Upload
truongmien
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.156/2010-4
1
GRUPO II – CLASSE ___ – Plenário TC 011.156/2010-4 [Apensos: TC 017.788/2015-3, TC
006.050/2011-5, TC 007.113/2011-0] Natureza: Relatório de Auditoria Órgãos/Entidades: Ministério da Integração Nacional (vinculador);
Secretaria de Estado da Infraestrutura de Alagoas Responsáveis: Cohidro - Consultoria, Estudos e Projetos S/C Ltda.
(40.175.044/0001-77); Construtora OAS S.A. (14.310.577/0001-04); Construtora Queiroz Galvão S.A. (33.412.792/0001-60); Consórcio Concremat - Hidroconsult (12.435.770/0001-46); Marco
Antônio de Araújo Fireman (410.988.204-44); Maria Frida Nunes Gomes (412.889.044-87); Odebrecht Engenharia e Construção
Internacional S.A. (10.220.039/0001-78); Ricardo Felipe Valle Rego Aragão (039.946.138-84) Interessados: Congresso Nacional (vinculador); Secretaria de Infra
Estrutura do Estado de Alagoas (02.210.303/0001-64) Representação legal: Alexandre Aroeira Salles (OAB/DF 28.108),
Tathiane Vieira Viggiano Fernandes (OAB/DF 27.154), Patrícia Guércio Teixeira Delage (OAB/MG 90.459), Marina Hermeto Corrêa (OAB/MG 75.173), Francisco Freitas de Melo Franco
Ferreira (OAB/MG 89.353), Nayron Sousa Russo (OAB/MG 106.011), Igor Fellipe Araújo de Souza (OAB/DF 41.065), Jean
Guilherme Arnaud Deon (OAB/DF 44.764); Márcio Leal (OAB/RJ 84.801) Rodrigo Jansen (OAB/RJ 111.830) e outros.
SUMÁRIO: FISCOBRAS 2010. AUDITORIA NAS OBRAS DE EXECUÇÃO DOS TRECHOS 3, 4 E 5 DO CANAL ADUTOR
DO SERTÃO ALAGOANO. SOBREPREÇOS. OITIVAS DOS RESPONSÁVEIS E DOS CONSÓRCIOS EXECUTORES DAS OBRAS. DETERMINAÇÃO PARA QUE A SECRETARIA DE
ESTADO DE INFRAESTRUTURA DE ALAGOAS (SEINFRA/AL) REPACTUE OS CONTRATOS Nº 19/2010 E
58/2010, REFERENTES ÀS OBRAS DOS TRECHOS 4 E 5 DO CANAL. CONVERSÃO DOS AUTOS EM TOMADA DE CONTAS ESPECIAL, PARA APURAR RESPONSABILIDADES
E QUANTIFICAR O SUPERFATURAMENTO DECORRENTE DO CONTRATO Nº 18/2010, REFERENTE ÀS OBRAS DO
TRECHO 3 DO CANAL. PEDIDO DE REEXAME COM EFEITO SUSPENSIVO. RISCO DE INEFICÁCIA DA DECISÃO DO TCU POR CONTA DO EFEITO SUSPENSIVO. ADOÇÃO
DE MEDIDA CAUTELAR COM VISTAS A SALVAGUARDAR O ERÁRIO LIMITANDO OS PREÇOS UNITÁRIOS DOS
SERVIÇOS COM SOBREPREÇO. AGRAVO. CONHECIMENTO. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA DESCARACTERIZAR AS RAZÕES QUE FUNDAMENTARAM
A MEDIDA ADOTADA. NEGATIVA DE PROVIMENTO. CIÊNCIA.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.156/2010-4
2
RELATÓRIO
Trata-se de agravo interposto pela Odebrecht Engenharia e Construção Internacional S.A., nova denominação de Odebrecht Global S.A., contra decisão que concedeu medida cautelar, com fundamento no art. 276 do Regimento Interno/TCU, determinando à Secretaria de Estado da
Infraestrutura de Alagoas que se abstivesse de efetuar pagamentos dos serviços remanescentes nos Contratos 19/2010 e 58/2010 com preços unitários superiores aos expressos nas tabelas constantes dos
anexos II e III da instrução inserta à peça 340, na data-base dos contratos, até que o Tribunal deliberasse sobre o mérito dos pedidos de reexame interpostos pela Secretaria de Estado da Infraestrutura de Alagoas (peça 373) e pelas empresas Construtora Queiroz Galvão S.A. (peça 433) e
Odebrecht Global S.A. (peças 366 a 368) contra o Acórdão 2.957/2015-Plenário, que apreciou o mérito de Relatório de Auditoria realizada nas obras do Canal Adutor do Sertão Alagoano.
2. Por meio do aludido decisum, foram expedidas as seguintes determinações, dentre outras:
“9.1. determinar à Secretaria de Infraestrutura do Estado de Alagoas (Seinfra/AL), com fundamento no art. 45, caput da Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 251, caput do Regimento Interno
que, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, adote as providências necessárias para a repactuação dos Contratos nº 19/2010 (firmado com a empresa Odebrecht Serviços de
Engenharia e Construção S/A.) e 58/2010 (firmado com a Construtora Queiroz Galvão S.A.), com vistas à adequação dos preços unitários contratuais aos limites máximos de preços calculados nos autos (Anexo II da instrução de peça 340), de modo a sanear os sobrepreços de
R$ 33.931.699,46 e R$ 48.331.865,89, respectivamente, apontados nos referidos contratos em suas condições originais (data-base janeiro/2010), bem como os sobrepreços decorrentes dos
termos aditivos celebrados posteriormente, promovendo, inclusive, o desconto nas futuras medições dos valores indevidamente pagos, observando que: 9.1.1. caso se confirme a utilização das rochas das escavações obrigatórias dos canais como
insumos do processo de britagem no serviço de brita corrida, o preço referencial a ser adotado na repactuação dos contratos deverá prever essa forma de produção do insumo brita,
conforme item específico constante do Anexo III da instrução de peça 340; 9.1.2. caso se confirme a utilização preponderante de escavadeiras hidráulicas nas escavações dos canais em materiais de 1ª e 2ª categorias, os preços referenciais devem ser definidos com
base nas composições de custos que apresentam equipamentos compatíveis, conforme item de serviço específico do Anexo III da instrução de peça 340;
(...) 9.5. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional que foram detectados indícios de irregularidades que se enquadram como
IG-P, nos termos do art. 112, § 1º, inciso IV, da Lei nº 13.080/2015 (LDO 2015), no Contrato nº 58/2010 firmado entre a Secretaria de Infraestrutura do Estado de Alagoas (Seinfra/AL) e a
Construtora Queiroz Galvão S/A, relativo às obras de construção do Trecho 5 do Canal do Sertão, com vistas a suspender a execução do referido contrato até a comprovação da sua repactuação, nos termos no item 9.1 deste acórdão;
3. Exarei despacho à peça 444, por meio do qual admiti o processamento dos recursos, por estarem preenchidos os requisitos de admissibilidade previstos no art. 48 da Lei 8.443/1992.
4. Assim, por meio de decisão inserta à peça 452, com vistas a salvaguardar o erário do risco de dano oriundo do pagamento de serviços com sobrepreço, o que poderia retirar toda a eficácia da decisão recorrida por conta do efeito suspensivo concedido aos referidos recursos, considerei cabível
determinar a expedição de medida cautelar referendada pelo Plenário desta Corte de Contas na sessão do dia 22/6/2016.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.156/2010-4
3
5. Nesta oportunidade examina-se agravo interposto pela Odebrecht Engenharia e Construção
Internacional S.A., em desfavor desse último despacho por mim proferido concedendo a medida cautelar da qual a agravante se insurge.
6. Em suma, a Odebrecht alega inexistência de periculum in mora, pois o Contrato 19/2010 possui avanço físico de 55%, em maio/2016, havendo um saldo a executar de R$ 413.111.811,85 (a preços de dezembro/2015), enquanto o sobrepreço seria de R$ 33.931.699,46. Assim, haveria saldo
contratual mais do que suficiente para fazer frente ao eventual indício de irregularidade.
7. É alegado também haver periculum in mora reverso, pois a medida cautelar determina
que a agravante execute a obra por preços inferiores aos acordados, os quais são insuficientes para a remuneração dos trabalhos. Com base nos supostos custos financeiros que teria que suportar, a empresa aduz que há risco real de paralisação da obra e de rescisão contratual, cujos prejuízos em
muito superariam o sobrepreço contratual, que seria supostamente de 6,5% do valor do contrato.
8. A agravante conclui, assim, que os potenciais prejuízos advindos de uma medida cautelar
superariam em muito os benefícios para o erário.
9. No tocante ao fumus boni iuris, a recorrente expõe dúvidas sobre os limites de exatidão dos orçamentos paradigmáticos e apresenta diversos argumentos que, em sua acepção, seriam capazes
de elidir totalmente eventual superestimativa dos preços contratados.
10. Por fim, apresenta uma proposta alternativa para que se determine à Seinfra/AL que
encaminhe periodicamente ao TCU informações sobre o andamento da obra, com vistas a se verificar o saldo contratual e o ritmo de execução, enquanto mérito do pedido de reexame é avaliado. Requer ao final, que seja reconsiderada a medida cautelar agravada.
É o relatório.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.156/2010-4
1
VOTO
Cuidam os autos de Relatório da Auditoria realizada no âmbito do Fiscobras/2010 nas obras de execução dos Trechos 3, 4 e 5 do Canal Adutor do Sertão Alagoano.
2. Nesta etapa processual, trago à apreciação deste Colegiado agravo oposto pela Odebrecht
Engenharia e Construção Internacional S.A., atual denominação social da empresa Odebrecht Global S.A., contra medida cautelar adotada com fundamento no art. 276 do Regimento Interno/TCU, a qual
determinou à Secretaria de Estado da Infraestrutura de Alagoas (Seinfra/AL) que se abstivesse de efetuar pagamentos dos serviços remanescentes nos Contratos 19/2010 e 58/2010 com preços unitários superiores aos tomados como parâmetro de mercado, até que o Tribunal deliberasse sobre o mérito dos
pedidos de reexame interpostos pela Secretaria de Estado da Infraestrutura de Alagoas (peça 373) e pelas empresas Construtora Queiroz Galvão S.A. (peça 433) e Odebrecht Global S.A. (peças 366 a
368) contra o Acórdão 2.957/2015-Plenário, que apreciou o mérito deste Relatório de Auditoria.
3. Preliminarmente, convém salientar que a execução do empreendimento foi dividida em cinco trechos da seguinte forma:
a) Trecho 1 (km 0 ao km 45): objeto do Contrato 1/1993-CPL/AL, celebrado com a Construtora Queiroz Galvão S.A., atualmente concluído; transferência de recursos federais por meio do Convênio 964/2001 (Siafi 447151);
b) Trecho 2 (km 45 ao km 64,7): implantado por meio do Contrato 10/2007-CPL/AL, firmado com a Construtora Queiroz Galvão S.A., também concluído; transferência de recursos federais
por meio do Termo de Compromisso 118/2009 (Siafi 663932);
c) Trecho 3 (km 64,7 ao km 92,93): execução mediante o Contrato 18/2010-CPL/AL, ajustado com a Construtora OAS Ltda., com a 1ª etapa (km 64,7 ao km 77,82) e a 2ª etapa (km 77,82 a
km 92,93) inauguradas em 5/11/2015; transferência de recursos federais por meio do Termo de Compromisso 207/2011 (Siafi 668823) – 1ª etapa e do Termo de Compromisso 9/2013 (Siafi 674423)
– 2ª etapa;
d) Trecho 4 (km 92,93 ao km 123,4): objeto do Contrato 19/2010-CPL/AL, acordado com a agravante, conta com 55% de execução em maio/2016; transferência de recursos federais por meio do
Termo de Compromisso 24/2013 (Siafi 674565); e
e) Trecho 5 (km 123,4 ao km 150): execução por meio do contrato 58/2010-CPL/AL,
também celebrado com a Construtora Queiroz Galvão S.A., encontra-se ainda sem ordem de serviço e sem instrumento de transferência de recursos federais à época da deliberação recorrida.
4. Anoto que apenas os ajustes relativos aos trechos 3, 4 e 5 estão sendo analisados no âmbito
deste processo, no qual foi prolatado inicialmente o Acórdão 3.146/2010-Plenário, com a seguinte determinação, dentre outras:
“9.3. determinar à Seinfra/AL que se abstenha de emitir ordem se serviço para o início das obras relativas aos Trechos 3, 4 e 5 do Canal do Sertão Alagoano até que as empresas detentoras de cada um dos contratos apresentem fiança bancária ou outra garantia dentre
aquelas previstas no art. 56, § 1º, da Lei nº 8.666/93, revestida de abrangência suficiente para assegurar o resultado da apuração em curso no TCU acerca de eventual dano ao erário,
contendo cláusulas que estabeleçam: 9.3.1. prazo de validade vinculado à decisão definitiva do TCU da qual não caiba mais recurso com efeito suspensivo;
9.3.2. reajuste mensal;
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.156/2010-4
2
9.3.3. obrigação de a instituição garantidora, quando for o caso, depositar a garantia nos cofres da União em até 30 (trinta) dias após o trânsito em julgado de eventual acórdão deste
Tribunal que condene a empresa a restituir valores;”
5. A referida deliberação decorreu de apontamentos de expressivos sobrepreços nos três lotes.
6. Em momento seguinte, foi proferido o Acórdão 1.211/2013-Plenário, no qual foi apreciada
petição protocolada pela Construtora Norberto Odebrecht, em que a empresa solicitava a reconsideração da determinação do subitem 9.3 do Acórdão 3.146/2010-Plenário para permitir o
prosseguimento da obra do trecho 4, independentemente da apresentação de qualquer garantia.
7. Por meio desse novo decisum, o Tribunal tornou sem efeito, nos termos do art. 276, §5º, do Regimento Interno do TCU, o subitem 9.3 do Acórdão 3.146/2010-Plenário.
8. Foram apreciadas pela unidade técnica diversas manifestações de defesa da Seinfra/AL e das empresas contratadas. Em que pesem todos os argumentos trazidos aos autos pelo Governo de Alagoas
e pelos executores das obras, os indícios de sobrepreço não foram totalmente elididos.
9. Consoante entendimento do Acórdão 2.957/2015-Plenário, persistiu ainda um significativo sobrepreço de R$ 37.146.913,90 no Contrato nº 18/2010 (Trecho 3), de R$ 33.931.699,46 no Contrato
nº 19/2010 (Trecho 4) e de R$ 48.331.865,89 no Contrato nº 58/2010 (Trecho 5). Por esse motivo, a deliberação recorrida trouxe a seguinte determinação, dentre outras:
“9.1. determinar à Secretaria de Infraestrutura do Estado de Alagoas (Seinfra/AL), com
fundamento no art. 45, caput da Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 251, caput do Regimento Interno que, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, adote as providências necessárias
para a repactuação dos Contratos nº 19/2010 (firmado com a empresa Odebrecht Serviços de Engenharia e Construção S/A.) e 58/2010 (firmado com a Construtora Queiroz Galvão S.A.), com vistas à adequação dos preços unitários contratuais aos limites máximos de preços
calculados nos autos (Anexo II da instrução de peça 340), de modo a sanear os sobrepreços de R$ 33.931.699,46 e R$ 48.331.865,89, respectivamente, apontados nos referidos contratos em
suas condições originais (data-base janeiro/2010), bem como os sobrepreços decorrentes dos termos aditivos celebrados posteriormente, promovendo, inclusive, o desconto nas futuras medições dos valores indevidamente pagos, observando que:
9.1.1. caso se confirme a utilização das rochas das escavações obrigatórias dos canais como insumos do processo de britagem no serviço de brita corrida, o preço referencial a ser adotado
na repactuação dos contratos deverá prever essa forma de produção do insumo brita, conforme item específico constante do Anexo III da instrução de peça 340; 9.1.2. caso se confirme a utilização preponderante de escavadeiras hidráulicas nas escavações
dos canais em materiais de 1ª e 2ª categorias, os preços referenciais devem ser definidos com base nas composições de custos que apresentam equipamentos compatíveis, conforme item de
serviço específico do Anexo III da instrução de peça 340;”.
10. Posteriormente, o Acórdão 991/2016-Plenário, de relatoria do Ministro Raimundo Carreiro, rejeitou os embargos de declaração opostos contra o Acórdão 2.957/2015-Plenário.
11. Irresignadas com o desfecho processual, a Seinfra/AL e as empresas Queiroz Galvão e Odebrecht interpuseram pedidos de reexames, no qual postulam efeito suspensivo aos itens 9.1 e 9.2
do acórdão recorrido.
12. Inaugurada a fase de admissibilidade, a Secretaria de Recursos (Serur) atestou a tempestividade dos recursos e a legitimidade das recorrentes (peças 435, 436, 437 e 438), propondo o
conhecimento dos pedidos de reexame. Em face da proposta de efeito suspensivo ao item 9.1 do acórdão recorrido, a unidade técnica sugeriu adicionalmente que a SeinfraHid avaliasse a necessidade
de adotar as providências determinadas no item 9.3.3 do acórdão recorrido, in verbis :
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.156/2010-4
3
“9.3.3. no caso do não atendimento do item 9.1 supra, dê imediata ciência ao relator, propondo, se for o caso, as medidas inscritas no art. 45, § 2º, da Lei nº 8.443/1992;”.
13. Ao apreciar o exame de admissibilidade realizado pela Serur, entendi que o efeito suspensivo do recurso em relação à referida determinação poderia significar, em última análise, permissão ao órgão contratante para que efetuasse pagamentos irregulares, ante a constatação de
sobrepreço na obra. Nessa hipótese, a deliberação estaria, ainda antes da decisão definitiva, completamente esvaziada, prejudicando-se o próprio direito por ela protegido. A incidência de efeito
suspensivo sobre a determinação endereçada à Secretaria de Infraestrutura do Estado de Alagoas poderia lhe retirar, portanto, toda a eficácia, tornando inócua a decisão que foi adotada pelo Tribunal de Contas da União no que diz respeito aos Contratos 19/2010 e 58/2010.
14. Em sede de cognição sumária, avaliei haver a ocorrência simultânea dos requisitos do periculum in mora e do fumus boni iuris, motivo pelo qual, por meio de despacho acostado à peça
452, submetido ao descortino deste Colegiado no dia 22/6/2016, entendi cabível expedir medida cautelar para que a Seinfra/AL se abstivesse de efetuar pagamentos nos Contratos 19/2010 e 58/2010 com preços unitários de serviços superiores aos indicados nas tabelas constantes dos anexos II e III da
instrução inserta à peça 340.
II
15. Passando à discussão do agravo interposto pela Odebrecht, julgo que o recurso deva ser
conhecido, porquanto preenchidos os requisitos de admissibilidade contidos no art. 289 do Regimento Interno deste Tribunal. Entretanto, no mérito, entendo que não deva ser provido, pelas razões que
passo a expor.
16. Inicialmente, a agravante ataca a existência do periculum in mora, um dos pressupostos para a expedição de medida cautelar, pois o Contrato 19/2010 possuía avanço físico de 55%, em maio/2016,
havendo ainda um saldo a executar de R$ 413.111.811,85 (a preços de dezembro/2015), enquanto o sobrepreço seria de R$ 33.931.699,46. Assim, conclui que o saldo contratual seria suficiente para fazer
frente ao eventual sobrepreço que fosse encontrado.
17. Aduz também haver risco de dano reverso, pois a medida cautelar determinou que a construtora executasse a obra por preços inferiores aos contratados, os quais, em sua acepção, não seriam
suficientes para suportar os custos financeiros oriundos da obra. Assim, argumenta a agravante que há risco real de paralisação do empreendimento e de rescisão contratual, causando prejuízo em valor
superior ao sobrepreço detectado, que supostamente seria de 6,5% do valor do contrato. Dessa forma, a agravante arremata que os potenciais prejuízos advindos de uma medida cautelar superariam em muito os benefícios para o erário.
18. Entendo de forma diversa. Há impendente risco de dano irreversível ao erário decorrente do pagamento de serviços com sobrepreço, o que comprometerá definitivamente a eficácia do acórdão
combatido por conta do efeito suspensivo concedido aos pedidos de reexame interpostos pelas partes. Assim, com vistas a salvaguardar o erário do risco de dano oriundo dos preços superestimados, torna-se indispensável a manutenção da cautelar expedida nos seus exatos termos.
19. Conforme consignei em despacho à peça 444, não vislumbro no caso a presença do periculum
in mora reverso, pois a adoção da medida cautelar não configura qualquer tipo de risco à
Administração ou ao interesse público. Quanto ao interesse privado em jogo, se, ao reavaliar a matéria, esta Corte entender que os presentes pedidos de reexame devem ser providos, as recorrentes poderão pleitear futuramente a diferença de preço que alegam fazer jus, de forma que a manutenção dos efeitos
da decisão recorrida até a apreciação dos recursos não causará o perecimento dos seus direitos.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.156/2010-4
4
20. Ainda que o TCU reconheça razão ao pedido de reexame da agravante, não creio que a empresa suportará um ônus financeiro demasiado durante a tramitação do referido apelo. Solicitei à Serur que
instruísse o feito com a devida urgência, podendo contar com o devido apoio técnico da Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária. Assim, reitero tal pedido nesta oportunidade e tenho firme convicção que, no prazo aproximado de dois meses, esta Corte de Contas
deliberará sobre o mérito dos recursos, em particular se não forem interpostos novos recursos com caráter nitidamente protelatório. Considerando o atual andamento das obras, os serviços eventualmente
medidos na vigência da medida cautelar em apreciação terão impacto financeiro desprezível no valor do ajuste.
21. Ressalto ainda que a jurisprudência deste Tribunal é no sentido de que o efeito suspensivo dos
recursos não autoriza, antes do pronunciamento do TCU, a prática de atos que, direta ou indiretamente, contrariem itens da decisão combatida (Decisão 188/1995 e Acórdãos 711/2009, 324/2009,
1.398/2008, 501/2007, 266/2007, 392/2006, 1.842/2005 e 101/2004, todos do Plenário).
22. Com o objetivo de evitar práticas nesse sentido, esta Corte tem optado, em situações semelhantes à ora analisada, por adotar medida cautelar com vistas a não conferir efeito suspensivo ao
recurso (a exemplo do que foi feito nos autos dos seguintes processos: TC 011.512/2010-5 e TC 012.194/2002-1, da relatoria da Ministra Ana Arraes, TC 019.534/2006-0, da relatoria do Ministro Raimundo Carreiro, TC 024.909/2013-0, da relatoria do Ministro Walton Alencar Rodrigues, TC
013.710/2011-7, da relatoria do Ministro José Jorge, e dos TCs 005.107/2003-4 e 003.807/2011-8, relatados pelo Ministro Bruno Dantas).
23. Com isso, evita-se que o conhecimento do recurso gere o falso entendimento de que o efeito suspensivo sobre o acórdão impugnado poderia autorizar o gestor a realizar atos contrários ao que foi decidido por esta Corte. A concessão da medida cautelar simultaneamente ao conhecimento do pedido
de reexame permite que o gestor seja expressamente alertado de que o comando deste Tribunal continuará dotado de todos os seus efeitos até a apreciação do recurso, garantindo-se, assim, maior
efetividade à decisão.
III
24. Considero pertinente tecer breves considerações sobre a ameaça implícita na manifestação da
agravante de paralisação da obra e de rescisão contratual, caso seja mantida a medida cautelar agravada. De imediato, vislumbro que parece não haver intenção de a empresa contratada acatar o
julgamento do mérito do pedido de reexame, se a decisão do Tribunal lhe for desfavorável.
25. Por isso, friso que a existência de valores contratuais superestimados pode ser motivo para a nulidade do ajuste, e não para a sua rescisão, pois um contrato eivado por sobrepreço não é um ato
jurídico perfeito, assim entendido como aquele já realizado, acabado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou, satisfazendo todos os requisitos formais para gerar a plenitude dos seus efeitos.
Diante da ilegalidade, cabe a aplicação da regra do art. 49 do citado diploma legal, isto é, a anulação do contrato. Consoante a Súmula 473 do STF, a Administração pode anular seus própr ios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais.
26. Dentre outras causas elencadas no art. 166 do Código Civil, considera-se nulo o negócio jurídico quando for ilícito o seu objeto; não revestir a forma prescrita em lei; for preterida alguma
solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; tiver por objetivo fraudar lei imperativa; e a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. O objeto do négócio jurídico administrativo é a contratação segundo os preceitos da Lei 8.666/1993. Por isso, o contrato
com sobrepreço afigura-se ilícito, na medida em que não se adequa à Lei, em particular por infringir a
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.156/2010-4
5
regra deduzida do art. 43, inciso IV, da Lei 8.666/1993, qual seja, ofertar preços compatíveis com os praticados pelo mercado, independentemente de eventual erro cometido pela Administração quando da
elaboração do edital e do orçamento:
“Art. 43. A licitação será processada e julgada com observância dos seguintes procedimentos:
IV - verificação da conformidade de cada proposta com os requisitos do edital e, conforme o caso, com os preços correntes no mercado ou fixados por órgão oficial competente, ou
ainda com os constantes do sistema de registro de preços, os quais deverão ser devidamente registrados na ata de julgamento, promovendo-se a desclassificação das propostas desconformes ou incompatíveis” (grifo acrescido).
27. Além disso, a contratação por preço superior ao de mercado pode ser enquadrada como ato de improbidade administrativa, previsto na Lei 8.429/1992, também aplicável àquele que, mesmo não
sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta:
“Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não
sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta. (...)
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: (...)
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;”
28. O ressarcimento integral do dano e a perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio é cominação prevista pela Lei de Improbidade Administrativa (art. 12, incisos I, II e III) e, agora, na nova Lei Anticorrupção (Lei 12.486/2013, arts. 3º, 6º, §3º, 16, §3º, 19, inciso I, 21, parágrafo
único).
29. Continuando com tal abordagem, o art. 4º da Lei 4.717/1965, que regula a ação popular,
considera nulos os atos ou contratos celebrados por entes públicos, nos quais ocorre a compra de bens por preço “superior ao corrente no mercado”, ou com “desobediência a normas legais” ou “regulamentares” (inciso V, alíneas “a” e “b”). Igualmente, a referida ação pode ser interposta contra o
agente privado (art 6º) e a sentença proferida poderá decretar a invalidade do ato impugnado, condenando ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele
(art. 11).
30. Em suma, o controle da legalidade de atos administrativos pela Administração pode dar ensejo a duas medidas antagônicas, a depender da natureza das irregularidades e das circunstâncias de cada
caso concreto: a anulação, quando o ato jurídico inquinado estiver eivado de vício de legalidade e, no outro extremo, a convalidação, quando se evidenciar que o ato apresenta defeitos sanáveis que não
acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros. No âmbito da Administração Pública Federal, a matéria é disciplinada pelos arts. 53 a 55 da Lei 9.784/1999 e no art. 49 da Lei 8.666/1993, no que se refere aos atos praticados em um procedimento licitatório.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.156/2010-4
6
31. No caso de contratos administrativos, a declaração de nulidade é regida pelo art. 59 da Lei 8.666/1993, podendo a Administração, a despeito do silêncio da norma, convalidar o ajuste nas
mesmas hipóteses previstas para os atos administrativos, caso considere sanáveis os defeitos verificados. Segundo o disposto no artigo mencionado, a declaração de nulidade do contrato administrativo acarreta consequências graves, uma vez que opera retroativamente impedindo os efeitos
jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de desconstituir os já produzidos (ex-tunc).
32. No âmbito do Poder Judiciário, é possível a decretação de nulidade de contratos
administrativos, em demandas propostas pelos interessados com base na Lei 4.717/1965 (regula a ação popular), na Lei 12.016/2009 (disciplina o mandado de segurança) e na Lei Processual comum. Da mesma forma, a sentença judicial possui efeitos ex-tunc, havendo divergências pontuais tão somente
quanto ao cabimento de indenização ao particular contratado nos casos em que agiu de má-fé ou concorreu para a ilegalidade: se indevida, a ponto de ele ter de devolver a totalidade dos pagamentos
eventualmente recebidos (REsp 579541/SP), ou, por outro lado, se ela é devida pelo que este houver executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, com fulcro no princípio da vedação ao enriquecimento sem causa (doutrina de Celso Antônio Bandeira de
Melo).
33. No caso do controle realizado pelo TCU, a verificação da ocorrência de ilegalidade não enseja, em toda e qualquer situação, a expedição de determinação para que o órgão fiscalizado invalidade o
contrato inquinado. Em sua atividade de controle, o Tribunal age entre os dois extremos estabelecidos na Lei 9.784/1999 - determinar a anulação ou preservar os efeitos do contrato (não determinar, o que
seria equivalente a convalidar) -, podendo, a depender das circunstâncias do caso concreto e do interesse público, se limitar a condenar os responsáveis, inclusive o contratado, a devolver a parcela equivalente ao sobrepreço apurado, o que implicitamente equivale a uma declaração de nulidade
parcial do contrato relativa à parcela do sobrepreço.
34. Com tais ponderações, quero alertar à agravante que há um risco de dano ao seu próprio
patrimônio, o qual pode superar em muito o alegado custo financeiro que aduz não ter condições de suportar. No caso de abandono da obra ou do não-acatamento da decisão do TCU, além da aplicação pelo órgão contratante das penalidades contratuais e de outras medidas previstas na legislação, esta
Corte de Contas poderá instaurar processo de tomada de contas especial, que, dentre outras consequências, pode ensejar a imputação do dano apurado, com incidência de juros de mora – caso não
constatada a boa-fé do responsável – e aplicação da multa capitulada no art. 57 da Lei 8.443/1992, que pode chegar a 100% do valor atualizado do débito, sem prejuízo da adoção da medidas prevista no art. 44, §2º, da Lei Orgânica do Tribunal.
IV
35. A respeito do segundo pressuposto para a expedição da medida cautelar, o fumus boni iuris, a
agravante expõe dúvidas sobre os limites de exatidão dos orçamentos paradigmáticos e apresenta diversos argumentos que, em sua acepção, seriam capazes de elidir to talmente o sobrepreço apontado.
36. Por fim, apresenta uma proposta alternativa para que se determine à Seinfra/AL que encaminhe
periodicamente ao TCU informações sobre o andamento da obra, com vistas a se verificar o saldo contratual e o ritmo de execução, enquanto mérito do pedido de reexame é avaliado. Ao final, requer
que seja reconsiderada a medida cautelar agravada.
37. A respeito dessa proposta alternativa, conforme me manifestei nos termos acima, considero que o TCU não possa avalizar o pagamento de serviços com preços manifestamente acima dos de mercado.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.156/2010-4
7
38. No tocante à fumaça do bom direito, enfatizo que o montante de sobrepreço apurado, R$ 33.931.699,46, está referenciado na data-base do contrato (janeiro/2010) e se refere aos quantitativos
originalmente acordados, não considerando a posterior celebração de alterações qualitativas e quantitativas no objeto contratado. É provável que tal valor seja elevado se considerados todos os aditivos. Conforme registrou a SeinfraHid na instrução à peça 340, após o primeiro termo aditivo, o
valor do sobrepreço aumentou para R$ 34.411.137,36 (peça 331).
39. Também é certo que não estão considerados no cálculo os valores dos reajustamentos pagos
sobre os serviços com sobrepreço. Assim, o quantum a ser renegociado para o atendimento ao disposto no item Acórdão 2.957/2015-Plenário, adequando os valores contratuais aos paradigmas de mercado, é seguramente muito superior ao sobrepreço apurado no valor original do contrato.
40. Ressalto ainda que o percentual de sobrepreço não é de 6,5%, pois o referido cálculo deve considerar o valor de referência do contrato, a exemplo do procedido pela unidade técnica na instrução
à peça 340, fl. 36, em que se demonstrou que o sobrepreço em relação ao valor referencial do contrato é de 8,0%.
41. Penso, inclusive, que o percentual de sobrepreço deveria ser apropriado somente sobre o valor
paradigma da amostra de serviços analisados, que nesse caso representou 71,26% do valor global inicial do contrato. Considerando apenas essa amostra, o percentual de sobrepreço é de 11,59%. Portanto, ainda que seja forçoso reconhecer o caráter estimativo de todo orçamento, julgo que tal
percentual é deveras elevado, particularmente porque os exames empreendidos pelas unidades técnicas da Secretária deste Tribunal se pautam pelo princípio do in dubio pro reo, ou seja, optam sempre pelo
conservadorismo da análise, adotando o uso de referências e hipóteses que sejam mais favoráveis aos responsáveis e interessados.
42. Quanto aos demais argumentos de cunho técnico apresentados pela agravante, creio que seria
indevido adentrar no exame de mérito do pedido de reexame em sede de agravo. No caso em apreciação, a fumaça do bom direito está materializada no próprio Acórdão 2.957/2015-Plenário. Esta
Corte, após analisar o mérito da matéria, num juízo de cognição exauriente, considerou necessário determinar ao governo alagoano que efetuasse a repactuação dos contratos e a glosa dos valores pagos a maior nas medições seguintes.
43. Nesse sentido, cabe destacar as seguintes considerações feitas pelo Excelentíssimo Ministro Vital do Rêgo, ao proferir declaração de voto na deliberação recorrida:
“(...)Durante todo esse período, o ilustre Relator, Ministro Raimundo Carreiro, adotou medidas efetivas para o completo deslinde das questões atinentes ao sobrepreço dessa importante obra hídrica do estado de Alagoas.
Entre essas providências, trouxe ao Plenário proposta para a criação de grupo de trabalho que examinasse as peculiaridades dos itens em discussão por meio de observação da
execução dos serviços in loco, com a subsequente realização de reuniões técnicas entre os auditores desta casa, os gestores da Seinfra/AL e os funcionários das construtoras.
Após várias reuniões, duas visitas de campo e oitivas das empresas, a unidade técnica
findou os trabalhos e elaborou a instrução de mérito. Todavia, o processo só pôde ser de fato concluído após a interposição de memorial pela empresa responsável pela execução do lote 4,
cujas análises se findam agora com o Voto trazido nesse momento ao Plenário. Trago esse breve histórico para a formulação de juízo acerca da robustez dessas
análises cuja participação de vários atores levam à convicção de que o sobrepreço apontado
foi exaustivamente discutido e examinado.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.156/2010-4
8
Nesse particular, destaco o item de escavação a fogo de material em 3ª categoria, cujo sobrepreço corresponde a 57,92% do sobrepreço total do trecho 4 e a 38,37% do total do
trecho 5. As verificações dos insumos, coeficientes de consumo e etapas de execução desse serviço foram empreendidas pela equipe por meio do cálculo dos tempos de ciclo dos equipamentos, dos funcionários em campo e dos materiais empregados.
Com efeito, todas as colocações aventadas pelas empresas foram consideradas e adotadas, de forma que, caso o exame trouxesse algum tipo de dúvida ou hesitação, a equipe
conservadoramente adotava a posição dos defendentes. Por tudo isso, considero pertinente o Voto e proposta de acórdão que o eminente
Ministro Carreiro traz à apreciação deste Plenário. Por certo, o trecho 3 já concluso demanda
a autuação da devida tomada de contas especial. Para os trechos 4 e 5, cabe a adoção de providências por parte da Seinfra para a repactuação dos contratos, a fim de sanear o
sobrepreço (...)”. 44. Portanto, ao propor a este Plenário que não seja concedido provimento ao presente agravo,
ressalto que foi conferida à recorrente várias oportunidades para que se manifestasse sobre a regularidade dos preços contratados.
Ante o exposto, voto por que seja adotado o acórdão que ora submeto à deliberação deste
Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 13 de julho de
2016.
BENJAMIN ZYMLER
Relator
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 011.156/2010-4
1
ACÓRDÃO Nº tagNumAcordao – TCU – tagColegiado
1. Processo nº TC 011.156/2010-4.
1.1. Apensos: 017.788/2015-3; 006.050/2011-5; 007.113/2011-0 2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Agravo (Relatório de Auditoria)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes: 3.1. Interessados: Congresso Nacional (vinculador); Secretaria de Infra Estrutura do Estado de Alagoas (02.210.303/0001-64)
3.2. Responsáveis: Cohidro - Consultoria, Estudos e Projetos S/C Ltda. (40.175.044/0001-77); Construtora OAS S.A. (14.310.577/0001-04); Construtora Queiroz Galvão S.A. (33.412.792/0001-60);
Consórcio Concremat - Hidroconsult (12.435.770/0001-46); Marco Antônio de Araújo Fireman (410.988.204-44); Maria Frida Nunes Gomes (412.889.044-87); Odebrecht Engenharia e Construção Internacional S.A. (10.220.039/0001-78); Ricardo Felipe Valle Rego Aragão (039.946.138-84).
3.3. Recorrente: Odebrecht Engenharia e Construção Internacional S.A. (10.220.039/0001-78). 4. Órgãos/Entidades: Ministério da Integração Nacional (vinculador); Secretaria de Estado da
Infraestrutura de Alagoas. 5. Relator: Ministro Benjamin Zymler 5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin. 7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura
Portuária, Hídrica e Ferroviária (SeinfraHid). 8. Representação legal: Alexandre Aroeira Salles (OAB/DF 28.108), Tathiane Vieira Viggiano Fernandes (OAB/DF 27.154), Patrícia Guércio Teixeira Delage (OAB/MG 90.459), Marina Hermeto
Corrêa (OAB/MG 75.173), Francisco Freitas de Melo Franco Ferreira (OAB/MG 89.353), Nayron Sousa Russo (OAB/MG 106.011), Igor Fellipe Araújo de Souza (OAB/DF 41.065), Jean Guilherme Arnaud Deon (OAB/DF 44.764) e outros.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos os presentes autos de agravo contra a decisão que adotou medida cautelar determinando à Secretaria de Estado da Infraestrutura de Alagoas que se abstivesse de efetuar pagamentos dos serviços remanescentes nos Contratos 19/2010 e 58/2010 com preços unitários
superiores aos considerados adequados até que o Tribunal deliberasse sobre o mérito dos pedidos de reexame interpostos contra o Acórdão 2.957/2015-Plenário, que apreciou o mérito de Relatório de
Auditoria realizada nas obras do Canal Adutor do Sertão Alagoano, ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do
Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, e com fundamento no art. 289 do Regimento Interno,
em: 9.1. conhecer do agravo interposto pela empresa Odebrecht Engenharia e Construção
Internacional S.A., para, no mérito, negar- lhe provimento; 9.2. dar ciência desta deliberação aos responsáveis e interessados nos autos; 9.3. encaminhar os autos à Serur para que instrua, com urgência, o mérito dos pedidos de
reexame às peças 373, 433 e 366 a 368, juntamente com os novos argumentos de ordem técnica aduzidos na peça 465.