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TRAUMA NA GESTANTE
Henrique Santos e Raphaëlle Machado Lite - 2013
História
! Ambroise Paré (1510 – 1590): “Quando um útero é lesionado, o sangue sai das entranhas e todos os outros acidentes aparecem…”
! Sociedade Moderna: Trauma abdominal fechado
! Atualmente: Causa número 1 de morte de mulheres gestantes (50%)
Epidemiologia
Trauma Fechado
90%
Trauma Penetrante
10%
Trauma
Grupo: 96 gestantes
Mattox, 2005
Epidemiologia
Trauma Fechado
Acidentes com veículos motores - 60%
Atropelamento - 5%
Vítima de queda - 10%
Vítima de golpe fechado - 11%
Outros - 4%
Mattox, 2005
Epidemiologia
Trauma Penetrante
Arma de fogo - 6%
Arma branca - 2%
Outros - 2%
Mattox, 2005
Alterações Fisiológicas e Anatômicas
↑ volume sg Hemodiluição
• SCV
Prostaglandinas, progesterona e óxido nítrico
Vasodilatação ↓ RVP ↓ PA
Alterações Fisiológicas e Anatômicas
• SCV
ü ↑ DC
ü ↑Massa muscular dos ventrículos
ü ↑FC
ü ↑Fatores pró-coagulantes
ü Surgimento de B3
ü Redirecionamento do fluxo sanguíneo
Alterações Fisiológicas e Anatômicas
Elevação do Diafragma
↓V.R
↓C.R.F
↓ V.R.E
Hiperventilação
↓CO2
↑O2
• SR
àDISPNÉIA àDISCRETA ALCALOSE RESPIRATÓRIA
Mattox, 2005
Alterações Fisiológicas e Anatômicas
• SGI
↑ Tempo de esvaziamento
gástrico
↓Tônus e motricidade
gástrica
Progesterona e ação uterina
Constipação e hemorróidas
Relaxamento tônus e
motricidade intestinal
Progesterona
Alterações Fisiológicas e Anatômicas
• SGI
ü ↑Apetite e ↑Sede
ü Náuseas
ü Gengivas hiperêmicas, edemasiadas e sangram facilmente
Alterações Fisiológicas e Anatômicas
• Outros Sistemas
ü Hidronefrose e Hidroureter
ü Fluxo sanguíneo renal à ↑ do rim por hipertrofia e hiperemia
ü ↑Aldosterona e ↑cortisol
ü ↑Vascularização uterina
ü Lordose Lombar
ü Marcha Anserina
Alterações Fisiológicas e Anatômicas
• Outros Sistemas
ü Melasma Gravídico
ü Linha nigra
ü Cresimento e ↑sensibilidade mamária
ü Mamogênese
ü Dificuldade de atenção, ↓concentração
ü ↓Memória
ü Hiperinsulinemia e Hipoglicemia de jejum
Mattox,2005
Tratamento Pré-Hospitalar
! Fornecer via aérea adequada à Hipóxia Fetal
! Fornecer líquidos intravenosos à Hipovolemia ou Choque
! Maca inclinada p/esquerda à Posição de decúbito lateral esquerdo à Hipotensão
Avaliação Primária ! ABCDE NORMAL
! Prioridade à MÃE
! Continuar com os procedimentos realizados no tratamento pré-hospitalar
! Possível utilização do PASG (vestimentas antichoque pneumáticas)
Avaliação Secundária
Anamnese e exame físico
• História Pré-natal • História Obstétrica
Exame Obstétrico
• Tamanho uterino à I.G e M.F • Frequência cardíaca e ritmo fetal
Exame Ginecológico
• Atenção para corrimento vaginal que contenha líquido amniótico ou sangue e para dilatação do colo uterino
Avaliação Fetal
Dispositivo Cardiotacográfico
(CTM)
Contrações frequentes
Mínimo de 24h de CTM
Sem contrações Mínimo de 6h de CTM antes de dar
alta
FCF = 120 a 160 bpm à Hipóxia à Taquicardia
Mattox, 2005
Modalidades Diagnósticas
! Ultra-sonografia à Identificar problemas agudos (descolamento de planceta, placenta prévia, presença de liq. intra-abdominal e intrapericárdico)
! Exame Radiográfico à Avaliar extensão das lesões maternas. OBS: Solicitar um mínimo mínimo de radiografias, e proteger o abdome da paciente com um avental de chumbo.
Mattox, 2005
Trauma Abdominal na Gravidez
! Avaliação:
ü Fraturas de costela ou pélvica
ü Hipotensão não explicada
ü Perda sanguínea ou déficit de base
ü Hematúria
ü Pacientes com sensório alterado secundário a drogas, álcool ou lesão craniana concomitante.
ü A ultra-sonografia abdominal focada é um exame rápido e confiável para avaliação tanto do feto quanto da mãe.
Tratamento de Lesões Abdominais na Gravidez
! Trauma Fechado:
ü Em pacientes estáveis: tratamento conservador é o preferido em lesões de órgãos sólidos, evitando assim as complicações potenciais da anestesia geral.
ü Em pacientes instáveis: a cirurgia está indicada em nessas situações ou quando apresenta lesão intestinal potencialmente grave tanto hemodinamicamente quanto à possibilidade de uma infecção intra-abdominal potencialmente letais para o feto.
Tratamento de Lesões Abdominais na Gravidez
! Trauma Fechado:
Trauma pélvico Hemorragia de
vasos retroperitoneais
Choque hemorrágico
ü As fraturas pélvicas na gestante são as lesões mais comuns para a mãe que resulta em morte fetal. ü O tratamento da hemorragia pélvica é realizado através de angiografia e embolização de vasos sanguíneos.
Tratamento de Lesões Abdominais na Gravidez
! Trauma Fechado:
ü A morte fetal pode ser decorrente do choque materno ou laceração placentária ou ainda consequente à lesão direta no crânio.
ü O trauma em final de gestação pode resultar em fratura de extremidades e crânio fetal (apresentação cefálica).
Tratamento de Lesões Abdominais na Gravidez
! Trauma Fechado:
! Rotura uterina à Choque materno grave
à Útero pequeno para a idade gestacional
à Presença de partes fetais fora do útero.
Tratamento de Lesões Abdominais na Gravidez
! Descolamento de placenta à Causa mais frequente de morte fetal quando a mãe sobrevive
à Anóxia, prematuridade ou exsanguinação.
à Quadro clínico: sangramento vaginal, dor abdominal, sensibilidade uterina e contrações sendo que a coagulação intravascular disseminada é uma das mais graves complicações associadas com o descolamento.
à A Cardiotocografia fetal é o método de escolha para detectar casos “silenciosos” de descolamento que resulta em sofrimento fetal agudo.
Tratamento de Lesões Abdominais na Gravidez
! Trauma Penetrante:
ü O trauma penetrante de baixa velocidade raramente penetram a espessa camada uterina.
ü Ferimento por armas de fogo no abdome superior podem resultar em danos maternos graves (órgãos com grandes vascularização e comprimidos em espaço reduzido).
Cesariana após uma lesão
! Indicação:
ü Embolia por líquido amniótico, um evento cardíaco importante (Fetos com pelo menos 26 semanas de gestação).
! Com a extração fetal ocorrida até 5 minutos após a morte materna as chances de sobrevida fetal é de 70%.
Cesariana após uma lesão
Queimaduras na Gravidez
! Tratamento:
ü Ressuscitação volumétrica
ü Evitar a hipóxia
ü Creme de sulfadiazina de prata
ü Medicação para alívio de dor
ü O tratamento adequado ao choque e a excisão precoce com enxertos resulta em uma sobrevida materna e fetal melhorada.
Tratamento Intensivo em Obstetrícia
! Fisiologia Materno-Fetal:
ü Trauma importante com hemorragia ajuda à ↓ Transporte de O2 e ↓ Resposta cardíaca materna à Restrição do fluxo sg uterino.
ü ↓ de O2 no sg fetal > 50% à Breves episódios de bradicardia à Desacelerações tardias na frequência cardíaca.
ü Grávidas gravemente enfermas: evitar a posição supina
Tratamento Intensivo em Obstetrícia
! Hipertensão Induzida pela Gravidez:
ü Pressão sistólica acima de 160 mmHg ou mais e diastólica superior a 110 mmHg ou mais
ü Oligúria
ü Proteinúria de 5 g/24 h ou 3+ no exame qualitativo de urina
ü Distúrbios na função cerebral
ü Edema pulmonar
Tratamento Intensivo em Obstetrícia
! Hipertensão Induzida pela Gravidez:
ü Convulsão eclâmptica (complicações): hemorragia intracerebral, cegueira, necrose tubular/cortical aguda, insuficiência cardíaca, edema pulmonar e CIVD, retardo de crescimento intra-útero tardio
ü Prevenção de convulsão:
à Sulfato de magnésio – 4 a 6 g IV com 2 g/hora como dose de manutenção
àHidrocloreto de hidralazina em uma dose em bolus intravenosa de 5 a 10 mg - droga anti-hipertensiva de escolha se a pressão diastólica estiver acima de 105 mmHg
Tratamento Intensivo em Obstetrícia
! Embolia por Líquido Aminiótico (ELA):
ü Está associada à mortalidade materna elevada (entorno de 80%)
ü 40% das pacientes que sobrevivem à lesão inicial podem desenvolver uma coagulopatia leve à CIVD
ü Quadro clínico: dispneia e hipotensão súbitas, seguida de parada cardiorrespiratória
ü Tratamento: oxigênio, manutenção do débito cardíaco e pressão sanguínea e correção da coagulopatia
Tratamento Intensivo em Obstetrícia
! Trombose Venosa Profunda/Embolia Pulmonar:
ü Principal causa de morbimortalidade materna durante a gestação e também durante o puerpério
Estado hipercoagulável da gestante e ↓ da atividade fibrinolítica
Idade materna avançada, Presença de lesões neurológicas, Imobilização prolongada, Presença de fraturas pélvicas ou de extremidades inferiores, Lesões venosas e deficiências hereditárias nos inibidores naturais da coagulação
Tratamento Intensivo em Obstetrícia
! Trabalho de Parto Prematuro:
ü Traumas relativamente leves: < 1% a incidência de trabalho de parto prematuro
ü Trauma grave: maioria apresenta algum grau de atividade uterina contrátil
ü Administração de drogas tocolíticas (ternutalina, indometacina e nifedipina) à Não devem ser usadas em pacientes com sangramento vaginal ativo, descolamento de placenta, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, diabete descontrolado, doença cardíaca grave ou dilatação cervical > 4 cm
Tratamento Intensivo em Obstetrícia
! Complicações Infecciosas na Gravidez:
ü Infecções abdominais podem ser particularmente perigosas para o feto
ü Resultam no nascimento de neonatos com hemorragia intraventricular impor tante e leucomalacia periventricular – Complicações se relacionam com a paralisia cerebral
ü Tratamento: terapia antibiótica agressiva e/ou intervenção cirúrgica quando adequado
Tratamento Intensivo em Obstetrícia
! Lesão Neurológica durante a Gestação:
ü Trauma craniano moderado e grave (ECG <12) à Disfunção hipotalâmica e pituitária materna + lesões cerebrais catastróficas
ü Garantia de um crescimento e desenvolvimento normais do bebê: suporte nutricional, controle das convulsões, tratamento das infecções e complicações trombóticas
Prevenção de Lesões durante a Gravidez
! Áreas de Prevenção:
ü Uso de drogas e álcool: Prejudiciais ao feto e estão associadas às lesões intencionais e não intencionais durante a gravidez.
à Pré-natal: educação sobre abuso de substâncias e fornecer oportunidade de tratamento.
Prevenção de Lesões durante a Gravidez
! Áreas de Prevenção:
ü Violência interpessoal: Uso de um sistema para rastreamento da avaliação de abuso de 3 perguntas
à Incidência de perda fetal muito alta
à Associada com: baixo peso fetal ao nascer
baixo ganho ponderal materno
infecções maternas
anemia
abuso materno de álcool ou drogas
Prevenção de Lesões durante a Gravidez
! Áreas de Prevenção:
ü Cinto de segurança: reduz a taxa de morte fetal de 33% entre aquelas ejetadas do carro para 5% naquelas que estavam contidas
ü Não contida: probabilidade de 1,9 vezes maior de ter um bebê de baixo peso e probabilidade de 2,3 vezes maior de dar à luz nas 48 horas seguintes a uma colisão
ü Pré-natal: fornecer informações sobre o uso de cinto de segurança na gestação quanto à sua segurança e à forma correta de posicioná-lo
Referências ! MATTOX, Kenneth L. et al. Trauma 4a Ed. New York: McGraw-Hill, 2005.
! American College of Surgeons. ATLS: Suporte Avançados de Vida no Trauma para Médicos. 8ª ed. 2008.
! Kammerer WS. Nonobstetric surgery in pregnancy. In The medical clinics of north america, 71:3, 1987: 551-560
! Pregnancy guide. Medical info systems. 1998
! Trauma na mulher. In Suporte avançado de vida no trauma.American College of Surgeons. 1997. Chicago, IL.
! Chang J, Berg CJ, Saltzman LE, Herndon J. Homicide: a leading cause of injury deaths among pregnant and postpartum women in the United States, 1991-1999. Am J Public Health 2005; 95:471.
! Kuo C, Jamieson DJ, McPheeters ML, et al. Injury hospitalizations of pregnant women in the United States, 2002. Am J Obstet Gynecol 2007; 196:161.e1.
! Pak LL, Reece EA, Chan L. Is adverse pregnancy outcome predictable after blunt abdominal trauma? Am J Obstet Gynecol 1998; 179:1140.
OBRIGADO !