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2 1ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Alexandre Berthe PintoAngelo Volpi NetoAntonio Artêncio FilhoArnon VelmovitskyBruno Bittencourt BittencourtBruno Medeiros BastosCarlos Roberto TavarnaroDaniel Alcântara Nastri CerveiraDaphnis Citti de LauroEzequiel FrandolosoFelícia Ayako HaradaFelipe Leonardo RodriguesFrancisco dos Santos Dias Bloch

Frank Wendell ChossaniGeraldo Beire SimõesJaques BushatskyJoão Pedro Lamana PaivaJosé Flávio Bueno FischerJosé Hildor LealKênio de Souza PereiraKiyoshi HaradaLucas Bento SampaioLuís Ramon AlvaresLuiz Antonio Scavone JuniorLuiz Ribeiro O. N. Costa JuniorMarcelo Manhães de Almeida

Mário Cerveira FilhoMichel Rosenthal WagnerOlivar VitalePaulo Caldas PaesRenato SavyRodrigo Alves ZaparoliRodrigo KarpatSamuel Luiz AraújoSérgio JacominoSylvio Campos Lindenberg FilhoSylvio CapanemaThales Pontes BatistaWendell Salomão

Colaboradores:

Direção: Dominique Pierre FagaJornalista Responsável:Julio Cesar Borges Baiz, MTB nº 42073ISSN: 1982-4599

Conselho Editorial:Heronides Dantas de FigueiredoLeonardo CostaMauricio Francisco LeiteNathan [email protected]

DIÁRIO DAS LEIS LTDA.CNPJ(MF) 47.381.850/0001-40R. Nossa Sra. Imac. Conceição, 166, Conj 9 - 1ºAndar - 06190-100 - Osasco - SP11 3673-3155 - www.diariodasleis.com.brAdministração: 11 [email protected]: 11 3673-3801 / [email protected]ão: Gráfica Mais MNota BDI: Proibida a reprodução total ou parcial.Os artigos assinados não refletem necessariamen-te a opinião da direção do Diário das Leis.

Trata-se de um serviço de envio de decisões dos tribunais parafundamentar o seu processo ou para qualquer outra finalidade.

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31ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

SumárioAnálise de Documentos Antigos: Condomínio tem obrigação de fornecer balancetes, contratos e listas de inadimplências aos condôminos? ..................................................... 19

Atos Intoleráveis na Assembleia de condomínio ........................................................... 14

Averbação da Penhora: Oficial negou penhora porque o executado não consta como proprietário do imóvel ................................................................................................. 24

Cancelamento de Hipoteca: Proprietário conseguiu o cancelamento de um imóvel financiado ................................................................................................................. 29

Compra e VendaDicas para comprar um terreno ....................................................................................... 5Sobrinho comprova sanidade mental de sua tia e justiça mantém a venda do imóvel ............. 8

Despejo e Cobrança: Locatários não comprovaram os pagamentos dos aluguéis em atraso e nem das benfeitorias que realizaram .......................................................................... 12

Direito de Laje e de Superfície: Relação entre esses direitos........................................... 33

Direito de Vizinhança: Meu vizinho construiu uma janela rente ao meu muro, e agora? ...... 26

Direito Real de Laje: Existe direito de preferência sobre laje? .......................................... 13

Inundação em Imóvel Vizinho: Construtora indenizará por inundação e danos ocasionados no imóvel vizinho ....................................................................................................... 25

IPTU: Impossibilidade de cobrança antes da entrega das chaves ........................................ 31

ITBI: Cabe ao registrador a aferição sobre a existência ou não do ITBI e não sobre a integralidade de seu valor ........................................................................................... 32

Locação sem Garantia: Vantagens de alugar um imóvel sem garantia? ............................. 10

Notificação dos Locatários/Fiadores: Podem ser notificados extrajudicialmente pelo atraso do pagamento? ................................................................................................ 13

Penhora: Como resolver sobre bem imóvel adquirido de um terceiro? ................................. 30

Prestação de Contas: Como elaborar em um condomínio edilício ...................................... 19

Reconhecimento de firma: É necessário em nota promissória? ........................................ 25

Retificação da Matrícula: Proprietária vizinha de um shopping center não concorda com a correção na matrícula de seu imóvel ................................................................... 23

Taxas Condominiais: A aplicação da multa sobre o débito condominial vencido é de 2% conforme a convenção condominial .............................................................................. 17

Termo de Entrega do Imóvel: Responsabilidade pela entrega ......................................... 9

Índices de Correção Monetária .................................................................................... 35

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51ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Compra e Venda

Dicas para comprar um terreno

Lorena Lucena Tôrres*

O primeiro passo é verifi-car o histórico da empresa

responsável pelo loteamento,

pedir referências sobre osloteamentos lançados anteri-

ormente e visitá-los. Mas e se

o loteamento for de um parti-cular?

Vá à prefeitura e certifi-

que-se de que este lote temmatrícula, e se não está situ-

ado em terreno de marinha

ou em áreas de preservaçãoambiental.

Outra dica importante é vi-

sitar o local onde se desejaadquirir um lote, isso é fun-

damental para conhecer a

infraestrutura das ruas, ilumi-nação, segurança e verificar a

demarcação dos lotes.

Ademais, conferir no Regis-

tro de Imóveis o registro doloteamento, as licenças e a

aprovação do projeto. É reco-

mendável também verificar in-formações junto aos órgãos

ambientais e prestadores de

serviços públicos de água e luz.Deve-se também consultar

o Conselho Regional de Corre-

tores de Imóveis (Creci) paraverificar sobre a idoneidade da

empresa corretora. Saibam que

Loteamentos irregulares não sepreocupam muito com o futu-

ro de seus recebimentos. Por

isso, antes de concluir o negó-cio, deve-se verificar quem fi-

nancia o parcelamento e qual

documentação é exigida.Para efetuar o pagamento,

o consumidor deve dar a en-

trada ou sinal com cheque no-

minal à empresa, além de exi-gir um recibo de sinal e um

contrato que descreva de for-

ma detalhada o empreendi-mento.

É necessário também ana-

lisar com atenção a documen-tação do lote, pois, caso o lote

seja irregular a documentação

irá denunciar se ele está ins-talado próximo a áreas de

mananciais ou de proteção

ambiental.O que eu devo exigir do

vendedor?Na posição de comprador,

alguns documentos devem lhe

ser apresentados, para garan-

tir que a situação do terrenoestá correta. Sendo eles:

• Certidão de proprie-dade do imóvel - O vende-

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6 1ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Compra e Venda

dor deve lhe entregar a certi-dão de propriedade do imóvel

atualizada junto ao cartório lo-

cal. É a partir dela que vocêpode levantar o histórico do

terreno, para então saber se

ele anteriormente foi vendido,hipotecado ou arrendado.

• Carnê de IPTU – Nes-

te, constarão as metragens doterreno e seu valor venal.

• Se o vendedor for pes-

soa jurídica, deve-se exigira Certidão Negativa de Dé-bitos (CND).

Ainda pode ser exigida, sequiser, a Certidão Negativade Débitos Municipais, na

qual o comprador poderá sa-ber se existem outras taxas de

débito com o município, refe-

rentes ao terreno.Caso o vendedor seja casa-

do, verifique os documentos do

cônjuge, pois caso haja algu-

ma pendência, você poderásofrer com isso mais à frente!

Dicas extras do Procon:1 - Os loteamentos apro-

vados, deverão ser abaste-cidos de água potável,energia elétrica e esgoto?

Sim. O parcelamento do

solo urbano poderá ser feito

mediante loteamento ouparcelamento. A legislação

define como lote, o terreno

servido de infraestrutura bá-sica cujas dimensões atendam

aos índices urbanísticos da

zona em que se situe.Consideram-se infraestru-

tura básica os equipamentos

urbanos de escoamento daságuas pluviais, iluminação pú-

blica, redes de esgoto sanitá-

rio, abastecimento de águapotável, energia elétrica públi-

ca e domiciliar e as vias de cir-

culação pavimentadas ou não.

2 - Qual o cuidado antesde adquirir um lote?

Antes de dar qualquer sinal

ou reserva, o consumidor de-verá verificar na Prefeitura se

o loteamento está devidamen-

te aprovado, se está localiza-do em área de manancial ou

área de proteção ambiental, se

não há qualquer restriçãoquanto a construção.

No Cartório de Registro de

Imóveis, deve-se verificar seo loteamento está registrado

de acordo com a aprovação da

Prefeitura e requisitar certidãode propriedade e negativa de

ônus e alienação, para obser-

var se o proprietário que cons-ta no Cartório é o mesmo que

está vendendo o lote e se o

lote está regular.3 - A publicidade deve

ser guardada após ser con-cretizada a compra?

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71ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Compra e Venda

Sim. É importante guardartodos os prospectos publicitá-

rios do loteamento, para ga-

rantir o cumprimento da ofer-ta por parte da empresa. Es-

ses documentos passam a in-

tegrar o contrato.4 - E se o fornecedor não

cumprir a oferta?Se o fornecedor recusar o

cumprimento à oferta, o con-

sumidor poderá exigir o cum-

primento forçado da obriga-ção, nos termos da oferta,

apresentação ou publicidade.

Ou pode aceitar outro produ-to equivalente ou ainda res-

cindir o contrato, com o direi-

to à restituição de quantia an-tecipada.

5 - Quais os cuidados aoassinar o contrato?

O contrato deve ter a qua-

lificação e endereço das par-tes, nome e localização do

loteamento, número e data

do registro, descrição, con-frontações, áreas e demais

características do terreno,

preço, prazo, valor do sinal,forma e local de pagamento,

taxas de juros de financia-

mento e de mora, a quemcabe o pagamento de impos-

tos e taxas do terreno e a

forma de acerto caso hajadiferença na metragem do

imóvel.

Exija o contrato assinadopelas partes e por duas teste-

munhas e registre o contratono Cartório de Registro de Imó-

veis.

6 - Quais as providênci-as que deverão ser toma-das ao término do paga-mento do lote?

Ao concluir os pagamentos,

providencie a escritura defini-

tiva, que deverá ser lavrada noTabelionato de Notas, munido

de todos os documentos pes-

soais do comprador, respecti-va prova de quitação e contra-

to. Em seguida, registre a es-

critura no Cartório de Registrode Imóveis. Após, peça por es-

crito na Prefeitura a alteração

do IPTU para seu nome e en-dereço.

* A autora é Administradora de empresas e Advogada, em Fortaleza/CE. Especialista na áreaambiental, com MBA, atuante nas áreas cível e consumidor. Livro publicado pela Editora Lumens

Juris. Membro da Comissão de Direito Ambiental e Direito Marítimo, Portuário, Aeroportuário e

Aduaneiro da OAB/CE.

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8 1ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Sobrinho comprova sanidade mental de sua tiae justiça mantém a venda do imóvel

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação anulatória de escritura de compra e venda e cance-

lamento do registro imobiliário de um imóvel.

A proprietária do imóvel faleceu sem deixar herdeiros, em 2012. Um dos seus dois sobrinhos,

junto com a mulher, tomavam conta dela.

O Outro sobrinho alegou que houve fraude na venda do imóvel, disse que quando sua tia ainda

era viva, era dependente e vulnerável, devido à idade avançada, com baixo grau de instrução não

tinha total discernimento da realidade. Pediu a nulidade da compra e venda.

O sobrinho e sua mulher se defenderam dizendo que assumiram os cuidados com a tia, que era

solteira, passando a residirem em casa próxima. Argumentaram que não existiam irregularidades,

uma vez que mesmo com idade avançada se encontrava lúcida, orientada e capaz no momento da

venda do imóvel.

O Tribunal verificou que não existe prova concreta acerca da incapacidade da tia falecida na data

em que foi firmada a venda. O atestado médico juntado aponta a sua total lucidez, não restando

qualquer irregularidade ou mácula por qualquer vício.

Portanto, foi julgado improcedente a ação anulatória de escritura de compra e venda a ela

concedida.

Ementa: Apelação Cível. Promessa de compra e venda. Ação anulatória de escritura pública e

registro de compra e venda de bem imóvel. Livre disposição. Validade do negócio jurídico. Prefacial

de Mérito. Decadência. Conforme o art. 178, II, do CC, é de quatro anos o prazo de decadência para

a anulação de negócio jurídico decorrente de vício de consentimento. Alegação de nulidade absoluta

que não se submete ao prazo decadencial. Preliminar. Nulidade da Sentença. Indeferimento de

produção de prova que não caracteriza cerceamento de defesa, competindo ao juiz, como destina-

tário da prova, aferir sobre a sua necessidade. Documentação financeira referente à falecida que

não tem o condão de comprovar a alegada nulidade contratual. Mérito. Pretensão de anulação de

compra e venda de bem imóvel, movida por sobrinho da falecida em face de outro sobrinho. Negó-

cio realizado diretamente pelo proprietário do imóvel. Caso em que a de cujus não deixou herdeiros

necessários, e não havia qualquer necessidade de resguardar patrimônio, dele podendo dispor

livremente. Daí o exame, pela sentença, da capacidade civil para o ato. A prova dos autos é firme

quanto ao pleno gozo das faculdades mentais pela falecida, bem como no que tange à ausência de

vício de consentimento. Sentença mantida. Prefacial de mérito e preliminar rejeitadas. Apelação

desprovida.

Dados da Decisão: TJRS – Apelação n° 70075406512 – Relatora: Mylene Maria Michel - Data

do Julgamento: 12.7.2018.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Compra e Venda

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91ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Termo de Entrega do Imóvel

Termo de responsabilidade pela entrega do imóvel

Pergunta: Preciso de um termo que especifique a responsabilidade na entrega do imóvel, pela

construtora, após a entrega pelo corretor e/ou imobiliária.

BDI Responde: Segue o termo a ser adequado ao caso concreto:

“TERMO DE RESPONSABILIDADE EM CONTRATO DE COMPRA E VENDAPelo presente Termo de Responsabilidade de um lado como VENDEDOR/CONSTRUTORA, Empre-

sa _____________________ (nome, pessoa jurídica de direito privado, devidamente inscrita noCNPJ/MF sob o nº __________, com sede na Av. _________________ (endereço completo) neste

ato representado por seu sócio administrador Fulano _____________ (nome, nacionalidade, esta-

do civil, profissão, RG, CPF, endereço), ___________________ e, de outro lado como INTERMEDI-ÁRIO: Imobiliária o ou Corretor Fulano ________________ (nome, nacionalidade, estado civil,

profissão, RG, CPF, endereço), CONCORDAM mediante termo e condições abaixo, que se obrigam a

observar e cumprir, por si, seus herdeiros e sucessores:É de inteira e exclusiva responsabilidade do VENDEDOR/CONSTRUTORA, quanto aos vícios e

defeitos que se apresentarem no decorrer da aquisição do imóvel, estendendo-se tal responsabili-

dade pelo prazo de 24 meses, após a aquisição do imóvel, assim como as garantias contratuais elegais, e ainda, a entregar o imóvel livre e desembaraçado de ônus (IPTU, cotas condominiais e

outros referentes ao imóvel), ficando o COMPRADOR responsável por todos os encargos a partir da

presente data.

Local e data

_________________________ _________________________

Vendedor/Construtora Imobiliária/Corretor”

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10 1ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Locação sem Garantia

Quais as vantagens de alugar um imóvel sem garantia?

Fellipe Duarte*

Diante da insegurança eco-

nômica que o país vive atual-mente, diversos imóveis têm

permanecido por um longo

espaço de tempo sem alugar.Isto gera prejuízo ao proprietá-

rio, que muitas vezes tem de

arcar com os custos do bem(como IPTU e condomínio) e

insegurança no sentido de o

imóvel estar sujeito a invaso-res.

Nas locações de imóveis é

possível que o locador, comoforma de garantir a locação,

exija uma forma de garantia.

Dentre as quais a caução e afiança. Ocorre que nem sem-

pre os locatários têm possibi-

lidade de apresentar uma ga-rantia, o que dificulta a loca-

ção do imóvel.

Como alternativa a esta si-tuação, o locador pode alugar

seu imóvel sem qualquer ga-

rantia. Mas pergunta-se: exis-te vantagem na locação sem

garantia?

Muito embora o contratoesteja desprovido de garanti-

as, em algumas situações a

locação sem garantia se mos-tra vantajosa. A seguir serão

enumeradas suas vantagens:

1. Facilita a locação, deforma que também diminuio tempo que o imóvel ficadesocupado;

Neste caso, aumenta a agi-

lidade com que o locador ache

um locatário. Pois contratoscom garantias muitas vezes

dificultam a locação, tendo em

vista que nem sempre é fácilpara o locatário achar fiadores

com patrimônio e nem sempre

esses inquilinos têm dinheiropara a prestação de caução.

2. A Lei do Inquilinato(Lei nº 8.245/91), em seuart. 42, permite a cobrançaantecipada do aluguel casonão haja garantia.

A cobrança antecipada do

aluguel, aquela em que o lo-

catário paga no início do mêspara só então usufruir do imó-

vel, em regra é proibida pela

lei. É, inclusive, contravençãopenal (art. 43, III da Lei 8.245/

91) fazê-lo. Ocorre que a lei

permite esta cobrança anteci-pada quando o contrato está

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111ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

desprovido de garantias.3. No despejo do inquili-

no, permite-se o despejoliminar para que o inquili-no desocupe o imóvel em15 dias (conforme art. 59,IX da Lei 8.245/91);

Sabe-se que a justiça é

morosa e processos judiciaisdemoram anos. Nas ações de

despejo, por exemplo, o loca-

dor só consegue fazer com queo juiz mande que o locatário

saia do imóvel depois de es-

gotados todos os recursos ca-bíveis no processo. Isso pode

levar dois ou três anos. E no

decorrer deste tempo o loca-

dor fica sem receber os valo-res referentes à locação. Mas

quando o contrato não possuigarantia, é possível que o lo-

cador peça uma liminar, ou

seja, é possível que a retiradado locatário do imóvel se dê

logo no início do processo. De

forma que o juiz dará 15 diaspara que o locatário desocupe

o imóvel.

Mas é importante salientarque para que esta liminar seja

aprovada, o locador deve pres-

tar caução em juízo, corres-pondente a três meses o valor

do aluguel. Esta caução serve

para eventuais perdas e danos

que o locatário venha a ter. Aofinal do processo o dinheiro

pode ser levantado pelo loca-dor.

Portanto, se por um lado

existem vantagens de um con-trato sem garantias, também

existe a desvantagem de que

o contrato ficará “despro-tegido”, de modo que existe o

risco de o locador não receber

a locação enquanto o imóvelestiver ocupado.

Por fim, a depender do caso

concreto, o locador deve deci-dir se vale ou não a pena a

locação desprovida de garan-

tias.

* O autor é Advogado, em Juiz de Fora/MG. Pós-graduado em Direito Ambiental (UFPR) e

Direito Imobiliário (UNISC). Membro da Comissão do Meio Ambiente da OAB/MG, subseção Juizde Fora. Membro do Instituto de Direito Privado.

Locação sem Grantia

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12 1ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Locatários não comprovaram os pagamentos dos aluguéisem atraso e nem das benfeitorias que realizaram

Comentário do BDI: Trata-se de uma Ação de Despejo e Cobrança de aluguéis.

A locadora relatou o inadimplemento do locatário, de outubro de 2014 à fevereiro de 2015. Pediu

o despejo, além da condenação ao pagamento dos aluguéis atrasados e dos encargos locatícios.

Os locatários alegaram que os documentos que comprovariam o pagamento dos aluguéis não

foram juntados e analisados. Disse que realizou inúmeras benfeitorias no imóvel, citando a obser-

vância do art. 35 da Lei n° 8.245/91, que “dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os

procedimentos a elas pertinentes. (...). Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário,

as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador,

bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de

retenção.”

O Tribunal verificou que não há prova alguma de pagamento dos aluguéis e nem das benfeitorias

apontadas pelos locatários. Portanto, foram condenados ao pagamento dos aluguéis atrasados e

demais encargos contratuais devidos até a desocupação do imóvel.

Ementa: Locação de imóvel residencial urbano. Ação de despejo e cobrança de aluguéis. Pedi-

dos julgados parcialmente procedentes. Gratuidade de justiça. Pessoa natural. Documentos

comprobatórios da hipossuficiência econômica. Benefício concedido. Pretensão de anulação da sen-

tença por deficiência de fundamentação e da apreciação da prova. Inviabilidade. Ato decisório

devidamente fundamentado. Presunção de pagamento. Art. 322 do Código Civil. Inaplicabilidade.

Prova documental de não pagamento dos aluguéis. Sentença mantida. Honorários recursais.

Majoração. Recurso não provido.

Dados da Decisão: TJSP – Apelação Cível n° 1007733-93.2015.8.26.0577 – Relator: Alfredo

Attié - Data do Julgamento: 19.7.2018.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br

Despejo e Cobrança

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131ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Locatários e fiadores podem ser notificadosextrajudicialmente pelo atraso do pagamento?

Pergunta: Em um contrato de locação posso notificar os locatários e os fiadores pelo atraso no

pagamento? E qual o prazo mínimo extrajudicialmente para notificá-los? E quando posso entrar na

justiça?

BDI Responde: A notificação ao locatário inadimplente poderá ser feita sem qualquer impedi-

mento legal e a qualquer tempo. O mesmo vale para a notificação extrajudicial dos fiadores, pois alei não exige a notificação prévia destes, tendo em vista serem devedores solidários. Não há neces-

sidade de notificação prévia dos fiadores para o ajuizamento da ação de execução, por ausência de

previsão legal. Com relação ao prazo para ingressar na justiça, este será à partir do momento emque o atraso ocorreu.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Existe direito de preferência sobre laje?

Pergunta: Em uma casa locada existe uma laje, a proprietária pode efetuar a venda da laje a

terceiros? Ou tem que dar preferência ao locatário da casa toda incluindo a laje, na venda desta

laje?

BDI Responde: Conforme menciona o Art. 1510-A, da Lei 10406/02: “O proprietário de uma

construção base poderá ceder a superfície superior ou inferior de sua construção a fim de que otitular da laje mantenha unidade distinta daquela originalmente construída sobre o solo. (...)”

Em nosso entender a locação de laje constitui locação de imóvel urbano, sujeitando-se portanto

à Lei do Inquilinato. Nesse sentido, o locatário mantém o direito de preferência como nas demaislocações urbanas.

Nota do BDI: Como se trata de um instituto novo o tema fica aberto a debates.

Direito Real de Laje

Notificação dos Locatários/Fiadores

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14 1ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Atos Intoleráveis na Assembleia

Atos intoleráveis em assembleia de condomínio

Miguel Zaim*

Como sabemos, a Assem-bleia em condomínio é um ór-

gão soberano nas tomadas de

decisões, onde todos os condô-minos são convidados a parti-

cipar para debaterem sobre o

que foi posto em pauta, res-peitando sempre as formalida-

des legais previstas no Código

Civil, Convenção e RegimentoInterno.

Esse conjunto de debates

entre a sociedade condominial,na maioria das vezes envolve

o direito de alguém, que para

um lado pode ser bom, e paraoutro lado não. Como no exem-

plo: na deliberação para apli-

cação de multa para ocondômino que não cumpre

reiteradamente com seus de-

veres, conforme o art. 1.337,do Código Civil: Art. 1337. O

condômino, ou possuidor, que

não cumpre reiteradamentecom os seus deveres perante o

condomínio poderá, por delibe-

ração de três quartos doscondôminos restantes, ser

constrangido a pagar multa

correspondente até ao quín-tuplo do valor atribuído à con-

tribuição para as despesas

condominiais, conforme a gra-vidade das faltas e a reitera-

ção, independentemente das

perdas e danos que se apurem.Como no exemplo acima,

não é raro acontecer do

condômino se exaltar, pro-vocar tumulto, desrespei-tar, agredir tanto verbal-

mente como fisicamente,entre outros. Não só neste

exemplo, mas em outros casos

também poderam ocorrer situ-ações dessas.

Nesses tipos de situações, o

Síndico e a Administradora(caso haja), deverão tomar as

medidas necessárias para

reprimir o condômino que cau-sou algum ato inconveniente na

assembleia.

Listaremos algumas condu-tas que poderão caracterizarcrime, passível de prisão docondômino e responsabili-dade civil.

Tumulto: o ato de provo-car tumulto está descrito noart. 40, da Lei de Contraven-ções Penais, Decreto-Lei nº

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151ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Atos Intoleráveis na Assembleia○

3.688/41:“(...)Art. 40. Provocar tumulto

ou portar-se de modo incon-veniente ou desrespeitoso,em solenidade ou ato oficial,

em assembleia ou espetácu-

lo público, se o fato não consti-tui infração penal mais grave;

Pena – prisão simples, dequinze dias a seis meses, oumulta, de duzentos mil réis a

dois contos de réis(...)”.

Nessas situações, como nasque serão demonstradas logo

abaixo, o Presidente da mesa

ou qualquer condômino solici-tará que conste em ata o tu-

multo provocado pela parte,bem como, a depender do caso,

solicitará que à pessoa que está

provocando o ato se retire daassembleia, justificando a ati-

tude.

Caso a pessoa não respei-te a ordem solicitada, qual-

quer condômino poderá acio-

nar a Polícia Militar e relatar oocorrido, a fim de que sejam

tomadas as providências ca-

bíveis.Desrespeitar: Como atos

de desrespeito podemos enten-

der os crimes que ofendema honra, previstos no Código

Penal, como Calúnia, Difama-ção e Injúria:

Calúnia: Consiste no ato de

afirmação falsa e desonrosa a

respeito de alguém, previsto no

art. 138:“Art. 138 - Caluniar al-

guém, imputando-lhe falsa-mente fato definido comocrime:

Pena - detenção, de seismeses a dois anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena in-

corre quem, sabendo falsa a

imputação, a propala ou divul-ga.”

Alertamos que os casos de

Calúnia, como também de Di-famação e Injúria, são passí-

veis de responsabilidade civil,

como demonstra o seguintejulgado:

“Responsabilidade Civil -Danos morais - Procedência

decretada - Ofensa à honrasubjetiva do autor (condô-mino) traduzida por injus-ta ofensa verbal (injúria,difamação e calúnia) perpe-trada pelo réu (condômino)

Dever de indenizar reco-nhecido Agressão compro-vada por verossímil provadocumental (registro em li-vro de ocorrência do condo-mínio e ata de assembleiaextraordinária), aliada a re-

nitência da conduta do réu -Manutenção do édito conde-

natório no montante de R$

3.000,00, que bem indeniza orequerente diante a circunstân-

cia do caso - Verba honorária

mantida - Inexistência de

sucumbência recíproca -Súmula 326 do STJ - Apelos

desprovidos, não conhecido o

recurso adesivo do réu.” (TJSP- APL nº 300181673.2013.8.26

.0595 – SP, Relator: Galdino

Toledo Júnior, Data de Julga-mento: 17/11/2015, 9ª Câma-

ra de Direito Privado, Data de

Publicação: 18/11/2015)Difamação: É o ato de de-

sonrar a reputação de alguém,

tornando público o descréditoà sua moral, art. 139:

“Art. 139 - Difamar alguém,

imputando-lhe fato ofensivo àsua reputação:

Pena - detenção, de trêsmeses a um ano, e multa.”

Nesses tipos de situações

vale-se atentar também paraos grupos de “WhatsApp”,

pois são passíveis de indeni-

zação:“Ação de reparação de da-

nos morais – Sentença de im-

procedência – Insurgência doautor – Ofensas dirigidas aoautor proferidas em grupode “Whatsapp” privado demoradores do condomínioem que o autor exercia afunção de síndico – Condu-ta ilícita da ré verificada –

Existência de dano moral em

relação ao autor – Valor da in-denização deve ser fixado se-

gundo os critérios da razoa-

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16 1ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Atos Intoleráveis na Assembleia○

bilidade e proporcionalidade

Correção monetária a partir doarbitramento e juros de mora

desde o evento danoso – Sen-

tença reformada – Recurso deapelo provido. Dá-se provi-

mento ao recurso. (TJSP nº

1012221-49.2015.8.26.0009– SP, Relator: Marcia Dalla Déa

Barone, Data de Julgamento:

16/05/2018, 2ª Câmara de Di-reito Privado, Data de Publi-

cação: 16/05/2018)

Injúria: Ato de ofender a

honra e a dignidade da pes-

soa, relacionados à qualidade

da pessoa, art. 140:

“Art. 140 - Injuriar al-

guém, ofendendo-lhe a dig-

nidade ou o decoro:

Pena - detenção, de uma seis meses, ou multa.”

Exemplo: chamando-o de

idiota, ladrão, macaco, entre

outras palavras de baixo ca-

lão. Vale mencionar o seguin-

te julgado:

“Dano moral. Ofensa ver-bal. Injúria praticada porcondômina em desfavor dopresidente de assembleiageral do condomínio. Evi-

denciado, por incontroverso,que a ré, ainda que em am-biente tumultuado deassembleia condominial,proferiu ofensa direta con-

tra o advogado contratadopelo síndico para presidirassembleia do condomínioresidencial, responde pelareparação do dano moralconsequente à violaçãocontra a honra. Recurso

parcialmente provido. Unâni-me. (TJRS Recurso Cível nº

7100 0838946 - RS, Relator:

João Pedro Cavalli Junior,Data de Julgamento: 20/04/

2006, Pr imeira Turma

Recursal Cível, Data de Pu-blicação: Diário da Justiça do

dia 27/04/2006)

Como citamos nos casos

de condomínios em assem-

bleia, nas quais, por nature-

za há várias pessoas, o Códi-

go Penal também descreve

como forma de agravante, ou

seja, aumenta de pena, caso

esses crimes sejam pratica-

dos na presença de várias

pessoas, conforme art. 141,

inciso III:

“Art. 141 - As penas comi-

nadas neste Capítulo aumen-

tam-se de um terço, se qual-quer dos crimes é cometido:

(…).

III - na presença de vári-as pessoas, ou por meio que

facilite a divulgação da calú-

nia, da difamação ou da in-júria.”

Agressão física: Consiste

em um ato mais gravoso, ondeum condômino ou qualquer

pessoa que participa da

assembleia, tendo um compor-tamento agressivo, lesa a in-

tegridade corporal de outro,

causando-lhe danos, passívelde prisão conforme o art. 129,

do Código Penal:

Art. 129. Ofender a integri-dade corporal ou a saúde de

outrem:

Pena - detenção, de trêsmeses a um ano.

Não só esses casos citados

devemos respeitar, mas tam-bém o Princípio dos BonsCostumes, sendo de grandeimportância para a sociedade

condominial, o qual implica em

dizer que os atos praticados emcondutas harmônicas, de acor-

do com o bem social, ações que

são consideradas essenciaispara a convivência.

Portanto, recomenda-se que

todos os condôminos se aten-tem para seus atos em assem-

bleia, pois são passíveis de re-

presentação cível e criminal.Que todo o condomínio, por

meio de seu representante em

assembleia, advirta a todos ospresentes sobre o princípio dos

bons costumes, sendo este um

dever.

* O autor é Presidente da Comissão de Direito Condominial da OAB/MT em Cuiabá MT.

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171ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

A aplicação da multa sobre o débito condominialvencido é de 2% conforme a Convenção Condominial

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de cobrança correspondente a débito condominial

vencido com multa.

O condomínio reclamou dizendo que a aplicação da multa prevista na Convenção Condominial éde 2%, a qual não foi considerada pelo juiz, bem como a fixação da correção monetária e dos juros

de mora desde a data do vencimento de cada taxa inadimplida.

Os condôminos não apresentaram defesa. Assim, foram-lhes aplicados os efeitos do artigo 344,do CPC/15, que diz: Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-

ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor.

O Tribunal verificou que a multa contratual é devida, conforme dispõe o art. 1.336, §1º, doCódigo Civil: “O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratórios

convencionados ou, não sendo previstos, os de um por cento ao mês e multa de até dois por cento

sobre o débito.” Os valores cobrados a título de despesas condominiais foram regularmente aprova-dos em Assembleia, devendo ser pagos pelos condôminos das respectivas unidades que compõem

o Condomínio, mostrando-se legítima a multa contratual de 2%, conforme ficou estipulada no art.

27, alínea “a”, da convenção do condomínio, bem como, a correção monetária e os juros de mora.Portanto, o pedido do condomínio contra o condômino foi julgado procedente.

Ementa: Despesas de condomínio – Cobrança - Pretensão redirecionada ao adjudicante da

unidade condominial devedora - Dever de pagamento ratificado - Obrigação propter rem - Ausênciade postulação do débito em sede extrajudicial que não afasta a pretensão creditícia deduzida na

inicial - Recurso não provido.

Dados da Decisão: TJSP – Apelação nº 0046950-16.2007.8.26.0554 – Relator: Ana CatarinaStrauch - Data do Julgamento: 9.10.2018.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br

Taxas Condominiais

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191ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Condomínio tem obrigação de fornecer balancetes,contratos e listas de inadimplências aos condôminos?

Todos os anos no condomínio acontece uma assembleia geral ordinária, em março. Conforme a

convenção é realizada a prestação de contas com o parecer do conselho fiscal. É apresentada a

previsão orçamentária que é aprovada pela assembleia.

Este ano aconteceu tudo normalmente, porém cinco condôminos resolveram solicitar os balancetes,

os contratos, o histórico de inadimplência, enfim uma série de documentos dos últimos cinco anos.

Pergunta: O condomínio tem obrigação de fornecer?

BDI Responde: Mesmo que em assembleia, entendemos que os documentos do condomínio

devem estar à disposição para a consulta dos condôminos. A menos que a convenção/regulamento

disponham de forma diversa.

Neste caso, poderá ser convocada uma Assembleia Geral Extraordinária com o fim de se aprovar

a análise de documentos antigos.

É importante mencionar que o condomínio não deve emprestar os documentos aos condôminos.

Estes poderão ser solicitados e analisados na presença de um membro do conselho fiscal por exemplo.

Análise de Documentos Antigos

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Prestação de Contas

Como elaborar a prestação decontas de um condomínio edilício

Sérgio Pontes*

A prestação de contas do

condomínio anual é obrigató-ria conforme o Art.1348, VIII,

do Código Civil. É de atribui-

ção do síndico ordenar e justi-ficar todas as movimentações

financeiras de sua gestão.

Organizar uma apresenta-

ção contendo todas as despe-sas e investimentos de um ano

é um desafio que exige prepa-

ração. São diversos os docu-mentos que devem ser reuni-

dos e contabilizados. E, se você

é síndico de primeira viagem,

é possível que esteja perdidono meio dessa papelada toda.

Por isso, decidimos explicar

cada um desses documentosessenciais que devem ser en-

tregues na hora da prestação

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20 1ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Prestação de Contas

de contas do condomínio:

Relatório do Orçamento –Deve-se revisitar o orçamento

de gastos e receitas decidido

no início da gestão e compa-rar com o que foi feito, anali-

sando a diferença dos gastos

planejados e valores realmen-te gastos.

Relatório de Receitas –O documento divide-se emduas partes: condôminos

adimplentes e inadimplentes.

Neste último, deve-se acres-centar multas por atraso na

taxa condominial. Outra pos-

sível receita é o valor de alu-guéis de espaços comuns do

condomínio.

Relatório de Despesas –Para facilitar o entendimento,

faça uma divisão desse rela-

tório em três contas:• Fixas: folha de paga-

mento, contratos fixos, segu-

ros, administrativos, e outrositens que têm sempre valores

muito próximos mensalmente;

• Variáveis: manuten-ções programadas ou outros

gastos que tenham uma vari-

ação de valor mensal;• Extras: obras ou conser-

tos extraordinários.

É recomendável já informardespesas de emergência, para

que, assim que aprovada a

prestação de contas, já se pos-sa agilizar o orçamento da pró-

xima gestão.

Balancete – É o resumodas despesas e receitas do

condomínio, bem como o sal-

do do mês e o saldo atual. Aprestação de contas pode ser

feita de forma mensal, através

desse documento.• Saldo do mês: É a dife-

rença entre as receitas e des-

pesas do mês vigente.• Saldo atual: É o total

que o condomínio tem em cai-

xa. Para calcular este valorbasta somar o quanto o con-

domínio tinha em caixa no mês

anterior com o saldo mês atual.Inadimplência – Divulgar

as métricas relevantes sobre

o assunto, como porcentagens,quantidade de cotas, valor por

unidade e ações tomadas para

redução do índice.Organização: planilha de

prestação de contas decondomínio

Agora que você já conhece

os documentos que precisam

estar na sua prestação de con-tas, é essencial compreender

como organizar essas informa-

ções. Os condomínios organi-zam toda a documentação em

uma pasta.

Online ou física, a pastanada mais é que um arquivo

onde se encontra todas as mo-

vimentações financeiras e do-cumentação sobre o que ocor-

reu no condomínio durante de-

terminado ano.É preciso esclarecer que,

sendo um documento do con-

domínio, a pasta deve estaracessível a todos os morado-

res. O síndico e os conselhei-

ros têm prioridade, mas qual-quer pessoa que reside no pré-

dio pode verificar o conteúdo.

Para melhorar a organiza-ção do síndico, sugerimos que

você utilize uma Planilha de

Prestação de Contas do Con-domínio. Dessa forma, a atu-

alização de movimentações fi-

nanceiras é mensal e vocêpode compartilhá-la com os

condôminos. Assim como os

documentos, essa planilhapode estar acessível para to-

dos os moradores.

Ao montar a pasta de pres-tação de contas, é interessan-

te fazer um resumo do que

está sendo especificado nosdocumentos daquele mês.

Desta forma, você facilita o en-

tendimento daqueles que vãoverificar a pasta.

Segundo o Art. 1.348 do

Código Civil brasileiro, o síndi-co é obrigado a prestar contas

à assembleia anualmente e

quando exigido ou seja, ocondômino pode pedir para

conferir as contas do condo-

mínio sempre que achar neces-sário.

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211ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Prestação de Contas

Apesar desse detalhe na lei,

existem profissionais do meio

jurídico que defendem que umcondômino sozinho não possui

legitimidade para propor uma

ação de prestação de contas.De acordo com esses especia-

listas, o síndico só deve pres-

tar contas perante a assem-bleia como um todo. Indepen-

dentemente da interpretação

da legislação, o síndico deveprezar pela transparência e

permitir ao menos o acesso

dos moradores à pasta deprestação de contas.

A prestação de contas anu-

al ocorre durante a AssembleiaGeral Ordinária (AGO), a reu-

nião de condomínio focada na

aprovação das despesas dosúltimos 12 meses e na previ-

são orçamentária para o pró-

ximo ano.O ideal é que se utilize o iní-

cio do ano, o período de janei-

ro a março, para realizar a

AGO. Entretanto, cada síndico

deve seguir as normas e pra-zos estipulados pela conven-

ção do condomínio.

Se o síndico não convocaruma assembleia de condomí-

nio para apresentar a presta-

ção de contas, os moradorestêm o direito de convocar uma

assembleia a partir de um

abaixo-assinado com a assina-tura de um quarto dos condô-

minos, conforme prevê o Art.

1.350.Uma dúvida recorrente é: qual

o prazo para exigir a presta-ção de contas de síndicos an-teriores? Se apresentação anu-

al não for feita, o prazo de pres-

crição da prestação de contas emcondomínio é de três anos, con-

forme explica o Art. 206 § 3º, do

Código Civil.Como apresentar a presta-

ção de contas do condomínio?

Por mais que você tenha to-

das as informações documen-

tadas e completas, se não asapresentar de forma acessível,

pode deixar dúvidas ou mes-

mo maus entendidos. Esse cui-dado e organização aumenta

a credibilidade e confiança no

síndico, gerando mais anda-mento e fluidez.

Aqui estão algumas dicas

para a prestação de contas emcondomínio:

Prepare-se antes do diada reunião: Tenha informaçõesimportantes anotadas e as or-

ganize de maneira que fiquem

acessíveis a você caso alguémfaça uma pergunta. É funda-

mental solucionar as dúvidas

dos condôminos durante a reu-nião.

Prepare um material deapoio para entregar aoscondôminos: a prestação de

contas possui muitas informa-

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22 1ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Prestação de Contas

ções e nem todos os morado-

res vão conseguir lembrar tudoo que foi citado. Portanto, ela-

bore um material para acom-

panhar a sua apresentação.Além disso, planilhas de gas-

tos e outros assuntos podem

ser incluídos nesse material.Prepare uma apresenta-

ção visualmente estimulan-te: nada de tédio e textões!Use gráficos, compare infor-

mações de anos anteriores

com o atual. Tome cuidadopara que o material entregue

e sua apresentação sejam

complementares – e não re-petidos.

Divida tudo em catego-rias: para evitar o amontoa-

mento de informações, sepa-

re os valores em categorias.Por exemplo: custos mensais,

despesas extraordinárias, or-

çamentos de obras, etc.Glossário de termos

contábeisPara ajudar os diversos sín-

dicos de primeira viagem Bra-

sil afora, preparamos uma re-

lação com os principais termoscontábeis que você precisa co-

nhecer para realizar uma pres-

tação de contas em condomí-nio de qualidade.

Confira:

Receita: É todo dinheiro re-cebido. No caso do condomí-

nio, são as taxas condo-

miniais, rateios para despesasextras e outra fonte de renda

que existir.

Despesas: É tudo o que ocondomínio gastou, desde o

pagamento dos funcionários,

manutenção das áreas co-muns, até aqueles custos ex-

traordinários que não estavam

previstos no orçamento inicialdo condomínio.

Resultado do exercício:total das receitas menos o to-

tal das despesas ocorridas du-

rante aquela gestão.Resultado corrente: É o

total das receitas menos o to-

tal das despesas, não contan-do com as despesas e receitas

extraordinárias. Este resulta-

do é importante para planejaro orçamento do próximo ano.

Resultado transitado:São os valores vindos do anoanterior, ou seja a soma do

saldo da Conta à Ordem, Con-

ta Poupança Condomínio eCaixa, transitados do Exercí-

cio anterior.

Resultado a transitar:São os valores do ano em

questão mais o resultado tran-

sitado. Este resultado será dis-tribuído pelo saldo da Conta à

Ordem, Conta Poupança Con-

domínio e Caixa no último diado ano.

Qual o papel do ConselhoFiscal na prestação decontas do condomínio?O conselho fiscal do condo-

mínio, formado por parte dosmembros da diretoria, é res-

ponsável por averiguar todosos gastos feitos ao longo do

ano. É ele que orienta sobre

todo o recurso utilizado. Nor-malmente, o conselho faz uma

reunião mensal para avaliar a

pasta juntamente com o sín-dico.

É fundamental esclarecer

que o papel do Conselho é ape-nas para assessorar o síndico

ao longo do ano. A prestação

de contas é voltada aos condô-minos.

* O autor é Advogado no RJ, Pós Graduado em Direito do Consumidor - Emerj – 2002. PósGraduado em Direito Civil - Damásio de Jesus – 2008. Pós Graduado em Processo Civil - Damásio

de Jesus – 2009. Atua na Área Cível com foco em Responsabilidade Civil. Curso de Extensão em

Execução de Títulos Judiciais e Extrajudicias - 2012 Curso de Extensão em Invetário e Partilha -2017 Curso de Extensão em Direito Imobiliário – 2018. Curso Masterjuris de Atualização em

todos os ramos do Direito - 2017 e 2018 Autor de Artigos Jurídicos – Jusbrasil.

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231ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Proprietária vizinha de um shopping center nãoconcorda com a correção na matrícula de seu imóvel

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação com o pedido de retificação imobiliária, com

consequências para os imóveis vizinhos em contorno a um shopping center que será ampliado.

A proprietária alegou que o seu imóvel, com a retificação pretendida pela administração do

shopping center na ampliação, passaria consequentemente a ter duas frentes, ficaria vulnerável a

riscos de assaltos e com isso seu imóvel se desvalorizaria, além de ter mais despesas, o que lhe

causaria prejuízos. Pediu a improcedência do pedido de retificação feito pela administração do

shopping center.

O Tribunal verificou que o pedido de retificação apresentado ao Oficial de Registro Público está

amparado em laudos técnicos os quais comprovam que a descrição imobiliária das matrículas dos

imóveis estão desparelhas quanto à realidade fática, portanto, necessária a retificação matricular,

amparado nos arts. 213 e 214 da Lei de Registros Públicos. Sabendo que a maior parte dos vizinhos

concordaram, sendo que apenas a proprietária ficou em desacordo. Portanto, não há provas ou

evidências de prejuízos a serem suportados pela proprietária. Assim, foi julgado improcedente o

pedido da proprietária em não querer a retificação dos imóveis feito pela administração do shopping

center.

Ementa: Apelação Cível. Registro de imóvel. Benefício da gratuidade da justiça. Comprovação

da necessidade. Deferimento do benefício. Registro expressão da verdade matricular. Retificação.

prova da regularidade. - Defere-se o benefício da gratuidade da justiça sem outras perquirições, se

o requerente, pessoa natural, comprovar renda mensal bruta abaixo de cinco salários mínimos

nacionais, conforme entendimento firmado pelo Centro de Estudos do Tribunal de Justiça do Rio

Grande do Sul, que adoto (Enunciado nº 49) - Todas as formalidades administrativas e legais foram

cumpridas pela parte apelada, sendo que a irresignação da parte apelante se refere a eventuais

despesas e alegação de suposta insegurança fática de seu imóvel, o que não tem o condão de

impedir de evitar o procedimento instaurado pela apelada. - O pedido de retificação apresentado ao

Oficial de Registro Público está amparado em laudos técnicos os quais comprovam que a descrição

imobiliária das matrículas estão desparelhas à realidade fática, portanto, necessária a retificação

matricular nos termos dos arts. 213 e 214 da Lei de Registros Públicos. Apelo parcialmente provido

apenas para conceder a gratuidade de justiça.

Dados da Decisão: TJRS – Apelação nº 70077671311 – Relator: Des. Gelson Rolin Stocker -

Data do Julgamento: 12.7.2018.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Retificação da Matrícula

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24 1ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Oficial negou a averbação da penhora porqueo executado não consta como proprietário do imóvel

Comentário do BDI: Trata-se de um pedido de providências feito por uma interessada contra o

Oficial de Registros Públicos com o objetivo de obter a averbação da penhora sobre os direitos do

imóvel da matrícula n° 193.889.A interessada afirmou que em sede de execução de título extrajudicial, em tramitação perante a

43ª Vara Cível, foi deferido a seu favor um termo de penhora sobre os direitos do imóvel acima

descrito.O Oficial argumentou que não fez o registro da penhora porque o executado não consta como o

proprietário do imóvel e não foi apresentada a via original do instrumento particular de compromis-

so de compra e venda.O Tribunal verificou que o imóvel estava registrado sob titularidade diferente da do executado. A

proprietária que consta na matrícula foi citada na execução e informou que, o bem foi vendido ao

executado. Neste sentido, em comentário ao artigo 237 da Lei de Registros Públicos, dispõe Fran-cisco Eduardo Loureiro: “Cria-se, em outras palavras, um encadeamento de titularidades, ou cadeia

dominial, na qual o transmitente de um direito deve necessariamente constar do registro como seu

titular. Funciona o registro imobiliário como os elos de uma corrente, um encadeado no outro, semsaltos nem soluções, de tal modo que toda titularidade sobre o imóvel apareça concatenada com a

anterior e a sucessiva.”

Portanto, foi julgado improcedente o pedido de providências da interessada, mantendo-se aexigência do Oficial, em que deve ser primeiro apresentado a registro, o título que transmite ao

executado os direitos sobre o imóvel, para que então possa ser feito o registro da penhora.

Ementa: Execução Extrajudicial. Penhora sobre direitos. Compromisso de compra e venda nãoregistrado. Continuidade. Título original. Cópia.

Dados da Decisão: 1ª Vara de Registros Públicos de São Paulo – Pedido de Providências n°

1085346-63.2018.8.26.0100 – Relator: Tânia Mara Ahualli - Data do Julgamento: 12.9.2018.Nota do BDI: Veja a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Averbação da Penhora

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251ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

É necessário reconhecimentode firma em nota promissória?

Pergunta: Quando se preenche uma nota promissória é necessário fazer o reconhecimento de

firma?

BDI Responde: Não há necessidade de reconhecimento de firma da assinatura contida na nota

promissória, pois o Decreto nº 2044/1908, que regulamenta o referido título, não traz essa

obrigatoriedade no rol do seu art. 54, a saber:

“Art. 54. A nota promissória é uma promessa de pagamento e deve conter estes requisitos

essenciais, lançados, por extenso no contexto:

I. a denominação de “Nota Promissória” ou termo correspondente, na língua em que for emitida;

II. a soma de dinheiro a pagar;

III. o nome da pessoa a quem deve ser paga;

IV. a assinatura do próprio punho da emitente ou do mandatário especial.”

Não obstante, o credor pode exigir o reconhecimento da firma, para maior garantia de autentici-

dade da assinatura.

Reconhecimento de Firma

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Construtora indenizará por inundaçãoe danos ocasionados no imóvel vizinho

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação indenizatória por danos morais e materiais.

O Proprietário do imóvel foi contemplado com uma unidade habitacional no projeto “Minha Casa

Minha Vida” e, logo após a mudança e arrumação do imóvel, sofreu inundação em razão de grande

vazão de água vinda do imóvel vizinho superior, que estava desocupado.

O proprietário do imóvel argumentou que foi deixada uma torneira aberta, correndo água duran-

te a noite inteira, sem ser possível o ingresso na unidade para o fechamento do registro, as chaves,

segundo o síndico, estavam em poder da construtora. Disse que houve diversos danos em seu

imóvel. Pediu por danos materiais e morais, já que os estragos não foram reparados, apenas a

pintura do imóvel. Pediu pela reforma do seu imóvel e que sejam solucionandos todos os problemas

de infiltrações existentes, ou que seja fornecido outro imóvel digno de moradia.

A construtora se defendeu dizendo que não é responsável pelo ocorrido, pois não pode ser

Inundação em Imóvel Vizinho

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26 1ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

considerada proprietária do imóvel que pertence à Caixa Econômica Federal.

O Tribunal verificou que as chaves estavam na posse da construtora, a qual tinha o dever deguarda do imóvel, inclusive para cuidar e fiscalizar eventual ingresso de pessoas no imóvel. Portan-

to, a construtora foi condenada a pagar ao proprietário o valor de R$ 1.400,00, acrescido de corre-

ção monetária desde setembro/2012 e juros legais de 1% ao mês a partir da citação, bem como aopagamento indenizatório por dano moral fixado em dez salários mínimos, com juros legais de 1%

ao mês a partir da citação. Arcará a construtora com a impermeabilização da laje superior do

apartamento do proprietário, corrigindo os problemas de infiltração, de modo a solucionar emdefinitivo o problema. Fixado o prazo de 120 dias para conclusão dos serviços.

Ementa: Direito de Vizinhança - Indenização por danos materiais e morais - Ilegitimidade pas-

siva, afastada - Julgamento “extra petita”, não configurado - Perícia realizada indicou que a infiltra-ção é decorrente da má vedação e impermeabilização das lajes do prédio, não se tratando de um

problema pontual - Dever reparatório da Construtora - Dano moral - Sentença mantida - Recurso

desprovido.Dados da Decisão: TJSP – Apelação n° 3007914-89.2013.8.26.0590 – Relator: Claudio Hamil-

ton - Data do Julgamento: 19.7.2018.

Nota do BDI: Veja a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Inundação em Imóvel Vizinho

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Direito de Vizinhança

Meu vizinho construiu umajanela rente ao meu muro, e agora?

Paloma Pricila*

Todas as visitas que entram

na minha casa me enchem de

perguntas, assim como vocêdeve estar se fazendo agora:

“Você é advogada essa janela

pode ficar aí?”; “Esse vizinhopodia fazer isso doutora?”; “O

que você vai fazer? Como vai

ser o procedimento com o seuvizinho?”; “Vi no google que o

vizinho não pode construir ja-

nela assim não é?”

E como sei que essas sãoas dúvidas de muitos brasilei-

ros… O post de hoje é um pou-

co do que a legislação brasi-leira fala sobre o direito de vi-

zinhança x as construções das

janelas.Um clássico exemplo de bri-

ga entre vizinhos é justamen-

te o que estou passando diari-

amente, ou seja, as constru-ções de janelas e aberturas de

qualquer maneira sem obser-

var a legislação.E o que a legislação traz

sobre isso?O Código Civil Brasileiro em

seu artigo 1.299, prevê que:

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271ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Direito de Vizinhança

“Art. 1.299. O proprietário

pode levantar em seu terreno

as construções que lheaprouver, salvo os direitos dos

vizinhos e os regulamentos

administrativos.”E quais seriam os limites

para esta liberdade deconstrução do proprietá-rio?

O legislador definiu normas

no que se refere à construçãode muros de divisória, a cons-

truções que poluam aquífero

do imóvel vizinho, tragam in-filtrações ou outros danos.

Também, na legislação é ve-

dado a abertura de janelas,terraço ou varanda, a menos

de 1,5m do terreno do vizinho.

“Art. 1.301 É defeso abrirjanelas, ou fazer eirado, ter-

raço ou varanda, a menos de

metro e meio do terreno vizi-nho. § 1º As janelas cuja vi-

são não incida sobre a linha

divisória, bem como as per-

pendiculares, não poderão ser

abertas a menos de 75 (seten-ta e cinco) centímetros. […]”

As regras não têm o objeti-

vo de criar vantagens para osproprietários, mas sim evitar

prejuízos ao bom convívio so-

cial, impedindo que o direitode propriedade seja posto aci-

ma de outros interesses.

Desta forma, caso o vizinhoqueira realizar a construção de

uma janela, este deverá veri-

ficar a linha de divisória entreo seu imóvel e o de seu vizi-

nho e, deste ponto, estabele-

cer a distância de um metro emeio para iniciar a sua cons-

trução. (Mas é isso caros lei-

tores, que o meu vizinho de-veria fazer… e não fez!)

E qual o prazo para re-clamar em juízo da obra ir-regular?

E se você conversou com o

vizinho, denunciou o mesmo

na secretária de obras da sua

cidade (como eu fiz) e mesmoassim a janela foi construída,

saiba que a lei determina um

prazo limite para que você re-clame em juízo e faça cessar a

obra, seja com a interrupção

da mesma ou demolição dasjanelas irregulares.

Conforme dispõe o artigo

1.302 ainda do Código Civil:“Art. 1.302 O proprietário

pode, no lapso de ano e dia

após a conclusão da obra, exi-gir que se desfaça janela, sa-

cada, terraço ou goteira sobre

o seu prédio; escoado o pra-zo, não poderá, por sua vez,

edificar sem atender ao dispos-

to no artigo antecedente, nemimpedir ou dificultar o escoa-

mento das águas da goteira,

com prejuízo para o prédio vi-zinho.”

Caso o vizinho prejudicado

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28 1ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Direito de Vizinhança

pretenda reclamar das irregu-laridades exigindo assim que

sejam desfeitas as construções

inadequadas, vale lembrar queo “direito não socorre aos que

dormem”, ou seja, o vizinho

deve fazê-lo em até 1 ano e 1dia após a conclusão da obra,

ou seja, passando este perío-do não será possível reverter

a obra irregular. Passando esse

período de 1 ano e 1 dia o vi-zinho prejudicado não mais

poderá exigir a demolição da

construção.Não obstante ao prazo pre-

visto em lei há também o di-

reito de reparação de danosprevisto no código civil, caso

a irregularidade da obra tenha

gerado prejuízos, o vizinhoprejudicado poderá reivindicar

seu direito de reparação pelos

danos causados.Já se passaram anos da

construção irregular, e

agora? Vou ficar com o pre-juízo?

Nos casos em que a conclu-

são da obra tenha ocorrido amais de 1 ano e 1 dia, a solu-

ção que nos resta para cessar

a irregularidade seria o levan-tamento de um contra-muro,

maior que o do vizinho ao lado,mesmo que esta nova constru-

ção impeça a entrada de ar e

luz. Tal possibilidade encontraembasamento no parágrafo

único do artigo. 1.302.

“Art. 1.302. […] Parágrafoúnico. Em se tratando de

vãos, ou aberturas para luz,

seja qual for a quantidade,altura e disposição, o vizinho

poderá, a todo tempo, levan-

tar a sua edificação, ou con-tramuro, ainda que lhes vede

a claridade.”

Portanto, chegamos à con-clusão que é possível levantar

um muro maior, para cessar a

irregularidade de uma obraconcluída a mais de 1 ano e 1

dia.

O que não podemos deixarde citar é caso o dono do imó-

vel queira aberturas para ven-

tilação e luz, sendo assim po-derá construí-las, tendo as

mesmas no máximo dez cen-tímetros de largura e vinte

centímetros de comprimento e

estarem a mais de dois metrosde altura de cada piso.

Vale ressaltar que a legis-

lação delimita as dimensõesdas aberturas, conforme arti-

go 1.301, §2º, não havendo

qualquer vedação quanto àquantidade de aberturas nas

paredes.

Contudo é imperioso desta-car que é possível resolver si-

tuações desconfortáveis com

os vizinhos, que podem serdesde uma nova construção ou

até mesmo em ações judiciais.

* A autora é advogada, em Santa Bárbara/MG. Atua prestando consultoria e assessoria jurí-

dica na área civil, trabalhista, imobiliária.

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291ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Proprietário conseguiu o cancelamentode hipoteca em imóvel financiado

Comentário do BDI: Trata-se de um pedido de cancelamento de hipoteca que foi averbado

sobre imóvel financiado.

O Oficial negou o registro sob a alegação da ocorrência de perempção. Alegou que a

perempção não autoriza o cancelamento da hipoteca, apenas limita o direito do credor em

relação ao devedor, logo o cancelamento só poderá ocorrer mediante instrumento de quitação

ou mandado judicial.

O Tribunal entendeu não haver obstáculo ao cancelamento pretendido, isto porque a

instituição financeira (credora) foi intimada e manteve-se silenciosa acerca da pretensão e,

também, houve o cumprimento do requisito previsto no artigo 251, inciso II da Lei de Regis-

tros Públicos, segundo o qual: “O cancelamento de hipoteca só pode ser feito (…). II - em

razão de procedimento administrativo ou contencioso, no qual o credor tenha sido intimado.”

Portanto, foi julgado procedente o pedido do proprietário e determinado o cancelamento

do registro de hipoteca averbada em seu imóvel.

Ementa: Hipoteca - Cancelamento. Perempção.

Dados da Decisão: 1ª Vara de Registros Públicos de São Paulo – Pedido de Providências n°

1032687-77.2018.8.26.0100 – Relatora: Tânia Mara Ahualli – Data do julgamento: 30.5.2018

Nota do BDI: Veja a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Cancelamento de Hipoteca

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30 1ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Como resolver a penhora de bem imóveladquirido de um terceiro?

Meu cliente adquiriu uma propriedade através de Instrumento Particular de contrato de compra

e venda, o mesmo exerce a posse direta, mansa e pacífica há aproximadamente oito anos. Esse

imóvel foi adquirido de um “terceiro”, que adquiriu do proprietário tabular, ou seja, de quem possui

o direito real sobre o imóvel.

Quando a propriedade foi vendida não havia pendência alguma, tanto em relação ao proprietário

tabular, bem como sobre o imóvel. Acontece que o proprietário não sabia o motivo de não ser

possível a outorga da escritura de compra e venda.

O atual possuidor e comprador do imóvel ingressou com a ação de adjudicação compulsória em

face do vendedor, que recentemente tomou conhecimento da existência de penhora sobre o referi-

do bem, em decorrência de uma condenação judicial que o antigo proprietário (pessoa em nome de

quem está registrado o imóvel) está sofrendo.

Essa ação judicial, bem como, a condenação se deu muito tempo após a primeira e a segunda

venda do imóvel.

Pergunta: Qual o remédio jurídico para cessar os efeitos da penhora?

BDI Responde: Seria embargos de terceiro. Entretanto, é necessário a demonstração inequívo-

ca do efetivo pagamento da compra e venda para a verificação da regularidade do negócio e, assim,

ter reconhecido o direito do adquirente terceiro. Insta esclarecer que, as pendências judiciais a

envolver o vendedor que não inibem o direito à regularização da propriedade em prol do comprador,

desde que tenham cumprido todas as suas obrigações, tais como expedição de todas as certidões

negativas judiciais, fiscais, federais, trabalhista e etc, e que demonstre que a compra e venda

ocorreu em data anterior à constrição sobre o imóvel, devendo os guerreados embargos de terceiro

serem julgados procedentes.

Penhora

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311ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

IPTU

Impossibilidade de cobrança do IPTUantes da entrega das chaves.

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de cobrança ajuizada por empresa de empreendi-mento imobiliário objetivando receber os valores referentes ao IPTU de 2011.

A empresa alegou que o Município procedeu ao lançamento do IPTU de 2011 de forma separada,cobrando em um primeiro momento apenas o tributo incidente sobre o terreno e, posteriormente,cobrou o imposto incidente sobre a construção. Disse que figurou como devedora da obrigaçãotributária, porque as unidades não haviam sido individualizadas perante a Municipalidade. Alegouainda, que cabe aos proprietários das unidades a arcarem com o tributo. Pretende que os promitentescompradores sejam condenados ao pagamento da integralidade do tributo devido.

Os promitentes compradores das unidades argumentaram que nada devem antes da entrega daschaves, uma vez que realizaram o pagamento do IPTU juntamente com as despesas condominiais.Disseram que a empresa imobiliária deveria entregar o imóvel desembaraçado e regularizado pe-rante à Prefeitura, devendo portanto arcar com o encargo de não ter procedido quanto àindividualização das unidades perante o Município.

O Tribunal verificou que as dívidas de condomínio e demais encargos atrelados ao imóvel, comoo IPTU, decorrem da utilização da coisa e, por isso, devem ser suportadas por aqueles que estão noefetivo exercício da sua posse, neste caso, a empresa imobiliária. Assim, é indevido o repasse dotributo aos promitentes compradores antes da entrega das chaves.

Portanto, a empresa de empreendimentos imobiliários foi condenada a arcar com os débitostributários incidentes até a data da entrega das chaves.

Ementa: Apelação. Cobrança. Compromisso de compra e venda. Ressarcimento de IPTU. Inép-cia recursal. Inocorrência. Contraposição recursal aos fundamentos do decisum. Preliminar rejeita-da. Débito tributário. É inviável a cobrança de IPTU incidente sobre o imóvel, antes da entrega daschaves. Precedentes jurisprudenciais. Tributo devido pelo adquirente somente após a imissão deposse. O mesmo se aplica às despesas condominiais. Inexigibilidade da obrigação. Sentença refor-mada. Ônus sucumbenciais atribuídos à autora. Recurso da autora desprovido, provida a apelaçãodos réus.

Dados da Decisão: TJSP – Apelação n° 1005127-31.2016.8.26.0004 - Relatora: RosangelaTelles - Data do Julgamento: 18.10.2018.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br

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32 1ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

ITBI

Cabe ao registrador a aferição sobre a existência ounão do ITBI e não sobre a integralidade de seu valor

Comentário do BDI: Trata-se de uma dúvida do Oficial em proceder quanto ao registro da carta

de adjudicação, visando a transmissão de um imóvel.

O Oficial registrador refere-se ao valor da guia do ITBI, argumentando que o valor recolhido do

tributo está errado ou foi recolhido em valor menor, devido ao atraso do pagamento, nos termos do

artigo 144 do Decreto Municipal n° 52.703/2011, tornando-se necessária a complementação do

valor. Aduz que, nos termos da Lei n° 8.935/94, são deveres dos notários e oficiais de registro,

dentre outros, a fiscalização do recolhimento dos impostos incidentes sobre os atos que devem

praticar, sujeitando-se às penalidades previstas na lei.

O Tribunal verificou que incumbe ao Oficial registrador a verificação de recolhimentos relativos

aos atos praticados, não sobre a sua exatidão. Que a qualificação feita pelo Oficial não vai além da

aferição sobre a existência ou não de recolhimento do tributo, e não sobre a integralidade de seu

valor.

Portanto, foi julgada improcedente a dúvida do Oficial, e determinado o procedimento para o

registro da carta de adjudicação do imóvel.

Ementa: Carta de adjudicação. ITBI - Recolhimento. Qualificação registral.

Dados da Decisão: 1ª Vara de Registros Públicos de São Paulo – Processo n° 1034279-

59.2018.8.26.0100 - Relatora: Tânia Mara Ahualli - Data do julgamento: 7.6.2018.

Nota do BDI: Veja a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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331ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

Relação entre direito de laje e direito de superfície

Rafael Sieiro*

Inicialmente, há que se pon-tuar a regulação da proprieda-de superficiária na doutrina, le-gislação e jurisprudência. Paratal, pode-se mencionar o con-ceito do brilhante Mestre Mar-co Aurélio Bezerra de Melo:

“A propriedade superficiáriaé um direito real que permite odesdobramento dos poderesinerentes à propriedade, pos-sibilitando a que o superficiárioexerça as faculdades inerentesao domínio em relação àedificação ou plantação em ter-reno alheio durante certo perí-odo de tempo e nos termos dopacto, enquanto que aofundeiro assegura-se atitularidade sobre o solo.[1]”

Cristiano Chaves e NelsonRosenvald especificam o direi-to de superfície como:

“(…) faculdade que o propri-etário possui de conceder a umterceiro, tido como super-ficiário, a propriedade das cons-truções e plantações que esteefetue sobre ou sob o soloalheio (solo, subsolo ou espa-ço aéreo de terreno), por tem-po determinado ou sem prazo,desde que promova a escritu-ra pública no registro imobiliá-rio.[2]”

Os mencionados conceitosmostram-se coerentes com o

que prescreve o diploma civilbrasileiro que, em seu art.1.369 assim dispõe:

“Art. 1.369. O proprietáriopode conceder a outrem o di-reito de construir ou de plan-tar em seu terreno, por tempodeterminado, mediante escri-tura pública devidamente regis-trada no Cartório de Registrode Imóveis.[3]”

Registre-se que o Estatutoda Cidade, ao dispor sobre di-reito urbanístico, também fazprevisão sobre o direito de su-perfície, prevendo a cessão portempo determinado ouindeterminado, gratuita ouonerosa do referido direito,conforme se lê:

“Art. 21. O proprietário ur-bano poderá conceder a outremo direito de superfície do seuterreno, por tempo determina-do ou indeterminado, median-te escritura pública registradano cartório de registro de imó-veis.

§ 1º O direito de superfícieabrange o direito de utilizar osolo, o subsolo ou o espaço aé-reo relativo ao terreno, na for-ma estabelecida no contratorespectivo, atendida a legisla-ção urbanística.

§ 2º A concessão do direitode superfície poderá ser gra-

tuita ou onerosa.[4]”Marco Aurélio Bezerra de Melo,

discorrendo sobre o Direito deLaje, o chama, sinonimicamente,de Direito de Sobrelevação, as-sim o conceituando:

“O direito de sobrelevaçãovem a ser a possibilidade de seestabelecer direito real de su-perfície sobre a própria propri-edade superficiária (…)[5]”

Em artigo da lavra do pro-fessor Ricardo César PereiraLira, este, sobre a sobre-levação, afirma que:

“(…) a chamada sobreele-vação, que está expressamen-te prevista no Código Civil Su-íço, que é a possibilidade de otitular da propriedade super-ficiária construir ou conceder aum terceiro que construa so-bre a sua propriedade super-ficiária. Sendo assim, teríamoso solo, um bem superficiário eum segundo bem superficiárioresultado dessa segunda con-cessão.[6]”

Arremata o ilustre Mestre,afirmando que:

“O que caracteriza a propri-edade é o assentamento damoradia sobre uma posse in-justa, porque se a moradia es-tiver assentada sobre uma pos-se justa e houver problemasurbanos de deterioração, o pro-

Direito de Laje e de Superfície

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34 1ª quinzena - Novembro 2018 – nº 21

blema é de cortiço, do qual SãoPaulo, aliás, é uma vítima per-manente.[7]”

A posição que trata laje e su-perfície como entidades sinô-nimas, em relação de gênero eespécie, data vênia a importân-cia e relevância dos nominadosjuristas, não parece ser a quemelhor se coaduna com oneófito direito real, conformebem salienta Francisco Eduar-do Loureiro:

“Um exame ligeiro do direitoreal de laje leva à enganosaequiparação ao direito real desuperfície, na modalidade desobrelevação (direito real de su-perfície sobre superfície, ou su-perfície em segundo grau), quenão se encontra regulado no Có-digo Civil. A doutrina, ampara-da em lição de Ricardo PereiraLira, já anotava a existência in-formal do direito de laje, pre-sente em comunidades da bai-xa renda, mediante o qual “mo-radores permitem que um ter-ceiro construa sobre sua laje,ficando de posse exclusiva des-se terceiro a moradia por eleconstruída” (Gustavo Tepedinoe outros, Código Civil Interpre-tado, vol. III, Renovar, p. 754),optou o legislador, porém, pornão regular o direito real de lajecomo modalidade do direito desuperfície. As diferenças entre

os dois institutos são marcan-tes, segundo a figura positivadapelo artigo 1.510-A do CódigoCivil.[8]”

Portanto, não há que se fa-lar em Direito de Laje comouma espécie de Superfície, poisestar-se-ia cometendo uma im-propriedade, já que os institu-tos guardam inúmeras diferen-ças entre si, apesar das simila-ridades.

O Direito de Laje, cite-se,não é temporário ou provisó-rio, é perene, até que se trans-fira a outra pessoa. Tambémconfere ao seu beneficiário odireito sobre a construçãoadvinda de seu exercício ouadquirida como constituída peloseu exercício, podendo ter ma-trícula própria, como direito realautônomo que se constitui.

O chamado Direito de Lajeaglutina em si dois fatos dis-tintos, a concessão do uso dalaje e consolidação da proprie-dade daquele espaço em nomede terceira pessoa, distinta daque possui o domínio ou a pos-se da construção-base[9], ouseja, o adquirente da Laje, semdireito de arrependimento, viade regra, salvo disposição emcontrário, aplicando-se todas asfaculdades e restrições queincidem sobre o instituto dapropriedade.

Direito de Laje e de Superfície

Pode-se então apontar trêscruciais marcas do Direito deLaje que o difere do Direito deSuperfície, quais sejam: a au-torização legal de abertura dematrícula registral autônoma;a possibilidade de não sub-sunção ao regime do condomí-nio edilício; e a sua perenida-de.

Comungando da idéia deque o novel direito real é dis-tinto da propriedade super-ficiária, conforme entendemalguns juristas, Cassio Brantafirma que o direito de super-fície:

“…tem na sua essência o atode revogabilidade. Ainda que

haja o ato de ceder ao outro odireito de uso do terreno para

construir este poderá ser in-

terrompido e o bem retorna aotitular do terreno. O direito delaje não possui esta caracterís-tica, inclusive o beneficiáriodeste direito torna-se o seu au-têntico titular, sem possibilida-de do ato ser revogado e o bemficar em favor do proprietáriodo terreno.[10]”.

Sendo assim, apesar das se-melhanças, as duas entidadesguardam sensíveis diferençasentre si, a justificar tratar-se dedireitos reais autônomos e in-dependentes.

Notas: Veja as notas desse artigo no site www.diariodasleis.com.br

* O autor é avaliador imobiliário, pós graduado em Direito Imobiliário, Notarial, Registral,Negócios jurídicos, Empresariais e Imobiliários.

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ÍNDICES DE CORREÇÃO MONETÁRIAMESES

FGV % IBGE % FIPE %

IGP-M IGP/DI IPC-DI IPA-EP-DI INCC-DI INPC IPC-A IPC

Out./2017 0,1965 0,0976 0,3265 (-) 0,0300 0,3080 0,3700 0,4201 0,3224

Nov. 0,5243 0,8020 0,3587 1,0648 0,3108 0,1801 0,2801 0,2889

Dez/2017 0,8873 0,7413 0,2120 1,0670 0,0731 0,2600 0,4400 0,5483

Jan./2018 0,7550 0,5765 0,6861 0,5797 0,3089 0,2300 0,2900 0,4629

Fev. 0,0732 0,1537 0,1672 0,1531 0,1276 0,1800 0,3200 (-) 0,4166

Mar. 0,6351 0,5625 0,1719 0,7708 0,2424 0,0699 0,0900 0,0032

Abr. 0,5697 0,9255 0,3363 1,2647 0,2879 0,2100 0,2200 (-) 0,0260

Mai. 1,3782 1,6410 0,4131 2,3546 0,2314 0,4299 0,4001 0,1947

Jun. 1,8672 1,4779 1,1884 1,6719 0,9714 1,4299 1,2600 1,0102

Jul. 0,5067 0,4442 0,1688 0,5202 0,6135 0,2500 0,3301 0,2283

Ago. 0,6999 0,6768 0,0743 0,9905 0,1484 0,2500 (-) 0,0899 0,4121

Set. 1,5243 1,7886 0,4457 2,5437 0,2328 0,3001 0,4800 0,3867

MESESTR (¹)

%POUPANÇA NOVA - % (²)

(A partir de 4.5.2012)POUPANÇA ANTIGA - % (²)

(Até 3.5.2012)SALÁRIO-MÍNIMO

R$

DÓLARCOMERCIAL (³)

R$

Dez./2017 0,0000 0,4273 0,5000 937,00 3,2616

Jan/2018 0,0000 0,3994 0,5000 954,00 3,3080

Fev. 0,0000 0,3994 0,5000 954,00 3,1624

Mar. 0,0000 0,3855 0,5000 954,00 3,2449

Abr. 0,0000 0,3715 0,5000 954,00 3,3238

Mai. 0,0000 0,3715 0,5000 954,00 3,4811

Jun. 0,0000 0,3715 0,5000 954,00 3,7370

Jul. 0,0000 0,3715 0,5000 954,00 3,8558

Ago. 0,0000 0,3715 0,5000 954,00 3,7549

Set. 0,0000 0,3715 0,5000 954,00 4,1353

Out. 0,0000 0,3715 0,5000 954,00 4,0273

Nov. 954,00

1. TR - Percentual correspondente ao primeiro dia útil do mês, a ser creditado trinta dias após.2. Poupanças Nova e Antiga - Percentual correspondente ao primeiro dia útil do mês. A poupança antiga aplica-se aos depósitos feitosaté 3.5.2012. Já a Poupança Nova aplica-se aos depósitos feitos a partir de 4.5.2012.3. Dólar - Cotações do último dia útil do mês.

IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE – A partir de Abril/2015

Base de Cálculo (R$)

Até 1.903,98

De 1.903,99 até 2.826,65

De 2.826,66 até 3.751,05

De 3.751,06 até 4.664,68

Acima de 4.664,68

Alíquota (%)

Isento

7,5

15

22,5

27,5

Parcela a Deduzir (R$)

142,80

354,80

636,13

869,36

DEDUÇÕES:

a) R$ 189,59 por dependente;

b) Pensão alimentícia integral;

c) R$ 1.903,98 para aposentados, pensionistas e transferidos para a

reserva remunerada que tenham 65 anos de idade ou mais;

d) Contribuição à Previdência Social.

COEFICIENTES ANUAIS – ACUMULADOS ATÉ O MÊS ANTERIOR (4)

Reajuste em Jul./2018 Reajuste em Ago./2018 Reajuste em Set./2018 Reajuste em Out./2018Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual

IGP-M/FGV 1,0692 IGP-M/FGV 1,0824 IGP-M/FGV 1,0889 IGP-M/FGV 1,1004

IGP-DI/FGV 1,0779 IGP-DI/FGV 1,0859 IGP-DI/FGV 1,0906 IGP-DI/FGV 1,1033

IPC-DI/FGV 1,0443 IPC-DI/FGV 1,0422 IPC-DI/FGV 1,0415 IPC-DI/FGV 1,0464

INPC/IBGE 1,0353 INPC/IBGE 1,0361 INPC/IBGE 1,0364 INPC/IBGE 1,0397

IPC-A/IBGE 1,0439 IPC-A/IBGE 1,0448 IPC-A/IBGE 1,0419 IPC-A/IBGE 1,0453

IPC/FIPE 1,0251 IPC/FIPE 1,0276 IPC/FIPE 1,0308 IPC/FIPE 1,0346

4. Para reajuste anual de aluguel: multiplique o valor pelo indexador contratado. Índices completos no site: www.diariodasleis.com.br.

Page 36: Trata-sedeum serviço deenvio dedecisões dos tribunais paradiariodasleis.com.br/arquivo_envio_bdi/edicao_revista_bdi_21.pdf · o Conselho Regional de Corre-tores de Imóveis (Creci)