sobre um imóvel ou bem imóvel concedida por um devedor em favor de seu credor para garantir o pagamento do débito ou o cumprimento de uma obrigação. Assim, se o débito não for pago, o credor poderá, mediante autorização judicial, vender a propriedade hipotecada e, a partir do produto da venda, obter o reembolso de todo valor que lhe for devido. Assim, essa garantia é executada por meio de procedimento judicial.

A alienação fiduciária é um conceito jurídico pelo qual uma das partes adquire fiduciariamente a propriedade de um imóvel, comprometendo-se a devolvê-lo quando do cumprimento da condição à qual tal obrigação estava subordinada (i.e. o pagamento do débito). A alienação fiduciária de um imóvel pode ser formalizada por meio de escritura pública ou documento privado (ambos com o mesmo efeito). A execução dessa garantia ocorre extrajudicialmente, através de procedimento conduzido por um cartório de registro de imóveis. Ainda que a execução de uma alienação fiduciária costume ser mais célere que a de uma hipoteca, a escolha dentre tais garantias é definida pelas particularidades do caso envolvido.

CondomínioUm condomínio civil é formado quando duas ou mais pessoas têm direito sobre a mesma propriedade. Cada uma delas possui o título de determinada porcentagem do imóvel

Imobiliário

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em caso de transferência, e paga os respectivos encargos de acordo com a sua parte. Ademais, cada condômino tem o direito de preferência sobre uma porção do imóvel e, se não respeitado esse direito, poderá propor uma ação para tornar a venda nula e sem efeito e adquirir a correspondente porção mediante depósito do preço em juízo.

Locação de imóveisA legislação brasileira distingue a locação de imóveis urbanos e rurais, além de prever a locação de imóveis urbanos e os procedimentos correlatos.

Quanto à locação urbana, distingue-se a locação residencial daquela para fins não-residenciais; a locação para temporada também está prevista em lei.

O aluguel é livremente acordado entre as partes, sendo vedada a sua estipulação em moeda estrangeira e a sua vinculação à variação cambial ou ao salário mínimo. A lei regula o direito de preferência do locatário para adquirir o imóvel locado em caso de sua venda, a indenização por benfeitorias introduzidas ao longo da locação e regras e procedimentos de rescisão, entre outras questões.

No que diz respeito aos contratos agrários, existem a parceria rural e o arrendamento rural.

A parceria rural consiste em um contrato agrário celebrado entre o parceiro outorgante (geralmente o proprietário) e o parceiro outorgado, por meio do qual o parceiro outorgante (i) cede, por tempo determinado ou não, o uso específico de um imóvel rural, ou de partes do mesmo, incluindo outros bens, benfeitorias e/ou facilidades, para o desenvolvimento da atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal (ou combinação dessas atividades), e/ou (ii) entrega ao parceiro outorgado animais para cria, invernagem, engorda ou extração de matérias-primas de origem animal. Nesse contexto, são compartilhados todos e quaisquer dos seguintes riscos: (i) casos fortuitos e de força maior sobre o empreendimento rural; (ii) produtos ou lucros obtidos, compartilhados na proporção contratada, sendo respeitados os limites previstos em lei; e (iii) variação do preço e produtos obtidos na exploração do empreendimento rural.

O arrendamento rural, por sua vez, consiste em um contrato agrário celebrado entre o arrendatário e o proprietário das terras, por meio do qual o proprietário das terras cede, por tempo determinado ou não, o uso específico de um imóvel rural, ou de partes do mesmo, incluindo outros bens, benfeitorias e/ou facilidades, por um aluguel a ser calculado de acordo com os parâmetros estipulados em lei. O imóvel pode ser direcionado para a exploração das seguintes atividades: agricultura, pecuária, agronegócio, extração, ou uma combinação dessas atividades.

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Panorama legal e regulatórioA constituição e o funcionamento de sociedades seguradoras brasileiras são regidos pelo Decreto-lei nº 73/1966, regulamentado pelo Decreto nº 60.459/1967, e disposições específicas do Código Civil, além das normas expedidas pelos órgãos competentes indicados adiante. Por sua vez, o resseguro, a retrocessão e sua intermediação, bem como as operações de cosseguro, as contratações de seguro no exterior e as operações em moeda estrangeira do setor securitário estão dispostos na Lei Complementar nº 126/2007 e na correspondente regulamentação. Esses mesmos normativos, juntamente com a Lei nº 4.594/1964, regem a atividade de corretagem de seguros e resseguros, respectivamente.

Todas as sociedades que integram o Sistema Nacional de Seguros Privados (“SNSP”) devem ser devidamente autorizadas e habilitadas para operar no país. O SNSP é composto do Conselho Nacional de Seguros Privados (“CNSP”) e da Superintendência dos Seguros Privados (“SUSEP”), além de companhias seguradoras e de capitalização, resseguradoras, entidades abertas de previdência complementar (“EAPC”) e corretoras de seguros/resseguros.

Constituição e funcionamentoPara autorização de funcionamento das entidades que integram o SNSP, exige-se que os acionistas fundadores apresentem requerimento escrito à SUSEP, devidamente instruído com a documentação de suporte prevista na regulamentação vigente, a qual deverá comprovar a capacidade financeira e operacional da respectiva sociedade.

Seguro

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As normas do CNSP estabelecem que as entidades fiscalizadas devem obedecer a exigências mínimas de capital, que são estabelecidas de acordo com o ramo de atividade da sociedade ou entidade, a região em que atua e os riscos inerentes à operação/portfolio.

Ainda, no que diz respeito a sociedades seguradoras, sua constituição também está sujeita às exigências dispostas na Lei das Sociedades por Ações, uma vez que esse é o tipo de sociedade exigido para o exercício de tal atividade regulada.

Não obstante as limitações descritas acima, existem também operações expressamente vedadas a sociedades seguradoras, entre elas:

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Atualmente, não há restrições quanto a investimentos estrangeiros nas sociedades pertencentes ao SNSP.

Intervenção, liquidação extrajudicial, regime de administração especial temporária e falênciaNos casos em que a situação econômico-financeira da seguradora esteja comprometida, tal sociedade está sujeita aos seguintes procedimentos: (i) intervenção1 ; (ii) liquidação extrajudicial; e (iii) Regime de Administração Especial Temporária (“RAET”).

A legislação que prevê os referidos procedimentos de administração especial é originalmente direcionada à instituições financeiras. No caso de sociedades seguradoras, o papel do Banco Central fica a cargo da SUSEP.

A SUSEP poderá ainda submeter as sociedades seguradoras ao regime de direção fiscal, conforme disposto no Decreto-Lei nº 73/1966 e no Decreto nº 60.459/1967.

Em regra, as seguradoras não estão sujeitas à falência. Entretanto, há duas hipóteses específicas em que é possível decretar a falência desse tipo de sociedade:

1 A intervenção é executada por interventor com plenos poderes de gestão nomeado pela SUSEP,

acarretando a suspensão da exigibilidade das obrigações vencidas da seguradora, suspensão da

fluência do prazo das obrigações vincendas anteriormente contraídas e a inexigibilidade dos

depósitos já existentes na data de sua decretação.

ResseguroAs operações de resseguro e retrocessão no Brasil podem ser realizadas pelos seguintes tipos de resseguradores, devidamente habilitados pela SUSEP para exercer tais atividades:

(i) realizar qualquer operação comercial, financeira ou imobiliária com partes relacionadas;

(ii) prestar fiança, aval, aceite ou coobrigar-se de qualquer forma;

(iii) realizar investimentos no exterior (com exceção dos casos expressamente previstos em regulamentação, ou quando efetuados por filial de seguradora no exterior);

(iv) alienar, prometer alienar ou gravar os ativos garantidores, bem como os direitos deles decorrentes, sem a prévia e expressa autorização da SUSEP; e

(v) aplicar em cotas de fundos de investimentos cuja atuação direta ou indireta, em mercados de derivativos, gere, a qualquer tempo, exposição superior a uma vez o respectivo patrimônio líquido.

(i) se, decretada a liquidação extrajudicial, o ativo não for suficiente para o pagamento de pelo menos a metade dos credores quirografários; ou

(ii) quando houver fundados indícios da ocorrência de crime falimentar.

(i) ressegurador local, o qual precisa ter sede no país, ser constituído sob a forma de sociedade anônima, e ter como objeto exclusivo a realização de operações de resseguro e retrocessão;

(ii) ressegurador admitido, o qual tem sede no exterior, com escritório de representação no Brasil, que, atendendo às exigências previstas nas normas aplicáveis às atividades de resseguro e retrocessão, tenha sido cadastrado junto à SUSEP para realizar tais operações; e

(iii) ressegurador eventual, que se assemelha ao ressegurador admitido, não possuindo, no entanto, escritório de representação no Brasil.

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EmpregoVia de regra, o empregado pode ser dispensado a qualquer tempo desde que a indenização obrigatória e específica lhe seja paga. Nenhum documento formal é necessário para a contratação; basta ao empregador apenas providenciar as respectivas anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social (“CTPS”) dos empregados, bem como nos registros da empresa (nome do empregado, data da admissão, função e salário).

Direitos trabalhistasA legislação brasileira dispõe sobre direitos trabalhistas básicos, os quais são compulsórios para todos os empregados:

Emprego e imigração

(i) salário mensal;

(ii) 13º salário, equivalente ao salário mensal;

(iii) 30 dias de férias remuneradas a cada 12 meses de trabalho;

(iv) adicional de férias equivalente a 1/3 sobre a remuneração mensal normal;

(v) um dia de descanso semanal remunerado, preferencialmente no domingo (a remuneração mensal já inclui o pagamento devido pelo descanso semanal); e

(vi) contribuições equivalentes a 8% sobre toda a remuneração do empregado, a serem efetuadas a um fundo público denominado Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (“FGTS”).

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Emprego e im

igração23

oito horas diárias e das 44 horas semanais. A remuneração da jornada extraordinária deve ser 50% superior à da hora normal se trabalhada durante a semana (ou 100%, se durante os finais de semana e feriados). Outros percentuais podem ser definidos em convenção coletiva.

Constituem exceções (i) empregados que exercem atividade externa (tais como vendedores) e (ii) empregados que exercem cargos de confiança (tais como diretores); se não estiverem sujeitos a controle de horas, esses empregados não são remunerados por serviço extraordinário.

SindicalizaçãoTodos os empregados, mesmo aqueles não associados, são representados por um sindicato de empregados e pagam uma contribuição anual compulsória correspondente a um dia de salário (retida do salário pela empresa). Isso significa que o sindicato representa a totalidade dos empregados, mesmo que não haja nenhum empregado sindicalizado. O sindicato que irá representar os empregados é definido pela atividade econômica preponderante da empresa. O sindicato de empregados negocia, com as empresas ou com o sindicato patronal, acordos e convenções coletivas que podem proporcionar certas garantias e/ou direitos adicionais e aumentos salariais, aplicáveis a todos os empregados representados por tais sindicatos (incluindo os gerentes).

DiretoresO diretor pode ser contratado como empregado ou não empregado. Em ambos os casos, sua nomeação ocorre de acordo com as disposições estatutárias e está sujeita às mesmas condições no que diz respeito a responsabilidade societária. A diferença reside na forma em que ocorre a gestão. Se o diretor atuar sob subordinação, ele deve ser registrado como empregado.

Mão de obra estrangeira – vistos Os estrangeiros necessitam de vistos específicos para prestar serviços no Brasil. Dentre os usualmente adotados estão o visto temporário e o visto permanente. O visto temporário está vinculado a um contrato de trabalho por tempo determinado, assinado entre o estrangeiro e a empresa brasileira; é válido por até dois anos, renovável por igual período. O cancelamento do visto implica o término da relação de trabalho, e vice-versa. O visto permanente é exigido para estrangeiros que serão contratados (e nomeados formalmente) para atuar como administradores de uma empresa brasileira. A mão de obra estrangeira está limitada a 1/3 do número total de empregados e do total da folha de pagamento da empresa brasileira.

Dispensa sem justa causaO empregado pode ser demitido sem justa causa a qualquer tempo, mediante aviso prévio mínimo de 30 dias, acrescido de três dias extras para cada ano completo de serviço (limitado a 90 dias após 20 anos). Existe a possibilidade de aviso prévio indenizado.

Verbas rescisóriasNa hipótese de dispensa sem justa causa, é devida uma indenização compensatória obrigatória, a qual inclui as seguintes verbas (o seu pagamento deve ser feito até o primeiro dia útil após o aviso, ou no prazo de 10 dias consecutivos quando indenizado):

(i) saldo de salários;

(ii) o aviso ou o aviso prévio indenizado;

(iii) todas as férias vencidas não gozadas (incluindo as férias proporcionais cujo direito tenha sido adquirido durante o ano da rescisão);

(iv) 13º salário proporcional; e

(v) multa de 50% sobre o saldo do FGTS (sendo 10% a título de impostos e os 40% remanescentes, creditados ao FGTS e sacados pelo empregado).

Jornada de trabalho e horas extrasEmpresas com mais de 10 empregados devem manter um controle verificável para a jornada de trabalho, remunerando como horas extras todas aquelas trabalhadas além das

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Pedido de demissãoNa hipótese de pedido de demissão, o empregado deve apresentá-lo à empresa com no mínimo 30 dias de antecedência (aviso prévio); caso contrário, a empresa pode descontar o valor correspondente ao salário de um mês da indenização compensatória a ele devida. As verbas rescisórias aplicáveis incluem todas as verbas já relacionadas acima, com exceção da multa de 50% sobre o FGTS.

Rescisão indireta do contrato de trabalhoCertas circunstâncias enquadram-se no conceito legal de rescisão indireta do contrato de trabalho, podendo resultar na obrigação de pagamento das verbas rescisórias como se o empregado tivesse sido dispensado sem justa causa. Exemplos: (i) o empregado é tratado com ofensas morais; (ii) o empregador não cumpre direitos trabalhistas relevantes; ou (iii) o empregado é discriminado na atribuição de funções.

Dispensa por justa causaA lei prevê determinadas condutas que caracterizam justa causa para rescisão do contrato do empregado. É necessário que existam provas objetivas da conduta ou da falta grave praticada pelo empregado. Os empregados demitidos por justa causa recebem apenas a remuneração em aberto e valores referentes a férias vencidas não gozadas (se houver). Dentre outras circunstâncias aplicáveis estão (i) fraudes; (ii) assédio sexual; (iii) descumprimento de políticas de compliance; (iv) violação de segredo da empresa, entre outros.

Renúncia/quitação e arbitragemOs direitos trabalhistas constituem matéria de ordem pública. Nenhuma renúncia é aceita pelos tribunais brasileiros ao tratar de direitos trabalhistas, salvo aquela efetuada em processo judicial. Ainda que o empregado dê ampla e irrevogável quitação ante todas as demandas, isso não o impedirá de ajuizar reclamação trabalhista se comprovar que seus direitos trabalhistas não foram observados. Por essas razões, as controvérsias trabalhistas são majoritariamente resolvidas na esfera judicial.

TerceirizaçãoNão há lei específica que regule a terceirização por empresas no Brasil, com exceção de contratos de prestação de serviços de vigilância, limpeza e trabalho temporário; as demais relações de serviços seguem as diretrizes previstas na Súmula nº 331 emitida pelo Tribunal Superior do Trabalho.

Nos termos dessa Súmula, a terceirização de atividades é permitida somente às atividades não preponderantes da empresa, e as pessoas devem trabalhar sem subordinação, agindo por conta própria. Caso contrário, os trabalhadores terceirizados poderão pleitear vínculo empregatício junto ao tomador dos serviços.

Plano de participação dos empregados nos lucros ou resultadosObjeto de negociação entre a empresa e seus empregados, o empregador pode estabelecer um Plano de Participação dos Empregados nos Lucros ou Resultados (“PPLR”) prevendo o pagamento de uma participação semestral se atingidas determinadas metas pré-estabelecidas. Não incidem encargos sociais sobre esses pagamentos. Pode ser firmado com o sindicato ou com uma comissão de empregados, com a participação do sindicato.

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Editada em 2013, a chamada Lei Anticorrupção entrou em vigor somente em 29 de janeiro de 2014, aplicando-se, portanto, exclusivamente a eventos posteriores a tal data (o que, contudo, aguarda confirmação pelos tribunais brasileiros). A Lei Anticorrupção foi regulamentada pelo Decreto nº 8.420/2015 (Decreto Regulatório).

A Lei Anticorrupção tem origem em um projeto de lei submetido ao Congresso pelo Poder Executivo, e visa atender a compromissos internacionais assumidos pelo Brasil em diversos tratados contra práticas corruptas, bem como responder aos anseios da sociedade civil por mecanismos mais efetivos de combate à corrupção.

A Lei Anticorrupção dispõe sobre a responsabilização objetiva da pessoa jurídica, nos âmbitos civil e administrativo, pela prática de atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira. As pessoas jurídicas são responsabilizadas por atos lesivos praticados em seu interesse ou benefício, ainda que estes o tenham sido por um único empregado ou prestador de serviço atuando de forma contrária aos procedimentos de integridade e/ou sem o conhecimento da empresa.

De acordo com a Lei Anticorrupção, constituem atos lesivos: (i) prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida; (ii) frustrar o caráter competitivo de procedimento licitatório público; e (iii) dificultar atividades de investigação ou fiscalização de órgãos ou agentes públicos.

Empresas do mesmo grupo econômico, consorciadas ou sócios de joint venture podem ser responsabilizados solidariamente por atos ilícitos nos termos da Lei Anticorrupção, restringindo-se tal responsabilidade ao pagamento de multas e reparação integral de danos.

As pessoas jurídicas que violem as disposições anticorrupção podem se sujeitar a pesadas multas, no âmbito de processos administrativos ou judiciais.

Integridade (Compliance)

Integridade (Compliance)

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As sanções administrativas consistem em multas e publicação da decisão condenatória em meios de comunicação, a serem impostas no final do processo administrativo. As multas variam de 0,1% a 20% do faturamento bruto da pessoa jurídica no último exercício fiscal anterior ao da instauração do processo administrativo, excluídos os tributos.

Além da imposição de multas ou outras penalidades, as pessoas jurídicas envolvidas devem reparar integralmente o dano causado pelo ato lesivo.

As sanções aplicadas em virtude de ação judicial proposta pela entidade pública ou pelo Ministério Público consistem em: (i) perdimento dos bens, direitos ou valores obtidos da infração; (ii) suspensão ou interdição parcial das atividades; (iii) dissolução da pessoa jurídica; e (iv) proibição de receber incentivos ou subsídios de entidades públicas.

O Decreto Regulatório, por sua vez, estabelece que os atos previstos como infrações administrativas na legislação que disciplina contratos públicos, e que também constituem infrações da Lei Anticorrupção, serão apurados conjuntamente no âmbito de um processo administrativo, e a pessoa jurídica também será passível de inclusão no cadastro de empresas inidôneas.

Nas ações ajuizadas pelo Ministério Público, poderão ser aplicadas multas administrativas se constatada a omissão da administração pública para cobrar esses valores administrativamente.

Há pouco incentivo para denúncia espontânea de irregularidades. A cooperação com as investigações e os programas de integridade, entre outros, não afastam a aplicação de sanções, mas são fatores a serem considerados na aplicação das sanções administrativas. A aplicação desses critérios ainda não foi testada nem analisada pelos tribunais.

O Decreto Regulatório contém ainda regras para o cálculo de multas e fatores que podem reduzir o seu valor. A existência e aplicação de um programa de integridade, por exemplo, reduz a multa de 1% a 4%, avaliando-se o programa de integridade com base nos seguintes parâmetros: (i) treinamento periódico; (ii) comprometimento e apoio da alta direção da pessoa jurídica, incluído seu conselho; (iii) canais de denúncia de irregularidades, abertos e amplamente divulgados; e (iv) medidas disciplinares em caso de violação do programa.

A autoridade máxima da entidade pública pode celebrar acordo de leniência com as pessoas jurídicas responsáveis pelos atos ilícitos. A Controladoria-Geral da União (“CGU”) é o órgão competente em âmbito federal para celebrar acordo de leniência.

O acordo de leniência isenta a pessoa jurídica da publicação da decisão condenatória e reduz em até 2/3 o valor da multa aplicável. Alguns dos requisitos para a celebração de um acordo de leniência incluem: (i) a identificação dos demais envolvidos na infração; (ii) a obtenção célere de informações e documentos; (iii) a circunstância de a pessoa jurídica ser a primeira a se manifestar sobre seu interesse em cooperar com a investigação; (iv) a completa interrupção do envolvimento da pessoa jurídica na infração; e (v) a admissão, pela pessoa jurídica, de sua participação no ilícito e o compromisso de plena cooperação com as investigações.

Embora previsto que a pessoa jurídica deve ser a primeira a manifestar interesse em cooperar com a investigação, tal requisito é levado em consideração somente quando reputado “relevante” pela entidade pública que negociar o acordo de leniência. Assim, é possível que mais de uma pessoa jurídica celebre acordos de leniência com relação às mesmas infrações apuradas.

Criou-se também, em âmbito federal, o Cadastro Nacional de Empresas Punidas (“CNEP”), que reúne e dá publicidade às sanções aplicadas por entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em todas as esferas de governo, com base na Lei Anticorrupção.

A aplicação da Lei Anticorrupção não exclui a aplicação concomitante de outras leis a ela vinculadas, quais sejam, a Lei de Improbidade Administrativa ou a Lei de Licitações e Contratos Administrativos, com relação a atos ilícitos.

Falência e recuperação25

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Falência e recuperaçãoPromulgada em 2005, a Lei de Falências regula a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência da sociedade empresária e do empresário no Brasil. A Lei de Falências representa um avanço no sistema falimentar brasileiro, aproximando-se da moderna legislação de insolvência em âmbito internacional. Grosso modo, o devedor passa a contar com mecanismos efetivos para proteção de seus negócios e maior flexibilidade na formulação das estratégias de recuperação. Da mesma forma, a Lei de Falências ampliou as proteções disponíveis a credores com garantia real e incrementou o envolvimento de credores no processo de recuperação, melhorando assim as perspectivas de recuperação dos créditos. Além disso, tornou mais seguros e atraentes os investimentos em empresas com dificuldades financeiras e em seus ativos, em virtude da ampliação dos limites legais e da maior proteção conferida a operações dessa natureza. Os principais procedimentos e outros aspectos relevantes da Lei de Falências estão sintetizados a seguir:

Recuperação judicialTrata-se de uma ferramenta destinada a promover a efetiva reestruturação e recuperação de empresas economicamente viáveis em situação de crise econômico-financeira. Em suma, protegidos com a suspensão de execuções e outras ações por determinado período (período de suspensão), o devedor pode propor, negociar e eventualmente aprovar com seus credores um plano de recuperação1, que em geral contempla a reestruturação de suas operações, das respectivas obrigações (e, eventualmente, da composição acionária) e de sua estrutura de capital. Aprovado e homologado o plano de recuperação2, os créditos anteriormente constituídos (créditos concursais)3 são geralmente novados, com a reabilitação econômico-financeira do devedor. Via de regra, o próprio devedor e seus administradores são mantidos na condução de suas atividades durante o processo de recuperação

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Falência e recuperação25

judicial. Um administrador judicial é nomeado para supervisionar o processo, sem poderes de gestão.

Recuperação extrajudicialDa mesma forma, a recuperação extrajudicial é outro mecanismo destinado a promover a reestruturação da empresa. A recuperação extrajudicial tem como principal objetivo tornar mais célere a homologação do plano de recuperação previamente negociado (e eventualmente aceito) com a maioria necessária de determinadas classes ou grupos de credores da mesma natureza ou em condições de pagamento semelhantes que preencham os requisitos para serem submetidos ao plano de recuperação extrajudicial. Comparada ao processo de recuperação judicial, a recuperação extrajudicial tende a ser um processo rápido e mais efetivo. Em tese, a recuperação extrajudicial envolve custos de transação mais reduzidos e menor tempo de tramitação em juízo. De outra parte, reduz incertezas pelo fato de o plano de recuperação extrajudicial já ter sido previamente negociado e aprovado pela maioria necessária de créditos e credores.

FalênciaEm geral, a falência de uma empresa, quer requerida por um terceiro (falência involuntária) ou pelo próprio devedor (autofalência), implica o reconhecimento de que seu negócio não é mais viável. No processo de falência, todos os ativos do devedor são arrecadados pelo administrador judicial. Os ativos são liquidados e o produto da liquidação é utilizado na amortização do passivo existente. Declarada a falência, o devedor é destituído da administração da empresa falida, cujos interesses passam a ser geridos pelo Administrador Judicial. Após o pagamento de (i) créditos com privilégio derivados de reclamações trabalhistas, na forma da lei; (ii) créditos por restituição; (iii) despesas administrativas (incluindo despesas com a massa falida) e custas processuais; e (iv) certos créditos extraconcursais, se aplicável, o produto derivado da venda de ativos do devedor é distribuído aos credores concursais obedecendo à seguinte ordem de classificação: (i) créditos derivados da legislação do trabalho (limitados a 150 salários mínimos por empregado) e os decorrentes de acidentes de trabalho; (ii) créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; (iii) créditos tributários; (iv) créditos com privilégio especial; (v) créditos com privilégio geral; (vi) créditos quirografários; (vii) multas contratuais e penas pecuniárias; e (viii) créditos subordinados.

1 O processo de recuperação judicial é baseado em um plano de recuperação aprovado pelos credores,

o que reflete o papel fundamental dos credores no processo. Em geral, o plano de recuperação é

considerado aprovado pelo voto favorável da maioria dos créditos (valor em reais) e/ou credores (por

cabeça) presentes na assembleia geral de credores convocada e realizada para deliberar e votar no

plano dentro de cada classe de credores (quais sejam, classe de credores trabalhistas, com garantia real,

empresas de pequeno porte e quirografários). Na classe de credores trabalhistas e empresas de pequeno

porte, somente a maioria dos credores (ou seja, por cabeça) presentes na assembleia deve ser alcançada

para o plano ser considerado aprovado. A Lei de Falências ainda prevê uma forma alternativa de

aprovação do plano de recuperação, desde que alguns requisitos sejam atendidos.

2 Via de regra, o Plano de Recuperação deve enumerar todos os meios que serão empregados pelo

devedor na recuperação e reestruturação de seu negócio. A Lei de Falências proporciona flexibilidade

suficiente para acomodar qualquer medida que as partes interessadas possam identificar para

atender às suas necessidades (inclusive a venda de parte do negócio para terceiros investidores sem

sucessão de obrigações do devedor). Normalmente, o Plano de Recuperação estipula a redução e o

reescalonamento da dívida concursal com o consentimento das maiorias necessárias de seus credores.

3 Em regra, todos os créditos contra o devedor existentes na data do pedido de recuperação judicial,

mesmo que não estejam vencidos, sujeitam-se ao processo de recuperação judicial. No entanto, a Lei

de Falências estabelece algumas salvaguardas (safe harbors) para determinados créditos, inclusive

aqueles garantidos por alienação ou cessão fiduciária e operações de adiantamento de contrato de

câmbio (ACC).

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Ao longo da última década, o Brasil adotou diversas medidas importantes de ordem jurídica e prática no sentido de aprimorar e modernizar a estrutura de resolução de controvérsias para adequá-la ao seu recente e intenso avanço no campo econômico. Várias leis, normas e regulamentações foram alteradas, aditadas e/ou promulgadas no intuito de levar essa nova política a pleno efeito. Como principal exemplo, o novo Código de Processo Civil foi sancionado em 16 de março de 2015 e entrará em vigor em março de 2016, visando precipuamente enfrentar o problema histórico de repetição excessiva das demandas (casos com a mesma causa de pedir ou levantando as mesmas questões jurídicas) propostas e em curso perante os tribunais brasileiros. O novo Código de Processo Civil também destaca a mediação e a conciliação como prioridades, dado seu sucesso em reduzir o volumoso estoque de processos judiciais em todo o país.

O ordenamento jurídico brasileiro tem origem na tradição civilista (romano-germânica), ainda que bastante influenciado por institutos da common law (por ex., mandado de segurança e habeas corpus). A legislação é a principal fonte de direito. Assim, somente nos casos em que a legislação é omissa os tribunais podem recorrer a outras fontes para resolver os conflitos. As fontes são classificadas como indiretas ou intermediárias e incluem jurisprudência, usos e costumes, analogia, princípios gerais de direito, equidade e institutos legais, conforme previsto na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro e no atual Código de Processo Civil.

Nos últimos tempos, entretanto, o Brasil introduziu circunstâncias específicas em que algumas decisões de instâncias superiores devem ser consideradas vinculativas sobre instâncias inferiores. A Emenda Constitucional nº 45/2005, por exemplo, introduziu um sistema parcial de súmulas vinculantes, o qual permitiu ao Supremo Tribunal Federal (“STF”) consolidar seu posicionamento acerca de determinada

Resolução de controvérsias

Resolução de controvérsias26

matéria e emitir súmulas vinculantes para impor valor jurídico sobre todas as divisões do sistema judiciário e da administração pública. Em caso de descumprimento da súmula vinculante, o STF foi autorizado a declarar diretamente a invalidade dos atos infringentes através de um recurso denominado reclamação.

De forma ainda mais incisiva, o novo Código de Processo Civil estabelece agora que outras decisões de instâncias superiores também devem ser consideradas vinculativas, tais como decisões em controle concentrado de constitucionalidade, e as decisões proferidas para dirimir demandas ou recursos repetitivos. Em acréscimo às súmulas vinculantes, a partir de 2016 todas essas decisões deverão ser consideradas súmulas vinculantes, em virtude do que eventual violação aos seus termos será anulável através do referido instituto da reclamação.

Os limites da jurisdição brasileira em relação às demais jurisdições são estabelecidos em todos os casos em que o Brasil seja o Estado do foro – normas do lex fori. O Código de Processo Civil faz distinção entre jurisdição concorrente e exclusiva. No entanto, a capacidade das partes de escolher o foro para dirimir suas controvérsias não é reconhecida como incontroversa por doutrinadores e tribunais. De fato, a jurisprudência brasileira não se posiciona com assertividade em relação à autonomia da parte na escolha de um foro estrangeiro; é possível encontrar decisões do Superior Tribunal de Justiça (“STJ”) em ambas as direções.

Um outro aspecto importante é que a ação proposta perante um tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa. Assim, a litispendência e a coisa julgada são reconhecidas no Brasil apenas mediante homologação da sentença judicial estrangeira pelo STJ.

O sistema judiciário brasileiro é composto por foros comuns e especiais, sendo cada um deles subordinado a tribunais superiores específicos, estando todos, porém, sujeitos (i) ao STJ, no que diz respeito a matérias infraconstitucionais, e (ii) ao STF, com relação a matérias constitucionais. A Constituição Federal divide o sistema judiciário em justiça federal – especializada ou comum – e em tribunais estaduais, cada um deles com foro distinto. Dada a estrutura federativa do país, é atribuído aos tribunais estaduais o poder de julgamento. As normas da organização judiciária estão previstas na própria Constituição Federal e, ainda, em leis processuais e regimentos internos dos tribunais, geralmente regulando o foro com base no valor da causa e no objeto da demanda.

A Constituição Federal estabelece os princípios essenciais aplicáveis aos processos jurisdicionais, tais como o devido processo legal, o direito de ampla defesa, o direito a juízes independentes e imparciais, a garantia a um “juiz natural” ou a um “tribunal de direito”, a inadmissibilidade de provas obtidas por meios ilícitos, o direito à publicidade dos atos processuais, a uma sentença judicial fundamentada, e a um processo com duração razoável. Nenhuma dessas garantias e prerrogativas é absoluta, podendo ser de alguma forma reduzidas ou restringidas para assegurar que outra garantia ou direito também seja obtido num caso concreto.

Cumpre ao STJ homologar toda sentença estrangeira – proferida quer por juízo estatal ou tribunal arbitral – antes de sua execução perante os tribunais de primeira instância brasileiros. Essa medida é necessária independentemente da existência de reciprocidade, tratado ou convenção internacional específica entre o país de origem do julgamento e o Brasil.

ArbitragemA arbitragem no Brasil passou por profunda evolução ao longo dos últimos 15 anos. A implementação de uma estrutura legal favorável à arbitragem ampliou a

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disponibilidade de jurisprudência afinada com modernas leis de arbitragem e que tem sido interpretada e aplicada em sintonia com outros renomados centros de arbitragem em todo o mundo. A evolução da arbitragem no Brasil está estreitamente associada a fatores internos, tais como o crescimento econômico e a liberalização do comércio pelos quais o país tem passado, bem como à considerável crise que o sistema judiciário tem enfrentado.

Promulgada em 1996 para reger tanto procedimentos arbitrais nacionais quanto internacionais no Brasil, a Lei de Arbitragem introduziu os ansiados conceitos de poder vinculativo e execução compulsória da cláusula compromissória. Entre muitas outras características, a Lei de Arbitragem permite que as partes adotem regras de órgão arbitral institucional ou de entidade especializada, quer brasileira ou estrangeira. É igualmente permitido às partes estabelecer o local de arbitragem (no Brasil ou no exterior), bem como o idioma em que o procedimento arbitral será conduzido. Assim, é perfeitamente possível às partes, quer brasileiras ou não, nos termos da legislação brasileira, dirimir seus conflitos por meio de arbitragem de acordo com as normas de qualquer órgão arbitral especializado.

Nas duas últimas décadas, o legislador brasileiro outrora cético começou a incentivar a arbitragem em muitos setores importantes e estratégicos, tais como nas áreas de infraestrutura, energia e empresarial. A par da Lei de Arbitragem, a Constituição Federal e muitas leis federais foram criadas, revistas e alteradas de forma a regulamentar e estimular o uso da arbitragem. O novo Código de Processo Civil também acrescentou algumas disposições que possibilitarão e contribuirão ainda mais para o desenvolvimento da arbitragem no país.

Foram também introduzidas alterações à Lei de Arbitragem por meio de uma nova lei sancionada pela presidente da República em maio de 2015. A nova lei não alterou os fundamentos normativos da Lei de Arbitragem já existente, porém incluiu modificações divididas em três vertentes: (i) a ampliação subjetiva e objetiva da incidência da arbitragem; (ii) maior liberdade das partes na indicação de árbitros; e (iii) delimitação da atividade do juízo estatal até a instituição da arbitragem.

Existem mais de 100 instituições arbitrais no Brasil (50 delas apenas no estado de São Paulo), várias das quais também oferecem serviços de mediação. Muitas das instituições arbitrais no Brasil possuem natureza comercial privada, mas algumas são dirigidas por associações comerciais para tratar de conflitos em setores e profissões específicas (por exemplo, imobiliário, energia ou engenharia). Há igualmente instituições arbitrais que existem sob a égide de câmaras de comércio bilaterais. Não existem quaisquer restrições à condução, no Brasil, de procedimentos arbitrais regidos sob as normas da ICC, ICDR/AAA e/ou LCIA. De fato, os procedimentos arbitrais sediados no Brasil e administrados e regidos por instituições internacionais são comuns e bastante eficientes.

MediaçãoApós anos de tramitação, foi finalmente aprovada e promulgada a Lei n°13.140/2015, que dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. A nova lei entrará em vigor em 2016, 180 dias após a sua publicação oficial, que ocorreu em 29 de junho de 2015.

O instituto da mediação já era conhecido e utilizado no país, mas é certo que a promulgação da nova lei conferirá maior segurança jurídica aos casos de mediação e certamente incentivará a utilização do instituto em diversas áreas do direito.

O novo texto dispõe sobre os princípios que regem a mediação, dentre os quais podem ser mencionados a imparcialidade do mediador, a isonomia entre as partes,

Resolução de controvérsias26

a informalidade, a boa-fé e a confidencialidade, bem como regula a atividade e a formação de mediadores e prevê regras gerais sobre os procedimentos e princípios a serem observados em mediações judiciais e extrajudiciais.

A previsão contratual que obriga as partes a, antes de iniciar processo judicial ou procedimento arbitral, submeter o litígio à mediação, passa a ser exequível. Nesse cenário, uma parte poderá requerer ao árbitro ou juiz a suspensão do processo ou procedimento, até que seja efetivamente iniciada a mediação conforme previsão contratual e observados os dispositivos legais.

As partes poderão valer-se inclusive da internet e de outros meios de comunicação para realizar a mediação, se estiverem de acordo quanto à sua utilização. A distância deixará de ser uma barreira à composição amigável e os avanços tecnológicos, sem dúvidas, facilitarão o fortalecimento desse método alternativo de resolução de disputas.

Somadas às disposições do novo Código de Processo Civil, que alçam a mediação a uma posição de grande importância, é inegável que a mediação ganha força no país e que sua efetiva utilização tende a diminuir o enorme número de processos judiciais atualmente em trâmite perante o Poder Judiciário brasileiro.

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Pinheiro Neto Advogados é um escritório brasileiro, independente, de atuação diversificada (full service), especializado em operações multidisciplinares e capaz de traduzir o ambiente legal brasileiro em benefício de seus clientes nacionais e internacionais.

Pinheiro Neto Advogados foi uma das primeiras firmas no Brasil a prospectar clientes estrangeiros e se especializar em direito empresarial.

À medida que a indústria brasileira foi se desenvolvendo e a economia se sofisticando, a carteira de clientes nacionais foi se expandindo e atualmente representa aproximadamente a metade dos nossos clientes.

Com clientes em aproximadamente 60 países, o escritório foi reconhecido em 2014 pelo governo brasileiro como o principal exportador de serviços legais do país.

Pinheiro Neto Advogados é o parceiro institucional brasileiro do estudo GLEE (Globalização, Advogados e Economias Emergentes), conduzido pelo Centro de Estudos Profissionais da Escola de Direito de Harvard.

Pinheiro Neto Advogados é parceiro brasileiro do projeto de pesquisa e inovação tecnológica para a área jurídica desenvolvido conjuntamente pela Thomson Reuters e pela Samsung com apenas umas poucas firmas em todo o mundo.

CulturaA firma cresceu de maneira orgânica e desenvolveu uma cultura própria, integrada e enxuta, com baixo número de associados por sócio.

Pinheiro Neto

ClientesO escritório representa clientes nacionais e estrangeiros atuantes numa ampla variedade de setores, incluindo automotivo, serviços bancários e financeiros, construção e materiais de construção, energia e recursos naturais, meio ambiente e gestão de resíduos, saúde, petróleo e gás, imobiliário e tecnologia.

AlcanceO escritório tem correspondentes em todo o Brasil e mantém relacionamento estreito com firmas de primeira linha em diversos países.

Treinamento e desenvolvimento profissionalO escritório investe intensamente em desenvolvimento profissional, não só através do treinamento prático de seus advogados, mas também através do programa estruturado da Escola de Treinamento Pinheiro Neto, o primeiro do gênero no Brasil.

Uma parcela significativa dos advogados de Pinheiro Neto é pós-graduada por instituições de ponta, nacionais e estrangeiras, além de ter trabalhado em escritórios de primeira linha no exterior.

Nossos advogados contam, ainda, com o apoio da maior e mais completa biblioteca jurídica privada do Brasil.

Responsabilidade socialPinheiro Neto Advogados foi o primeiro escritório de advocacia brasileiro a neutralizar suas emissões de carbono; o primeiro escritório brasileiro a integrar o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), que agrega os maiores investidores sociais do Brasil; e o primeiro escritório brasileiro a receber do governo do estado de São Paulo o Selo Paulista da Diversidade. Desde 2009, o escritório remunera o trabalho de seus advogados em prol de causas sociais, através de seu pioneiro programa de atuação pro bono.

Reconhecimento recente• Euromoney 2013 Americas Women in Business Law Award: Melhor Programa

Nacional de Mentoring da América Latina.

• Chambers and Partners: Escritório Latino-Americano do Ano – 2009, 2010 e 2013.

• Chambers and Partners: Escritório Brasileiro do Ano – 2009, 2011 e 2014.

• Who’s Who Legal – Escritório Brasileiro do Ano por dez anos consecutivos (2006–2015).

• Único escritório brasileiro indicado no guia Who’s Who Legal: 100.

• Who’s Who Legal: Brazil 2015 – 46 indicações de advogados em 25 áreas de atuação.

• Chambers & Partners: Latin America 2015: 82 indicações de advogados em 25 áreas de atuação; 15 áreas com grau máximo de recomendação (Band 1).

Em decorrência de sua atuação diversificada e da excelência de seus profissionais, o escritório é capaz de prestar assistência a clientes de qualquer setor econômico em todas as áreas do Direito, o que lhe permite desenvolver relacionamentos de confiança mútua, tanto no dia-a-dia como em decisões estratégicas, envolvendo questões legais sofisticadas, complexas ou tecnicamente desafiadoras.

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Sócios

Adolpho Julio C. de CarvalhoAlexandre BertoldiAlexandre O. JorgeÁlvaro Silas Uliani Martins dos SantosAndré Zonaro GiacchettaAndrea Barbosa CamposAngela Fan Chi KungAnna T. Monteiro de BarrosAntonio José L. C. MonteiroAntonio José Mattos MorelloBianca PumarBruno BalducciniCarlos A. Vilhena de M. FilhoCarlos Alberto Moreira Lima JrCarlos Henrique T. BecharaCelso Cintra MoriCristiane Ianagui Matsumoto GagoCristianne Saccab ZarzurDiógenes Mendes Gonçalves NetoEduardo Carvalho CaiubyEmir Nunes de Oliveira NetoEnrico BentivegnaEsther Donio B. NunesFernando Alves MeiraFernando B. Penteado de CastroFernando J. Prado FerreiraFernando R. de Almeida PradoFernando S. dos Santos ZorzoFlávio Lemos Belliboni

Flávio VeitzmanFrancisco Werneck MaranhãoFranco Musetti GrottiGiancarlo Chamma MatarazzoGilberto GiustiGiuliano ColomboGuilherme F. de Almeida LeiteHenrique Silva Gordo LangHenry SztutmanJoão Luis Aguiar de MedeirosJoão Marcelo Gonçalves PachecoJorge N. F. Lopes JuniorJosé Alexandre Buaiz NetoJosé Carlos Junqueira S. MeirellesJosé Mauro D. MachadoJosé Olavo ScarabotoloJosé Luiz Homem de MelloJúlio Cesar BuenoLeonardo Peres da Rocha e SilvaLuciana Rosanova GalhardoLuciano Garcia RossiLuís Antônio Ferraz MendesLuis Celso C. L. RibeiroLuiz Fernando Valente de PaivaLuiz Roberto Peroba BarbosaMarcello Alfredo BernardesMarcello Portes da S. LoboMarcelo Avancini NetoMarcelo Marques Roncaglia

Marcelo Mazon MalaquiasMarcelo Viveiros de MouraMarcos Chaves LadeiraMarcos de Vicq de CumptichMário Panseri FerreiraMauro BerenholcMaximilian Fierro PaschoalMiguel TornovskyPedro Paulo Barradas BarataRaphael de CuntoRenato Stephan GrionRenê Guilherme S. MedradoRicardo E. Vieira CoelhoRicardo Luiz BeckerRicardo Pagliari LevyRicardo Simões RussoRodrigo M. Carneiro de OliveiraRodrigo Persone P. CamargoSérgio Farina FilhoSérgio Pinheiro MarçalTércio ChiavassaThais GaloThéra van Swaay De MarchiTiago A. D. Themudo LessaVânia Marques Ribeiro MoyanoVicente Coelho AraújoWerner Grau Neto

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O conteúdo desta publicação tem caráter genérico e informativo, não constituindo opinião legal para qualquer operação ou negócio específico.

As informações aqui contidas estão atualizadas até setembro de 2015. Para solicitar uma versão impressa desta publicação, entre em contato

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