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2 1ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Alexandre Berthe PintoAngelo Volpi NetoAntonio Artêncio FilhoArnon VelmovitskyBruno Bittencourt BittencourtBruno Medeiros BastosCarlos Roberto TavarnaroDaniel Alcântara Nastri CerveiraDaphnis Citti de LauroEzequiel FrandolosoFelícia Ayako HaradaFelipe Leonardo RodriguesFrancisco dos Santos Dias Bloch

Frank Wendell ChossaniGeraldo Beire SimõesJaques BushatskyJoão Pedro Lamana PaivaJosé Flávio Bueno FischerJosé Hildor LealKênio de Souza PereiraKiyoshi HaradaLucas Bento SampaioLuís Ramon AlvaresLuiz Antonio Scavone JuniorLuiz Ribeiro O. N. Costa JuniorMarcelo Manhães de Almeida

Mário Cerveira FilhoMichel Rosenthal WagnerOlivar VitalePaulo Caldas PaesRenato SavyRodrigo Alves ZaparoliRodrigo KarpatSamuel Luiz AraújoSérgio JacominoSylvio Campos Lindenberg FilhoSylvio CapanemaThales Pontes BatistaWendell Salomão

Colaboradores:

Direção: Dominique Pierre FagaJornalista Responsável:Julio Cesar Borges Baiz, MTB nº 42073ISSN: 1982-4599

Conselho Editorial:Edson Guedes JuniorBruno CosmeHeronides Dantas de FigueiredoMauricio Francisco [email protected]

DIÁRIO DAS LEIS LTDA.CNPJ(MF) 47.381.850/0001-40R. Bocaina, 54 - 05013-901 - São Paulo - SP11 3673-3155 - www.diariodasleis.com.brAdministração: 11 [email protected]: 11 3673-3801 / [email protected]ão: Gráfica Mais MNota BDI: Proibida a reprodução total ou parcial.Os artigos assinados não refletem necessariamentea opinião da direção do Diário das Leis.

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31ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

SumárioAção de Despejo: Locatário no intuito de enganar a ordem judicial de despejo

descaracterizou o imóvel .......................................................................................... 12

Anulatória de Compra e Venda: Venda do imóvel do avô ao neto, sem a anuênciados demais herdeiros, foi anulada ............................................................................. 9

Averbação de Imóvel: É necessário renovar a averbação de incorporação quandose perde o prazo de 180 dias? .................................................................................. 24

Bloqueio da Matrícula: De escritura pública do imóvel devido à utilização de falsadocumentação .......................................................................................................... 25

Despesas Condominiais: São de responsabilidade do promitente comprador, mesmonão havendo escritura pública de compra e venda registrada ................................. 21

Direito de Preferência: Qual a forma de notificar um inquilino? .................................. 15

Direito de VizinhançaUso indevido da propriedade, provocado por barulho excessivo, gera indenização

por dano moral ......................................................................................................... 20Obras causam trincas e rachaduras no imóvel do vizinho ........................................... 30

Honorários do CorretorCláusula contratual obriga promitente compradora a pagar os serviços

de corretagem .......................................................................................................... 28Como fica a comissão do corretor de imóveis na permuta? ......................................... 26

Incorporação: Inversão de cláusula penal em contrato de incorporação imobiliária .. 31

Ocupação Irregular: Justiça não concede o direito ao fornecimento de energiaelétrica a morador com ocupação irregular .............................................................. 29

Quorum para Instalação de Hidrômetros: Qual o quorum para a instalação individualem condomínio residencial? ..................................................................................... 19

Registro do Memorial de Incorporação: A inexistência de registro do memorialde incorporação não possibilita a averbação de permuta em imóvel ....................... 25

Rescisão de Compra e Venda: É possível requerer ação de rescisão judicial, sem oregistro de compra e venda e notificação via cartório? ............................................. 8

Rescisão Imotivada de Locação: Renovação sucessiva de contrato de aluguel nãoautoriza rescisão imotivada...................................................................................... 10

Retificação de Registro: Como funciona a Retificação do Registro de umImóvel? - Parte I ...................................................................................................... 22

Sale and Leaseback: Alternativa para enfrentar a crise............................................... 5

Síndico: Limite da responsabilidade do síndico nas desavenças entre os moradores .. 16

Shopping Center: PIS/Cofins incidem sobre receitas de aluguéis de lojas .................. 13

Taxa Condominial: Pode ser reduzida pelo fato das lojas estarem fechadas? ............. 19

Taxa de Vistoria: É correta a cobrança de taxa para a realização de vistoria? ............ 14

Usucapião: A posse justa, obtida por meio de contrato, não é hábil para o pedidoda usucapião ............................................................................................................ 34

Indíce de Correção Monetária ...................................................................................... 35

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51ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Sale and Leaseback

Operação de Sale and Leaseback:Alternativa para enfrentar a crise

Eduardo R. Vasconcelos de Moraes*

Morar na casa própria, ou

ser dono de imóveis, sempre

foi um dos sonhos mais carac-terísticos do brasileiro. Houve

uma época, inclusive, na qual

ter a sede estabelecida emimóvel próprio era sinônimo de

empresa de sucesso com se-

gurança financeira. Ter imóveisfavorecia, especialmente, o re-

lacionamento com instituições

financeiras, a quem as empre-sas poderiam recorrer em ca-

sos de eventual necessidade,

garantindo a operação com seubem.

Em que pese ao fato do

mercado imobiliário já apre-sentar sinais de recuperação,

tem-se que a economia brasi-

leira ainda enfrenta uma gra-ve recessão, a qual perdura

desde meados do ano de 2014.

A crise tem atingido diversossetores, forçando os empresá-

rios a buscarem alternativas

criativas para continuarem ex-plorando suas atividades eco-

nômicas.

Entre as possíveis soluçõesexistentes, a operação Sale

and Leaseback (SLB) continua

sendo uma excelente opçãopara que os empreendedores,

que tenham a propriedade de

bens imóveis, consigam obterrecursos financeiros de forma

mais rápida, a fim de apostar

ainda mais no desenvolvimen-

to das suas atividades econô-micas.

A operação que dá nome ao

presente artigo é, de per si,bastante ilustrativa e pertinen-

te. Trata-se da venda de um

determinado imóvel a um in-vestidor o qual, por sua vez,

alugará o mesmo bem, por um

longo período, ao antigo pro-prietário.

É uma operação em que

está presente uma verdadeiraparceria entre o alienante-lo-

catário e o investidor (compra-

dor-locador), uma vez queaquele receberá o valor ajus-

tado pela venda, se manterá

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6 1ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Sale and Leaseback

na posse direta do imóvel e no

controle da condução do seunegócio, enquanto este último

receberá o retorno de seu in-

vestimento — por meio dospagamentos dos aluguéis

mensais ajustado no contrato

de locação.O SLB, portanto, é opera-

cionalizado por meio da reali-

zação de dois contratos inde-pendentes, porém interligados

— haja vista que um somente

existe em razão do outro — ecom o mesmo objeto, sendo

um de venda e compra e um

de locação.Apesar da realização de uma

“locação” ser elemento funda-mental para caracterizar o Sale

and Leaseback, esta é uma

modalidade de contrato atípico,que não possui legislação es-

pecífica que o regule e

tampouco se submete – via deregra – às normas presentes na

Lei do Inquilinato (Lei Federal

nº 8.245/91).Contudo, com a inclusão do

art. 54-A na Lei nº 8.245/91,

referente aos contratos Built toSuit (BTS), há quem defenda

que as normas presentes no

dispositivo e seus parágrafossão perfeitamente aplicáveis à

espécie SLB.

O referido dispositivo assimdispõe, in verbis:

Art. 54-A. Na locação não

residencial de imóvel urbano na

qual o locador procede à pré-

via aquisição, construção ousubstancial reforma, por si

mesmo ou por terceiros, do

imóvel então especificado pelopretendente à locação, a fim de

que seja a este locado por pra-

zo determinado, prevalecerãoas condições livremente pactu-

adas no contrato respectivo e

as disposições procedimentaisprevistas nesta Lei.

§1º. Poderá ser conven-

cionada a renúncia ao direitode revisão do valor dos alu-

guéis durante o prazo de vigên-

cia do contrato de locação.§2º. Em caso de denúncia

antecipada do vínculo locatício

pelo locatário, compromete-seeste a cumprir a multa con-

vencionada, que não excede-

rá, porém, a soma dos valoresdos aluguéis a receber até o

termo final da locação.

Nota-se, portanto, que esse

dispositivo contém elementos

que estão presentes no con-trato de “locação” do SLB, po-

dendo ser a ele aplicado por

analogia. Vejamos, brevemen-te, algumas razões:

(I) A aquisição de imóvel

pelo Locador-Adquirente, paraser objeto de locação ao futu-

ro locatário. Assim como no

Built to Suit, é o que ocorre noSLB. A diferença reside basi-

camente no fato de que Loca-

dor-Adquirente compra o imó-vel do próprio Locatário, ao

qual o mesmo imóvel será lo-

car de volta imediatamente.(II) O imóvel será locado

por um prazo longo, porém de-

terminado, e prevalecerão ascondições livremente pactua-

das no contrato, exatamente

como acontece tanto no BTScomo na operação SLB.

(III) O §1º amolda-se com

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71ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Sale and Leaseback

perfeição à operação SLB, vis-

to que a renúncia à revisão doaluguel permite, ao Locador-

Adquirente, reaver a totalida-

de dos valores investidos noimóvel, sem que haja o risco

de não recuperar o capital no

período acordado.(IV) No mesmo sentido de

proteção ao investimento, fei-

to pelo Contratado no BTS, o§2º também é indiscutivel-

mente aplicável ao SLB, uma

vez que para haver a denún-cia pelo Locatário-Alienante

deverá ser paga a multa

convencionada no contrato.Salienta-se que a multa em

questão é geralmente muitoalta e, muito comumente,

equivalente à soma das par-

celas vincendas, visto que “nosvalores pagos pela contratan-

te [Locatário-Alienante] está

incluído o retorno financeirodos investimentos por ele re-

alizados para a realização do

negócio”[1] (GOMES, p. 105).Um claro intuito de inibir a

resilição unilateral do contra-

to.Nesse ponto é possível que,

diante da franca aplicação do

dispositivo que regula o BTSaos casos de operação SLB, se

indague sobre a diferença en-

tre as duas operações.

Ora, o BTS, no magistério

de Silvio Venosa[2], é um con-trato por meio do qual “um in-

vestidor viabiliza um empreen-

dimento imobiliário segundo osinteresses de um futuro usuá-

rio que irá utiliza-lo por um

período previamente estabele-cido, garantindo o retorno do

investimento e a remuneração

pelo seu uso” (VENOSA, p.279).

Simplificando tal entendi-

mento, temos se tratar de umalocação precedida de um ajus-

te no imóvel – seja constru-

ção ou reforma – para que seamolde, com exatidão, aos

projetos apresentados pelocontratante para que, ao final

da obra, o prédio sirva para a

persecução da atividade eco-nômica do locatário.

Por outro lado, o SLB é uma

operação imobiliária que tem,primordialmente, o escopo de

viabilizar a obtenção de recur-

sos financeiros, possibilitandoque a empresa alienante/lo-

catária se capitalize com o

valor da venda que — em quepese também guardar certa

similitude com o BTS no to-

cante ao desenvolvimento daempresa. Outrossim, um fa-

tor que corrobora com esta ca-

racterística é a possibilidade

de ser pactuada a recompra

do imóvel, pelo locatário, aofinal do prazo de locação, de-

monstrando que a operação

de fato foi exclusivamentepara obter capital para inves-

timento.

Assim, possível notar que oSLB, que possui inúmeras for-

mas de estruturação, repre-

senta uma excelente saída emmomentos de dificuldade fi-

nanceira, inclusive sob a ótica

tributária (a depender do ar-ranjo realizado), viabilizando a

captação de recursos financei-

ros para empresas. Ademais,tem-se que, de fato, as regras

constantes no art. 54-A da Leido Inquilinato são, mutatis

mutandis, aplicáveis ao contra-

to ora discutido, uma vez quenelas repousa inequívoca se-

melhança entre as formas de

operação, ainda que sejam dis-tintas entre si.

NOTAS1. GOMES, Daniel Cardoso.

Contratos Built to Suit: nova

perspectiva em face da Lei nº

12.744/2012. Rio de Janeiro:Editora Lumen Juris. 2016.

2. VENOSA, Silvio de Sal-

vo. Lei do Inquilinato Comen-tada: doutrina e prática. 14ª

Ed. São Paulo: Editora Atlas.

2015.

* O autor é Advogado Imobiliário e Cível, em Recife/PE.

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8 1ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Rescisão de Compra e Venda

É possível requerer ação de rescisão judicial, semo registro de compra e venda e notificação via cartório?

Prestamos assessoria para uma imobiliária que administra loteamentos, que são regulares edevidamente registrados.

Contudo, os compromissos de compra e venda, em sua maioria, não são registrados em cartório

por conta do alto custo.Ainda, para proceder ao registro e à notificação para a constituição em mora (que implica na

rescisão, em caso de não pagamento em 30 dias).

Temos vários casos de inadimplência, os quais foram notificados extrajudicialmente a compare-cer no escritório de advocacia para o pagamento ou negociação do débito, sob pena de propositura

das ações judiciais competentes (através de motoboy, que colhe a assinatura do notificado), outros

não foram encontrados.Pergunta: É possível proceder com a ação de rescisão judicial (cumulada com perdas e danos,

etc), sem o registro do compromisso de compra e venda e da notificação via cartório?

Para a rescisão judicial é necessária a prévia notificação extrajudicial ou a judicial com algumaexigência específica?

E enviar o modelo mais adequado para a ação de rescisão?

BDI Responde: O registro do compromisso de compra e venda em cartório, bem como a noti-

ficação extrajudicial, não são requisitos essenciais para a propositura da ação de rescisão contratual.

Porém, há de se agir com cautela quanto ao meio mais adequado para se exigir o cumprimento daobrigação, pois pode ser que o réu, em contestação, entre com o pedido de reconvenção, requeren-

do a devolução dos valores já pagos. Mas, esta análise deve ser feita com base no caso concreto, ou

seja, pelo autor.Veja no BDI a matéria: Ação de rescisão contratual cumulada com reintegração de posse e

perdas e danos (https://www.diariodasleis.com.br/bdi/exibe_modelo.php?numid=101)

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91ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Anulatória de Compra e Venda

Venda do imóvel do avô ao neto, sem aanuência dos demais herdeiros, foi anulada

Comentário do BDI: Trata-se de uma Ação anulatória de compra e venda de um imóvel.

Dois membros da mesma família discutiram a respeito da venda do imóvel que o avô teria feito

a uma terceira pessoa, sem o consentimento dos demais herdeiros, que posteriormente teria ven-dido a um dos seus netos.

O neto alegou que seu avô lhe vendeu o imóvel para ter dinheiro e tratar da saúde.

Os herdeiros pediram a anulação da escritura pública de compra e venda, bem como o cancela-mento da averbação da venda junto à matrícula do bem.

O Tribunal verificou que o único documento que registra a venda do imóvel é a escritura em que

figuram como vendedor o avô e o comprador, seu neto, que é advogado de profissão e que possivel-mente tenha se cercado das cautelas necessárias a assegurar a validade da negociação com seu

avô.

Não ficou comprovado que o avô teria feito uso do dinheiro recebido com a venda para a manu-tenção da sua saúde, aliás os inúmeros documentos de internação e gastos com medicamentos não

fazem prova da situação financeira do avô, tampouco se tinha renda ou rendimentos capazes de

suprir seus gastos.Portanto, não existindo comprovação do consentimento expresso dos demais herdeiros foi anu-

lada a escritura de compra e venda, bem como o cancelamento da averbação na matrícula do

imóvel.Ementa: Ação anulatória de compra e venda. Venda de imóvel pelo avô ao neto sem anuência

dos demais herdeiros. Informação de que o avô teria vendido o imóvel a terceiro, que posterior-

mente o teria revendido ao seu neto, ora réu. Realização de prova oral. Sentença de improcedência.Apelam os autores, buscando a anulação da escritura pública de venda e compra, bem como o

cancelamento da averbação da venda junto à matrícula do bem. Cabimento. Venda e compra.

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10 1ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Anulatória de Compra e Venda

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Rescisão Imotivada de Locação

Anulação. Inexistência de qualquer registo, fora a prova oral, da dupla venda do imóvel. Réu advo-

gado, não se mostrando crível que não tenha se cercado de todas as cautelas necessárias a assegu-rar a validade da negociação entabulada com seu progenitor. Alienação caracterizada por escritura

pública e averbação na matrícula do bem, reproduzindo a venda do imóvel pelo avô ao neto.

Inexistência da essencial anuência expressa dos demais herdeiros. Negociação que afronta textoexpresso de lei federal. Pertinência da anulação. Inteligência do art. 496, CC. Sucumbência. Inver-

são do julgado. Responsabilização exclusiva do réu pelos ônus sucumbenciais. Recurso provido

Dados da Decisão: TJSP – Apelação n° 0005022-78.2011.8.26.0220 – Relator: James Siano -Data do julgamento: 9.4.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Renovação sucessiva de contrato dealuguel não autoriza rescisão imotivada

Bernardo César Coura*

A renovação sucessiva de

contrato de aluguel urbano

não permite a rescisão

imotivada, também chamada

de denúncia vazia, definida

pelo artigo 46 da Lei do

Inquilinato: “Nas locações

ajustadas por escrito e por

prazo igual ou superior a trin-

ta meses, a resolução do con-

trato ocorrerá findo o prazo

estipulado, independente-

mente de notificação ou avi-

so”. Isso porque a legislação

não permite a adição de tem-

po nessa situação.

Com esse entendimento, a

3ª Turma do Superior Tribu-

nal de Justiça concedeu o re-

curso de um inquilino e jul-

gou improcedente a ação de

despejo movida pelo proprie-

tário. O dono do imóvel pre-

tendia retomar o bem com

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111ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Rescisão Imotivada de Locação

base em denúncia vazia por-

que os 30 meses de locação

já tinham terminado. Desse

total, seis meses se referem

ao contrato original, e o res-

tante, a dois aditivos de um

ano cada.

Em primeira e segunda ins-

tâncias, o pedido do proprie-

tário para rescindir o contra-

to, sem justificativa, foi julga-

do procedente. Para o Tribu-

nal de Justiça de Minas Gerais,

a soma do período original do

contrato mais as duas prorro-

gações seria suficiente para

atender à legislação vigente e

permitir a denúncia vazia.

Já o relator do recurso no

STJ, ministro Vil las Bôas

Cueva, afirmou que a Lei do

Inquilinato é clara ao estabe-

lecer que o prazo de 30 me-

ses que permite ao proprietá-

rio fazer uso da denúncia va-

zia deve corresponder a um

único contrato.

“Fica evidente que o artigo

46 da Lei do Inquilinato so-

mente admite a denúncia va-

zia se um único instrumento

negocial estipular o prazo

igual ou superior a 30 meses,

sendo impertinente contar as

sucessivas prorrogações”, dis-

se.

O magistrado lembrou que,

nos casos em que se celebra

contrato por prazo inferior a

30 meses, o locador deve

aguardar o prazo de cinco

anos para denunciá-lo sem

justificativa. Villas Bôas Cueva

explicou ainda que a posição

do tribunal de origem foi as-

sentada na acessão de tem-

po, mas a Lei do Inquilinato,

quando admite a soma de pra-

zos em contratos prorrogados,

o faz de forma expressa. No

caso do contrato residencial

de aluguel urbano, entretan-

to, tal soma é vedada.

“A lei é clara quanto à

imprescindibilidade do requi-

sito temporal em um único

pacto, cujo objetivo é garan-

tir a estabilidade contratual

em favor do locatário”, con-

cluiu o relator.

* O autor é Advogado, em Belo Horizonte/MG. Especialista em Direito Imobiliário e Condominial,

Palestrante, Especialista em Direito Processual Civil, Contratos Imobiliários e Ambiental. Sócio daSalim, Farias, Carvalho e Coura Advocacia.

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12 1ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Ação de Despejo

Locatário no intuito de enganar a ordemjudicial de despejo descaracterizou o imóvel

Comentário do BDI: Trata-se de uma Ação de Despejo em imóvel locado.

O locatário descontente com a ordem de despejo e no intuito de enganar a ordem judicial,

descaracterizou o imóvel de nº 818, dividindo-o e numerando cada uma das subdivisões com

os números 824, 828 e 832, criando números falsos, agindo ilegalmente.

O locador para provar que o locatário estaria adulterando a numeração do imóvel, mostrou

provas através de fotografias que demonstraram claramente a intenção do locatário.

Em primeira instância o juiz não questionou o fato do imóvel ter sido subdividido. Portanto,

pediu o despejo dos números 818, 824, 828 e 832.

O Tribunal verificou que os imóveis n°s 824, 828 e 832 não existem. Que realmente esses

imóveis são resultado de uma ilegalidade, uma simulação que buscou subdividir o imóvel nº

818. Assim, o despejo dos n°s 824, 828 e 832 foram anulados e foi mantida somente a ação de

despejo para o n° 818.

Ementa: Agravo Interno no Agravo em Recurso Especial. Ação de despejo. Locação de

imóvel comercial. Decreto de despejo de imóveis não apontados na inicial. Sentença ultra

petita parcialmente reformada na apelação. Alegação de fraude na subdivisão do imóvel.

Reexame de fatos e provas. Impossibilidade. Decisão mantida. Recurso desprovido. 1. Com

relação ao art. 462 do CPC/73, verifica-se que não houve o pronunciamento do Tribunal de

origem a respeito da aludida matéria, tampouco foram opostos embargos declaratórios para

sanar eventual omissão e propiciar o prequestionamento, o qual é imprescindível mesmo para

vícios surgidos no próprio acórdão recorrido. Incidem, por isso, as Súmulas 282 e 356 do STF.

2. O acórdão recorrido reconheceu a ocorrência de julgamento ultra petita e decotou parte da

sentença de despejo quanto a três imóveis, por entender que o pedido formulado na inicial da

ação de despejo restringiu-se a único imóvel de numeração específica. 3. A alegada fraude na

subdivisão do imóvel não foi identificada pelo Tribunal a quo, de modo que a não ocorrência do

julgamento ultra petita, porque seriam integrantes de um mesmo e legítimo imóvel, deman-

daria, necessariamente, o reexame do acervo fático probatório dos autos, providência vedada

no recurso especial, a teor do disposto na Súmula 7 do STJ. 4. Agravo interno não provido.

Dados da Decisão: STJ - Agravo de Instrumento nº 413.409 – Relator: Lázaro Guimarães

– Data do julgamento: 6.2.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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131ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Shopping Center

PIS/Cofins incidem sobre receitas dealuguéis de lojas em shopping center

Comentário do BDI: Trata-se da incidência da contribuição social do PIS e da COFINS sobre a

receita decorrente de locação de lojas em shopping center.

A empresa de empreendimentos que administra o shopping center sustentou que deve ser reti-rada a incidência da contribuição social do PIS e da COFINS de sua receita, alegando ofensa ao art.

535, II do CPC.

Disse que não há base para a incidência do PIS e da COFINS sobre o valor pago pelos lojistas, atítulo de aluguel/faturamento pela locação das unidades comerciais.

O Tribunal ressaltou que é insuficiente a demonstração por parte da empresa de empreendimen-

to de que houve ofensa ao art. 535 do CPC, pois não foi comprovado de maneira exata os pontosque houve omissão.

As receitas provenientes da locação de bens imóveis integram a base de cálculo das contribui-

ções PIS/COFINS (Lei Complementar 70/91, art. 2º).Portanto, o pedido da empresa de empreendimentos que administra o shopping center para não

pagar os tributos não foi aceito, mesmo nos casos em que o valor do aluguel seja fixado em

percentual sobre o faturamento do lojista locatário.Ementa: Tributário. PIS.COFINS. Shopping center. Aluguel de lojas e comercialização de imó-

veis. Incidência. 1. Incide a contribuição social do PIS e da COFINS sobre a receita auferida com a

locação de espaço em shopping center, mesmo quando o valor do aluguel seja em percentual fixosobre o faturamento do lojista locatário, conforme firme jurisprudência desta Corte. 2. Preceden-

tes: EREsp 727.245/PE, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, DJ 06/08/2007, p. 452;

EREsp 662.978/PE, Rel. Ministro José Delgado, Primeira Seção, DJ 05/03/2007, p. 255; AgRg noREsp 1164449/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 04/02/2011; Resp 1101974/

RJ, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 19/05/2009; REsp 748.256/RS, Rel. Mi-

nistra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 16/09/2008; e REsp 693.175/SP, Rel. Ministro FranciscoFalcão, Primeira Turma, DJ 03/10/2005, p. 138. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.

Dados da Decisão: STJ – Agravo Regimental nº 632.291 – Relator: Ministro Sérgio Kukina -

Data do julgamento: 20.8.2015Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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14 1ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Taxa de Vistoria

É correta a cobrança de taxapara a realização de vistoria?

Temos uma situação de desgaste frequente, quando o locatário vai desocupar o imóvel e solicita

a vistoria para fazer a entrega.

Os locatários, mesmo sabendo que o imóvel não está em condições de entrega, ou seja, não está

no estado em que se encontrava no início da locação, solicita a vistoria para tentar entregá-lo assim

mesmo. Temos a perda de tempo e de valores. Com alguns clientes a vistoria é repetida mais de

uma vez.

Pergunta: Podemos cobrar dos locatários uma taxa de ressarcimento quando isso acontece? E

de que forma podemos fazer?

BDI Responde: O laudo de vistoria é facultativo e não pode ser cobrado do inquilino. Porém, se

o locatário solicitar, é obrigação do locador realizar a vistoria com total zelo, conforme art. 22, inciso

V, da Lei nº 8.245/1991.

Recomenda-se a leitura, no BDI, da seguinte matéria: Gastos com laudo de vistoria não podem

ser cobrados do locatário.

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151ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Direito de PreferênciaQual a forma de notificar um inquilino

sobre o direito de preferência?

Pergunta: Qual a forma para notificar um inquilino sobre o direito de preferência na compra doimóvel?

BDI Responde: A notificação de preferência de compra para o inquilino poderá ser realizada pormeio de AR - Aviso de Recebimento dos Correios ou, ainda, pessoalmente, com a seguinte carta:

Carta de preferência para a compra de imóvel

Ilmo. Sr.(escreva o nome do locatário)(endereço)

Prezado Senhor

Na qualidade de proprietário do imóvel situado à Rua _____________________________,alugado a V. Sa. por contrato escrito, formalizado em ____ de ___________ de _____, comunico-lhe que pretendo vender o imóvel objeto de nosso contrato, pelo preço de R$ ________(valor p/extenso), mediante pagamento (especifique se à vista ou parcelado).

De acordo com o determinado na Lei (8245/91, arts. 27 e 28), V. Sa. tem a preferência naaquisição do imóvel pelo prazo de 30 (trinta) dias, contados do recebimento desta.

Fico no aguardo de uma resposta, estando a documentação do imóvel à disposição de V. Sa.no endereço: _____________________, das ___ às ____ horas, exceto (ou inclusive) aos sábadose domingos.

(cidade), ___ de _____________ de ____.

Atenciosamente,

____________________________(nome)

Recebi a presente em: (escreva a data que o locatário está recebendo esta carta – Se preferir,pode enviá-la através de Cartório)

____________________________(nome do locatário)

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16 1ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Síndico

Limite da responsabilidade do síndiconas desavenças entre os moradores

Júlia Maria Benati*

Nos dias de hoje, é cada vez

mais comum a falta de paciên-cia dentro de condomínios

edilícios, isso porque, o

estresse e a impaciência têmtomando conta de toda popu-

lação de maneira rápida e

avassaladora. Há também pes-soas que saem de casas e

quando se mudam para um

condomínio, não perdem cer-tos hábitos, o que dentro de

um condomínio é fatal.

Como se já não bastasse osproblemas condominiais exis-

tentes e diários, o síndico vê

sua responsabilidade cada vezmais abrangente, o que por

vezes, acaba fugindo de seu

controle.As responsabilidades do sín-

dico dentro da sua função

condominial vêm devidamen-

te elencadas pelo art. 1.348 do

Código Civil/2002, que deter-mina as suas principais fun-

ções, vejamos:

“Art. 1.348. Compete aosíndico:

I – convocar a assembleia

dos condôminos;II – representar, ativa e

passivamente, o condomínio,

praticando, em juízo ou foradele, os atos necessários à

defesa dos interesses co-

muns;III – dar imediato conheci-

mento à assembleia da exis-

tência de procedimento judi-cial ou administrativo, de in-

teresse do condomínio;

IV – cumprir e fazer cum-prir a convenção, o regimen-

to interno e as determinações

da assembleia;

V – diligenciar a conserva-

ção e a guarda das partes co-muns e zelar pela prestação

dos serviços que interessem

aos possuidores;VI – elaborar o orçamento

da receita e da despesa rela-

tiva a cada ano;VII – cobrar dos condô-

minos as suas contribuições,

bem como impor e cobrar asmultas devidas;

VIII – prestar contas à

assembleia, anualmente equando exigidas;

IX – realizar o seguro da

edificação.§ 1º. Poderá a assembleia

investir outra pessoa, em lu-

gar do síndico, em poderes derepresentação.

§ 2º. O síndico pode trans-

ferir a outrem, total ou parci-

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171ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Síndicoalmente, os poderes de repre-

sentação ou as funções admi-nistrativas, mediante aprova-

ção da assembleia, salvo dis-

posição em contrário da con-venção.”

Porém, além das compe-

tências indicadas pelo artigoacima, outras responsabilida-

des podem ser abarcadas pela

convenção do condomínio, de-vendo ter seu cumprimento

regular. Agora, dentro das si-

tuações diárias, os problemasentre moradores tem aumen-

tado significativamente, e os

síndicos por sua vez, estãoagindo de maneira apazigua-

dora desses conflitos, diantede reuniões, colocando frente

a frente os moradores interes-

sados e tentando resolver damelhor maneira possível, sa-

tisfazendo os interesses de

todos os moradores.Meios de solução

de conflitosO que acontece, é que em

alguns casos – aqueles que

não conseguem ser resolvidos

por reuniões – há a necessi-dade de que outros meios se-

jam tomados, por exemplo,

que o reclamante registre suaqueixa no livro do condomínio,

assim, o síndico enviará uma

notificação por escrito para o

reclamado.

Um outro meio para que osíndico não se envolva direta-

mente nas brigas entre vizi-

nhos, seria a instituição doconselho de ética dentro do

condomínio, podendo ser de-

finida dentro da convenção,sendo composto por morado-

res com bom senso e que jun-tos, solucionariam essas bri-

gas.

Há ainda a figura do media-dor, pessoa contratada e ca-

pacitada que poderá interferir

no conflito, resolvendo-o ounão. O síndico deverá mediar

o conflito naquele primeiro

momento de euforia e nervo-sismo, deve manter o equilí-

brio e sempre a imparcialida-

de.O que deve ficar claro é que,

tanto o síndico como o conse-

lho devem sempre seguir a li-nha da convenção e da Lei que

protegem o condomínio em

geral.

Da prevenção de conflitosUm ponto importante para

o bom funcionamento do con-

domínio por parte do síndicoseria a orientação aos mora-

dores, desde a sua mudança.

Uma reunião para a exposiçãodos principais pontos da con-

venção, bem como de possí-veis multas em caso de des-

cumprimento, informativos

(em papel) deixados em cadaapartamento, como forma de

sobreaviso. Os artigos 1.336 e

1.337 do Código Civil/2002,salientam os deveres dos

condôminos e a possibilidade

de sanção.Há uma responsabilidade

grande por parte do síndico

para dirimir tais conflitos, po-rém, há instrumentos compa-

tíveis, de que este pode se va-

ler para reduzir os transtornospara si e para o próprio con-

domínio.

* A autora é Advogada, em Leme/SP. Atuante na parte imobiliária e demais áreas do direito.

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191ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Taxa CondominialA taxa condominial pode ser reduzidapelo fato das lojas estarem fechadas?

Pergunta: É possível decidir que as lojas que estejam fechadas, há mais de sessenta dias,

possam ter a sua taxa condominial reduzida em cinquenta por cento, ou sejam isentadas de pagara taxa condominial?

BDI Responde: O valor da taxa condominial é decidido em assembleia geral dos condôminos,que poderá ter um aumento ou uma redução, conforme votação. O Código Civil/02 e a Lei nº 4591/

64 estabelecem que cada condômino pagará a sua quota de rateio, na medida de sua unidade

individual. Todavia, poderá haver a concessão de desconto de 50% para determinados condôminos,desde que os demais condôminos concordem em assembleia geral, assim como a isenção da taxa

condominial.○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Qual o quorum para a instalação de hidrômetrosindividuais em condomínio residencial?

O condomínio residencial possui um único hidrômetro.

Pergunta: Qual o quorum, por força de lei, para a assembleia aprovar a instalação de hidrômetros

individuais?

BDI Responde: Para a instalação de hidrômetros individuais é necessário realizar obra em

acréscimo à já existente, nesse caso o Código Civil/2002 determina um quórum de 2/3 dos condôminospara a aprovação.

Quorum para Instalação de Hidrômetros

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20 1ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Direito de Vizinhança

Uso indevido da propriedade, provocado por barulhoexcessivo, gera indenização por dano moral

Comentário do BDI: Trata-se de ação indenizatória decorrente de direito de vizinhança.

Uma moradora afirmou que o seu vizinho, dono de chácaras, faz uso indevido de sua proprieda-

de, causando-lhe sérios transtornos, pois os imóveis eram alugados constantemente para festas e

eventos, com um grande número de pessoas. Alegou que o barulho vem prejudicando o seu sosse-

go, não conseguindo descansar dentro de sua própria residência.

O dono das chácaras se defendeu dizendo que o imóvel é destinado ao lazer e que as reclama-

ções da moradora não têm nenhum cabimento.

O Tribunal verificou que uma testemunha, que é também proprietária de uma chácara no local,

afirmou que o som proveniente das chácaras é perturbador. As festas nos locais ocorrem com

bastante frequência e os locatários abusam ao utilizar o som.

Um policial afirmou também que já esteve no local cerca de cinco vezes, por conta do barulho em

excesso. Disse que já viu veículos com aparelhos de som ligados em uma das chácaras. O policial

conversou com a moradora em uma das vezes em que esteve no local e percebeu que ela estava

bastante perturbada em razão do excesso de barulho.

Portanto, foi verificado o uso anormal da propriedade, nos termos do art. 1.277, do Código Civil.

O dono das chácaras alugadas foi condenado ao pagamento de R$ 10.000,00, por danos morais, de

forma a evitar novos abusos e atos da espécie.

Ementa: Direito de vizinhança indenizatória - Uso nocivo da propriedade comprovado - Dano

moral – Indenização cabível fixada, de acordo com as circunstâncias fáticas, do autor e do réu em

R$ 10.000,00 - Improvimento dos recursos.

Dados da Decisão: TJSP – Apelação nº 1018542-87.2016.8.26.0196 – Relator: Vianna Coutrim

– Data do julgamento: 14.2.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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211ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Despesas Condominiais

As despesas condominiais são de responsabilidadedo promitente comprador, mesmo não havendoescritura pública de compra e venda registrada

Comentário do BDI: Trata-se de Ação de Cobrança de despesas condominiais.

O promitente comprador alegou que não há escritura pública de compra e venda registrada no

registro de imóveis. Assim, nos termos da legislação, entende que não pode ser considerado proprie-

tário do imóvel.

O Tribunal, sob o regime do art. 543-C do CPC, firmou entendimento de que: “Havendo compro-

misso de compra e venda não levado a registro, a responsabilidade pelas despesas de condomínio

pode recair tanto sobre o promitente vendedor quanto sobre o promissário comprador, dependendo

das circunstâncias de cada caso concreto. Se ficar comprovado: (I) que o promissário comprador se

imitira na posse; e (II) o condomínio teve ciência inequívoca da transação, afasta-se a legitimidade

passiva do promitente vendedor para responder por despesas condominiais relativas a período em

que a posse foi exercida pelo promissário comprador”.

Assim, não há dúvidas de que o promitente comprador foi emitido na posse do imóvel, quando

assinou o contrato de compra e venda.

Quanto ao segundo requisito demonstrado acima, o próprio condomínio cuidou de demonstrar

que tinha ciência sobre a transação.

Portanto, são de responsabilidade do promitente comprador as despesas condominiais, inclusive

por força da cláusula 2.2, do contrato de compra e venda. Em consequência, condenou-o ao paga-

mento das despesas condominiais vencidas e não pagas, no valor de R$ 2.987,11, corrigidos mone-

tariamente e acrescidos de juros de mora desde o ajuizamento da ação, bem como daquelas que se

vencerem no decorrer da demanda (art. 290 do CPC, de 1973), corrigidas pela tabela prática do

TJSP e acrescidas de juros moratórios legais de 1% ao mês, desde o vencimento de cada prestação.

Ementa: Ação de cobrança de despesas condominiais - Sentença de procedência – Apelação -

Recurso objetivando a anulação da sentença, com a declaração de ilegitimidade passiva - Entendi-

mento jurisprudencial do C. STJ, firmada em recurso repetitivo (RESP nº 1.345.331/RS, Rel. Minis-

tro Luiz Felipe Salomão), que estabelece os critérios de responsabilização do compromissário com-

prador - Necessidade de comprovação de que (I) o promissário comprador foi imitido na posse e

que (II) o condomínio teve ciência inequívoca da transação - Ciência do condomínio e imissão na

posse comprovadas - Legitimação ad causam demonstrada - Despesas condominiais que são presu-

midas, em face dos custos que decorrem da manutenção das áreas comuns - Sentença mantida -

Recurso improvido.

Dados da Decisão: TJSP – Apelação nº 0158992-15.2007.8.26.0002 – Relator: Neto Barbosa

Ferreira – Data do julgamento: 28.2.2018.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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22 1ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Retificação de Registro

Como funciona a Retificação do Registro de um Imóvel?Parte I

E em que casos não se trata de retificação, mas sim, de Usucapião?

Lorena Lucena Tôrres*

Mais uma dica jurídica quesempre será atual, pois trata

de imóveis, e isso jamais sairá

de moda, nem mesmo deixa-rá de ser um tabu em nossa

sociedade.

Então, vamos ao que inte-ressa, que é entender como

funciona a Retificação do Imó-

vel, ou seja, retificação é otermo utilizado para o proces-

so de correção ou alteração de

informações em um registro.Este processo existe para cor-

rigir erros evidentes como, por

exemplo, a escrita incorretade um nome, ou alterar infor-

mações complexas, como as

divisas de um imóvel.Desta forma, no âmbito

imobiliário, a retificação do re-

gistro do imóvel pode ocorrerde duas maneiras: 1) retifica-

ção administrativa ou, 2) re-

tificação judicial.Assim, ambas as formas de

retificação de registro imobi-

liário ocorrem em conformi-dade com a Lei nº 6.015/

1973 (Lei dos Registros Pú-

blicos). Esta lei, inicialmente,determinava a obrigatorie-

dade de se requerer judicial-

mente a retificação.Todavia, com a Lei nº

10.931/2004[¹], ocorreram

alterações na Lei nº 6.015/1973, que passaram a permi-

tir aos Oficiais dos Cartórios

de Registro de Imóveis a re-alizarem determinadas alte-

rações.

Neste momento você deveestar se perguntando: mas

como eu faço para retificar o

registro imobiliário? Bem,como eu sempre digo, cada

caso é um caso. Às vezes essa

retificação se dá de forma sim-ples, outras vezes, dependen-

do do histórico do imóvel, se-

rão necessárias outras medi-das judiciais para que a retifi-

cação aconteça.

Sendo assim, iremos traba-lhar com a retificação simples,

para que possam entender

melhor o artigo.1. Como funciona a

Retificação deRegistro Imobiliário?Em ambas as formas de

solicitar a correção do regis-

tro do imóvel, um dos requi-sitos é que exista a solicita-

ção do interessado. Isso sig-

nifica que o Oficial do cartórionão pode promover a retifica-

ção sem o devido requerimen-

to.É que, para alguns erros, o

Oficial pode efetuar direta-

mente a correção, como: no-mes escritos incorretamente e

numerações em desconfor-

midade com o registro anteri-or. Ou seja, o artigo 213, con-

forme alterado pela Lei nº

10.931/2004, também prevêa retificação pelo Oficial nas

seguintes situações:

a) omissão ou erro cometi-do na transposição de qual-

quer elemento do título;

b) indicação ou atualizaçãode confrontação;

c) alteração de denomina-

ção de logradouro público,comprovada por documento

oficial;

d) retificação que vise a in-dicação de rumos, ângulos de

deflexão ou inserção de coor-

denadas georreferenciadas,em que não haja alteração das

medidas perimetrais;

e) alteração ou inserçãoque resulte de mero cálculo

matemático, feito a partir das

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231ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Retificação de Registro

medidas perimetrais constan-

tes do registro;f) reprodução de descrição

de linha divisória de imóvel

confrontante, que já tenhasido objeto de retificação;

g) inserção ou modificação

dos dados de qualificaçãopessoal das partes, compro-

vada por documentos oficiais,

ou mediante despacho judi-cial quando houver necessi-

dade de produção de outras

provas.No caso da alínea “a”, para

que haja a averbação, será

necessário apenas reexami-nar o título e, constatado o

erro, corrigi-lo. Já no caso daalínea “b”, será necessário

apenas o documento compro-

batório (que poderá ser cer-tidão de órgão público (Pre-

feitura, DAER, Marinha etc.)

ou memorial de profissionalhabilitado (acompanhado de

ART).

Para a alínea “c”, será ne-cessária apenas a apresenta-

ção de cópia da lei ou da pu-

blicação desta, ou certidão ou,ainda, outro documento emi-

tido pela administração públi-

ca (municipal, estadual ou fe-

deral).

Na al ínea “d”, essaaverbação poderá ser feita

mediante a apresentação de

documento oficial (p/ex.: cer-tidão da Prefeitura Municipal)

e/ou memorial de profissional

habilitado, acompanhado deART.

Em relação à alínea “e”, a

averbação poderá ser feitamediante apresentação de cer-

tidão da Prefeitura Municipal e/

ou memorial de profissionalhabilitado, acompanhado de

ART.

Já a alínea “f”, basta aconstatação inequívoca de que

existe coincidência entre as li-nhas divisórias de ambos os

imóveis.

Por fim, em relação à alí-nea “g”, bastará a apresenta-

ção do documento oficial, sal-

vo o caso previsto “in fine” nodispositivo, quando então ha-

verá ordem judicial de retifi-

cação (mandado).Desta feita, a possibilidade

de realizar as alterações dire-

tamente em cartório torna osprocessos mais céleres. Toda-

via, isso não impede que o in-

teressado ingresse com o pe-

dido pelas vias judiciais.

Em alguns casos, como aalteração das divisas do imó-

vel, é comum que as vias ad-

ministrativas tenham menoreficácia, haja visto que nestas

situações nem sempre existe

unanimidade entre as partesenvolvidas e qualquer oposi-

ção fundamentada remeterá

os interessados às vias judi-ciais.

Ademais, quando optado

pelas vias judiciais, uma açãojudicial tramita perante a Vara

Cível da Comarca de localiza-

ção do imóvel. Onde os órgãoscompetentes e o Juiz realizam

os procedimentos necessáriose, após sua determinação, ex-

pedem a sentença do proces-

so. Com esta sentença, o Ofi-cial do cartório conclui o pro-

cesso de retificação, providen-

ciando o devido registro dasalterações.

REFERÊNCIA1.http://www.colegioregist

ralrs.org.br/anexos/MarioMez

zari_NovoProcessoRetificacao.pdf

NOTA1. Dispõe sobre o patri-

mônio de afetação de incorpo-

rações imobiliárias.

* A autora é Administradora de empresas e Advogada, em Fortaleza/CE. Especialista na áreaambiental, com MBA, atuante nas áreas cível e consumidor. Livro publicado pela Editora Lumens

Juris. Membro da comissão de Direito Ambiental e Direito Marítimo, Portuário, Aeroportuário e

Aduaneiro da OAB/CE.

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24 1ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Averbação de Incorporação

É necessário renovar a averbação de incorporaçãoquando se perde o prazo de 180 dias?

Nossa empresa tem por objeto social as seguintes atividades: Empreendimentos imobiliários;Incorporações de bens imóveis; Comércio de imóveis próprios; etc.

Em 06/09/2016, averbamos junto ao Registro de Imóveis, a Incorporação de um de nossos

edifícios, que ainda não está concluído. Vendemos uma unidade no mês de Janeiro de 2018 e, nossocliente (comprador), foi registrar o contrato no cartório e este se negou a fazer, alegando que o

registro de incorporação já passou do prazo de 180 dias e informou que teríamos que renovar a

averbação da incorporação.No Memorial de Incorporação, averbado no registro de imóveis em 06/09/2016, consta: “prazo

de carência para efetivação da incorporação: Sem carência, uma vez que se trata de empreendi-

mento definitivo”.Pergunta: Tratando-se de um empreendimento definitivo, como foi apresentado ao registro de

imóveis, havendo ou não unidades autônomas vendidas e averbadas na matrícula, é correta a

exigência feita pelo Registro de Imóveis para a renovação da incorporação, haja visto que já sepassaram mais de 180 dias da averbação da incorporação?

BDI Responde: A revalidação do registro da incorporação no prazo de 180 dias (estabelecidapelo art. 33, da Lei nº 4.591/64, conjunto com o art. 12, da Lei nº 4.864/65), está regulada em

alguns Estados por Provimentos da respectiva Corregedoria Geral de Justiça.

Em Santa Catarina, as incorporações são disciplinadas pelo Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça, do art. 765 ao art. 780. Porém, não trata do prazo nem da revalidação do registro

ou do momento da concretização a incorporação.

No entanto, em São Paulo há o entendimento que mesmo não existindo prazo de carência nosmemoriais registrados, será necessária a revalidação da incorporação se, decorrido o prazo de

validade do alvará de aprovação ou de execução da obra, nenhuma das outras primeiras hipóteses

tenha ocorrido ou a obra não tenha sido iniciada. (Provimento nº 58/1989, da Corregedoria-Geralda Justiça de São Paulo).

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251ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Bloqueio da MatrículaBloqueio da matrícula de escritura pública do imóvel

devido à utilização de falsa documentação

Comentário do BDI: A Corregedoria Geral da Justiça verificou uma suposta irregularidade na

matrícula da escritura pública, mediante a utilização de falsa documentação perante o Tabelião de

Notas. Pediu pelo bloqueio da matrícula da escritura pública desse imóvel. O Tabelião manifestou-se dizendo que a mencionada matrícula foi registrada sem que se perce-

besse qualquer irregularidade que pudesse impedir a escritura do imóvel.

O Tribunal apurou que poderão ocorrer novos registros que causarão danos de difícil reparaçãoaos interessados e a terceiros de boa-fé. Por cautela, nos termos do artigo 214, § 3° da Lei 6.015/

75, ficou decidido o bloqueio da matrícula da escritura pública do imóvel.

Neste procedimento não decorrem custas, despesas processuais e honorários advocatícios.Ementa: Escritura de compra e venda – Falsidade documental – Matrícula - Bloqueio.

Dados da Decisão: 1VRPSP – Pedido de Providência n° 0010453-21.2018.8.26.0100 – Relatora:

Tânia Mara Ahualli – Data do julgamento: 19.3.2018Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

A inexistência de registro do memorial de incorporaçãonão possibilita a averbação de permuta em imóvel

Comentário do BDI: Trata-se de uma dúvida do Oficial do Registro de Imóveis em relação aopedido da permutante em fazer o registro de permuta para o seu imóvel.

O Oficial rejeitou o registro de promessa de permuta porque não há nenhum documento do

memorial de incorporação do condomínio na matrícula do imóvel, bem como, a inexistência dedescrição das unidades.

A permutante alegou que o registro do memorial de incorporação cabe apenas à incorporadora

realizar. Declarou que o registro é em relação à fração ideal da área do terreno, correspondente a280m², em área privativa no futuro empreendimento imobiliário, estabelecida em sete unidades de

40m².

O Tribunal Verificou que realmente não consta nenhum registro que possa dar fundamento aopedido da permutante. Portanto, foi julgada procedente a presente dúvida e a impossibilidade em

Registro do Memorial de Incorporação

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26 1ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Registro do Memorial de Incorporação

fazer o registro de promessa de permuta para o imóvel.Ementa: Condomínio edilício. Unidade autônoma. Incorporação - Registro prévio. Promessa de

permuta. Especialidade objetiva.

Dados da Decisão: 1VRPSP – Pedido de Providência n° 1012344-60.2018.8.26.0100 – Relatora:Tânia Mara Ahualli – Data do julgamento: 3.4.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Como fica a comissão do corretorde imóveis na permuta?

Fellipe Duarte*

Questão que coloca muitos

profissionais do mercado imo-

biliário e muitos compradores

e vendedores de imóveis em

dúvida é quanto à comissão de

corretagem em caso de per-

muta de imóveis. O que será

esclarecido no presente artigo.

Mas antes, é preciso enten-

der o que é permuta, também

conhecida como troca ou

escambo. A permuta, sem se

prender a técnica jurídica, é

uma troca de coisas.

Isto, na prática do merca-

do ocorre, por exemplo, quan-

do uma pessoa troca uma casa

por um apartamento, um ter-

reno por uma loja, uma sala

comercial por uma casa, etc.

Portanto, na permuta de

imóveis ocorre a troca de bens

imóveis, sendo que neste caso

não há a figura do comprador

e do vendedor, pois ambas as

partes estão permutando. De

modo que não existe uma

contraprestação em dinheiro ,

não existe um “preço” na ne-

gociação.

No caso de existir necessi-

dade do pagamento de uma

diferença em dinheiro, em que

Honorários do Corretor

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271ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Honorários do Corretor

uma parte entrega um imóvel

de menor valor e paga, ainda,

uma quantia em dinheiro,

ocorre na verdade a compra e

venda.

Mas, voltando ao caso da

permuta, é preciso esclarecer

que o próprio Conselho

(CRECI) recomenda que, em

caso de permuta e dação em

pagamento, os honorários do

corretor serão devidos pelos

respectivos proprietários, no

percentual correspondente ao

da venda.

Neste sentido, leia-se a Ta-

bela de Honorários do SINDI-

MÓVEIS/MG (Sindicato dos

Corretores de Imóveis de Mi-

nas Gerais):

Nas permutas e/ou dações

em pagamento, os honorári-

os serão devidos pelos respec-

tivos proprietários, seja do

imóvel vendido, bem como

do(s) imóvel(is) dado(s) pelo

comprador como parte de pa-

gamento, incidindo sobre to-

dos os imóveis envolvidos na

transação, o mesmo percen-

tual previsto no Item I (Ven-

da).

Aliás, redação semelhante

existe na Tabela Referencial de

Honorários do CRECI/SP (Con-

selho Regional de Corretores

de Imóveis de São Paulo).

Mas, note que o entendi-

mento da jurisprudência é no

sentido de que a comissão

deve incidir sobre o valor glo-

bal da transação, não sendo

admitida a dupla comissão,

nos termos da decisão a se-

guir:

“Comissão de corretagem.

Ação de cobrança e indeniza-

ção por danos morais. Parcial

procedência. Ilegitimidade

passiva dos réus, pessoas físi-

cas. Afastamento. Negócio

realizado por meio de permu-

ta de imóvel. Pretensão de re-

cebimento da comissão sobre

o valor de cada imóvel.

Inadmissibilidade de dupla co-

missão. Incidência sobre o va-

lor negociado. Ausente prova

do pagamento, eis que o com-

provante de transferência ban-

cária não indica que se trata

da comissão. Recurso parcial-

mente provido.” (TJSP -

Relator: Cesar Lacerda;

Comarca: São Paulo; Órgão

julgador: 28ª Câmara de Di-

reito Privado; Data do julga-

mento: 06/12/2016).

Para que não haja proble-

mas entre as partes contratan-

tes, o ideal é que fique disposto

no contrato de corretagem to-

dos os detalhes referentes à

transação, tal como os hono-

rários devidos, dentre outros

detalhes da negociação.

* O autor é Advogado, em Juiz de Fora/MG. Pós-graduado em Direito Ambiental (UFPR) e

Direito Imobiliário (UNISC). Membro da Comissão do Meio Ambiente da OAB/MG, subseção Juizde Fora. Membro do Instituto de Direito Privado.

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28 1ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Honorários do Corretor

Cláusula contratual obriga promitente compradoraa pagar os serviços de corretagem

Comentário do BDI: Trata-se de uma Ação de repetição de indébito solicitando a devolução dacomissão de corretagem e da taxa SATI.

A promitente compradora pediu a devolução em dobro dos valores que pagou a título de comis-são de corretagem e da taxa SATI, alegando que em nenhum momento contratou esses serviços,que se dirigiu diretamente ao estande de vendas das promitentes vendedoras.

As promitentes vendedoras demonstraram que o valor da comissão de corretagem foi devida-mente destacado em documento assinado pela promitente compradora, que inclusive emitiu che-ques nominais aos profissionais neles indicados, nada lhes sendo devido em restituição.

O Tribunal verificou que a promitente compradora foi informada da comissão de corretagem aoassinar o contrato de compra e venda da unidade, obrigando-se a pagar à promitente vendedora aquantia referente aos serviços de corretagem, como dispõe a cláusula do contrato. “A comissão decorretagem devida em decorrência da intermediação do presente negócio jurídico imobiliário serásuportada diretamente pelo(a,s) PROMISSÁRIO(A,S) ao(à,s) profissional(ais) e/ou empresa(s) deintermediação imobiliária que a realizou(aram), ficando sob encargo destas partes o ajuste daforma de pagamento de tal comissão”

Portanto, o pedido feito pela promitente compradora na devolução em dobro da comissão decorretagem não foi aceita. Em relação à taxa SATI, as promitentes vendedoras deverão restituir aquantia de R$ 758,10, atualizada monetariamente, acrecida de juros moratórios de 1% ao mês àpromitente compradora.

Ementa: Compromisso de compra e venda. Ação de repetição de indébito. Comissão de correta-gem e taxa de assistência técnico-imobiliária (taxa SATI). Comissão de corretagem devida. Valida-de da cláusula contratual que transfere à promitente compradora a obrigação de pagar a comissãode corretagem. Entendimento consolidado pelo STJ no julgamento do REsp nº 1.599.511/SP. Deverde informação preservado. Abusividade, no entanto, da cobrança da taxa de assessoria técnico-imobiliária (taxa SATI). Restituição de forma simples e em parcela única. Entendimento consolidado

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291ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Honorários do Corretor

pelo STJ nos julgamentos dos REsp’s. nºs 1.599.511/SP, 1.551.956/SP, 1.551.951/SP e 1.551.968/SP. Ação parcialmente procedente. Sucumbência recíproca. Recurso desprovido.

Dados da Decisão: TJSP – Apelação nº 1062401-24.2014.8.26.0100 – Relator: AlexandreMarcondes – Data do julgamento: 9.3.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Justiça não concede o direito ao fornecimento deenergia elétrica a morador com ocupação irregular

Comentário do BDI: Trata-se de Tutela de urgência, com pedido para o fornecimento de ener-gia elétrica em área de ocupação irregular.

O morador argumentou que tem direito ao recebimento de serviço público de caráter essencial;que a questão da regularidade da área ocupada por ele é irrelevante, pois não há provas de talirregularidade; que diversos moradores da área em questão já contam com o fornecimento deenergia elétrica. Solicitou que seu pedido seja aceito e caso não seja cumprido reivindica multadiária de R$ 1.000,00.

O Tribunal verificou que de acordo com o Código de Processo Civil, no artigo 300: “A tutela deurgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e operigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.”

Ocorre que, o imóvel em questão está, aparentemente, em situação irregular. Assim, obrigar aconcessionária a realizar a prestação dos serviços configuraria, de forma indireta, a consolidação daposse exercida pelo morador antes mesmo da efetiva regularização da área, o que depende deatuação do Poder Público. A tomada de posicionamento diferente implicaria em instigar as situaçõesde ocupação clandestina, o que não se pode admitir.

Ademais, o próprio morador informa já estar na posse do imóvel há mais de quatro anos, semenergia elétrica, o que afasta a alegação de urgência do fornecimento do serviço. Portanto, o pedidodo morador não foi aceito por não constar os requisitos necessários para justificar tal solicitação.

Ementa: Agravo de Instrumento. Tutela de urgência. Negada a antecipação dos efeitos da tute-la, entendendo o juízo a quo pela necessidade de instauração do contraditório. Não preenchidos osrequisitos dispostos no artigo 300, do CPC. Pretensão de fornecimento de energia elétrica emimóvel localizado em área de ocupação irregular, o que afasta a probabilidade do direito do autor.Manutenção da decisão atacada. Recurso não provido.

Dados da Decisão: TJSP – Agravo de Instrumento n° 2203861-83.2017.8.26.0000 – Relator:Cauduro Padin – Data do julgamento: 5.4.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Ocupação Irregular

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30 1ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Direito de Vizinhança

Obras causam trincas erachaduras no imóvel do vizinho

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de direito de vizinhança em que o proprietário

comunicou que seu vizinho vêm causando danos à sua residência, em razão das obras que realizou.

Alegou dano moral, dizendo que não se trata de mero aborrecimento ter vivenciado e visto trincas

e rachaduras em sua propriedade, o que poderia ter causado o desabamento das paredes.

Disse ainda, que deixou de lucrar com a locação de uma edícula nos fundos do imóvel, desde que

o vizinho iniciou as obras.

O vizinho contestou dizendo que não existe dano moral por apenas trincas e rachaduras, e que a

última locação do imóvel acabou em 2006 e as suas obras iniciaram em meados de 2009, após três

anos da saída do locatário, sendo um absurdo o pedido de lucros cessantes.

O Tribunal verificou que as obras do vizinho, após laudo pericial, não apresentavam riscos a

causar a reparação por dano moral, que não se confunde com transtornos indesejáveis. E que isso

não impediria o proprietário de locar a edícula dos fundos do imóvel.

Portanto, o vizinho foi condenado a reparar os danos apurados em laudo pericial, no prazo de 60

dias, sob pena de multa diária.

Ementa: Direito de vizinhança - Nunciação de obra nova - Obrigação de fazer - Danos materiais

e morais - Comprovados os danos causados ao imóvel do Autor, em razão da obra realizada pela

Requerida em imóvel contíguo - Devida a condenação à reparação dos danos - Não comprovados os

lucros cessantes - Ausente o dano moral - Sentença de extinção da medida cautelar, com fulcro no

artigo 267, inciso VI, do antigo Código de Processo Civil (falta de interesse processual), e de parcial

procedência da ação principal, para condenar a Requerida a “reparar os danos apurados em laudo

pericial complementar, no prazo de 60 dias, a contas do trânsito em julgado da sentença, sob pena

de multa diária de R$ 1.000,00 limitada a R$ 10.000,00, ou, alternativamente, a requerimento

expresso do Autor nos autos, em 15 dias contados da publicação desta sentença, ao pagamento do

valor de R$ 3.762,50”- Recurso do autor improvido.

Dados da Decisão: TJSP – Apelação n° 0800244-96.2009.8.26.0577 – Relator: Flavio Abramovici

– Data do julgamento: 1.3.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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311ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Incorporação

Inversão de cláusula penal emcontrato de incorporação imobiliária

Iuri Vasconcelos Barros de Brito*

Segundo Orlando Gomes,

“o contrato de incorporação

imobiliária é sinalagmático,simplesmente consensual,

oneroso, formal e de execução

diferida”. A respeito das obri-gações das partes subscritoras

desse tipo de contrato, o

doutrinador baiano tambémesclarece: “Origina obrigações

correlatas, cumprindo ao

incorporador, fundamental-mente, em contraprestação do

preço a cujo pagamento se

obriga a outra parte, satisfa-zer a obrigação de resultado

consistente na entrega da uni-

dade autônoma construída.Entre as duas obrigações há

dependência recíproca” (1).

Para Carlos Mário VellosoFilho, o contrato de promessa

de compra e venda firmado

entre o incorporador imobiliá-rio e o promissário comprador

“possui duas finalidades. Pri-

meira: transmitir os direitosaquisitivos do futuro bem; se-

gunda: captar os recursos ne-

cessários à construção” (2).Assim, nessa espécie de

contrato, o incorporador com-

promete-se a empreender,construir e entregar o imóvel.

O comprador, a pagar as par-

celas do preço do negócio.

Eventual atraso do pro-missário comprador em rela-

ção ao pagamento das parce-

las do preço do bem geralmen-te é penalizado com multa

moratória de 2% sobre o va-

lor da parcela inadimplida, ju-ros legais de 1%, ao mês, pro

rata die e correção monetária,

considerando-se sempre o va-lor da parcela inadimplida.

Nesse particular, a penalidade

para o consumidor em atrasotem amparo no próprio Códi-

go de Defesa do Consumidor,

art. 52, § 1º.De igual modo, o contrato

de promessa de compra e ven-

da também costuma preverincidência de multa fixada a

título de cláusula penal (Códi-

go Civil, 408 e seguintes), paraa hipótese de atraso da

incorporadora em relação à

data prevista para a entregado imóvel, excluindo-se o pra-

zo de tolerância previsto pelo

artigo 48, § 2º, da Lei 4.591/64, tolerância esta amplamen-

te aceita pela jurisprudência do

Superior Tribunal de Justiça.No entanto, é possível que

no contrato de promessa de

compra e venda, firmado à luz

da Lei 4.591/64, não constesanção contra a incorporadora

em atraso, em relação à en-

trega do empreendimento.Nessas situações, quando

provocado, o Poder Judiciário

tem adotado a prática de apli-car em desfavor da incorpo-

radora em mora a mesma pe-

nalidade prevista para a hipó-tese de atraso do consumidor

quanto ao pagamento das par-

celas do preço do imóvel.Trata-se da chamada inver-

são de cláusula penal, que con-

siste em penalizar a incorpo-radora, fazendo incidir em seu

desfavor a mesma multa de

2% e também juros mensaisde 1%, sobre o valor do con-

trato, frise-se. Para tanto, os

magistrados costumam invo-car o “princípio da simetria” e/

ou da “equivalência contra-

tual”.É inegável a necessidade de

se penalizar a incorporadora

impontual, ou, dito de outromodo, de se compensar o con-

sumidor ante o atraso injus-

tificado, ainda mais levando-se em conta a prorrogação de

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32 1ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

Incorporação

prazo de entrega prevista pelacláusula de tolerância.

É nesse contexto que a

questão inversão de cláusulapenal se encontra pendente

de julgamento na Segunda

Seção do Superior Tribunal deJustiça, desde o mês de abril

do ano de 2017, pelo rito dos

artigos 1.036 e seguintes doCódigo de Processo Civil, com

vistas a debater a “possibili-

dade ou não de inversão, emdesfavor da construtora (for-

necedor), da cláusula penal

estipulada exclusivamentepara o adquirente (consumi-

dor), nos casos de inadim-

plemento da construtora emvirtude de atraso na entrega

de imóvel em construção ob-

jeto de contrato ou de pro-messa de compra e venda”.

A proposta de afetação rea-

lizada pelo Ministro Luís FelipeSalomão selecionou como re-

presentativo da referida con-

trovérsia o REsp 1614721/DF,com a seguinte ementa:

“ProAfR no RECURSO ESPECI-

AL Nº 1.614.721 - DF (2016/0187952-6) PROPOSTA DE

AFETAÇÃO. RECURSO ESPE-

CIAL. RITO DOS RECURSOSESPECIAIS REPETITIVOS.

COMPRA E VENDA DE IMÓ-

VEIS NA PLANTA. ATRASO NAENTREGA DO IMÓVEL. CON-

TROVÉRSIA ACERCA DA POS-

SIBILIDADE DE INVERSÃO, AFAVOR DO CONSUMIDOR, DA

CLÁUSULA PENAL.

1. Delimitação da contro-vérsia: Definir acerca da pos-

sibilidade ou não de inversão,

em desfavor da construtora(fornecedor), da cláusula pe-

nal estipulada exclusivamen-

te para o adquirente (consu-midor), nos casos de inadim-

plemento em virtude de atra-

so na entrega de imóvel emconstrução objeto de contrato

ou de promessa de compra e

venda.2. RECURSO ESPECIAL AFE-

TADO AO RITO DO ART. 1.036,

CPC/2015.”Objeto do Tema nº 971 dos

julgamentos submetidos ao rito

dos recursos repetitivos, a re-ferida proposta de afetação ge-

rou a determinação de suspen-

são nacional de todos os pro-cessos pendentes, individuais

ou coletivos (Art. 1.037, II,

CPC), que tratem da mesmaquestão.

Decorre do exposto que sóestarão sujeitos à suspensão

decorrente da proposta de afe-

tação aqui ora em foco os pro-cessos onde os contratos sub

judice não contenham cláusula

penal fixada em desfavor daprópria incorporadora (fornece-

dora) para a hipótese de atraso

em relação à data pactuadapara a entrega do imóvel.

Necessário, portanto, trazer

ao debate questões suscitadaspela prática judicial de inversão

pura e simples da cláusula pe-

nal prevista contra o consumi-dor.

Invocar o princípio da “equi-

valência contratual ou simetria”para justificar a inversão da

cláusula penal parece não guar-

dar simetria alguma com a cláu-sula invertida, uma vez que

amplia sobremaneira a base de

cálculo, deixando de considerarque o consumidor em atraso pa-

gará multa e juros sobre o va-

lor da parcela mensal inadim-plida, e não pelo valor do con-

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331ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

trato.Ou seja, a inversão automá-

tica da cláusula penal termina

por não considerar nem o valorda parcela inadimplida e nem

mesmo o valor efetivamente

pago pela parte consumidora aolongo do contrato, adotando

como base o valor integral des-

te, ensejando enriquecimentosem causa da parte consumi-

dora, franco desequilíbrio à

avença, e comprometendo, in-clusive, o fundo monetário co-

mum necessário à conclusão da

construção do empreendimen-to. A abusividade às avessas é

evidente e não esqueçamos que

o Código de Defesa do Consu-midor também busca o equilí-

brio da relação consumerista em

si e não só do sujeito consumi-dor.

A discussão a ser travada

pelo Superior Tribunal de Justi-ça deverá levar em conta esse

aspecto, de modo que pela in-

versão da cláusula penal não seperca de vista o risco de a equi-

valência invocada restar com-

prometida, se, em vez deconsiderar, por exemplo, o

valor das parcelas efetivamen-

te pagas ao longo do contrato,adotar-se como base de cálculo

o valor integral deste.Por fim, vale destacar que se

o contrato em julgamento con-

tiver cláusula que penalize aincorporadora em razão de atra-

so, o processo não estará en-

quadrado na delimitação obje-to do Tema nº 971, acima refe-

rido, que, como visto, está re-

servada a julgamento de con-tratos com cláusula penal esti-

pulada exclusivamente para o

adquirente do imóvel.O destaque é importante

porque em muitas situações os

juízes terminam por aplicar, emdesfavor da incorporadora

impontual, a inversão da cláu-

sula penal e cumulá-la com apenalidade existente em re-

gramento contratual específico

para a hipótese de atraso dapromitente vendedora.

Sem medo da insistência na

conclusão, enquanto o julga-

mento do recurso representati-vo da controvérsia objeto do

Tema 971 dos julgamentos sub-

metidos ao rito dos recursosrepetitivos não for concluído,

importa que os tribunais perce-

bam que, existindo regramentocontratual específico para a hi-

pótese de mora da incorpo-

radora, sabidamente pela hipó-tese de atraso em relação à data

prevista para entrega do imó-

vel, esta não pode ser penali-zada com a inversão da cláusu-

la penal estipulada a hipótese

de mora do promissório com-prador.

REFERÊNCIAS1. Gomes, Orlando. Contra-

tos – 5ª ed. - Rio: Forense,

1975, p. 546.

2. https://www.conjur.com.br/2017-jul-02/carlos-

velloso-filho-direitos-clientes-

incorporacao-imobiliaria.

* O autor é Advogado, em Salvador/BA. Sócio do escritório Rodrigues & Vasconcelos Advoga-

dos. Mestre em Direito Público pela Universidade Federal da Bahia.

Incorporação

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34 1ª quinzena - Maio 2018 – nº 9

A posse justa, obtida por meio de contrato,não é hábil para o pedido da usucapião

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de usucapião em que o proprietário de um imóvel

autorizou que seus familiares construíssem em sua propriedade, através de contrato de compra e

venda e tinham a obrigação de pagar ao proprietário as parcelas para, ao final, pedir a cessão da

escritura pública.

Os compromissários compradores, após terem construído no terreno, pediram a usucapião, com

a posse mansa e pacífica, sem oposição, pelo prazo necessário.

O Tribunal verificou que os familiares não comprovaram terem a posse, e com isso não preenche-

ram o requisito do tempo para pedirem a usucapião. Contudo, a posse do proprietário teve início por

força de contrato de compra e venda, obtida de forma justa e de boa-fé.

Apenas a posse injusta é hábil para gerar a usucapião. A justa, obtida por meio de contrato, não.

Assim, foi julgado improcedente o pedido.

Ementa: Ação de usucapião – Posse obtida por compromisso de compra e venda regularmente

celebrado – Posse justa e sem “animus domini” – Ausência de posse “ad usucapionem” –

Inadimplemento que, por si só, não altera a natureza da posse – Inteligência do art. 492 do CC/

1916 – Autores que, ademais, não preencheram o requisito temporal da usucapião extraordinária,

de 20 anos, já que mais da metade do prazo teria transcorrido na vigência do CC/1916 – Proprietá-

rio que manifestou oposição à posse dos autores, ingressando com ação de reintegração de posse

antes da consumação do prazo – Ausência do preenchimento dos requisitos da usucapião – Recurso

desprovido.

Dados da Decisão: TJSP – Apelação nº 0000848-58.1997.8.26.0271 – Relator: Marcus Vinicius

Rios Gonçalves - Data do julgamento: 28.11.2017

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Usucapião

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ÍNDICES DE CORREÇÃO MONETÁRIAMESES

FGV % IBGE % FIPE %

IGP-M IGP/DI IPC-DI IPA-EP-DI INCC-DI INPC IPC-A IPC

Mar. 0,0147 (-) 0,3777 0,4742 (-) 0,7827 0,1574 0,3201 0,2499 0,1359

Abr. (-) 1,0956 (-) 1,2427 0,1247 (-) 1,9596 (-) 0,0238 0,0800 0,1400 0,6069

Mai. (-) 0,9319 (-) 0,5124 0,5179 (-) 1,1021 0,6339 0,3601 0,3100 (-) 0,0488

Jun. (-) 0,6663 (-) 0,9609 (-) 0,3224 (-) 1,5340 0,9311 (-) 0,2999 (-) 0,2300 0,0510

Jul. (-) 0,7161 (-) 0,2953 0,3778 (-) 0,6672 0,3047 0,1699 0,2401 (-) 0,0125

Ago. 0,0958 0,2387 0,1344 0,2596 0,3560 (-) 0,0300 0,1899 0,0967

Set. 0,4682 0,6188 (-) 0,0217 0,9738 0,0626 (-) 0,0200 0,1599 0,0184

Out. 0,1965 0,0976 0,3265 (-) 0,0300 0,3080 0,3700 0,4201 0,3224

Nov. 0,5243 0,8020 0,3587 1,0648 0,3108 0,1801 0,2801 0,2889

Dez/2017 0,8873 0,7413 0,2120 1,0670 0,0731 0,2600 0,4400 0,5483

Jan./2018 0,7550 0,5765 0,6861 0,5797 0,3089 0,2300 0,2900 0,4629

Fev. 0,0732 0,1537 0,1672 0,1531 0,1276 0,1800 0,3200 (-) 0,4166

Mar. 0,6351 0,5625 0,1719 0.7708 0,2424 0,0699 0,0900 0,0032

MESESTR (¹) POUPANÇA (¹) SALÁRIO-MÍNIMO DÓLAR - R$ (2)

% % R$ COMERCIAL PARALELO

Mai. 0,0764 0,5768 937,00 3,1540 3,3200

Jun. 0,0536 0,5539 937,00 3,2480 3,4500

Jul. 0,0623 0,5626 937,00 3,3140 3,4600

Ago. 0,0509 0,5512 937,00 3,1190 3,3100

Set. 0,0000 0,5000 937,00 3,1490 3,3200

Out. 0,0000 0,5000 937,00 3,1680 3,3400

Nov. 0,0000 0,5000 937,00 3,2730 3,3900

Dez. 0,0000 0,5000 937,00 3,2720 3,4000

Jan/2018 0,0000 0,5000 954,00 3,3150 3,4800

Fev. 0,0000 0,5000 954,00 3,1810 3,3200

Mar. 0,0000 0,5000 954,00 3,2440 3,3700

Abr. 0,0000 0,5000 954,00 3,3010 3,4600

Mai. 954,00

1. TR e Poupança - Percentual correspondente ao primeiro dia útil do mês, a ser creditado trinta dias após.2. Dólar - Cotações do último dia útil do mês.

IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE – A partir de Abril/2015

Base de Cálculo (R$)

Até 1.903,98

De 1.903,99 até 2.826,65

De 2.826,66 até 3.751,05

De 3.751,06 até 4.664,68

Acima de 4.664,68

Alíquota (%)

Isento

7,5

15

22,5

27,5

Parcela a Deduzir (R$)

142,80

354,80

636,13

869,36

DEDUÇÕES:

a) R$ 189,59 por dependente;

b) Pensão alimentícia integral;

c) R$ 1.903,98 para aposentados, pensionistas e transferidos para a

reserva remunerada que tenham 65 anos de idade ou mais;

d) Contribuição à Previdência Social.

COEFICIENTES ANUAIS – ACUMULADOS ATÉ O MÊS ANTERIOR (3)

Reajuste em Jan./2018 Reajuste em Fev./2018 Reajuste em Mar./2018 Reajuste em Abr./2018Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual

IGP-M/FGV 0,9948 IGP-M/FGV 0,9959 IGP-M/FGV 0,9958 IGP-M/FGV 1,0020

IGP-DI/FGV 0,9958 IGP-DI/FGV 0,9972 IGP-DI/FGV 0,9981 IGP-DI/FGV 1,0076

IPC-DI/FGV 1,0323 IPC-DI/FGV 1,0322 IPC-DI/FGV 1,0307 IPC-DI/FGV 1,0276

INPC/IBGE 1,0207 INPC/IBGE 1,0187 INPC/IBGE 1,0181 INPC/IBGE 1,0156

IPC-A/IBGE 1,0295 IPC-A/IBGE 1,0286 IPC-A/IBGE 1,0284 IPC-A/IBGE 1,0268

IPC/FIPE 1,0227 IPC/FIPE 1,0241 IPC/FIPE 1,0207 IPC/FIPE 1,0193

3. Para reajuste anual de aluguel: multiplique o valor pelo indexador contratado. Índices completos no site: www.diariodasleis.com.br.