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R Manual de inspeção sensitiva. Klabin S/A Programa de treinamento. Data: 01.08.2004 Executante: Preenge – engenharia de manutenção preditiva Autor: Thiago Luis R. Facca Participantes: Sérgio Rinato Morato Soares

Treinamento de inspeção sensitiva1

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Manual de inspeção sensitiva. Klabin S/A

Programa de treinamento.

Data: 01.08.2004

Executante: Preenge – engenharia de manutenção preditiva

Autor: Thiago Luis R. Facca Participantes: Sérgio Rinato Morato Soares

Introdução: A percepção humana. A percepção é um processo mental de interação do indivíduo com o meio ambiente que se dá através de mecanismos perceptivos propriamente ditos e, principalmente, cognitivo. Os primeiros são dirigidos pelos estímulos externos, captados através dos cinco sentidos, onde a visão é o que mais se destaca.

É um fato que a manutenção na sua escala de evolução, sofra grandes modificações, principalmente na maneira de fazê-la. Um dos grandes avanços da manutenção no sentido pró ativo da mesma, é a Associação dos conhecimentos técnicos com a percepção humana, traduzida na inspeção sensitiva. É imprescindível que as empresas mantenham nos dias de hoje, a integridade e a confiabilidade operacional de seus equipamentos. Equipamentos mal conservados podem causar danos irreparáveis a pessoas, máquinas e produção. O papel do inspetor sensitivo é fundamental para os problemas encontrados no campo, atuando como um filtro para melhor resolução da falha por parte do gestor. Além de identificar as falhas, o inspetor deverá ajudar o planejamento de forma a indicar da melhor maneira possível o que tem que ser feito e as peças a serem trocadas.

Esquema teórico do processo perceptivo

Realidade filtros culturais e individuais sensações motivação seletiva interesse instantânea necessidade realimentação

cognição avaliação conduta memória julgamentos opinião organização seleção ação imagens expectativa comportamento

Neste manual encontraremos noções de como devem ser tratados os equipamentos na inspeção, lembrando que cada inspetor tem uma maneira diferente de proceder, moldada para cada situação, mas sempre buscando falha inesperada zero. Como iniciar uma inspeção sensitiva? O inspetor deverá criar uma rotina, que deve ser sempre seguida, evitando deixar equipamentos sem inspeção. A melhor rotina deve ser adequada para a inspeção verificar os equipamentos de maior criticidade primeiro, seguindo para equipamentos de menor criticidade, evitando assim que equipamentos de maior criticidade apresentem problemas e não sejam vistos. Equipamentos de criticidade alta são aqueles que param e ou atrapalham o fluxo de produção, e fora da normalidade de funcionamento podem causar acidentes. Como inspecionar equipamentos? Em geral, a grande maioria dos equipamentos pode ser avaliada pela inspeção sensitiva, senão parcial. Podem ser tocados, vistos, auscultados. O primeiro passo é a localização objetiva do equipamento, já dentro de uma rotina adequada pelo inspetor, que iniciará a inspeção. O inspetor deverá utilizar os sentidos para detectar anormalidades com os equipamentos; tais anormalidades como: Temperatura alta, ruído anormal, vibração anormal, vazamentos, níveis de óleo, ausência de elementos de máquinas, elementos soltos, estados de conservação, cheiro de queimado, além de observar e avaliar a operação dos mesmos, do ponto de vista de parâmetros como temperatura, corrente, etc, bem como do ponto de vista dos operadores (operação errônea). Exemplos práticos para inspeção de equipamentos. Exemplo nº 1. Vamos começar por um mancal de rolamento simples, lubrificado a graxa. (1-) pontos de observação:

• Estrutura onde está fixado o conjunto mancal; (corrosão, sujeira, etc.). • Fixação da caixa de mancal (elementos fixação soltos); • Conservação da caixa, estado físico dos elementos de fixação (parafusos,

prisioneiros, trincas afloradas, aperto, elementos de fixação soltos, sujeira); • Temperatura anormal, que depende do tipo de trabalho realizado pelo

conjunto mancal; • Lubrificação aparente, que pode ser observada facilmente pelo nível de ruído

e temperatura do conjunto; • Alimites graxeiros ausentes, ou falta de suporte para a instalação dos

mesmos; (orifícios roscados). • Concentricidade do eixo, quando puder ser observada, (não aplicado para

mancais com tampa ou qualquer elemento de máquina que não permita a visão do inspetor).

• Vibração anormal, geralmente causada por lubrificação inadequada, levando a desgaste prematuro do conjunto;

• Contaminação do lubrificante por agente externo; • Estado físico das vedações do mancal; • Quando pinado, estado do elemento de fixação; • Contextos gerais de dimensionamento; (aplicação correta da caixa de mancal,

tamanho, tipo, modelo); • Proteções e segurança Quando o mancal for lubrificado a óleo devemos observar: • Vazamentos nas conexões; • Vazamentos nas vedações da caixa de mancal; (anéis labirinto, retentores). • Tubulação de lubrificação em perfeito estado; (amassamentos, possíveis

entupimentos, instalação inadequada); • Contextos gerais de dimensionamento da tubulação, (ângulo de saída do

mancal, diâmetro, material empregado);

Exemplos práticos de inspeção em mancais.

Mancal contaminado. Mancal sem vedação, contaminado. E sem os graxeiros. Exemplo nº 2. Inspeção em motores elétricos. (2-) pontos de observação:

• Base civil: (estado de conservação física) • Base metálica: Este é o item importante a ser observado, já que suporta todo

o conjunto acionado pelo motor. • Elementos de fixação da base metálica na base civil; (elementos soltos,

quebrados ou danificados); • Conservação da base metálica (sujeira, trincas, material empregado na

construção da mesma, etc); • Rigidez mecânica da base metálica, em função do conjunto acionado; • Fixação do motor na base metálica, (aperto dos parafusos, bom apoio dos pés

do motor na base metálica, trinca nos pés); • Instalações elétricas do motor, fixação da caixa de ligação; • Estado físico do motor (frisos de refrigeração danificados, pintura); • Tampa defletora bem fixada, ventilador em boas condições de trabalho, sem

apresentar palhetas quebradas; • Quando lubrificados, observar estado físico dos alimites graxeiros (serão

lubrificados ou não em função do tipo e modelo da carcaça, potência); • Passagem livre dos orifícios de saída de graxa, no caso de motores

lubrificados, (nesse caso vale ressaltar que o orifício de saída de graxa entupido impede a lubrificação normal dos mancais, e contaminação interna do motor pelo lubrificante).

• Temperatura anormal do motor e ou temperatura anormal dos mancais de rolamento;

• Vibração anormal; • Contaminação do motor por agente externo (água, massa de papel,); • Ruídos anormais; • Contextos gerais de dimensionamento; (tipo do motor, tamanho, blindagem,

aplicação); • Proteções e segurança;

Exemplos práticos de inspeção.

Tampa defletora corroída e ventilador Motor sujo de massa. com palhetas quebradas. Exemplo nº 3. Inspeção em bombas hidráulicas, bombas de vácuo, bombas pneumáticas. (3-) Pontos de observação:

• Fixação do conjunto na base metálica (aperto dos parafusos, bom apoio dos pés da bomba na base metálica);

• Estado de conservação geral (corrosão, trincas, sujeira); • Proteção de acoplamento; (presente ou não, fixação correta); • Vareta indicadora de nível de óleo em boas condições; • Nível de óleo lubrificante; • Lubrificação a graxa, verificar graxeiros (estado físico de conservação,

sujeira); • Contaminação do lubrificante no cárter da bomba por agente externo (água,

por exemplo); • Vazamento de lubrificante pelo retentor / vedações do eixo e tampas dos

mancais; • Temperatura anormal; • Vibração anormal; • Ruído anormal; • Regulagem da luva sobreposta; (quando em final de curso de aperto dos

prisioneiros, é necessário engaxetamento); • Vazamento de fluido pela luva sobreposta; (As de bombas de vácuo possuem

duas luvas sobrepostas, cuja finalidade é garantir a selagem do conjunto, não devem estar vazando quando a bomba estiver em funcionamento);

• Luvas de desgaste (quando a bomba estiver parada); • Oscilação axial do eixo de acionamento do rotor; • Fixação da voluta da bomba; (estado de conservação física dos elementos de

fixação e conservação da voluta). • Vazamentos pela carcaça e tampas de inspeção; • Vazamentos pelos flanges localizados na sucção e recalque da bomba • Instrumentação, indicadores (quando utilizados); • Vazamento de ar comprimido, no caso de bombas pneumáticas; • Contextos gerais de dimensionamento (tipo de bomba, dimensionamento,

aplicação); • Alinhamento (no visual); • Válvulas; • Segurança;

Exemplos práticos de inspeção de bombas:

Bomba com ajuste na sobreposta. Bomba sem ajuste na sobreposta.

Bomba com vazamento de massa pela sobreposta. Exemplo nº 4. Inspeção em redutores de velocidade. (4-) pontos de observação:

• Fixação do redutor na base metálica (aperto dos parafusos, bom apoio dos pés do redutor na base, estado físico dos elementos de fixação);

• Rigidez da base mecânica;

• Conservação geral da carcaça do redutor (corrosão, trincas, sujeira); • Proteção dos acoplamentos, (No acionamento da unidade redutora e na

transmissão de força); • Vazamentos de óleo lubrificante pelas tampas dos mancais; • Vazamento de óleo lubrificante pelos retentores / vedações dos eixos de

entrada e saída do redutor; • Vareta de indicação de nível de lubrificante; • Nível de óleo; • Contaminação do lubrificante por agente externo; • Temperatura anormal; • Vibração anormal; • Ruído anormal; • Oscilação dos eixos de entrada e saída do redutor; • Estado físico dos acoplamentos, folgas (quando unidade redutora estiver

parada); • Lubrificação dos acoplamentos • Tampa de inspeção da unidade redutora; • Sistema de recirculação / refrigeração de óleo em funcionamento; • Estado das tubulações da unidade de recirculação / refrigeração de óleo

lubrificante; • Vazamento nas conexões; • Acumulo anormal de partículas metálicas dentro do redutor (Quando unidade

redutora parada) • Folga de engrenamento aparente, estado físico das engrenagens do redutor

(quando parado). • Juntas das tampas de mancal / inspeção em bom estado de conservação; • Instrumentação; • Segurança;

Exemplos práticos de inspeção em redutores:

Tampas, parafusos, e vazamento eixo de entrada. Exemplo nº 5. Inspeção em ventiladores e exaustores. (5-) Pontos de observação:

• Fixação do ventilador / exaustor na base metálica (aperto dos parafusos dos mancais, elementos de fixação em bom estado);

• Rigidez mecânica da base; • Estado de conservação geral, (corrosão, trincas nos apoios, sujeira); • Proteção dos acoplamentos e transmissões de força; • Carcaça de proteção do ventilador / exaustor (juntas, elementos de fixação

das tampas); • Estado físico da tubulação condutora de ar; • Lubrificação dos mancais; • Contaminação do lubrificante dos mancais por agente externo; • Estado físico das transmissões de força, ausência de elementos de

transmissões (correias, etc). • Conservação mecânica do ventilador / exaustor (desgaste das palhetas,

amassamentos, sujeira); • Sintomas de desbalanceamento, vibração anormal; • Temperatura anormal; • Ruído anormal; • Segurança;

Exemplos práticos de inspeção em ventiladores.

Mancais de apoio. Caixa e acionamento.

Palhetas e fixação. Exemplo nº 6 . Inspeção em válvulas manuais. (6-) Pontos de observação.

• Fixação da válvula na tubulação (aperto dos elementos de fixação, etc); • Conservação da válvula (corrosão, sujeira); • Vazamento de fluido pelos flanges, juntas, haste; • Engaxetamento; (deve-se observar que uma infinita gama de válvulas pode

ter ajustagem na luva sobreposta, para eliminação de vazamentos pelos elementos móveis da válvula);

• Fixação do volante e ou haste de acionamento da válvula; • Tubulação;

• Contextos gerais de dimensionamento (tipo, modelo, aplicação); • Segurança;

Válvulas pneumáticas (solenóides).

• Fixação; • Fixação da bobina, ligação elétrica; • Vazamento de ar comprimido por juntas; • Vazamento de ar comprimido por conexões, haste; • Contextos gerais de dimensionamento (tipo, modelo, aplicação,); • Segurança;

Exemplo prático de inspeção em válvulas.

.

Válvulas com vazamento.

Exemplo nº 7. Inspeção em tubulações e flanges (7-) Pontos de observação.

• Fixação correta da tubulação; (prisioneiros, suportes, abraçadeiras); • Estado físico da tubulação (corrosão, amassamento, porosidade em

emendas); • Identificação correta das tubulações; • Emprego correto do material da tubulação, em relação ao fluido transportado; • Vazamentos; • Estado físico dos flanges (corrosão, empenamento, elementos de fixação); • Estado físico das juntas; • Vazamentos; (no caso de tubulações onde é utilizada pestana, se o

vazamento for entre flanges, o defeito é da junta; se o vazamento for entre a tubulação e o flange, é possível uma trinca na pestana e ou tubulação);

• Contextos gerais de dimensionamento (emprego correto dos flanges em relação ao tipo de fluido transportado e pressão)

• Ranhuras internas do flange; • Vedação apropriada; • Segurança;

Exemplos práticos de inspeção em tubulações.

Tubulação mal fixada. Flange corroído.

Exemplo nº 8. Inspeção em elementos de transmissão de força. (8-) pontos a observar.

1- Engrenagens:

• Estado físico da engrenagem (corrosão, sujeira); • Fixação; • Inspeção no contato de engrenamento, (= a ¼ módulo do dente da

engrenagem); • Trincas na base dos dentes; (pode-se realizar a inspeção visual, ou utilização

de liquido penetrante); • Dentes quebrados; • Pinos elásticos (em engrenagens que utilizam segmentos de dentes) • Lubrificação; • Destacamento de material da engrenagem; • Proteções e segurança; 2- Acoplamentos:

• Fixação do acoplamento no eixo; (folgas, chavetas, faciamento do acoplamento no eixo);

• Lubrificação (pinos graxeiros, bujões); • Contaminação do lubrificante do acoplamento por agente externo; • Estado das vedações das capas do acoplamento. • Estado físico dos elementos elásticos e ou dentes entalhados; • Parafusos de fixação dos elementos, parafusos de fechamento da capas; • Estado físico das capas do acoplamento; • Contextos gerais de dimensionamento (tipo, modelo, tamanho, aplicação); • Ruídos anormais; • Proteções e segurança

3- Polias: • Fixação da polia no eixo; (folgas, chavetas, faciamento da polia no eixo); • Estado físico da polia (corrosão, sujeira. Etc); • Alinhamento do conjunto de polias; • Perfil dos entalhes da polia (gornes); • Contextos gerais de dimensionamento (tipo, aplicação,); • Proteções e segurança;

4- Eixos:

• Estado físico do eixo (corrosão, sujeira, etc); • Empenamento; • Dimensionamento de assento; • Folgas em assento de chavetas; • Proteções e segurança; 5- Correias: • Ressecamento; • Perfil; • Proteções e segurança; • Desfiamento; • Estado físico de emendas mecânicas;

Exemplos de inspeção em elementos de transmissão de força.

Engrenagem com destacamento de Trinca em dente. Material dos dentes.

Correia danificada. Correia danificada.

Luva de acoplamento. Eixo danificado. A inspeção sensitiva também é uma ferramenta para detecção de falhas que não são de origem mecânica. Devemos estar atentos nos demais contextos dos equipamentos, como instalações prediais, elétricas, processo.

Exemplo de inspeção realizada em cabos elétricos:

Cabos mal acondicionados e sujos. Bandeja ausente e paliativa para sustentação dos cabos.

Ferramentas utilizadas na inspeção sensitiva:

• Estetoscópio (eletrônico e mecânico); - ferramenta utilizada para aumentar a capacidade humana de audição.

• Termômetro laser; - Ferramenta utilizada para coleta dos dados de temperatura à distância pelo inspetor;

• Caneta de vibração; - Ferramenta multi-parâmetro para medição de vibração em máquinas.

• Lanterna Estroboscópica (luz); - ferramenta utilizada para inspeção de elementos de máquina em movimento;

• Câmera digital; - ferramenta utilizada para armazenamento de informações em campo, registro histórico de falhas.

• Palm Top: - ferramenta utilizada para anotação das ocorrências em planilhas apropriadas.