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 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO TRIBUTÁRIO II TRIBUTOS – ICMS SANDRA REGINA BERGMANN

TRIBUTOS ESTADUAIS - ICMS

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTASCURSO DE DIREITODISCIPLINA: DIREITO TRIBUTÁRIO II

TRIBUTOS – ICMS

SANDRA REGINA BERGMANN

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PELOTAS/RS, SETEMBRO 2011IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS

1. PREVISÃO LEGAL

O ICMS está previsto na CF no artigo 155, inciso II e §§ 2º a 5º e inserido

na competência tributária privativa dos Estados e do Distrito Federal. Assim

transcreve o dispositivo referido:

  Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

[...] 

II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre  prestações de serviços de transporte interestadual eintermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior.

Este imposto surgiu na atual CF com o intuito de substituir e unificar seis

outros impostos previstos na CF/67, o imposto sobre operações relativas à

circulação de mercadorias (ICM), imposto único sobre minerais, imposto único

sobre líquidos e gasosos, imposto único sobre energia elétrica, imposto sobretransporte e imposto sobre comunicações, ampliando, pois, sua materialidade,

ou seja, o verbo e o complemento da hipótese de incidência e, ainda,

distribuindo competência tributária, anteriormente, da União.

As normas gerais relativas ao ICMS estão previstas na Lei Complementar 

nº 87/96, conhecida como Lei Kandir, alterada posteriormente pelas Leis

Complementares 92/97, 99/99 e 102/2000. A partir dessa lei geral, cada Estado

institui o tributo por lei ordinária, o chamado "regulamento do ICMS" ou

"RICMS", que é uma consolidação de toda a legislação sobre o ICMS vigente

no Estado, e é aprovada por Decreto do Governador. No caso do RS a Lei

8820/89.

2. FUNÇÃO

Sua função é predominantemente fiscal, e é uma das maiores fontes

geradoras de receitas dos Estados e Distrito Federal. Pode também ser usada

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com função extrafiscal1 conforme prevê a Carta Magna em seu art. 155, no

entanto esta função deve ser usada com restrições, pois possibilita práticas

fraudulentas com maior facilidade. Para tanto o Poder Constituinte limitou esta

faculdade, atribuindo ao Senado Federal estabelecer alíquotas aplicáveis

nestes casos (art. 155, § 2º, IV,V, CF).

Trata-se de um imposto seletivo (maior essencialidade do produto, menor 

tributação) e não cumulativo, compensando-se o valor devido em cada

operação ou prestação com o montante cobrado anteriormente.

Apesar do ICMS ser um tributo estadual o total arrecadado do ICMS tem a

seguinte destinação:

• 75% constituem receita dos Estados;

• 25% constituem receita dos Municípios.

O princípio da seletividade2 dos tributos está previsto na CF/88 no art. 155,

§2º, III, quando prevê que o tributo poderá ser seletivo em função da

essencialidade das mercadorias e dos serviços. As alíquotas do ICMS deverão

variar, para mais ou para menos em razão da essencialidade das mercadoriase dos serviços. A comercialização dos “gêneros de primeira necessidade”

deverá ser menos gravada por meio de ICMS, que os “supérfluos”. Ainda

dentro dos produtos não essenciais, pode-se encontrar tributação diferenciada

entre produtos mais supérfluos e menos supérfluos, sendo possível a

tributação diferenciada entre espécie de produtos do mesmo gênero. O termo

essencialidade não deve ser interpretado estritamente para cobrir 

necessidades básicas como (alimentação, vestuário, moradia, tratamentomédico), mas deve atender aquelas necessidades que sejam pressupostos de

um padrão de vida mínimo. Por sua vez, o critério da essencialidade emana de

outro princípio constitucional, o da dignidade humana que deve ser provida

1 O uso extrafiscal dos tributos tem por objetivo disciplinar, favorecer ou desestimular oscontribuintes a realizar determinadas ações, por considerá-las convenientes ou nocivas aointeresse público.

2 A seletividade corresponde a uma característica de alguns impostos como IPI (Imposto sobreProdutos Industrializados) e ICMS, cujo encargo e distribuído conforme as característicasobjetivas de cada produto ou serviço.

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pelo Estado nos estritos termos do Preâmbulo da Constituição Federal. A carga

econômica do ICMS deve ser distribuída diversamente conforme o tipo de

mercadoria ou de serviço. A comercialização dos “gêneros de primeira

necessidade” deverá ser menos gravada, por meio de ICMS que os

“supérfluos. Em contrapartida a previsão constitucional da possibilidade de

seletividade do imposto, a Constituição do Estado do Rio Grande do Sul exige

que o ICMS seja seletivo, fazendo previsão expressa a respeito. A aplicação

desse princípio aparece, por exemplo, na definição das alíquotas incidentes

nas operações com mercadorias. Na Lei nº 8.820/89 (art. 12, I), que institui o

ICMS no RS há previsão de uma alíquota de 25% para armas e munições e de

12% para as massas alimentícias.

Constituição do Estado do RS

 Art. 145, § 1º 

O imposto de que trata o inciso I, alínea b, será seletivo, emfunção da essencialidade das mercadorias e do serviço,  preferencialmente com base nas cestas de consumo familiar conforme dispuser a lei, que também fixará as alíquotas,respeitando o disposto na Constituição Federal.

3. FATO GERADOR

O fato gerador é o fato previsto em lei, que deverá acontecer para surgir a

obrigação ao sujeito passivo, de modo que, este venha a efetuar o pagamento

do tributo. O CTN em seu art. 114 define de forma clara, que o fato gerador da

obrigação principal, é aquela situação necessária e suficiente para que ocorra a

incidência do tributo. O fato gerador da obrigação acessória, nada mais é do

que, qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática

ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.

Da definição constitucional do ICMS (art. 155, II) podemos concluir que é

um imposto que incide nas operações relativas à circulação de mercadorias 1)

no território do ente da Federação competente (operações internas) ou 2) que

alcancem mais de uma unidade da Federação (operações interestaduais)

assim como nas prestações de serviço 3) de transporte intermunicipal ou 4) de

transporte interestadual e 5) de comunicação, além das 6) importações de

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mercadorias, 7) das prestações de serviço de transporte iniciadas no exterior e

8) das prestações de serviço de comunicação iniciadas no exterior. Portanto,

trata-se de um tributo com múltiplas hipóteses de incidência. Como

conseqüência, para cada hipótese de incidência haverá base de cálculo,

alíquota, local da operação ou da prestação e momento da ocorrência do fato

gerador definidos em lei, necessários para o cálculo e cobrança do imposto

devido em cada operação ou prestação.

O fato gerador do ICMS é descrito na lei que o institui, ou seja, na do

Estado ou Distrito Federal. À Lei Complementar 3 cabe estabelecer normas

gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre os fatos

geradores dos tributos (art. 146, III, a, CF), contudo na falta de regulamentação

prevista pelo legislador no prazo, substituiu-a pelo convênio interestadual

firmado nos termos da LC 24/1975, com o intuito de viabilizar a instituição do

ICMS. Em 1996, a LC 87/96, veio atender ao dispositivo constitucional,

estabelecendo normas gerais sobre o ICMS, que substituem os convênios

interestaduais. Considerada como a lei nacional do ICMS que disciplina: 1)

hipóteses de incidência; 2) hipóteses de não-incidência; 3) contribuintes; 4)

substituição tributária; 5) local da operação; 6) momento da ocorrência do fatogerador; 7) base de cálculo; 8) compensação.

3.1 Incidência

O campo de incidência do ICMS está determinado no art. 2º da LC

87/96.

 Art. 2° O imposto incide sobre:

I - operações relativas à circulação de mercadorias, inclusiveo fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantese estabelecimentos similares;

3 A Lei Complementar, enquanto legislação nacional, em matéria tributária pode ser considerada hierarquicamente superior às legislações da União, dos Estados, do DistritoFederal e dos Municípios, no âmbito de suas competências. Em matéria tributária uma norma

prevista em Lei Complementar é de reprodução obrigatória na legislação dos entes políticosquando trouxer normas gerais de um tributo específico. É o caso da Lei Complementar nº 87/96em relação ao ICMS.

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II - prestações de serviços de transporte interestadual eintermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadoriasou valores;

III - prestações onerosas de serviços de comunicação, por 

qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, atransmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação decomunicação de qualquer natureza;

IV - fornecimento de mercadorias com prestação de serviçosnão compreendidos na competência tributária dos Municípios;

V - fornecimento de mercadorias com prestação de serviçossujeitos ao imposto sobre serviços, de competência dosMunicípios, quando a lei complementar aplicável expressamenteo sujeitar à incidência do imposto estadual.

§ 1º O imposto incide também:

I - sobre a entrada de mercadoria importada do exterior, por   pessoa física ou jurídica, ainda quando se tratar de bemdestinado a consumo ou ativo permanente do estabelecimento;

I – sobre a entrada de mercadoria ou bem importados doexterior, por pessoa física ou jurídica, ainda que não sejacontribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua

finalidade; (Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002)

II - sobre o serviço prestado no exterior ou cuja prestação setenha iniciado no exterior;

III - sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasososdele derivados, e de energia elétrica, quando não destinados àcomercialização ou à industrialização, decorrentes de operaçõesinterestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente.

§ 2º A caracterização do fato gerador independe da natureza jurídica da operação que o constitua.

È importante ressaltar a incidência tributária no caso da prestação de

serviços, pois nela pode incidir o ISS ou ICMS, dependendo do tipo de serviço.

A LC 116/03 traz um rol de serviços, os quais são tributados pelo Município,

portanto ISS. O ISS4 é

 

um tributo sobre serviço de competência dos Municípios

4  O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do

Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa à LeiComplementar 116/2003, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante doprestador. O ISS até 31.07.2003 foi regido pelo DL 406/1968 e alterações posteriores. A partir 

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e com alíquotas inferiores às aplicadas no ICMS, motivo pelo qual criam muitas

discussões. O diagrama abaixo tenta dirimir estas dúvidas:

Prestação de serviço comfornecimento de mercadoria

Serviço previsto na lista da LC nº116/03, sem ressalva que permita

a cobrança de ICMS

Serviço não previsto na lista daLC nº 116/03.

Serviço previsto na lista da LC nº116/03, com ressalva permitindo

a cobrança de ICMS

ISS sobre o valor do serviço emercadoria fornecida

ISS sobre o serviço e ICMS sa mercadoria

ICMS sobre o valor do serviçda mercadoria

Embora estivesse previsto na LC 87/96 no art. 2º, §1º incluindo as

pessoas físicas como contribuintes do ICMS no caso de importação, esta

situação era discutível até a Emenda Constitucional 33/2001. A Súmula 660 do

STF pacificou as discussões determinando. “ Até a vigência da EC 33/2001,

não incide ICMS na importação de bens por pessoa física que não seja

contribuinte do imposto.” 

Quando da elaboração da norma constituinte o legislador não abordou a

possibilidade de tributar como fato gerador o serviço de transporte oriunda do

exterior, fato que foi contemplado pelo art. 2º, § 1º, II da LC 87/96, incluindo os

transportes e comunicação prestados ou iniciados no exterior.

Outra contribuição da EC 33/2001 se atribui a solução das normas

conflitantes do art. 2º, § 1º, III da LC 87/96 que previa a incidência do ICMS nas

operações interestaduais relativas a energia elétrica e petróleo, inclusive

lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, quando

destinados a consumidor final, criando um certo conflito com o art. 155, § 2º, X,

“b”, da CF, que determina a imunidade para estas operações. A alegação do

legislador era de que a imunidade se referia apenas à saída dos produtos,

podendo-se tributar a chegada na outra unidade da federação. Com a

introdução da alínea “h” do inciso XII do art. 155 da CF, através da EC 33/2001

de 01.08.2003, o ISS é regido pela LC 116/2003. O contribuinte é o prestador do serviço.

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e com a alteração da redação do art. 155, § 2º, X, “b”, foi resolvida esta

questão doutrinária, no que diz respeito a combustíveis e lubrificantes. Com a

intenção de disciplinar a matéria, a mesma EC 33/2001 criou os §§ 4º e 5º do

art. 155 da CF.

Desta maneira, a tributação das operações interestaduais com petróleo

e energia elétrica fica assim estabelecida em 2 situações distintas:

Posto Combustível

Consumo - casa Dest inadas a consum

o.

A saída é

imune A entrada é tribu

pela UF de dest

pela alíquota inte

D e s t i n a d a s  a  c o m e r c i a l i z a ç ã o  o u  

i n d u s t r i a l i z a ç ã o .

Não há incidência n

entrada, havendo

posteriormente na

saída.

3.2 Não-Incidência

A não-incidência ou imunidade do ICMS, por vezes confundida com a

isenção, se difere pelo fato de configurar-se como não-ocorrência do tributo

sobre determinada operação ou prestação, por força de norma superior 

(Constituição Federal, por exemplo) que impeça sua incidência; enquanto a

isenção é uma "concessão" da autoridade tributária, por prazo fixo ou

indeterminado, por intermédio de norma expressa (lei complementar, lei

estadual, decreto).

A Lei Kandir, ao tratar da não-incidência, repete situações que

constituem imunidades por já estarem previstas na CF/88 e cria novas

hipóteses de não-incidências infra-constitucionais.

Art. 3º O imposto não incide sobre:

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I - operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão;

II - operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos primários e produtos

industrializados semi-elaborados, ou serviços;

III - operações interestaduais relativas a energia elétrica e petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasososdele derivados, quando destinados à industrialização ou àcomercialização;

IV - operações com ouro, quando definido em lei como ativofinanceiro ou instrumento cambial;

V - operações relativas a mercadorias que tenham sido ou 

que se destinem a ser utilizadas na prestação, pelo próprio autor da saída, de serviço de qualquer natureza definido em lei complementar como sujeito ao imposto sobre serviços, decompetência dos Municípios, ressalvadas as hipóteses previstasna mesma lei complementar;

VI - operações de qualquer natureza de que decorra atransferência de propriedade de estabelecimento industrial,comercial ou de outra espécie;

VII - operações decorrentes de alienação fiduciária emgarantia, inclusive a operação efetuada pelo credor emdecorrência do inadimplemento do devedor;

VIII - operações de arrendamento mercantil, nãocompreendida a venda do bem arrendado ao arrendatário;

IX - operações de qualquer natureza de que decorra atransferência de bens móveis salvados de sinistro paracompanhias seguradoras.

Parágrafo único. Equipara-se às operações de que trata oinciso II a saída de mercadoria realizada com o fim específico deexportação para o exterior, destinada a:

I - empresa comercial exportadora, inclusive tradings ou outro estabelecimento da mesma empresa;

II - armazém alfandegado ou entreposto aduaneiro.

4. CONTRIBUINTE OU SUJEITO PASSIVO

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O contribuinte do imposto é a pessoa física ou jurídica que realiza

operação relativa à circulação de mercadoria ou prestação de serviço descrita

como fato gerador do imposto, independente de estar a pessoa constituída ou

registrada, bastando que pratique operações ou prestações com habitualidade

ou em volume que caracterize intuito comercial. A previsão se encontra nos

arts. 4º e 5º da LC 87/96.

O ICMS é um imposto que deve ser informado à Unidade Federativa da

ocorrência do fato gerador através do lançamento por homologação, ou seja, o

contribuinte informa o valor que contabilizou e paga o devido imposto. O

lançamento por homologação ocorre quando é confirmada, pelo sujeito ativo,

de forma expressa (por ato formal e privativo do sujeito ativo) ou tácita

(consistente no decurso do prazo legal para efetuar-se a homologação

expressa e havendo omissão do sujeito ativo em realizá-la), o pagamento

efetuado pelo sujeito passivo.

5. DO LOCAL DA OPERAÇÃO

É o marco espacial do fato gerador, a partir do qual define-se o sujeitoativo, isto é, a unidade da Federação para a qual o imposto é devido. (LC nº87/96, art. 11).

6. BASE DE CÁLCULO

Base de cálculo é o valor sobre o qual se aplica uma alíquota para

cálculo do tributo devido. A lei que institui o tributo define a sua base de

cálculo. No caso do ICMS, a regra geral é de que a base de cálculo sobre a

qual será calculado este imposto é o valor total da operação, no caso do fato

gerador se tratar de circulação de mercadorias, ou o preço do serviço, na

hipótese de prestação de serviços de transporte e de comunicação. A Lei

Kandir dedica os arts. 13 a 18 à matéria, definindo a base de cálculo para todos

os fatos geradores.

Necessária especial atenção a base de cálculo quando esta incide sobre

produto que tenha também a incidência de IPI, pois o dispositivo constitucionalno art. 155, § 2º, XI da CF, prevê a não incidência do ICMS sobre o valor do IPI

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quando a indústria vender para outro contribuinte que vai comercializar ou

industrializar o produto.  A base de cálculo do ICMS deve ser o valor da

operação mercantil na qual este tributo incide sendo ilegal a cobrança e o

recolhimento do ICMS que tomou como base de cálculo outro valor senão o da

operação de fato, o que viola o princípio da estrita legalidade em matéria

tributária que se desdobra no princípio da tipicidade.

Desta maneira vejamos as seguintes hipóteses:

Hipótese 1 – nas saídas (operações de vendas) para industrialização ou

comercialização o ICMS não incide sobre o valor do IPI, vejamos: Motor 

adquirido por R$ 1.000,00 (base de cálculo), alíquota do IPI 10% (100,00).Total da nota fiscal (1000,00 + 100,00= 1100,00), ICMS destacado alíquota de

17%, valor a recolher de ICMS 170,00. Perceba que a base de cálculo utilizada

para o ICMS foi R$ 1000,00 e não o valor total da Nota Fiscal em que estava

incluso o valor do IPI.

Hipótese 2 – nas saídas (operações de vendas) para uso e consumo, o

valor do ICMS incidirá sobre o valor total da Nota Fiscal incluindo o montante

do IPI. No caso do exemplo acima o valor do ICMS teria como base de cálculo

o total da Nota Fiscal no valor de R$ 1.100,00 e o imposto a recolher seria de

R$ 187,00.

 

7. ALÍQUOTAS

A alíquota é como ele é calculado, o percentual do imposto aplicado

sobre a base de cálculo. Cada estado define um percentual próprio e diferente.

O governo federal comanda o ICMS, mas a alíquota é o estado que define.

No entanto o art. 155, § 2º, IV, V, da CF, estabelece limitações ao

legislador estadual para fixar as alíquotas do imposto. Desta forma o mesmo

legislador só fixa as alíquotas para operações e prestações internas, ou seja,

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dentro do próprio Estado, tendo que respeitar máximo e mínimo que é

facultado ao Senado Federal estabelecer.

As alíquotas internas de um Estado, salvo se houver deliberação em

contrário5 de Estados e Distrito Federal, não poderão ser inferiores às alíquotas

interestaduais, evitando, desta forma, que determinada unidade da federação,

que seja grande adquirente de mercadoria de outros Estados, não possa criar 

alíquotas internas baixas para atrair as indústrias para o seu território. Neste

caso o Estado consumidor é privilegiado pela técnica de apuração do tributo.

Na apuração do ICMS compensa-se o ICMS devido em cada operação (débito

fiscal) com o chamado crédito fiscal que representa o ICMS suportado nas

operações anteriores. Sendo as alíquotas do ICMS para as operações

interestaduais reduzidas em relação às alíquotas internas, ocorre a redução do

crédito fiscal na mesma proporção, provocando o aumento da arrecadação

do tributo do Estado de destino, o Estado consumidor, em detrimento do

Estado produtor, teoricamente mais desenvolvido. Considerando num exemplo

a aquisição de um motor elétrico por um contribuinte localizado no Estado do

Rio Grande do Sul, cuja legislação prevê alíquota básica do ICMS de 17%:

Hipótese 1 - Motor adquirido no mercado interno (RS) por R$ 1.000,00

(base de cálculo), alíquota 17%. Crédito fiscal = base de cálculo x alíquota

= R$ 170,00. Este motor vendido no mercado do RS por R$ 1.500,00 gera um

Débito Fiscal de R$ 255,00 (1.500,00 x 17%). Saldo devedor = Débito Fiscal -

Crédito Fiscal = 255-170 = R$ 85,00.

Hipótese 2 - Motor adquirido em outro Estado (SP) por R$ 1.000,00

(base de cálculo), alíquota 12%. Crédito fiscal = R$ 120,00. Este motor 

vendido no mercado do RS por R$ 1.500,00 gera um Débito Fiscal de R$

255,00. Saldo devedor = Débito Fiscal - Crédito Fiscal = 255-120 = R$ 135,00.

O Saldo Devedor representa o montante do ICMS a ser recolhido para o

Estado do RS. Note-se que na Hipótese 1 (mercadoria adquirida no mercado

interno) o ICMS devido é de R$ 85,00 enquanto que na Hipótese 2

(mercadoria adquirida de SP) o ICMS devido alcança o montante de R$5 As deliberações em contrário serão tomadas nos termos de convênios celebrados com aspectos formais

ditados por Lei Complementar Federal (art. 155,§2º, “g”, CF).

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135,00, demonstrando-se, assim, os efeitos das alíquotas interestaduais na

arrecadação dos Estados. Note-se que a diferença de arrecadação de ICMS,

quando a mercadoria é originária ou não do RS, alcança R$ 50,00 exatamente

o valor do crédito fiscal que fora reduzido em face da alíquota interestadual

(Crédito Fiscal da Hipótese 1 R$ 170,00 - Crédito Fiscal da Hipótese 2 = R$

120,00).

Na legislação que disciplina o ICMS no Rio Grande do Sul, estão

previstas 3 espécies de alíquotas nas operações internas (realizadas dentro do

território do Estado):

A alíquota básica (regra geral) é de 17%, aplicando-se a todas asoperações e prestações internas que não possuem outra alíquota

específica indicada na lei.

• A alíquota majorada, de 25%, aplicada a produtos supérfluos tais como

cigarros, bebidas, armas, perfumaria e cosméticos. Por questões

arrecadatórias, a alíquota majorada de 25% também é aplicada em

situações com grande potencial de arrecadação, como a saída de

combustíveis e de energia elétrica residencial, bem como a prestação de

serviços de comunicação.

• A alíquota reduzida, de 12%, que se aplica a mercadorias de maior 

essencialidade, como os produtos integrantes da cesta básica de

alimentos, tijolos e telhas cerâmicas, o fornecimento de refeições e

alguns segmentos estratégicos como máquinas e equipamentos

agrícolas e industriais, e os transportes rodoviários de cargas e

passageiros.

• Telecomunicações e energia elétrica: 25%.

Em relação às operações e prestações interestaduais, entre

contribuintes do ICMS, as alíquotas são definidas por resolução do Senado

Federal. A resolução nº 22/89 estabeleceu:

• Alíquota de 7% nas operações com destino a contribuintes das regiões

Norte, Nordeste e Centro-oeste e o Estado do Espírito Santo e;

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• Alíquota de 12% para as operações com destino a contribuintes das

Regiões Sul e Sudeste (exceto ES).

Se a operação ou prestação ocorrer para consumo final de um

destinatário contribuinte do ICMS, aplica-se a alíquota interestadual (7% ou

12%, conforme o caso). Entretanto, se o destinatário não for contribuinte do

ICMS (pessoa física ou jurídica) aplica-se a alíquota interna. Entende-se como

consumo final o processo que retira a mercadoria do ciclo produtivo, isto é, a

mercadoria não irá mais circular com intuito comercial, fixando-se no

destinatário como um bem. É o caso da venda de um balcão por um

contribuinte localizado no Estado do Paraná para um supermercado no Estado

de Goiás, operação sujeita a uma alíquota interestadual. Esse balcão não irá

mais circular como mercadoria sujeita ao ICMS ao incorporar-se ao patrimônio

do supermercado. Por outro lado, se o adquirente for um consumidor final

prestador de serviços sujeitos exclusivamente ao ISS ou uma pessoa física,

ambos não sendo contribuintes do ICMS, aplica-se a alíquota interna, definida

para as operações e prestações de serviço ocorridas dentro do território do

Estado-membro tributante, esta previsão encontra-se no dispositivo

constitucional art.155 § 2º, VII.

Como já mencionado, no caso de operações interestaduais, o imposto é

recolhido após a apuração do tributo no Estado consumidor, na ocorrência de

uma nova operação (novo fato gerador), porém há previsão constitucional (art.

150, §7°) autorizando que os entes tributantes possam exigir o tributo devido

antes mesmo da ocorrência do fato gerador. Além da hipótese de substituição

tributária, para o ICMS surge outra forma de antecipar o pagamento do tributo

em face de incidência de alíquotas interestaduais que refletem diretamente no

ICMS apurado. Trata-se de uma técnica de arrecadação antecipada do tributo

conhecida como Cobrança de Diferencial de Alíquota quando da entrada de

determinadas mercadorias no Estado. Neste caso, apura-se o tributo

presumidamente incidente sobre as futuras operações internas devendo o

pagamento de o tributo ocorrer antes da entrada das mercadorias no Estado.

CF, art. 150, § 7.º 

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  A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação

tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto

ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente,

assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga,

caso não se realize o fato gerador presumido.

8. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

A substituição tributária é um instituto constitucionalmente previsto (art.

150, § 7º) que autoriza o legislador a imputar a determinado sujeito passivo a

responsabilidade pelos tributos devidos por fatos geradores futuros. No âmbito

do ICMS tal instituto vem regulado pela Lei Complementar nº 87/96 (art. 6º a10) cujas normas são de reprodução obrigatória na legislação dos Estados.

Tais normas trazem uma restrição importante ao admitir como substituto

tributário somente um contribuinte e um depositário, excluindo, portanto, a

possibilidade de eleição de outros responsáveis tributários, os terceiros, por 

exemplo, como substitutos tributários.

Cabe ao legislador estadual, em conformidade com o art. 97,III, CTN,

determinar quais mercadorias e serviços estarão sujeitos à substituição

tributária.

Um exemplo são produtos de higiene e beleza como sabonetes, xampus

e creme dental, nos quais o imposto é pago na indústria, ou seja antes que o

fato gerador ocorra.

FÁBRICA MERCADO CONSUMIDOR FIN

Imposto pago na saída

da indústria

9. DIFERIMENTO

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É a transferência de responsabilidade pelo tributo incidente em

determinada operação de circulação de mercadorias ou prestação de serviço

para contribuinte destinatário da mercadoria ou tomador do serviço, excluindo-

se ou não a responsabilidade do contribuinte originário.

Um exemplo de diferimento é o que ocorre com as operações com gado,

conforme se observa a seguir:

FRIGORÍFICO AÇOUGUEPECUÁRIA

Imposto pago na indústria

10. NÃO-CUMULATIVIDADE

Previsão constitucional que garante a neutralidade do ICMS na cadeia

produtiva, independentemente do número de operações. Significa dizer que o

imposto total arrecadado sobre determinada mercadoria desde a sua produção

até o consumo final será o mesmo tenha uma ou várias operações comerciais.

A posição topográfica da norma constitucional referente à não-cumulatividade

do ICMS revela a importância de tal conceito para o sistema tributário nacional.

O art. 155, § 2°, nos seus dois primeiros incisos, impõe a compensação do

imposto devido em cada operação com os créditos havidos nas operações

anteriores, respeitando-se inclusive uma das perspectivas do modelo federativo

ao admitir os créditos oriundos de outros Estados e do Distrito Federal. A LeiKandir tratou da matéria nos arts. 19, 20, 23 e 33.

Este princípio determina o crédito do ICMS da operação anterior,

compensando o valor a pagar na etapa atual, isto ocorre de forma sucessiva,

com exceção da substituição tributária, pois esta ocorre uma vez só, na saída

da indústria, se houver isenção ou não tributação em alguma etapa, o crédito

será da última operação anterior a isenção ou não-tributação.

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ATACADISTA

FatoGerador 

INDÚSTRIA MERCADO

Venda por R $ 1000,00 Venda por R $ 1.500,00 Venda por R$ 1900,00

ICMS – R$ 170,00Débito – R$ 255,00Crédito – R$170,00ICMS – R$ 85,00

Débito – R$ 323,00Crédito – R$255,00ICMS – R$ 68,00

ICMS a recolher em cada

Base de Cálculo

FatoGerador 

Alíquota 17%

No exemplo acima o total de arrecadação do Estado será R$ 323,00,

que é a aplicação da alíquota sobre a base de cálculo final, porém cada etapa

paga a sua parcela do imposto, não sendo cumulativo em cada operação.

O ICMS é um imposto que integra a sua própria base de cálculo

(imposto calculado por dentro), ou seja, no preço de compra ou de venda ou do

serviço já está embutido o valor do ICMS destacado, assim a alíquota efetiva é

superior à alíquota nominal.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BORBA, Cláudio: ICMS: Legislação aplicável a todos os Estados de Distrito

Federal, 3ª edição, 2ª reimpressão, Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

MACHADO, Hugo de Brito: Curso de Direito Tributário, 21ª edição, rev.

Atualizada e ampliada de acordo com EC 32 e 33/2001, São Paulo:

Malheiros Editores, 2002.

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CAMARGO, Roberto: Blog ICMS educação tributária. Disponível em:

http://robertocamargo.typepad.com/educacaotributaria.html

 

. Acesso

em 26 de agosto de 2011.

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